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Sistema Nervoso: Componentes e Exame Físico

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1"f o Sistema
Nervoso
COMPONENTES DO SISTEMA
NERVOSO
Emtermosgerais,o sistemanervosoédivididoto-
pograficamentenoscomponentescentraleperiférico
comsuperimposiçãodosistemanervosoautônomo.
Funcionalmente,o sistemanervosoédivididoemre-
giõessensorial,centrale motora.A regiãosensorial
contémoscomponentesaferentes,que,atravésdeum
espectrodediferentesreceptoresenervossensoriaise
arcosreflexos,sãoresponsáveispelasensaçãodoam-
o bienteexternoeinternoetransmissãodessesdadosaté
aregiãocentralparaintegraçãonamedulaespinhale
cérebro.Asrespostasaosdadosquechegamsãoexecuta-
daspelosistemamotoroueferentequeconsistenosner-
vosmotores,nasplacasterminaisenosórgãosefetores.
Osistemamotorésubdivididoemsistemasmoto-
resautonômicoe somático.O sistemaautonômico
consisteemum sistemadesubdivisõesemoposição,
simpáticae parassimpática,distribuídopelosistema
nervosoe responsávelpelocontroleinvoluntárioda
funçãodasvísceras.Essaregiãodosistemanervoso
nãoémuitoenvolvidanoexameneurológicogeral.A
porçãosomáticaé tambémconhecidacomosistema
motorvoluntário(emcontrastecomo sistemainvo-
luntário,mencionadohápouco)que,desdeumpon-
to devistafuncional,é consideradocomosendo
constituídodeumneurôniomotorsuperior(NMS)e
um neurôniomotorinferior(NMI). Na realidade,
ambosos"neurônios"consistememmaisdeumcom-
ponente.O NMI consisteemneurôniomotor,emseu
axônioeemsuasconexõesterminaisnomúsculo.O
NMIpodeserumacéluladocornoventraldamedula
espinhalouacélulanervosamotoradeumnervocra-
niallocalizadacentralmente.ONMSéacélulanervo-
sa motorano córtexresponsávelpelomovimento
voluntário,e seusimpulsossãotransmitidosatravés
dosneurônioscraniaisoudosneurôniosmaisdistais
damedulaespinhal.Parainiciaromovimentovolun-
tário,o NMS,queélocalizadonocérebro,estimulao
NMI distribuídonotroncoencefálicoenocornoven-
traldamedulaespinhal,cuiarespostaéentãotrans-
mitidaparao musculoesqueléticodacabeçae resto
docorponosnervoscraniaiseperiféricosrespectiva-
mente,via axôniosterminais.Cadaunidademotora
consisteno NMI e no músculoqueeleinerva.Para
facilitaraavaliação,osistemanervosocentralétam-
bémdivididoemseções:
.Cérebro.Segmentoscervicaissuperioresda medulaespinhal,
C1-C5.Segmentosdatumefaçãobraquialdamedula
espinhal,C6-T2.Segmentostorácicose lombaresdamedula
espinhal,T3-L3.Segmentosdatumefaçãopélvicadamedula
espinhal, L4-S2.Segmentosdamedulaespinhalqueinervamo reto,
ânuse bexiga,53-55.Segmentosda medulaespinhalqueinervama
cauda,C01-C05
MANIFESTAÇÕES DE DOENÇA
DO SISTEMA NERVOSO
Emboraa doençadosistemanervosopossaresul-
taremelevaçãodatemperaturacorporal,bacteremia,
septicemia,doreenvolvimentodeórgãosadjacentes,
o papeldominantedessesistemanocontroledafun-
çãodeváriosórgãosfazcomqueosprincipaissinais
84 VICTOR C. SPEIRS
dedoençasejamrelacionadosaumaalteraçãoouper-
dadefunção.A variaçãonafunçãoé,portanto,um
guiaimportanteparaa localizaçãodalesão.A avalia-
çãodafunçãorequerumentendimentodecomoo
NMSeoNMIinteragem,assimcomoacapacidadede
reconhecerossinaisclínicosassociadoscomavaria-
çãonafunçãodecadaunidademotora.Usandoessa
abordagem,umalesãopodeserlocalizadaemuma
parteespecíficadosistema.Esseconceitofunciona
melhorparalesõessolitárias,masfreqüentementeum
processoé distribuídopelosistemacomoumalesão
contínua(difusa)oucomoumasériedelesõesfocais
(multicêntrica).O NMI consisteemumcomponente
sensorialnumórgãoquesecomunicacomo neurô-
niomotorna medulaespinhallocale daí comum
músculoefetor,viaaxônio.Issoéconhecidocomoarco
reflexo,atravésdoqualum impulsosensorialpode
induzirumarespostaimediata,sempassarpelocére-
bro.Háumaconstanteinteraçãoentreossistemasde
NMIcontrolandogruposmuscularesemoposição(p.
ex.,músculosflexoreseextensores)queestão,emcir-
cunstânciasnormais,sobinfluênciadoNMSque,por
suavez,mantémumcontroleinibitóriosobreo refle-
xolocal.SinaisdedoençadoNMSsãorelacionadosà
perdadessainibição,tendendoa causaraumentoda
atividadenoórgãoterminal.Issocontrastacoma le-
sãodoNMIquecausaumareduçãonaperdadafun-
ção,observadageralmentecomoperdanotônus.
EXAME FíSICO GERAL
Osobjetivosdoexamedosistemanervososãoini-
cialmenteestabelecerseháalgumprocessopatológi-
copresentee,então,casoexista,localizá-Ionosistema
nervoso.Comofoidito,énecessárioumentendimen-
tocompletodosaspectosneuroanatômicose funcio-
naisdo sistemanervoso.Emboraqualquerexame
sistemáticosejaadequado,umobjetivoinicialdeveser
delocalizara lesãoemumaou maisdasseguintes
regiõesqueaparecemlistadasnosentidocranialacau-
dal,deacordocomo desenvolvimentogeraldoexa-
me:
.Cérebro.Troncoencefálico.Cerebelo.Medulaespinhal.Nervosperiféricosemúsculos
A progressãocranialacaudaldoexamebaseia-se
naprogressãosemelhantedocontroleneurológico,do
maisaltoparao maisbaixo.
