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Aula 08 Introdução a fratura por fadiga Introdução a fratura por fadiga Sequencia na fratura por fadiga: Introdução a fratura por fadiga Fadiga é a falha mais comum. É estimado que 90% das falhas em serviço em peças submetidas a movimento falhem por fadiga. Introdução a fratura por fadiga Pouso emergencial de um 737 Falha devido a fadiga (após mais de 32 mil decolagens) Introdução a fratura por fadiga Fadiga é uma forma de falha que ocorre em estruturas submetidas a tensão dinâmica e flutuante. Sob estas condições, é possível que a falha ocorra a um nível de tensão bem abaixo do limite de escoamento e de resistência do material, quando carregado em modo estático. O grande interesse em fadiga é que a maioria das falhas ocorre por este mecanismo (90% das falhas em metais é por fadiga). A falha por fadiga normalmente está associada ao modo de fratura frágil, mesmo em materiais com comportamento dúctil. O processo ocorre pelo inicio e propagação de trincas, e a superfície da fratura é perpendicular à direção de aplicação da tensão. Amplitude da tensão: Tensão média: Introdução a fratura por fadiga Aspecto esquemático de uma superfície falhada por fadiga. Nota-se a presença de “marcas de praia” através da propagação da trinca e a ruptura catastrófica quando o comprimento da trinca excede o seu valor crítico. Introdução a fratura por fadiga Como outras características mecânicas, a fadiga de materiais pode ser determinado a partir de ensaios em laboratório. A figura mostra um diagrama esquemático de torção por rotação muito utilzado em testes para avaliar a propriedade do material em relação fadiga. Uma tensão de compressão e de tração é imposta ao material a medida que o corpo de prova sobre a rotação e torção. Introdução a fratura por fadiga Uma série de testes são realizados, mediante a submissão do corpo de prova a uma tensão cíclica, usualmente da ordem de 2/3 da tensão estática de resistência. Este procedimento é repetido inúmeras vezes, sendo registrado o nível de tensão e ciclagem para ruptura. A curva obtida nestas condições recebe o nome curva S – N, conforme mostrado abaixo: Limite de fadiga Introdução a fratura por fadiga Iniciação e propagação de uma trinca na fadiga O processo de falha por fadiga é caracterizado por três distintas etapas: Estágio I: Iniciação de uma trinca – quando uma pequena trinca forma em algum ponto de concentração de tensão. Estágio II: Propagação da trinca – a trinca avança incrementalmente perpendicular à direção da tensão aplicada. Estágio III: Fratura final – é quando a propagação da trinca avança rapidamente, uma vez atinge o tamanho crítico de propagação. Normalmente, trincas associadas com fadiga iniciam (nucleam) na superfície da peça em algum ponto de concentração de tensão. A região da superfície de fratura é formada durante a propagação da trinca e pode ser caracterizado por dois tipos de marcas: • Marcas de praias (Beachmarks) • Estrias (Striations) O aspecto destas marcas fornece informações importantes sobre a origem da trinca. Introdução a fratura por fadiga Curva de propagação de trincas por fadiga típica ∆K é a intensidade na ponta da trinca. Introdução a fratura por fadiga Factografia: Macrofractografia: O aspecto mais característico é a presença de “marcas de praia” produzidas em consequencia de alterações no ciclo de tensões. Microfractografia: Presença de estrias; cada uma corresponde a um ciclo de tensão. A fratura por fadiga ocorre como resultado de carregamento mecânico puro, ou também em conjunto com fricção entre superfícies, ação de ambiente agressivo, ou temperatura elevada. O processo de degradação progressiva dos materiais pode ser divido nos seguintes termos: • Produção de nano cíclico inicial • Criação de microtrincas • Coalecimento destas microtrincas • Propagação macroscópica do defeito • Falha final catastrófica Introdução a fratura por fadiga É importante registrar que o dano por fadiga somente ocorrerá quando deformações plásticas cíclicas forem geradas. Por outro lado, deve-se sempre tomar o cuidado com o nível de carregamento, mesmo se as tensões envolvidas estiverem abaixo do limite de escoamento do material, uma vez que pontos de concentraçôes de tensão elevam facilmente as tensões locais, podendo levar o material a experimentar deformação plástica. As fraturas por fadiga são geralmente consideradas os tipos mais drásticos de fratura nos materiais, pois elas geralmente ocorrem em condições normais de serviço, sem carregamentos excessivos, e sob condições normais de operação. Elas são progressivas, onde iniciam através de pequenas trincas que crescem sob ação de tensões flutuantes. Deformação plana Tensão plana Introdução