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Área de Atuação do Professor de Educação Fisica Educação Fisica Vera Mendes PI

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NÚCLEO DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL 
Av. Senador Helvídio Nunes, 2986, Junco – Picos/PI 
Fixo: (89) 3422-8091 / Vivo: (89) 8113-5768 
ideal.secretaria@hotmail.com 
 
 
 
Sumário 
Introdução ..................................................................................................................................... 3 
Educação Física no Brasil: da origem até os dias atuais ................................................................ 3 
Brasil colônia, de 1500 a 1822 ................................................................................................ 3 
Brasil império, de 1822 a 1889 ............................................................................................... 3 
Brasil república, de 1890 a 1946 ............................................................................................ 4 
Brasil contemporâneo, de 1846 a 1980 .................................................................................. 4 
Educação Física na atualidade, a partir de 1980 .................................................................. 5 
O Profissional de Educação Física e sua missão ............................................................................ 6 
Não à ilegalidade! .................................................................................................................... 7 
A evolução do mercado ........................................................................................................... 8 
Personal Trainer: a tendência do mercado ........................................................................... 8 
Licenciatura x Bacharelado.................................................................................................... 9 
Educação Física e Reabilitação ............................................................................................ 10 
Regulamentação da Educação Física no Brasil .................................................................. 10 
Didática ....................................................................................................................................... 20 
Diferentes Concepções Sobre o Papel da Educação Física na Escola ......................................... 21 
Educação Física como Prêmio ou Castigo ................................................................................... 21 
Educação Física como Meio: a Abordagem Construtivista e da Psicomotricidade ..................... 22 
Educação Física com o Objetivo Exclusivo de Melhoria da Saúde e da Qualidade de Vida ........ 24 
Educação Física como Qualidade do Movimento e Desenvolvimento Motor ............................ 26 
Educação Física como Meio de Transformação Social ................................................................ 28 
Educação Física na Perspectiva da Cultura ................................................................................. 29 
Essas práticas corporais surgiram ao longo da história da humanidade basicamente por duas 
razões diferentes: ........................................................................................................................ 30 
Bibliografia .................................................................................................................................. 34 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
Introdução 
Educação Física no Brasil: da origem até os dias atuais 
Brasil colônia, de 1500 a 1822 
 A mais antiga notícia sobre a Educação Física em terras brasileiras data o ano de 
sua descoberta, 1500. Tal fato se deve ao relato de Pero Vaz de Caminha, que em uma de 
suas cartas, que relatam indígenas dançando, saltando, girando e se alegrando ao som de 
uma gaita tocada por um português (Ramos, 1982). Segundo Ramos (1982), esta foi 
certamente a primeira aula de ginástica e recreação relatada no Brasil. 
 De modo geral, sabe-se que as atividades físicas realizadas pelos indígenas no 
período do Brasil colônia, estavam relacionadas a aspectos da cultura primitiva. Tendo 
como características elementos de cunho natural (como brincadeiras, caça, pesca, nado e 
locomoção), utilitário (como o aprimoramento das atividades de caça, agrícolas, etc.), 
guerreiras (proteção de suas terras); recreativo e religioso (como as danças, 
agradecimentos aos deuses, festas, encenações, etc.) (Gutierrez, 1972). 
 Posteriormente, ainda no período colonial, criada na senzala, sobretudo no Rio de 
Janeiro e na Bahia, surge a capoeira, atividade ríspida, criativa e rítmica que era praticada 
pelos escravos (Ramos, 1982). Desta forma, podemos destacar que no Brasil colônia, as 
atividades físicas realizadas pelos indígenas e escravos, representaram os primeiros 
elementos da Educação Física no Brasil. 
Brasil império, de 1822 a 1889 
 O início do desenvolvimento cultural da Educação Física no Brasil, apesar de não 
ter ocorrido de forma contundente, ocorreu no período do Brasil império. Pois foi nessa 
época que surgiram os primeiros tratados sobre a Educação Física. 
 Em 1823, Joaquim Antônio Serpa, elaborou o “Tratado de Educação Física e 
Moral dos Meninos”. Esse tratado postulava que a educação englobava a saúde do corpo 
e a cultura do espírito, e considerava que os exercícios físicos deveriam ser divididos em 
duas categorias: 1) os que exercitavam o corpo; e 2) os que exercitavam a memória 
(Gutierrez, 1972). Além disso, esse tratado entendia a educação moral como coadjuvante 
da Educação Física e vice-versa (Gutierrez, 1972). 
 O Início da Educação Física escolar no Brasil, inicialmente denominada Ginástica, 
ocorreu oficialmente com a reforma Couto Ferraz, em 1851(Ramos, 1982). No entanto, 
foi somente em 1882, que Rui Barbosa ao lançar o parecer sobre a “Reforma do Ensino 
Primário, Secundário e Superior”, denota importância à Ginástica na formação do 
brasileiro (Ramos, 1982). Nesse parecer, Rui Barbosa relata a situação da Educação Física 
em países mais adiantados politicamente e defende a Ginástica como elemento 
indispensável para formação integral da juventude (Ramos, 1982). 
 Em resumo, o projeto relatado por Rui Barbosa, buscava instituir uma sessão 
essencial de Ginástica em todas as escolas de ensino normal; estender a obrigatoriedade 
da Ginástica para ambos os gêneros (masculino e feminino), uma vez que as meninas não 
tinham obrigatoriedade em fazê-la; inserir a Ginástica nos programas escolares como 
matéria de estudo e em horas distintas ao recreio e depois da aula; além de buscar a 
equiparação em categoria e autoridade dos professores de Ginástica em relação aos 
professores de outras disciplinas (Darido e Rangel, 2005). 
4 
 
 No entanto, a implementação da Ginástica nas escolas, inicialmente ocorreu apenas em 
parte do Rio de Janeiro, capital da República, e nas escolas militares (Darido e Rangel, 
2005). 
Brasil república, de 1890 a 1946 
 A Educação Física no Brasil república pode ser subdividida em duas fases: a 
primeira remete o período de 1890 até a Revolução de 1930 (que empossou o presidente 
Getúlio Vargas); e a segunda fase, configura o período após a Revolução de 1930 até 
1946. 
 Na primeira fase do Brasil república, a partir de 1920, outros estados da 
Federação, além do Rio de Janeiro, começaram a realizar suas reformas educacionais e, 
começaram a incluir a Ginástica na escola (Betti, 1991). Além disso, ocorre a criação de 
diversas escolas de Educação Física, que tinham como objetivo principal a formação 
militar (Ramos, 1982). No entanto, é a partir da segunda fase do Brasil república, após a 
criação do Ministério da Educação e Saúde, que a Educação Física começa a ganhar 
destaque perante aos objetivos do governo. Nessa época, a Educação Física é inserida na 
constituição brasileirae surgem leis que a tornam obrigatória no ensino secundário 
(Ramos, 1982). 
 Na intenção de sistematizar a ginástica dentro da escola brasileira, surgem os 
métodos ginásticos (gímnicos). Oriundos das escolas sueca, alemã e francesa, esses 
métodos conferiam à Educação Física uma perspectiva eugênica, higienista e militarista, 
na qual o exercício físico deveria ser utilizado para aquisição e manutenção da higiene 
física e moral (Higienismo), preparando os indivíduos fisicamente para o combate militar 
(Militarismo) (Darido e Rangel, 2005). 
 O higienismo e o militarismo estavam orientados em princípios anátomo-
fisiológicos, buscando a criação de um homem obediente, submisso e acrítico à realidade 
brasileira. 
Brasil contemporâneo, de 1846 a 1980 
 No Período que compreende o pós 2ª Guerra Mundial, até meados da década de 
1960 (mais precisamente em 1964, início do período da Ditadura brasileira), a Educação 
Física nas escolas mantinham o caráter gímnico e calistênico do Brasil república (Ramos, 
1982). 
 Com a tomada do Poder Executivo brasileiro pelos militares, ocorreu um 
crescimento abrupto do sistema educacional, onde o governo planejou usar as escolas 
públicas e privadas como fonte de programa do regime militar (Darido e Rangel, 2005). 
 Naquela época o governo investia muito no esporte, buscando fazer da Educação 
Física um sustentáculo ideológico, a partir do êxito em competições esportivas de alto 
nível, eliminando assim críticas internas e deixando transparecer um clima de 
prosperidade e desenvolvimento (Darido e Rangel, 2005). Fortalece-se então a idéia do 
esportivismo, no qual o rendimento, a vitória e a busca pelo mais hábil e forte estavam 
cada vez mais presentes na Educação Física. 
 Dentre uma das importantes medidas que impactaram a Educação Física no 
período contemporâneo, está a obrigatoriedade da Educação Física/Esportes no ensino do 
3º Grau, por meio do decreto lei no 705/69 (Brasil., 1969). Segundo Castellani Filho 
(1998), o decreto lei no 705/69 (Brasil., 1969), tinha como propósito político favorecer o 
regime militar, desmantelando as mobilizações e o movimento estudantil que era 
5 
 
