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Suporte Básico de Vida e Socorros de Emergência

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Prévia do material em texto

Brasília-DF. 
Suporte báSico de Vida e SocorroS de 
emergência
Elaboração
Carlos Alcantara
Marta Peres Sobral Rocha
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
Sumário
APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................. 4
ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA .................................................................... 5
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7
UNIDADE I
SUPORTE BÁSICO DE VIDA ..................................................................................................................... 9
CAPÍTULO 1
ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR E AVALIAÇÃO INICIAL DA VÍTIMA............................................... 9
CAPÍTULO 2
PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA ............................................................................................. 21
CAPÍTULO 3
PROTOCOLO DE REANIMAÇÃO CARDIOPULMONAR – DIRETRIZES 2015 .................................. 25
UNIDADE II
URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS NO AMBIENTE 
EXTRA-HOSPITALAR .............................................................................................................................. 43
CAPÍTULO 1
URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CARDIOVASCULARES ................................................................ 43
CAPÍTULO 2
URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS NEUROLÓGICAS ....................................................................... 52
CAPÍTULO 3
URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS OBSTÉTRICAS ............................................................................ 55
UNIDADE III
SITUAÇÕES ESPECIAIS E ATENDIMENTO DE EMERGÊNCIA ...................................................................... 67
CAPÍTULO 1
INTOXICAÇÕES EXÓGENAS E ACIDENTES COM ANIMAIS PEÇONHENTOS ................................ 67
CAPÍTULO 2
QUEIMADURAS E CHOQUE ELÉTRICO ..................................................................................... 84
CAPÍTULO 3
AFOGAMENTO ....................................................................................................................... 91
CAPÍTULO 4
CONSIDERAÇÕES SOBRE O TRAUMA ...................................................................................... 96
PARA (NÃO) FINALIZAR ................................................................................................................... 106
REFERÊNCIAS ................................................................................................................................ 107
5
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se 
entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. 
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela 
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da 
Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade 
dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos 
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém 
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a 
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo 
a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na 
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
6
Organização do Caderno 
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em 
capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos 
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar 
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para 
aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares.
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de 
Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes 
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor 
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita 
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante 
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As 
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Sugestão de estudo complementar
Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, 
discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.
Praticando
Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer 
o processo de aprendizagem do aluno.
7
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a 
síntese/conclusão do assunto abordado.
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões 
sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o 
entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
Para (não) finalizar
Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem 
ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.
8
Introdução
O Suporte Básico de Vida compreende o atendimento prestado a uma vítima de 
mal súbito ou trauma, visando manter seus sinais vitais e preservar a vida, além de 
evitar o agravamento das lesões existentes, até que uma equipe especializada possa 
transportá-la ao hospital e oferecer-lhe um tratamento definitivo.
Apesar de qualquer cidadão poder ajudar em uma situação de emergência, é importante 
lembrar que isso não o torna um “socorrista” profissional. Para se profissionalizar, é 
necessário adquirir muito mais informações e habilidades, treinamento adequado e, 
inclusive, para muitas das funções, diploma e registro profissional. Portanto, devemos 
preferir, sempre que possível, o atendimento pelos socorristas e profissionais de 
saúde, que contam com formação qualificada e equipamentos especiais para realizá-lo.
Nesta disciplina serão abordadas situações de urgências e emergências mais comumente 
encontradas pelo profissional de saúde no ambiente pré-hospitalar e as principais 
condutas a serem tomadas até a chegada de equipe especializada para atendimento e 
transporte do paciente ao hospital.
Bom aproveitamento para todos!
Objetivos
 » Aplicar corretamente procedimentos voltados para o atendimento de 
urgência e emergência prestado aos pacientes no ambiente extra-hospitalar.
 » Reconhecer falência dos sistemas respiratórios e (ou) cardiovasculares.
 » Reconhecer urgências e emergências cardiovasculares, neurológicas e 
obstétricas.
 » Aplicar procedimentos em situações especiais como intoxicações, 
queimaduras, choque elétrico, afogamento e trauma.
9
UNIDADE ISUPORTE BÁSICO DE 
VIDA
CAPÍTULO 1
Atendimento pré-hospitalar e avaliação 
inicial da vítima
“A principal causa de morte fora dos hospitais é a falta de atendimento. A 
segunda é o socorro inadequado. As pessoas morrem, porque ninguém faz nada 
e continuam morrendo, porque alguém não capacitado resolveu fazer algo.”
Fernando Barreiro
O Suporte Básico de Vida (SBV) oferecido aos pacientes no ambiente extra-hospitalar 
consiste no reconhecimento e na correção imediata da falência dossistemas respiratório 
e (ou) cardiovascular, ou seja, a pessoa que presta o atendimento deve ser capaz de 
avaliar e manter a vítima respirando, com batimento cardíaco e sem hemorragias 
graves, até a chegada de uma equipe especializada.
Em outras palavras, o profissional de saúde que presta o socorro, que aqui o 
identificaremos como socorrista para fins didáticos, ao iniciar o suporte básico estará 
garantindo por meio de medidas simples, não invasivas e eficazes de atendimento as 
funções vitais do paciente e evitando o agravamento de suas condições.
São inúmeras as situações de urgências e emergências que necessitam do atendimento 
de um profissional de saúde ou de um socorrista especializado: traumatismos, 
queimaduras, doenças cardiovasculares, parada cardiorrespiratória, crise convulsiva, 
afogamento, intoxicações,entre outras. Para cada caso específico, o profissional deverá 
estar apto a prestar um socorro adequado e de qualidade.
É preciso definir e diferenciar o que vem a ser então uma situação de urgência ou 
emergência. Segundo o Conselho Federal de Medicina (Resolução CFM no 1451/1995), 
“define-se por urgência a ocorrência imprevista de agravo à saúde com ou sem risco 
potencial de vida, cujo portador necessita de assistência médica imediata”. Por sua vez, 
10
UNIDADE I │ SUPORTE BÁSICO DE VIDA
o conceito de emergência é entendido como “a constatação médica de condições de 
agravo à saúde que impliquem risco iminente de vida ou sofrimento intenso, exigindo, 
portanto, tratamento médico imediato”.
De forma mais objetiva, a urgência é uma situação em que não existe risco imediato à 
vida (ou risco de morte). O atendimento requer rapidez, mas o paciente pode aguardar 
tratamento definitivo e solução em curto prazo (algumas literaturas referem-se a um 
prazo de até 24 horas), tendo um caráter menos imediatista.
Como exemplos, citam-se contusões leves, entorses, hemorragia classe I etc.
Na emergência geralmente estamos diante de uma situação de aparecimento súbito 
e imprevisto, grave, crítica e que exige ação imediata, pois a ameaça à vida é grande.
Como exemplos citam-se as hemorragias de grande proporção, PCR.
Como o próprio nome diz, o serviço de Atendimento Pré-Hospitalar (APH) envolve 
todas as ações efetuadas com o paciente, antes da sua chegada ao ambiente hospitalar. 
Compreende, portanto, três etapas:
1. assistência ao paciente na cena (no local da ocorrência);
2. transporte do paciente até o hospital;
3. chegada do paciente ao hospital.
O APH divide-se, ainda, basicamente em duas modalidades de atendimento:
 » Suporte Básico à Vida (SBV): caracteriza-se por não realizar manobras 
invasivas.
 » Suporte Avançado à Vida (SAV): caracteriza-se pela realização de 
procedimentos invasivos de suporte ventilatório e circulatório, como, 
por exemplo, a intubação orotraqueal, acesso venoso e administração de 
medicamentos. Geralmente, o suporte avançado é prestado por equipe 
composta por médico e enfermeiro.
Para saber mais sobre o serviço de Atendimento Pré-Hospitalar, os profissionais 
de saúde que o realizam e as medidas de Primeiros Socorros para leigos, acesse 
os sites a seguir:
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Atendimento_pr%C3%A9-hospitalar>
<http://www.anvisa.gov.br/reblas/manual_primeiros_socorros.pdf>
11
SUPORTE BÁSICO DE VIDA │ UNIDADE I
<http://www.scamilo.edu.br/pdf/mundo_saude/58/08a15.pdf>
<www.fmrp.usp.br/revista/1999/vol32n4/uma_breve_revisao_atendimento_
medico_pre_hospitalar.pdf>
<http://www.scielo.br/pdf/ape/v19n3/a04v19n3.pdf>
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Primeiros_socorros>
O APH tem como objetivos específicos preservar as condições vitais e transportar a 
vítima sem causar traumas iatrogênicos durante sua abordagem, como, por exemplo, 
danos ocorridos durante manipulação e remoção inadequada (do interior de ferragens, 
escombros etc.). O socorrista deve ter como princípio básico evitar o agravamento das 
lesões e procurar estabilizar as funções ventilatórias e hemodinâmicas do paciente.
As condições essenciais para que esses objetivos sejam alcançados são: pessoal 
qualificado e devidamente treinado; veículos de transporte apropriados e equipados, 
sendo inclusive dotados de meio de comunicação direta com o centro que receberá 
a vítima e hospitais de referência estrategicamente localizados, com infraestrutura 
material e recursos humanos adequados.
Uma atenção pré-hospitalar qualificada é de suma importância para que a vítima 
chegue viva ao hospital. Nos locais onde esse sistema é inadequado, a mortalidade 
hospitalar por trauma, por exemplo, é baixa, porque os pacientes graves morrem no 
local do acidente ou durante o transporte.
Para conhecer mais sobre a caracterização dos serviços de urgência e emergência, 
SAMU, normatização e legislação do Atendimento Pré-Hospitalar (APH) no Brasil, 
leia sobre a Política Nacional de Atenção às Urgências, documento disponível no 
site do Ministério da Saúde:
<http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/Politica%20Nacional.pdf>.
Sistemas de atendimento e melhoria contínua 
da qualidade
A qualidade do atendimento nos serviços de urgência e emergência é, sem dúvida, 
um diferencial tanto para a equipe que presta o serviço como para quem recebe o 
atendimento. Dessa forma, o quesito qualidade foi ponto de destaque para a melhoria 
contínua e para a integração entre a estrutura, o processo, o sistema e a finalização com 
a qualidade dos serviços prestados.
