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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB 
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO - CAMPUS I 
CURSO DE PEDAGOGIA 
 
 
 
 
 
 
 
O PROFESSOR E AS NOVAS TECNOLOGIAS: PONTUANDO 
DIFICULDADES E APONTANDO CONTRIBUIÇÕES 
 
 
 
 
 
 
 
 
Milena de Jesus Nunes 
 
 
 
 
 
 
 
 
Salvador 
2009 
 2 
MILENA DE JESUS NUNES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O PROFESSOR E AS NOVAS TECNOLOGIAS: PONTUANDO 
DIFICULDADES E APONTANDO CONTRIBUIÇÕES 
 
 
 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada como requisito parcial 
para obtenção de graduação em Pedagogia do 
Departamento de Educação da Universidade do 
Estado da Bahia, sob orientação da Profa. Cláudia 
Silva de Santana. 
 
 
 
 
 
 
 
 Salvador 
 2009 
 
 3 
MILENA DE JESUS NUNES 
 
 
 
 
 
O PROFESSOR E AS NOVAS TECNOLOGIAS: PONTUANDO 
DIFICULDADES E APONTANDO CONTRIBUIÇÕES 
 
 
 
Monografia apresentada como requisito parcial 
para obtenção de graduação em Pedagogia do 
Departamento de Educação da Universidade do 
Estado da Bahia, sob orientação da Profa. Cláudia 
Silva de Santana. 
 
 
 
 
 
LOCAL__________DE________DE______. 
 
 
___________________________________ 
 
___________________________________ 
 
____________________________________ 
 
 4 
AGRADECIMENTOS 
 
 
Agradeço com imensa gratidão a Deus pelo dom da vida e pelo sustento 
misterioso nesses últimos anos. 
 
A meus amigos de Comunhão e Libertação pela gratuita companhia. 
 
Agradeço de modo particular a meu amigo Gilberto Bonfim, por ter me 
ajudado a entender o valor da Universidade, indicando-me Pedagogia como curso de 
formação acadêmica, que nessa etapa está sendo concluído com grande realização. 
 
A minha mãe Maria, que sempre foi muito forte, decidida e guerreira, lutando 
para dar o melhor às filhas. Ela teve um papel extremante importante na construção 
da minha vida, abdicando de coisas pessoais para me fazer feliz. 
 
A minha irmã Michele, que suportou com paciência o excesso e posse do 
computador no período em que escrevia o presente trabalho. 
 
A minha grandíssima amiga Francesca Fanni, pela amizade, e por ter 
propiciado o primeiro contato com a temática aqui discutida. 
 
A minha orientadora Cláudia Sizan, pela competência, pelo acompanhamento 
e revisão da minha pesquisa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 “Educar é introduzir a realidade total” 
Luigi Giussani (2004, p. 60) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 6 
RESUMO 
 
Reconhecendo que a educação está ligada a evolução da própria sociedade, faz-se necessário 
analisar a postura cabível ao professor no momento atual, bem como entender os aspectos que 
possam interferir nesse processo. Convivendo num âmbito escolar e tendo contato direto com a 
atuação dos professores, enquanto “conduziam” suas aulas no laboratório de informática, 
constatou-se que os docentes das escolas fundamentais apresentam dificuldades para conduzir sua 
prática educativa mediada por recursos contemporâneos, a exemplo das novas tecnologias. Foi 
despartado então, a seguinte questão: como se dá a prática educativa dos professores das escolas 
fundamentais com relação ao uso das novas tecnologias? Buscando responder tal questionamento 
discute-se, neste trabalho, a ação do professor frente às Tecnologias de Informação e 
Comunicação (TIC), pontuando problemáticas e apontando contribuições, com o intuito de 
oferecer suportes para que o docente conduza sua práxis unindo o ensino aos novos recursos 
didáticos, sem reduzir as tecnologias a uma perspectiva instrumental. Torna-se indispensável 
entender que técnica é essa e como o professor pode relacionar-se com ela. Foi realizada revisão 
bibliográfica com enfoques nas discussões de Kenski, Lévy, Arnoud, Preto, Freire e, em seguida, 
procedeu-se, a pesquisa exploratória, de caráter quali-quantitativo. Para fim de coleta de dados, 
foi aplicado questionário aos professores de duas instituições – Pública (A) e Privada (B) – em 
paralelo a observação da prática educativa dos mesmos. Os dados coletados apontam para a 
necessidade de maiores discussões sobre a inserção das novas tecnologias na prática educativa e 
melhor capacitação docente. 
 
 
 
Palavras-chaves: Educação; Novas tecnologias; Prática educativa; Professor; Tecnologia de 
Informação e Comunicação 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 7 
RIASSUNTO 
 
 
Riconoscendo che l'istruzione è legata ai cambiamenti della società stessa, è necessario analizzare 
la postura appropriata dell'insegnante in questo tempo attuale e capire i problemi che si possono 
verificare in questo processo. Vivendo nell’ambito della scuola e avendo un contatto diretto con il 
lavoro degli insegnanti, inquanto "guida" delle loro lezioni in laboratorio di informatica, e’ 
emerso che gli insegnanti delle scuole elementari hanno difficoltà a svolgere pratiche educative 
mediate dagli strumenti contemporanei, come le nuove tecnologie. In questo modo e’ quindi nata 
la seguente domanda: come trasmettere in modo adeguato agli insegnanti di scuola elementare le 
pratiche educative per quanto riguarda l'uso delle nuove tecnologie? Cercando una risposta a tale 
domanda, in questo lavoro si discute l'azione del docente di fronte alle tecnologie 
dell'informazione e della comunicazione (TIC), sottolineandone i problemi e i contributi, al fine 
di fornire un sostegno affinche’ il docente conduca la sua pratica unendo l'insegnamento alle 
nuove risorse didattiche, senza ridurre le tecnologie ad una prospettiva strumentale. È essenziale 
capire che tipo di tecnica sia questa e come l'insegnante vi possa fare riferimento. E’ stata svolta 
una ricerca bibliografica focalizzandosi sulla discussione tra Kenski, Lévy, Arnoud, Preto, Freire, 
e si e’ poi proceduto con una ricerca esplorativa di tipo sia qualitativ che quantitativo. Per la 
raccolta dei dati, è stato somministrato un questionario agli insegnanti di due istituzioni - 
pubblica (A) e privata (B) - in parallelo per osservare la loro pratica. I dati raccolti evidenziano la 
necessità di ulteriori discussioni in materia di integrazione delle nuove tecnologie nella pratica 
educativa e una migliore formazione degli insegnanti. 
 
Parole chiave: Educazione, Nuove tecnologie, Pratica Educativa, Professore, Tecnologie 
dell’Informazione e della Comunicazione. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 8 
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
 
 
 
Ilustração 1- O encontro do robô com o machado......................................................................... 14 
 
Ilustração 2 - O mesmo professor, mas um novo papel................................................................. 34 
 
Ilustração 3 - Download na realidade............................................................................................ 53 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 9 
LISTA DE TABELAS 
 
 
Tabela 1 - Quadro comparativo das instituições........................................................................... 56 
 
Tabela 2 - Formação profissional do universo pesquisado............................................................ 62 
 
Tabela 3 - Número de professores que utilizam recursos e ferramentas informatizadas na Prática 
Educativa....................................................................................................................................... 63 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 10 
LISTA DE GRÁFICOS 
 
 
Figura 1 - Conhecimento e utilizaçãopor parte dos professores de algumas ferramentas 
tecnológicas................................................................................................................................... 64 
 
Figura 2 - Relação entre a utilização de softwares educativos em sala de aula pelos professores e 
uso regular de MSN e Orkut em domicílio.................................................................................... 64 
 
Figura 3 - Presença de internet em domicílio e realização de cursos de tecnologia / informática 
segundo faixa salarial.................................................................................................................... 65 
 
Figura 4 - Uso do site www.youtube.com em atividades educativas segundo origem institucional 
pública ou privada dos professores................................................................................................ 65 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 11 
SUMÁRIO 
 
 
 
INTRODUÇÃO..................................................................................................... 12 
 
1 TÉCNICA E TECNOLOGIA: A HOME PAGE DA QUESTÃO................. 14 
 
1.1 TECNOLOGIAS E RECURSOS DIDÁTICOS: ORGANIZANDO ÍCONES E CRIANDO 
NOVOS ATALHOS...................................................................................................................... 23 
 
1.2 AS NOVAS TECNOLOGIAS E UM DESAFIO PARA A EDUCAÇÃO: UM NOVO LINK 
OU MAIS UM ARQUIVO NA MEMÓRIA................................................................................ 29 
 
2 CHAT, FÓRUM E BACKUP DO PAPAEL DO PROFESSOR.................... 34 
 
2.1 ENTRE OS DESAFIOS DAS NOVAS TECNOLOGIAS: UPDATE NA FORMAÇÃO 
DOCENTE..................................................................................................................................... 41 
 
2.2 NOVAS TECNOLOGIAS E AÇÃO DOCENTE: CONEXÕES A UMA NOVA 
PRAXIS......................................................................................................................................... 47 
 
3 UM DOWNLOUAD NA REALIDADE........................................................... 52 
 
3.1 SCAN DAS INSTITUIÇÕES................................................................................................ 55 
 
3.2 ACESSANDO O PERFIL DOS SUJEITOS PESQUISADOS............................................. 57 
 
3.3 DADOS ARMAZENADOS.................................................................................................. 60 
 
DOWNLOAD CONCLUÍDO: UM NOVO INÍCIO.......................................... 65 
 
APÊNDICE A........................................................................................................ 68 
 
APÊNDICE B........................................................................................................ 75 
 
REFERÊNCIAS.................................................................................................... 88 
 
 
 
 
 12 
INTRODUÇÃO 
 
 
A educação sempre foi marcada por processos históricos e culturais que conduziram e 
guiaram modelos de instrução nas famílias, nas comunidades, nas escolas e, atualmente, podemos 
pensar também em ambientes fora dela. Os padrões tradicionalmente conhecidos de ensino estão 
dando lugar a novas formas de construir conhecimentos. Tal alteração é característica 
significativa da inserção das novas tecnologias ao ensino. Porém, educação e novas tecnologias, 
caminhando juntas, deixam rastros como indicadores de infinitas questões. 
 
