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Exercício Estamira (1)

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Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUC MG
Psicologia São Gabriel
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Psicopatologia
Exercício lll – Documentário Estamira
 
 
 
 
 
 
 
 
Belo Horizonte
2017
Documentário Estamira
 
Dados indentificatórios:
Nome Paciente: Estamira
Sexo feminino, 64 anos.
Mora no Rio de Janeiro, Campo Grande no Aterro Metropolitano de Gramacho
 
2. Queixa principal:
Quadro psicótico de evolução crônica (esquizofrenia)
- Delirios;
-  confusão mental
- Alucinação auditiva;
- discurso místico
 
3. História de vida:
Estamira é uma senhora de 62 anos, tem 3 filhos sendo que a mais nova não foi criada por ela, relata que seu pai morreu quando ela era bem pequena mas que lembra da forma carinhosa que ele a tratava. Relata que aos 9 anos ao pedir uma sandália para seu avô paterno o mesmo pede para ela se deitar com ele e aos 12 anos ele a levou para se prostituir em um bordel, onde conheceu ao 17 anos um rapaz a tira do bordel e monta uma casa para o dois, e acaba tendo um filho com ele porem este marido a traia com várias mulheres e Estamira não aceita a situação e vai embora da casa com seu filho. Casa novamente com outro homem, no Rio de Janeiro, com quem teve uma filha e novamente é traída por esse marido que além de trai-la, levava as mulheres para dentro da sua casa que segundo relatos de sua filha, brigavam muito chegando a um apontar a faca para o outro. Nos relatos não ficou claro qual seria o pai da terceira filha. A mãe de Estamira também apresentava distúrbios mentais chegando a ser internada num hospital psiquiátrico Pedro II, contra sua vontade, pois seu segundo marido pressionava para que a internasse e a mantivesse lá, porem após se separar do marido Estamira sai de casa com os filhos e tira sua mãe do Hospício que passa a morar com eles até sua morte.
Estamira após a separação passa a trabalhar no lixão de Campo Grande, realizando coleta de matérias para reciclagem, no Rio de Janeiro; relata gostar muito de trabalhar lá, e que é la que tira seu sustento e da sua família.
Estamira foi estuprada duas vezes, uma ao sair do trabalho que não era o lixão, pois seus filhos haviam pedidos para sair do lixão devido os riscos de contaminação com matérias perfurocortantes, porem após este incidente volta a trabalhar no aterro sanitário, e o outra estupro ocorre a noite ao chegar em casa, onde relata que durante os abusos ele gritava e pedia que parasse com aquilo pelo amor de Deus e o estuprador falava pra ela esquecer Deus. Até então sua filha diz que ela era uma mulher muito religiosa e acreditava que “tudo aquilo que estava passando era uma provação” de Deus. Passou a chorar muito após este estupro e muito revoltada. Aproximadamente um mês depois começou a ter algumas alucinações, dizendo que o FBI a estava perseguindo e em outros momentos que tinham pessoas filmando ela no ônibus e ao olhar o coqueiro do quintal da sogra da filha, diz que ele era o poder e o real, a partir dai os passa a ouvir vozes "astrais" passando a acreditar que ela mesma “é o real, é abstrata e detém todo o poder” e que não acredita no Deus dos homens. Seu filho ao contrário de sua irmã é a favor da internação e até tentou interna-la chamando o corpo de bombeiros para levá-la ao hospital psiquiátrico porem não conseguiu.
Devido ao seu transtorno, e a negação de Deus, muitos a veem como possuída por uma força maligna, inclusive seu filho. Relatou que chegou a ser agredida com paulada para aceitar o “Deus deles”. Estamira diz que é perturbada mas que consegue distinguir a sua perturbaçãoe que o mesmo não ocorria com sua mãe.
Estamira faz acompanhamento com psiquiatra, fazendo uso de medicamentos para auxiliar na estabilização dos transtornos mentais. Porem tem consciência que a medicação é dopante, relatando que quando está tomando os remédios não consegue falar e se sente muito mal por isso. Fala que a cabeça parece um copo cheio de sorrisal e que tem vontade de parar com os medicamentos.
Estamira relata ter tristeza, vergonha do homem, e diz ter vontade de “desencarnar” o que dá a entender desejo de alto extermínio, mas depois diz que não vai fazer isso porque tem uma missão e precisa “revelar a verdade pros homens”.
Fala sobre um "ataque" do "controle remoto". Da uns arrotos dizendo que é o controle remoto que está em seu corpo, e quando sente dor no corpo também faz referência ao “controle remoto”. Fala sobre a sua superioridade, sobre o "trocadilho ao contrário". Fala que pode estar em todos os lugares, que é visível e invisível, que antes de nascer já sabia de tudo e que as pessoas precisam dela. Em alguns momento parece estar ouvindo alguém e responde com uma fala desorganizada- incompreensível.
Tem momentos na fala de Estamira que se apresenta com lucidez ao falar que as pessoas tem que economizar, diz dos gases tóxicos no lixão, fala do preconceito das pessoas quanto a cor/raça, faz uma crítica das escolas onde os alunos são meros “copiadores”, que não trabalha para ganhar dinheiro porque é ela que faz o dinheiro. Quando começam a falar de Deus, Estamira se mostra de forma agressiva. 
