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Estabilidade de Formulações Farmacêuticas Profª Msc Dorcas F. A. Melo dorcasprofessora@gmail.com Introdução Todos os materiais sofrem alterações, com o tempo, sob a ação do ambiente: Materiais extraídos da natureza Materiais sintéticos Fatores ambientais: Físicos: luz (radiação UV, IV) Umidade Calor Microrganismos Introdução Com os fármacos ocorre o mesmo: Fármacos puros são mais estáveis que em misturas: as chances de interação com outros materiais aumentam. • Medicamentos são misturas de fármacos e veículos ou excipientes Fármacos em formas sólidas são mais estáveis que em formas líquidas: • as reações químicas ocorrem melhor em meio líquido Introdução Fármacos sujeitos a algum processamento são mais facilmente decompostos: • granulação úmida, secagem (Fórmula + sólida), aquecimento para facilitar a solubilização (F. + líquida), etc. • maior exposição aos agentes ambientais: oxigênio, luz, aquecimento, microrganismos Introdução A decomposição dos fármacos, puros ou nos associados, obriga aos fabricantes estipular a sua DATA DE VALIDADE Baseados em experimentos que permitem estimar o tempo em que os MEDICAMENTOS permanecem em condições de exercer seu efeito sem alterar sua toxicidade Desenvolvimento de formulações Exaustivos estudos - compreender o mecanismo de degradação dos fármacos e a velocidade com que os processos ocorrem, sob vários aspectos: químico, físico e microbiológico. Por esse motivo há um tempo considerável entre a elaboração de uma nova formulação e o seu aparecimento no mercado. Estabilidade A OMS define ESTABILIDADE FARMACÊUTICA:A OMS define ESTABILIDADE FARMACÊUTICA: Capacidade do fármaco de manter suas propriedades químicas, físicas, Capacidade do fármaco de manter suas propriedades químicas, físicas, microbiológicas microbiológicas e biofarmacêuticas, dentro dos e biofarmacêuticas, dentro dos limites especificados durante todo seu prazo de limites especificados durante todo seu prazo de validade, tendo asseguradas sua IDENTIDADE, validade, tendo asseguradas sua IDENTIDADE, POTÊNCIA, QUALIDADE E PUREZA.POTÊNCIA, QUALIDADE E PUREZA. 7 Tipos de Estabilidade 8 • Estabilidade física (Farmacêutica) • Resistência de uma dada formulação à alterações técnicas, durante o tempo em que se pretende comercializar o produto (dureza, tempo de desintegração, viscosidade, e outros). • Estabilidade química • Resistência de princípios ativos e excipientes a sofrer alterações em sua estrutura (reações), durante o tempo em que se pretende comercializar o produto. • Estabilidade microbiológica Estabilidade física Verifica se o medicamento não sofreu alterações, durante seu armazenamento, que impliquem em mudança das características físicas: • Aspecto, cor, odor, sabor • Aparecimento de cristais em soluções • Dureza ou friabilidade em comprimidos • Separação de fases em emulsões Estabilidade física Separação de fases em emulsões Estabilidade física Outros exemplos: Supositórios: fusão fora da faixa ideal Comprimidos e cápsulas: alteração do tempo de dissolução do fármaco Suspensões: formação de sedimento compactado; alteração do tamanho de partícula Todas as formas: aparecimento de polimorfismo Estabilidade química É a capacidade da forma farmacêutica em manter a identidade molecular do fármaco. Mecanismos principais de degradação química: • Hidrólise • Oxidação • Fotólise • Outros (racemização, dimerização, etc.) Estabilidade química A estabilidade química depende de: Umidade: em meio líquido as reações de decomposição aumentam pois as moléculas estão mais sujeitas a colisões estando em solução. Temperatura: a temperatura catalisa a maioria das reações. Luz pH Estabilidade química Efeito da temperatura: Em geral, o aumento de 10ºC na Temperatura, acelera em 2 a 5 vezes a velocidade de