A sociedade contemporânea vem apresentando diversas formas de conduzir o ensino 
sistematizado. As inovações tecnológicas exigem do profissional docente constante 
aperfeiçoamento, principalmente em termos da inserção dos recursos tecnológicos aplicados ao 
ensino. Logo, entende-se que é necessário haver professores capacitados e qualificados para 
inserir na sua prática educativa recursos que auxiliem a aprendizagem do aluno. 
 
Tendo-se contato direto com o universo dessas questões, ao trabalhar com educação e 
tecnologia e observar a postura de alguns professores, despertou-se uma pergunta: Como se dá a 
prática educativa dos professores das escolas fundamentais com relação à tecnologia da 
informação e comunicação? Neste sentido, levantar discussões acerca dessa temática, que 
envolve certamente o profissional docente, tem como mérito o fato de apontar caminhos e 
contribuições para os educadores, mas também para as instituições educativas. Buscou-se 
desenvolver essa pesquisa, visando dar suporte para o entendimento de conceitos, problemáticas 
e contribuições das novas tecnologias inseridas na educação. Este trabalho valeu-se de 
observação subjetiva e pesquisa de dados quantitativos, caracterizando o método quali-
quantitativo. 
 
Toda a discussão foi construída e embasada por grandes teóricos e pesquisadores da área 
de educação e tecnologia, como: Pierre Lévy, Vani Kenski, Manuel Castells, Nelson Preto, 
Arnoud Junior, Manuel Moran, Moacir Gadotti, Paulo Freire, José Libâneo, Demerval Saviani e 
outros, sendo estruturado em três capítulos. 
 
 13 
No Capitulo 1, procurou-se situar o leitor a respeito do entendimento conceitual e 
vivencial do que é técnica e tecnologia, situando-as na história da humanidade. Colaborando com 
essa discussão, tornou-se pertinente apresentar aspectos da tecnologia como recursos didáticos 
em tendências pedagógicas diferentes e o desafio que as tecnologias trazem a educação, estando 
tais aspectos divididos em tópicos. O Capítulo 2 é dedicado especialmente ao professor. Discute-
se o papel, a formação e a prática educativa do educador nessa nova era. Objetivou-se levantar 
questões e reflexões que norteassem a atuação profissional docente com relação as novas 
tecnologias. Em seguida, no Capítulo 3, são apresentados os dados obtidos em pesquisa 
observacional, realizada em duas instituições de ensino, para verificar como toda a abordagem 
apresentada, nos capítulos anteriores, se concretiza. Os dados foram obtidos através de 
questionário aplicado aos professores. 
 
Acredita-se, que ao final de toda à discussão, possa ser possível responder as seguintes 
questões: técnica e tecnologia, ao que se referem? Educação e tecnologia, qual o desafio e a 
novidade? Qual o lugar do professor nessa discussão? O que define e caracteriza essa nova forma 
de fazer educação? Quais as mudanças encontradas nessa inter-relação entre educação e 
tecnologia? Qual o impacto? Como os professores estão vivenciando essas mudanças? Quais as 
dificuldades encontradas e quais as contribuições apontadas? Essas indagações configuraram as 
discussões que perpassaram esse trabalho, esperando que novas questões sejam levantadas para 
contribuir com os desafios a serem enfrentados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 14 
1. TÉCNICA E TECNOLOGIA: A HOME PAGE DA QUESTÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“... o computador é uma ferramenta que estimula os alunos, desperta interesse e 
facilita a aprendizagem se for utilizado com objetivos pré-determinados.”1 
 
 
Estando o estudo inserido na temática: o professor e as novas tecnologias, pretende-se 
discutir o conceito de técnica e tecnologia na perspectiva de Arnaud (2005), Lévy (1991 e 2003) 
e Kenski (2003 e 2007), pontuando um apanhado de situações vivenciadas pela humanidade em 
que a técnica e a tecnologia estiveram presentes. 
 
Com a contemporaneidade, caracterizada pela disseminação da tecnologia, pela revolução 
das ferramentas de comunicação e pela evolução da informática, surgem novas formas de viver, 
relacionar-se, pensar e agir, dando uma nova face a sociedade e conseqüentemente aos 
indivíduos. As gerações antigas não têm mais as mesmas característicasdas atuais. Técnicas e 
tecnologias circundam a vida cotidiana das pessoas implicando novas condutas e um novo 
pensar. Mas, que técnica e tecnologia são essas a qual se faz referência? Elas sempre foram as 
mesmas ao longo do tempo? 
 
As tecnologias foram, por muito tempo, entendidas como um mero sistema de máquinas 
 15 
que surgiram para substituir o homem. A técnica, por sua vez, aparecia simplesmente como o 
conjunto de procedimentos que auxiliava a aplicação do método. Porém, há outras perspectivas. 
O próprio Lévy (1999) usa uma metáfora para expressar a visão impactante e inadequada, 
apresentada por vários estudos, que se referem a tecnologia como um projétil direcionado a um 
alvo vivo, como a cultura e a sociedade, e a técnica como algo estranho oriundo de outro planeta. 
 
Numa abordagem subseqüente Pierre Lévy (1999, p. 22) expõe sua idéia sobre técnica e 
tecnologia, servindo como ponto de partida dessa discussão. Ele diz: 
 
Seria a tecnologia um ator autônomo, separado da sociedade e da cultura, que 
seriam apenas entidades passivas percutidas por um agente exterior? Defendo, 
ao contrário, que a técnica é um ângulo de análise dos sistemas sócio-técnicos 
globais, um ponto de vista que enfatiza a parte material e artificial dos 
fenômenos humanos, e não uma entidade real, que existiria independentemente 
do resto, que teria efeitos distintos e agiria por vontade própria. 
 
 Vale-se dessa colocação, pois a tecnologia, aqui discutida, tem seu traço marcado pela 
filosofia grega, onde a técnica, ou seja, teckné, traduz a idéia de arte, oficio. Sendo assim, a 
técnica significa a arte de fazer algo, ou ainda, um conjunto de procedimentos que permite o 
desempenho de métodos, práticas e ações objetivando alcançar determinadas intenções e não 
meros produtos impactantes que não fazem parte da cultura e da sociedade. Desta maneira, a 
tecnologia tem um aparato histórico próprio do ser humano, que por meio da técnica gera o 
conhecimento, a interpretação, a aplicação e capacidade para lançar, apurar e produzir 
instrumentos, ferramentas e equipamentos capazes de gerar modificações e novidades para o 
homem e para a sociedade como um todo. Por isso a tecnologia não se limita aos suportes 
materiais, nem aos métodos, nem ao saber fazer. 
 
Segundo Arnaud (2005, p. 15) a tecnologia consiste em: 
 
[...] um processo criativo através do qual o ser humano utiliza-se de recursos 
materiais e imateriais, ou os cria a partir do que está disponível na natureza e no 
seu contexto vivencial, a fim de encontrar respostas para os problemas de seu 
contexto, superando-os. 
 
 
1 Fala de uma professora participante da pesquisa. 
 16 
Considera-se, então, que acontecem transformações oriundas do ser humano que, ao 
alterar a realidade na qual está inserido, modifica a si mesmo, pois vai criando e descobrindo 
meios de desempenho e construindo conhecimento sobre eles. O ser humano ao passar por esse 
processo, re-significa conhecimentos já construídos, refletindo sobre eles e sobre o desenrolar 
desse “processo criativo e tecnológico”, segundo ainda o próprio Arnaud. 
 
Percebe-se então que a palavra tecnologia é um termo muito abrangente que envolve 
aspectos como: técnica moderna e sofisticada, ferramentas, processos e materiais criados e 
utilizados a partir de um determinado conhecimento. Segundo Amora2 (1999, p.711) a tecnologia 
é um “conjunto de princípios científicos que se aplicam aos diversos ramos de atividade”. Sendo 
assim, a técnica nasce da constante necessidade que o homem tem de estar criando, reinventando 
e construindo meios para satisfazer e responder as suas necessidades imediatas. A exemplo disso, 
o homem descobriu o fogo, criou o machado e construiu tantos outros instrumentos que 
favoreceram sua sobrevivência. As descobertas tecnológicas têm, ainda hoje, o mesmo sentido 
que tinha para os gregos clássicos: a criação, o conhecimento e o saber necessário para dominar e 
conduzir determinadas situações. 
 
Outro aspecto relevante a ser considerado, é a visão equivocada de que a tecnologia é algo 
da atualidade. Na verdade, as tecnologias existem desde a criação da humanidade, apesar de 
apresentar-se em cada época de uma maneira diferente. Desse modo, o termo “novas” tecnologias 
apresenta-se para demarcar constantes mudanças e expansões no meio tecnológico. Mas, que 
novas tecnologias são essas? Será que elas são tão novas assim? Para Martín (1995,), 
“deveríamos perguntar, no entanto, por quanto tempo podemos considerar "novos" os 
conhecimentos, instrumentos e procedimentos que continuam surgindo como resultado do 
desenvolvimento cultural da humanidade”. 
 