12
UNIDADE I │ SUPORTE BÁSICO DE VIDA
 De acordo com AHA (2015, p. 3) a Atualização das Diretrizes de 2015 fornece 
às partes interessadas nova perspectiva sobre os sistemas de atendimento, 
diferenciando as PCR ocorridas no ambiente hospitalar (intra-hospitalares) 
(PCRIH) das PCR extra-hospitalares (PCREH). Os principais destaques são:
 » Uma taxonomia universal para os sistemas de atendimento.
 » Separação da cadeia de sobrevivência do adulto da AHA em duas: uma 
para sistemas de atendimento intra-hospitalar e outra para o ambiente 
extra-hospitalar.
 » Revisão das melhores evidências sobre como esses sistemas de 
atendimento de PCR são reavaliados, com foco em PCR, infarto do 
miocárdio com supradesnivelamento do segmento ST (IAMST) e acidente 
vascular cerebral (AVC).
As equipes com profissionais bem-treinados, bem como aquelas especializadas no 
atendimento de emergência pré e hospitalar, devem realizar uma abordagem que inclua 
diferentes acessos e realização de manobras feitas simultaneamente. As orientações e 
indicações sequenciais são voltadas para o socorrista que se depara com uma emergência 
em via pública ou em outro local, onde não disponha de recursos, quando está sozinho 
ou quando presta o socorro, mesmo que com ajuda de outras pessoas, em uma ambiente 
onde não faça parte de equipes de emergência.
Assim, as equipes de suporte básico de vida, quando atuam de forma integrada e bem 
treinada, podem acessar, ao mesmo tempo, a avaliação e a conduta para a ventilação e 
a circulação.
Figura 1. Taxonomia dos sistemas de atendimento: SPSO
Fonte: American Heart Association, 2015.
13
SUPORTE BÁSICO DE VIDA │ UNIDADE I
De acordo com a figura 1, os cuidados com a saúde precisam de elementos considerados 
universais para conseguir atender as necessidades conforme destacados pela Associação 
Americana de Cardiologia:
Os cuidados com a saúde exigem uma estrutura (por exemplo, pessoas, 
equipamentos, treinamento) e processos (por exemplo, políticas, 
protocolos, procedimentos) que, quando integrados, produzam um 
sistema (por exemplo, programas, organizações, culturas) que otimize 
os desfechos (por exemplo, sobrevivência e segurança dos pacientes, 
qualidade, satisfação). Um sistema de atendimento eficaz compreende 
todos estes elementos – estrutura, processos, sistema e desfechos do 
paciente– numa estrutura de melhoria contínua da qualidade (AHA, 
2015, p. 4).
Destaquem-se as cadeias de sobrevivência em que a nova recomendação indica que seja 
identificado o local onde o paciente sofreu uma PCR, se no ambiente hospitalar ou no 
ambiente extra-hospitalar, e esclarece o porquê: 
O atendimento de todos os pacientes após a PCR, independentemente 
de onde esta ocorra, converge ao hospital, geralmente numa unidade 
de cuidados intensivos onde são fornecidos os cuidados pós-PCR. 
Os elementos da estrutura e os processos necessários antes dessa 
convergência são muito diferentes para os dois ambientes. Pacientes 
que têm uma PCREH dependem da assistência da comunidade. Os 
socorristas leigos precisam reconhecer a PCR, pedir ajuda, iniciar a 
RCP e aplicar a desfibrilação (ou seja, ter acesso público à desfibrilação 
– APD) até que um time de Serviço Médico de Emergência (SME) 
com formação profissional assuma a responsabilidade e, em seguida, 
transporte o paciente para um pronto-socorro e/ou um laboratório de 
hemodinâmica. O paciente é finalmente transferido para uma unidade 
de cuidados intensivos, onde se dará continuidade ao tratamento. Por 
outro lado, pacientes que têm uma PCRIH dependem de um sistema 
de vigilância adequado (por exemplo, resposta rápida ou sistema de 
alerta imediato) para evitar a PCR. Ao ocorrer uma PCR, os pacientes 
dependem da interação harmoniosa dos vários departamentos e 
serviços da instituição e de um time multidisciplinar de profissionais, 
que inclua médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, entre outros (AHA, 
2015, p. 4).
14
UNIDADE I │ SUPORTE BÁSICO DE VIDA
Figura 2. Cadeias de sobrevivência de PCRIH e PCREH
Fonte: American Heart Association, 2015.
O socorrista, ao decidir intervir em determinada ocorrência no ambiente pré-hospitalar, 
deverá seguir algumas regras básicas de atendimento. Vejam-se.
AVALIAR cuidadosamente o cenário:
 » Qual a situação? Observar, reconhecer e avaliar cuidadosamente os riscos 
que o ambiente oferece (para você, sua equipe e terceiros – paciente, 
familiares, testemunhas, curiosos), qual o número de vítimas envolvidas, 
gravidade etc.
 » Como a situação pode evoluir? Tenha sempre em mente que o ambiente 
pré-hospitalar nunca está 100% seguro, e uma situação aparentemente 
controlada pode tornar-se instável e perigosa a qualquer momento. 
Portanto, a segurança deverá ser reavaliada constantemente. Identifique 
as ameaças ao seu redor, tais como riscos de atropelamento, colisão, 
explosão, desabamentos, eletrocussão, agressões etc. Na existência 
de qualquer perigo em potencial, aguarde o socorro especializado. 
Lembre-se: não se torne mais uma vítima! Quanto menor o número de 
vítimas, melhor.
15
SUPORTE BÁSICO DE VIDA │ UNIDADE I
 » Que recursos devem ser acionados? Verifique se há necessidade de 
solicitar recursos adicionais, tais como corpo de bombeiros, defesa civil, 
polícia militar, companhia elétrica e outros.
ACIONAR A EQUIPE DE RESGATE especializada e autoridades competentes, caso seja 
necessário, conforme avaliação anterior. Não devemos esquecer que solicitar o serviço 
de socorro pré-hospitalar profissional é tão importante quanto cuidar da própria vítima. 
Na maioria das cidades brasileiras, os principais números para acionar o Serviço de 
Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), serviço de salvamento e resgate (Corpo de 
Bombeiros) e Polícia Militar são, respectivamente, 192, 193 e 190.
SINALIZAR O LOCAL: isso é especialmente importante em casos de acidentes 
automobilísticos, portanto não se esqueça de sinalizar a cena e torná-la a mais segura 
possível. Utilize o triângulo de sinalização, pisca-alerta, faróis, cones, galhos de 
árvores etc.
Utilizar BARREIRAS DE PROTEÇÃO contra doenças contagiosas. Ao examinar e 
manipular a vítima, o socorrista deverá tomar todas as precauções para evitar a sua 
contaminação por agentes infecciosos, sangue, secreções ou produtos químicos. O uso 
de Equipamento de Proteção Individual (EPI), tais como luvas descartáveis, óculos de 
proteção, máscaras e aventais, é essencial para a segurança do profissional de saúde em 
atendimento. Portanto, proteger-se de qualquer contaminação e minimizar os riscos de 
exposição fazendo uso das precauções universais é uma obrigação da pessoa que presta 
o socorro. Lembre-se do bom senso: a sua segurança em primeiro lugar. Lembramos 
ainda que a lavagem de mãos com água e sabão deverá ser feita rigorosamente antes 
e após cada atendimento. Esse é um hábito imprescindível a ser adotado tanto no 
ambiente pré-hospitalar quanto no hospitalar por todos os profissionais de saúde. 
Quando se tratar de emergência, o que se deve fazer é se proteger (com luvas) para 
salvar a vida e não procurar uma pia para se lavar.
RELACIONAR TESTEMUNHAS para sua própria proteção pessoal, profissional e legal 
enquanto prestador de socorro.
Abordagem e avaliação da vítima
Após avaliar o ambiente e tomar todas as precauções de segurança e proteção individuais, 
o socorrista deverá se identificar e se apresentar à vítima dizendo: “Sou um profissional 
de saúde. Posso ajudar?”
16
UNIDADE I │ SUPORTE BÁSICO DE VIDA
Em seguida, devidamente autorizado a prestar auxílio e observando todos os aspectos 
pessoais e legais da cena do acidente (ou doença aguda), o profissional poderá intervir 
diretamente no atendimento.
É fundamental que o socorrista profissional classifique a vítima em bebê, criança 
ou adulto, pois os procedimentos de SBV, caso sejam necessários, serão adotados 
respeitando-se essa classificação, de acordo com as recomendações de 2015 da American 
Heart Association.
 » Bebê (“lactente”): do nascimento ao primeiro ano de vida.
 » Criança: do primeiro ano de vida até o início da puberdade (por exemplo, 
desenvolvimento das mamas em meninas e pelos axilares nos meninos).
 » Adulto: a partir da puberdade.
A prioridade de atendimento é determinada basicamente pela gravidade da vítima, ou 
seja, serão socorridas e atendidas primeiramente aquelas que se encontram sujeitas 
a maior risco de morte, pois o objetivo principal do primeiro socorro é a preservação 
da vida. O socorrista deverá seguir uma sequência padronizada e executar as medidas 
de socorro conforme for identificando as lesões da vítima. O exame é dividido em dois 
tempos principais: avaliação primária e avaliação secundária.
AVALIAÇÃO PRIMÁRIA consiste em uma análise de todas as condições que impliquem 
risco iminente de morte, tais como permeabilidade das vias aéreas, respiração eficaz 
(anormal ou gasping), estabilidade circulatória, controle de grandes sangramentos e 
estabilização da coluna cervical. Essa etapa inicial da avaliação deverá ser completada 
em 60 segundos, no máximo, e imediatamente chamar ou solicitar alguém que chame 
o serviço de atendimento móvel, se disponível no local trazer o Desfibrilador Externo 
Automático (DEA). Durante a avaliação primária, o socorrista identifica e corrige 
prontamente todos os problemas que ameaçam a vida do doente. As medidas de suporte 
básico de vida são iniciadas nesse primeiro instante.
