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DOENÇAS INFLAMATÓRIAS E INFECCIOSAS DA MAMA |Luís Felipe Inácio Almeida Medicina UFPB Turma 100 1 16.02.2017 – MCOP6 – Aula 05 Professor: Adriana de Freitas Torres DOENÇAS INFLAMATÓRIAS E INFECCIOSAS DA MAMA Anotações: Rafael Queiroga +MEDcurso Mastite Mastite é um processo inflamatório, agudo ou crônico, que pode acometer todos os tecidos mamários (glandular, subcutâneo ou pele). Mastite inflamação ada mama. Pode cursar com ou sem infecção Caso clínico 1 MPS, 64 anos, refere dor em mama direita há 5 meses, após trauma durante acidente automobilístico Antecedente ginecológicos e obstétricos: menarca aos 14 anos, menopausa aos 55 anos, G3 P3 A0, TH nega Antecedente pessoal: HAC, diabetes, hipotireoidismo Nega antecedente familiar de câncer Hábitos: ex-tabagista Medicação: insulina, Synthroid®, Maleato de enalapril Ao exame: mamas em número de 2, simétricas, pendentes, com retração cutânea em mama direita em QSL. Cicatriz em mama direita WSM. À palpação parênquima mamário heterogêno, nódulo irregular, endurecido em mama direita QSL (4 cm) e outro nódulo regular, superficial em QSM (1 cm). Axilas, FSC e FIC: sem linfoadenomegalias. Mamografia (21/03/2011): categoria 1 Usg mamária (21/03/2011): categoria 1 Caso clinico 2 SLS, 58 anos, refere processo inflamatório em mama direita, associado a febre. Procurou assistência medica onde foi prescrita antibioticoterapia Antecedente ginecológicos e obstétricos: menarca aos 12 anos, menopausa aos 50 anos, G2P1A1, th: nega Antecedente pessoal: sarcoidose pulmonar há 05 anos. Nega antecedente familiar ed câncer Hábitos: nega tabagismo Medicação: nega no momento Ao exame: mamas em número de 2, abaulamento em mama direita WSl e retração cutânea em aréola direita. Ausência de sinais flogísticas. Maior incidência relacionada a pior assistência básica de saúde Acometimento durante o período gravídico-puerperal ocasiona repercussões sócio-economicas e culturais Diagnostico diferencial com neoplasias malignas, já que os processos inflamatórios simulam um câncer. Qualquer infecção pode acometer a mama Classificação Quanto ao tempo de evolução: aguda ou crônica; Quanto ao período de ocorrência: ciclo gravídico-puerperal ou fora do ciclo gravídico-puerperal. Sempre que for falar em mastite, há de ter a tríade: dor, calor e rubor. DOENÇAS INFLAMATÓRIAS E INFECCIOSAS DA MAMA |Luís Felipe Inácio Almeida Medicina UFPB Turma 100 2 Mastites agudas Mastite lactacional ou puerperal; Mastite e abscesso não-lactacional; Mastite neonatorum: acomete o recém-nascido, porém é uma situação rara. Mastite puerperal Incidência: 3-33% das lactantes Manifesta-se entre a 2ª e a 3ª semana pós-parto (86%) ou no desmame Mais frequente em primíparas (61,5%): em função da inexperiência Relacionada a inexperiência, fadiga, estresse, higiene inadequadas, trauma na mama, mamilos planos (ou invertidos) e estase láctea Etiologia: mais frequente Staphulococcus aureus (95%), frequente na pele. Formas mistas: E. coli, pseudômonas, haemophilus serratia, streptococcus. Forma epidêmica: rara. Observação: o mamilo invertido propicia mais facilmente a ocorrência de fissuras e lesões. Etiopatogenia Primeiramente, haverá uma intercorrência: fissuras, infecção extramamária ou dilatação do óstio ductal. Disseminação: linfática, via hematogênica e ductos. Quadro clínico História de gravidez ou parto recente, com dificuldade de esvaziamento Mal-estar, febre, cefaleia, calafrios, taquicardia, inapetência Mama com sinais flogísticos localizados ou difusos Mama com edema de pele, retração mamilar Modificação da coloração da secreção papilar Fase avançada: abscessos (11%), fístulas, ulcerações Observação: mais comum ser unilateral. Diagnóstico Clinico: anamnese e exame físico Hemograma: leucocitose Cultura e antibiograma: justificável nos casos de mastites epidêmicas Ultrassonografia: localização dos abscessos profundos Diagnóstico diferencial: carcinoma inflamatório (mama edemaciada