Buscar

NOVA FOR RE EDIT ME

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 83 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 83 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 83 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

METODOLOGIA DE ENSINO
PÓS-GRADUAÇÃO
NÚCLEO COMUM CURSOS DE GESTÃO
MARINGÁ-PR
2011
Professora Esp. Fabiane Carniel
Professora Drª. Gislene Miotto C. Raymundo
Professora Esp. Marcia Maria Previato de Souza
Diretoria do NEAD: Willian Victor Kendrick de Matos Silva
Coordenação de Ensino: Viviane Marques Goi
Coordenação de Curso: Rachel de Maya Brotherhood
Coordenação Administrativa de Curso: Marcia Maria Previato de Souza
Coordenação de Tecnologia: Fabrício Ricardo Lazilha
Núcleo de Produção de Materiais: Ionah Beatriz Beraldo Mateus
Capa e Editoração: Luiz Fernando Rokubuiti, Fernando Henrique Mendes e Ronei Guilherme Neves Chiarandi
Supervisão de Material: Nalva Aparecida da Rosa Moura 
Revisão Textual e Normas: Cristiane de Oliveira Alves, Elaine Bandeira Campos e Janaína Bicudo Kikuchi
Av. Guedner, 1610 - Jd. Aclimação - (44) 3027-6360 - CEP 87050-390 - Maringá - Paraná - www.cesumar.br
NEAD - Núcleo de Educação a Distância - bl. 4 sl. 1 e 2 - (44) 3027-6363 - ead@cesumar.br - www.ead.cesumar.br
Reitor: Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor: Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração: Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Pesquisa, Pós-Graduação e Extensão: Flávio Bortolozzi
“As imagens utilizadas nessa apostila foram obtidas a partir do site PHOTOS.COM”.
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação
 a distância:
C397 Metodologia de ensino/ Fabiane Carniel, Gislene Miotto C. 
 Raymundo, Marcia Maria Previato de Souza - Maringá - PR, 
 2011.
 83 f.
 “Curso de PÓS-GRADUAÇÃO NÚCLEO COMUM CURSOS DE 
 GESÃO - EaD”.
 
 1. Metodologia do ensino. 2. Ensino superior .3. EaD. I. Título.
 
 CDD - 22 ed. 378
 CIP - NBR 12899 - AACR/2
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Central - CESUMAR
METODOLOGIA DE ENSINO
Professora Esp. Fabiane Carniel
Professora Drª. Gislene Miotto C. Raymundo
Professora Esp. Marcia Maria Previato de Souza
5METODOLOGIA DE ENSINO | Educação a Distância
APRESENTAÇÃO
Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande desafio para 
todos os cidadãos. A busca por tecnologia, informação, conhecimento de 
qualidade, novas habilidades para liderança e solução de problemas com 
eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência no mundo do trabalho.
Cada um de nós tem uma grande responsabilidade: as escolhas que 
fizermos por nós e pelos nossos fará grande diferença no futuro.
Com essa visão, o Cesumar – Centro Universitário de Maringá – assume o compromisso 
de democratizar o conhecimento por meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos 
brasileiros.
No cumprimento de sua missão – “promover a educação de qualidade nas diferentes áreas 
do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento 
de uma sociedade justa e solidária” –, o Cesumar busca a integração do ensino-pesquisa-
extensão com as demandas institucionais e sociais; a realização de uma prática acadêmica que 
contribua para o desenvolvimento da consciência social e política e, por fim, a democratização 
do conhecimento acadêmico com a articulação e a integração com a sociedade.
Diante disso, o Cesumar almeja ser reconhecido como uma instituição universitária de 
referência regional e nacional pela qualidade e compromisso do corpo docente; aquisição 
de competências institucionais para o desenvolvimento de linhas de pesquisa; consolidação 
da extensão universitária; qualidade da oferta dos ensinos presencial e a distância; bem-
estar e satisfação da comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica e administrativa; 
compromisso social de inclusão; processos de cooperação e parceria com o mundo do 
trabalho, como também pelo compromisso e relacionamento permanente com os egressos, 
incentivando a educação continuada.
Prof. Wilson de Matos Silva
Reitor
6 METODOLOGIA DE ENSINO | Educação a Distância
Olá, querido aluno! Seja bem-vindo à leitura de nosso material didático do NEAD_ Núcleo de 
Educação a distância do CESUMAR.
Primeiramente, estamos muito felizes em tê-lo como nosso aluno. Temos a perfeita convicção 
que fizeste a escolha certa. Somos hoje, o maior Centro Universitário do Paraná e estamos 
presentes na maioria dos estados brasileiros. Somos conhecidos nacionalmente pela nossa 
qualidade de ensino em ambas modalidades: presencial e a distância.
Este material foi preparado com muito carinho e dedicação para que chegasse a você com a 
maior clareza possível. Ele foi baseado nas diretrizes curriculares do curso em questão e está 
em plena consonância com o Projeto Pedagógico do Curso.
Neste projeto Pedagógico estão as diretrizes que seu curso segue. Nele, você encontra os 
objetivos gerais e específicos, o perfil do egresso, a metodologia, os critérios de avaliação, 
o ementário, as bibliografias e tudo o que você precisa saber para estar bem informado e 
aproveitar o curso com o máximo proveito possível. Ele está disponível pra você! O que acha 
de tomar conhecimento dele? Tenho certeza que irá gostar. Tenho certeza que achará muito 
interessante sua compreensão.
No AVA - Ambiente Virtual de Aprendizagem, constam gravações as quais os professores que 
organizaram esse material gravaram alguns vídeos, que juntamente com sua leitura ajudará 
você no processo de aprendizagem.
Como vivemos numa sociedade letrada, precisamos e devemos estar sempre atentos às 
informações contidas nas leituras. Uma boa leitura para ter eficiência e atingir nossos objetivos 
precisa ser muito bem interpretada, de modo que, tão logo seja feita, seja possível absorver 
conceitos e conhecimentos antes não vistos e ou compreendidos.
Além de sua motivação para a absorção desse conteúdo, algumas dicas são bem-vindas: 
esteja concentrado, enquanto lê. Leia lentamente, prestando atenção em cada detalhe. Esteja 
sempre com um dicionário por perto, pois ele o ajudará a entender algumas palavras que por 
ventura serão novas em seu vocabulário. Saiba que tipo de texto e o assunto este material lhe 
trata. E claro, estude em um ambiente que lhe traga conforto e tranquilidade.
Um grande abraço com desejos de um excelente aproveitamento.
Profª. Viviane Marques Goi
Coordenadora de Ensino do NEAD- CESUMAR
SUMÁRIO
UNIDADE I
AS ORIGENS DA EDUCAÇÃO, PRINCIPALMENTE DA EDUCAÇÃO UNIVERSITÁRIA E O 
CONTEXTO NA QUAL ESTÁ INSERIDA
A UNIVERSIDADE E SUAS ORIGENS...........................................................................................13
O CONTEXTO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR NO BRASIL............................................................16
LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA – LDB 9.394/96.....................22
O ARTIGO 43 DA LDB E AS FINALIDADES DA EDUCAÇÃO.....................................................24
A EDUCAÇÃO SUPERIOR NO BRASIL ATUALMENTE...............................................................27
UNIDADE II
UMA REFLEXÃO SOBRE AS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS
A PRÁTICA DOCENTE DO PROFESSOR UNIVERSITÁRIO.......................................................41
AS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS BRASILEIRAS.......................................................................44
UNIDADE III
OS REQUISITOS E COMPETÊNCIAS DO PROFESSOR UNIVERSITÁRIO
A NECESSIDADE DE CONHECIMENTOS EPISTEMOLÓGICOS E A FORMAÇÃO DE 
PROFESSORES..................................................................................................................................62
A UTILIZAÇÃO DE ESTRATÉGIAS DE ENSINO-APRENDIZAGEM EM SALA DE AULA.....66
REFLEXÕES SOBRE A AVALIAÇÃO...............................................................................................70
REFERÊNCIAS......................................................................................................................80
UNIDADE I
AS ORIGENS DA EDUCAÇÃO, PRINCIPALMENTE DA 
EDUCAÇÃO UNIVERSITÁRIA E O CONTEXTONA 
QUAL ESTÁ INSERIDA
Professora Esp. Fabiane Carniel
Professora Dr.ª Gislene Miotto C. Raymundo
Professora Esp. Marcia Maria Previato de Souza
Objetivos de Aprendizagem
•	 Entender	o	contexto	educacional	em	nível	superior.
•	 Contextualizar	a	criação	das	universidades,	bem	como	suas	origens	mais	remotas	
para entender a situação do ensino superior atualmente. 
•	 Compreender	e	refletir	a	criação	da	LDB	–	motivações	e	objetivos.	
•	 Refletir	sobre	o	papel	do	professor	e	o	artigo	43	da	LDB.	
•	 Compreender,	refletir	e	debater	o	ensino	superior	no	Brasil	na	contemporaneidade.	
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
•	 A	universidade	e	suas	origens
•	 O	contexto	da	educação	superior	no	Brasil
•	 Lei	de	diretrizes	e	bases	da	educação	brasileira	–	LDB	9.394/96
•	 O	artigo	43	da	LDB	e	as	finalidades	da	educação	
•	 A	educação	superior	no	Brasil	atualmente
13METODOLOGIA DE ENSINO | Educação a Distância
INTRODUÇÃO
Compreender a trajetória do ensino é um fator preponderante em qualquer curso de formação 
de professores e afins. Diante deste pressuposto, o estudo da trajetória das universidades e do 
ensino superior é bastante razoável, pois podemos verificar esta instituição como formadora 
para os demais níveis de educação. 
Para reflexão acerca de muitas situações que se referem à educação em nosso país, se faz de 
máxima importância situar-se em todo esse contexto, pois somente a partir do conhecimento 
de fatores que originaram tais situações é que algumas delas podem ser combatidas. 
Nesta perspectiva, ainda é possível afirmar que a compreensão deste contexto se constitui 
em uma importante fonte de conhecimento para outros conceitos que serão estudados e quiçá 
para planejar e aprimorar as práticas de ensino daqueles que almejam a docência no ensino 
superior. 