Acredita-se que, pelo próprio ritmo de mudanças a que a humanidade vem sendo 
submetida, tudo que for novidade e gere uma interpretação (diante de uma técnica ou de outra 
conduta), carregará consigo o termo “novo”. O homem tem necessidade de nomear as suas 
criações e, certamente, novas construções não podem ter a mesma denominação que criações 
 
2 Minidicionário da Língua Portuguesa 
 17 
antigas. Por isso, o termo novas tecnologias remete a uma inovação oriunda de um novo tempo, 
de uma nova demanda, de um novo pensar, sendo necessário acrescentar ao antigo uma novidade 
plausível e eficiente tanto para o homem como para a sociedade. Os conhecimentos, instrumentos 
e procedimentos surgem sempre como novos quando a humanidade se desenvolve e os usa de 
outra maneira ou os reconstrói. 
 
A partir da capacidade de rever, investigar e modificar uma determinada técnica, já 
existente, e utilizá-la para melhorar o desempenho de uma atividade ou conhecimento, nascem as 
novas tecnologias. Com isso, vale salientar que os indivíduos não são extremamente leigos frente 
ao novo; na verdade são acomodados ao antigo por costumes e/ou comodismo. 
 
Paradoxalmente, pode-se dizer que a tecnologia é ao mesmo tempo antiga e atual. Antiga 
por ser praticada desde a origem do homem que passou a buscar técnicas para melhorar a 
sobrevivência; e atual, por continuar acompanhando os indivíduos por meio de equipamentos 
modernos que respondem a demandas recentes. Os fazedores de machados, por exemplo, há mais 
de quatro milhões de anos, viram nesse instrumento a possibilidade de desenvolvimento de novos 
meios para busca de alimentos, o que implicou em mudança de comportamento, mudança na 
produção e até mesmo na forma física. E porque não dizermos que o machado tornou-se a 
tecnologia deles possibilitando novas técnicas? Nesse momento tecnológico, esses sujeitos, 
através do planejamento, buscaram materiais para construir o machado e outros equipamentos, 
gerando então o criar tecnológico de sua época. A forma como os fazedores de machados 
passaram a usar essa ferramenta, para realizar tais ações, é o que denominamos de técnica. 
 
Kenski (2003, p. 18) diz: “Ao conjunto de conhecimentos e princípios científicos que se 
aplicam ao planejamento, à construção e à utilização de um equipamento em um determinado 
tipo de atividade nós chamamos de tecnologia”. Ela enfatiza ainda que “às maneiras, aos jeitos ou 
às habilidades especiais de lidar com cada tipo de tecnologia, para executar ou fazer algo, nós 
chamamos de técnica”. 
 
O machado, há tanto tempo atrás, foi o “fio de vantagem” dos homens daquela época, pois 
possibilitou novas construções e mudanças na qualidade de vida. Hoje, pode-se dizer que nossos 
 18 
“fios de vantagens” são as amplas possibilidades de comunicação e informação por meio do 
rádio, jornal, televisãoe computadores, mas também pelos equipamentos que facilitam as práticas 
cotidianas da vida humana, como cozinhar, lavar, locomover-se e outros. Essas são as formas do 
fazer cotidiano tecnológico da época atual. 
 
Percebe-se, então, que entre civilizações antigas e atuais, características modernas 
marcam o fazer tecnológico contemporâneo. A história da humanidade é marcada por diferentes 
avanços tecnológicos, cada qual concernente ao período histórico-social de sua época, desde a 
Idade da Pedra até a Revolução pós-industrial. Alguns teóricos enfatizam a passagem temporal 
das tecnologias que determinaram processos significativos na evolução humana. Para Kenski 
(2003, p. 20), por exemplo: 
 
A evolução social do homem confunde-se com as tecnologias desenvolvidas e 
empregadas em cada época. Diferentes épocas da história da humanidade são 
historicamente reconhecidas, pelo avanço tecnológico correspondente. As idades 
da pedra, do ferro, do ouro, por exemplo, correspondem ao momento histórico-
social em que foram criadas “novas tecnologias” para o aproveitamento desses 
recursos da natureza de forma a garantir melhor qualidade de vida. O avanço 
cientifico da humanidade amplia o conhecimento sobre esses recursos e cria 
permanentemente “novas tecnologias”, cada vez mais sofisticadas. 
 
A idéia apresentada por Kenski é também sustentada por Pierre Lévy (1993) ao enfatizar 
que a tecnologia não é algo novo. Para ele as três grandes tecnologias inteligentes, vivenciadas 
pela humanidade, foram: a oralidade, a escrita e a informática. Segundo ele, a técnica participa e 
está diretamente ligada a cultura. Cada uma dessas modalidades teve seu momento de apogeu, 
mas ainda se faz presente atualmente. 
 
Considera-se que a oralidade é a forma mais antiga de comunicação que existe. 
Conversar, assistir TV, ouvir rádio, por exemplo, caracterizam a forma como a informação é 
passada por meio dessa modalidade. Subtende-se que a linguagem falada foi uma das primeiras 
tecnologias da humanidade. Para Lévy (1993) o homem diferencia-se dos animais justamente por 
causa da linguagem, mas também pela forma como usa as informações para se relacionar. Ele 
acredita que: 
 
 19 
É também porque cristalizou uma infinidade de informações nas coisas e em 
suas relações, de forma que pedras, madeira, terra, construtores de fibras ou 
ossos, metais, retêm informações em nome dos humanos. Ao conservar e 
reproduzir os artefatos materiais com os quais vivemos, conservamos ao mesmo 
tempo os agenciamentos sociais e as representações ligadas a sua forma e seus 
usos. [...] Linguagem e técnica contribuem para produzir e modelar o tempo. 
Lévy (1993, p. 76) 
 
 
Lévy (1993, p. 77) ainda se refere a oralidade primária e secundaria para mostrar como as 
técnicas fundamentais de comunicação classifica as culturas em linhas gerais. 
 
A oralidade primária remete ao papel da palavra antes que uma sociedade tenha 
adotado a escrita, a oralidade secundária está relacionada a um estatuto da 
palavra que é complementar ao da escrita, tal como o conhecemos hoje. Na 
oralidade primária, a palavra tem como função básica a gestão da memória 
social, e não apenas a livre expressão das pessoas ou a comunicação prática 
cotidiana. Hoje em dia a palavra viva, as palavras que “se perdem ao vento”, 
destacam-se sobre o fundo de um imenso corpus de textos: “os escritos que 
permanecem”. O mundo da oralidade primária, por outro lado, situa-se antes de 
qualquer distinção escrito/falado. 
 
Por meio dessas colocações entende-se que o marco da sociedade oral era a repetição 
baseada nas atitudes dos mais velhos por meio de contos, mitos, cantos, narrativas e outros. Nas 
civilizações antigas, onde houve predominância das sociedades orais, a fala definia o espaço e a 
cultura dos indivíduos, gerando técnicas a partir da tecnologia principal e imediata que eles 
tinham: a comunicação por meio da oralidade. 
 
A escrita, consecutivamente, surge num novo contexto da civilização, no período 
Neolítico. Com isso, nasce a necessidade de compreender o que está sendo comunicado 
graficamente. A memorização e a repetição, que caracterizou a oralidade, não eram suficientes 
para adquirir o conhecimento por meio da compreensão gráfica. A escrita da qual utilizamos e 
praticamos hoje é enraizada nos povos antigos, que por meio da agricultura, devido ao tempo 
previsto para a plantação e a colheita, movimentaram-se para criar suportes para a escrita. 
Inclusive, a origem da palavra página viria de pagus, o campo cultivado e preparado para o 
plantio. E a forma como as linhas das páginas são organizadas estaria diretamente relacionada 
com a simetria do campo cultivado. 
 
“A escrita foi inventada diversas vezes e separadamente nas grandes civilizações agrícolas 
 20 
da Antiguidade. Reproduz, no domínio da comunicação, a relação com o tempo e o espaço que a 
agricultura havia introduzido na ordem da subsistência alimentar”. Lévy (1993, p. 87). 
 
Na visão de Lévy (1993) a escrita instaura a comunicação diferida, torna o poder estatal 
comandante dos homens e permite o exercício da interpretação e da leitura, conduzindo a 
tecnologia desse momento histórico. 
 
Kenski (2003, p. 36) se refere à escrita, no período onde a atividade agrícola predomina, 
dizendo que esta dá autonomia ao conhecimento. Eis então a presença de uma nova técnica. Ela 
expõe: 
 
Não há mais a necessidade presencial do comunicador, informando, observando 
e orientando seus discípulos. Os conhecimentos são aprendidos não na forma 
como foram enunciados, mas no contexto em que o escrito é lido e analisado. 
[...] A comunicação escrita é aprendida por meio de critérios em que 
predominam a razão e os aspectos cognitivos da personalidade, pretensamente 
isentos da emocionalidade. 
 
 A autonomia, a qual Kenski se refere, originou-se de uma nova modalidade de trabalho 
dos agricultores, que instalaram novas condutas no seu ofício, acreditando que tais mudanças 
melhorariam suas práticas de trabalho. Acentuar essa percepção é importante para demarcar a 
forma como os sujeitos sempre experimentaram e vivenciaram novas técnicas nas suas atitudes 
cotidianas, como por exemplo, no trabalho agrícola e, desde já, traçavam as mudanças que, hoje, 
somos convidados a vivenciar. Conclui-se que, seja qual for a época, o homem está sempre 
criando formas novas de sobrevivência e melhoria da qualidade de vida. 
 