Antesqueumexamedetalhadoeespecíficodosis-
temanervososejafeito,deveserrealizadoumexame
clínicogeral,emparteparadetectara presençade
RESPOSTA A UMA LESÃO NO
NEURÔNIO MOTOR SUPERIOR
.Movimentovoluntárioreduzidoou ausente
(hiporreflexia,arreflexia). Respostareflexanormalou exagerada(hiper-
reflexia). Aumentodo tônusmuscular(hipertônico),
atrofiadedesusodiscreta. Perdadapropriocepçãoe dador(hipoalgesia,
analgesia)
RESPOSTAA UMALESÃONO NEURÔNIO
MOTOR INFERIOR. Movimento voluntárioreduzido ou ausente.Respostareflexareduzidaou ausente. Tônusmuscularreduzido(hipotônico)ou
ausente(atônico). Perdadapropriocepçãoe dador,atrofia
musculargrave
doençaemoutroórgãoou sistemae empartepara
detectara presençadedoençaquepossaproduzirsi-
naisneurológicossecundários.Hipóxia,anóxia,hipo
e hiperglicemia,hepatopatia,uremia,hipocalcemia,
hiperehipocalemia,acidose,alcaloseehipoehiper-
termiasãofreqüentementeassociadasa sinaisclíni-
cosneurológicos.O métodoparaexamedosistema
nervosodadoaseguirfoidelineadoapartirdeoutras
publicações.l,z
Cabeça
Comportamento
Comportamentoanormalindicamaufunciona-
mentodocórtexcerebral.Conhecerocomportamento
normalénecessárioantesquesepossaidentificarum
comportamentoanormal.Variaçõesdocomportamen-
tofreqüentementereconhecidasincluempressionara
cabeça,andaremcírculos,lamber-se,alteraravozeo
apetiteetomar-seagressivo.Aspectosdocomportamen-
tonormalcomosquaisoclínicodeveestarfamiliari-
zadoincluem:
.Maneiracomquecavalosreagema pessoase a
outroscavalos.A incapacidadedemantera
ordenaçãosocialpodeindicardoençaoufraqueza.Modopeloqualoscavalosrelaxamquandonão
perturbados.Quantidadedetempodedicadoa comere dormir
EXAME CLÍNICO DE EQÜINOS 85
.Freqüênciacomquesedeveesperarverumcavalo
deitadoe emqueposiçãoelemaisprovavelmente
estará
. Comportamentonormaldegaranhõese deéguas.
Garanhõesfreqüentementesãomaisagressivosque
éguase cavaloscastrados,o quenãodeveser
confundidocomdesenvolvimentode comporta-
mentoagressivoemumindivíduoanteriormente
calmo.A agressividadee a disposiçãogeralirritadi-
çasãosinaismuitasvezesrelacionadosa
desequilíbrioshormonaisassociadosa tumores
ovarianosou retençãotesticular
EstadoMental
Anormalidadesnoestadomentalindicamumen-
volvimentodotroncoencefálicoecórtexcerebralme-
nor.Oestadomentalpodesercomparadoaoestadode
consciênciadeumanimalerefleteacapacidadefun-
cionaldosistemaativador reticularascendente,loca-
lizadonotroncoencefálico,bemcomodecertaspartes
docórtexcerebral.Normalmente,essessistemasres-
pondema impulsossensoriais(aferentes)na forma
deestímulosvisuais,tácteis,auditivos,olfativosegus-
tativos.O estadomentalvariadonormal,passando
porumasériedeestágiosmenoresdeanormalidade
(estupor,depressão,sonolência,delírio,letargiaede-
pressão),atéocomaesemicoma.Comaocorrequan-
donãoháqualquerrespostaaosestímulosnormais,e
semicomadefineumestadonoqualnãoocorreres-
postaaestímulosnormais,mashárespostaaestímu-
losexcessivamentenocivos.
Postura e Coordenação da Cabeça
Osmovimentosnormaissuavese coordenadosda
cabeçaestãosobcontroledocérebro,cerebeloesiste-
mavestibular.Omovimentonormaldacabeçaenvol-
veváriascombinaçõesdeflexãolateral,rotaçãoe
extensãodaarticulaçãoatlantoccipital.Umaposição
anormalpodeserdevidaàdordefraturaou infecção.Lesõesvestibularesfreqüentementecausamumaro-
taçãocaracterizadaporinclinaçãodacabeçacoma
nucadesviadaparaum lado,mascomo focinhoe
pescoçona linhamédia.Poroutrolado,aslesõesdo
cérebropodemfazercomqueocavaloandeemcírcu-
lose mostreum desviodacabeçae pescoçoparao
ladodalesão,masofocinhonãogireaoredordanuca.
Aslesõescerebelaresinterferemcoma coordenação
normalecontrolefinodosmovimentos,resultandoem
movimentosabruptosduranteamovimentaçãovolun-
táriae emtremoresfinosquandoo animalestáem
repouso,conhecidoscomotremoresdeintenção.
Aposturaecoordenaçãodacabeçapodemserava-
liadasduranteaatividadenormal.Sealgumacomida
é seguradaaoladodapaletaemqualquerdoslados
docavalo,elegeralmenteflexionaacabeçaafimde
tomaro alimentonaboca(apreender)(Figura4-1).
Oanimaldeveseravaliadoenquantoemrepouso,para
detectarem-setremoresouposturaanormaldacabe-
ça.Aposiçãodanucaemrelaçãoaofocinhodeveser
cuidadosamenteavaliada.
Avaliação da Função dos Nervos Cranianos
A localizaçãodeumalesãonotroncoencefálicoé
facilitadaporumexamecuidadosodosnervoscra-
nianos.Aexemplodosoutroscomponentesdoexame,
é lógicoproceder-senumsentidocranialacaudal.
AVALIAÇÃODO OLFATO (NERVO CRANIANOI
[NERVO OLFATIVO]). É extremamentedifícil
avaliar-seoolfatoemcavaloseumdéficitnessesenti-
do (anosmia)é,por isso,raramenterelatado.Uma
avaliaçãosimplesdoolfatopodeserfeitaanotando-se
comoo cavalocheiracoisascomoalimento,mãodo
clínico,fezesou urina,estaúltimasendoum teste
melhorparagaranhões.
AVALIAÇÃODA VISÃO (NERVO CRANIANO 11
[NERVO ÓPTICO D. Avisãoétestadapeloreflexo
deameaça,peloqualum gestoameaçadorfeitoem
direçãodoolhoinduziráfechamentodapálpebraeàs
vezesrecuodacabeça(Figura4-2).Deve-setercuida-
doparaquecomo gestonãoseprovoquemdesloca-
mentosdearquepossamserpercebidospelocavaloe
resultaremumarespostasemelhante.O reflexopode
estarausenteemcavalosdeprimidosou excitadose
potrosrecém-nascidos.O cavalopodetornar-serefra-
tárioseo gestoforrepetidocommuitafreqüência.No
t FIGURA 4-1
Segurandoumaporçãodealimentoadjacenteàpaletaparatestaraca-
pacidadedocavaloemflexionaracabeçae pescoçolateralmente.
86 VICTOR C. SPEIRS
cavalo,comoresultadodeumcruzamento(decussa-
ção)quasecompletono quiasmaáptico,a visãoem
umolhoécontrolada,principalmente,nohemisfério
cerebralcontralateral.Aviaaferente,portanto,envol-
veprimeiroretina,nervoápticoequiasmaápticopara
daí,apósa decussação,o tratoápticocontralateral,
núcleogeniculadolateral,radiaçãoápticae cártex
occipital.Aviaeferenteenvolveo núcleodonervofa-
cialipsolateralqueforneceumarespostamotoraque
terminacomo fechamentodaspálpebras.Lesõesda
retinaedonervoápticoproduzirão,portanto,ceguei-
raipsolateral,enquantolesõeslocalizadasmaiscen-
tralmentecausarãocegueiracontralateral.
Testesdevisãoincluemacapacidadedeseguiruma
luz emmovimentoe movimentar-seporum trajeto
comobstáculos,evitando-os(Figura4-3).Umaobser-
vaçãocuidadosaenquantoo cavaloestácomendoou
caminhando,especialmentesefornumambientees-
tranho,podepermitiradetecçãodacegueiraouvisão
deficitária.A cegueiraouvisãodeficitáriaunilateral
sãomuitomaisdifíceisdedetectar,esuadetecçãopode
necessitarvendarosolhosdocavalo(Figura4-4).