Nossa proposta nesta unidade é apresentar as circunstâncias gerais que regem a educação 
superior, pois somente após essa contextualização podemos apresentar os demais 
conteúdos que compõem esta disciplina. Não seria possível que educador passasse por uma 
especialização e não soubesse das origens da universidade no mundo e no Brasil. 
A priori nossa intenção é compreensão por parte do acadêmico do termo universidade e em 
seguida apresentar-lhe o cenário e as condições que originaram as primeiras universidades 
no mundo. Na sequência a interação com as origens do ensino superior no Brasil serão 
brevemente encadeadas, passando inclusive pela criação da Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação Brasileira (LDB) e as condições atuais da educação em nosso país. 
Assim, esperamos contribuir de forma significativa na formação de professores, pois um 
pressuposto fundamental para o exercício dessa profissão com excelência e qualidade é o 
conhecimento da educação como um todo. 
 
A UNIVERSIDADE E SUAS ORIGENS
Para maior compreensão da disciplina em questão é importante situar o acadêmico no 
contexto histórico da criação das universidades. Para justificarmos nosso estudo e direcioná-
14 METODOLOGIA DE ENSINO | Educação a Distância
lo melhor, explicitaremos nas palavras de Castanho (2000, p. 19) o conceito da denominação 
de Universidade: 
A palavra Universitas era muito usada na linguagem jurídica para designar uma 
corporação, ou seja, uma associação com certo grau de unidade. Nesse sentido, 
tinha sinonímia com societas (sociedade), consortiun (consórcio) e até mesmo com 
collegium (colégio), embora esta última viesse a ter significado próprio na vida 
estudantil. Universidade designava corporação e se empregava não apenas para a 
sociedade dos mestres, mas igualmente para outras associações profissionais. Por sua 
vez a universidade compunha-se de um certo número de faculdades. O que era uma 
faculdade? Inicialmente, o termo não era designativo de uma unidade administrativa, 
mas de um ramo de estudos ou mesmo de uma disciplina. Aquilo que hoje designamos 
como uma disciplina, filosofia, por exemplo, ou como um curso, curso de filosofia, por 
exemplo, designava-se com a palavra latina facultas. Com o tempo, a faculdade deixou 
de ser disciplina estudada e passou a ser unidade onde se estudava essa disciplina. 
Ainda podemos definir esse tipo de instituição como local de formação multidisciplinar de 
ensino superior, pesquisa e extensão, que visa o domínio do saber humano, qualificando o 
indivíduo para o exercício de uma profissão ou da pesquisa em determinada área. Essas 
instituições preveem e formalizam a educação em duas esferas: graduação e pós-graduação. 
Dessa forma, após a exposição do termo universidade vamos recorrer ao seu passado histórico 
para melhor compreensão dessa nos dias atuais. 
Os primeiros estudos superiores são provenientes das escolas monacais e catedráticas. As 
primeiras funcionavam em mosteiros e as segundas, dentro das catedrais da Igreja Católica, 
contudo, essas instituições formavam somente especialistas diplomados por serem, na 
verdade, constituídas por uma agregação de várias escolas de saberes específicos. 
Os primeiros estudos superiores são 
provenientes das escolas monacais e 
catedráticas. As primeiras funcionavam em 
mosteiros e as segundas, dentro das 
catedrais da Igreja Católica.
Bem mais adiante, na cidade de Bolonha, em 
1088, é que nasceu a primeira universidade 
especializada na área de direito e não relacionada ao clero. A partir daí, principalmente no 
continente europeu, muitas outras instituições surgiram, dentre elas a mais famosa foi a 
universidade de Paris fundada na segunda metade do século XII, entre 1150 e 1170. 
Fo
nte
: P
HO
TO
S.
CO
M
15METODOLOGIA DE ENSINO | Educação a Distância
Nesse período, na Europa, houve uma grande mobilização em função da intelectualidade, pois 
se percebia de forma acentuada o confronto entre a fé Cristã e a cientificidade dos conceitos 
levantados. De acordo com Castanho (2000, p. 17): 
Estudantes deslocavam-se de grandes distâncias para ouvir mestres que colocavam 
“questões” (questiones), que geralmente envolviam a validade do “universais”, isto é, 
dos conceitos gerais aplicáveis a toda uma classe de coisas, ensejando a questão 
de saber se tais conceitos tinham existência em si ou se, contrariamente, somente as 
coisas singulares realmente existiam. 
No período destacado como Renascimento, em que diversas transformações aconteceram, 
principalmente, nos campos da política, sociedade, cultura, economia e religião, tais 
instituições foram ainda mais reforçadas pelos conceitos de retomada das referências culturais 
da antiguidade clássica. Essa época também é marcada por ser um período de transição 
do feudalismo para o capitalismo e ruptura com as estruturas medievais. Daí em diante as 
universidades foram se desenvolvendo cada vez mais, principalmente, diante da necessidade 
que essas instituições tinham de suscitar o saber e se desvencilhar da Igreja.
As universidades constroem sua história de acordo com a sociedade em que estão inseridas 
defendendo princípios importantes da humanização e formação de sujeitos, acesso ao 
conhecimento assim como a preparação profissional. Contudo, vale ressaltar que muitos 
resquícios da universidade medieval perduram em nossos dias, essa afirmação é garantida 
quando verificamos as palavras de Castanho (2000, p.23): 
Claro que a universidade medieval não é exatamente a universidade do século XX 
nem esta, no que tem sido ao longo destes cem anos, será a mesma da do século 
XXI. Contudo, há uma linha de continuidade no fundo das inúmeras rupturas que 
assimilaram os mil anos da universidade. Apesar da tensão que marca a inserção 
social da universidade, ela é uma instituição social e se amolda como tal às diferentes 
configurações sociais registradas na história. Do modo de produção feudal, que balizou 
a conformação da sociedade medieval, ao modode produção capitalista na sua 
modalidade mercantil, que foi o pano de fundo da sociedade renascentista europeia e 
de suas colônias, daí para o modo de produção capitalista industrial e para as diversas 
modulações deste, concorrencial, monopolista, neocolonialista, associacionista e agora 
globalizado, a sociedade mudou muito. As classes sociais se modificaram, a fisionomia 
sociopolítica geral alterou-se profundamente. E seria ao menos ilógico, se não fosse 
profundamente anti-histórico, imaginar que alguma instituição social permanecesse 
incólume. Não haveria a universidade de ser a única exceção numa voragem que 
transfigurou a família, o Estado, o trabalho, a propriedade.
Assim, queremos deixar claro que também a universidade como qualquer outra instituição 
social, se modifica, se adapta, influencia e é influenciada pela evolução da humanidade e pelas 
mudanças que essa sofre. 
16 METODOLOGIA DE ENSINO | Educação a Distância
A	instituição	Universidade	significa	desenvolver	ensino,	pesquisa	e	extensão,	ter	autonomia	didática,	
administrativa	e	financeira	e	congregar	um	corpo	docente	com	titulação	acadêmica	significativa	de	
mestrado ou doutorado.
Exercer	atividade	docente	em	Centros	Universitários,	ente	institucional	criado	pela	LDB,	significa	trab-
alhar em instituição que desenvolva ensino de excelência, que atue em uma ou mais áreas do conhe-
cimento e que tenha autonomia para abrir e fechar cursos e vagas de graduação sem autorização. Já 
as Faculdades Integradas representam um conjunto de instituições em diferentes áreas do conheci-
mento, que oferecem ensino e, às vezes, pesquisa e extensão. Esses estabelecimentos dependem do 
Conselho Nacional da Educação (CNE) para criar cursos e vagas. Os Institutos Superiores ou Escolas 
Superiores atuam, em geral, em uma área do conhecimento e podem fazer ensino ou pesquisa, de-
pendendo do CNE para expandir sua área de atuação. 
Professor do Ensino Superior – identidade, docência e Formação. 
Professor do ensino superior: identidade, decência e formação / Marília Costa Morosini
(Org.). Brasília: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, 2000.
O	CONTEXTO	DA	EDUCAÇÃO	SUPERIOR	NO	BRASIL
No Brasil, o processo de criação das Universidades foi tardio, como normalmente acontece 
em função de nosso país ter sido colônia de exploração de Portugal. Assim, para esse país 
não era importante que suas colônias tivessem acesso ao conhecimento, muito menos, que 
sua população pensasse criticamente. Fazendo menção ao que foi dito anteriormente, vale 
ressaltar que o Brasil não teve a mesma sorte que as colônias espanholas e inglesas tiveram, 
pois já no século XVI e XVII respectivamente, surgiram cursos universitários nas mesmas. 
No início da colonização somente as ordens religiosas se preocuparam com a educação no 
Brasil, porém, essa tal preocupação não se dava pelo fato da educação ser um direito humano, 
mas sim, para garantir a catequese contra-reformista. Brandão (1997, p.05) afirma que: 
Os estabelecimentos de ensino dos jesuítas seguiam normas padronizadas, 
sistematizadas no tratado Studiorum, que previa um currículo único para estudos 
escolares dividido em dois graus: os Studia Inferiora e os Studia Superiora. A 
grosso modo, elas correspondiam aos atuais ensinos secundário e universitário 
respectivamente. Os primeiros desenvolviam-se em até sete séries anuais, enquanto 
os últimos compreendiam os cursos de Filosofia e Teologia. Os de filosofia levavam três 
anos, onde eram estudadas obras de Aristóteles, e os de Teologia tinham duração de 
quatro anos, nos quais se estudavam as escrituras, o hebraico, a teologia especulativa 
segundo Thomás de Aquino e, no último ano Teologia Prática. 
17METODOLOGIA DE ENSINO | Educação a Distância
Normalmente, esses cursos funcionavam em colégios dos próprios Jesuítas e neles estudavam 
os jovens destinados à preparação do sacerdócio e também estudantes externos. No Brasil, 
os ensinamentos transmitidos por esses religiosos sofreram algumas alterações pedagógicas 
para se adaptar a realidade local, dessa forma, o currículo acima descrito se apresentava um 
pouco distinto, porém, a base eclesiástica era a mesma. Nos colégios Jesuítas do Brasil, havia 
quatro graus de ensino, sucessivos e propedêuticos: o curso Elementar, o de Humanidades, o 
de Artes e o de Teologia (BRANDÃO, 1997). Da totalidade de 17 colégios aqui estabelecidos, 
somente oito ofereciam o curso de artes, reafirmando então o ensino de cunho religioso. 