Contudo, é crucial antes de adentrar ao atendimento observar a segurança do local, se 
é seguro ou não, para o socorrista ofertar o atendimento.
Fica mantida a sequência utilizada C-A-B levando ao mesmo conceito de que quanto 
mais rápido iniciar as compressões a vítima terá mais chances de sobrevida, visto o 
início precoce das compressões.
A maior parte dos pacientes que sofrem PCR inicialmente apresenta Fibrilação 
Venticular (FV) ou Taquicardia Ventricular (TV) sem pulso. Diante disso, as medidas 
17
SUPORTE BÁSICO DE VIDA │ UNIDADE I
imediatas são compressões e desfibrilação precoce. Sendo assim, a sequência utilizada 
anteriormente retardaria o início damassagem cardíaca. Com alteração da sequência, 
as manobras de compressões serão iniciadas sem atraso e a ventilação virá em seguida. 
A sequência recomendada para um único socorrista é iniciar as compressões torácicas 
antes de aplicar as ventilações de resgate (C-A-B em vez de A-B-C), para reduzir o tempo 
até a primeira compressão. O único socorrista deve iniciar a RCP com 30 compressões 
torácicas seguidas por duas respirações (AHA, 2015, p. 5).
Tem-se dado ênfase permanente nas características de uma RCP de 
alta qualidade: comprimir o tórax com freqüência e profundidade 
adequadas, permitir o retorno total do tórax após cada compressão, 
minimizar interrupções nas compressões e evitar ventilação excessiva 
(AHA, 2015, p. 5).
 » Circulação – O pulso está presente? Não se deve demorar mais do que 
10 segundos para identificar o pulso. Existe alguma hemorragia grave? 
Na ausência de pulso iniciar de imediato 30 compressões torácicas, em 
uma frequência de no mínimo 100 vezes por minuto, em uma frequência 
de 100 a 120/min. Já a profundidade dessas compressões torácicas em 
adultos é de pelo menos 5 cm e não superior a 6 cm. Contudo vale lembrar 
que é difícil verificar uma diferença de apenas 1 cm na profundidade 
das compressões. Daí a importância do treinamento continuado em 
manequins.
 » Verificar se as vias aéreas estão pérvias, realizar estabilização da coluna, 
estabilização manual por profissionais de saúde (vítimas com suspeita 
de trauma, no intuito de impedir movimentos) até a chegada do suporte 
móvel. A recomendação do uso de colar cervical exige muita prática e 
treinamento. Estudos realizados mostraram complicações ocasionadas 
pelo uso incorreto do colar e isso fez com que a utilização não seja 
recomendada para prestadores de primeiros socorros.
 » Respiração – Verifique se existe respiração, respiração anormal ou 
apenas gasping.O socorrista deve estar atento para identificar o mais 
rápido possível a ausência de resposta por parte da vitima e acionar 
imediatamente o serviço de urgência/emergência e iniciar a RCP 100 a 
120/min compressões no centro do tórax, não parar até a chegada do 
socorro especializado, ambulância do SAMU ou corpo de bombeiros.
 » Avaliação neurológica – Chamar pela pessoa. “Você está bem? Posso 
ajudar? Qual o seu nome?” Um método muito simples para determinar 
rapidamente o estado de consciência é a utilização do sistema AVDI.
18
UNIDADE I │ SUPORTE BÁSICO DE VIDA
A – Acordado, Alerta: o indivíduo emite respostas coerentes (nome, endereço, 
detalhes do acidente). Geralmente a vítima mantém contato visual com o socorrista e 
atende normalmente aos estímulos visuais, auditivos e táteis.
V – Verbal: nesse estágio a vítima ainda atende ao estímulo verbal dado pelo socorrista 
(comando de voz), no entanto, pode apresentar-se confusa e emitir palavras desconexas. 
Devemos considerar que essa vítima poderá perder a consciência a qualquer momento, 
portanto ela deve ser estimulada a se manter acordada.
D – Doloroso: nesse estágio a vítima não atende mais aos estímulos verbais do 
socorrista, apesar de poder emitir sons ou gemidos, mas sem capacidade de contato 
visual direto. Realiza-se um estímulo doloroso (sobre o esterno, trapézio ou leito 
ungueal) para obter qualquer resposta da vítima (localizar a dor, reagir com caretas, 
movimentos, gemidos). É bom lembrar que, em muitos casos, a vítima estará em um 
estado de semiconsciência e poderá até mesmo ouvir e sentir o que acontece ao seu 
redor. Dessa forma, o socorrista também deverá estimular o retorno da vítima ao estado 
de resposta verbal, incentivando a melhora do seu nível de consciência.
I. Irresponsivo ou Inconsciente: nesse estágio o indivíduo não 
responde nem mesmo ao estímulo doloroso. Isso, por si só, já caracteriza 
uma situação crítica.
 › Exposição da vítima com controle da hipotermia – Retirar ou cortar as 
vestes para visualizar melhor e tratar as lesões de extremidades. Em 
seguida, cobrir a vítima, prevenindo assim a hipotermia e minimizando 
o choque.
Observação. O protocolo detalhado do suporte básico de vida e reanimação 
cardiopulmonar (RCP) será visto no capítulo seguinte.
É muito importante obter todas as informações possíveis do local do acidente. O 
socorrista deverá observar cuidadosamente a cena por si só, conseguir informações 
com a própria vítima (se consciente e orientada), familiares e testemunhas e avaliar os 
sinais e sintomas indicativos de uma emergência.
AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA (complementar): consiste na segunda etapa do exame, 
em que serão observadas todas as lesões que não impliquem risco imediato à vida. O 
socorrista deve buscar realizar anamnese direcionada, checar a história do acidente 
ou mal súbito, identificar os ferimentos, aferir os sinais vitais e realizar exame físico 
padronizado, da cabeça aos pés. Algumas perguntas e informações são fundamentais e 
devem ser levantadas, como, por exemplo:
19
SUPORTE BÁSICO DE VIDA │ UNIDADE I
Nome, idade, telefone (menor de idade – contatar responsáveis).
 » O que aconteceu?
 » Isso já aconteceu antes?
 » Algum problema de saúde?
 » Está tomando algum remédio?
 » Está fazendo algum tratamento de saúde?
 » É alérgico a algum medicamento?
 » Fez uso de algum tipo de droga?
 » Qual o horário da última alimentação?
 » O que você está sentindo? Sente dor em algum lugar?
Dica para realizar a anamnese: utilizar a sigla AMPLA.
A – Alergias
M – Medicamentos
P – Passado médico
L – Líquidos e alimentos
A – Ambiente (eventos relacionados ao trauma ou emergência clínica)
Durante a avaliação secundária, proceder, ainda, à avaliação dos sinais vitais, observar 
a cor da pele e verificar o nível de consciência. Destacamos abaixo algumas observações 
e “dicas” quanto aos dados obtidos pelo socorrista durante a realização dessa etapa.
1. Condições que estimulam o sistema nervoso parassimpático, como 
algumas intoxicações, síncope e pressão intracraniana elevada podem 
provocar bradicardia.
2. Condições que elevam a demanda de oxigênio, como febre alta, choque, 
hipóxia e anemia grave, provocam taquicardia.
3. Um ritmo de pulso irregular e uma deficiência do pulso (frequência do 
pulso radial menor que a frequência do pulso apical) ocorrem com as 
arritmias.
4. Um pulso filiforme geralmente é encontrado no choque hipovolêmico, 
assim como respirações rápidas e superficiais.
20
UNIDADE I │ SUPORTE BÁSICO DE VIDA
5. Respiração profunda e difícil (com esforço – dispneia) pode indicar 
obstrução nas vias aéreas, doença cardíaca ou pulmonar.
6. A diferença entre a PA sistólica e a diastólica (pressão de pulso) é 
aproximadamente de 30 a 40mmHg.
7. Quando a pressão de pulso é baixa, diz-se que a PA é convergente e, 
quando é alta, diz-se que a PA é divergente. A PA convergente indica 
vasoconstrição e ocorre, por exemplo, precocemente no choque 
hemorrágico antes da queda da pressão sistólica. A PA divergente indica 
vasodilatação e ocorre nas reações anafiláticas e no choque neurogênico.
8. Uma pele fria e úmida é indicativa de uma resposta do sistema nervoso 
simpático a um traumatismo ou perda sanguínea (estado de choque). A 
exposição ao frio produz uma pele fria, no entanto seca. Uma pele quente 
e seca pode ser causada por febre, em uma doença, ou ser o resultado de 
uma exposição excessiva ao calor, como na insolação.
9. Todo politraumatizado taquicárdico e pálido está em choque, até que 
se prove o contrário. Pacientes com coloração rosada raramente têm 
hipovolemia crítica.
10. A cianose não aparece na intoxicação por monóxido de carbono, e a 
coloração vermelho-cereja da pele e mucosas, descrita como sinal clássico 
nesse tipo de intoxicação, é rara.
11. Dilatação pupilar bilateral e não reativa sugere dano cerebral grave.
12. Presença de pupilas anisocóricas sugere lesão cerebralpor traumatismo 
craniano ou acidente vascular encefálico (AVE).
Este assunto está disponível em:
<http://www.bombeirosemergencia.com.br/analiseprimaria.html>
<http://www.marski.org/download/altamontanha/Manual-de-APH02.pdf>
<http://www.uniandrade.edu.br/links/menu3/publicacoes/revista_enfer 
magem/oitavo_a_manha/artigo15.pdf>.
21
CAPÍTULO 2
Parada cardiorrespiratória
A parada cardiorrespiratória (PCR) é uma emergência relativamente frequente em 
qualquer serviço de atendimento de emergência e significa a cessação dos batimentos 
cardíacos e dos movimentos respiratórios.
Já foi o tempo em que ausência de respiração e batimento cardíaco significava morte. 