 A autonomia do conhecimento chega à sociedade contemporânea baseada no uso da 
linguagem oral, da escrita e da síntese entre som, imagem e movimento. O processo de produção 
e o uso desses meios compreendem as tecnologias especificas de informação e comunicação, as 
TICs”. Kenski (2007, p. 28). A linguagem oral e escrita não deixam de existir, mas junto a elas 
são acrescentadas novas e convenientes formas de produção e propagação do conhecimento, da 
comunicação e informação. Verifica-se essa constatação no caso da linguagem digital, por 
exemplo, que não elimina as outras linguagens, no entanto, demarca suas especificidades. A 
linguagem digital “é uma linguagem de síntese, que engloba aspectos da oralidade e da escrita em 
 21 
novos contextos”. Kenski (2007, p. 31). 
 
Ainda para Kenski (2003, p.38): 
 
A tecnologia digital rompe com a narrativa contínua e seqüenciada dos textos 
escritos e se apresenta como um fenômeno descontínuo. Sua temporalidade e sua 
especialidade, expressas em imagens e textos nas telas, estão diretamente 
relacionadas ao momento de sua apresentação. 
 
Computadores, técnicas de som, imagens, programas e textos marcam a nova forma de 
assimilação do conhecimento. A leitura e a escrita, por exemplo, na linguagem digital, pode ser 
desenvolvida por meio de modalidadesdiferentes como estrutura discursiva e hipertexto3, 
entendido por Lévy (1993, p. 33) como “conjunto de nós ligados por conexões” e “tipo de 
programa para a organização de conhecimentos ou dados, a aquisição de informações e a 
comunicação”, permitindo uma inovação significativa. 
 
Referindo-se ainda a presença do hipertexto como nova modalidade de leitura e escrita, 
considerando o processo educativo, Lévy (1993, p. 40) diz: 
 
O hipertexto ou a multimídia interativa adequam-se particularmente aos usos 
educativos. É bem conhecido o papel fundamental do envolvimento pessoal do 
aluno no processo de aprendizagem. Quanto mais ativamente uma pessoa 
participar da aquisição de um conhecimento, mais ela irá integrar e reter aquilo 
que aprender. Ora, a multimídia interativa, graças à sua dimensão reticular ou 
não linear, favorece uma atitude exploratória, ou mesmo lúdica, face ao material 
a ser assimilado. É, portanto, um instrumento bem adaptado a uma pedagogia 
ativa. 
 
 
Compreende-se quão tamanha é a importância da adaptação das novas técnicas aos usos 
educativos. Essa adaptação está não só nos equipamentos, mas também nas pessoas envolvidas 
no processo educativo, isso se quiser-se praticar uma pedagogia ativa, como bem salientou Lévy. 
 
Observa-se que dentro de tais alterações, não só os aparelhos antigos ganharam novas 
 
3 Entendido como a base da linguagem digital, que para Kenski (2007, p. 32) são “seqüências em camadas de 
documentos interligados, que funcionam como páginas sem numeração e trazem informações variadas sobre 
determinado assunto”. 
 22 
faces e estruturas, tornando-se cada vez menores e mais potentes. A oralidade e a escrita 
ganharam novas formas de concepção. A linguagem digital incorpora a oralidade e a escrita para 
que elas sejam utilizadas por meio de técnicas presentes no nosso tempo contemporâneo. O 
exemplo de Lévy (1993, p. 112) ao discutir as inovações das telas planas e ultraleves, é 
representativo dessa perspectiva. Ele diz: 
 
O terminal da informática ou a televisão dos anos oitenta lembram, em muitos 
aspectos, os livros do século XXI: são pesados, enormes, acorrentados por seu 
cabo de força. A mobilidade e a leveza do livro de bolso, a portabilidade do 
rádio transistorizado ou do walkman poderiam abrir todo um novo campo de 
utilizações e apropriações [...]. 
 
Seja nos livros, seja nos aparelhos, ou na forma de conceber a oralidade e a escrita 
observam-se constantes alterações oriundas da era contemporânea. A linguagem digital traz 
consigo não só um leque de códigos binários a serem identificados e compreendidos, mas uma 
grande gama de inovação frente a objetos, métodos e estruturas já conhecidas, contribuindo para 
a informação, comunicação, interação e aprendizagem. 
 
Diante desse contexto, percebe-se que a tecnologia não está distante dos nossos olhos e 
muito menos das nossas ações; apenas diferentes tecnologias geraram diferentes visões de 
mundo, pois como bem salienta Lévy (1999, p. 24) “por trás das técnicas agem e reagem idéias, 
projetos sociais, utopias, interesses econômicos, estratégias de poder, toda a gama dos jogos dos 
homens em sociedade”. Por isso, dos machados aos computadores ampliam-se as técnicas e 
revoluciona-se a qualidade de vida, mas é necessário viver as mudanças passo a passo sem 
rupturas bruscas. Continuar pensando que a tecnologia é algo novo nos causará um atraso 
significativo, em termos de percepção, diante de tudo que a sociedade oferece. Não é por acaso 
que Lévy4 nos convida a pensar e refletir ao dizer que estamos apenas na pré-história da 
civilização digital. 
 
 
 
 
 
4 Reportagem extraída do Jornal A Tarde de 20/10/08. Salvador-Ba. 
 23 
1.1 TECNOLOGIAS E RECURSOS DIDÁTICOS: ORGANIZANDO 
ÍCONES E CRIANDO NOVOS ATALHOS 
 
 No cenário acima apresentado verificou-se um percurso histórico e conceitual de técnica e 
tecnologia que agora permite compreender como tais fatores estiveram presentes na educação ao 
longo do tempo. O presente tópico aponta a forma como a tecnologia e os recursos didáticos 
acompanharam as práticas pedagógicas. 
 
Cada época usou da tecnologia disponível reconhecendo que era função precípua pensar e 
elaborar novas técnicas para responder às demandas recentes. Com a educação, obviamente, não 
foi diferente; por isso nos tempos atuais fala-se em outros métodos e outras técnicas utilizando o 
que existe de mais moderno nas áreas tecnológicas. 
 
Os recursos didáticos, entendidos como todo material usado pelo professor para auxiliar a 
aprendizagem do educando, que acompanharam por muito tempo o ensino sistematizado nas 
instituições escolares foram: os livros, cadernos, textos escritos, quadro-negro e giz. Na 
atualidade, ocorreu a inserção de novos recursos nas escolas, como por exemplo: computadores, 
televisão, rádio, aparelho de DVD e outros. Porém, os recursos atuais, mesmo estando 
disponíveis, ainda não são devidamente explorados ou utilizados com a mesma importância e 
valorização dos recursos tradicionais. 
 
Como ilustração, tomaremos como base o caso das tão conhecidas tendências 
pedagógicas, que utilizaram os recursos didáticos a partir dos posicionamentos emblemáticos da 
época, determinando, talvez, o fazer pedagógico de cada momento histórico. A concepção 
tradicional, que predominou do século XVI ao século XIX, sendo propagada no Brasil na 
Primeira República (1889-1930), fundou-se em duas vertentes, a religiosa, mais presente na Idade 
Média e a leiga, mais presente na Idade Moderna. Essa concepção visava preparar o individuo 
para vida, para o desempenho de papeis sociais, de acordo com as aptidões individuais. As 
pessoas precisam aprender a adaptarem-se aos valores e as regras vigorantes na sociedade de 
classe. Tinha-se como objetivo ampliar a rede escolar possuindo um caráter puramente 
quantitativo centrado no desenvolvimento intelectual das pessoas. 
 24 
Com essas características, os conteúdos escolares eram distantes da experiência dos 
alunos e marcado pela mera transmissão do professor, com presença efetiva do método 
expositivo de ensino. O professor era a autoridade suprema e o aluno, um ser passivo que deveria 
assimilar e internalizar as explanações. O aluno era destinado a memorizar, acolhendo as 
informações para obter os conhecimentos, ou seja, visava-se disciplinar a mente e formar os 
hábitos (LUCKESI,1994). Assim, cabia ao aluno expressar seu entendimento na realização de 
atividades mecânicas, repetindo de forma precisa às informações conteudistas. O principal 
recurso áudio-visual nesse momento era o som da voz e a imagem do professor. Nesse período, 
pensar a escola, sem ser seriada e disciplinar não era cabível; precisava-se apenas de uma sala de 
aula com um quadro negro e giz, para realizar o objetivo explícito: ensinar e aprender. O quadro 
negro, o giz e o livro didático, materiais necessários para essa modalidade de ensino, eram os 
recursos didáticos tecnológico da época, pois serviam como ferramenta para a conduta do 
professor. 
 
No início do século XX a Escola Nova - Tendência Liberal Renovada - demarca 
importantes contribuições nos sistemas educacionais e na mentalidade dos professores. Vários 
aspectos constituíram a renovação da educação; entre eles, o desenvolvimento da sociologia e da 
psicologia da educação. A principal proposta dessa tendência pedagógica era que a educação se 
renovasse para instigar a mudança social. O professor aos poucos foi deixando o centro do 
processo de ensino dando lugar a autoformação e a atividade espontânea do aluno, que começa a 
fazer parte e contribuir no processode ensino, sendo autor da sua própria experiência. Fazia-se 
necessário aprender experimentando, ou seja, aprender a aprender. 
 