O primeiro colégio Jesuíta no Brasil foi fundado na Bahia em 1550 e esse serviu de modelo 
para os demais colégios instituídos em outras localidades do país. Em 1638, no Rio de Janeiro 
foi fundado mais um colégio Jesuíta e iniciou suas atividades oferecendo o curso de filosofia. 
Nesse período, o número de estudantes em todos os colégios dessa ordem religiosa somava-
se trezentos. No ano de 1759, os Jesuítas foram expulsos de Portugal e as propriedades onde 
se estabeleciam tais instituições foram a leilão e terceiros as adquiriram, passando a explorá-
las com outros fins que não fossem o de abrigar os colégios, desintegrando então e estrutura 
até então formada. 
Com a precariedade da Educação Superior no Brasil e o avanço dela na Europa, pois a presença 
das instituições universitárias se destacava desde a idade média, os altos funcionários da 
Igreja, da coroa e os filhos de fidalgos coloniais se deslocavam até lá para aquisição de seu 
diploma. Nota-se aí que desde muito cedo a educação superior foi e ainda é privilégio das 
elites de nossa sociedade. 
Apesar do pouco empenho em instituir uma Educação Superior de qualidade, na transição 
dos séculos XVII para XVIII, foi criado no Rio de Janeiro, por interesse meramente de ordens 
práticas, o curso superior de Engenharia Militar, pois tinha como objetivo formar uma extensão 
do exército português. Também, em meio às turbulências do século XVIII, os inconfidentes 
mineiros até tentaram a fundação de uma instituição de ensino superior, porém, não tiveram 
êxito. Com a vinda da família real portuguesa para o Brasil, criou-se em 1808, no Rio de 
Janeiro a escola médico-cirúrgica com caráter de ensino superior. 
Somente a partir de 1889, com a proclamação da república é que se constata o aumento 
das instituições de ensino superior no Brasil. Essas atendiam um modelo de unidades 
desconexas entre si e voltadas para formação profissional. Mesmo com a necessidade urgente 
18 METODOLOGIA DE ENSINO | Educação a Distância
da socialização do Ensino Superior, pois os europeus e muitos outros países da América 
Latina estavam extremamente evoluídos nesse sentido em relação ao nosso país, somente em 
1920, surgiu no governo de Epitácio Pessoa, a Universidade do Rio de Janeiro que mais tarde 
foi intitulada Universidade Federal do Rio de Janeiro. Nela foi criada a reitoria e o conselho 
universitário, caracterizando assim um modelo sistemático e característico desse tipo de 
instituição. 
Em 07 de setembro de 1920, O decreto no 13.343, do Ministro do Interior Alfredo Pinto, 
promulgado pelo presidente Epitácio Pessoa, determinou a criação da Universidade 
do Rio de Janeiro, a primeira instituição de ensino superior no Brasil que vingou com o 
nome Universidade. Sua estrutura consistiu numa aglutinação de diversas faculdades 
(BRANDÃO, 1997, p. 20).
Em 1934, foi criada a Universidade de são Paulo, nascida após a derrota na Revolução 
Constitucionalista de 1932, tinha como objetivo a fundação de uma instituição de altos estudos 
sociais e políticos para a formação de uma elite moderna e culta. Dessa forma, foi no governo 
de Getúlio Vargas que as universidades foram realmente se caracterizando como tal. Foi 
também durante seu governo que se estabeleceu a política educacional liberal, essa por sua 
vez trazia seus conceitos pautados nas ideias do Liberalismo, que de acordo com pensadores 
ingleses efranceses tinha como princípios o individualismo, a liberdade, a propriedade, a 
igualdade e a democracia. Todavia, dentro desses princípios a educação que se estabelecia 
no Brasil com a criação da universidade de São Paulo, dividia-se em duas vertentes: a elitista 
e a igualitária. A primeira vertente foi defendida por Fernando Azevedo em que as escolas 
superiores, deveriam, acima de tudo, formar professores para a escola secundária e essa 
formação seria satisfatória, pois os saberes intelectuais por seus professores aprendidos 
seriam nela disseminados a todo povo. 
Em contrapartida, temos Anísio Teixeira defendendo a educação igualitária. Suas ideias foram 
decisivas para a criação de políticas educacionais que contribuíssem para o acesso da classe 
trabalhadora e das camadas médias às universidades. Essas ideias diante do regime político 
da era Vargas foram muitas vezes sufocadas, e dentre seus intentos, em 1935, em meio a toda 
essa repressão ele idealizou a Universidade do Distrito Federal, essa enfrentou a resistência 
do próprio governo federal sob a alegação de que a instituição idealizada por Teixeira não se 
adequava ao estatuto das Universidades vigente. Isso acontecia em função da previsão por 
parte do governo da participação democrática dos estudantes no conselho universitário e da 
autonomia que tal instituição teria. 
19METODOLOGIA DE ENSINO | Educação a Distância
Tais previsões se confirmaram, pois os estudantes realmente se constituíram em uma força 
política ativa, não se deixando manipular por outras forças. Nesse cenário cria-se então a UNE 
– União Nacional dos Estudantes.
Em 11 de agosto de 1937, iniciou-se no Rio de Janeiro o Conselho Nacional dos 
Estudantes, promovido pela Casa do Estudante do Brasil. Em 5 de dezembro de 
1938, o Conselho reuni-se em um congresso denominado 2º Congresso Nacional dos 
Estudantes, inclusive com a participação de representante do Ministério da Educação. 
A tese mais importante discutida foi a criação da União Nacional dos Estudantes. Em 
22 de dezembro, foi aprovada a proposta relativa aos estatutos da UNE. Na realidade, a 
sua criação caracterizou-se como resultado da tentativa de cooperação dos estudantes, 
opositores do autoritarismo, pelo Estado, interessado no seu controle por mecanismos 
corporativos (BRANDÃO, 1997, p. 20).
Na década de 1950 ocorreu a criação das universidades federais, estaduais e municipais, 
fato esse reforçado pela criação da Lei de diretrizes e Bases da Educação Brasileira - LDB 
4.024/61 que suscitou muitas discussões desde 1948. Mas como reforçamos as instituições 
de ensino não são alheias ao que acontece na sociedade, durante o regime militar (1964/85) 
a universidade principalmente seus integrantes, alunos, professores e administradores foram 
perseguidos, pois essas eram consideradas pelo regime focos subversivos. Vale lembrar que 
também as agremiações estudantis, como principalmente a UNE, foram destituídas e muitos 
de seus integrantes foram presos ou obrigados a se refugiarem. 
Diante disso, a proposta do regime militar era modernizar as instituições de ensino superior em 
nosso país, contudo, por trás dessa proposta o que se pretendia era transformar a universidade 
em centro de capital humano, única e exclusivamente para atender a interesses econômicos. 
Dessa forma, percebe-se então a influência de instituições internacionais, principalmente 
norte-americanas. 
Por representar resistência e contrariedade 
ao regime militar, principalmente por meio de 
manifestações públicas, alunos e diretores 
de universidades foram perseguidos durante 
essa época. 
Posteriormente a isso, já na década de 1970, 
se presencia uma expansão sem limites do 
Ensino Superior no Brasil, passando de 300.000 alunos para um milhão e meio em 1980. Muitos 
fatores contribuíram para esse contexto: a concentração urbana da população, exigência de 
Fo
nte
: P
HO
TO
S.
CO
M
20 METODOLOGIA DE ENSINO | Educação a Distância
melhor formação para mão de obra industrial e de serviços e a facilidade para a abertura de 
escolas privadas. 
Na década de 1980 uma grave crise econômica assola o Brasil e como não podia deixar de 
ser também o Ensino Superior foi afetado por ela. Toda a expansão que acontecera na década 
anterior fora retardada pela crise. O percentual de alunos ingressantes no ensino superior era 
bem abaixo de outros países em igual situação de crescimento e desenvolvimento. Então no 
governo Sarney, foi instaurada uma comissão para analisar a situação do Ensino Superior 
brasileiro da época e apresentar proposta para uma reforma. De acordo com o relatório 
apresentado pela então Comissão Nacional para Reformulação da Educação Superior, os 
principais problemas a serem solucionados eram: professores mal remunerados, carência de 
equipamentos, laboratórios e bibliotecas, descontinuidade de pesquisas, discriminação social 
no acesso às universidades, sistemas antidemocráticos de administração e escolha dos quadros 
dirigentes, crise financeira e pedagógica do ensino privado, excesso de controles burocráticos 
nas universidades públicas, pouca clareza na prevalência do sistema de mérito na seleção e 
promoção de professores. Ainda, segundo Brandão (1997), o relatório também destacou que 
as nossas universidades não estavam preparadas para enfrentar as próximas décadas, assim 
como os novos desafios da educação no que diz respeito também às concepções de ensino 
e principalmente um fator preponderante conferido ao ensino superior: o incentivo à pesquisa. 
É ainda diante dessas circunstâncias que em 1996, se promulgou a última versão da Lei de 
Diretrizes e Bases da Educação Brasileira – LDB 9.394/96, também conhecida como lei Darcy 
Ribeiro, por ser o senador em questão o relator da referida lei. Desde então, essa é a lei que 
rege a educação Brasileira como um todo e os artigos 43 a 57 são especificamente destinados 
ao ensino superior. 
21METODOLOGIA DE ENSINO | Educação a Distância
As universidades passageiras: 
A liberação de antigos anseios federativos, criados pela Proclamação da República, propiciou iniciati-
vas de criação de instituições de ensino superior em diversos estados. À revelia do poder central sur-
giram três universidades: No Amazonas, em São Paulo e no Paraná, embora durassem pouco tempo. 