e hiperemiada, mas sem rubor, disseminação linfangítica do câncer), ingurgitamento; Mamografia em situações especiais DOENÇAS INFLAMATÓRIAS E INFECCIOSAS DA MAMA |Luís Felipe Inácio Almeida Medicina UFPB Turma 100 3 Tratamento Sintomático: anti-inflamatório e antitérmico Antibioticoterapia: Cefalosporinas: cefalexina 2g/dia ou cefadroxila 1g/dia Dicloxacilina 2g/dia Clindamicina 300 mg de 6/6h Casos graves (internação): oxacilina 500 mg 6/6h + cefoxitina 1g 8/8h IV Medidas gerais: uso de sutiã adequado, manutenção da amamentação Drenar abscesso: Inibir a lactação apenas em casos graves, saída de pus pelo mamilo ou se amamentar for muito doloroso: Cabergolina ½ comprimido de 12/12 h por 2 dias ou bromoergocripitina (tratamento mais longo e dá mais náusea) 2,5 mg 2 vezes ao dia durante 2 semanas. Melhor alternativa: prevenção. Como prevenir: Orientações: exercícios no pré-natal e técnica do aleitamento Higienização adequada Evitar trauma e estase láctea Melhorar as condições de saúde materna e recém-nascido Melhorar os hábitos de vida Diagnóstico e tratamento precoce: para evitar complicações como abscesso. Mastite aguda e abscesso mamário não-lactacional Agente mais frequente: S, aureus Mais comuns na pré-menopausa Processo agudo Manejo semelhante ao lactacional. Mastite neonatorum Aumento do broto mamário na 1ª-2ª semana de vida, que evolui com infecção Agente: S. aureus ou E. coli Tratamento: antibioticoterapia. Mastites crônicas Podem ter origem infecciosas e não infecciosas Infecciosas: abscesso subareolar recidivaente, tuberculose, virais, fúngicas. Não infecciosa: periductal e ectasia ductal. Mastite periductal e ectasia ductal Começa sem infecção, mas pode desenvolver secundária DOENÇAS INFLAMATÓRIAS E INFECCIOSAS DA MAMA |Luís Felipe Inácio Almeida Medicina UFPB Turma 100 4 Sinonímia: mastite de células plasmocitarias ou comedomastite A maioria das mulheres afetadas é multípara e idade entre 50-60 anos Etiologia desconhecida. Sugerem que o aumento da prolactina levaria a reação inflamatória, fibrose e dilatação Identificação de patógenos em 83% Etiopatogenia Dilatação e inflamação dos ductos mamários Ductos preenchidos por células epiteliais descamadas e material lipoproteináceo Destruição da rede elástica dos ductos e ulceração Penetração do conteúdo para o espaço pericanalicular Ração inflamatória periductal: massa tumoral, encurtamento dos ductos e retração do mamilo Quadro clínico Dor acíclica Secreção papilar Retração papilar Episódios de inflamação, associada ou não a tumor Abscesso Processo mais arrastado e reincide, por isso dito crônico. Diagnóstico Quadro clinico Usg: ectasia ductal Mamografia: DD com neoplasia maligna Biopsia, apenas uqnado suspeita de neoplasia maligna Tratamento: Conservador: higiene e anti-inflamatório. Antibiopticos (metronidazol e cefalexina) Cirúrgico: situações especiais Abscesso subareolar recidivante e fístulas mamárias Infecção crônica e recidivante da região subareolar, que pode evoluir com fístula Mais frequente em mulheres entre 40-49 anos e tabagistas Flora bacteriana mista: Peptoestreptococcus (predominando), bacteroides, estafilococos, estreptococos e proteus Etiopatogenia 1. Metaplasia escamosa do epitélio colunar do ducto 2. Acumulo de queratina, obliteração e dilatação doducto 3. Reação inflamatória e invasão bacteriana 4. Abscesso, com aumento da pressão intra-luminar Quadro clinico e diagnóstico História de processo inflamatório recorrente com formação de abscesso que drena espontaneamente Forma-se uma loja subareolar que abre a cada reativação por uma fístula Diagnóstico é clínico DOENÇAS INFLAMATÓRIAS E INFECCIOSAS DA MAMA |Luís Felipe Inácio Almeida Medicina UFPB Turma 100 5 Hiperemia e dor abscesso fistulização (periareolar) cicatrização Tratamento Fase aguda: Antibióticos (metronidazol e cefalexina) por 7-10 dias Anti-inflamatório Segunda fase: Irrigação da fístula Ressecção cirúrgica da área acometida compreendendo a fístula e ductos principais