contrário ao regime militar, uma vez que as universidades representavam um dos 
principais pólos de resistência a esse regime. 
 Desta forma, o esporte era utilizado como um elemento de distração à realidade 
política da época. Ademais, a Educação Física/Esportes no 3º Grau era considerada uma 
atividade destituída de conhecimentos e estava relacionada ao fazer pelo fazer, voltada a 
formação de mão de obra apta para a produção (Darido e Rangel, 2005). 
 No entanto, o modelo esportivista, também chamado de mecanicista, tradicional 
e tecnicista, começou a ser criticado, principalmente a partir da década de 1980. 
Entretanto, essa concepção esportivista ainda está presente na sociedade e na escola atual 
(Darido e Rangel, 2005). 
Educação Física na atualidade, a partir de 1980 
 A Educação Física ao longo de sua história priorizou os conteúdos gímnicos e 
esportivos, numa dimensão quase exclusivamente procedimental, o saber fazer e não o 
saber sobre a cultura corporal ou como se deve ser (Darido e Rangel, 2005). 
 Durante a década de 1980, a resistência à concepção biológica da Educação Física, 
foi criticada em relação ao predomínio dos conteúdos esportivos (Darido e Rangel, 2005). 
Atualmente, coexistem na Educação física, diversa concepções, modelos, tendências ou 
abordagens, que tentam romper com o modelo mecanicista, esportivista e tradicional que 
outrora foi embutido aos esportes. Entre essas diferentes concepções pedagógicas pode-
se citar: a psicomotricidade; desenvolvimentista; saúde renovada; críticas; e mais 
recentemente os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) (Brasil., 1997). 
 A concepção pedagógica psicomotricidade, foi divulgada inicialmente em 
programas de escolas “especiais”, voltada para o atendimento de alunos com deficiência 
motora e intelectual (Darido e Rangel, 2005). É o primeiro movimento mais articulado 
que surgiu à partir da década de 1970, em oposição aos modelos pedagógicos anteriores. 
A concepção psicomotricidade tem como objetivo o desenvolvimento psicomotor, 
extrapolando os limites biológicos e de rendimento corporal, incluindo e valorizando o 
conhecimento de ordem psicológica. Para isso a criança deve ser constantemente 
estimulada a desenvolver sua lateralidade, consciência corporal e a coordenação motora 
(Darido e Rangel, 2005). No entanto, sua abordagem pedagógica tende a valorizar o fazer 
pelo fazer, não evidenciando o porquê de se fazer e como o fazer. 
 Já o modelo desenvolvimentista por sua vez, busca propiciar ao aluno condições 
para que seu comportamento motor seja desenvolvido, oferecendo-lhe experiências de 
movimentos adequados às diferentes faixas etárias (Darido e Rangel, 2005). Neste 
modelo pedagógico, cabe aos professores observarem sistematicamente o comportamento 
motor dos alunos, no sentido de verificar em que fase de desenvolvimento motor eles se 
encontram, localizando os erros e oferecendo informações relevantes para que os erros 
sejam superados. 
A perspectiva pedagógica saúde renovada, diferentemente das citadas anteriores, 
tem por finalidade convicta e às vezes única, de ressaltar os aspectos conceituais a cerca 
da importância de se conhecer, adotar e seguir conceitos relacionados à aquisição de uma 
boa saúde (Darido e Rangel, 2005). 
Por outro lado, as abordagens pedagógicas críticas, sugerem que os conteúdos 
selecionados para as aulas de Educação Física devem propiciar a leitura da realidade do 
ponto de vista da classe trabalhadora (Darido e Rangel, 2005). Nessa visão a Educação 
Física é entendida como uma disciplina que trata do conhecimento denominado cultura 
6 
 
corporal, que tem como temas, o jogo, a brincadeira, a ginástica, a dança, o esporte, etc., 
e apresenta relações com os principais problemas sociais e políticos vivenciados pelos 
alunos (Darido e Rangel, 2005). 
 Em 1996, com a reformulação dos PCNs, é ressaltada a importância da articulação da 
Educação Física entre o aprender a fazer, o saber por que se está fazendo e como 
relacionar-se nesse saber (Brasil., 1997). De forma geral, os PCNs trazem as diferentes 
dimensões dos conteúdos e propõe um relacionamento com grandes problemas da 
sociedade brasileira, sem no entanto, perder de vista o seu papel de integrar o cidadão na 
esfera da cultura corporal. Os PCNs buscam a contextualização dos conteúdos da 
Educação Física com a sociedade que estamos inseridos, devendo a Educação Física ser 
trabalhada de forma interdisciplinar, transdisciplinar e através de temas transversais, 
favorecendo o desenvolvimento da ética, cidadania e autonomia. 
 De forma geral, pode-se concluir que a Educação Física vem se desenvolvendo no 
Brasil à partir de importantes mudanças político-sociais e que atualmente é vista como 
um elemento essencial para a formação do cidadão Brasileiro. 
 
O Profissional de Educação Física e sua missão 
O profissional da área de Educação Física promove a saúde das pessoas através 
da prática de atividades físicas, além planejar, supervisionar e coordenar programas 
esportivos e recreativos. 
 
 
 Com o boom da rede social nos dias atuais, muita gente vem apresentando blogs, 
instablogs, e demais mídias, dando dicas sobre saúde, exercícios, alimentação e outros 
assuntos voltados para a qualidade de vida. A meu ver, quanto mais gente influenciando 
e sendo referência para o bom caminho, melhor! Entretanto, temos que ter cuidado para 
não confundir a capacidade técnica de cada profissional. Afinal, somente alguém 
habilitado e com experiênciapode realmente indicar o “caminho das pedras” de maneira 
sensata e sem riscos para sua saúde. Por isso, hoje no blog vou falar sobre o Profissional 
de Educação Física e vários segmentos em que esta classe atua. Para tanto, consultei 
alguns especialistas da área que contribuíram para a construção deste post. 
7 
 
 O profissional da área de Educação Física promove a saúde das pessoas através 
da prática de atividades físicas, além planejar, supervisionar e coordenar programas de 
atividades físicas, esportivas e recreativas. De uma maneira geral, seu trabalho consiste 
em acompanhar e orientar as pessoas durante a prática de esportes ou exercícios físicos e 
seu público é bastante variado, desde crianças em idade escolar, pacientes que buscam a 
recuperação de movimentos, pessoas com deficiência física (PCDs) e idosos que 
necessitam de cuidados específicos. Além disso, este profissional é fundamental para 
formar e treinar atletas; ídolos dos esportes. 
 É importante frisar que o personal (professor de Educação Física) não pode 
prescrever ou “orientar” dietas, indicar e prescrever suplementos alimentares ou trabalhar 
com a reabilitação de lesões, a menos que tenha outra graduação como nutrição ou 
fisioterapia que o habilite. 
 A definição extensa desta profissão também reflete nas variadas vertentes deste 
profissional, que está habilitado a atuar na área escolar e não escolar. Dentro das escolas, 
o profissional é apto para interagir com todos os níveis de ensino, passando pela Educação 
Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio e Ensino Superior. A este público, ele 
oferece planejamento, implantação, implementação e avaliação de programas do 
componente curricular de Educação Física. É responsável, muitas vezes, por ser a 
referência esportiva às crianças e jovens, aquele que vai ajudar o aluno a descobrir uma 
atividade física do seu interesse, capaz de colaborar com a autoestima, socialização, 
compensação de distúrbios funcionais, integração e relações sociais. 
 Na área não escolar, o profissional pode atuar nos diversos segmentos da 
organização social, públicas e particulares, com exceção ao sistema escolar, como por 
exemplo: técnico em esporte; professor em academias, clubes recreativos e esportivos, 
associações atléticas, associações classistas desportivas e no desporto comunitário; 
hospitais; hotéis; programas para terceira idade; programas de educação física adaptada; 
programas de atividades físicas e de lazer; programas de ginástica laboral em empresas e 
indústrias, hotéis; organização e arbitragem de torneios esportivos e Personal Trainer. O 
campo de atuação poderá ainda expandir-se à consultoria e prestação de serviços a órgãos 
públicos, empreendimentos particulares e aos meios de comunicação de massa, no que se 
relacionar à educação física. 
Não à ilegalidade! 
 Para garantir que nenhum leigo atue nas escolas, academias, e demais áreas, de 
maneira ilegal, foi criado o Conselho Federal de Educação Física (Confef), que conta com 
suas unidades regionais (Crefs). As intuições são as responsáveis por emitir o registro do 
Profissional de Educação Física, que identifica a formação científica necessária para que 
o mesmo exerça sua função sem agredir a saúde de qualquer pessoa que usufrua do seu 
serviço. De acordo com a instituição nacional, cerca de 160 mil profissionais possuem 
esse registro, porém, estima-se que outros 50 mil ainda não estejam cadastrados. 
 Na área escolar, o profissional de educação física é a referência esportiva às 
crianças e jovens, aquele que vai ajudar o aluno a descobrir uma atividade física do seu 
interesse, capaz de colaborar com a autoestima, socialização e compensação de distúrbios 
funcionais. 
 A regulamentação da atividade provém da Lei nº 9.696, de 1º de setembro de 
1998, e afirma que “o exercício das atividades de Educação Física” e a designação de 
“Profissional de Educação Física” passaram a ser “prerrogativa dos profissionais 
8 
 