"
I
t FIGURA 4-2
Reflexodeameaça.Osdedossãorapidamentemovimentadosemdir~
çãoaoolho,tomando-seocuidadodeevitarcontatoouproduzircorren-
tesdear.
t FIGURA 4-3
Trajetocomobstáculosparatestaravisão.Observequeoatendenteper-
mitequeocavaloescolhaporondecaminha.
AVALIAÇÃO DO REFLEXO PUPILAR À LUZ
(NERVOS CRANIANOS 11[NERVO ÓPTICO] E
111[NERVO OCULOMOTORD. O tamanhoda
pupiladependedoequilíbrioentreosmúsculoscons-
tritores,inervadosporfibrasparassimpáticasdosner-
vosoculomotoresemúsculosdilatadores,inervadospor
fibrassimpáticasdogângliocervicalcranial.A ava-
liaçãodoreflexopupilarà luz testaafunçãodosner-
vosápticoeoculomotorsimultaneamente.Nela,osim-
pulsosneurais,produzidosemrespostaaumfeixede
luz dirigidoparao interiordoolho,chegamaocére-
broatravésdonervoáptico,sãointegradosna região
pré-tectaldomesencéfalocontralaterale,então,ati-
vambilateralmenteocomponenteparassimpáticodos
nervosoculomotores,fazendoaspupilascontraírem-
se.Aconstriçãonoolhoipsolateraléconhecidacomo
respostadireta,e a constriçãono olhocontralateral,
comorespostaconsensual.Aviaàrespostaaofeixede
luz dirigidaparaumolhoémostradanaFigura4-5.
Antesderealizar-seo teste,cadaolhodeveserexami-
nadoparaassegurarquenãoexistamlesões,como
aderênciasquepossaminterferirmecanicamentecom
aconstrição.Oreflexopupilaràluznãoenvolveocár-
texvisuale,portanto,o reflexopodeserpositivonum
cavalocomcegueiracausadapordanonessaregião.
O maufuncionamentoda inervaçãopelonervo
simpáticoaoolhoproduzumasíndromeconhecida
comosíndromedeHornerqueconsistenaconstrição
(miose),na quedadapálpebrasuperior(ptose)e na
produçãodamembrananictitante.Hátambémsinais
não-ocularescomodilataçãodosvasossangüíneos
faciais,hiperemiada conjuntivanasale tumefação
doladoafetadodacabeçaoupescoço.
EXAME CLÍNICO DE EQÜINOS 87
AVALIAÇÃODA POSIÇÃO DO GLOBO OCULAR
(NERVOSCRANIANOS111[NERVOOCULOMO-
TOR], IV [TROCLEAR] E VI [ABDUCEN-
TE]). A posiçãodoolhoé controladaativamente
pelosquatromúsculosretos,pelosdoisoblíquosepe-
losmúsculosretratoresdobulbo(doglobo).Aposição
podeseralteradaporlesõesqueocupamespaçonas
órbitas(abscesso,neoplasia)e podemproduzirdes-
viosoudeslocamentos.Osúnicosmúsculosdoolho
nãoinervadospelonervooculomotorsãoo retolate-
ral,osmúsculosretratoresdobulbo,quesãosupridos
pelonervoabducente(nervocranianoVI),eomúscu-
lo oblíquodorsal,supridopelonervotroclear(nervo
cranianoIV).
A funçãodessesmúsculosenervosé avaliadaob-
servando-seoposicionamentodosolhosnasórbitase
tambémomovimentodecadaolho.Oposicionamen-
toanormaléchamadodeestrabismo,eomovimento
anormalé conhecidocomonistagmo.Antesqueo
movimentoanormalpossaseravaliado,osmovimen-
tosnormaisdosolhosprecisamserentendidos.Quan-
doa cabeçadocavaloé elevada,osolhostendema
permanecernaposiçãohorizontale,aofazerisso,gi-
ramventralmentenasórbitas.Domesmomodo,quan-
doacabeçasemoveparaumlado,osolhosmudam
. FIGURA4-4
Colocaçãodevenda.Permitequeosolhossejamadequadamentecober-
tose que o cavalonão possaveratravésda vendaou por suasbordas.
ritmicamentedeposição,nosentidodanovalocaliza-
ção,numasériedepequenosmovimentos,aoinvésde
manterem-seno meioda órbita,movendo-sejunto
comacabeça.Essaúltimaatividadeéonistagmoves-
tibularnormalou reflexooculocefálicoe resultada
interaçãoentreoscentrosquecontrolamoequilíbrio
(núcleosvestibulares)e osnervosresponsáveispelo
movimentodosolhos.Estrabismoverdadeiroé raro
emcavalos,mas,quandopresente,devidoà associa-
çãoanatõmicaíntimadosnervosquecontrolamo
movimentodosolhos,significaquetodososnervos
estãoafetadosemalgumgrau.Oestrabismoassocia-
doa danoemalgumdessesnervosirá ocorrer,inde-
pendentementedaposiçãodacabeça,enquantoque
olhoscomnistagmoassociadoa danovestibularpo-
demsermovidoseresponderãoaomovimento.
CAPACIDADEDE MASTIGAR (NERVO CRANIA-
NO V). Asfibrasmotorasparaosmúsculosdamas-
tigaçãosãolevadasnonervotrigeminal.Danobilateral
a essenervoreduza efetividadedamastigação,en-
quantoaparalisiacausaincapacidadedofechamento
da mandíbula.Seguem-seatrofiadomasseter,dos
músculostemporaise ventredistaldosmúsculosdi-
gástricos.Danounilateralresultanumtõnusfracoda
mandíbulae atrofiaunilateral.
AVALIAÇÃO DA SENSAÇÃOCUTÂNEA FACIAL
(NERVO CRANIANO V). Asfibrassensóriasda
maiorpartedacabeçasãolevadaspelosramosman-
dibular,maxilare oftálmicodo nervotrigeminal.A
funçãodessesramossensóriosétestadaobservando-se
arespostaàestimulação.Omovimentodaspálpebras,
orelhae lábiosemrespostaatestescompicadasleves
serveparaavaliarosramossensórioseoscomponen-
tesmotoresdonervofacial,emboraaapreciaçãocons-
cientedoestímulonãosejanecessária.Cadaramopode
sertestado,avaliando-sesuaáreadedistribuição(Fi-
gura4-6).
AVALIAÇÃO DA SIMETRIA E MOVIMENTOS
FACIAIS (NERVO CRANIANO VII). Osmúscu-
losresponsáveispelasimetriaeexpressãofaciaissão
controladospelasfibrasmotorasdonervofacial(VII).Paracomeçar,acabeçadeveserexaminadaparaveri-
ficaçãodeperdadetõnus,geralmenteobservávelcomo
assimetriaunilateraldaspálpebras,orelhasoulábios.
A capacidadedemovimentaressasestruturaséentão
testada,emrespostaatestesdeprovocação.Aparalisia
facialégeralmentecaracterizadapor"queda"daore-
lha e lábios,elevaçãoincompletadapálpebrasupe-
rior,desviodofocinhoparao ladonão-afetadoeinca-
pacidadedeabriranarina.A localizaçãododanono
nervodeterminaquaisestruturasestãoafetadas.Uma
lesãoproximalafetaa funçãodetodasasestruturas
supridaspelonervo,enquantoqueumalesãodistal,
88 VICTOR C. SPEIRS
Estímulo
Diminuiçãodaluz
Estímulo
Aumentoda luz
Nervoópticoesquerdo Nervoópticodireito
Córtexvisualesquerdo
Regiãopré-tectalesquerda
~ \.