Skinner, teórico famoso por suas técnicas psicológicas de condicionamento humano, 
aplicadas ao ensino-aprendizagem, muito contribuiu para essa renovação da educação, sendo 
referência, para os escolanovistas, ao pensar e rever os métodos e as técnicas educacionais. O 
quadro negro, o giz e o livro didático, que eram os recursos tecnológicos da tendência tradicional, 
passam a ser trocados pelo rádio, televisão e outros aparelhos, no ponto de vista do interesse da 
Escola Nova. Marca-se, nesse período, o desenvolvimento das tecnologias de ensino. Os 
professores começam a ficar “assustados” e “perdidos”, reconhecendo de imediato a necessidade 
da análise da prática e da discussão do cotidiano da escola. 
 25 
O método qualitativo, apresentado pela Tendência Liberal Renovada, caracterizou-se por 
ressaltar a qualidade das questões educacionais e apontar caminhos distintos da tendência 
tradicional, demarcando um leque de mudanças que estavam por vir em outros momentos 
históricos da educação. 
 
A Escola Nova, apesar das grandes contribuições para o ensino, começou a não responder 
às demandas referentes ao preparo dos profissionais. Surgiu então, na segunda metade do século 
XX, a Pedagogia Tecnicista, considerando o professor técnico, ou seja, especialista em ensinar e 
responsável pela eficiência do ensino, tendo como tarefa principal obter o comportamento 
adequado pelo controle da instrução. Os princípios dessa tendência pedagógica eram a 
racionalidade, a eficiência e a produtividade. O homem era considerado produto do meio e a 
escola, responsável por produzir sujeitos competentes para o mercado de trabalho. 
 
Marcada pela técnica para atingir objetivos instrucionais, a Pedagogia Tecnicista exagera 
no uso do livro didático visando o aprender fazendo. Os professores realizam os planejamentos e 
planos de aula para serem seguidos de forma mecânica. Eis então a ênfase do ensino pautado no 
livro didático que demarcou, de forma precisa, o recurso didático desse momento. “[...] a escola 
funciona como modeladora do comportamento humano, através de técnicas especificas.” Libâneo 
(1990, p. 28). 
 
Se na pedagogia tradicional o aluno não tinha voz, e na Escola Nova o professor começa a 
dar espaço para a atuação deles no processo de ensino, no tecnicismo ambos passam a segundo 
plano, prevalecendo o sistema técnico de organização e condução da instrução. Para Luckesi 
(1994, p. 61), a escola atua assim: 
 
[...]no aperfeiçoamento da ordem social vigente (o sistema capitalista), 
articulando-se diretamente com o sistema produtivo; para tanto, emprega a 
ciência da mudança de comportamento, ou seja, a tecnologia comportamental. 
[...] A pesquisa cientifica, a tecnologia educacional, a análise experimental do 
comportamento garantem a objetividade da prática escolar, uma vez que os 
objetivos instrucionais (conteúdos) resultam da aplicação de leis naturais que 
impedem dos que a conhecem ou executam. 
 
 
Ainda nesse período, tornou-se relevante o uso de recursos tecnológicos e audiovisuais 
 26 
geradores da modernização do ensino. Nessa época, esses recursos apareceram para priorizar a 
crescente industrialização. Não se questionava a forma como eles eram usados e, muito menos, se 
os professores sabiam utilizá-los. Focava-se na preparação dos indivíduos para o mercado de 
trabalho e se tais recursos ajudavam deveriam ser inseridos no ensino sem grandes 
questionamentos. 
 
No fim dos anos 70, a Tendência Progressista - Crítica social dos conteúdos - sinaliza de 
forma precisa à necessidade da democratização do ensino e do entendimento da relação entre a 
educação escolar e a sociedade. Isso daria-se pela forma diferenciada de trabalhar os conteúdos 
do ensino. 
 
O educador, ao propiciar a relação do educando com os conteúdos do ensino, 
deverá fazê-lo de forma dinâmica e, sempre que possível, relacionar a 
experiência do aluno com os conteúdos trabalhados, tentando, sistematicamente, 
evidenciar a importância de uma sólida formação escolar como instrumento para 
a sua prática cotidiana. Desta forma, a atuação do educador deverá ser coerente, 
articulada e intencional, de forma a propiciar a crítica ao social, bem como uma 
educação escolar viva, na vida social concreta. (FUSARI, 1988, p. 24) 
 
O professor tinha como tarefa mediar o saber do aluno relacionando os conteúdos 
trabalhados com a experiência deles. Os métodos do ensino eram voltados para uma relação entre 
a prática vivida pelo aluno e os conteúdos propostos pelo professor. Libâneo (1990, p. 38) refere-
se à tendência crítico-social dos conteúdos relatando que: “[...] a atuação da escola consiste na 
preparação do aluno para o mundo adulto e suas contradições, fornecendo-lhe um instrumental, 
por meio da aquisição de conteúdos e da socialização, para uma participação organizada e ativa 
na democratização da sociedade”. 
 
A relação da escola com a sociedade caracterizava-se pela preparação dos educandos para 
o mundo em que estavam inseridos, tornando-os seres críticos e conscientes das contradições 
presente na sociedade da qual faziam parte. Assim os alunos aprendiam a vivenciar criticamente 
toda a aprendizagem que recebiam. A técnica reconhecida nesse momento é a 
transmissão/assimilação crítica dos conhecimentos. “Utiliza-se de técnicas de acompanhamento 
individual e grupal e eventualmente, de consultoria ao professor”. Libâneo (1990, p. 73). 
 
As tendências pedagógicas, aqui apresentadas, nasceram de movimentos sociais e 
 27 
filosóficos em períodos históricos distintos, servindo como base para a construção da prática 
pedagógica dos professores. É pertinente não segui-las como verdades absolutas; no entanto, ao 
buscar compreendê-las surge uma visão mais ampla daquilo que constituiu e caracterizou a 
tecnologia de cada época. Por meio dessa explanação busca-se compreender a urgência da 
necessidade de novos recursos para as exigências educacionais dos novos tempos. As práticas de 
leitura e escrita, por exemplo, mudaram, não cabendo mais a concepção excessiva dos recursos 
tradicionais. 
 
Vivemos num período de pós-modernidade, entendido por Gadotti (2001), não apenas 
como um modismo, mas como um movimento de indagação sobre o futuro. Para pensar a 
complexidade das transformações, é necessária uma percepção da forma de conceber o tempo e o 
espaço. Uma vez que a cultura atual está carregada por uma nova linguagem, que não é mais só a 
leitura e da escrita, mas dos rádios, da televisão e dos computadores, faz-se necessária a 
discussão da inserção das novas tecnologias a educação. Segundo Gadotti (2001, p.272), pensar a 
educação hoje sem considerar os aspectos da tecnologia contemporânea colabora para que “o 
indivíduo do nosso tempo, viva isolado, num analfabetismo funcional e social”. 
 
Convidar os professores a estarem atentos a essas tendências é proporcionar uma reflexão 
sobre o desenvolvimento do fazer didático-pedagógico, problematizando questões do cotidiano 
escolar, verificando suas carências e buscando meios de adequar a sua prática educativa ao 
modelo atual de educação. Tal, certamente, só será possível com a comparação constante entre os 
recursos disponíveis e a prática do ensino. Por isso, pensar a educação contemporânea inclui 
olhar para a tecnologia disponível na sociedade e que pode, de alguma forma, contribuir no 
processo de ensino e aprendizagem. 
 
O uso da tecnologia não se restringe apenas aos novos modelos de determinados 
equipamentos e produtos; ela altera comportamentos. A ampliação da tecnologia impõe-se à 
culturaexistente, transformando não apenas o comportamento individual, mas o de todo o grupo 
social. Bellonni (2001, P. 55) diz que: “A integração das inovações tecnológicas aos processos 
educacionais vai depender, então, da concepção de educação das novas gerações que 
fundamentam as ações e políticas do setor”. 
 28 
 
Sendo assim, deve-se repensar os métodos, refletir sobre a prática educativa e entender 
como a educação hoje pode responder as demandas da sociedade sem estacionar-se nos modelos 
e práticas tradicionais. 
 
Segundo Gadotti (2000, p. 250) repensando e refletindo, chegamos a percepção de que: 
 
Na sociedade da informação, a escola deve servir de bússola para navegar nesse 
mar do conhecimento, superando a visão utilitarista de oferecer informações 
“úteis” à competitividade, para obter resultados. Deve oferecer uma formação 
geral na direção de uma educação integral. 
 
Apesar de a educação escolar ainda apresentar uma postura distante da discutida por 
Gadotti, faz-se necessário repensar o ensino considerando a sociedade informacional. Para 
Kensky: “A escola continuará a mesma ainda por algum tempo: seriada; disciplinar; com turmas 
razoavelmente grandes; professores e alunos interagindo em um mesmo ambiente físico – a sala 
de aula”, isso se não considerar-se a bússola à qual Gadotti referiu-se. Foram traçadas várias 
possibilidades que apontam para um caminho diverso do apresentado por Kenski; é preciso 
apenas seguir um caminho adequado. 
 
A dificuldade ao trabalhar com essas tecnologias não está só na visão retrógrada que as 
escolas ainda detém, mas também na preparação deficitária de muitos professores para utilizar 
certos recursos. Para além da falta de habilidade em desenvolver certas atividades educativas, há 
ainda a visão de que os recursos tecnológicos modernos são tão preciosos que não podem ser 
acessados de modo mais generalizado. Eles tornam-se, muitas vezes, verdadeiros objetos “de 
decoração” em um espaço reservado da escola. As tecnologias, desta forma, tornam-se um 
problema, e não uma novidade positiva para o desenvolvimento das atividades escolares. 
(KENSKI, 1996). 
 