regularmente registrados nos Conselhos Regionais de Educação Física”, como estabelece 
o seu art. 1º. 
 “Ao se regulamentar a Educação Física como atividade profissional, foi 
identificada, paralelamente à importância de conhecimento técnico e científico 
especializado, a necessidade do desenvolvimento de competência específica para sua 
aplicação, que possibilite estender a toda a sociedade os valores e os benefícios advindos 
da sua prática. Assim, o ideal da profissão define-se pela prestação de um atendimento 
melhor e mais qualificado a um número cada vez maior de pessoas, tendo como referência 
um conjunto de princípios, normas e valores éticos livremente assumidos, individual e 
coletivamente, pelos Profissionais de Educação Física”, explica o Presidente do Confef, 
Jorge Steinhilber, ao ressaltar, em seguida, a importância da Educação Física para a 
formação e desenvolvimento dos pequenos. 
Outro importante campo de atuação dos profissionais de Educação Física é a reabilitação, 
uma área que requer muito estudo e uma atuação multidisciplinar. 
 “Estudos já demonstraram que muitas crianças apresentam dificuldades de 
alfabetização por falta de coordenação – coordenação dinâmica geral e coordenação 
motora fina. A Educação Física tem sua especificidade no desenvolvimento do corpo em 
movimento consciente, fator necessário para a vida toda por cada um de nós e que não 
sendo desenvolvida prejudica, inclusive, o processo de desenvolvimento da lógica e da 
alfabetização. Portanto, é necessário que a escola ofereça a disciplina para possibilitar à 
criança desenvolvimento de seu corpo para que ela possa viver de forma plena. Não há 
Educação sem Educação Física”. 
A evolução do mercado 
 Com a exigência da população voltada para a qualidade do corpo e mente, o 
mercado do profissional de Educação Física expandiu, exigindo uma preparação ainda 
maior tanto daqueles que já estão inseridos no mercado, como dos estudantes. Por isso, 
desde 2010, seguindo a orientação do Ministério da Educação, o currículo do Bacharelado 
em Educação Física tem novas disciplinas obrigatórias, como Ginástica Laboral; 
Antropologia e Fisiologia do Corpo; Fisiologia do Exercício; Saúde Coletiva; Lazer; e 
Empreendedorismo. Tudo isso para responder às novas demandas e viabilizar a expansão 
da profissão. 
Presidente do Confef, Jorge Steinhilber, explica que o registro profissional é 
imprescindível para a classe. 
 A bacharel em Educação Física, professora Heloisa Santini, cita como exemplo a 
introdução da disciplina de Empreendedorismo, diante da necessidade de preparar o aluno 
para planejar e administrar as suas atividades e até mesmo a sua empresa, já que muitos 
profissionais da Educação Física atuam individualmente ou abrem suas próprias 
empresas, como as academias, que tiveram um aumento considerável nos últimos anos. 
Uma pesquisa realizada pela International Health, Racquet & Sportsclub Association 
(IHRSA) mostrou que, de 2007 até 2010 o número de academias no Brasil chegou perto 
de 15.551, ficando atrás apenas dos Estados Unidos da América. 
Personal Trainer: a tendência do mercado 
 Quem é que gosta de praticar algum exercício sozinho? É possível contar nos dedos 
esses raros seres humanos, não é verdade? Até porque, atividade física com mais alguém 
é sempre mais estimulante. Talvez, por isso, que a grande tendência do mercado do 
Profissional de Educação Física seja o de Personal Trainer, aquele que oferece ao aluno 
9 
 
um treinamento específico e personalizado nas academias ou fora delas. Resumindo, o 
cliente do personal receberá uma orientação constante, não só em relaçãoaos exercícios 
que irá realizar, mas também poderá contar com a correção dos movimentos e com o fator 
motivacional que é muito importante durante os dias de treino. 
 Porém, é importante frisar que o personal (professor de Educação Física) não pode 
prescrever ou “orientar” dietas, indicar e prescrever suplementos alimentares ou trabalhar 
com a reabilitação de lesões, a menos que tenha outra graduação como nutrição ou 
fisioterapia que o habilite. Caso o faça, poderá ser enquadrado no exercício ilegal da 
profissão, crime tipificado no código penal. 
 Atualmente, inclusive, já existe a Sociedade Brasileira de Personal Trainers (SBPT). 
O órgão afirma os seguintes números em relação a este serviço no País: 
Número de Personal Trainers no Brasil = 85.000 
Distribuição regional: 
– 56% no Sudeste 
– 19% no Sul 
– 12% no Nordeste 
– 9% no Centro-Oeste 
– 4% no Norte 
Faturamento do Personal Training no Brasil = R$ 2,5 bilhões/ano 
Uma pesquisa realizada pela International Health, Racquet & Sportsclub Association 
(IHRSA) mostrou que, de 2007 até 2010 o número de academias no Brasil chegou perto 
de 15.551. 
Licenciatura x Bacharelado 
 Muitas pessoas tem dúvida entre as qualificações de licenciatura e o bacharelado 
em Educação Física. A diferença é simples e exponho aqui: 
 A Licenciatura forma professores que atuarão nas diferentes etapas e 
modalidades da educação básica, portanto, para atuação específica e especializada com a 
componente curricular Educação Física. 
 O bacharelado (oficialmente designado de graduação) qualifica para analisar 
criticamente a realidade social, para nela intervir por meio das diferentes manifestações 
da atividade física e esportiva, tendo por finalidade aumentar as possibilidades de adoção 
de um estilo de vida fisicamente ativo e saudável, estando impedido de atuar na educação 
básica. 
 Em resumo, são duas formações distintas com intervenções profissionais 
separadas. Para o licenciado é exclusividade atuar especificamente na componente 
curricular Educação Física na educação básica, e ao bacharelado é impossibilitada a 
atuação docente na educação básica. A esse respeito refere-se, inclusive, a resolução CNE 
7/2004 em seu art. 4º, 2º que distingue a formação do graduado do licenciado, 
estabelecendo: O Professor da Educação Básica, licenciatura plena em Educação Física, 
deverá estar qualificado para a docência deste componente curricular na educação básica, 
tendo como referência a legislação própria do Conselho Nacional de Educação, bem como 
as orientações específicas para esta formação tratadas nesta Resolução. 
10 
 
Educação Física e Reabilitação 
 Outro importante campo de atuação dos profissionais de Educação Física é a 
reabilitação. Cardiopatas, pessoas que passaram por algum tipo de procedimento 
cirúrgico ou que sofreram lesão óssea e muscular precisam de orientação profissional 
durante seu processo de reabilitação. 
 A grande tendência do mercado do Profissional de Educação Física é a atuação 
como Personal Trainer, aquele que oferece ao aluno um treinamento específico e 
personalizado nas academias ou fora delas. 
 “Esta é uma área que requer muito estudo e uma atuação multidisciplinar, que deve 
envolver além do profissional da Educação Física, médicos e fisioterapeutas”, observa 
Diógenes Fogaça, que se formou em Educação Física na primeira turma da UCS, em 
1981, e começou a trabalhar com reabilitação há cerca de 15 anos. Ele tambem se 
especializou em Fisiologia do Exercício e Reabilitação Cardiovascular. “É preciso 
entender muito bem o funcionamento do corpo humano para poder orientar os exercícios 
adequados para cada caso”. 
 
Regulamentação da Educação Física no Brasil 
Elaboração de medidas legais e a criação de um conselho 
 O processo da regulamentação e criação de um Conselho para a Profissão de 
Educação Física, teve início nos anos quarenta. A iniciativa partiu das Associações dos 
Professores de Educação Física – APEF´s – localizadas no Rio de Janeiro, Rio Grande 
do Sul e São Paulo. Juntas fundaram a Federação Brasileira das Associações de 
Professores de Educação Física – FBAPEF, em 1946. 
 
 A História da regulamentação da profissão de Educação Física no Brasil, pode 
ser dividida em três fases: a primeira relacionada aos profissionais que manifestavam 
e/ou escreviam a respeito desta necessidade, sem contudo desenvolver ação nesse 
sentido; a segunda na década de 80 quando tramitou o projeto de lei relativo à 
regulamentação sendo vetado pelo Presidente da República. E a terceira vinculada ao 
processo de regulamentação aprovado pelo Congresso e promulgado pelo Presidente da 
República em 01/09/98, publicado no Diário Oficial de 02/09/98. 
 
 A intenção de se criar uma Ordem ou um Conselho ocorreu nos idos da década 
de 50. Os saudosos professores Inezil Penna Marinho, Jacinto Targa e Manoel Monteiro 
apresentaram esta idéia e defendiam sua importância, fazendo paralelo sempre com as 
demais profissões regulamentadas, a Ordem dos Advogados ou o Conselho dos 
Médicos, sem, no entanto tomarem qualquer ação efetiva no sentido de consolidar a 
proposta. 
 
 Hoje entende-se ter sido em virtude de na época os profissionais atuarem 
prioritariamente em unidades escolares, os cursos serem exclusivamente de licenciatura 
e os currículos voltados essencialmente à formação de profissionais para atuarem no 
ensino formal. Historicamente, a área era responsável por oferecer profissionais a um 
mercado pré-determinado: a escola. O fato da profissão de Professor não ser 
regulamentada, torna incoerente desmembrar a Educação Física. 
 
11 
 
 Como exemplo dessa preocupação podemos citar o III Encontro de Professores 
de Educação Física, organizado pela Associação dos Professores de Educação Física da 
Guanabara, na cidade do Rio de Janeiro, em 1972. Apresentam então, em uma de suas 
recomendações aprovadas, a proposta de criação dos Conselhos Regionais e Federal de 
Educação Física, em que se destaca o seguinte registro deliberativo: 
4º. Tema: Conselhos Regionais e Federal dos Titulados em Educação Física e Desportos: 
 
1) É de interesse dos titulados em Educação Física e Desportos a criação dos Conselhos 
Regionais e Federal, reguladores da profissão. 
2) O código de Ética profissional é fundamental para as relações de trabalho entre os 
titulados em Educação Física e Desportos, tanto na área particular, como na oficial. 
3) Os participantes do III Encontro dos Professores de Educação Física, ratificam o 
trabalho que foi executado no encontro anterior, sobre o problema da criação dos 
Conselhos Regionais e Federal dos titulados em Educação Física e Desportos, e solicitam 
providências junto às autoridades do executivo e legislativo federal. 
Contudo, somente em meados dos anos 80 são efetivamente identificadas as ações para 
a apresentação do projeto de regulamentação da profissão ao legislativo. 
 