uma reação. Importante lembrar que, em nosso país, a temperatura ambiente varia muito, ultrapassando os 30º C. A temperatura é um importante catalisador das reações de hidrólise e oxidação. Hidrólise Ocorre quebra da molécula de fármaco pela ação da água – a água é um reagente. Há grupos funcionais que favorecem a hidrólise: • ésteres cíclicos • amidas cíclicas • Ésteres • Amidas Hidrólise e Água Hidrólise e Água Hidrólise • Lactonas Hidrólise e pH O pH é um importante catalisador da hidrólise Em pH baixo: aumenta a eletrofilicidade da carbonila com a protonização do Oxigênio Em pH alto: aumentam hidroxilas nucleófilas para ataque. Existe um pH ótimo, no qual a hidrólise é mínima Hidrólise e metais Os metais também influem na velocidade de hidrólise Cátions divalentes funcionam como H+, em baixos pHs Como evitar ou diminuir a hidrólise: Remover traços de metais que podem catalisar a hidrólise: • uso de quelantes: EDTA, ác. tartárico, ác. cítrico, polifosfatos, ác. glucônico Ajustar o pH e propiciar sua manutenção: • Soluções tampões de fosfato, de ácido bórico, acetato, entre outras Manter boas condições de temperatura e umidade Oxidação É iniciada tanto pela luz como pela presença de metais. Caracteriza-se por uma série de reações em cadeia mediadas por radicais livres Oxidação Mecanismo Oxidação Compostos sujeitos à oxidação: Alcenos Aldeídos Heteroátomos adjacentes a anel benzênico (hidroquinonas) Tióis e compostos de enxofre não totalmente oxidados Oxidação Reação de degradação da vitamina C Oxidação Como evitar ou reduzir a oxidação: Remover traços de metais Evitar a luz Reduzir o contato com oxigênio Manter a temperatura Usar anti-oxidantes Fotólise A luz UV afeta as ligações químicas fornecendo energia para a separação dos elétrons compartilhados entre os dois átomos dessa ligação. Pode resultar em: Formação de radicais livres no processo de oxidação Lise da molécula formando dois radicais A quebra da molécula pode causar isomerização Fotólise Exempols de Fármacos sujeitos à fotólise: Vitaminas (A, B1, B12, D, E) Ácido fólico Corantes Dipirona Ácido meclofenâmico Metotrexato Fenotiazinas Corticóides:hidrocortisona, metilprednisolona Fotólise Como prevenir os efeitos da ação da luz: Fármacos oxidáveis: uso de anti-oxidantes e quelantes, proteção contra O2, temperatura de armazenagem adequada, material de acondicionamento opaco ou âmbar. Fármacos sujeitos à fotólise: proteção da luz Racemização É a conversão de um isômero em outro, resultando em mistura de ambos, geralmente, acompanhada de perda de atividade. Ocorre com compostos que possuem C assimétricos. Pode ocorrer: Luz pH Tipo de solvente Presença de grupos aromáticos na molécula podem facilitar Racemização O naproxeno é fornecido na forma S suas preparações requerem controle de pH para não haver racemização Racemização A teratogenicidade da talidomida se deve a um de seus enantiômeros. Não só pode haver perda de atividade na racemização... Racemização Como prevenir a racemização: Escolha adequada de solvente e pH Proteção da luz Controle de temperatura Estabilidade microbiológica A contaminação microbiana acarreta em perda de estabilidade química e física Odor, cor e cheiro desagradável Presença de patogênicos Os agentes são: algas, bactérias e fungos As formas particularmente susceptíveis são as preparações líquidas e semi-sólidas Estabilidade microbiológica Principais causas contaminação ambientalpessoal matérias-primas: água, produtos de origem natural, insumos em geral concentração ou tipo de conservante inadequado inativação de conservantes Estabilidade microbiológica Como evitar a perda de estabilidade microbiológica: Uso de matérias-primas dentro dos limites microbianos especificados Boa qualidade microbiológica da água Produção dentro das GMPs (BPF) – qualidade ambiental