Com a evolução das técnicas de reanimação cardiopulmonar, desenvolvimento de 
drogas, aperfeiçoamento de equipamentos e treinamento de leigos e profissionais, 
milhares de vidas são salvas em todo o mundo.
As células do organismo começam a morrer alguns minutos depois de cessadas as funções 
vitais. As células nervosas são as mais frágeis do corpo humano. Elas não conseguem 
sobreviver por mais de cinco minutos sem oxigênio, sofrendo lesões irreversíveis.
É claro que toda pessoa com alguma possibilidade de ser salva deve ser reanimada. 
No entanto, como saber que essa chance existe e quando devemos considerar a pessoa 
morta? Sabemos que uma vítima estará morta quando houver parada total e irreversível 
de suas funções encefálicas. Quando essas estruturas cessam suas funções de forma 
irreversível, podemos afirmar que ela se encontra morta e não há mais nada a ser feito.
“A parada total e irreversível das funções encefálicas equivale à morte, conforme critérios 
já bem estabelecidos pela comunidade científica mundial.” (Trecho da Resolução do 
Conselho Federal de Medicina n° 1.480/1997, de 8/8/1997).
Observação – intoxicação por drogas depressoras do Sistema Nervoso Central (SNC), 
distúrbios metabólicos e hipotermia podem simular os parâmetros de lesão encefálica 
irreversível.
O socorrista, ao se aproximar da vítima e constatar que não existe respiração e pulso, 
não pode ter certeza se já existe a morte encefálica, portanto a vítima deverá receber 
as manobras de reanimação, a não ser que se encontrem sinais claros de morte óbvia. 
Existem inúmeros casos conhecidos em que a vítima foi reanimada com sucesso após 
longo tempo de parada cardíaca (fato relacionado com as causas da parada cardíaca 
e fatores ambientais que podem preservar o encéfalo por um tempo maior que os 
tradicionais 4 a 6 minutos para que a morte cerebral se inicie).
As causas de parada cardiopulmonar podem ser divididas em dois grupos: primárias 
e secundárias.
22
UNIDADE I │ SUPORTE BÁSICO DE VIDA
Primárias: devido a um problema do próprio coração, causando uma arritmia 
cardíaca, geralmente a fibrilação ventricular. A causa principal é a isquemia cardíaca 
(chegada de quantidade insuficiente de sangue oxigenado ao coração).
Secundárias: são as principais causas de PCR em crianças e vítimas de traumatismos. 
A disfunção do coração é causada por problema respiratório ou por uma causa externa:
1. oxigenação deficiente: obstrução de vias aéreas e doenças pulmonares;
2. transporte inadequado de oxigênio: hemorragias graves, estado de 
choque e intoxicação pelo monóxido de carbono;
3. ação de fatores externos sobre o coração: drogas,trauma direto no coração 
e descargas elétricas.
Parada respiratória
A vítima interrompe os movimentos respiratórios, mas o coração pode continuar 
bombeando sangue durante alguns minutos e a circulação continua enviando 
oxigênio dos pulmões para os tecidos. Se houver uma intervenção precoce, é possível 
reverter o quadro e prevenir a parada cardíaca. Do contrário, ocorrerá interrupção do 
funcionamento do coração enquanto bomba cardíaca, a circulação será suspensa e o 
quadro se agravará com parada cardiorrespiratória.
Causas da parada respiratória:
 » Estado de inconsciência – obstrução de vias aéreas por queda da língua 
na faringe posterior.
 » Obstrução de vias aéreas por corpo estranho (OVACE).
 » Afogamento.
 » Acidente vascular encefálico.
 » Inalação de fumaça.
 » Overdose de drogas.
 » Trauma cranioencefálico, entre outras.
Como reconhecer os sinais de uma parada 
cardiorrespiratória (PCR)
Tríade: vítima inconsciente, ausência de respiração e ausência de pulso em grande 
artéria (o principal sinal da parada cardiopulmonar, sendo o mais específico – ausência 
de pulso carotídeo no adulto e braquial no bebê).
23
SUPORTE BÁSICO DE VIDA │ UNIDADE I
Atenção! A midríase bilateral é um sinal tardio, ocorre em até 45 segundos após 
a parada cardíaca e pode aparecer em outras situações. Assim sendo, não utilizar a 
dilatação das pupilas para o diagnóstico da parada ou para definir que a vítima está 
com lesão cerebral irreversível. A persistência da midríase com a RCP é um sinal de 
prognóstico ruim.
A ausência de circulação do sangue interrompe a oxigenação dos tecidos. Após alguns 
minutos as células mais sensíveis começam a morrer. Os órgãos mais sensíveis à falta 
de oxigênio são o cérebro e o coração. A lesão cerebral irreversível ocorre geralmente 
após cinco a seis minutos (morte cerebral).
Dica: As vítimas submetidas a baixas temperaturas (hipotermia) podem suportar 
períodos mais longos sem oxigênio, pois o metabolismo diminui, reduzindo o consumo 
de oxigênio.
Portanto, a reanimação cardiopulmonar (RCP) é a técnica utilizada para retardar a 
lesão cerebral até a instituição de medidas de suporte avançado de vida. Consiste nas 
manobras de abertura das vias aéreas, respiração artificial e compressões torácicas, na 
tentativa de restabelecer a ventilação pulmonar e a circulação sanguínea.
Objetivos das manobras de reanimação 
cardiopulmonar (MRCP)
São objetivos das manobras de reanimação cardiopulmonar:
1. oxigenar e circular o sangue até que seja iniciado o tratamento definitivo; 
2. retardar ao máximo a lesão cerebral;
3. prolongar a duração da fibrilação ventricular (modalidade de PCR 
mais encontrada no ambiente extra-hospitalar), impedindo que ela se 
transforme em assistolia e permitir que a desfibrilação tenha sucesso;
4. reverter a parada cardíaca em alguns casos de PCR por causas respiratórias.
A RCP não é capaz de evitar lesão cerebral por períodos prolongados. Com o tempo 
(minutos) a circulação cerebral obtida com as compressões torácicas vai diminuindo 
progressivamente até se tornar ineficaz. Durante a RCP a pressão sistólica atinge de 60 
a 80mmHg, mas a pressão diastólica é muito baixa, diminuindo a perfusão de vários 
órgãos, entre os quais o coração. As paradas por fibrilação ventricular só podem ser 
revertidas pela desfibrilação (tratamento definitivo).
24
UNIDADE I │ SUPORTE BÁSICO DE VIDA
Para cada minuto sem as manobras de reanimação cardiopulmonar e desfibrilação, as 
chances de sobrevivência da vítima caem de 7% a 10%.
Para a vítima em parada cardiopulmonar, o tempo é um fator crítico. (“Tempo é 
cérebro!”). Durante alguns minutos após a parada ainda existe oxigênio nos pulmões e 
na corrente sanguínea para manter a vida, mas as manobras de reanimação devem ser 
iniciadas tão logo se detecte a parada cardíaca. No entanto, o SBV sem desfibrilação não 
é suficiente para manter a vida por períodos prolongados e a reversão da PCR na maioria 
dos casos também não é obtida. Portanto, é fundamental a solicitação de unidade com 
desfibrilação e recursos de suporte avançado de vida. Estudos comprovam que vítima 
desfibrilada em até 8 minutos após a parada cardiopulmonar tem mais chances de 
sobrevivência.
O desfibrilador é um aparelho que emite descarga elétrica (choque) no intuito de 
reverter a arritmia cardíaca letal. É indicado nas situações em que o coração apresenta 
ritmo de fibrilação ventricular (FV) e taquicardia ventricular sem pulso (TV).O desfibrilador externo automático (DEA) é um aparelho simples, bastante confiável 
e de fácil manuseio. Qualquer pessoa tem condição de operá-lo corretamente após 
treinamento adequado. (Veja modelos de desfibriladores ao final da unidade).
Figura 3.
Fonte: <http://www.erc.edu>.
25
CAPÍTULO 3
Protocolo de reanimação 
cardiopulmonar – diretrizes 2015
“Qualquer pessoa, em qualquer lugar, pode iniciar ressuscitação cardíaca. Tudo 
o que é necessário são duas mãos.”
(KOUVENHOVEN, 1960.)
As manobras de reanimação cardiopulmonar vêm sendo aperfeiçoadas ao longo de várias 
décadas. Dessa forma, a American Heart Association (AHA) – Associação Americana de 
Cardiologia desenvolve protocolos de reanimação cardiovascular, resumindo principais 
questões discutidas referentes ao Suporte Básico de Vida, enfrentadas por socorristas 
e leigos, concentrando as recomendações mais importantes de uma forma mais efetiva 
no enfrentamento das urgências e emergências.
As novas recomendações internacionais para suporte básico e avançado de 
vida podem ser encontradas nos sites da Associação Americana do Coração 
(American Heart Association) e do Conselho Europeu de Ressuscitação:
<https://eccguidelines.heart.org/wp-content/uploads/2015/10/2015-AHA-
Guidelines-Highlights-Portuguese.pdf>
<http://apps.einstein.br/revista/arquivos/PDF/2075-ECv9n2_99-101.pdf>
<http://www.erc.edu/index.php/guidelines_download/en>.
A sobrevivência à parada cardiorrespiratória depende de uma série de intervenções 
fundamentais, que correspondem à “corrente de sobrevivência”. O reconhecimento 
imediato dos sinais, o acionamento precoce do serviço de emergência (acesso 
rápido), a RCP imediata, a chegada da equipe de atendimento (com a desfibrilação 
precoce) e entrada rápida no hospital (Suporte Avançado de Vida (SAV)) são elos 
vitais da corrente para garantir a eficácia do processo. A recuperação da circulação 
deve ocorrer num período inferior a 4 minutos, caso contrário poderão sobrevir 
alterações irreversíveis no sistema nervoso, um dos tecidos mais sensíveis à falta de 
oxigênio.
26
UNIDADE I │ SUPORTE BÁSICO DE VIDA
Figura 4. Cadeia de sobrevivência de ACE Adulto da AHA
Fonte: Guidelines da American Heart Association, 2015.