A Universidade de Manaus foi criada em 1909, quando o clico da borracha encontrava-se no auge 
da prosperidade. O declínio do ciclo da borracha levou a Universidade de Manaus à crise por falta de 
alunos e de subsídios estatais. Em 1926 ela se dissolveu, dividindo-se em três estabelecimentos iso-
lados: A Faculdade de Engenharia, a Escola de Agronomia e Faculdade de Medicina, que deu origem 
a Faculdade de Farmácia e Odontologia. 
A Reforma Rivadávia Corrêa encontrou em São Paulo quem tirasse proveito do intento desfocalizado 
do governo para fundar uma universidade. A Universidade de São Paulo, que em nada tem a ver com 
a USP atual, foi fundada em 1911, sendo inaugurada um ano depois. O seu objetivo era oferecer 
ensino de todos os graus: primário, secundário, superior e “transcendental”(abrangendo assuntos de 
interesse geral). Em 1915, a Universidade chegou a ter 700 estudantes e 100 professores e procurou 
inovar os métodos de ensino superior, dando à apresentação do fato, ou à demonstração, papel que 
antes só cabia à exploração do professor. Defensores do ensino superior estatal passaram a criticá-la 
fortemente. Uma lei da Assembléia Estadual de São Paulo determinava que só poderiam exercer a 
odontologia	os	formados	por	faculdades	oficiais.	Como	a	Universidade	de	São	Paulo	era	particular,	
seus	diplomados	não	poderiam	exercer	legalmente	a	profissão	de	dentista.	
Ao contrário das outras universidades passageiras, da Universidade de São Paulo, não restou uma só 
escola de ensino superior que desse origem a outra universidade. 
Um	mês	após	a	fundaçãoda	Universidade	de	São	Paulo,	um	grupo	de	profissionais	liberais	e	altos	
funcionários do governo do Estado do Paraná promoveram a criação da Universidade do Paraná, em 
1912. Os estatutos expressavam um ambicioso programa, prevendo a instalação de vários cursos, 
além	de	hospital	universitário,	policlínica	geral,	maternidade,	serviço	de	assistência	jurídica,	oficinas	
técnicas, hospital veterinário, serviço comercial e fazenda modelo. Ela seria uma associação civil 
gozando de toda autonomia. O ensino seria pago, sendo gratuidade uma exceção. Esse ambicioso 
projeto não teve tempo de ser realizado. Em 1915, a reforma Carlos Maximiliano, com efeito ret-
roativo, impedia a equiparação de escolas superiores em cidades com menos de 100 mil habitantes, 
como era o caso de Curitiba. Como a instituição visava a equiparação dos cursos federais, não teve 
outra alternativa, senão, se dissolver. Contudo, o Conselho Superior de Educação reconheceu três de 
seus cursos isolados: as Faculdades de Direito, Medicina e Engenharia. Em 1946, essas faculdades, 
acrescidas	de	 filosofia,	 vieram	a	 compor	 a	Universidade	do	Paraná,	 equiparada	no	mesmo	ano	e	
federalizada em 1950. 
MOREIRA, Daniel A (org). Didática para o ensino superior - técnicas e tendências, in: A evolução do 
ensino superior brasileiro: uma abordagem histórica abreviada. São Paulo: Thompson, 2003. 
22 METODOLOGIA DE ENSINO | Educação a Distância
LEI	DE	DIRETRIZES	E	BASES	DA	EDUCAÇÃO	BRASILEIRA	–	LDB	9.394/96.
A LDB 9.394/96 apresenta 96 artigos que tratam da educação brasileira em todos os níveis 
e modalidades: educação infantil, ensino fundamental, ensino médio, educação de jovens e 
adultos, educação profissional, educação superior, educação especial e educação a distância. 
O texto aprovado em 1996 é resultado de um longo embate, que durou cerca de seis anos, 
entre duas propostas distintas. A primeira conhecida como Projeto Jorge Hage foi resultado 
de uma série de debates abertos com a sociedade, organizados pelo Fórum Nacional em 
Defesa da Escola Pública, sendo apresentado pelos senadores Darcy Ribeiro, Marco Maciel 
e Maurício Correa em articulação com o poder executivo através do Ministério da Educação 
– MEC. 
A principal divergência era em relação ao papel do Estado na Educação. Enquanto a proposta 
dos setores organizados da sociedade civil apresentava uma grande preocupação com 
mecanismos de controle social do sistema de ensino, a proposta dos senadores previa uma 
estrutura de poder mais centrada nas mãos do governo. Apesar de conter alguns elementos 
levantados pelo primeiro grupo, o texto final da LDB se aproxima mais das ideias levantadas 
pelo segundo grupo, que contou com forte apoio do governo Fernando Henrique Cardoso nos 
últimos anos de tramitação. 
Vale retomar que a aprovação da LBD se deu diante de uma expansão fenomenal do ensino 
superior privado, uma vez que as universidades públicas não supriam a demanda necessária. 
Além disso, essa situação se dá mediante a uma espécie de subordinação aos mecanismos 
internacionais que mais uma vez agem sobre a educação dos países em desenvolvimento, e 
nesse caso especificamente podemos destacar a UNESCO e o Banco Mundial. 
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira ampliou e incorporou alguns princípios 
já estabelecidos em nossa constituição, enfatizando o respeito à liberdade e o apreço à 
tolerância, coexistência das instituições públicas e privadas de ensino, valorização da 
experiência extraescolar e vinculação entre educação escolar, o trabalho e as práticas sociais.
Para que possamos exercer a docência com verdadeira interação à prática educação é 
importante conhecer alguns desses princípios: 
Princípio da igualdade de condições para o acesso e a permanência na escola. Esse princípio 
23METODOLOGIA DE ENSINO | Educação a Distância
está diretamente ligado à democratização do ensino público. Porém, para que haja uma efetiva 
democratização do ensino público, precisam ser garantidas as condições de permanência 
na escola. Assim, não basta acesso ao ensino, é necessária a garantia de condições para 
a permanência nos bancos escolares. Nesse sentido, Estado e instituições sociais como a 
família são responsáveis por isso. 
Princípio da liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, 
a arte e o saber do pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e a coexistência de 
instituições públicas e privadas de ensino. No caso anteriormente descrito, não há que se 
falar em educação, onde não se admite a diversidade de opiniões. Temos aqui a democracia 
garantida em toda a sua extensão. A coexistência de instituições de ensino públicas e privadas 
seguem a mesma linha de raciocínio de respeito à liberdade e tolerância, pois garante 
investimento do setor privado na educação sem o risco de estatização.
Princípio da valorização do profissional da educação. A situação desse profissional infelizmente 
enfrenta grandes disparidades em nosso país. Além de um salário justo, é preciso garantir um 
plano de carreira. Porém, não basta a remuneração financeira para o desenvolvimento pleno 
do professor, é fundamental que esse tenha a seu favor uma boa estrutura física, tecnológica 
e intelectual para melhor desempenho em sala de aula. Nesse aspecto, destacamos o 
fornecimento de livros e periódicos de qualidade, a inclusão digital, acesso à vida cultural e 
troca de informações com docentes de outras instituições. 
Princípio da garantia de qualidade. Todos aqueles que frequentam os bancos escolares, 
seja de qualquer nível de ensino, devem receber educação de qualidade. Para isso, todos os 
princípios já citados e mais uma série de outros fatores que também contemplaremos nesse 
material, devem estar em harmonia. Não há como se falar em educação de qualidade sem 
profissionais bem remunerados e preparados, sem suporte material e tecnológico, sem alunos 
com condições efetivas de acesso ao ensino. Assim, a educação como prioridade nacional 
deve ser mais que um projeto, deve ser prática incansável de todos. 
Leia na íntegra a lei que rege a Educação Brasileira – LDB 9.394/96, para isso basta acessar: <ftp://
ftp.fnde.gov.br/web/siope_web/lei_n9394_20121996.pdf>
24 METODOLOGIA DE ENSINO | Educação a Distância
O	ARTIGO	43	DA	LBD	E	AS	FINALIDADES	DA	EDUCAÇÃO
Não é nosso objetivo neste material analisar o cumprimento da lei 9.394/96 e sim apresentá-
la ao acadêmico. Porém, constatamos a fundamental importância de uma breve análise do 
artigo 43, uma vez que esse trata das finalidades da educação superior e nosso objetivo com 
essa disciplina é que você como estudante de um curso de especialização seja agente em 
todo esse processo e desempenhe sua função de modo que auxilie na concretização de tais 
finalidades. A saber, o artigo 43 da LDB 9.394: 
Art.	43º.	A	educação	superior	tem	por	finalidade:
I	-	estimular	a	criação	cultural	e	o	desenvolvimento	do	espírito	científico	e	do	pensamento	reflexivo;
II	-	formar	diplomados	nas	diferentes	áreas	de	conhecimento,	aptos	para	a	inserção	em	setores	profis-
sionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua forma-
ção contínua;
III	-	incentivar	o	trabalho	de	pesquisa	e	investigação	científica,	visando	o	desenvolvimento	da	ciência	
e da tecnologia e da criação e difusão da cultura, e, desse modo, desenvolver o entendimento do 
homem e do meio em que vive;
IV	 -	 promover	a	divulgação	de	conhecimentos	 culturais,	 científicos	e	 técnicos	que	constituem	pat-
rimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicações ou de outras formas 
de comunicação;
V	 -	 suscitar	 o	desejo	permanente	de	aperfeiçoamento	 cultural	 e	profissional	 e	possibilitar	 a	 corre-
spondente concretização, integrando os conhecimentos que vão sendo adquiridos numa estrutura 
intelectual sistematizadora do conhecimentode cada geração;
VI - estimular o conhecimento dos problemas do mundo presente, em particular os nacionais e region-
ais, prestar serviços especializados à comunidade e estabelecer com esta uma relação de reciproci-
dade;
VII - promover a extensão, aberta à participação da população, visando à difusão das conquistas e 
benefícios	resultantes	da	criação	cultural	e	da	pesquisa	científica	e	tecnológica	geradas	na	instituição.