adequada, higiene pessoal, etc. Uso de conservantes para não estéreis Controle e validação de processos de esterilização Outros fatores que levam a perda de estabilidade Interações entre fármaco e excipientes Físicas: formação de misturas eutéticas Químicas: interação química (lactose e metformina, lactose e ranitidina, conservantes e tensoativos) Outras: alteração da dissolução de fármaco com o tempo Interações entre o fármaco e o recipiente Outros fatores que levam a perda de estabilidade Interações entre o fármaco e o recipiente: Vidros: dependendo do tipo pode ceder OH-, óxidos de sódio e cálcio ou traços de metais (Fe, Mg) que catalisam reações de oxidação; Metais - cedem Fe, Cu, Pb, Al catalisando reações; Plásticos e borrachas - possuem na sua composição estabilizantes, anti-oxidantes, lubrificantes, corantes, plastificantes e outros. Também adsorvem fármacos e conservantes Estabilidade de produtos manipulados Prazo de validade: deve ser fixado pelo Controle de Qualidade. Deve ser apoiado por informações da literatura Orientações da Farmacopéia. Estabilidade de produtos manipulados Válidas para recipientes bem vedados e armazenagem à temperatura controlada, o tempo de validade pode se estender por: Líquidos não aquosos e formulações sólidas • Matérias-primas USP/NF: não mais que 6 meses. • Contendo produtos industrializados: no máximo 6 meses ou 25% do prazo de validade original. Estabilidade de produtos manipulados Fórmulas contendo água: quando preparadas com matérias-primas sólidas, não mais que 14 dias. Outras: 30 dias ou o tempo da duração da terapia, podendo se estender caso haja informações sobre a estabilidade que possam justificar Estabilidade de produtos industrializados - Objetivos Estudos de estabilidade: Conhecer os produtos de decomposição. Estabelecer o acondicionamento. Estabelecer o prazo de validade. Estabilidade de produtos industrializados Prazo de validade: Período no qual os medicamentos mantém seus atributos dentro de limites considerados aceitáveis, ex.: Teor de fármaco (95-105%) Carga microbiana Compostos de decomposição Estabilidade de produtos industrializados Prazo de validade: Testes de estabilidade: Acelerada Longa duração Condições de temperatura e umidade relativa que permitam extrapolação Tempo de prateleira (acompanhamento) Condições de temperatura e umidade ambiente. 1. ESTUDO DE ESTABILIDADE ACELERADA Frequência dos testes: - 0, 3 e 6 meses para doseamento, quantificação de produtos de degradação, dissolução (quando aplicável) e pH (quando aplicável). - Para as demais provas, apresentar estudo no prazo de validade requerido comparativo ao momento zero. 44 Estudo projetado para verificar as características físicas, químicas, biológicas e microbiológicas de um produto farmacêutico durante e, depois do prazo de validade esperado. Os resultados são usados para estabelecer ou confirmar o prazo de validade e recomendar as condições de armazenamento. 2. ESTUDO DE ESTABILIDADE DE LONGA DURAÇÃO 45 Frequência dos testes: - 0, 3, 6, 9 e 12, 24, 36, 48 e 60 meses, e anualmente após o segundo ano até o tempo de vida de prateleira declarado no registro. - Deverão ser realizados todos os testes descritos em monografia específica de cada produto; - doseamento, quantificação de produtos de degradação, dissolução (quando aplicável) e pH (quando aplicável). Para as demais provas, apresentar estudo no prazo de validade requerido comparativo ao momento zero. 2. ESTUDO DE ESTABILIDADE DE LONGA DURAÇÃO 46 Estudo realizado para verificar que o produto farmacêutico mantém suas características físicas, químicas, biológicas, e microbiológicas conforme os resultados INICIAIS REALIZADOS. 