Se a novidade ainda assusta e amedronta, é preciso aceitar o desafio de enfrentar o 
moderno, pois assim, o novo “deixará” de ser novidade, não porque se tornará algo ineficaz e 
arcaico, mas porque passará a ser dominado com segurança, assim como se fez por muito tempo 
com o giz e o quadro negro. Para Paulo Freire (1996, p.35): 
 29 
É próprio do pensar certo a disponibilidade ao risco, a aceitação do novo que 
não pode ser negado ou acolhido só porque é novo, assim como o critério de 
recusa ao velho não é apenas o cronológico. O velho que preserva sua validade 
ou que encarna uma tradição ou marca presença no tempo continua novo. 
 
Essa colocação de Freire convida a estar aberto à novidade, pois é por meio dela que o 
professor pode buscar, indagar e pesquisar para conhecer o que ainda não é conhecido e 
comunicando, anunciando uma novidade. As novas tecnologias, entendidas como algo novo 
aplicado ao ensino, trazem aos professores a possibilidade de inserir no modelo antigo de ensino 
uma novidade respaldada pela busca de suportes que gerem segurança para tal aplicação. 
 
Diante das mudanças e novidades que as novas tecnologias apresentam é importante, 
identificar o desafio que ela proporciona a educação. Será que elas oferecem apenas instrumentos 
ou propiciam a possibilidade de repensar os processos educacionais na contemporaneidade? A 
discussão apresentada no próximo tópico leva em consideração questões dessa natureza. 
 
 
1.2 – AS NOVAS TECNOLOGIAS E UM DESAFIO PARA EDUCAÇÃO: 
UM NOVO LINK OU MAIS UM ARQUIVO NA MEMÓRIA? 
 
Dentro da complexidade e amplitude das novas tecnologias e de sua aplicação ao ensino, 
essa pesquisa fundamenta-se particularmente na Tecnologia de Comunicação e Informação 
(TIC). Segundo Santos (2002, p. 49) a presença da TIC na escola: 
 
[...] pode representar um movimento ímpar, uma vez que nos permite pensar na 
redução das distâncias, numa maior integração das escolas entre si e com o 
mundo contemporâneo; não somente como consumidoras, mas como 
possibilidades de produzir conhecimento e de fazer de cada espaço escolar um 
lugar de produção coletiva, no qual sejam constituídas interações não-lineares e 
onde sejam fortalecidas essas redes de relações. 
 
As novas tecnologias e a economia do conhecimento estão mudando a maneira de 
enxergar a educação e o ensino escolar: a educação formal está dando lugar à noção de um 
aprendizado que prolongue-se por toda a vida. Assim, no decorrer da história, os indivíduos vêm 
tendo mais oportunidades de envolvimento em atividades educacionais fora das salas de aula 
 30 
tradicionais. Brandão (1982) 
 
As TIC difundiram-se na virada do ultimo milênio, com um grande número de recursos 
informatizados surgindo com um abundante nível de informação. Os recursos informatizados 
extrapolaram o papel de simples veículo portador de informações, pois excederam os dispositivos 
e ambientes comuns de comunicação, proporcionando maior interação entre os envolvidos no 
processo comunicativo e alterando os conceitos de espaço e tempo. Outrora era utilizado o termo 
NTIC (Novas Tecnologias de Comunicação e Informação), mas, com a habitualidade vivencial 
das Novas Tecnologias, o adjetivo “Nova” vem desaparecendo, cedendo espaço para o termo TIC 
e suas especificidades. 
 
A articulação entre as novas tecnologias e a educação caracterizou-se, inicialmente, pelo 
uso dos computadores no ensino. Um leque de atividades diversificadas, com atuação em rede, 
informações, mensagens e uma amplitude de ferramentas marcaram o espaço das TIC. Nos 
últimos dez anos o uso das TIC no processo de ensino e aprendizagem tornou-se ponto de intensa 
discussão. 
 
 Segundo Alves (1998) a articulação da informática com a educação, ao longo do tempo, 
funda-se em duas vertentes: a primeira, caracterizando-se pelo ensino da informática na escola 
baseado na instrução da utilização dos aplicativos e a segunda, com a inserção dos softwares 
educacionais na rotina escolar. Mundialmente, há significativa repercussão da associação das 
teorias e práticas da educação à informática justamente pelo fato de as ferramentas tecnológicas 
oferecem à didática meios de renovação às aulas tradicionais. Espaços diversos e mídias digitais 
proporcionam situações de interação, comunicação, informação e colaboração, tornando a 
aprendizagem não mais pautada apenas na escrita e nos meios impressos. 
 
Com essa abordagem cabe questionar se as ferramentas (recursos) podem ser, sozinhas, 
responsáveis por mudanças significativas no processo de ensino-aprendizagem. Nesse cenário 
surge ainda outra pergunta: Educação e tecnologia: qual é a novidade então? Acredita-se que a 
simples utilização dos recursos não determina mudança qualitativa no ensino-aprendizagem. Esta 
advém da possibilidade de construir um novo pensar sobre a educação. Portanto, as TIC, 
 31 
inseridas aos processos educativos, não devem ser entendidas apenas como novos instrumentos 
para uma educação do futuro. Preto (1996, p. 112) enfatiza a idéia de que não basta inserir novos 
recursos tecnológicos para elaborar uma “nova” educação dizendo: 
 
Não basta, portanto, introduzir na escola o vídeo, televisão, computador ou 
mesmo todos os recursos multimidiáticos para fazer uma nova educação. É 
necessário repensá-la em outros tempos, porque é evidente que a educação numa 
sociedade dos mass media, da comunicação generalizada, não pode prescindir da 
presença desses novos recursos. Porém, essa presença, por si só, não garante 
essa nova escola, essa nova educação. 
 
Vive-seum mundo novo, buscando uma educação nova, que não só apresente vários 
recursos imprescindíveis à época contemporânea, mas ofereça meios para repensar o papel da 
escola, dos profissionais, dos métodos e do ensino-aprendizagem. Em 1978, Saldanha já se 
referia a tecnologia não como máquinas de ensinar, mas como uma nova atitude, uma nova 
maneira de pensar e tratar os problemas educacionais. Atualmente, nessa nova era, as tecnologias 
apresentam-se como perspectiva de novas reflexões sobre a educação não só por difundir novos 
meios de transmitir o conhecimento, mas por incentivar o aprendizado e o pensamento, na troca 
de saberes e experiências gerada por uma inteligência coletiva. Desse modo, não são as 
“máquinas de ensinar” que serão responsáveis pela educação, mas o profissional docente, por isso 
é preciso considerá-lo. 
 
O entendimento de que as novas tecnologias podem criar novos espaços de conhecimento, 
novos modelos de atividades, dinâmicas diferenciadas, aulas em espaços distintos dos 
tradicionais, conteúdos trabalhados de forma eficaz, são aspectos a serem considerados pelos 
professores. O ensino conduzido dessa forma apresenta-se muito mais interessante tanto para o 
aluno, que aprende, como para o professor que ensina e sente-se motivado a pensar formas 
diferenciadas de trabalhar os conteúdos e atividades, tornando a aprendizagem mais significativa. 
Eis uma oportunidade nova de aprendizagem para os alunos que, desmotivados e acostumados 
com práticas tradicionais, não mais se interessam pelo que a escola oferece. 
 
Por isso não podemos conceber as novas tecnologias como máquinas de ensinar ou o uso 
dos recursos tecnológicos como instrumentalidade. Se pensarmos as novas tecnologias apenas 
como novas ferramentas para o processo educativo, a única transformação que alcançaremos será 
 32 
a visão de que tais recursos servirão para animar uma educação cansada. (PRETO, 1996). 
 
[...] o uso como instrumentalidade esvazia esses recursos de suas características 
fundamentais, transformando-os apenas num animador da velha educação, que 
se desfaz velozmente, uma vez que o encanto da novidade também deixa de 
existir. Essa é, na realidade, uma das características do mundo em que vivemos. 
Preto (1996, p. 114) 
 
Para esse teórico, as novas tecnologias, principalmente de comunicação e informação, 
representam uma nova forma de pensar, como alicerce de uma nova educação, quando são 
entendidas como fundamentos e não como instrumentos, pois o que torna a escola sem futuro é 
justamente a crença que o futuro da escola está no equipamento entendido como recurso 
tecnológico para o ensino. 
 
A presença desses recursos, como fundamento da nova educação, transforma a 
escola, que passa a ser um novo espaço, físico inclusive, qualitativamente 
diferente do que vem sendo. Sua função, nessa perspectiva, será a de construir-
se num centro irradiador de conhecimento, com o professor adquirindo, também 
e necessariamente, uma outra função. Função de comunicador, de articulador 
das diversas histórias, das diversas fontes de informação. Preto (1996, p. 115). 
 
 Lynn Alves (1998) sustenta essa idéia, ao demonstrar sua crença sobre a inserção das 
novas tecnologias a educação como um elemento para um novo pensar, e não meramente um 
conjunto de ferramentas e instrumentos aplicados ao ensino. Ela acredita ser necessário repensar 
o papel da escola, da prática pedagógica, gerando momentos de reflexão e discussão, mas 
também uma nova forma de pensar e conceber a sociedade. 
 