Estimulaçãobilateraldo
núcleoparassimpáticodos
nervosoculomotores.
! !
Estimulaçãobilateraldosmúsculos
dosesfíncterespupilaresatravés
dosgângliosciliares
! !
Constriçãopupilarbilateral
Colículosrostraisdireitos
~ \.
Estimulaçãobilateraldoscolículos
rostraise tratostectoespinhais
+ +
TransmissãocaudalparaTl-3
comestimulaçãodosneurônios
pré-gangliônicos
~ ~
Transmissãorostraldo tronco
vagossimpáticoparaosgânglios
cervicaiscraniais
+
Estimulaçãodasfibras
pós-gangliônicase ativaçãodos
músculosdilatadoresda pupila
~ ~
Dilataçãopupilarbilateral
. FIGURA 4-5
Viasdoreflexopupilarà luz
EXAME CLíNICO DE EQÜINOS 89
t FIGURA 4-6
Testandoasensaçãocutãnea(nervocranianoV).
envolvendoos ramosbucais,afetaapenasa função
doslábios.
AVALIAÇÃODAAUDIÇÃO (RAMO COCLEAROU
AUDITIVO DO NERVO CRANIANOVII). Aper-
daunilateraldaaudiçãoédifícildeserdetectadaepor
essarazãoasurdezclinicamenteaparente,queérara,
éusualmentebilateral.A causausualé otitemédia-
interna.
AVALIAÇÃODO EQUILÍBRIO (DIVISÃO VES-
TIBULAR DO NERVO CRANIANO VIII). Essa
divisãodo8°nervocranianoforneceosprincipaisim-
pulsosaferentesparao sistemavestibular,queé,por
seulado,responsávelpeloequilíbrioefuncionacon-
trolandoa orientaçãodacabeça,corpo,membrose
olhos.O maufuncionamentodosistemaé indicado
pornistagmo,elevaçãodacabeça,fraquezadosmem-
broseperdadoequilíbrio.
Nistagmorefere-seà oscilaçãorítmicadoolhoe
ocorrecoma cabeçana posiçãonormal(nistagmo
espontâneo)ouemdiferentesposiçõesanormais(nis-
tagmoposicional).3O movimentopodeserhorizon-
tal,verticalourotatório,eo nistagmoédescritopela
direçãodafaserápidadomovimento.Adireçãodafase
rápidapodeserusadaparaauxiliarnalocalizaçãoda
lesão.Porexemplo,umalesãoperiféricasemprepro-
duznistagmocomadireçãodafaserápidaopondo-se
aoladodalesão.Algumamelhoranacondiçãoclíni-
casegue-seà adaptaçãoà doençavestibular;noen-
tanto,issopodeserabolidooureduzidopelavendagem.
Quandoocorreinclinaçãodacabeça,essaégirada
eflexionadaemdireçãoaolocaldalesão,oolhoipso-
lateralé desviadoparabaixoe.0olhocontralateral
paracima.3Issoé associadoa andartrôpegoe andar
emcírculos(movimentoderodeio)nosentidodolado
dalesão.Fraquezadomembroipsolateraleaumento
dotônusextensor domembrocontralateralocorrem
comoresultadodaperdadocontroledotratovestibu-
loespinhal.
AVALIAÇÃO DA APREENSÃO DO ALIMENTO.
A apreensãodealimentosou a transferênciadeali-
mentosparaabocaenvolveumaatividadecoordena-
da pelos lábios e mandíbulas,bem comouma
coordenaçãocentraldosnúcleosbasaisquecoorde-
nama atividademotoradefunçõesbásicascomoa
atividadedecomerebeber.A encefalomalácianigro-
pálida,causadapelaingestãodaplantatóxicaCen-
taureasolstitialis*,afetaosnúcleosbasaise causa
incapacidadedeapreendero alimento,demastigá-Io
oudemovê-Ioparaasporçõescaudaisdaboca.Omau
funcionamentodonervofacialcomparalisiadoslá-
biostornaa apreensãodifícil,maso cavaloembreve
aprendeamoveroalimentoparaaboca,empurrando
a cabeçanoalimentoepegando-ocomosdentes,de
modomuitosemelhantea umcarnívoro.Emambas
ascondições,a deglutiçãonãoé afetada,e umavez
queacomidaouáguaestejamnaboca,adeglutição
normalpodeocorrer.
A apreensãoanormaloudificultosadevidoàdoen-
çaneurológicadeveserdiferenciadadeanormalidade
devidoa lesõesdolorosascomofraturas,corposestra-
nhosnalínguaouabscessosretrofaríngeos.A apreen-
sãopodeser avaliadapela alimentaçãomanual
(oferecero alimentonasmãosaocavalo)epelacolo-
caçãodosalimentosnumasuperfícieduraeplana.
AVALIAÇÃODA DEGLUTIÇÃO (NERVOS CRA-
NIANOS IX E X). Osnervosglossofaríngeoevago
inervamosmúsculosquecontrolama deglutição.A
deglutiçãonormalenvolve.o transportedealimentoe
águadaorofaringeparaoesôfagosemcontaminação
dalaringeounasofaringe.Omaufuncionamentodesse
processoresultaemdrenagemdealimentoeáguapelo
nariz,presençadealimentoou águanasviasaéreas
comaspiraçãoparaospulmõesegotejamentodesali-
vadonarizeboca.Podehaverumaincapacidadeto-
talouparcialemdeglutir.Noentanto,essasalterações
nãodevemserconfundidascomobstruçãoesofágica
oufendanopalatomole.A passagemdeumasonda
gástricanãodetectaránenhumaobstrução,mastam-
bémdemonstraráumadeficiênciaemdeglutir.
A endoscopiatantoesclarecepossíveisdefeitosno
palatoquantoajudaaavaliaradesobstruçãoesofági-
ca.Asradiografiasdecontrastepodemtambémser
usadas.Devidoaoextensoenvolvimentodonervovago
.N. deT. O nomecomum daplantaem inglês!yellowstar thistle)signi-
fica aproximadamente"estreladecardoamarela",masnão há nome
popularparaessaplantano Brasil,ondeaintoxicaçãoaindanãofoides-
crita.No Uruguai e na Argentina,ondea intoxicaçãojá foi descrita,o
nomecomumdeCentaureasolstitiallsé "abre-punos".
90 VICTOR C. SPEIRS
nafunçãodalaringe,faringee dotratogastrintesti-
nal,umafunçãoanormaldessenervoétambémasso-
ciadaà intolerânciaaoexercício.
Omodomaisfácilemelhordedetectaranormali-
dadesnadeglutiçãoé observaro cavalocuidadosa-
menteenquantoelecomeebebe.Grauspequenosde
anormalidadepodempassardespercebidos,poisatos-
sepodenãoserestimuladaepodehaverinsuficiente
materialparapassarrapidamenteparaa parteexter-
nadasnarinas.Issoseaplicaparticularmentequando
obebedouroestánoníveldochão,eaáguapodepas-
sarparaa laringeeentãonovamenteparaforasem
estimularumreflexodetossesignificativo.