Sequência resumida dos passos para execução do 
Suporte Básico de Vida e manobras de RCP
1. Avaliar a responsividade: avaliar o nível de consciência, tocando a vítima 
pelo ombro e chamando-a em voz alta.
Figura 5.
Fonte: <http://circ.ahajournals.org>.
2. Chamar por ajuda: na ausência de resposta da vítima, acionar 
imediatamente o serviço médico de emergência e solicitar desfibrilador. 
Nas proximidades onde se encontra a vítima, profissionais de saúde devem 
solicitar ajuda, visto a não responsividade da vítima, porém, é necessário 
avaliar simultaneamente respiração e pulso, passando informações mais 
precisas ao suporte médico, na intenção de minimizar atrasos e obter 
eficiência.
3. Detectar presença de pulso (C – Circulation): palpação da artéria 
carótida ou femoral (5 a 10 segundos). Na ausência de pulso, iniciar 
compressões torácicas: comprimir com força e rápido na frequência de 
no mínimo 100 a 120 vezes por minuto (porém, a frequência mínima 
continua sendo de 100/min). As compressões devem ser de pelo menos 
27
SUPORTE BÁSICO DE VIDA │ UNIDADE I
5 cm a 6 cm para um adulto médio, evitando excesso na profundidade 
das compressões torácicas, permitindo sempre que o tórax retorne por 
completo, não apoiando sobre o tórax; em crianças e bebês, cerca de 1 ½ 
polegada (4 cm). A relação compressões/ventilações com um socorrista 
deve ser mantida na proporção de 30:2, em qualquer faixa etária (exceto 
em recém-nascidos), quando houver apenas um socorrista e de 15:2 em 
crianças até a puberdade, se houver dois ou mais socorristas. Deve-se 
minimizar a interrupção das manobras de compressão e, quando dois 
ou mais profissionais de saúde estiveram presentes durante a RCP, os 
socorristas devem revezar-se nas compressões torácicas a cada 5 ciclos (2 
minutos de RCP), visando manter a eficácia do procedimento. 
 A maioria dos estudos mostrou que um número maior de compressões 
aumentou a taxa de sobrevida enquanto um número menor resultou em 
uma baixa sobrevida, contudo a efetividade das compressões também é 
determinante.
4. Abrir as vias aéreas (A – Airway): assegurar permeabilidade e desobstrução 
das vias aéreas. Identificar respiração anormal ou gasping. Abrir as vias 
aéreas (A – Airway): assegurar permeabilidade e desobstrução das vias 
aéreas. Identificar respiração anormal ou gasping.
5. Avaliar respiração (B – Breathing): realizar ventilação de resgate – 2 
insuflações, com duração de 1 segundo cada.
6. Desfibrilação (D – Defibrillation): o tratamento definitivo da fibrilação 
ventricular (FV) ou taquicardia ventricular sem pulso (TV) consiste na 
desfibrilação (choque).
O DEA deverá ser usado assim que estiver disponível (No aparelho monofásico: choque 
de 360 joules. No aparelho bifásico: até 200j). 
Observações:
 » Colocar o DEA assim que disponível, minimizando compressões torácicas 
antes e após o choque.
 » Reduzir o tempo entre a compressão e a aplicação do choque e o reinício 
imediato das compressões.
 » Quando houver suporte ventilatório avançado instalado não interromper 
compressões nem alternar. A frequência de ventilação deve ser aplicada 
28
UNIDADE I │ SUPORTE BÁSICO DE VIDA
a cada 6 segundos (10 respirações por minuto) enquanto são aplicadas 
compressões torácicas contínuas.
Aprofunde seus estudos e acesse o link:
<https://eccguidelines.heart.org/wp-content/uploads/2015/10/2015-AHA-
Guidelines-Highlights-Portuguese.pdf>
As novas recomendações fazem com que o suporte móvel de emergência seja acionado 
mais brevemente e que o profissional de saúde inicie o mais breve as compressões 
torácicas. Contudo, é de extrema importância que o profissional de saúde avalie pulso e 
respiração com frequência a fim de subsidiar informações ao serviço móvel.
Suporte básico de vida aplicado em crianças
A aplicação do suporte básico de vida em pediatria obedece sempre ao praticado nos 
adultos. O atendimento pré-hospitalar tem o objetivo de reduzir a mortalidade após 
uma parada cardiorrespiratória e ofertar uma qualidade de vida melhor a essas vítimas. 
Hoje com a ajuda dos desfibriladores automáticos em lugares de grande aglomeração 
isso tem contribuído para essa redução.
Sequência de passos para a execução do suporte 
básico de vida para crianças acima de 1 ano
1. Segurança do local: observar se no local onde encontra a vítima existe 
segurança para que o socorrista consiga ofertar atendimento. 
2. Reconhecimento de PCR: verificar se a vítima responde e se existe 
respiração (gasping, respiração anormal); detectar a presença do pulso 
em 10 segundos.
3. Acionar o serviço de emergência: se estiver sozinho desloque-se para 
solicitar o suporte móvel de emergência e obtenha um DEA, antes de 
realizar RCP; se estiver acompanhado solicite que se chame o suporte 
móvel e inicie RCP.
4. Relação compressão ventilação: com um socorrista executar 30:2; com 
dois socorristas executar 15:2 em crianças. Em adolescentes e adultos 
realizar sempre 30:2 mesmo havendo dois socorristas.
5. Frequência das compressões: executar as compressões sempre entre 100 
a 120/min. Com profundidade das compressões de 5 cm, não apoiando 
29
SUPORTE BÁSICO DE VIDA │ UNIDADE I
em cima do tórax deixando-o retornar por completo a cada compressão. 
Em adolescentes, o limite máximo de profundidade das compressões é 
de 6 cm. O posicionamento das mãos deve ser duas mãos ou uma mão 
(crianças muito pequenas) sobre a metade inferior do esterno.
Figura 6.
Fonte: Arquivos Brasileiros de Cardiologia, 2013.
Em crianças menores de 1 ano (excetorecém-nascidos)
O atendimento segue os mesmos passos de crianças acima de um ano, porém, sofre 
algumas especificidades.
 » A profundidade das compressões torácicas deve ser de 4 cm.
 » O posicionamento das mãos deve ser: com um socorrista, dois dedos no 
centro do tórax abaixo da linha dos mamilos; com dois socorristas dois 
polegares no centro do tórax abaixo da linha mamilar.
Figura 7.
Fonte: Arquivos Brasileiros de Cardiologia, 2013.
30
UNIDADE I │ SUPORTE BÁSICO DE VIDA
Aprimore seus estudos acessando o link:
Guidelines
<https://eccguidelines.heart.org/wp-content/uploads/2015/10/2015-AHA-
Guidelines-Highlights-Portuguese.pdf>
Arquivos Brasileiros de Cardiologia
<http://publicacoes.cardiol.br/consenso/2013/Diretriz_Emergencia.pdf>
Vias aéreas
A vítima encontrada inconsciente e irresponsiva deverá ser posicionada em decúbito 
dorsal sobre uma superfície dura, firme e plana, com os membros superiores 
estendidos ao longo do corpo. A cabeça da vítima não deve ficar mais alta que os pés, 
para não prejudicar o fluxo sanguíneo cerebral. Nas vítimas de trauma com suspeita 
de lesão na coluna cervical, o movimento deve ser cuidadoso para evitar danos à 
medula espinhal.
A ventilação pulmonar (respiração artificial) só poderá ser executada com sucesso caso 
as vias aéreas da vítima estejam abertas, desobstruídas. Nas vítimas inconscientes, a 
principal causa de obstrução é a queda da língua sobre a parede posterior da faringe. 
Como a língua está presa à mandíbula, as manobras que tracionam a mandíbula 
para frente também elevam a língua. A manobra de abertura das vias aéreas pode ser 
suficiente para restabelecer a respiração e prevenir a parada cardíaca.
As principais manobras utilizadas para desobstruir as vias aéreas são: inclinação da 
cabeça com elevação do queixo e manobra de elevação da mandíbula. Pode ser utilizada 
também uma cânula orofaríngea (do tipo Guedel) para manter a permeabilidade das 
vias aéreas.
Inclinação da cabeça e elevação do queixo: manobra mais utilizada, fácil e 
efetiva. Com uma das mãos, pressionar a testa da vítima, inclinando a cabeça levemente 
para trás (hiperextensão do pescoço). Posicione os dedos da outra mão sobre o queixo, 
deslocando a mandíbula para cima. Não utilizar o polegar e não aplicar pressão excessiva 
nas partes moles sob o queixo, que poderão obstruir as vias aéreas. Manter a boca da 
vítima aberta.
31
SUPORTE BÁSICO DE VIDA │ UNIDADE I
Figura 8.
Fonte: <http://circ.ahajournals.org>.
Elevação do ângulo da mandíbula: é a manobra de escolha nas vítimas com 
suspeita de traumatismos na coluna cervical, pois pode ser realizada sem estender o 
pescoço. Segurar com as duas mãos os ângulos das mandíbulas, uma de cada lado, e 
deslocar anteriormente, mantendo a cabeça fixa. Com os polegares, afaste os lábios 
inferiores. Essa técnica deverá ser adotada apenas por profissionais de saúde treinados.
Figura 9.
Fonte: <http://circ.ahajournals.org>.
Observação – socorristas leigos não devem realizar essa manobra e sim a elevação do 
queixo.
Atenção! De acordo com as diretrizes 2010, caso essa manobra não promova abertura 
das vias aéreas, o profissional de saúde é orientado a utilizar a manobra convencional 
(inclinação da cabeça e elevação do queixo), pois a abertura das vias aéreas é uma 
prioridade nos pacientes inconscientes, inclusive nas vítimas de trauma.