 Assim, fica clara a questão da regulamentação ser uma velha aspiração da 
categoria profissional. Algo debatido e discutido desde os anos 50 em diversos eventos, 
pelos formadores de opinião, pelos notáveis da área e pelas IES, tendo se transformado 
em ação efetiva apenas a partir da década de 80, quando então encontramos a questão da 
regulamentação profissional sendo efetivamente debatida e ações concretas 
dinamizadas. 
 
 No início dos anos oitenta resgata-se a Federação Brasileira das Associações dos 
Professores de Educação Física - FBAPEF. Mediante uma atuação dinâmica e 
democrática motiva o surgimento de Associações de Professores deEducação Física – 
APEFs, em praticamente todos os Estados da União. 
 
 Nos Estados: Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Minas Gerais, 
São Paulo dentre outros, ao longo da década de oitenta, as APEFs promoveram diversos 
Congressos. O objetivo era discutir os rumos da disciplina e da profissão. A necessidade 
de consolidar e conquistar a regulamentação recebeu aprovação em todos os estados. 
 
 Podemos deduzir que a segunda fase teve início na reunião entre os diretores, 
professores e estudantes de Escolas de Educação Física, realizada no dia 22 de 
novembro de 1983, na FUNCEP, em Brasília-DF, cujo propósito foi discutir sobre a 
problemática da atuação profissional em Educação Física”, visando a criação de um 
órgão orientador, disciplinador e fiscalizador do exercício profissional”. 
 Nesta reunião, coordenada pelo Prof. Benno Becker, à época, membro da 
Comissão de Pesquisa em Educação Física e Desportos do MEC-COPED, diretor das 
escolas de Educação Física da FEEVALE, Novo Hamburgo, RS, e secretariada pelo Prof. 
Laércio Pereira, o Prof. Benno apresentou um projeto elaborado, tendo como base os 
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projetos de conselho regionais e federais da psicologia e medicina. Após discussão e 
debate, o projeto de lei foi aperfeiçoado (Leia a íntegra da ata da reunião). 
 Chegaram ao acordo, que a proposta seria de criação de Conselho dos Profissionais 
de Educação Física. Nesta oportunidade todos os presentes foram alertados a respeito da 
tramitação que o projeto teria na Câmara dos Deputados e da necessidade de cada um 
mobilizar os representantes políticos de cada estado, para a defesa e o acompanhamento 
do projeto. Designaram os Professores Benno Becker e Antônio Amorim para 
encaminhamento do projeto de lei ao poder legislativo. 
 O Projeto, já aperfeiçoado, foi apresentado pelo Prof. Benno Becker no encontro 
de diretores e/ou representantes de Escolas de Educação Física do Brasil, encontro este 
comemorativo dos cinqüenta anos das Escolas de Educação Física da Universidade de 
São Paulo, cuja comissão executiva dos festejos era presidida pelo Prof. Walter Giro 
Jordano, quando na realização do debate sobre os temas “Criação de Conselhos Federal 
e Regionais de Educação Física” e “Regulamentação da Profissão”, realizado no dia 16 
de março de 1984, às 15 horas, na sede da Escola de Educação Física na Universidade 
de São Paulo. 
 
Do ano de 1984 em diante, iniciou de fato, ações concretas para a regulamentação da 
profissão. 
 
 A FBAPEF, que estava desativada, é resgatada quando durante o II Congresso de 
Esporte Para todos – EPT, na cidade de Belo Horizonte, em julho de 1984, é realizada a 
Assembléia Geral da FBAPEF e eleita a diretoria para reiniciar a gestão da entidade. 
Nesta ocasião dentre alguns pontos, é discutida a questão da regulamentação da 
profissão e deliberado que a entidade deve envidar todos os esforços nesse sentido. O 
Prof. Dr. Inezil Penna Marinho informa sobre a impossibilidade de se criar Ordem ou 
Conselhos de professor de Educação Física, em razão de ser esta, substantiva da função 
de Professor. 
 
 Então, o eminente professor propõe que seja modificado o nome designatório de 
nossa atividade profissional para “Cineantropólogo”; “Antropocinesiólogo”; 
Kinesiólogo” ou “Antropocineólogo”. A categoria foi consultada, e eles não 
concordaram com a mudança do termo. Culturalmente e tradicionalmente, a designação 
do profissional nas intervenções na área dos exercícios físicos e desportivos, é Professor 
de Educação Física. Identificado o impasse, surgiu a proposta de designarmos o 
interventor como “Profissional de Educação Física”. Designação aceita para vencer o 
impasse legal. Desta forma, passou-se a defender a regulamentação do Profissional de 
Educação Física. 
 
 Paralelamente, em 1984 foi apresentado o Projeto de Lei 4559/84, pelo Deputado 
Federal Darcy Pozza à Câmara dos Deputados. Dispunha sobre o Conselho Federal e os 
Regionais dos Profissionais de Educação Física, Desporto e Recreação. Foi, 
oficialmente, o primeiro projeto de regulamentação da profissão. 
 
 Em praticamente todas as instâncias deliberativas, até então, das APEFs e nos 
Congressos da FBAPEF, as decisões eram sempre no sentido da luta pela 
regulamentação. De acordo com o trâmite do projeto de apresentação de propostas para 
apresentação de substitutivos. 
13 
 
 
 O PL 4559/84 foi aprovado pelo Congresso Nacional, em dezembro de 1989, 
sendo vetado pelo Presidente da República, José Sarney. Isso ocorreu no início do ano 
de 1990, baseando-se em parecer exarado pelo Ministério do Trabalho. 
Em razão dessa decepção, as APEFs entram em colapso. O processo de desativação 
ocorreu inclusive no congresso da FBAPEF de 1990. 
 
 No início de 1994, grupos de estudantes de Educação Física preocupados com o 
crescente aumento de pessoas sem formação atuando no mercado emergente 
(academias, clubes, condomínios, etc.), procuraram a APEF-RJ. A APEF então, 
reafirmou a posição de que para impedir tal abuso, fazia-se necessário um instrumento 
jurídico que determinasse serem os egressos das escolas de educação física, os 
profissionais responsáveis pela dinamização das atividades físicas. 
 Portanto, era requerido para regulamentar a profissão: um novo movimento e 
mobilização da categoria; a adesão de algum político para apresentar o projeto de lei e 
todo o desgaste que representaria tal questão, ao longo do trâmite do projeto na Câmara 
e no Senado. 
 
 No Rio de Janeiro, o problema se agrava. De maneira bastante informal, percebeu-
se que era latente entre os estudantes, a questão do egresso dos cursos de Educação Física. 
Crescia o interesse em tomar providências para reverter a situação. 
 
 Com o crescimento do interesse, a questão é debatida pela diretoria da Associação 
dos Professores de Educação Física do Rio de Janeiro. Trava-se o debate a respeito da 
propriedade e surge a oportunidade de iniciar uma nova luta pela regulamentação. 
 
 Em princípio, buscou-se a FBAPEF para desenvolver o processo via instituição 
representativa da categoria profissional. As diversas deliberações da entidade e das 
APEFs dependiam de aprovação. Porém, percebia-se um certo marasmo nas ações em 
prol da regulamentação. Por esse motivo, os Professores: Jorge Steinhilber, Sergio Kudsi 
Sartori, Walfrido Jose Amaral e Ernani Contursi, decidem lançar o Movimento em Prol 
da Regulamentação. O Movimento não tinha a participação de um órgão formalmente 
constituído. Havia uma rede de comunicação, informação, mobilização e adesão. Era 
aberta a participação de órgãos, instituições, meios de comunicação, profissionais e 
estudantes. Seu caráter era pluripartidário e democrático. 
 
 Em Janeiro de 1995, durante a realização do congresso da FIEP em Foz do Iguaçu, 
o “Movimento pela regulamentação do Profissional de Educação Física” foi lançado na 
abertura do evento, após contar com a aprovação e adesão do delegado geral da FIEP no 
Brasil, Prof. Almir Gruhn e do Vice-Presidente, Prof. Manoel José Gomes Tubino. Vale 
ressaltar que a posse solene dos membros conselheiros do 1º Conselho de Educação 
Física, ocorreu neste mesmo congresso. 
 O Prof. Jorge Steinhilber proferiu conferência de abertura do Congresso, 
anunciando que a assembléia da Federação Brasileira das Associações de Profissionais 
de Educação Física aprovara a proposta de regulamentação da profissão, e que lançava o 
“Movimento” como mola propulsora da regulamentação e como centro da rede de 
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divulgação e mobilização, que seria necessária para esclarecimentoe adesão nacional a 
respeito da questão. 
 O lançamento da proposta foi alvo de longos aplausos, por parte dos mais de mil 
e quinhentos presentes à abertura, demonstrando que a questão recebia apoio e aprovação 
dos Profissionais de Educação Física. Após a conferência, o presidente da FIEP 
pronunciou-se, em apoio ao Movimento pela regulamentação da profissão. 
A primeira ação e difusão nacional do “Movimento” deu-se na reunião em que o Prof. 
Jorge Steinhilber participou com os delegados da FIEP ( a FIEP possui delegados em 
praticamente todos os estados da União). Na oportunidade consolidou-se a primeira 
aprovação nacional. Os delegados assumiram o compromisso de divulgar a proposta, 
esclarecer no que fosse possível, em seus respectivos estados, e divulgar, de todas as 
formas possíveis. 
 A segunda ação foi o envio de correspondência às direções das Instituições de 
Ensino Superior de Educação Física, informando a respeito da importância e necessidade 
de regulamentarmos a profissão, apresentação do “Movimento” e abertura de 
possibilidade da adesão ao mesmo, solicitando que a questão fosse divulgada e que estes 
promovessem discussões, debates e esclarecimento a respeito, junto ao corpo docente e 
discente. 
 