Estamos trabalhando na perspectiva de considerar estas tecnologias como 
possibilitadoras de uma multiplicidade de visões de mundo, do rompimento com 
a noção de tempo e espaço, instaurando uma nova forma de ser e pensar na 
sociedade. Com isso, as nossas relações, o nosso modo de aprender e comunicar, 
são transformados, possibilitando a construção coletiva do conhecimento. 
(ALVES, 1998. p. 7) 
 
 
 As novas tecnologias trazem consigo um novo desafio para educação, pois implicam a 
discussão de um novo pensar para as condutas tão conhecidas da prática educativa. Arnaud 
(2005, p. 17) também argumenta sobre a possibilidade de um novo pensar a partir da inserção da 
tecnologia ao ensino, expondo que: 
 33 
A questão tecnológica, a meu ver, para além do mero aspecto material e 
instrumental, constitui-se numa rede de significados na qual o ser humano está 
implicado. Assim, parece-me que se tornou extremamente necessário 
compreender a lógica e funcionamento desta rede, como metáfora inspiradora ou 
arquétipo de um novo pensar/agir na prática pedagógica, especialmente, na 
práxis curricular. 
 
Compreende-se com tais argumentos o desafio e a compreensão necessária para praticar 
nas escolas, o uso das novas tecnologias, não como um mero recurso da atualidade, mas como um 
método a ser aplicado ao ensino. Tal método deve ser elaborado dentro do projeto-pedagógico da 
escola para favorecer o desempenho qualitativo dos processos educacionais de uma era que 
revela as carências do sistema educativo, mas aponta ao mesmo tempo possibilidade para reverter 
tal situação. 
 
Desta forma, tais ferramentas devem ser devidamente ponderadas, para que façam parte 
da prática educativa dos professores como meio de repensar e reavaliar os padrões tradicionais 
calcados em métodos distantes da realidade contemporânea. Para Moran (2000, p. 32), com as 
novas tecnologias: “O professor tem um grande leque de opções metodológicas, de possibilidades 
de organizar sua comunicação com os alunos, de introduzir um tema, de trabalhar com os alunos 
presencial e virtualmente e também de avaliá-los”. 
 
Estando a questão da tecnologia ligada a metodologia, se faz necessário conhecer bem o 
sujeito que realiza o método, ou seja, o professor. Como o professor se relaciona com essas 
tecnologias? Eles as usam de forma adequada? E qual a forma adequada? Os professores usam as 
ferramentas tecnológicas apenas como instrumento de incremento ao ensino, como foi explanado 
anteriormente, ou reconhecem nelas formas de rever sua prática, melhorar o processo de ensino-
aprendizagem por meio das novas formas de comunicar, conceber a leitura, a escrita e a 
linguagem, apropriando-se a uma nova forma de conhecimento? 
 
O capítulo subseqüente refere-se a tais questões, considerando que, mesmo diante dos 
instrumentos e das ferramentas tecnológicas, o ensino e aprendizagem podem se tornar 
extremamente tradicionais e ineficientes. Por isso é conveniente pensar, avaliar e discutir se a 
questão é só a presença ou ausência de recursos tecnológicos, ou se o ponto a ser observado é a 
maneira como o profissional docente utiliza-o e é preparado para isso. 
 34 
2. CHAT, FÓRUM E BACKUP DO PAPEL DO PROFESSOR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Me sinto preparada parcialmente. Se por um lado domino alguns recursos das 
TIC e reconheço suas amplas possibilidades, de outro, sinto que há limites no 
trabalho reduzindo tais recursos à ferramentas de elaboração e execução de 
aulas. Creio que as TIC podem ser elementos de construção e difusão de 
conhecimentos. Para tanto é necessário maior conhecimento de softwares 
apropriados.”5 
 
Na era pós-industrial, unir educação e novas tecnologias é algo tão necessário e essencial 
como a internet foi para o governo norte-americano no período da Guerra Fria. Nas constantes 
discussões sobre essa interação, fala-se não somente dos equipamentos que podem se tornar 
recursos para o ensino, mas também dos espaços físicos e infra-estrutura, do uso da internet mas, 
muitas vezes, é deixado em segundo plano o profissional que media a educação nas instituições 
escolares e conseqüentemente dará direcionamento pedagógicoas tecnologias: o professor. 
 
Qual o perfil do professor nessa nova era? O que lhe cabe? Esse é o questionamento 
alicerce que acompanhará a discussão desse capítulo, pois pensar o papel do professor na 
 
5 Fala de uma professora participante da pesquisa. 
 35 
sociedade atual é pontuar as diversificações que apresentam-se dentro de sua função educativa. 
Sustentam essa discussão teóricos como Pimenta (2000), Preto (1996), Moran (2000), 
Freire(1996), Lévy (1999) e outros. 
 
A inserção da tecnologia na educação requer discussões em vários aspectos, como, por 
exemplo, a aplicação e o direcionamento das atividades, o método avaliativo dos alunos, o 
diagnóstico da aplicação das tecnologias, dentre outros. Não se tem a pretensão de desconsiderar 
tais aspectos, porém o professor é o sujeito que deverá se relacionar diretamente com os recursos 
tecnológicos no processo do ensino e da aprendizagem. É de extrema relevância considerar as 
alterações nas condições do trabalho do professor e, obviamente, de sua prática. Portanto, 
preferiu-se focar a discussão sobre o papel profissional docente e sua prática educativa. 
 
O professor sempre foi considerado o sujeito que detinha o conhecimento, sendo o único 
capaz de ensinar, àquele que nada sabia, o aluno. Hodiernamente, no entanto, os alunos chegam à 
escola cada vem mais informados e desmotivados a aprender da forma como a escola propõe, por 
meio do uso constante dos livros didáticos e aulas expositivas conduzidas isoladamente pelo 
professor. O aluno detém atualmente, conhecimentos e informações disponíveis na 
contemporaneidade, mais que os professores. 
 
Os alunos demonstram conhecer as novas tecnologias mais que os docentes e estes, na sua 
maioria, apresentam dificuldades para trabalhar com os novos aparatos tecnologias. Existe uma 
situação paradoxal, pois enquanto os jovens interagem com as tecnologias, através de meios 
eletrônicos, informações audiovisuais, sites de relacionamentos, os professores formam-se para 
conduzir aulas baseadas em práticas usuais. Quando estão diante de novas técnicas e novos 
instrumentos tecnológicos, reproduzem os modelos tradicionais de ensino. Os alunos, devido à 
presença constante dos meios de comunicação, possuem um comportamento diferente dos 
professores: eles agem e pensam por meio de outra razão cultural; eles são os “nativos da era 
digital”. 
 
Considerando a linguagem audiovisual como a linguagem da sociedade nesse milênio e 
constatando que os jovens em idade escolar são criados numa convivência íntima com os 
 36 
videogames, televisões e computadores, entendem-se algumas das razões do fracasso escolar e 
alguns elementos para sua superação. Preto (1996). 
 
Demarcando tais fatores, chega-se a questionar se a presença do professor ainda é 
necessária, em uma sociedade repleta de comunicação e informação disponível, já que há vários 
espaços de aprendizagem além da escola e novos meios de ensinar e aprender. No entanto, a 
presença do professor ainda é necessária; precisa-se apenas entender que professor formamos e 
que professor pretendemos formar nesse período pós-industrial. 
 
Pimenta (2000) defende a idéia de que o professor continua sendo um profissional 
necessário e importante na contemporaneidade. Para ela, os meios de comunicação só seriam 
mais importantes que o professor se eles forem considerados meros transmissores de 
informações. Os professores são necessários, mas a maioria deles não são nativos da era digital6. 
O que falta então aos nossos professores? Qualificação no exercício profissional da docência? 
Sim, mas não só isso. A integração das novas tecnologias na escola requer a presença de “novos” 
docentes, na perspectiva de Libâneo (2006, p. 10). 
 
O novo professor precisaria, no mínimo, de uma cultura geral mais ampliada, 
capacidade de aprender a aprender, competência para saber agir na sala de aula, 
habilidades comunicativas, domínio da linguagem informacional, saber usar 
meios de comunicação e articular as aulas com as mídias e multimídias. 
 
 
Para que nasça um professor com as características apresentadas por Libâneo, não é 
prudente pensar somente na questão da qualificação, que precisa ser revista, mas também no 
resgate da identidade profissional do docente, a questão salarial, o processo de formação inicial e 
continuada e outros fatores. Na execução desta pesquisa, verificou-se que os professores com 
maior faixa salarial são os que mais convivem com as tecnologias. Por exemplo, vão ao cinema, 
tem internet e TV a cabo em casa. A condição salarial dos professores implica ainda na atuação 
que eles têm em suas aulas, considerando as novas tecnologias. Tal comprovação pincela alguns 
indícios de todo o leque de questões que perpassam a questão profissional docente quando 
 37 
discutimos seu papel e a presença das novas tecnologias (Figura 1). 
 
Uma professora da escola privada relatou, no questionário, que as TIC estão presentes no 
seu dia a dia através da utilização do computador, realização de pesquisas, envio e recebimento 
de e-mail. Referiu ainda ter realizado alguns cursos particulares e, constantemente, pequenos 
cursos oferecidos pela instituição que trabalha. Enquanto isso, uma professora da rede pública de 
ensino relatou não ter internet em casa, nem dispor de dinheiro para fazer cursos particulares, 
participando de alguns que a escola, vez ou outra, oferece. Outra professora da instituição privada 
comentou ainda: 
 
“Tomei alguns cursos particulares e constantemente freqüento cursos oferecidos 
pelas escolas que trabalho. Sinto-me preparada, mas sempre acho que falta 
alguma coisa, pois o ser humano anda aprendendo sempre”. 
 