a fratura por fadiga Representação esquemática do crescimento de uma trinca frágil a) Absorção de hidrogenio levando a elevada triaxilidade de tensão b) Crescimento através do plano de clivagem Introdução a fratura por fadiga Mecanismos de nucleação de trincas por fadiga Introdução a fratura por fadiga Mecanismos de nucleação de trincas por fadiga Introdução a fratura por fadiga Extrusões e intrusões em uma chapa de cobre solicitada por esforços cíclicos, durante a etapa de nucleação da fissura Introdução a fratura por fadiga Propagação da fratura – aspectos morfológicos Introdução a fratura por fadiga Origem da trinca Introdução a fratura por fadiga Marcas de praia na zona escura onde houve a propagação da fissura por fadiga em braço de eixo manivela de alumínio. Parte clara ruptura final catastrófica Introdução a fratura por fadiga Shot Peening Processo utilizado para melhorar a vida a fadiga. Pode ser obtido pelo impacto uniformemente distribuído com objetos de forma arredondada como martelos ou, o que é mais moderno e usual, de partículas esféricas metálicas ou de vidro, aceleradas com velocidades controladas Introdução a fratura por fadiga Fatores que afetam a vida a fadiga • Nível de tensão média (tração, amplitude); • Efeito da superfície (características da superfície e tensões presentes); • Fatores de projeto (entalhe, concentrador de tensões). Introdução a fratura por fadiga O nível de tensão de compressão na superfície de uma peça, pode elevar sua vida a fagida. Um exemplo é a introdução de um processo chamado “shot-peened”, como mostrado: Introdução a fratura por fadiga Propagação da fratura – aspectos morfológicos Introdução a fratura por fadiga Propagação da fratura – aspectos morfológicos Introdução a fratura por fadiga Propagação da fratura – aspectos morfológicos Introdução a fratura por fadiga Propagação da fratura – aspectos morfológicos Introdução a fratura por fadiga Introdução a fratura por fadiga Introdução a fratura por fadiga Detalhe da região isenta de raio de concordância. Análise de fratura em mordente do banco de barras Veja neste exemplo o efeito do entalhe provocado pelo raio (quase que reto) de concordância . Introdução a fratura por fadiga Fotos ao MEV de áreas distintas da superfície de fratura do elo, mostrando “Dimples” na região dúctil e facetas de “Clivagem” no restante da área de fratura (região frágil). Fratura dúctil Fratura frágil Introdução a fratura por fadiga Introdução a fratura por fadiga Introdução a fratura por fadiga m: pode variar de 1 a 6 dependendo do material e do nível de tensão; A: constante ∆K: intervalo de intensidade de tensões calculado a partir dos valores correspondentes para σ max e σmin. A região em que a equação acima pode ser utilizada é referente região II. A região III é relativa ao crescimento instável da trinca pouco antes do material se romper.Para uma determinada classe de materiais (aço, alumínio etc) a relação da/dN e ∆K na região II é essencialmente a mesma, independente do nível de resistência e da microestrutura. Para aço, a avaliação dos dados experimentais fornece a relação da/dN de 6,6 x 10-9 (∆K) 2,5. aYK piσ= Introdução a fratura por fadiga Introdução a fratura por fadiga Método de Palmgren-Miner ou da teoria cumulativa linear Este método diz que a soma de todas as frações de vida é igual a uma unidade, ou seja: ∑ = = k i i i N n 1 1 Onde: k é o número de níveis de tensão aplicados N1, N2, ...., Ni são vidas a fadiga para os níveis de tensão σ1, σ2, ... σi n1, n2, ...., ni são o número de ciclos para cada nível de tensão. Introdução a fratura por fadiga Método de Palmgren-Miner ou da teoria cumulativa linear: ∑ = = k i i i N n 1 1 Introdução a fratura por fadiga Exercício 1: a) Liste os principais fatores que influenciam na vida a fadiga. Comente cada um. b) Quais são os estágios da fadiga? Comente cada um. Introdução a fratura por fadiga Exercício 2: Os dados obtidos em um ensaio de fadiga de um aço liga são apresentados na tabela a seguir: (a) Montar um gráfico σa versus log N utilizando estes dados da tabela. (b) Qual é o limite de resistência à fadiga deste aço? (c) Determinar a vida à fadiga para amplitudes de oscilação iguais a 415 MPa e 275 MPa. (d) Estimar as resistências à fadiga para N = 2 x 104 e N = 6 x 105. Introdução a fratura por fadiga Exercício 3: Uma barra cilíndrica de 12,5mm de diametro foi fabricada da liga 2014-T6. Esta peça foi submetida a um carregamento cíclico de tração e compressão ao longo de seu eixo. Calcule a carga máxima e mínima que poderá ser aplicada para 1,0 x 107 ciclos. Assuma que a tensão no eixo vertical representa a amplitude da tensão e que a tensão média seja de 35MPa. Introdução a fratura por fadiga Exercício 4: Uma chapa de aço relativamente grande deve ser exposta a tensões cíclicas de tração e compressão com magnitudes de 100 MPa e 50 MPa, respectivamente, em uma frequencia de 2 ciclos/minutos. Antes de testar, foi determinado que o comprimento da maior trinca superficial é de 2,0 mm . Estime a vida em fadiga (em anos) para esta chapa se a sua tenacidade à fratura em deformação plana é de 25 MPam-1/2 e os valores de m e A são de 3.0 e 1,0 X 10-12, respectivamente. Suponha que o parâmetro Y seja independente do comprimento da trinca e que tenha um valor de 1,0. 