Cauteriza a fistula, resseca seu trajeto, aproxima e depois sutura. Reincide após a fistulectomia em 20% dos casos. Tuberculose mamária Os casos de tuberculose têm aumentado; Tuberculose mamária é rara; Incidência <1% em países desenvolvidos e 3-5% em países em desenvolvimento; Sexo feminino, idade 20-50 anos e raça negra; Agente etiológico: Mycobacterium tuberculosis; Histologia: granuloma caseoso. Pode ser: Primária: inoculação direta no tecido mamário Secundária: linfática, contiguidade e hematogênica Forma nodular: mais comum Forma difusa: mama densa, com pele espessada e múltiplos focos de drenagem Forma esclerosante: mais em idosos. Diagnóstico: Pesquisa microbiológica por pesquisa direta (bacterioscopia) e cultura do material ou histopatológico Teste tuberculínico Mamografia Rx de tórax Tratamento Especifico: RHZE Cirurgia: situações especiais Mastite por micobactéria atípica Serosa, não purulenta como em tuberculose Características: Agente etiológico: mycobacterium avium Incomum Imunossuprimidas e usuárias de prótese de silicone DOENÇAS INFLAMATÓRIAS E INFECCIOSAS DA MAMA |Luís Felipe Inácio Almeida Medicina UFPB Turma 100 6 Clínica: febre persistente, anemia, emagrecimento, febre, mastite com exsudato seroso Diagnóstico: Pesquisa do agente (hemocultura, baciloscopia e cultura de tecidos ou secreções) Tratamento: a depender do antibiograma Opção: claritromicina ou azitromicina + etambutol + rifampicina Mastite granulomatosa idiopática Rara; Simula carcinoma; Patogenia: resposta granulomatosa a dano do epitélio, decorrente de trauma, irritação química ou infecção; Caracterizada por granuloma não caseoso e microabscessos confinados ao lóbulo mamário; Diagnóstico de exclusão: sarcoidose, fungos, tuberculose e hanseníase; Tratamento: corticoterapia, meotrexato e azatioprina. Utiliza os dois últimos principalmente nos casos refratários aos corticoides. Observação: é asséptico, cultura negativa. Pode haver aumento de densidade na mamografia e granuloma não caseoso. Micoses Intertrigo: Cândida albicans Lesão pruriginosa, eritematosa, vesicular Frequente em diabéticas e mamas volumosas Tratamento: fatores predisponentes (importante corrigir glicemia), local e sistêmico. Síndrome de Mondor Tromboflebite das veias superficias da parede toracoabdominal (toracolaterais e toracoespigástricas) Clínica: cordão fibroso doloroso no subcutâneo, retração na pele Autolimitada Afastar tumores Tratamento: anti-inflamatório (durante cerca de 10 dias com solução) Observação: pode ocorrer após a tumorectomia. Mastopatia diabética Acomete até 13% das pacinetes diabéticas Ocorre em diabéticas insulino-dependentes de longa duração e mal controle Etiologia: reação auto-imune induzida pela hiperglicemia, com expansão da matriz, formação de antígeno na glândula, acumulo de linfócitos e miofibroblastos Clinica: tumroacao palpável uni ou bilateral, com características infalamorias, recorrente, iniclamente indolor Diagnostico diferencial Histologia: fibrose estromal, infiltração linfocitária ductal e lobular e vasculite linfocitica Tratamento: controle glicêmico e tratar infecções secundárias Necrose gordurosa Processo inflamatório benigno, não supurativo 2,5% das áreas nodulares DOENÇAS INFLAMATÓRIAS E INFECCIOSAS DA MAMA |Luís Felipe Inácio Almeida Medicina UFPB Turma 100 7 Origem pós-trauma mamário Mais comum após os 50 anos e obesas Clinica: área endurecida, firme aderida, dolorosa ou não, com retração ou espessamento de pele Imagem: simula cisto ou abscesso, mas pode haver distorção com imagem espiculada. Eczema Processo inflamatório, não infeccioso Lesão descamativa, eritematosa e pruriginosa com vesículas ou erosões Diagnóstico diferencial com doença de paget Tratamento: corticoide tópico Observação: existe um câncer de mama, chamado doença de paget, que é erosiva. Considerações finais Anamnese e exame físico detalhados Correlacionar patologias concomitantes Diagnóstico diferencial
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