Dentro dessa perspectiva, iniciaremos nossas considerações ressaltando Souza e Silva (1997, 
p. 76) em uma menção sobre o artigo aqui analisado: 
O verbo “estimular” melhor estaria se fosse trocado por promover, que é mais forte e 
apropriado para o caso. De qualquer forma, fica claro que cabe a esse grau de ensino 
fomentar a criação cultural, o desenvolvimento do espírito (ou capacidade) científico, 
bem como do pensamento reflexivo ou crítico. 
Além disso, também é função primordial desse nível de ensino preparar profissionais para o 
mercado de trabalho, dessa forma, acompanhando a economia, fatores sociais, bem como as 
necessidades de cada região e do país em âmbito geral. Chamamos atenção para a importância 
25METODOLOGIA DE ENSINO | Educação a Distância
dessas instituições em suscitar em seus estudantes valores sociais, o interesse pela pesquisa, 
o senso crítico, reflexivo, que os leve a pensar de maneira contextualizada e abrangente para 
que esses possam agir na sociedade na qual estão inseridos transformando-a para melhor 
e auxiliando na resolução de problemas e auxiliando no desenvolvimento da nação. Quando 
Libâneo; Oliveira e Torchi (2005, p. 258) definem as funções do ensino superior, nos reportam 
basicamente nas ideias expressas no artigo 43:
A educação superior [...] tem por finalidade formar profissionais nas diferentes 
áreas do saber, promovendo a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e 
técnicos e comunicando-os por meio do ensino. Objetiva estimular a criação cultural 
e o desenvolvimento do espírito científico e do pensamento reflexivo, incentivando 
o trabalho de pesquisa e a investigação científica e promovendo a extensão. Visa 
divulgar à população a criação cultural e a pesquisa científica e tecnológica geradas 
nas instituições que oferecem a formação em nível superior e produzem conhecimento. 
A partir disso verificamos então o que pode ser chamada na tríade de sustentação para a 
universidade, ensino, pesquisa e extensão. Como vimos, nossa LDB regulamenta essa 
tríade como base crucial na formação dos indivíduos, essa determinação é valida tanto para 
instituições públicas ou privadas, porém, a necessidade de formação imediata em algumas 
áreas e de se aumentar a demanda das vagas nesse nível tem feito com que a pesquisa fique 
em segundo plano ou até mesmo esquecida nesse processo, apontando uma deficiência que 
precisa ser corrigida imediatamente para que a passagem de um acadêmico pela universidade 
não se torne falha. 
De acordo com Balzan (2000), até existem situações em que se pode apresentar um ensino 
superior de qualidade sem pesquisa e nesses casos somente um professor extremamente 
atualizado e dotado de uma epistemologia e práticas eficazes poderia ser capaz de supri-la, 
contudo o mesmo autor é enfático em declarar: exceto os casos que se aproximam desses 
exemplos e que constituem, de fato, absolutas exceções, a articulação ensino-pesquisa é 
necessária para que se alcance um ensino de alta qualidade ou, se preferirmos, em nível de 
excelência. 
Interligadas como devem ser, ensino, pesquisa e extensão, expressam a identidade da 
formação superior. Se o ensino leva o aluno a deparar-se com a teoria, a pesquisa lhe 
demonstra essa realidade, estimula e prepara para produção do seu próprio conhecimento. 
Assim, toda instituição superior, deve incentivar a pesquisa como também a extensão dela 
dentro e fora dos limites da universidade para que a população também seja beneficiada pelos 
conhecimentos lá produzidos. Para Veiga (2006, 87): 
26 METODOLOGIA DE ENSINO | Educação a Distância
A docência universitária exige a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. 
Faz parte dessa característica integradora a produção do conhecimento bem como sua 
socialização. A indissociabilidade aponta para a atividade reflexiva e problematizadora 
do futuro profissional. Articula componentes curriculares e projetos de pesquisa e de 
intervenção, levando em conta que a realidade social não é objetivo de uma disciplina 
e isso exige o emprego de uma pluralidade metodológica. A pesquisa e a extensão 
indissociadas da docência necessitam interrogar o que se encontra fora do ângulo 
imediato de visão. Não se trata de pensar na extensão como diluição de ações, para 
uso externo, daquilo que a universidade produzir de bom. O conhecimento científico 
gerado pela universidade não é para mera divulgação, mas é para a melhoria de sua 
capacidade de decisão. 
Dessa forma, por meio da aprendizagem amparada pelo ensino e pesquisa, o acadêmico 
alcançará o nível de desenvolvimento cognitivo relativo a muitos outros saberes. Conhecimento, 
desenvolvimento de capacidades intelectuais são fenômenos coexistentes entre si e quando 
esses conhecimentos são levados à sociedade, tem-se então a concretização da extensão, 
dessa forma, o acadêmico evidencia que seu conhecimento poderá auxiliar de alguma 
maneira outras pessoas e estará então cumprindo seu papel de cidadão, sendo que também 
é essa uma das funções da educação, seja superior ou de qualquer outro nível. A formação 
de sujeitos pensantes, reflexivos que sejam de capazes de fazer a diferença para sua nação. 
Ressaltando ainda as funções e características das universidades, podemos observar as 
palavras de Castanho (2000, p. 21): 
Outras características da universidade, que despontam na sua origem e permanecem 
como balizas estruturais, são: a publicidade, a criatividade, a indissociabilidade entre 
o ensino e a pesquisa, a intencionalidade e interdisciplinaridade. O caráter público da 
universidade, sua publicidade, não advém desta ou daquela forma de organização, 
estatal ou privada, mas de sua abertura, de sua natureza não discriminatória e, ainda, 
de sua oposição visceral ao mundo dos interesses privados. Ela é pública porque seu 
único compromisso é com a busca do ajuste entre as palavras e as coisas, o discurso 
e a realidade, e não com o acúmulo de bens. 
Nesse sentido, esse autor também destaca a importância do ensino e da pesquisa, além 
da interdisciplinaridade, termo esse que designa a relação entre as disciplinas, que elas não 
devem sobreviver de forma autônoma e individualizada e sim manter uma inter-relação que 
sustente teoria e prática, pois para ele, um dos papéis da universidade é a comprovação entre 
os conceitos que se tem das coisas e como elas realmente são. 
27METODOLOGIA DE ENSINO | Educação a Distância
A	 EDUCAÇÃO	 SUPERIOR	 NO	 BRASIL	
ATUALMENTE
Se realmente nos dedicássemos nesse capítulo a 
falar da educação no superior no Brasil atualmente, 
esgotaríamos esse material, dessa forma, para 
prosseguirmos nas próximas unidades faremos um 
breve esboço da situação atual. 
A promulgação da LDB 9394/96 se deu diante um 
cenário de transformações sociais e econômicas, 
nessa época o fenômeno da globalização era 
predominante e se implantava uma política 
concernente com tal fenômeno, conhecida como 
neoliberalismo. Destaca-se nessa perspectiva que normalmente uma lei expressa a opinião 
ou interesses de um determinado grupo social, assim, a promulgação da LBD suscitou debates 
e conflitos. 
Além de todas as circunstâncias sociais e políticas, concomitante à sua aprovação se verificava 
uma expansão extraordinária do ensino superior privado, pois a demanda de vagas em 
instituições públicas não supre mais a necessidade da população em se aperfeiçoar e adquirir 
conhecimentos. Nesse sentido, se observarmosas palavras de Zabalza (2004), podemos 
compreender melhor o exercício da docência atualmente, pois, afirma que é preciso levar em 
consideração as transformações pelas quais o cenário universitário está passando, em razão 
das mudanças do mundo contemporâneo. Entre as mais significativas, notam-se: de um bem 
cultural, a universidade passou a ser um bem econômico; de um lugar reservado a poucos, 
tornou-se um lugar para o maior número possível de pessoas; de um bem direcionado ao 
aprimoramento de indivíduos, tornou-se um bem cujo beneficiário é o conjunto da sociedade; 
e, ainda, transformou-se em mais um recurso do desenvolvimento social e econômico dos 
países, submetendo-se às mesmas leis políticas e econômicas; faz parte das dinâmicas 
sociais e está sujeita aos mesmos processos e às mesmas incertezas do âmbito político, 
econômico ou cultural que afetam todas as instituições sociais.
Suscitam-se então as políticas neoliberais, que ocasionam profundas mudanças na linha 
de produção mundial, buscando estabelecer-se pela formação e qualificação de recursos 
Fo
nte
: P
HO
TO
S.
CO
M
28 METODOLOGIA DE ENSINO | Educação a Distância
humanos, enfatizando a difusão de conhecimentos, atribuindo cada vez mais responsabilidade 
à educação. Em contrapartida, se percebe o distanciamento do Estado na manutenção dos 
setores (até mesmo dos imprescindíveis) para garantir o livre comércio, contexto, propício para 
ação de mecanismos internacionais, que ditam as regras para a educação brasileira como 
um todo, o que fica claro nas palavras de Libâneo, Oliveira e Toschi (2005), nesse sentido, a 
orientação do Banco Mundial (1995) tem sido a de educar para produzir mais e melhor. 
Tais mecanismos sugerem maior concentração de recursos para a educação básica, 
deixando a educação superior a cargo da iniciativa privada. Nesse sentido podemos levar 
em consideração dois pontos decisivos para a aprovação da LDB 9.394/96, o primeiro nos 
leva a crer que o governo, conforme a imposição dos mecanismos internacionais, aceitou as 
diretrizes para a educação em função das políticas neoliberais que assolavam o mundo. O 
segundo, por sua vez, nos leva analisar essa mesma ação de forma inversa, pois o governo 
pode ter tratado de adequar suas diretrizes educacionais a uma nova configuração política e 
econômica. 
Assim, a LDB nos reporta às novas tendências educacionais mundialmente impostas pela 
globalização e pelo neoliberalismo. Muitos de seus artigos retomam ou fazem referência 
ao Relatório da Unesco, redigido por Jacques Delors e intitulado, Educação um Tesouro 
a Descobrir. Um exemplo explícito está no artigo 03 da LBD onde valores como respeito à 
liberdade, tolerância, respeito ao pluralismo de ideias valorização extraescola são enfatizados 
tal como preconiza Delors no documento acima citado. 