Obstrução das Vias Aéreas por Corpos Estranhos 
(OVACE)
Se um corpo estranho for visualizado e estiver acessível após a manobra de abertura 
das vias aéreas, remova-o com o dedo indicador “em gancho”. No caso de líquidos, 
tente removê-los com os dedos indicador e médio envolvidos por gaze. Somente tente 
32
UNIDADE I │ SUPORTE BÁSICO DE VIDA
remover o material que está causando a obstrução se ele estiver bem visível e de fácil 
acesso.
Figura 10.
Fonte: <http://circ.ahajournals.org>.
Embora a perda de consciência seja a causa mais frequente de obstrução das vias aéreas 
(pela queda da língua), a obstrução por corpos estranhos pode provocar a perda de 
consciência e parada cardiopulmonar. A eventualidade de corpos estranhos obstruindo 
as vias aéreas ocorre mais frequentemente durante as refeições, mas outras causas 
de obstrução incluem próteses dentárias deslocadas, fragmentos dentários, sangue, 
secreções (saliva, vômito), balas etc. Em lactentes ou crianças, as causas mais frequentes 
são aspiração de pequenos objetos ou leite regurgitado.
A obstrução de vias aéreas pelo conteúdo regurgitado do estômago também poderá 
ocorrer durante a parada cardiopulmonar ou nas manobras de ressuscitação. Pessoas 
com nível de consciência alterado correm maior risco de obstrução de vias aéreas pela 
aspiração de material vomitado ou sangue (Perda ou diminuição do reflexo faríngeo).
A obstrução das vias aéreas pode ser parcial (semiengasgo) ou total (engasgo). Com 
a parcial, a vítima ainda pode ser capaz de manter boa troca gasosa, caso em que 
poderá tossir, apesar dos sibilos entre as tossidas. Enquanto existir uma troca gasosa 
satisfatória, a vítima deverá ser estimulada e encorajada a persistir na tosse espontânea 
e nos esforços respiratórios, sem interferir nas tentativas para expelir o corpo estranho.
A troca insuficiente de ar é indicada pela presença de tosse ineficaz e fraca, ruídos 
respiratórios estridentes ou gementes, dificuldade respiratória acentuada e, 
possivelmente, cianose. Nesse ponto, iniciar o manejo da obstrução parcial como se 
houvesse obstrução total.
A obstrução total das vias aéreas (engasgo real) é geralmente reconhecida quando a vítima 
está se alimentando e, repentinamente, fica incapaz de falar ou tossir. Pode demonstrar 
sinais de asfixia, agarrando o pescoço (sinal clássico, universal), apresentando esforço 
respiratório exagerado e cianose. O movimento de ar pode estar ausente ou não ser 
33
SUPORTE BÁSICO DE VIDA │ UNIDADE I
detectável. A vítima não consegue falar ou tossir com eficácia. O pronto atendimento 
é urgente, preferencialmente enquanto a vítima ainda está consciente. Caso não seja 
instituído tratamento, a vítima evolui rapidamente para inconsciência, PCR e óbito.
Como proceder? 
MANOBRA DE HEIMLICH.
Essa técnica tem como objetivo expulsar o corpo estranho por intermédio da eliminação 
do ar residual dos pulmões, criando uma espécie de “tosse artificial”.
Figura 11.
Fonte: <http://circ.ahajournals.org>.
 » Verifique se é um engasgo real. Pergunte à vítima: “Você está engasgado?”
 » Posicione-se atrás da vítima, abraçando-a em torno do abdome. Estando 
a vítima em pé, ampliar sua base de sustentação, afastando as pernas, e 
posicionar uma perna entre as pernas da vítima (para evitar que ela caia, 
caso venha perder a consciência).
 » Localizar o umbigo.
 » Colocar a mão fechada a um dedo acima do umbigo. A mão do socorrista 
em contato com o abdome da vítima está com o punho fechado e o polegar 
voltado para dentro. A outra mão é colocada sobre a primeira.
 » Aplicar 5 compressões abdominais sucessivas, direcionadas para cima.
 » Conferir se a vítima voltou a respirar expelindo o objeto.
 » Se necessário, reposicionar e repetir os ciclos de cinco compressões, até 
que o objeto desobstrua as vias aéreas, ou a vítima perca a consciência.
34
UNIDADE I │ SUPORTE BÁSICO DE VIDA
Figura 12.
Fonte: <http://circ.ahajournals.org>.
Se a vítima ficou inconsciente, apoiá-la cuidadosamente até o solo e iniciar manobras 
de reanimação cardiopulmonar (30 compressões torácicas e 2 ventilações. Reavaliar 
a cada 2 minutos (5 ciclos) ou se a vítima mostrar sinais de desobstrução, respiração 
espontânea e circulação).
Atenção! A manobra de Heimlich é perigosa e poderá provocar lesões internas graves. 
As principais complicações são lesões de vísceras abdominais como o fígadoe o baço 
e a regurgitação de material do estômago com broncoaspiração. Sempre encaminhe a 
vítima ao médico após a aplicação da manobra de Heimlich.
Observação – segundo a American Heart Association, a manobra de Heimlich com 
compressões abdominais é recomendada apenas para crianças maiores de um ano e 
adultos.
Dica – para a desobstrução de vias aéreas em bebês, mulheres grávidas e pessoas 
obesas, realizar compressões torácicas e não compressões abdominais.
Nos bebês (lactentes), intercalar 5 tapotagens com as 5 compressões torácicas, até que o 
objeto seja expulso ou o bebê perca a consciência. Caso isso ocorra, considerar a criança 
em parada cardiorrespiratória e iniciar imediatamente manobras de RCP.
35
SUPORTE BÁSICO DE VIDA │ UNIDADE I
Figura 13.
Imagens adaptadas de: <http://www.nlm.nih.gov/medlineplus/encyclopedia.html>.
Boa ventilação
Após a desobstrução da via aérea por corpo estranho deve-se observar se a vítima tem 
respiração normal ou gasping.
Figura 14.
Fonte: <http://www.erc.edu>.
O procedimento de verificação da respiração não deve levar mais do que 3 a 5 segundos.
Respiração difícil, ruidosa e com esforço respiratório pode indicar obstrução de vias 
aéreas, ou respiração agônica que antecede a parada cardíaca. O socorrista deve estar 
atento.
36
UNIDADE I │ SUPORTE BÁSICO DE VIDA
Ao constatar que a vítima não está respirando, iniciar imediatamente a ventilação 
artificial (“sopro da vida” ou duas ventilações de resgate).
Conforme visto anteriormente, o socorrista não deve se esquecer de utilizar barreiras de 
proteção ao realizar a técnica de ventilação boca a boca. Deve se lembrar que a segurança 
do profissional vem em primeiro lugar! O socorrista poderá utilizar dispositivos de 
barreira como a face-shield ou pocket mask (existem diversos modelos disponíveis no 
mercado). O ideal é utilizar o balão-valva-máscara (reanimador manual), conhecido 
popularmente como “Ambu®”.
Figura 15.
Fonte: <http://circ.ahajournals.org>.
Abrir a via aérea com manobra de inclinação da cabeça ou elevação da mandíbula; 
pinçar as narinas da vítima com a mesma mão que inclina a cabeça; aplicar sua boca 
sobre a da vítima, vedando-a completamente. Efetuar duas ventilações, com duração 
de 1 a 2 segundos (cada sopro), observando o movimento do peito e sentindo o ar 
expirado da vítima (ventilações mais rápidas causam distensão do estômago); manter 
um sopro a cada 5 ou 6 segundos (no adulto, frequência de aproximadamente 12 
respirações/min).
Figura 16.
Fonte: <http://circ.ahajournals.org>.
Observação – se a vítima estiver inconsciente, mas apresentar respiração espontânea, 
deverá ser mantida em posição de recuperação (decúbito lateral esquerdo). Essa posição 
37
SUPORTE BÁSICO DE VIDA │ UNIDADE I
é particularmente importante, pois permite que seja reduzido o risco de aspiração para 
os pulmões, em caso de vômito ou excesso de sangue nas vias aéreas. A posição lateral 
de segurança (posição de recuperação) é utilizada nos momentos em que a vítima 
deverá ser lateralizada para desobstrução das vias respiratórias ou quando seu estado 
exigir descanso.
Figura 17.
Fonte: <http://circ.ahajournals.org>.
Circulação
Após as duas ventilações iniciais, o prestador de socorro deve verificar o pulso da vítima. 
O procedimento de verificação do pulso não deve demorar mais que 5 a 10 segundos.
A parada cardiorrespiratória é reconhecida pela ausência de pulso nas grandes artérias 
de vítimas inconscientes. Nos adultos e nas crianças maiores de um ano, a artéria 
utilizada é a carótida. Essa artéria pode ser palpada facilmente no pescoço (nos dois 
lados). Em lactentes, a artéria de escolha para verificar a presença de pulso é a braquial.
Figura 18.
Fonte: <http://circ.ahajournals.org>.
Atenção! Verificar o pulso nas carótidas por 5 a 10 segundos de cada lado. No entanto, 
não verificar o pulso nos dois lados ao mesmo tempo, pois poderá induzir a vítima 
a uma bradicardia (diminuição dos batimentos cardíacos), por compressão dos 
barorreceptores localizados próximos do ponto correto de verificação.
38
UNIDADE I │ SUPORTE BÁSICO DE VIDA
Caso o pulso presente, mas a vítima estiver em parada respiratória, a ventilação artificial 
deverá ser mantida.
Lembrete – vítima que respira não está em parada cardíaca! A realização de compressões 
torácicas em pacientes adultos com pulso presente pode causar complicações sérias. 
Se confirmada a ausência de pulso nas grandes artérias (carótida ou femoral), iniciar 
imediatamente as compressões torácicas.
A manobra de compressão torácica externa consiste em aplicação rítmica de compressão 
no centro do tórax. Isso causa pressão direta no coração e também aumento da pressão 
no interior do tórax, suficientes para manter a circulação do sangue e a oxigenação, 
sempre associada à ventilação artificial. Entretanto, mesmo com a técnica correta, o 
débito cardíaco é três vezes menor que o normal. Assim, o atendimento avançado deve 
ser iniciado rapidamente. O ideal é que se inicie até 8 min após a RCP básica. Pesquisas 
demonstram que, atualmente, mesmo se a RCP é iniciada em menos de 4 min após a 
parada cardiopulmonar e o Suporte Avançado à Vida (SAV) chega ao local em menos de 
8 min após a parada, as chances da vítima se recuperar são muito pequenas.
