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MAD - TOLERÂNCIA 28 de novembro de 2017 MARIA CLARA LOPES DE CASTRO 1 DEFINIR TOLERÂNCIA TOLERÂNCIA é um estado de não responsividade imunológica específica: Mesmo com o sistema imune em condições normais, uma resposta a certo antígeno não ocorre. Imunógeno: substância que induz resposta imune; Tolerógeno: substância que induz tolerância. Durante uma reposta imunológica normal a um antígeno estranho, o processo normal de ativação celular leva a proliferação e diferenciação dos linfócitos específicos ao antígeno. Já durante a tolerância imunológica mecanismos de anergia, deleção clonal e mudança na especificidade linfocitária podem ocorrer quando estimulada pelos antígenos próprios. O sistema imune tem a capacidade de distinguir o próprio do não-próprio. Para isso, existem vários processos adquiridos ativamente, em que linfócitos auto-reativos são excluídos do plantel ou inativados após encontrar antígenos próprios. Esses processos podem ser induzidos nos órgãos linfóides centrais ou nos tecidos periféricos. “Em geral, antígenos apresentados durante a vida embrionária são considerados próprios e não estimulam uma resposta imunológica, ou seja, somos tolerantes a tais antígenos. A ausência de uma resposta imune no feto é causada pela deleção de precursores de células T autorreativas no timo.” MAD - TOLERÂNCIA 28 de novembro de 2017 MARIA CLARA LOPES DE CASTRO 2 Os mecanismos desencadeados para tolerância imunogênica podem ser divididos em respostas ao próprio e não próprio (estranho), e dependendo de onde ocorre como tolerância central ou periférica. TOLERÂNCIA DE CÉLULAS T O principal processo pelo qual linfócitos T adquirem a capacidade de distinguir o próprio do não próprio ocorre no timo fetal. Esse processo, denominado deleção clonal, envolve a morte de células T (“seleção negativa”) que reagem contra antígenos (principalmente proteínas do MHC próprias) presentes no feto naquele momento. As células autorreativas morrem por um processo de morte celular programada, denominado apoptose. A tolerância ao próprio, adquirida no interior do timo, é denominada tolerância central, enquanto a tolerância MAD - TOLERÂNCIA 28 de novembro de 2017 MARIA CLARA LOPES DE CASTRO 3 adquirida fora do timo é denominada tolerância periférica. A tolerância periférica é necessária porque alguns antígenos não atingem o timo e, portanto, algumas células T autorreativas nele não são mortas. CENTRAL: Ocorre no timo durante o desenvolvimento fetal e por pouco tempo após o nascimento. Baseia-se na deleção clonal de linfócitos T autoreativos. Se um linfócito T interage fortemente com um antígeno próprio apresentado via MHC, este linfócito recebe sinais que estimulam a apoptose SELEÇÃO NEGATIVA PERIFÉRICA: Existem vários mecanismos envolvidos na tolerância periférica: algumas células T autorreativas são mortas, algumas não são ativadas, e outras são suprimidas por células T regulatórias que produzem citocinas inibitórias. ¹DELEÇÃO: MORTE CELULAR INDUZIDA POR ATIVAÇÃO: Células T normais expressam Fas mas não FasL. Com a ativação, células T expressam FasL que se ligam a Fas e disparam apoptose pela ativação da caspase-8. Reconhecem avidamente e sofrem apoptose por serem autoreativos. Reconhecem pouco e são selecionados para maturação nos órgãos linfóides periféricos. MAD - TOLERÂNCIA 28 de novembro de 2017 MARIA CLARA LOPES DE CASTRO 4 ANERGIA CLONAL é o termo empregado para descrever células T autorreativas que não são ativadas devido ao fato de a coestimulação apropriada não ocorrer. O mecanismos de anergia clonal envolve a apresentação inadequada de antígenos, levando à insuficiência de produção de interleucina-2 (IL-2). A apresentação inadequada é decorrente de uma falha dos “sinais coestimulatórios”; por exemplo, quantidades suficientes de IL-1 podem não ser produzidas ou proteínas de superfície celular, como CD28 na célula T, e B7 na célula B, podem não interagir apropriadamente, levando a falhas na transdução de sinal por proteínas ras. Por exemplo, a proteína