Dentro dessa nova perspectiva, as relações sociais não se restringem mais a dominantes e 
dominados, elas assumem uma complexidade diferenciada que se viu até então na história 
da humanidade, é justamente aqui, que se faz necessária uma nova prática pedagógica. A 
educação, mais do que nunca deve estar preparada para lidar com a diversidade. Ela não deve 
se ater somente ao aspecto formal do conhecimento, mas também preocupar-se o indivíduo, 
com a pessoa, respeitar e inserir o diferente é fundamental. A escola deve transmitir o saber, o 
saber fazer, despertar o gosto pelo aprender e contribuir para que se alcance a independência 
e a autonomia. E assim, o professor deve se preocupar com essa nova identidade da 
educação e se preparar para enfrentar os desafios. Também vale ressaltar aqui a importância 
de estarmos atentos às grandes e rápidas mudanças que nossa sociedade sofre a cada dia e 
que a educação diante de tais mudanças não fica estática. Mesmo sabendo que a criação da 
LBD, se deu diante de um reflexo direto das políticas da época e representando de alguma 
29METODOLOGIA DE ENSINO | Educação a Distância
forma a intencionalidade de alguns grupos, ela é fundamental para o desenvolvimento da 
educação brasileira e muito depende de nós, docentes bem preparados para se fazer cumprir 
as leis e determinações nelas expostas e depende também de nós caminharmos, refletirmos 
as necessidades de mudanças e os caminhos para tal. 
Nesse cenário da atualidade da educação superior, podemos destacar ainda, a utilização das 
novas tecnologias em que se pode visitar qualquer canto do mundo, sem sair do lugar, basta 
estar diante da tela de um computador que tenha acesso à internet. Para Libâneo, Oliveira e 
Toschi (2005, p. 66): 
Tais avanços tornam o mundo pequeno e interconectado por vários meios, sugerindo-
nos a ideia de que vivemos em uma aldeia global. As informações circulam de maneira 
a encurtar distâncias e reduzir o tempo, o que se deve à multiplicação dos meios, dos 
modos e da velocidade com que são propagadas ou acessadas atualmente. 
As informações se propagam em uma velocidade estrondosa, fazendo com que o professor 
não seja mais o único detentor do saber, muito menos um transmissor dele. Também nesse 
aspecto, ele precisará organizar suas práticas para lidar com essa evolução e tirar proveito 
delas para enriquecer suas metodologias e consequentemente suas aulas. Ainda de acordo 
com Libâneo, Oliveira e Toschi (2005), as mídias estão presentes em espaços sociais e 
fortemente ligadas à vida das pessoas. Embora muitas vezes esses meios de comunicação 
procurem transmitir uma realidade velada ou moldada de acordo com determinadas ideologias, 
é por através deles que a grande maioria das pessoas recebe informações. 
 Chega o momento em que o professor precisa se adequar para ser o mediador do conhecimento. 
Ainda é necessário saber minuciosamente o conteúdo que se vai ministrar, contudo, é preciso 
entender que novos pontos de vista podem ser ressaltados e que os acadêmicos não são 
seres estáticos que apenas ouvem aquilo que é transmitido. É preciso que o professor maneje 
o conhecimento levando seus alunos à reflexão. 
30 METODOLOGIA DE ENSINO | Educação a Distância
O que é educação
A educação está em todos os lugares e no ensino de todos os saberes. Assim, não existe modelo 
de educação, a escola não é o único lugar onde ela ocorre e muito menos o professor é seu único 
agente. Existem inúmeras educações e cada uma atende a sociedade em que ocorre, pois é uma 
forma de reprodução dos saberes que compõe uma cultura, portanto, a educação de uma sociedade 
tem identidade própria. O ponto fraco da educação está nos seus agentes, pois, com consciência ou 
não, reproduzem ideologias que atendem a grupos isolados da sociedade. Aí se vê que a educação 
reflete	a	sociedade	em	que	ocorre,	em	sociedades	tribais	ela	é	comunitária	e	igualitária,	já	em	nossa	
sociedade	capitalista,	é	específica,	isolada	e	desigual.	
Na Grécia Antiga, a educação denominada de Paideia, se iniciou como comunitária, mas com o de-
senvolvimento	da	sociedade	se	tornou	específica,	onde	havia	uma	educação	para	nobres,	outra	para	
plebeus	e	nenhuma	para	os	escravos,	surge	a	figura	do	pedagogo,	um	escravo	doméstico	que	além	
de conduzir às crianças nobres à escola também era responsável pela sua educação. Em todas as 
educações gregas o indivíduo era educado para a sociedade como um todo. 
Em Roma, a educação surgiu como na Grécia, comunitária, mas se desenvolveu de forma diferente, 
onde a formação do patriarca agricultor sobressaia sobre o cidadão. Mais tarde, surge a escola 
primária, como a escola de primeiras letras gregas, também surge a escola gramática, e muito mais 
tarde	a	de	leitor.	Havia	em	Roma	a	educação	que	formavam	os	trabalhadores	na	oficina	de	trabalho,	
e o cidadão era educado para também empregar seu saber na sociedade. 
A escola surge com o desenvolvimento do cristianismo na Antiga Europa para uma educação que 
salvaria	almas,	e	 isso	perdurou	até	o	final	do	século	XIXquando	Émile	Durkheim	começou	a	 ligar	
educação e sociedade. A educação se transforma em fato social, pois para ele, há um consenso har-
mônico que mantém o ambiente social. 
Então se questiona: Existe mesmo esse consenso? Na verdade, a educação não amplia sua ideia e a 
prática é bem diferente. Há uma elite capitalista que controla a educação, entretanto, ela ocorre fora 
das paredes da escola, na comunidade, assim a dominação capitalista encontra resistência política. 
A única forma de reinventar a educação, como dizia Paulo Freire, é trazê-la ao cotidiano do aluno, fa-
zendo com que a vivência e as experiências do indivíduo façam parte efetiva da escola, e a educação 
será livre e comunitária. 
ALMEIDA, Marcos Pires. Estrutura e funcionamento da educação básica. Maringá: Cesumar, 
2009. 
31METODOLOGIA DE ENSINO | Educação a Distância
O texto que você lerá a seguir faz parte da dissertação de Mestrado da professora Gislene, 
cuja ideia central tange em comprovar a modernidade nas concepções dos jesuítas nos 
primórdios da educação brasileira: 
A	Educação	Jesuítica	no	Brasil
O texto a seguir busca conhecer melhor o Período Colonial no Brasil. Pretende somar esforços na 
busca de conhecimentos sobre a vida no Brasil nos séculos XVI e XVII na expectativa de oferecer 
contribuições	específicas	para	a	área	da	Educação.
Esta	 investigação	se	propôs,	através	dos	documentos	escritos	nesses	séculos,	especificamente	as	
CARTAS JESUÍTICAS, comparação com as idéias propostas por RABELAIS, COMENIUS E LOCKE. 
Esta comparação foi realizada porque ninguém discorda de que estes autores defendem e propagam 
práticas necessárias à formação do homem moderno. Dessa forma, procuramos demonstrar o quanto 
a atividade Jesuítica no Brasil Colônia, diferenciando-se da prática da sociedade medieval vivida na 
Europa, aproxima-se dos intentos que correspondem ao mundo moderno.
Nessa empreitada de demonstrar o quanto os Jesuítas já se mostravam como vanguarda em sua 
prática educativa, defrontamo-nos com o pensamento de alguns historiadores da Educação que de-
fendem tese contrária a nossa. Muitos desses autores, entre eles Martins, Severino, Tobias, Cotrim, 
acabam	qualificando	moral	e	aprioristicamente	os	atos	dos	padres	no	contexto	brasileiro.
Apresentando a educação de forma emancipada da produção de vida humana existente na Colônia, 
muitos livros de História da Educação apresentam uma visão reduzida do processo social, que impos-
sibilita a compreensão do fenômeno educativo enquanto expressão das relações humanas. Nesse 
sentido, acusam os padres de ministrarem um ensino totalmente desvinculado da realidade aqui ex-
istente, vendo o mesmo como um simples transplante da educação européia, ou melhor, como uma 
mera cópia daquela educação com padrões escolásticos.
Ao não estabelecerem relações entre atividade social e educação, muitos historiadores acabam apre-
sentando a prática educativa dos Jesuítas na Colônia como totalmente desvinculada das relações 
vigentes nessa sociedade, eliminando-se, dessa forma, qualquer possibilidade de entendimento da 
pedagogia em sua totalidade.
Por acreditarmos que em conformidade com as relações existentes em uma sociedade é que se 
objetiva um tipo de educação, isto é, por acreditarmos que as formas que a educação assume cor-
respondem às necessidades e às possibilidades dos homens em uma época, é que nos dispomos, 
mostrar o quanto a prática dos jesuítas correspondia às necessidades existentes no contexto colonial 
brasileiro, já preso à modernidade, afastando-se, dessa forma, das práticas medievais.
Nossa hipótese se deve ao fato de que, ao analisarmos as Cartas Jesuítas, notamos que há algo de 
novo na forma de observar e descrever a natureza e a realidade aqui existentes. Quando os padres 
descrevem	o	clima,	a	fauna	e	flora,	não	estão	meramente	enumerando	as	riquezas	deste	novo	mundo,	
mas querendo assinalar que ele apresenta condições favoráveis para o aumento delas. Podemos 
dizer que essas descrições se aproximam de um marketing, de procura intencional de lucratividade, 
correspondendo mais às expectativas da modernidade do que às expectativas religiosas vinculadas 
à escolástica.
32 METODOLOGIA DE ENSINO | Educação a Distância
Os	padres,	ao	descreverem	a	fauna	e	a	flora	aqui	existentes,	deixam	claro	em	seu	discurso	a	possibili-
dade de se aproveitarem melhor da natureza em sua totalidade. Portanto, os Jesuítas ao olharem para 
o novo mundo, não o contemplam como simples obra do Criador, mas o analisam e o observam com 
espírito	pragmático.	Como	podemos	verificar	nas	Cartas,	nesse	contexto	a	preocupação	econômica	é	
constante. Percebemos que a modernidade está falando mais alto do que o espírito escolástico, que 
se	caracteriza	por	disputas,	temas	teológicos,	filosóficos	ou	de	Direito.