 » A vítima deve estar em decúbito dorsal (de costas) em uma superfície 
dura, tomando-se o cuidado para que a cabeça não esteja elevada acima 
do nível do coração. O socorrista se mantém ajoelhado, ao lado do tórax 
da vítima.
 » A identificação correta da metade inferior do esterno é muito importante.
Figura 19.
Fonte:<http://circ.ahajournals.org> .
 » Com a mão, localizar a margem inferior do rebordo costal da vítima.
 » Percorrer o rebordo costal até identificar o Apêndice Xifoide.
 » Colocar dois dedos acima do apêndice xifoide sobre o esterno. preconizado 
encontrar um ponto entre os mamilos sobre o esterno.
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SUPORTE BÁSICO DE VIDA │ UNIDADE I
 » Apoiar a palma de uma das mãos sobre a metade inferior do esterno.
 » Colocar a outra mão sobre a primeira, de forma que ambas fiquem 
paralelas. Pode entrelaçar os dedos ou mantê-los estendidos, mas não 
apoiá-los sobre a caixa torácica. O objetivo é impedir que a força de 
compressão seja efetuada sobre as costelas, podendo fraturá-las.
 » Alinhar os ombros sobre o esterno da vítima, mantendo os cotovelos 
estendidos. A força de compressão deve ser provida pelo peso do tronco 
do socorrista e não pela força de seus braços.
Figura 20.
Fonte: <http://circ.ahajournals.org>.
 » Exercer pressão vertical, comprimindo no centro do tórax com 
profundidade de 5 a 6 cm em adultos. As compressões devem ser 
regulares e ininterruptas, seguidas de relaxamento com o mesmo tempo 
de duração de cada compressão. O ideal é verificar se a compressão 
efetuada é suficiente para gerar um pulso carotídeo palpável.
 » A compressão deve ser aliviada completamente (fase de relaxamento), 
sem que o prestador de socorro retire suas mãos do tórax da vítima, para 
que não seja perdida a posição correta das mãos.
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UNIDADE I │ SUPORTE BÁSICO DE VIDA
 » Após 5 ciclos (2 min) de compressão e ventilação (30:2), a vítima deve ser 
reavaliada.
 › Pulso ausente: reiniciar RCP pelas compressões torácicas.
 » Pulso presente: verificar respiração; se a vítima estiver respirando – 
monitorizar os sinais vitais e colocá-la em posição de recuperação.
 › Respiração ausente: manter ventilação artificial (1 sopro a cada 6 
segundos, sendo de 8 a 10 por minuto) e monitorizar o pulso.
As modificações recomendadas em 2010 visam otimizar as compressões torácicas 
e incentivar os socorristas a iniciar os procedimentos de RCP através por meio das 
compressões.
De forma resumida, estas são as principais considerações e recomendaçõessobre 
as diretrizes 2015 de reanimação cardiopulmonar e uso do desfibrilador externo 
automático (DEA):
1. Iniciar a RCP com as compressões torácicas e minimizar as interrupções, 
otimizando a função cardiopulmonar e perfusão dos órgãos.
2. Comprimir o tórax a uma frequência de 100 a 120 compressões por 
minuto, para todas as vítimas.
3. A proporção de compressão/ventilação para qualquer faixa etária (exceto 
recém--nascido) é de 30:2 (30 compressões para 2 ventilações), com um 
socorrista.
4. Em lactentes e crianças, na presença de dois socorristas, efetuar 15 
compressões para 2 ventilações.
5. Na RCP realizada por dois socorristas, assim que uma via aérea avançada 
estiver em posição (intubação orotraqueal), os socorristas não devem 
mais aplicar ciclos de compressão com pausas para ventilação. Um 
socorrista realiza compressões ininterruptamente e o outro socorrista 
aplica as ventilações, em uma frequência de 8 a 10 ventilações por minuto 
(1 ventilação a cada 6 segundos).
6. Comprimir com força, rápido e sem parar.
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SUPORTE BÁSICO DE VIDA │ UNIDADE I
7. Permitir que o tórax retorne totalmente após cada compressão (retorne 
à posição normal) e utilizar aproximadamente o mesmo tempo para 
compressão e relaxamento.
8. Cada ventilação de resgate deve ter a duração de 1 segundo e produzir 
elevação visível do tórax.
9. Evitar aplicar um número excessivo de ventilações ou ventilações muito 
longas e forçadas.
10. Desfibrilar com choque único, seguido de RCP imediata.
11. Reiniciar imediatamente, após a desfibrilação, as manobras de 
compressão, sem checar o pulso. O pulso somente será reavaliado após 2 
minutos (ou realização de 5 ciclos de RCP).
12. Alternar os reanimadores a cada 2 minutos, para evitar a fadiga e manter 
a qualidade das manobras de RCP.
13. Abrir as vias aéreas é uma prioridade, mesmo na vítima de trauma com 
possível lesão cervical. Caso a elevação da mandíbula sem a extensão do 
pescoço não abra a via aérea, os profissionais de saúde devem utilizar a 
manobra de inclinação da cabeça e elevação do queixo.
14. Aplicar, se a vítima adulta não estiver respirando, mas tiver pulso, 10 a 
12 ventilações de resgate por minuto (1 ventilação a cada 6 segundos). 
Para lactentes ou crianças, aplicar de 12 a 20 ventilações por minuto 
(aproximadamente 1 ventilação a cada 3 a 5 segundos).
15. Iniciar as compressões torácicas, se a frequência cardíaca do lactente 
ou da criança for inferior a 60 batimentos/min, com sinais de perfusão 
sistêmica inadequada.
16. Usar uma ou duas mãos para aplicar as compressões torácicas em 
crianças. Comprimir sobre o esterno no centro do tórax logo abaixo da 
linha mamilar. Para lactentes, pressionar sobre o esterno, imediatamente 
abaixo da linha dos mamilos.
17. Na RCP de lactentes realizada por dois socorristas, utilizar a técnica dos 
dois polegares para realizar as compressões torácicas.
42
UNIDADE I │ SUPORTE BÁSICO DE VIDA
18. Usar o DEA para crianças acima de um ano de idade (abaixo de um ano 
utilizar o desfibrilador manual).
Modelos de desfibriladores:
Figura 21.
Fonte: <http://www.lifesaversofamerica.com>.
Figura 22.
Fonte:<http://www.heartstart.co.uk>.
Figura 23.
Fonte: <http://www.zoll.com>.
Figura 24.
Fonte: <http://www.lifesaversofamerica.com>.
43
UNIDADE II
URGÊNCIAS E 
EMERGÊNCIAS NO 
AMBIENTE 
EXTRA-HOSPITALAR
CAPÍTULO 1
Urgências e emergências 
cardiovasculares
Infarto Agudo do Miocárdio (IAM)
A humanidade enfrenta uma epidemia de cardiopatias, nas quais as Síndromes 
Coronarianas Agudas (SCA) representam importante causa de morbimortalidade em 
todo o mundo. Fatores como a hipertensão arterial, tabagismo, redução da prática 
de atividade física, maus hábitos alimentares, ganho ponderal, traços genéticos 
(hereditariedade), automedicação, estresse, privação de sono e outros agravos 
representam uma equação em que o resultado é bombástico, patológico, coletivo e, de 
certa forma, evitável.
Atualmente, sabe-se que em grandes capitais o cidadão enfrenta cerca de uma hora de 
trânsito por dia, tem menos de 30 minutos para cada refeição, segue com vários deveres 
sociopolíticos, cultiva a ganância pelo aumento da renda e valoriza cada vez menos a 
saúde, chegando ao ponto de trocá-la por status e bens materiais.
O sistema cardiovascular sofre, inquestionavelmente, com o padrão de vida adotado pela 
sociedade nos dias de hoje. O coração enfrenta uma sobrecarga episódica ou rotineira 
que prejudica seu funcionamento de tal maneira que o órgão perde gradativamente 
seu potencial de ação, entrando em hipoatividade e inviabilizando a manutenção do 
metabolismo pelo princípio básico da homeostasia.
Assim, quando o indivíduo alcança o limiar do estresse, da fadiga e da irresponsabilidade 
com seu autocuidado, expressa uma síndrome que acomete um ou mais sistemas do 
organismo comprometendo sua integridade física. Sinais e sintomas como dor no peito, 
sudorese, pele fria, palidez, taquicardia e dispneia estão cada vez mais presentes nos 
serviços de atendimento médico especializado, desde aqueles que atuam diretamente 
na comunidade como nos hospitais de referência.
44
UNIDADE II │ URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS NO AMBIENTE EXTRA-HOSPITALAR
Dentro desse quadro de doenças cardiovasculares, as Síndromes Coronarianas 
Agudas (SCA) correspondem à angina instável, Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) 
e morte súbita.
Figura 25.
Imagem adaptada de: <http://pro.corbis.com>.
A principal etiologia da SCA é a instalação de placas de ateroma nas coronárias, causando 
obstrução total ou parcial das artérias ou seus ramos, com consequente interrupção do 
fluxo sanguíneo e chegada de oxigênio e nutrientes para as células do músculo cardíaco.
Alterações na circulação coronariana com redução do débito promovem um desequilíbrio 
entre a oferta e a demanda de oxigênio das células cardíacas. Assim, a redução do fluxo 
sanguíneo e isquemia, quando prolongada, acarretam hipóxia e culminam com a morte 
(necrose) do músculo cardíaco. Nesse processo de injúria, o coração demonstra seu 
sofrimento a partir de sinais e sintomas clássicos, tais como precordialgia, epigastralgia, 
sudorese fria e pegajosa, palidez cutâneo-mucosa, taquicardia, dispneia, inquietação, 
mal-estar geral, confusão mental, náuseas, vômitos, fadiga e síncope.