 Assim foi lançado o “Movimento nacional pela regulamentação do Profissional de 
Educação Física”, no início do ano de 1995. 
Seguem algumas ilustrações do movimento: 
Figura 1: Teia de colaboradores do “Movimento nacional pela regulamentação do 
Profissional de Educação Física”. 
 
15 
 
Figura 2: Arte "Regulamentação Já". 
 
 Para deflagrar o processo formalmente, o Deputado Federal Eduardo 
Mascarenhas apresenta o projeto de lei relativo à regulamentação da profissão. Projeto 
de número 330/95, na Câmara dos Deputados. 
 
 Durante o período de discussão do texto do projeto de lei, surgiu a dúvida se 
contemplaria amplamente a categoria profissional. O argumento era de que o texto 
apresentado seria embrionário. Precisava ser analisado por três Comissões na Câmara, 
onde poderia receber substitutivos e ser totalmente modificado. Vale ressaltar o fato de 
que o texto apresentado, suscitaria maiores discussões no âmbito da categoria 
profissional. Assim, oportunizaria a construção. Ao final do trâmite na Câmara, com o 
projeto devidamente analisado, debatido, refletido, estudado, consultado e pesquisado, 
optou-se pela apresentação por parte do Deputado Federal. O projeto deveria ser 
apresentado imediatamente. 
 
 Durante o ano de 1995 o projeto foi analisado pela Comissão de Educação, 
Cultura e Desporto. As instituições de ensino, órgãos públicos relacionados com a área 
e notórios profissionais de Educação Física foram consultados. Todos favoráveis à 
regulamentação, sendo que algumas pessoas contestam o processo e o texto do projeto. 
 
 Em novembro de 1995, substitutivo ao projeto de lei, é aprovado na Comissão 
de Educação, Cultura e Desporto. 
No início do ano de 1996, na Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público, 
o Deputado Federal Paulo Paim, é designado relator do projeto. 
 
 O Deputado informou que a Comissão de Trabalho, Administração e Serviço 
16 
 
Público, em princípio, era contrária às regulamentações de profissões tendo traçado 
algumas recomendações que deveriam ser comprovadas para a apreciação do nosso 
projeto: 
Recomendações para a elaboração de projetos de lei destinados a regulamentar exercícios 
de profissões: 
1. Em razão da liberdade para o exercício de ofícios ou profissões estabelecidas pela 
Constituição Federal em seu art. 5º, inciso XIII, a elaboração de projetos de lei 
destinados a regulamentar o exercício profissional deverá atender, cumulativamente, os 
seguintes requisitos: 
1.1- Imprescindibilidade de que a atividade profissional a ser regulamentada - se 
exercida por pessoa desprovida da formação e das qualificações adequadas - possa 
oferecer risco à saúde, ao bem-estar, à segurança ou aos interesses patrimoniais da 
população; 
1.2- A real necessidade de conhecimentos técnico-científicos para o desenvolvimento 
da atividade profissional, os quais tornem indispensáveis à regulamentação; 
1.3- Exigência de ser a atividade exercida exclusivamente por profissionais de nível 
superior, formados em curso reconhecido pelo Ministério da Educação e do Desporto; 
2- Indispensável se torna, ainda, com vistas a resguardar o interesse público, que o 
projeto de regulamentação não proponha a criação de reserva de mercado para um 
segmento de determinada profissão em detrimento de outras com formação idêntica ou 
equivalente”. 
 Em audiência com o relator, o Coordenador Nacional do Movimento, Jorge 
Steinhilber, defendeu que as proposições regulamentadoras atendem a esse mínimo de 
requisitos tendo condições de resultar em lei eficaz. Foi definido que seria realizada 
audiência pública para tratar da questão. 
 
 Até o dia 17 de outubro de 1996 (audiência pública), o Deputado Paulo Paim 
consultou as Instituições formadoras de profissionais de Educação Física, entidades, 
órgãos públicos, profissionais e estudantes de Educação Física. 
 
 Em praticamente todos os eventos relativos à área (congressos, seminários, 
convenções e outros) foram promovidas conferências, debates e mesas redondas 
relativas à regulamentação. Nas Escolas de Educação Física, estudantes promoviam 
encontros de discussão a respeito da regulamentação. Nos Estados reuniam-se os 
diretores das Instituições para debaterem, efetuarem consultas e apresentarem 
resultados. Todos foram favoráveis quanto à regulamentação com modificação no texto. 
 
 O Movimento Nacional pela Regulamentação do Profissional de Educação 
Física cresceu e se fortaleceu. Convocou a categoria para enviar correspondências, 
relativas a abaixo assinados favoráveis à regulamentação ao Deputado Paulo Paim, 
sendo atendido. 
 
 É importante ressaltar a reunião de diretores e representantes das Escolas de 
Educação Física, na Universidade Católica de Campinas convocadas pelo Instituto 
Nacional do Desenvolvimento do Desporto - INDESP. O objetivo era que conhecessem 
as propostas do Instituto, uma vez que, por iniciativa dos presentes, levantava-se a 
questão da regulamentação. O abaixo assinado favorável à regulamentação, foi 
17 
 
assinado por 97% dos presentes. 
 
 Em 17 de outubro de 1996, às 10 horas, no plenário da Comissão de Trabalho, 
Administração e Serviços Públicos, o Deputado Paulo Paim abre a audiência pública. 
Pelo estabelecido, o Professor Jorge Steinhilber proferiu explanação histórica sobre a 
regulamentação e sua importância. Em seguida, o representante do INDESP confirmou 
o teor de correspondência favorável à regulamentação, outrora encaminhada à Comissão 
de Educação, Cultura e Desporto. 
 Depois, o Professor Roberto Lial, Presidente da FBAPEF informou que no 
Congresso de 1994, os presentes deliberaram favoravelmente à regulamentação. 
Seguindo, o Deputado Paulo Paim ouviu um por um os presentes sendo marcante o fato 
de que todas as entidades apresentaram-se favoráveis à regulamentação. Um grupo de 
profissionais e estudantes manifestaram-se contrários em relação ao texto do projeto. A 
diretoria do CBCE e a diretoria da Executiva Nacional dos Estudantes apresentaram-se 
contra a proposta. 
 
 Após ouvir todos os presentes e assinalar os respectivos votos, pronunciou-se o 
Deputado Eduardo Mascarenhas. Ao final, o Deputado Paulo Paim apresentou uma 
caixa com milhares de correspondências que recebera informando serem 99%favoráveis à regulamentação. Devido relatos dos presentes e votos favoráveis, estava 
claramente definido ser a categoria profissional favorável à regulamentação. Havia 
somente reticências em relação ao texto. Assim, sua decisão era favorável à questão. 
Instituiu grupo de trabalho para que no prazo de 20 dias, fosse apresentado o texto com 
as propostas apresentadas. 
 
Exigiu que os presentes enviassem suas sugestões. O Grupo de Trabalho apresentou 
novo texto. O relator o apresentou como substitutivo. 
 
Todavia, não houve tempo hábil do substitutivo do Deputado Paulo Paim ser apreciado 
na Comissão em 1996. O motivo, foi o recesso de final de ano. 
 
 Em 1997, o Deputado Paulo Paim é galgado à mesa Diretora da Câmara, 
retirando-se da Comissão. Assim, teve início o processo de negociação para que o novo 
relator absorvesse todo o processo democrático levado a efeito pelo Deputado Paulo 
Paim. Acordou-se com o Deputado Federal Paulo Rocha (PT/PA), que por ser do 
mesmo partido e das mesmas convicções de Paulo Paim, concordou em apresentar o 
substitutivo construído das propostas oriundas da categoria profissional. 
 
 Mesmo assim foi moroso o trâmite. Primeiramente a devolução do projeto à 
Comissão, levada a efeito em 30 de maio de 1997, em seguida sua inclusão em pauta. O 
Deputado Sandro Mabel (PSDB/GO), líder do governo na Comissão, informava ser 
favorável ao projeto, mas, não o liberava para a pauta. Informava que o entrave partia 
do Ministério do Trabalho. 
 
 Foi levada a efeito a gestão, junto ao Secretário Executivo do Ministério do 
Trabalho. Na oportunidade foram tiradas as dúvidas do Ministério. Sinal verde para o 
projeto ser incluído na pauta da Comissão. 
 
 Em 22 de outubro de 1997 o Projeto, com substitutivo, é aprovado por 
18 
 
unanimidade em reunião ordinária e remetido para a Comissão de Constituição e Justiça 
e de Redação. 
 
 O projeto é analisado nesta Comissão até o dia 09 de junho de 1998, quando é 
considerado constitucional e aprovado por unanimidade pronto para a ordem do dia. 
 
 Na sessão plenária de 30 de junho de 1998 da Câmara dos Deputados, o projeto 
de lei 330/95 é debatido, apreciado e aprovado com parecer favorável de todos os 
oradores. Inclusive, foi feita uma homenagem ao Deputado Eduardo Mascarenhas, que 
havia falecido. 
 