AVALIAÇÃODA FUNÇÃO DA LÍNGUA (NERVO
CRANIANOXII). Ainervaçãomotoradalínguaé
pelonervohipoglosso.Aslesõesnessenervoproduzem
umaperdadefunçãodalínguanoladoafetado.Sea
perdafor unilateral,o desvioda línguaseráparao
ladonão-afetadoe elaficaráfracae,como tempo,
desenvolveráatrofia.Sea lesãoforbilateral,a língua
nãopoderáserretraídaparao interiordaboca.Lesões
dolorosasnalíngua(corpoestranho)podemmimeti-
zarosefeitosdeparalisia.Afraquezaéfacilmentede-
tectadaaplicando-segentilmenteuma traçãona
língua(Figura4-7).
Andar e Postura
Aslesõesnamedulaespinhal,nosistemanervoso
periféricoetroncoencefálicopodemcausaranorma-
lidadesnoandarenapostura.O objetivodaanálise
ambulatorialeposturalédecidirseexisteounãouma
anormalidadee,casoexista,determinarsualocaliza-
ção.Aslesõespodemserfocais,difusasoumulticên-
tricas,eossinaisclínicossãogeralmentecaudaisao
localdalesão.Ossinaissão,demodousual,bilateral-
t FIGURA 4-7
Testando o tônusda língua.A capacidadedocavaloemretraira línguaé
testadapuxando-agentilmenteda boca.
mentesimétricos,emboraalgumasdoençassejam
caracterizadasporenvolvimentoassimétricodosmem-
bros.
Postura
Ocavalodeveseravaliadoenquantoestiveremre-
pouso,paraobservar-sequalqueranormalidadepos-
tura!.Cavalosem estação,composturanormal,
apresentamosmembrosposicionadosregularmente
numquadradoabaixodocorpo,embora,quandoem
repouso,possamposicionar-secomo boletodomem-
broposteriorflexionadoeocascorepousandocomsua
ponta(pinça)ousuperfíciecranialtocandoo solo.A
posiçãodeestaçãocomosmembrosamplamentese-
paradospodeindicarfraqueza(paresia)ou faltade
propriocepção(capacidadedepercebera localização
dosmembrosnosespaço).
Andar
Ocavalodeveseravaliadoenquantoestivercami-
nhando,trotando,sendoforçadoa mover-senumpe-
quenocírculoe recuando.Outrostestesincluem
atravessarousubiredescerummonteourampa,ca-
minharporumtrajetocomobstáculosouserforçado
a caminharnumtrajetopantanoso(verCapítulo5
paradetalhesnoexamedeclaudicação).Oandaranor-maldeveserlocalizadonumoumaismembrosedes-
crito,conformea alteraçãoexistente,comofraqueza,
ataxia,espasticidadeoudismetria.
FRAQUEZA OU PARESIA. Fraqueza,ouparesia,
é caracterizadapor sinaiscomoarrastamentodos
membros,aumentododesgastenaspinçasousuperfí-
ciecranialdocasco,tropeços,quedaseflexãodobole-
to.
ATAXIA. Ataxiaé o termousadoparadescrevera
perdadepropriocepçãooucapacidadedeidentificar
asrelaçõesespaciaisentreosmemb"os.Ossinaiscau-
sadospelaperdadapropriocepçãoincluemmovimen-
tososcilantes(bambeira),posicionamentoassimétrico
daspatas,cruzamentodosmembros,pisadanomem-
broopostoe circundaçãodapatado ladodeforaao
voltar-serapidamente.
ESPASTICIDADE. Espasticidadeé caracterizada
pormovimentosrígidoscompoucaflexãodasarticu-
laçõeseocorrequandoháperdadocontrolepeloneu-
rôniomotorsuperiorsobreoneurôniomotorinferior.
DISMETRIA. Adismetriaéusadaparadescrevera
perdadecontrolesobrea direçãoeespectrodemovi-
mentosdosmembrose é caracterizadapeloalcance
exageradodomovimento,hipermetria(movimento
EXAME CLíNICO DE EQÜINOS 91
GRADAÇÃODAS ANORMALIDADES
AMBULATÓRIASRELACIONADAS À
DOENÇADE MEDULA ESPINHAL
.GrauO(normal).Ausênciadedistúrbioneuroló-
gicovisível..Grau1.O distúrbioneurológicoé quase
imperceptívelnumandarnormal,masé
provocadoforçando-seo cavaloa recuar,virar,
balançardeumladoparaoutroe pelaextensão
dopescoçoe aplicaçãodeforçaà região
lombar.
. Grau2. O distúrbioneurológicoé detectadono
andarnormale é grandementeexageradopelos
testesdeprovocaçãolistadosnoGrau1..Grau3. Osdéficitsneurológicossãobastante
óbviosnaambulaçãonormal,comtendênciade
quedasoutropeçosduranteostestesde
provocação..Grau4. Tropeçose quedasespontâneosaté
paralisiacompleta.
excessivo),hipometria(movimentodiminuído)epas-
soslongos(passodeganso)oucurtos.
. Parafacilitaro registroe comparaçãoentreani-
maisouentrediferentesestágiosdomesmoanimal,a
gradaçãodecadamembropodeserfeitaindividual-
mente,usando-seumaescaladeOa 4,comoémos-
tradonoquadro.
Pescoço e Membros Anteriores
Exame e Palpação
O examevisuale a palpaçãocuidadososdetecta-
rãoassimetriae atrofiamuscularesquepodemindi-
cardoençaneurológica,defeitosesqueléticosóbvios,
comodeformidadecongênitaobservadafreqüentemen-, ./"
teemcavalosArabesesuoreslocalizados,associadosa
danosna inervaçãosimpática.
Mobilidade do Pescoço
Aincapacidadeourelutânciaemmoveracabeçae
o pescoçoemqualquerdireçãoindicam,geralmente,
umalesãodolorosaoumecânica.A mobilidadepode
sertestadapelamanipulaçãomanualdacabeçaou
pescoçoouatravésdaestimulaçãoparaqueo cavalo
movaa cabeçaou pescoço,tentando-ocomalgum
alimento,comopasto,seguradoemumamão.É par-
ticularmenteútil seguraralimentonosladosesquer-
doedireitodocorpo,naregiãodaarticulaçãodoco-
tovelo(Figura4-1).
Reflexosdo PescoçoemMembros
Anteriores
RESPOSTAS CERVICAIS. A estimulaçãodapele
naporçãolateraldopescoço,dorsalaosulcodaveia
jugular,induzgeralmentecontraçãodosmúsculos
cutâneosvistoscomocontraçõesdapele,contraçãodo
músculobraquiocefálicoe,quandootesteérealizado
naregiãocranial,contraçõesdasorelhas.Aestimula-
çãofocalbemdelimitadapodeserrealizadacomum
alfinete,agulha,pinçahemostáticaoucomumaca-
netaesferográfica(Figura4-8).
RESPOSTASCEREBRAIS. Oprocessamentocons-
cientedeumestímulonessaregião,comofoidescrito,
estásobcontrolecerebral,eaconsciênciadoestímulo
podemanifestar-seporrespostascomochamamento,
retirada,tentativadeescapar,balançardacabeçaou
mordidas.