inibitória CTL-4 presente na superfície das células T pode deslocar a CD28 e interagir com B7, resultando em uma falha na ativação das células T. Além disso, B7 é uma proteína induzível e a incapacidade de sua indução em quantidades suficientes pode levar à anergia. Ainda, as proteínas coestimulatórias, CD40 na célula B e CD40L na célula T auxiliar, podem não interagir adequadamente. SUPRESSÃO IMUNE POR CÉLULAS T REGULADORAS : Nos linfonodos e principalmente no timo, encontramos células T reconhecedoras de antígenos próprios, que, em sua maioria, são CD4+ e expressam altos níveis de CD25, a cadeia alfa do receptor da IL-2. 1. As células T reconhecedoras de antígenos próprios são estimuladas por IL-2 e pelo fator de transcrição Foxp3 (cuja expressão é estimulada por TGF beta) a se tornarem células T reguladoras. TIMO 2. As células T podem produzir citocinas, como TGF beta e IL-10, que bloqueiam a ativação dos macrófagos e linfócitos, ou podem realizar interação direta e supressão de outros linfócitos e APCs. 3. As células reguladoras causam, então, inibição da ativação da célula T virgem em efetora e inibição de funções da célula T efetora. MAD - TOLERÂNCIA 28 de novembro de 2017 MARIA CLARA LOPES DE CASTRO 5 TOLERÂNCIA DE CÉLULAS B Células B também se tornam tolerantes aos antígenos próprios por dois mecanismos: (1) deleção clonal, provavelmente enquanto os precursores de células B encontram-se na medula óssea, e (2) anergia clonal de células B na periferia. Contudo, a tolerância em células B é menos completa que em células T, uma observação sustentada pelo fato de a maioria das doenças autoimunes ser mediada por anticorpos. CENTRAL: Linfócitos B que reagem com antígenos próprios na medula óssea tanto podem ser destruídos (Seleção negativa) como podem alterar a especificidade do seu receptor (Editoramento do receptor). Seleção Negativa Como nos linfócitos T, a seleção negativa elimina linfócitos B imaturos com receptores de alta afinidade para antígenos da membrana celular ou antígenos próprios solúveis que são abundantes. Editoramento do Receptor 1. Célula B imatura reconhece fortemente antígenos próprios na medula. 2. Reativação do gene da Ig. 3. Expressão de uma nova cadeia de Ig leve associada à cadeia pesada prévia. 4. Produção de novo receptor: Editoramento do Receptor. 5. Linfócito B maduro não-específico para antígeno próprio. 6. Tecido linfóide periférico. OBS: Se a edição falhar, as células B recebem sinais de morte e morrem por apoptose. MAD - TOLERÂNCIA 28 de novembro de 2017 MARIA CLARA LOPES DE CASTRO 6 PERIFÉRICA: 1. Linfócito B maduro reconhece antígeno próprio e não recebe estímulo da célula T(porque as células T auxiliares estão ausentes ou tolerantes). 2. Linfócito B torna-se anérgico ou parcialmente ativado. 3. Célula B é excluída do folículo linfóide. 4. A ausência de estímulos de sobrevivência leva à morte da célula. MAD - TOLERÂNCIA 28 de novembro de 2017 MARIA CLARA LOPES DE CASTRO 7 Visão do Problema: O reconhecimento de que as reações ao glúten não se limitam à doença celíaca levou ao desenvolvimento de um documento de consenso em 2012 entre um grupo de 15 especialistas internacionais. Sugeriu-se uma nova nomenclatura e classificação, com três condições induzidaspelo glúten – doença celíaca, alergia ao trigo e sensibilidade ao glúten não celíaca.13 A definição de doença celíaca é mencionada acima. A alergia ao trigo é definida como uma reação imunológica adversa às proteínas do trigo mediada por IgE – pode apresentar-se com sintomas respiratórios (“asma do padeiro” ou rinite, mais comum em adultos), alergia alimentar (sintomas gastrintestinais, urticária, angioedema ou dermatite atópica; principalmente em crianças) e urticária de contato. Os testes para alergia ao trigo incluem dosagem sérica de IgE ou testes cutâneos para o trigo. A sensibilidade ao glúten não celíaca é uma forma de intolerância ao glúten quando a doença celíaca e a alergia ao trigo foram excluídas. British Medical Journal e Grupo A, Artmed.
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