21 = Y K a ICc σpi mKA dN da ∆= . Primeiro deve-se calcular o comprimento ´critico da trinca: Sabe-se que a velocidade de propagação da trinca segue a equação: Introdução a fratura por fadiga Solução: mac 02,01.100 251 2 = = pi ( ) ∫∆= ca a mmmmf a da YA N 0 2/2/ 1 σpi ( ) ∫∆= ca a f a da YA N 0 2/3332/3 1 σpi ( ) ( ) ca a f aA N 0 2/1 32/3 2 1 − ∆ = − σpi mKA dN da ∆= . aYK CIC piσ= 1000100minmax =−=−=∆ σσσ O mínimo é zero e não 50 Mpa. Introdução a fratura por fadiga Solução: ( ) ciclosxN f 6 332/312 1049,502,0 1 002,0 1 110010.1 2 = −= − pi Agora, precisamos calcular o número de ciclos por ano: = ano dias dia h h ciclosN 1 365 1 24min60 min 2 anociclosN /200.051.1= O tempo estimado em anos será então de : 2226,5 1051200 1049,5 6 == xVida 5 anos , 2 meses e 20 dias. ( ) ( ) ca a f aA N 0 2/1 32/3 2 1 − ∆ = − σpi Introdução a fratura por fadiga Exercício 5 Uma placa de aço tem comportamento mostrado conforme figura ao lado, a qual é apresenta tenacidade a fratura em deformação plana de 80 MPa.m1/2 , sendo carregada com esforço de tração de 500MPa e de compressão de 60MPa. É estimado que esta placa tenha um tempo de vida de 10 anos, sendo a tensão aplicada na frequência de 1 ciclo/5min. Estabeleça um procedimento para inspeção (trinca inicial e crítica) para esta placa de tal forma que seja atendido a expectativa de vida prevista. Assuma o fator geométrico Y = 1 para todas as trincas presentes. Taxa de crescimento versus fator de intensidade da tensão (C = 1,62 x 10-12 e n = 3,2) Introdução a fratura por fadiga Exercício 5 - solução aYaYaYKKK piσpiσpiσ ∆=−=−=∆ minmaxminmax ( )nKC dN da ∆= Onde ∆σ= σ max - σmin Lembrete: em estado de compressão, a trinca não se propaga, portanto, o valor da tensão de tração mínima é nula. 2/nnnn acY dadN piσ∆ = Uma vez integrada entre o tamanho inicial e final da trinca: ( )( ) ( )( )[ ] ( ) 2/ 2/22/2 2 2 nnn n i n c CYn aaN piσ∆− − = −− Introdução a fratura por fadiga Exercício 5 - solução Temos agora de determinar o tamanho máximo da trinca que leve a fratura em um período de 10 anos. Inicialmente vamos calcular o valor do tamanho crítico da trinca: cIC aYK piσ= caxx pi500180 = mmac 1,8= A máxima tensão de tração é 500MPa. Entretanto, a mínima tensão não é 60MPa (trinca não propaga em estado de compressão): MPa5000500minmax =−=−=∆ σσσ Introdução a fratura por fadiga Exercício 5 - solução Agora, precisamos calcular o número de ciclos para o período de 10 anos: anos ano dias dia h h cicloN 10 1 365 1 24min60 min5 1 = Se consideramos Y = 1, C = 1,62x10-12 e n = 3,2 (para a em metros e σ em MPa) ciclosN 200.051.1= ( )( ) ( )( )[ ] ( )( ) ( ) 2/2,32,32,312 2/2,322/2,32 .500.1.1062,1.2,32 008,02200.051.1 pi∆− − = − −− x ai mmmxac 00182,01082,1 6 == − Para trinca superficial mmac 00364,02 = Para trinca interna Introdução a fratura por fadiga Exercício 6 Uma placa de aço apresenta tenacidade a fratura em deformação plana de 90 MPa.m1/2 , sendo carregada com esforço de tração de 580MPa e de compressão de 60MPa, em uma frequência de 2 ciclos/minutos. Por meio de ensaios não destrutivos, foi evidenciado a presença de trincas com comprimento máximo de 2,0mm. Estime o número de ciclos antes da fratura e o tempo de serviço da peça. Assuma o fator geométrico Y = 1,0 para todas as trincas presentes. Considere as constantes da equação: C = 1,34 x 10-12 (para a em m e σ em MPa) n = 3,06 Resposta: 10360 ciclos; 5180h ou 216 dias Introdução a fratura por fadiga Exemplo 7: Considere que a curva S-N de um material é descrita pela equação abaixo: −= max 110log σ SN Onde N é o número de ciclos para ocorrer a fratura, S é a amplitude da tensão aplicada e σmax é a tensão de fratura monotônica, isto é, σ = σmax para N = 1. O componente é feito de um material que suporta 104 ciclos para amplitude S = 0,5 σmax. Se a carga de carregamento é aumentada para S = 0,75 σmax, quantos ciclos restantes o material irá suportar? Referência bibliográfica Callister – Materials Science and Engineering Dieter – Metalurgia Mecânica The science and engineering of materials. Donald R. Askeland Universtiy of Pittsburgh Introdução a fratura por fadiga
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