A forma como os Jesuítas apreenderam a realidade aqui existente se aproxima muito da assumida por 
alguns Cronistas da mesma época que, por não estarem diretamente comprometidos com a vida reli-
giosa e sua propagação, tinham interesse em descrevê-la de acordo com a curiosidade que a Colônia 
despertava ou por interesse privado na busca de riqueza. É importante encaminhar essa comparação 
entre Cronistas e Jesuítas porque os primeiros não costumam ser acusados de retrógrados ou de 
escolásticos quando descrevem os aspectos da natureza e os relacionamentos entre os homens à 
época dos descobrimentos.
Entre esses Cronistas podemos citar Pero de Magalhães Gandavo (Tratado da Terra do Brasil e 
História da Província de Santa Cruz), Gabriel Soares de Souza (Tratado Descritivo do Brasil). Suas 
obras foram elaboradas durante o século XVI e não apresentam apenas o propósito de realizar uma 
mera descrição da Colônia, mas tratam dos aspectos importantes aos olhos daqueles que estavam 
interessados em se estabelecerem nessas terras sob formas diversas daquelas deixadas em sua 
pátria. Como exemplo, podemos lembrar o quanto os padres se preocupavam em demonstrar que o 
novo mundo apresentava condições de vida plenas de vantagens materiais. Essa intencionalidade de 
acentuar as vantagens materiais podemos observar em outro cronista, Vicente do Salvador, em sua 
obra História do Brasil.
A natureza animal também é descrita, tanto pelos Cronistas como pelos Jesuítas, sob o mesmo 
princípio: a utilidade das coisas. Por exemplo, os animais são pensados para a alimentação, à com-
ercialização, como escudo protetor para a defesa pessoal, como instrumento de trabalho. Os estu-
dos	descritivos	também	os	classificam	quanto	ao	grau	de	nocividade,	beleza,	quantidade,	qualidade.	
Mostram	o	desenvolvimento	das	 investigações	da	Botânica	 (para	 fins	medicinais),	 da	Biologia,	 da	
Anatomia.	Enfim,	mostram	interesse	por	conhecimentos	que	favorecem	a	melhor	forma	de	o	homem	
viver com maior proveito na terra descoberta.
Através desse confronto dos textos dos Cronistas com as Cartas Jesuítas observamos que a de-
scrição	realizada,	tanto	pelos	padres	quanto	pelos	Cronistas,	em	relação	à	fauna	e	flora,	à	fertilidade	
do	solo,	bem	como	a	justificativa	da	necessidade	do	trabalho	escravo,	nos	falam	de	um	pensamento	
que	se	unifica,	sem	os	limites	da	religiosidade	escolástica.	Assim,	podemos	dizer	que	os	Jesuítas,	tal	
como os Cronistas, envolvidos ou não no processo de colonização realizado no Brasil, não apresen-
tam comportamentos característicos da medievalidade.
Defendendo a tese de que os Jesuítas apresentam no Brasil Colônia comportamentos que expres-
sam a modernidade nascente é que nos propusemos a analisar a sua prática educativa. Porém, faz-
se necessário deixar claro nosso entendimento de que a educação ministrada em um determinado 
contexto não constitui um fenômeno independente da realidade social, mas encontra-se vinculada ao 
desenvolvimento histórico. Podemos lembrar que, de acordo com a forma como os homens organizam 
e promovem a produção de sua vida, assim também se organiza o processo educacional.Partindo desse pressuposto é que iniciamos e desenvolvemos o nosso trabalho. Comparamos a práti-
33METODOLOGIA DE ENSINO | Educação a Distância
ca pedagógica dos Jesuítas no Brasil Colônia com a dos pensadores Rabelais (Pantagruel e Gargân-
tua), Comenius (Didática Magna) e Locke (Pensamientos sobre la Educación), pois acreditamos que a 
marca da modernidade se faça presente tanto nesses escritores quanto nos nossos primeiros educa-
dores.	Propomo-nos	especificar	e	comparar	o	que	esses	pensadores	e	os	Jesuítas	têm	em	comum	em	
termos de educação, pretendendo demonstrar, assim, o quanto os Jesuítas se mostravam avançados 
em sua ação pedagógica no Brasil Colônia.
A análise das obras desses autores nos possibilitou compreender, de maneira mais sensível, os sécu-
los XVI e XVII, de efervescentes acontecimentos, em que os homens acreditam em seu poder de ação 
e transformação da realidade. Portanto, em comum e em vigor surge uma nova forma de perceber o 
homem, diferentemente da concepção da Idade Média e, também, uma nova prática, que não apre-
senta	características	da	filosofia	escolástica.
Quando lembramos que a Cia de Jesus foi criada em 1540, aprovada pelo Papa Paulo III, com a 
intenção de combater a Reforma protestante e, com ela todas as idéias que se opusessem à doutrina 
ou	às	práticas	defendidas	pelo	Papado,	fica	difícil,	nesse	quadro,	defendermos	a	modernidade	dos	
Jesuítas originalmente organizados para impedir a transformação social e política em curso no espaço 
europeu.	No	entanto,	nossa	hipótese	é	de	que	os	Jesuítas	que	se	prontificaram	a	acompanhar	a	emp-
reitada colonizadora portuguesa, ou que vieram para o Brasil com a intenção de evangelizar os povos, 
eram tão progressistas quanto os mais ousados pensadores do mundo europeu, que garantiram o 
desenvolvimento da sociedade burguesa.
Sem	eliminar	as	contradições	e	diferenças	específicas	a	contextos	estranhos	(Portugal	e	Brasil	nos	
séculos	XVI	e	XVII)	acreditamos	que	o	pensamento	moderno	e	não	a	filosofia	escolástica,	tenha	co-
mandado a prática dos primeiros mestres do Brasil.
Através de uma rápida visão panorâmica da modernidade, procuramos, demonstrar o crédito que a so-
ciedade burguesa em ascensão e os jesuítas depositam na educação. Salientamos, neste momento, 
a importância dada ao processo educacional como sendo um elemento teórico-prático indispensável 
para que os homens concretizassem uma nova ordem social. 
Procuramos lembrar, da mesma forma que as transformações ocorridas na sociedade, com suas 
mudanças no modo de produção não acontecem do dia para a noite, que a forma de ser da sociedade 
feudal não deixa de existir de uma hora para outra, do mesmo modo que as idéias mais arraigadas 
dos homens não se alteram apenas ao alvorecer de um novo dia. No interior de uma sociedade em 
transição,	o	velho	e	novo	encontram-se	em	constante	embate,	isso	significa	dizer	que	duas	formas	de	
conceber a realidade confrontam-se violentamente para assumir o controle da sociedade: o divino e o 
mundano, o medo e a esperança, a fé e a razão. Excluir qualquer uma delas é excluir o entendimento 
dos processos de transição ou de mudança.
É nesse ambiente complexo de dúvidas, questionamentos, de surgimento de novos conhecimentos e 
novas formas de conhecer, da invenção da imprensa, da descoberta de novos continentes, de avan-
ços marítimos, do dinamismo do comércio com suas conseqüências, que os homens paulatinamente, 
começam a vislumbrar outro horizonte, falando sobre uma nova forma de existência e exercitando 
novas formas de conhecimento.
Neste contexto, a concepção de mundo, de homem, de religião, apregoada pelo feudalismo, é abalada 
em sua estrutura e, sistematicamente, vai sendo rejeitada. Há uma mudança no encaminhamento 
quanto à espiritualidade. A preocupação com a salvação vai diminuindo diante das atividades que 
34 METODOLOGIA DE ENSINO | Educação a Distância
estão sendo desenvolvidas e que apontam para outras direções. A preocupação com os homens 
concretos, com sua organização na Terra, adquire primazia.
Nesta nova forma de ser da sociedade, o homem é transformado no centro das preocupações. A 
preocupação primordial neste momento é o homem como centro das atividades. Como organizar 
as atividades dos homens é fundamental. Coloca-se o homem no controle do seu próprio destino. É 
no conjunto desses acontecimentos e fenômenos, com base no qual temos os Jesuítas acreditando 
em seu poder de ação e transformação da realidade, que temos o compreensão de que a educação 
Jesuítica segue os caminhos da modernidade.
No Brasil, à época do seu descobrimento, os embates entre católicos e protestantes não existem. O 
papel da Cia de Jesus na Colônia não é assegurar a vitória política dos católicos sobre formas coerciti-
vas	ou	inquisitórias.	Aqui,	o	trabalho	dos	Jesuítas	só	tem	significado	enquanto	expansão	dos	territórios	
sobre bandeira cristã, já que civilizações tribais desconheciam até mesmo a existência de Cristo e da 
Bíblia e deviam ser educadas para conviverem com a auto disciplina e o trabalho, ou melhor, com a 
organização das condições para novas relações sociais. Neste contexto os Jesuítas demonstram seu 
crédito na educação e na organização social onde exista lei-rei-fé.
Buscando entender a vida e a educação no Brasil recém-descoberto analisamos, detalhadamente, 
a prática pedagógica dos Jesuítas na Colônia, e percebemos o quanto esses padres acreditavam, 
da mesma forma que os pensadores modernos, no poder da educação, o quanto eles acreditavam, 
na prática, na possibilidade de a educação transformar o índio em um homem civilizado e produtivo. 
Portanto, examinamos as atividades dos Jesuítas à luz das idéias propostas por Rabelais, Comenius 
e Locke. Isto porque ninguém discorda de que estes autores defendem e propagam as práticas ne-
cessárias à formação do homem moderno. Com isso nos propusemos a defender a idéia de que os 
princípios	da	modernidade	se	fizeram	presentes	na	prática	educativa	dos	Jesuítas	no	Brasil	Colônia.
Através das cartas procuramos examinar todos os recursos didáticos utilizados pela Ordem de Loyola 
na transformação da sociedade tribal em uma sociedade organizada pelo trabalho disciplinado.