Figura 26.
Imagem adaptada de: <http://pro.corbis.com>.
45
URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS NO AMBIENTE EXTRA-HOSPITALAR │ UNIDADE II
A injúria sintomática decorrente da hipóxia recebe a denominação fisiopatológica de 
angina. Ao estabelecer necrose na estrutura cardíaca é diagnosticado o Infarto Agudo 
do Miocárdio (IAM). A dor de um infarto do miocárdio é semelhante à da angina, 
mas, em geral, ela é mais intensa, prolongada e dificilmente aliviada pelo repouso ou 
administração de medicamentos. O diagnóstico diferencial entre a angina e o infarto é 
feito pelo eletrocardiograma e exames complementares.
Alguns indivíduos apresentam parada cardiorrespiratória súbita e não respondem à 
reanimação cardiopulmonar, caracterizando um quadro de morte súbita (geralmente 
ocasionada por arritmias ventriculares como a fibrilação ventricular e a taquicardia 
ventricular sem pulso FV/TV).
Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, o infarto agudo do miocárdio é 
considerado a principal causa isolada de morte no Brasil (doença cardiovascular). Esses 
dados coincidem com aqueles encontrados em países desenvolvidos.
Protocolo de Síndrome Coronariana Aguda (SCA)
<https://www.hospitalsiriolibanes.org.br/institucional/gestao-da-qualidade/
Documents/protocolo-sca.pdf>
Como proceder?
Diante de uma vítima com possível quadro de IAM, deve-se acionar imediatamente o 
serviço de socorro especializado (Suporte Avançado), monitorar os sinais vitais, colocar 
avítima em posição confortável (cabeça elevada 30º a 45º), afrouxar as roupas, gravata 
ou cinto; ventilar o ambiente, não oferecer bebida ou comida, realizar manobras de 
RCP (se necessário) e conduzir a vítima ao hospital o mais rápido possível.
Lembre-se que “tempo é músculo cardíaco!”, portanto o paciente com dor torácica e 
suspeita de infarto agudo do miocárdio deverá ser encaminhado à emergência o quanto 
antes, para avaliação diagnóstica e tratamento adequado. O atendimento ao paciente 
com SCA deverá ser feito de forma rápida e organizada.
Observação – o atendimento médico ao paciente (com administração de oxigênio, 
vasodilatadores, analgésicos e outras drogas), bem como os exames diagnósticos, 
monitorização hemodinâmica e tratamento não serão abordados, pois representam 
suporte avançado de vida e conduta específica.
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UNIDADE II │ URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS NO AMBIENTE EXTRA-HOSPITALAR
A respeito deste assunto, consulte:
<http://publicacoes.cardiol.br/2014/diretrizes/2015/02_TRATAMENTO%20
DO%20IAM%20COM%20SUPRADESNIVEL%20DO%20SEGMENTO%20ST.pdf>
A prevenção, aliada à correção dos fatores de risco e identificação precoce da doença 
arterial coronariana, contribui significativamente para a redução da mortalidade e 
sequelas associadas.
Acidente Vascular Encefálico (AVE)
Nas últimas quatro décadas houve um aumento progressivo de sobrepeso e obesidade 
em função das mudanças do padrão alimentar e do sedentarismo da vida moderna 
e, por consequência, do crescimento da morbimortalidade por doenças crônicas não 
transmissíveis, incluindo o Acidente Vascular Encefálico (AVE).
O Acidente Vascular Encefálico (AVE) é a principal causa de incapacidade funcional 
no mundo e de morte por causas cardiovasculares no Brasil. A Organização Mundial 
de Saúde (OMS) estima que mais de 5 milhões de pessoas morrem a cada ano por 
causa de acidentes cardiovasculares. Segundo a Sociedade Brasileira de Doenças 
Cerebrovasculares, o AVE é responsável por 30% dos óbitos registrados no País.
Segundo dados do Ministério da Saúde, mesmo os pacientes que sobrevivem a um AVE 
correm riscos: cerca de 50% morrem após um ano, 30% necessitam de auxílio para 
caminhar e 20% ficam com sequelas graves.
Leia sobre a construção da vigilância e prevenção das doenças crônicas não 
transmissíveis, no contexto do Sistema Único de Saúde em:
<http://www.portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/5artigo_construcao_
cronicas.pdf>.
A definição de Acidente Vascular Encefálico no dicionário médico é a de uma 
manifestação, geralmente súbita, de insuficiência vascular do cérebro de origem 
arterial decorrente de espasmo, isquemia, hemorragia ou trombose. O Acidente 
Vascular Encefálico decorre da alteração do fluxo de sangue ao cérebro. Responsável 
pela morte de células nervosas da região cerebral atingida, o AVE pode se originar de 
uma obstrução de vasos sanguíneos, o chamado acidente vascular isquêmico, ou de 
uma ruptura do vaso, conhecido por acidente vascular hemorrágico.
47
URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS NO AMBIENTE EXTRA-HOSPITALAR │ UNIDADE II
O Acidente Vascular Isquêmico é responsável por 80% dos casos de AVE. Essa 
obstrução dos vasos cerebrais pode ocorrer devido a um ateroma (formação de placas 
numa artéria principal do cérebro) ou tromboembolia (quando um trombo ou uma 
placa de gordura originária de outra parte do corpo se solta e, pela rede sanguínea, 
chega aos vasos cerebrais).
Figura 27.
Imagem adaptada de: <http://acidentevascularcerebral.com>.
Ataques isquêmicos transitórios, como o próprio nome indica, correspondem a 
obstruções temporárias do sangue a uma determinada área do cérebro. Geralmente, 
essas obstruções são originadas do acúmulo de plaquetas agregadas em placas nas 
paredes dos vasos ou formação de coágulos no coração. Os sinais e sintomas desse 
ataque são os mesmos do AVE, contudo, têm duração de menos de 24 horas.
Em um Acidente Vascular Hemorrágico (AVEH), o rompimento dos vasos 
sanguíneos se dá na maioria das vezes no interior do cérebro, com a denominada 
hemorragia intracerebral. Em outros casos, ocorre a hemorragia subaracnoide, o 
sangramento entre o cérebro e a aracnoide. Como consequência imediata, há o aumento 
da pressão intracraniana, que pode resultar em maior dificuldade para a chegada de 
sangue em outras áreas não afetadas e agravar a lesão. Esse subtipo de AVE é mais 
grave e tem altos índices de mortalidade.
48
UNIDADE II │ URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS NO AMBIENTE EXTRA-HOSPITALAR
Figura 28.
Imagem adaptada de: <http://acidentevascularcerebral.com>.
Fatores de risco
Os fatores de risco aumentam a probabilidade de ocorrência de um acidente vascular 
encefálico, no entanto muitos deles podem ser minimizados com tratamento médico 
ou mudança nos estilos de vida. Entre os fatores de risco que podem ser modificados, 
destacam-se os seguintes:
 » hipertensão;
 » diabetes;
 » tabagismo;
 » consumo frequente de álcool e drogas;
 » estresse;
 » dislipidemia;
 » doenças cardiovasculares, sobretudo as que produzem arritmias;
 » sedentarismo;
 » uso de contraceptivos hormonais;
 » doenças hematológicas. 
49
URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS NO AMBIENTE EXTRA-HOSPITALAR │ UNIDADE II
 » Existem, contudo, fatores que podem facilitar o desencadeamento de 
um acidente vascular encefálico e que são inerentes à vida humana, tais 
como:
 » idade;
 » etnia;
 » predisposição genética.
Manifestações clínicas
A sintomatologia depende da localização do processo isquêmico, do tamanho da área 
isquêmica, da natureza e funções da área atingida e da disponibilidade de um fluxo 
colateral. Muitos sinais e sintomas são comuns aos dois tipos de acidente vascular 
encefálico.
 » cefaleia;
 » alterações do nível de consciência;
 » convulsões;
 » perda do equilíbrio;
 » tontura e fraqueza;
 » alterações motoras (hemiplegia, hemiparesia);
 » alterações sensitivas (parestesia, alterações do campo visual);
 » alterações da fala e de comunicação;
 » náuseas e vômitos;
 » alterações da memória.
Organização Mundial de Saúde
<www.who.int>.
Academia Brasileira de Neurologia
<www.abneuro.org.br>.
Manual Merck. Distúrbios do cérebro e dos nervos
<http://www.msd-brazil.com/msdbrazil/patients/manual_Merck/mm_sec6_74. 
html#section_3>.
50
UNIDADE II │ URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS NO AMBIENTE EXTRA-HOSPITALAR
Atendimento inicial
O Acidente Vascular Encefálico é uma emergência médica. O socorro especializado 
deve ser chamado imediatamente para que a vítima seja encaminhada ao hospital o 
mais breve possível.
O tratamento adequado a uma vítima desse acidente deve ser realizado dentro do 
hospital, por uma equipe multiprofissional treinada e bem coordenada. Infelizmente, 
muitos pacientes não chegam ao hospital a tempo de receber atendimento médico 
apropriado; portanto, quanto mais cedo o paciente for atendido, melhor será o 
prognóstico e maiores serão as chances de sobrevivência.
No entanto, até a chegada do socorro especializado, responsável pelo transporte da 
vítima, é fundamental a avaliação do nível de consciência e monitorização dos sinais. 
A Escala de Coma de Glasgow (ECG) é uma escala neurológica que se constitui num 
método confiável e com o objetivo de registrar o nível de consciência de uma pessoa, 
para avaliação inicial e contínua após uma disfunção neurológica.
Escala de coma de Glasgow
Mínimo 3, Máximo 15
Abertura ocular
Espontânea 
À voz
À dor
Sem abertura
4
3
2
1
Resposta verbal
Orientada
Confusa
Inapropriada
Incompreensível
Sem resposta
5
4
3
2
1
Resposta motora
Obedece a comando
Localiza dor
Movimento de retirada 
Flexão à dor
Extensão à dor
Sem resposta
6
5
4
3
2
1
Fonte: <www.bibliomed.com.br>.

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