REAÇÃO DE BALANÇO. Essetesteéfeitocomo
cavaloemestaçãoe tambémcaminhando.Consiste
na tentativadeempurraro cavalolateralmente(Fi-
gura4-9).A avaliaçãoenvolvetestara resistênciado
cavaloaserpuxadoouempurradolateralmente,bem
comoverificarocorrênciadetropeços.O testeé útil
paradetectar-sefraquezae ataxia.O cavalopodeser
empurradonapaletaetambémpuxadolateralmente
como cabresto.
RESISTÊNCIA À PRESSÃO DORSAL NA CER-
NELHA. Pressãoparabaixonacernelhageralmen-
tecausaarqueamentododorso(lordose)emcavalos
normais(Figura4-10).Noentanto,quandoafraque-
t FIGURA 4-8
Testandoasensaçãocutãneadaregiãocervical.
92 VICTOR C. SPEIRS
. FIGURA4-9
Reaçãodebalanço,membrotorácicoÉ aplicadapressãoá regiãoda
cernelha,observando-sea facilidadecomqueo cavalopodeserempurra-
dooupuxadoeamaneirapelaqualoequilíbrioérestabelecido.
zaestápresente,podeocorrerincapacidadederesistir
oucolapsodosmembrosanteriores.
REAÇÕES POSTURAIS TORÁCICAS, SALTITA-
MENTO COM MEMBRO TORÁCICO. Em ca-
valosmenores(potrose pôneis),podeserpossível
testarem-sealgumasdasreaçõesposturaiscomumente
avaliadasemcãesegatosquesãoúteisparadetecta-
rem-sedefeitossutis. .
.Carrinhodemão.Ambos os membrossãosuspendi-
dos,eforça-seo animala caminharsobreos
membrosdianteiros..Saltitamentolateral.Cada membro anterioré
suspendidodeumavez,e força-seo animala
. FIGURA4-10
Aplicandopressãoàcernelhaparatestara flexibilidade.A pressãofirme
geralmenteinduzo cavaloaabaixarouflexionarventralmenteodorso.
saltitarlateralmente,apoiando-seno outromembro
(Figura4-11).. Paradodeumladosóoucaminhandodeumlado
só.Ambosos membrosesquerdose,após,ambos
os membrosdireitossãosuspendidosdecadavez,
e o cavaloé forçadoa permaneceremestaçãoe
apósmover-sedelado,usandoosmembros
opostos.
POSICIONAMENTO MANUAL DE UM MEMBRO
NUMA POSIÇÃO CRUZADA OU ANORMAL. O
objetivocomessetesteé avaliara capacidadedeper-
cepçãodequeomembroestánumaposiçãoincorreta
eentãoretomá-loàposiçãocorreta(Figura4-12).Isso
avaliaespecialmenteapropriocepção.
Tronco e Membros Anteriores
Palpaçãoe Observação
Otroncoeosmembrosanterioresdevemserobser-
vadose palpadosa fim dedetectarem-sedistúrbios
comoassimetria,atrofiamuscular,malformaçõese
. suoreslocalizados.Atrofiamuscularacentuadapro-
. FIGURA 4-11
Saltitamentolateral.Mantendo-seummembrodocavaloelevadoe em-
purrandooanimallateralmente,comoémostrado,testa-sesuacapacida-
deemsaltitarlateralmente,apoiando-senooutromembro.
EXAME CLÍNICO DE EQUINOS 93
. FIGURA 4-12
Cruzandoosmembrosparatestara propriocepção.
duzcurvaturalateraldacoluna(escoliose)comolado
convexovoltadoparao ladodalesão.Lesõesnostra-
tossimpáticosdamedulaespinhalounervosperiféri-
cosproduzirãosuoreslocalizadoscujaposiçãoseráútil
emlocalizara lesão.
Sensação Cutânea
A sensaçãocutâneaé avaliadaaplicando-seuma
agulha,canetaesferográficaou pinçashemostáticas
portodaaregiãodotronco(Figura4-13).Adiminui-
çãodasensação(hipoalgesia,analgesia)caudalauma
lesãonamedulaespinhaléumaindicaçãoútildolo-
caldalesão.
Reflexos do Tronco e dos Membros
Anteriores
A RESPOSTADO PANÍCULO. Essarespostaéum
reflexocaracterizadoporcontraçãodostecidosasso-
ciadaà contraçãodosmusculocutâneosrIotronco,
apósa estimulaçãonosaspectoslateraisdocorpo.O
componentesensóriodessereflexoé levadoà medula
espinhalpelosramosdorsaisdosnervosespinhaisao
níveldoestimulo,antesdeseguircranialmenteparaa
. FIGURA 4-13
Testandoasensaçãocutãneanaregiãodotronco.
regiãoCs-TI ondeestãolocalizadososneurôniosmo-
toresinferioresdosnervostorácicoslaterais.
REAÇÃO AO BALANCEAMENTO. Essareaçãoé
testadaempurrando-seapelveoupuxandolateralmen-
tea caudaenquantoo cavaloestáparadooucami-
nhando(Figura4-14).Fraquezaouataxiasãomais
aparentesduranteessasmanobras,seo examinador
forcapazdedesviaro cavalodeseutrajetocombas-
tantefacilidadeoufazê-Iotropeçaremostrarabdução
excessivaeacentuadaecruzamentodosmembros.
REAÇÕESPOSTURAIS DOS MEMBROS PÉLVI-
COSo Essestestessãoosmesmosdescritosparao
membrotorácicoesãointerpretadosdomesmomodo.
Cauda e Ânus
Nessesegmentoestãoaspartessacraisecoccígeas
dámedulaespinhal,seusnervosassociadoseestrutu-
rassupridasporessesnervos.
Tônusda Cauda
Amaioriadoscavalosapresentaumtônusmuscu-
larqueresisteàelevaçãodacauda,emboraaaplica-
çãodeumaforçamoderadapermitaa elevaçãoda
caudaemtodososcavalos,excetoosmaisnervososou
excitados(Figura4-15).A ausênciadetônusoufra-
quezadosmúsculosvoluntáriosgeralmenteindica
umalesãonosegmentosacrococcígeodamedulaes-
pinhal.Noentanto,lesõesgraveslocalizadasmaispro-ximalmentepodemtambémproduzirfraqueza.
Emboraatorceduradacaudaseja,àsvezes,associada
àdoençaneurológica,éfreqüentementeumaativida-
denormalparaalgunscavalos.
94 VICTORC. SPEIRS
t FIGURA 4-14
Reaçãoaobalanceamento,membrosposteriores.A pressãoé exercida
empurrando-searegiãodaancaoupuxando-seacaudaeobservando-se
afacilidadecomqueocavalopodeserempurradcJoupuxadoeamanei-
rapelaqualo equilibrioérestabelecido.
ReflexoPerineal
Essereflexoétestadocutucando-segentilmentea
peledoperíneocomumalfinete,oucanetaesferográ-
fica,eobservandoa resposta,consistindoemcontra-
çãodoesfíncteranaleabaixamentodacauda(Figura
4-16).É importanteavaliar-setantooscomponentes
sensórioscomooscomponentesmotoresdoreflexo.A
inervaçãosensóriaéfeitaatravésdosramosperineais
donervopudendo(SI-S3)'A inervaçãomotoradoes-
fíncteranalpeloramoretalcaudaldonervopudendo
eaflexãodacaudaémediadapelosnervosespinhais
associadoscomossegmentosSI-CIO'
Cavalos em Decúbito
o decúbitoéumsérioproblemaemcavalose,em-
boraalgunsexamessejamexcluídospelodecúbito,
algunsreflexosespinhaisquenãopodemseravalia-
doscomo cavaloempé,podemseravaliadoscomo
cavaloemdecúbito.Quandoocavaloestáemdecúbi-
to,acapacidadedelocalizarumalesãoéaindamais
importantequeo usual,porquehá umanecessidade
t FIGURA 4-15
Testandootônusdacauda.
urgentedefazer-seum diagnósticoe realizar-seum
tratamentoouaeutanásia.Paratomar-seessasdeci-
sõesé necessáriaa localizaçãoanatõmicaexatada
lesão.