Os Jesuítas, ao tentarem, pelo poder da educação extinguir todos os comportamentos típicos da 
sociedade indígena, demonstram acreditar que o homem pode ser por outro transformado. Tal como 
qualquer renascentista ou pensador moderno, a preocupação dos Jesuítas era com uma política edu-
cacional transformadora. Acreditavam eles na transformação dos homens através de um trabalho 
pedagógico, humano e humanizado. Aos homens que ensinavam cabia a responsabilidade pelas mu-
danças e são com estas idéias que eles acreditam na superação do homem primitivo, transformando-o 
em um ser capaz de produzir e prover sua existência sob outra forma de organização social.
Transformar pela educação (mesmo a religiosa) as relações existentes não é uma exigência da medi-
evalidade,	é	uma	necessidade	moderna	o	crédito	na	educação,	nova	crença,	não	significa	que	os	Je-
suítas tenham rompido com a fé no Criador, mas apenas minimizaram o poder da Divina Providência 
sobre as coisas terrenas e delegaram aos homens maior responsabilidade na Terra.
Tocar o sino, levantar, rezar, plantar, colher, cantar, participar de eventos, responder por novos hábitos 
sociais, garantiam a educação Jesuítica coerência e realidade. 
Comparando dados, temos que, a prática assumida pelos Jesuítas quanto à observação, quanto à 
experiência, é ressaltada por Rabelais quando este critica os conhecimentos escolásticos como esté-
reis. Enquanto Comenius aconselha a observação como remédio contra as superstições, os Jesuítas 
dissecam plantas, transformando-as em medicamentos. 
35METODOLOGIA DE ENSINO | Educação a Distância
Estar aberto para examinar as coisas do mundo é o que garantiu aos Jesuítas a convicção de que 
poderiam	influir	nos	acontecimentos.Tal	como	Comenius,	eles	acreditavam	que	o	professor	deveria	
aprender observando. A opção pela educação inclui o reconhecimento da natureza do aprendiz, da-
quilo que se pretende mudar nele ou na sociedade. Tanto Comenius como os Jesuítas se propuseram 
a tornar os homens livres de seus instintos e suas paixões, através da educação o propósito religioso 
de negar a antropofagia, o canibalismo, a nudez, a feitiçaria entre outros hábitos selvagens revela 
também a capacidade dos padres de examinarem as condições concretas da sociedade indígena.
Os Jesuítas apresentam práticas modernas quando não estimulam nem o silêncio, nem a meditação, 
nem a esmola, nem a caridade – comportamentos típicos da Idade Média – mas quando estimulam 
novos hábitos alimentares, de higiene, cuidados com a saúde, busca de conhecimentos úteis para a 
preservação física, e também o amor pelo trabalho disciplinado. Dessa forma, os Jesuítas assumem 
no Brasil Colônia uma prática educativa que nada tem a ver com as características da sociedade 
medieval. A necessidade de superar a sociedade tribal, que não tem trabalho disciplinado e nem orga-
nização	social	definida	por	leis	civis,	pela	educação,	pode	ser	verificada	pelos	objetivos	dos	Jesuítas,	
que buscaram de todas as formas a mudança de comportamento, hábitos e atitudes dos índios.
Em outro contexto Rabelais também apresenta a preocupação em educar o homem no sentido de que 
ele saia de seu estágio inferior e entre para um estágio mais desenvolvido. Educar corretamente como 
nos fala Rabelais, implica um procedimento que é capaz de transformar um imbecil em um homem 
sábio, integrado ao mundo dinâmico.
Essa transformação necessária, realizada pelos padres colonizadores, por si só não dava lugar so-
mente	para	orações,	reflexões,	jejuns	ou	meditações.	Nas	condições	colônias	a	vida	dos	missionários	
no Brasil não se fazia apenas de palavras, orações, mas principalmente de obras. As atividades dos 
Jesuítas perante a nova ordem muito se distancia das características dos monges da Idade Média 
descritas por Rabelais. Aqui no Brasil os Jesuítas assumiram um dinamismo direcionado para o futuro 
material da sociedade e não para a preservação de relações político-religiosas em desaparecimento 
na Europa.
Os Jesuítas interferem na educação dos nativos com o objetivo de transformá-los em homens do mun-
do português, obedecendo às novas leis e reconhecendo novas autoridades. Em Rabelais também 
verificamos	a	necessidade	de	mudar	e	ultrapassar	certas	formas	de	ser.	Em	sua	obra	o	personagem	
Gargântua também recebe dois tipos de educação: a escolástica e a moderna. Mas somente a educa-
ção moderna é vista como capaz de transformar Gargântua em um ser importante para a sociedade. 
Os Jesuítas no Brasil Colônia expressando preocupações modernas de como educar a criança, prior-
izam	o	ensino		dos	meninos	em	detrimento	do	ensino	dos	pais,		pois	estes	se	mostravam	inflexíveis	
para internalizarem novos hábitos e costumes. Educar é transformar, e é mais fácil transformar crian-
ças, que são vistas como seres frágeis e mais dependentes que os adultos.
Comenius também compartilha do princípio de que a educação na primeira idade é mais importante 
que na maturidade. A educação do homem é mais viável e se faz com muito mais facilidade caso 
acompanhe o crescimento natural. Comenius compara a criança a uma planta e acredita que ela irá 
conformar-se à direção que lhe será dada. Os adultos já com hábitos arraigados, apresentam maior 
resistência às alterações sugeridas.
Analisando	a	pedagogia	dos	Jesuítas	verificamos	que	ela	parte	do	princípio	de	que	o	homem	deve-
ria ter sua vontade educada, submetendo-a ao jugo da razão e não às suas inclinações. Por isso o 
36 METODOLOGIA DE ENSINO | Educação a Distância
processo de doutrinação dos indígenas pressupõe a destruição da própria organização social. Para 
se constituir uma nova organização social é preciso um homem que, pelo autocontrole e pela auto-
disciplina,	obedeça	a	novas	regras,	que	são	justificadas	pela	razão.	É	a	razão	que	vai	assegurar	na	
educação da modernidade, comportamentos considerados necessários para a construção da nova 
ordem.	Também	Comenius	afirma	a	necessidade	de	os	homens	serem	educados	segundo	a	razão	e	
não segundo inclinações e paixões, tornando-se, desta forma, senhor de seu destino.
Educar para a razão, quer o corpo ou a mente, dominar as paixões, as inclinações, os instintos, 
submeter-se às regras ou às leis que garantam uma organização social considerada de melhor quali-
dade	são	temas	verificados	em	Locke.	Também	segundo	esse	autor,	a	leitura	e	a	escrita	devem	ser	
adquiridas num momento posterior quando o indivíduo já adquiriu as virtudes consideradas ideais ao 
convívio social.
O entendimento moderno de Locke e dos Jesuítas sobre como se realiza a compreensão humana é 
semelhante. Antes de Locke os Jesuítas já estavam encaminhando práticas que revelavam a crença 
no ser humano como dotado de potencialidades capazes de serem moldadas.
Os Jesuítas, também utilizando-se de estratégias sacras como sermões, missas, romarias, iam gra-
dativamente transformando o indígena num leal servidor do rei. A prática dessas estratégias não tinha 
somente o objetivo de levar os índios a assimilarem atitudes religiosas, mas eles também iam apren-
dendo sobre a organização e a harmonia das tarefas, cooperação, disciplina, manutenção da ordem, 
enfim,	deviam	 regular-se	por	normas	estranhas	à	 sociedade	 tribal.	Portanto,	 os	padres	não	 trans-
plantaram a educação européia para a Colônia, mas adequaram-na à realidade brasileira, com muita 
observação, escolheram o caminho da Psicologia para obterem mais sucesso em seus objetivos.
Na evangelização do ser bárbaro, para torná-lo um ser civilizado, a Psicologia é o recurso preferido no 
plano da transformação dos homens.
Essa metodologia, que dá importância aos prazeres físicos, está muito mais vinculada à observação, 
à vida concreta do que à vida espiritual. A preocupação dos Jesuítas com a Psicologia exigia que os 
planos educativos se preocupassem menos com o poder da graça e mais com o poder dos estímulos 
materiais.	Locke,	apesar	de	se	encontrar	num	outro	contexto,	afirma	que	os	homens,	na	nova	socie-
dade, devem dispor de certa Psicologia para conviver socialmente.
Ainda com o objetivo de concentrar a atenção dos gentios nos conteúdos que eram divulgados, e 
também para impressioná-los, os Jesuítas partiram da realidade em que se encontravam seus apre-
ndizes. Constataram o gosto pelo canto, pela dança e por instrumentos musicais, e deles partiram, 
substituindo	gradativamente	esses	instrumentos	pelos	órgãos	e	flautas,	e	trocando	as	letras	de	suas	
canções tribais por outras, da religião cristã.
A	clareza	dos	padres	em	escolher	meios	para	os	fins	de	 transformação	 revelam	a	sua	sabedoria.	
Todas as atividades eram intencionalmente planejadas para atrair os indígenas ao convívio com os 
padres. Através da observação e da experiência os padres estimulavam a imitação, as fantasias, ou 
as	brincadeiras	infantis.	Através	desses	recursos	estimulavam	os	filhos	dos	gentios	a	participarem	das	
celebrações religiosas catequizando-os. Mas somente eram escolhidos para auxiliarem nas celebra-
ções da cristandade os indiozinhos que apresentassem comportamento exemplar. Também Locke, no 
processo educativo, valoriza os exemplos vivos de homens necessários à sociedade. O prêmio é dado 
aos que merecem, e os que merecem são os que internalizam as novas ordens (civis).
Os Jesuítas também utilizavam encenações teatrais. O conteúdo a ser internalizado era transmitido 
37METODOLOGIA DE ENSINO | Educação a Distância
de forma descontraída, assemelhando-se a uma comédia. Mobilizando o indígena pela alegria e pela 
descontração, os Jesuítas iam desvalorizando, através da sátira, os seus costumes inveterados, e 
em contrapartida, iam enaltecendo os costumes dos colonizadores. A promoção da alegria presente

Continue navegando