Nas palavras da Deputada Telma de Souza (PT-SP): 
“Sr. Presidente, prestando homenagem ao nosso companheiro já falecido, Eduardo 
Mascarenhas, ressalto o esforço da votação do Substitutivo do Deputado Paulo Rocha 
e o incansável vigor da Deputada Laura Carneiro para que todas as Lideranças desta 
Casa encontrassem um denominador comum que aprovasse essa iniciativa 
Parlamentar que muito nos honra”. 
A partir de primeiro de julho de 1998 o projeto de lei passa a ser analisado e 
apreciado pelo Senado. No dia seguinte, 13 de agosto de 1998, o projeto foi incluído na 
ordem do dia do Senado. Após alguns momentos de tensão, em razão de possíveis 
emendas ao Projeto de Lei, o Professor Jorge Steinhilber, reunido com a Deputada 
Laura Carneiro e Senadores, firma acordo para possibilitar a aprovação do Projeto de 
Lei nesta sessão. Após algumas manifestações de parlamentares, e um longo e brilhante 
discurso do Senador Francelino Pereira, o projeto foi aprovado por unanimidade e 
encaminhado à sanção presidencial. 
 
Em 1º de Setembro de 1998, o Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, 
sanciona a lei 9696/98, publicada no Diário Oficial da União em 02/09/98. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 
 
Figura 3: Diário Oficial da União 
 
 No dia 08 de novembro do mesmo ano na cidade do Rio de Janeiro, a Federação 
Brasileira das Associações de Profissionais de Educação Física (FBAPEF) elegeu os 
primeiros membros do Conselho Federal de Educação Física (CONFEF), estes eleitos 
pelas Associações de Professores de Educação Fisica - APEFs e Instituições de Ensino 
Superior em Educação Física. Na ocasião, o Prof. Jorge Steinhilber, então presidente do 
Movimento Nacional pela Regulamentação do Profissional de Educação Física, 
apresentou a chapa dos Conselheiros, sendo aprovada por todos os presentes. 
 
 Foram eleitos os seguines 18 primeiros Conselheiros Federais de Educação 
Física: Alberto dos santos Puga Barbosa, Almir A. Gruhn, Antonio Ricardo C. de 
Oliveira, Carlos Alberto O. Garcia, Edson Luiz Santos Cardoso, Flávio Delmanto, 
Gilberto José Bertevello, João Batista A. Gomes Tojal, Jorge Steinhilber, Juarez Muller, 
Laércio Elias Pereira, Manoel José Gomes Tubino, Marcelo F. Miranda Marino Tessari, 
Paulo Robertto Bassoli, Renato M. de Moraes, Sérgio K. Sartori, Walmir Vinhas. 
 
 A posse solene dos primeiros membros do CONFEF foi realizada no dia 10 de 
janeiro de 1999, na abertura do 14º Congresso Internacional de Educação Física da 
FIEP, em Foz do Iguaçu-PR, como agradecimento ao apoio da Federação ao 
Movimento da Regulamentação, cerca de 1.500 congressistas presenciaram este 
acontecimento histórico. 
 
 
 
20 
 
Didática 
No universo da educação, especialmente no ambiente escolar a 
palavra didática está presente de forma imperativa, afinal são componentes 
fundamentais do cotidiano escolar os materiais didáticos, livros didáticos, projetos 
didáticos e a própria didática como um instrumento qualificador do trabalho do 
professor em sala de aula. Afinal, a partir do significado atribuído à didática no campo 
educacional, é comum ouvir que o professor x ou y é um bom professor porque tem 
didática. 
Para as teorias da educação, porém, a didática é mais do que um termo utilizado 
para representar a dicotomia entre o bom e o mal professor ou para designar os 
materiais utilizados no ambiente escolar. Termo de origem grega (didaktiké), a didática 
foi instituída no século XVI como ciência reguladora do ensino. Mais 
tarde Comenius atribuiu seu caráter pedagógico ao defini-la como a arte de ensinar. 
Nos dias atuais, a definição de didática ganhou contornos mais amplos e deve ser 
compreendida enquanto um campo de estudo que discute as questões que envolvem os 
processos de ensino. Nessa perspectiva a didática pode ser definida como um ramo da 
ciência pedagógica voltada para a formação do aluno em função de finalidades educativas 
e que tem como objeto de estudo os processos de ensino e aprendizagem e as relações 
que se estabelecem entre o ato de ensinar (professor) e o ato de aprender (aluno). Nesta 
perspectiva a didática passa a abordar o ensino ou a arte de ensinar como um trabalho de 
mediação de ações pré-definidas destinadas à aprendizagem, criando condições e 
estratégias que assegurem a construção do conhecimento. 
Nesse contexto, a Didática enquanto campo de estudo visa propor princípios, 
formas e diretrizes que são comuns ao ensino de todas as áreas de conhecimento. Não se 
restringe a uma prática de ensino, mas se propõe a compreender a relação que se 
estabelece entre três elementos: professor, aluno e a matéria a ser ensinada. Ao investigar 
as relações entre o ensino e a aprendizagem mediadas por um ato didático, procura 
compreender também as relações que o aluno estabelece com os objetos do conhecimento. 
Para isso privilegia a análise das condições de ensino e suas relações com os objetivos, 
conteúdos, métodos e procedimentos de ensino. 
Entretanto, postular que o campo de estudo da Didática é responsável por produzir 
conhecimentos sobre modos de transmissão de conteúdos curriculares através de métodos 
e conhecimentos não deve reduzir a Didática a visão de estudo meramente tecnicista. Ao 
contrário,a produção de conhecimentos sobre as técnicas de ensino oriundos desse campo 
de estudo tem por objetivo tornar a pratica docente reflexiva, para que a ação do professor 
não seja uma mera reprodução de estratégias presentes em livros didáticos ou manuais de 
ensino. Não basta ao professor reproduzir pressupostos teóricos ou programas 
disciplinares pré-estabelecidos, as informações acumuladas na prática ao longo do 
processo ensino-aprendizagem devem despertar a capacidade crítica capaz de 
proporcionar questionamentos e reflexões sobre essas informações a fim de garantir uma 
transformação na prática. Como um processo em constante transformação, a formação do 
educador exige esta interligação entre a teoria e a prática como forma de desenvolvimento 
da capacidade crítica profissional. 
 
21 
 
Diferentes Concepções Sobre o Papel da Educação Física na Escola 
Atualmente, coexistem, na área da Educação Física, diversas concepções sobre 
qual deve ser o papel da Educação Física na escola. Essas concepções têm em comum a 
tentativa de romper com o modelo mecanicista, esportivista e tradicional. São elas: 
Humanista; Fenomenológica; Psicomotricidade, baseada nos Jogos Cooperativos; 
Cultural; Desenvolvimentista; Interacionista-Construtivista; Crítico-Superadora; 
Sistêmica; Crítico-Emancipatória; Saúde Renovada, baseada nos Parâmetros Curriculares 
Nacionais (BRASIL,1998); além de outras (DARIDO, 2003). Faz-se necessário destacar 
que, na prática pedagógica, as perspectivas que se instalam não aparecem de forma pura, 
mas com características particulares, mesclando aspectos de mais de uma linha 
pedagógica. Em outras palavras, dificilmente seguimos uma única abordagem. 
A prática de todo professor, mesmo que de forma pouco consciente, apoia-se em 
determinada concepção de aluno, ensino e aprendizagem que é responsável pelo tipo de 
representação que o professor constrói sobre o seu papel, o papel do aluno, a metodologia, 
a função social da escola e os conteúdos a serem trabalhados. É importante ressaltar 
também que, neste texto, os termos; modelos, linhas, perspectivas, concepções, 
tendências e abordagens, serão utilizados como sinônimos. 
Enfatizamos que, neste texto, não descreveremos cada uma das tendências 
arroladas anteriormente1, antes, realizaremos uma síntese das principais concepções 
teóricas da Educação Física na escola. Também sintetizaremos as tendências que derivam 
dessas concepções, mas que não são defendidas explicitamente por autores e livros, 
embora sejam extremamente praticadas no interior da escola. Um exemplo disso pode ser 
notado na tendência de se conceber a Educação Física como prêmio ou castigo e 
compreendê-la como meio para aprender conteúdos mais valorizados na escola. 
Educação Física como Prêmio ou Castigo 
Atualmente, pelo menos na rede pública estadual de São Paulo, a disciplina de 
Educação Física é oferecida por professores especialistas na área, ou seja, por professores 
com formação superior em Educação Física, o que pode ser considerado um avanço. Por 
outro lado, como temos que trabalhar coletivamente, precisamos conhecer como pensam 
as professoras de sala (PEB 1). Podemos dizer, baseando-nos em pesquisa, que elas têm 
concepções dominantes sobre o papel da Educação Física na escola, que não são 
excludentes, antes se complementam, especialmente, na prática cotidiana. Essas 
concepções podem ser notadas em seus discursos. As professoras reconhecem que os 
alunos experimentam muito prazer nas práticas corporais. Justamente por isso, utilizam 
as aulas ora como prêmio, pelo bom comportamento dos alunos em sala de aula, ora, com 
sua supressão, como castigo. Diante disso, aparecem discursos como: “Se vocês 
terminarem as tarefas nós sairemos da sala; caso contrário, vocês não terão a aula de 
Educação Física hoje” ou “Como vocês estão muito indisciplinados hoje, não sairão para 
as aulas de Educação Física”. 
Essas práticas são muito frequentes. Isto provavelmente ocorre porque muitos 
professores não conhecem os benefícios e a importância da Educação Física em termos 
educacionais e também porque têm dificuldades no tratamento das questões relacionadas 
à autoridade e aos limites. Mesmo que haja um treinamento e crítica a estes 
22 
 
procedimentos, os professores insistem na sua manutenção, provavelmente porque 
“funciona”, tendo em vista a motivação dos alunos para as aulas de Educação Física. 
Inclusive, em pesquisa realizada anteriormente (DARIDO, 2004), verificamos que 
a Educação Física é a disciplina preferida de mais de 50% dos alunos da escola, inclusive 
dos alunos do Ensino Fundamental. Para os alunos do Ensino Médio, esse número fica 
em torno de 40%. Esses dados mostram que talvez a escola não esteja aproveitando essas 
expectativas dos alunos na escola. 
 