Apesar dos delírios e se portar de maneira agressiva em alguns momentos, Estamira demosntra uma afetivo conservado, um exemplo disso é o carinho que ela demonstra por sua filha mais nova, a maneira como fala de sua mãe com saudades e de seu pai, a capacidade de namorar outro homem, chegando a se declarar que se pudesse casaria com ele e da forma carinhosa como o trata. Demonstra uma certa independente ao ir para o aterro que é seu local de trabalho sozinha, cozinhar e manter a limpeza e organização da casa.
4. Principais problemas identificados pela equipe:
- Uso excessivo da medicação pode aparentar um problema na vida de Estamira. Pois em relatos e dado a impressão de que a loucura foi uma forma que Estamira encontrou para amenizar seu sofrimento e sua tristeza. 
- Conflitos familiares quanto ao contexto religião, na aceitação de Deus, onde Estamira se mostra bastante agressiva quando falam nesse assunto.
- Falta de um acompanhamento psicoterapêutico, que poderiam auxiliar no tratamento com a medicação e auxiliar em amenizar seu sofrimento ocorrido no decorrer da sua vida (estupros e traição do último marido).
- Falta de informação a respeito da doença da família de Estamira. E como lidar em situações conflitantes.
 5.    Avaliação das funções psíquicas:
- Estamira é diagnosticada com quadro psicótico de evolução crônica. Apresenta-se com quadro de delírio classificado como alteração do juízo da realidade, ao dizer que ela é visível e invisível, que as pessoas precisam dela e que está em todos os lugares ao mesmo tempo, que antes de nascer já sabia de tudo e diz ter contato com os astronautas. 
- Estamira apresenta-se também com delírio de perseguição, ao relatar que tinham pessoas do FBI perseguindo ela e que tinha um “trabalho de macumbaria em seu quarto”, que pisou e jogou a os objetos fora.
- Apresenta-se com alucinação auditiva e Fala criptolalia linguagem completamente incompreensível, uma língua privada, que ninguém entende, desorganizada, fato este ocorrido quando pega um telefone velho e diz estar falando com os astros e começa a falar palavras incompreensíveis, a cena se repete quando está em sua casa, de cabeça baixa como se fosse um oração. 
- Estamira da significados diferente para determinadas palavras, ocorrendo uma desintegração de conceitos onde uma palavra adquire outro significado usadas de forma pessoal, exemplo claro é quando diz que cometa significa comandante natural.
Reflexão sobre filme (articular com uma pesquisa bibliográfica)
O filme relata a vida de uma mulher que desde da infância sofreu com violência sexuais, até que em determinado momento acaba desencadeando um surto psicótico que ao meu entender foi uma forma de se esquivar dos sofrimentos vividos no passado. Vive momentos entre relapsos de realidade e alucinações. As consultas ao centro de saúde são realizadas somenteprescrições de medicamentos com finalidade de controlar os sintomas, não ocorre uma escuta da paciente e também não tem uma prestação de assistência a família.
Apesar das alterações no sistema do SUS as intervenções em quadros psicóticos no início da crise são muito precárias. Em casos de sofrimento psíquico como o ocorrido com Estamira, ou seja, relatos de abusos sexuais na infância e no primeiro estupro ela deveria ter sido encaminhada e acompanhada por profissionais psicólogos e médicos. Penso que encaminhar uma pessoa imediatamente após traumas psíquicos (violência física com grande impacto emocional, estupros, maus tratos, etc.), a um tratamento ao CERSAM/CAPS. Infelizmente ainda se tem uma cultura de onde segundo a autora Lilian Cherulli, o sistema de saúde só atende os pacientes quando necessário para remediar uma situação já deflagrada. Segundo a autora intervir seria reconhecer os sinais e ou sintomas, e realizar um tratamento especifico para o caso e de maneira individualizado. A autora sita também que uma forma de intervenção precoce seria fazer um rastreamento na comunidade em indivíduos com alto índice de desenvolvimento ou com sinais e incidências de “desordem psicótica”. Outro forma seria uma análise dos fatores de risco. 
O tratamento psicoterapêutico são eficientes na maneira de trabalhar a natureza dos sintomas e transtornos vividos de modo a promover o engajamento terapêutico mais ampla, adaptando as necessidade particulares do sujeito e sua família. Segundo a autora o tratamento precoce é capaz de melhorar a atitude e adesão em relação ao tratamento, redução na dosagem do medicamento, preservação do apoio familiar, aceitação da doença, dentro outros. Já o tratamento tardio pode causar: recuperação mais lenta, pior prognostico, enfraquecimento nas relações sociais e familiares, hospitalização desnecessária, e outros.
Referências:
DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais-Porto Alegre. Artes Médicas Sul. 2000.
Estamira, direção de Marcos Prado, Brasil, Distribuição Riofilme / Zazen Produções
Audiovisuais, 2006, DVD, Cor/115 min
Cherulli, Lílian de Carvalho. A intervenção precoce nos ajustamentos do tipo psicótico e a clínica gestáltica: ensaios preliminares. D.F. 2008 http://repositorio.unb.br/bitstream/10482/3958/1/2008_LilianCherulliCarvalho.pdf
Tolletti, Glória. Contributo dos Enfermeiros na Implementação de Intervenções Psicossociais (IPS) dirigidas a Pessoas com Doença Mental Grave. Revista Portuguesa de Enfermagem de Saúde Mental no.5 Porto jun. 2011.
http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?pid=S1647-21602011000100002&script=sci_arttext&tlng=pt

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