ReflexodeFlexãodo MembroAnterior
Essereflexoécontrolado~lossegmentosC6-T2da
medulaespinhal.
.Estímulo.Como membroestendido,a peledo
membrodistalé estimuladaatravésdacompressão
comumpinça(Figura4-17)..Resposta.Recolhimentodo membro,consistindo
emflexãodetodasasarticulações.
Apercepçãoconscienteenvolvefibrasaferentesdos
nervosmedianoeulnarerotassensoriaisnamedula
espinhalcervicale troncoencefálico.Lesõescraniais
emC6permitemliberaçãodocontrolepeloNMS,oque
levaàexacerbaçãodoreflexoextensor.
Reflexosdo Bícepse do Tríceps
Essesreflexos(segmentosCrTI damedulaespi-
nhal)sãogeralmentedifíceisdeseremevocadosefre-
EXAME ClÍNICO DE EQÜINOS 95
qüentementeénecessáriaaexacerbaçãoprovocadapor
umalesãodeNMS,antesqueumarespostapositiva
possaserobtida.
. Estímulo.Como membroapoiadoparalelamente
aochãoe levementeflexionado,o tendãodos
músculosbícepsoutrícepsé golpeadolevemente
comummarteloneurológico.Otendãodo bícepsé
localizadocranialmenteà suaorigemnaescápula
(Figura4-18),e o tendãodotrícepslocaliza-se
proximalà suainserçãonoolécrano(Figura4-19).
. Resposta.Umarespostapositivaé observadacomo
umacontraçãobemmarcadado músculoassociado
(i.e., leveextensãodo cotoveloparao reflexodo
trícepse leveextensãodo ombro(articulação
escapuloumeral)e flexãodocotoveloparao reflexo
do bíceps).
ReflexodeFlexãodo MembroPosterior
Essereflexotemumcomponentesensório(nervo
ciático)eumcomponentemotor(segmentos1S-S3da
medulaespinha!).
.Estímulo.Como membroestendido,a peledasua
porçãodistalé apertadacomumapinçacomofoi
descritoparao membroanterior.
t FIGURA 4-16
Testandoo reflexoperineal.
t FIGURA 4-17
Testandoasensaçãocutãneaerespostadoflexornocavaloemdecúbito.
.Resposta.Recolhimentodo membro,consistindo
emumaflexãodaarticulação.
o componentesensóriodependedeondeocorreuo
estímulo,sendofemoralparaapeledaregiãomedial
dacoxa,peronealparaapelesobreaporçãodorsaldo
tarsoemetatarsoetibialparaapeledoaspectoplan-
tardometatarso.
ReflexoPatelar
Essereflexotemumcomponentesensório(nervo
femora!)e um componentemotor(segmentos14-1s
damedulaespinha!).
.Estímulo.Como membro paraleloao chão e
levementeflexionado,o ligamentopatelarmediaI é
t FIGURA 4-18
Reflexodobícepsnocavaloemdecúbito.
96 VICTOR C. SPEIRS
. FIGURA4-19
Reflexodotrícepsnocavaloemdecúbito.
golpeadolevementecomummarteloneurológico
(Figura4-20)..Resposta.O grupodemúsculoquadrícepsse
contraie produzumasúbitaextensãodojoelhoe
membro.
Interpretaçãoda Capacidadedo Cavaloem
Movera Cabeça,Pescoçoe Membros
quandoemDecúbito
Háváriashipóteses,geralmente'verdadeiras,que
podemserfeitascorrelacionando-seo localdalesão
comacapacidadedocavaloemrealizarcertosmovi-
mentos:
.5eo cavalopode erguerapenasa cabeça,a lesão é
napartecranialdaregiãocervical..5eo cavalopodeerguera cabeçae o pescoço,a
lesãoé,geralmente,napartecaudaldaregião
cervical..Seocavalonãopodeerguer-seatéumaposição
sentado(posiçãode"cãosentado"),a lesãoé na
medulaespinhalcervical..Seo membrotorácicoé funcionante,a lesãoé
caudala T2..Seodéficitneurológicoénotroncooumembros
pélvicos,a lesãoé localizadaentreT2e 52,.Suorlocalizadoindicaumalesãonostratossimpáti-
cosdescendentes.
Resposta a Picadas na Pele (Reflexo do
Paniculo)
Aestimulaçãodapele,picando-secomumalfinete
oubeliscando-secomumapinça,induza contração
dosmúsculoscutâneosdotronco,cujosramossensó-
rioslocalizam-senoramodorsaldosnervossegmen-
. FIGURA4-20
Reflexopatelarnocavaloemdecúbito.
taresda medulaespinhaltoracolombarno nívelda
estimulação.A respostapassacranialmenteparaCs-
T3ondeoscorposcelularesdosNMIsdosnervostorá-
cicossãoestimulados,produzindocontraçãodos
músculos.Portanto,a interrupçãodofluxocranialda
estimulaçãosensóriaporumalesãoinduziráàperda
darespostamuscular,quandoo estímuloforfeitono
pontodalesãooucaudalaele.
MÉTODOS DE EXAMES ESPECIAIS
Coleta e Exame do Líquido
Cefalorraquidiano
Acoletadolíquidocefalorraquidiano(liquor)éum
procedimentorelativamentesimplese podefornecer
informaçõesmuitoúteis.4,5Umaamostrapodeserco-
lhidaemqualquerumdedoislocais:atlantoccipitale
lombossacral,aescolhasendoditadapelotipoe loca-
lizaçãoda lesãosuspeitada.Geralmente,a obtenção
do liquorno localatlantoccipitalé indicadaparale-
sõesintracranianas,eo liquordolocallombossacral,
paralesõesmaisdistais.A vantagemdacoletalom-
bossacralé queelapodeserfeitacomo cavaloem
estação,apresentapoucosriscose é geralmenteútil
paradiagnosticartantolesõesencefálicascomodis-
tais.
Procedimento
A coletadolíquidodoespaçoatlantoccipitalé ge-,
ralmentefeitacomo cavaloemdecúbitolateralsob
anestesiageral.Seumcavalojá estáemdecúbitode-
vidoàenfermidade,podenãosernecessáriaaaneste-
sia geral,massãonecessáriasanalgesiae excelente
contenção.A càletadoespaçolombossacralé geral-
EXAME CLÍNICO DE EQÜlNO5 97
iais para Coleta de
o Cefalorraquidiano
mentefeitacomo cavaloempé,comsedaçãoecon-
tençãoapropriadas.