Educação Física como Meio: a Abordagem Construtivista e da Psicomotricidade 
Muitos professores não especialistas e até alguns com formação específica em 
Educação Física entendem que o papel da disciplina é auxiliar na melhoria da 
alfabetização, da sociabilização, da lateralidade, da coordenação motora etc. Ou seja, 
existe a crença de que as aulas de Educação Física servem de meio para outras 
aprendizagens, certamente mais prestigiosas para a escola, como a aprendizagem da 
matemática ou a alfabetização. 
Não se trata de negar o papel importante que a questão da interdisciplinaridade 
deve desempenhar na escola e o foco da Educação Física neste contexto, mas sim de ter 
em mente que a interdisciplinaridade só será positiva para a Educação Física na escola 
quando estiverem claras para o professor quais são as finalidades desta disciplina. 
Somente deste modo, haverá preocupação em assegurar ao aluno as questões 
relacionadas à cultura corporal com suas características específicas. 
Essa visão da Educação Física como meio para outras aprendizagens é derivada 
em grande parte de duas concepções: abordagem psicomotricista e construtivista 
(DARIDO, 1998). Vejamos, então, um resumo dessas duas perspectivas. 
O livro Educação de corpo inteiro de autoria do Professor João Batista Freire 
(1989), teve papel determinante na divulgação das ideias construtivistas na Educação 
Física, embora o autor tenha também recebido outras influências, como da 
psicomotricidade, por exemplo. 
A proposta denominada construtivista é apresentada como uma opção 
metodológica, em oposição às linhas anteriores da Educação Física na escola, 
especificamente à proposta mecanicista, caracterizada pela busca do desempenho 
máximo de padrões de comportamento, sem considerar as diferenças individuais e levar 
em conta as experiências vividas pelos alunos. O objetivo da proposta mecanicista é 
selecionar os mais habilidosos para competi- ções de alto nível. 
No construtivismo, a intenção é a de construir conhecimento a partir da interação 
do sujeito com o mundo, em uma relação que extrapole o simples exercício de ensinar e 
aprender. Assim, conhecer é sempre uma ação que implica em esquemas de assimilação 
e acomodação, em um processo de constante reorganização. Essa concepção teve forte 
influência de Piaget. A principal vantagem desta abordagem é a de que ela possibilita 
uma maior integra- ção com uma proposta pedagógica ampla e integrada da Educação 
Física nos primeiros anos de educação formal. 
23 
 
Na orientação da CENP (SÃO PAULO, 1990), a meta da construção do 
conhecimento é evidente quando propõe como objetivo da Educação Física, [...] 
respeitar o seu universo cultural (do aluno), explorar a gama múltipla de possibilidades 
educativas de sua atividade lúdica espontânea, e gradativamente propor tarefas cada vez 
mais complexas e desafiadoras com vista a construção do conhecimento. (SÃOPAULO, 1990, p. 18). 
O que não fica esclarecido na discussão desta questão é qual conhecimento que 
se deseja construir, por meio da prática da Educação Física escolar. Se for o mesmo 
buscado pelas outras disciplinas, tornaria a área como um instrumento de auxílio ou de 
apoio para a aprendizagem de outros conteúdos. 
Através da observação da prática da Educação Física na escola, Darido (2001) 
verificou que a concepção de Educação Física como meio para um outro fim é 
demasiadamente aceita e até estimulada pelos diferentes segmentos que compõem o 
contexto escolar, como diretores, coordenadores, professores da própria área e de outras 
áreas do conhecimento. 
A abordagem construtivista teve o mérito de levantar a questão da importância 
da Educação Física na escola considerar o conhecimento que a criança já possui, 
independentemente da situação formal de ensino, porque a criança, como ninguém, é 
uma especialista em brinquedo (FREIRE, 1989). Deve-se, deste modo, resgatar a 
cultura de jogos e brincadeiras dos alunos envolvidos no processo ensino-aprendizagem, 
aqui incluídas as brincadeiras de rua, os jogos com regras, as rodas cantadas e outras 
atividades que compõem o universo cultural dos alunos. 
Além de procurar valorizar as experiências dos alunos, a sua cultura, a proposta 
construtivista também tem o mérito de propor uma alternativa aos métodos diretivos tão 
impregnados na prática da Educação Física. O aluno constrói o seu conhecimento a 
partir da interação com o meio, resolvendo problemas. 
Na proposta construtivista o jogo enquanto conteúdo/estratégia tem papel 
privilegiado. É considerado o principal modo de ensinar, trata-se de um instrumento 
pedagógico, um meio de ensino, pois enquanto joga ou brinca a criança aprende. Sendo 
que este aprender deve ocorrer em um ambiente lúdico e prazeroso para a criança. 
A Psicomotricidade é o primeiro movimento mais articulado que surge, a partir 
da década de 1970, em contraposição ao modelo esportivista. Nele, o envolvimento da 
Educa- ção Física é com o desenvolvimento da criança, com o ato de aprender, com os 
processos cognitivos, afetivos e psicomotores, ou seja, busca garantir a formação 
integral do aluno (SOARES, 1996). Na verdade, esta concepção inaugura uma nova fase 
de preocupações para o professor de Educação Física que extrapola os limites 
biológicos e de rendimento corporal, passando a incluir e a valorizar o conhecimento de 
origem psicológica. 
O autor que mais influenciou o pensamento psicomotricista no País foi, sem 
dúvida, o francês Jean Le Boulch, por meio da publicação de seus livros, da sua 
presença no Brasil, e de seus seguidores, presentes em várias partes do mundo. Mesmo 
antes da tradução das suas primeiras obras, alguns estudiosos tomaram contato com suas 
24 
 
ideias em outros países da América Latina frequentando cursos e mantendo contatos 
pessoais. 
É importante salientar que a Psicomotricidade foi e é indicada não apenas para a 
área da Educação Física, mas também para psicólogos, psiquiatras, neurologistas, 
reeducadores, orientadores educacionais, professores e outros profissionais que 
trabalham junto às crianças. Talvez seja por isso mesmo que é bastante significativa a 
influência desta abordagem nas escolas normais e nos cursos de pedagogia. 
Especificamente, na área da Educação Física é possível observar, atualmente, a 
psicomotricidade como disciplina em alguns cursos superiores. Também pode-se notar 
que alguns livros utilizam este referencial para a prática escolar e alguns professores 
participam de associações que agregam especialistas em psicomotricidade. 
Em crítica ao modelo esportivista Le Boulch afirma que: “[...] a corrente 
educativa em psicomotricidade tem nascido das insuficiências na educação física que 
não teve condições de corresponder às necessidades de uma educação real do corpo”, 
(1986, p. 23). O autor prossegue em suas críticas à Educação Física, ressaltando que: 
“[...] eu distinguia dois problemas em educação física: um deles ligados aos fatores de 
execução, centrado no rendimento mecânico do movimento, e outro, ligado ao nível de 
controle e de comando que eu chamei psicomotor [...]” (1986, p. 23). 
A educação psicomotora refere-se à formação de base indispensável a toda 
criança, seja ela normal ou com problemas, e responde a uma dupla finalidade; 
assegurar o desenvolvimento funcional, tendo em conta possibilidades da criança, e 
ajudar sua afetividade a expandir-se e a equilibrar-se, por meio do intercâmbio com o 
ambiente humano. 
Le Bouch (1986) acreditava que a educação psicomotora é a base na escola 
primária. Ela condiciona todos os aprendizados pré-escolares e escolares; leva a criança 
a tomar consciência de seu corpo e da lateralidade, a situar-se no espaço, a dominar o 
tempo, a adquirir habilmente a coordenação de seus gestos e movimentos. Na opinião 
do autor, a educação psicomotora deve ser praticada desde a mais tenra idade, pois 
permite prevenir inadaptações difíceis de serem corrigidas quando já estruturadas. 
O discurso e a prática da Educação Física, sob a influência da psicomotricidade, 
conduz à necessidade do professor de Educação Física em sentir-se com 
responsabilidades escolares e pedagógicas. Busca desatrelar sua atuação na escola dos 
pressupostos da instituição desportiva, valorizando o processo de aprendizagem e não 
mais a execução de um gesto técnico isolado. 
Educação Física com o Objetivo Exclusivo de Melhoria da Saúde e da Qualidade 
de Vida 
A compreensão de que o papel da Educação Física, na escola, consiste em ser o 
de auxiliar na recuperação, aquisição e manutenção da saúde é bastante aceita pelo 
imaginário social, sendo a resposta mais prontamente dada por grande parte dos 
professores, inclusive da área, e de outros profissionais. O argumento mais utilizado em 
favor dessa visão é o de que o ser humano nunca foi tão sedentário, inativo e obeso. 
Assim, o papel da Educação Física seria o de substituir o trabalho corporal antes 
realizado para a própria sobrevivência. 
25 
 