3. ESTUDO DE ESTABILIDADE DE ACOMPANHAMENTO 47 Frequência dos testes: - CONFIRMAÇÃO DA VIDA DE PRATELEIRA : as amostras devem ser testadas em intervalos de 6 meses ; - PRODUTOS JÁ ESTABELECIDOS : a cada 12 meses. - FORMULAÇÕES ALTAMENTE ESTÁVEIS : testadas após 12 meses e no final da vida de prateleira. - PRODUTOS CONTENDO SUBSTÂNCIAS MENOS ESTÁVEIS: testados a cada 3 meses no primeiro ano, cada 6 meses no segundo ano e depois anualmente até o tempo de vida de prateleira estabelecido 3. ESTUDO DE ESTABILIDADE DE ACOMPANHAMENTO 48 • Para prazo de validade provisório de 24 meses: - Será aprovado o relatório de estabilidade acelerado ou de longa duração de 12 ou 24 meses que apresentar variação do doseamento do fármaco ≤ a 5,0% do valor de análise da liberação do lote, mantidas as demais especificações. - Caso as variações de doseamento estejam entre 5,1% e 10,0% no estudo de estabilidade acelerado, o prazo de validade provisório será reduzido à metade, ou seja, será de 6 ou 12 meses. - O doseamento no momento zero não pode ultrapassar as especificações do produto de acordo com farmacopéias reconhecidas pela Anvisa ou, caso a especificação farmacopeica e/ou proveniente de método validado permitir que o momento zero seja acima de 10% do declarado a variação da queda será analisada caso a caso. Prazo de validade provisório 49 Prazo de validade definitivo 50 • Para fins de prazo de validade definitivo: - Somente será aprovado o relatório de estabilidade que apresentar a variação do doseamento do princípio ativo dentro das especificações farmacopeicas e/ou proveniente de método validado do produto, e mantidas as demais características do produto após a conclusão do estudo de estabilidade de longa duração. Determinação da Estabilidade O estudo de estabilidade deve ser executado com o produto farmacêutico em sua embalagem primária e simular as condições normais de acondicionamento. Condições de estresse SINGH, S.; BAKSHI, M. Guidance on Conduct of Stress Tests to Determine Inherent Stability of Drugs. Pharmaceutical Technology On- Line APRIL 2000. 52 Variação da potência com o tempo e a temperatura, obtido de um estudo de estabilidade. Tempo (meses) C on ce nt ra çã o 0 6 12 18 24 30 70°C 60°C 50°C 40°C 30°C 20°C Todo relatório de estudo de estabilidade, independente da forma farmacêutica, deve apresentar as seguintes informações: - Descrição do produto com respectiva especificação da embalagem primária - Número do lote para cada lote envolvido no estudo - Descrição do fabricante dos princípios ativos utilizados - Aparência - Plano de estudo: material, métodos e cronograma de realização - Data de início do estudo - Teor do princípio ativo e método analítico correspondente - Quantificação de produtos de degradação e método analítico correspondente - Limites microbianos Relatório de Estudo de Estabilidade Todo relatório de estudo de estabilidade, independente da forma farmacêutica, deve apresentar as seguintes informações: Para FORMA FARMACÊUTICA SÓLIDA, acrescentar as seguintes informações: - Dissolução - Dureza (comprimidos) Para as FORMAS FARMACÊUTICAS LÍQUIDAS E SEMI-SÓLIDAS, acrescentar as seguintes informações: - pH - Sedimentaçãoapós agitação em suspensões - Claridade em soluções - Separação de fase em emulsões e cremes - Perda de peso em produtos de base aquosa Relatório de Estudo de Estabilidade Relatório de Estudo de Estabilidade 56 Slide 1 Slide 2 Slide 3 Slide 4 Slide 5 Slide 6 Slide 7 Slide 8 Slide 9 Slide 10 Slide 11 Slide 12 Slide 13 Slide 14 Slide 15 Slide 16 Slide 17 Slide 18 Slide 19 Slide 20 Slide 21 Slide 22 Slide 23 Slide 24 Slide 25 Slide 26 Slide 27 Slide 28 Slide 29 Slide 30 Slide 31 Slide 32 Slide 33 Slide 34 Slide 35 Slide 36 Slide 37 Slide 38 Slide 39 Slide 40 Slide 41 Slide 42 Slide 43 Slide 44 Slide 45 Slide 46 Slide 47 Slide 48 Slide 49 Slide 50 Slide 51 Slide 52 Slide 53 Slide 54 Slide 55 Slide 56
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