 
A análise da Figura 1 e do relato da professora sugere que os professores com faixa 
salarial acima de três salários mínimos fizeram cursos de informática e/ou tecnologia e possuem 
internet em casa. Dos 20 professores, 1 não informou a faixa salarial, cinco ganham até 3 salários 
e 14 acima de 3 salários. 
 
Mercado (2000, p. 23) salienta que: 
 
O professor, na nova sociedade, revê de modo critico seu papel de parceiro, 
interlocutor e orientador do educando na busca de suas aprendizagens. Ele e o 
aprendiz estudam, pesquisam, debatem, discutem e chegam a construir 
conhecimentos, desenvolver habilidades e atitudes. O espaço aula se torna um 
ambiente de aprendizagem, com trabalho coletivo a ser criado, trabalhando com 
os novos recursos que a tecnologia oferece, na organização, flexibilização dos 
conteúdos, na interação aluno-aluno e aluno-professor e na redefinição de seus 
objetivos. 
 
Assim, verifica-se que as mudanças necessárias ao trabalho docente, frente ao uso das 
novas tecnologias na educação, incluem também o pensar uma nova lógica para o ensino. Lógica 
esta, entendida por Kenski (2003, p. 73) não como mais um modismo, pois: 
 
6 Grifos meus referente a uma expressão contrária a apresentada por Marc Prensky que usa o termo “nativos da era 
digital” para se referir as crianças que tem contato com as tecnologias logo após o nascimento, não tendo medo da 
imensidão da rede. 
 38 
 
Para que as novas tecnologias não sejam vistas como apenas mais um modismo, 
mas com a relevância e o poder educacional transformador que elas possuem, é 
preciso refletir sobre o processo de ensino de maneira global. Antes de tudo, é 
necessário que todos estejam conscientes e preparados para assumir novas 
perspectivas filosóficas, que contemplem visões inovadoras de ensino e de 
escola, aproveitando-se dasamplas possibilidades comunicativas e informativas 
das novas tecnologias, para a concretização de um ensino crítico e transformador 
de qualidade. 
 
 
Essas alterações, de perspectiva filosófica, na postura do professor e, conseqüentemente 
do ensino, surgem a partir do reconhecimento de que essas tecnologias podem produzir novas 
formas de aquisição de conhecimentos, tanto na sala de aula como fora dela. 
 
A lógica do conhecimento, hoje, estrutura-se de outra forma; por isso não é suficiente 
simplesmente adequar o ensino tradicional à presença das novas tecnologias. “Novas tecnologias 
e velhos hábitos de ensino não combinam”. Kenski (2003, p. 75). A questão é entender que a 
inserção dessas novas técnicas ao ensino requer perspectivas diferenciadas, que apontem 
caminhos para repensar a forma de praticar-se a educação e formar-se o aluno. 
 
É preciso considerar que as tecnologias – sejam elas novas (como o computador 
e a internet) ou velhas (como o giz e a lousa) – condicionam os princípios, a 
organização e as práticas educativas e impõem profundas mudanças na maneira 
de organizar os conteúdos a serem ensinados, as formas como serão trabalhadas 
e acessadas as fontes de informação, e os modos, individuais e coletivos, como 
irão acorrer as aprendizagens. Kenski (2003, p. 76) 
 
 
Eis então o que cabe aos professores: mudança na percepção do ensino, gerada a partir da 
observação do tipo de aprendizagem que se deseja alcançar. A escola pode desenvolver-se junto 
com a tecnologia ou estacionar-se nos modelos tradicionais, desconsiderando tanto a técnica 
como os recursos tecnológicos que o momento atual proporciona. Para Moran (2000, p. 32): 
 
Não se trata de receitas, porque as situações são muito diversificadas. É 
importante que cada docente encontre sua maneira de sentir-se bem, comunicar-
se bem, ajudar os alunos a aprender melhor. É importante diversificar as formas 
de dar aula, de realizar atividades, de avaliar. 
 
Com relação à dinâmica da mudança da conduta do professor, considera-se que deverá ser 
 39 
um processo gradativo, vez que requer um trabalho contínuo de adaptação, conhecimento e 
aprendizado dos novos recursos. Para Kenski (2003, p. 77): 
 
É necessário, sobretudo, que os professores se sintam confortáveis para utilizar 
esses novos auxiliares didáticos. Estar confortável significa conhecê-los, 
dominar os principais procedimentos técnicos para sua utilização, avalia-los 
criticamente e criar novas possibilidades pedagógicas, partindo da integração 
desses meios com o processo de ensino. 
 
 
É preciso associar as modalidades antigas as atuais, não descartando totalmente a práxis 
habitual e não permitindo que todo o desenrolar do ensino aconteça por meio das tecnologias 
atuais, afinal o extremo não é produtivo. É preciso balancear, associar, aproveitar e integrar o 
ensino às novas tecnologias. O papel do professor é o de facilitador, incentivador e motivador da 
aprendizagem. 
 
O processo de mudança do papel do professor requer tempo, mas é premente que ocorra 
devido ao ritmo do desenvolvimento tecnológico. Kenski (2003) após demonstra dados concretos 
de uma pesquisa realizada pelo National Information Infrastructure Advisory Council7, constata 
que não basta oferecer aos professores um conhecimento instrucional de como trabalhar com 
novos equipamentos. Para adquirir as habilidades necessárias, o conhecimento de hardware, a 
capacidade de produção de softwares e a utilização de redes na prática pedagógica são 
necessários um mínimo de 30 horas de treinamento, podendo ser preciso até 215 horas. 
 
[...] a adaptação ao novo ambiente tecnológico, com a exploração de suas 
potencialidades para a educação, é obtida após três meses de experiência. No 
entanto, o aproveitamento criativo dos recursos do computador e das redes 
ocorre com cerca de dois anos de uso contínuo, em sala de aula. É importante 
notar que, durante todo o processo, o professor deve ser assessorado por 
técnicos, que garantam apoio permanente e imediato para a resolução de 
problemas com os equipamentos. Kenski (2003, p. 79). 
 
 
Como se nota, essa é uma realidade ainda distante dos professores brasileiros. Por mais 
que se realizem cursos de preparação, conhecimento instrucional e outros, ainda se está muito 
 
7 Conselho ligado ao anterior governo federal americano que, apresentou uma tabela com as habilidades docentes 
para o trabalho com as novas tecnologias. 
 40 
aquém da perspectiva acima ilustrada. Esse trabalho de aproximação das tecnologias aos 
professores precisa ser realizado com urgência e deve ser iniciado já nos cursos de licenciatura e 
pedagogia, o que de certa forma já vem acontecendo, mesmo que de maneira limitada. Para Lévy 
(1999) aquilo que se preza é a mudança qualitativa nos processos de aprendizagem, por isso o 
destaque no papel do professor. 
 
Se continuarmos formando professores sem essa percepção, continuaremos vivendo num 
mundo cheio de tecnologias, mas com atitudes e conhecimentos limitados, presos a costumes e 
hábitos ultrapassados. Pensar a integração das inovações tecnológicas, que requer a preparação 
dos professores aos processos educacionais, depende da concepção de educação que pretende-se 
ter e oferecer. O papel do professor frente às tecnologias amplia-se significativamente, pois ele 
deixa de ser o informador, que impõe conteúdos e passa a ser um orientador da aprendizagem, e 
segundo Lévy (1999, p. 171) “torna-se um animador da inteligência coletiva dos grupos que 
estão ao seu encargo”. 
 
Retomando a pergunta que norteia este capítulo: qual o perfil do professor nessa nova era? 
Conclui-se que o papel do profissional docente, para as exigências educacionais do nosso tempo, 
se amplia e não se extingue, pois como nos diz Freire (1996), ao ensinar aprende-se e ao aprender 
ensina-se. O perfil do professor é, segundo Kenski (2002), o de “agente de inovações” que 
incansavelmente pesquisa, aceita os desafios e caminha sempre em vistas à aquisição de novos 
conhecimentos. Cabe apontar que ritmo a mudança na formação do professor está tendo frente a 
tantas transformações que vem acontecendo. Será que o nível de qualificação e formação estão 
acompanhando o ritmo da sociedade? Esses são os fundamentos básicos que pretende-se explanar 
no próximo tópico, pois como bem nos diz Freire (1996,p. 23) “[...]quem forma se forma e 
reforma ao formar e quem é formado forma-se e forma ao ser formado”. 
 
 
 
 
 
 
 41 
2.1 ENTRE OS DESAFIOS DAS NOVAS TECNOLOGIAS: UPDATE 
NA FORMAÇÃO DOCENTE 
 
O homem não é, por natureza, o que é ou deseja ser; por isso necessita formar-
se, ele mesmo, segundo as exigências de seu ser e de seu tempo, voltado para 
além do que decorre no dia-a-dia da existência e no reino das motivações 
imediatas. Marques (2006, p. 43). 
 
 
A evidência de uma sociedade cada vez mais tecnológica aponta para a necessidade 
evolutiva de vários ramos, inclusive o educativo. Ao pensar em incluir nos currículos escolares as 
novas tecnologias é preciso levar em consideração as competências e habilidades para lidar com 
tal inclusão. 
 
Fez-se referência à competências e habilidades do profissional docente, pois ele deverá ser 
o sujeito capacitado para, nas suas aulas, orientar os educandos, considerando o componente 
tecnológico como auxiliador do ensino. Pergunta-se, no entanto, se os professores estão 
preparados para esse novo trabalho, para esse papel diferenciado, exigido por esse contexto de 
constantes mudanças. 
 
A discussão sobre novas tecnologias e educação engloba fácil acesso às informações, 
troca de saberes, aprendizagem coletiva, autonomia do professor e do

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