Nahas (1997), Guedes e Guedes (1996), para citar alguns, advogam em prol de 
uma Educação Física escolar dentro da matriz biológica, da saúde e da qualidade de 
vida. Guedes e Guedes (1996) ressaltam que uma das principais preocupações da 
comunidade científica, nas áreas da Educação Física e da saúde pública, é a de levantar 
alternativas que possam auxiliar na tentativa de reverter a elevada incidência de 
distúrbios orgânicos associados à falta de atividade física. Os autores, baseados em 
diferentes trabalhos americanos, entendem que as práticas de atividade física 
vivenciadas na infância e adolescência caracterizam-se como importantes atributos no 
desenvolvimento de atitudes, habilidades e hábitos que podem auxiliar na adoção de um 
estilo de vida ativo fisicamente na idade adulta. Como proposta, sugerem a redefinição 
do papel dos programas de Educação Física na escola, agora como meio de promoção 
da saúde ou como indicação para um estilo de vida ativa, também proposta por Nahas 
(1997). 
Particularmente, denominamos esta proposta como de saúde renovada. 
Consideramos saúde renovada porque ela incorpora princípios e cuidados já 
consagrados em outras abordagens com enfoque mais sociocultural, quando Nahas 
(1997), por exemplo, sugere que o objetivo da Educação Física, na escola de ensino 
médio, é o de ensinar os conceitos básicos da relação entre atividade física, aptidão 
física e saúde. O autor observa que esta perspectiva procura atender a todos os alunos, 
principalmente os que mais necessitam: sedentários, com baixa aptidão física, obesos e 
portadores de deficiências. 
Estas considerações se aproximam daquelas explicitadas por Betti(1991) 
quando o autor faz referências à necessidade da não exclusão nas aulas de Educação 
Física. Além disso, Guedes e Guedes criticam os professores que trabalham na escola 
apenas as modalidades esportivas tradicionais; voleibol, basquetebol, handebol e 
futebol, “[...] impedindo, desse modo, que os escolares tivessem acesso às atividades 
esportivas alternativas que eventualmente possam apresentar uma maior aderência a sua 
prática fora do ambiente escola [...]” (1996, p. 55). 
Os autores consideram que as atividades esportivas são menos interessantes para 
a promoção da saúde, devido à dificuldade no alcance das adaptações fisiológicas e 
porque não prediz sua prática ao longo de toda a vida. 
Guedes e Guedes (1996), assim como Nahas (1997), ressaltam a importância das 
informações e conceitos relacionados à aptidão física e saúde. A adoção dessas 
estratégias de ensino contempla não apenas os aspectos práticos, mas também, a 
abordagem de conceitos e princípios teóricos que proporcionem subsídios aos escolares, 
no sentido de tomarem decisões quanto à adoção de hábitos saudáveis de atividade 
física ao longo de toda vida. 
Muitas críticas são tecidas a essa visão de saúde renovada na Educação Física 
escolar. Palma (2000), um dos críticos, por exemplo, aponta que o conceito de saúde 
não deve estar 40 centrado apenas no indivíduo, nem deve ser visto apenas como a 
ausência de doenças, antes CONTEÚDOS E DIDÁTICA DE EDUCAÇÃO FÍSICA 
como um conceito dinâmico e multifatorial. Para o autor, é um erro responsabilizar 
somente o indivíduo pela adoção de um estilo de vida ativo. O problema deve ser visto 
como social, diretamente ligado às condições de vida da sociedade em que este 
indivíduo está inserido. Alerta que é preciso repensar os “modos de olhar” a saúde, 
26 
 
permitindo desta maneira àquele que mais precisa realizar seu direito à prática de 
atividade física e saúde. 
Palma (2000) questiona a interpretação que se faz dos estudos a respeito dos 
benefícios que a atividade física regular proporciona à saúde. Afirma que o modo de 
olhar a relação entre atividade física e a saúde aponta para duas grandes inquietações: a 
visão estreita de saúde; a não identificação de grupos desprivilegiados. O autor chama a 
atenção de que o foco da análise deve considerar as características da comunidade em 
que as pessoas vivem ao invés dos atributos individuais. 
Embora se possa encontrar na literatura vários estudos que associam as 
desigualdades sociais aos valores de morbi-mortalidade, perduram as questões relativas 
à interpretação destes achados. Autores citados por Palma, ao enfrentarem estas 
questões, trataram-na como resultante das políticas e condições sociais que se exercem 
sobre o coletivo das pessoas. Colocam que não basta reconhecer as diferenças entre as 
médias salariais de determinados grupos. É preciso, antes, perceber que os efeitos das 
desigualdades sociais sobre a saúde são produtos de processo histórico, político e 
econômico, os quais refletem a combinação de exposições negativas, perda de recursos, 
dificuldade de acesso aos bens e serviços, deficiências de informação, entre outros. 
A relação da saúde com as condições socioeconômicas pode ser verificada em 
pesquisas realizadas em vários países. O aumento dos riscos de doenças coronarianas, 
taxas de mortalidade por doenças como hipertensão, arterosclerose, estresse etc., 
apresenta-se inversamente proporcional à elevação da renda, ou seja, quanto maior o 
nível socioeconômico e maior grau de escolaridade, menor o risco de desenvolver estas 
doenças. 
Portanto, não se pode responsabilizar somente o indivíduo pela adoção de um 
estilo de vida ativo. O problema deve ser visto como social, diretamente ligado às 
condições de vida da sociedade em que este indivíduo está inserido. O autor alerta para 
o fato de que é preciso repensar os “modos de olhar” a saúde, permitindo desta maneira 
àquele que mais precisa realizar seu direito à prática de atividade física e saúde. 
Concordamos com a afirmação de Palma (2000) de que é preciso repensar os 
“modos de olhar” a saúde e permitir aquele que mais precisa realizar seu direito à 
prática de atividade física e saúde. Porém, em relação à Educação Física escolar, há 
falta de propostas práticas que vão ao encontro destes objetivos, daí a importância de 
estudos e trabalhos que procurem refletir sobre as possibilidades de atuação na escola 
pela perspectiva de saúde coletiva. 
Educação Física como Qualidade do Movimento e Desenvolvimento Motor 
O modelo desenvolvimentista é explicitado, no Brasil, principalmente nos 
trabalhos de Tani et al. (1988) e Manoel (1994). A obra mais representativa desta 
abordagem é Educação Física Escolar: fundamentos de uma abordagem 
desenvolvimentista (TANI et al., 1988). Para os autores, a proposta explicitada por eles 
é uma abordagem entre várias possíveis, dirigida especificamente para crianças de 
quatro a quatorze anos, a qual busca nos processos de aprendizagem e desenvolvimento 
uma fundamentação para a Educação Física escolar. 
27 
 
Segundo eles, trata-se de uma tentativa de caracterizar a progressão normal do 
crescimento físico, do desenvolvimento fisiológico, motor, cognitivo e afetivo-social, na 
aprendizagem motora e, em função destas características, sugerir aspectos ou elementos 
relevantes para a estruturação da Educação Física Escolar. 
Os autores dessa abordagem defendem a ideia de que o movimento é o principal 
meio e fim da Educação Física. Desse modo, uma aula desta disciplina não pode ocorrer 
sem que haja movimento. Essa abordagem, segundo os autores, não busca na Educação 
Física solução para todos os problemas sociais do País, pois sabe que discursos 
genéricos não dão conta da realidade. Em suma, uma aula de Educação Física deve 
privilegiar a aprendizagem do movimento, embora possam haver outras aprendizagens 
em decorrência da prática das habilidades motoras. 
Aliás, habilidade motora é um dos conceitos mais importantes dentro desta 
abordagem, pois é através dela que os seres humanos se adaptam aos problemas do 
cotidiano, resolvendo problemas motores. Grande parte do modelo conceitual dessa 
abordagem relaciona-se com o conceito de habilidade motora. Como as habilidades 
mudam ao longo da vida do indivíduo, desde a concepção até a morte, a área de 
Desenvolvimento Motor constituiu-se em uma importante área de conhecimento da 
Educação física. Do mesmo modo, estruturou-se também uma outra área de 
conhecimento em torno da questão de como os seres humanos aprendem as habilidades 
motoras, a área da Aprendizagem Motor. 
Para a abordagem desenvolvimentista, a Educação Física deve proporcionar ao 
aluno condições para que seu comportamento motor seja desenvolvido através da 
interação entre o aumento da diversificação e a complexidade dos movimentos. Assim, 
o principal objetivo da Educação Física é oferecer experiências de movimento 
adequadas ao nível de crescimento e desenvolvimento do indivíduo, a fim de que a 
aprendizagem das habilidades motoras seja alcançada. A criança deve aprender a se 
movimentar para se adaptar às demandas e exigências do cotidiano em termos de 
desafios motores. 
A partir desta perspectiva, passou a ser extremamente vinculada, na área, a 
questão da adequação dos conteúdos ao longo das faixas etárias. Já no domínio 
cognitivo, foi proposta uma taxionomia para o desenvolvimento motor, ou seja, uma 
classificação hierárquica dos movimentos dos seres humanos, do nascimento à morte. 
Os conteúdos devem obedecer a uma sequência fundamentada no modelo de 
taxionomia do desenvolvimento motor, proposta por Gallahue (1982) e ampliada por 
Manoel (1994), na seguinte ordem de fases: dos movimentos fetais;

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