COLETAATLANTOCCIPITAL. Comocavalosob
anestesiageraleemdecúbitolateral,umaáreade6 x
6"(15x 15cm),centradasobreoespaçoatlantoccipi-
tal,étricotomizadaepreparadaparapunçãoestéril.A
cabeçaéposicionadademaneiraquefiqueemângu-
foretocomopescoço,eo focinhoéelevadoparator-
nara cabeçaparalelaaochão.Osbalizamentose a
anatomiapertinentessãomostradosnaFigura4-21.A
agulha,como mandril,é inseridaverticalmentena
linhamédia,noencontrocomumalinhaqueuneos
pontoscraniaisdasasasdo atlas.A penetraçãoda
membranaatlantoccipitaldorsaledura-máterocorre
geralmenteaumaprofundidadede5a7cm(2a3")e
éindicadaporumasensaçãode"pipocar"eperdade
resistência.Deve-setercuidado,apoiandoa mãoao
avançara agulha,paraevitarumasúbitapenetração
excessiva.Quandosepercebemossinaisdescritosan-
teriormenteouquandoaprofundidadeforjulgadasu-
ficiente,o mandrildeveserremovido.Umainserção
bem-sucedidaé indicadapeloaparecimentodelíqui-
docefalorraquidiano(liquor)na cabeçadaagulha.
Senãoaparecerlíquido,a agulhadeveserrotadaem
90°,o quefreqüentementeprovocao aparecimento
doliquor.Casonãoseobtenhaliquor,omandrilére-
colocado,eaagulhaéinseridaouredirecionadacomo
indicado.A pressãodo liquorpodesermedidaaco-
piando-seummanômetroà agulhaantesquequal-
querquantidadedelíquidosejaremovida.
Osproblemasmaiscomunssãoinserira agulha
forada linhamédia,errandoassimo espa~,e dire-
cionara agulhademasiadocranialmenteoucaudal-
mente,acertando,assimrespectivamente,o occipital
ouatlas.Esseserrospodemserminimizados,atentan-
do-separaosbalizamentosanatômicoseposiciona-
mentodacabeçae pescoço.Casosesuspeitequeaagulhafoi mal direcionada,eladeveserretiradae,
então,redirecionada.É importantenãosetentarcor-
rigiro maudirecionamento,manipulando-seaposi-
çãodocavaloenquantoaagulhaestáinserida.
COLETALOMBOSSACRAL. Acoletalombossacral
é feitacomo cavalocontidoemtroncos.A sedaçãoé
recomendadaapenasquandoabsolutamentenecessá-
ria,porquetalmedicaçãofreqüentementecausauma
estaçãoassimétrica,comamaiorpartedopesodoca-
valoapoiadaemum membro,o quetomaa coleta
difícil.Emboraa coletasejapossívelemcavalosem
decúbito,tal dificuldadeassociadaà ausênciadesi-
metriatomao procedimentoaindamaisdifícil.Sea
coletaforfeitacomo cavaloemdecúbito,o membro
pélvicosuperiordeveserelevadoparaassegurar-seque
a regiãofiquesimétrica.Ambososmembrospélvicos
podemseravançadosparaaumentaro espaçolom-
bossacraleparaestendero ligamentointerarciforme
e asmeninges,incrementandoascondiçõesparaa
percepçãodapenetração.
Olocalparainserçãodaagulhanalinhamédiaé
mostradonaFigura4-22.Hádiferentesmodosdelo-
calizaraposiçãocorreta:
1. Intersecçãoda linhamédiacomumalinhaimaginá-
rialigandoasbordascaudaisdastuberosidades
coxais.
2. PalpaçãoretaI daeminêncialombossacralventral
queficaaproximadamenteembaixodo local
correto.Essemétodoé útilemanimaisobesosnos
quaisos balizamentosnãosãotãofacilmente
localizados.
3. Palpaçãodosprocessosespinhososdorsolombares
e sacraisnalinhamédia.Naregiãolombossacral,
umadepressãoé geralmentepalpável.Noentanto,
deve-seteremmentequeL6e 51são,respectiva-
mente,maiscurtasqueLse 52,e queS1geralmente
nãoé palpável.Portanto,à medidaqueapalpação
progridenosentidocaudal,a primeiradepressãoé
geralmentesobreL6'e a localizaçãocorretaserá
caudala esseponto.
A localizaçãodopontocorretoparaa inserçãoé
relativamentefácilseforlembradoqueháumaconsi-
derávelvariaçãoentrecavalose tambémquesede-
vemusartodososbalizamentosanatômicosdisponíveis
comoguias.
O cavaloé posicionadodetalmaneiraqueseus
membrospélvicosfiquemsimetricamentecolocadose
suportempesosiguais.O localselecionadoé tricoto-
mizado,preparadoparapunçãoestérileinjetadocom
soluçãoanestésicalocal.Umaincisãoéfeitacomuma
98 VICTORC. SPEIRS
t FIGURA 4-21
Coletadoliquordoespaçoatlantoccipital.A agulhaestácolocadanolocal,e o mandrilfoi removido.Osbalizamentosanatômicosusadossãoos
bordoscraniaisdoatlase a eminênciamédiadacristanucal.(Fonte:deLahuntaA: Veter/naryNeuroanatomyandO/n/calNeurology,2nd.ed.,
Philadelphia,Saunders,1983,p44.Reproduzidacompermissão.)
lâminadebisturi,e a agulhaespinhal,como man-
dril,é inseridaverticalmente.Umaagulhade15cmé
decomprimentosuficienteparaquasetodososcava-
los,excetoosmaiores.Normalmenteocavalonãose
ressentecoma introduçãodaagulhae ocorrepouca
resistência.Comonacoletanoespaçoatlantoccipital,
hágeralmenteasensaçãodesúbitareduçãonaresis-
tênciaquandoo ligamentointerarciformeépenetra-
doaumaprofundidadedecercade11a12crn.Embora
unspoucoscavalosreajamviolentamente,namaio-
ria.dasvezesa penetraçãoé acompanhadasomente
porumlevemovimentodacauda,tremoresmuscula-
reslocalizadosoudiscretaflexãodosmembrospélvi-
cosoA dura-mátere aracnóidesãopenetradasgeral-
mentedeformasimultâneacomo ligamentointerar-
ciforme,emboraalgumasvezesa agulhadevaser
avançadaumpoucomais.Maisumavez,éimportan-
teapoiar(descansar)a mãoquecontrolaa agulha
sobreo cavalo,demodoaevitarumapenetraçãoex-
cessivasúbita,casoocavalosemovarepentinamente.
Seoliquornãoéobtido,aagulhapodeseravança-
daparao assoalhodocanalvertebral(passandoatra-
vésda dura-mátt'Je espaçosubaracnóideodorsais,
conusmedullaris[coflemedular]eespaçosubarac-
nóideoe dura-máterventrais).Então,à medidaque
segiraaagulha,elavaisendoretiradavagarosamen-
EXAME ClÍNICO DE EQÜINOS 99
te,ummilímetrodecadavez.A oclusãomanualde
ambasasveiasjugulares(manobradeQueckenstedt),
aumentaapressãointra-espinhalemelhoraaschan-
cesdeobterumvolumeadequadodeliquor.Umasuc-
çãosuavedeveserusadaparaobter-seliquor,mas
issodeveserfeitomuitocuidadosamenteafimdeevi-
tarhemorragia.Sea agulhatocaro ossoantesqueo
liquorsejaobtido,oclínicodevedecidirsesetratado
assoalhodocanalmedular,ouseagulha,maldireci-
onada,errouoespaçolombossacralecolidiunosacro
ounodorsode16.
PREPARAÇÃODA AMOSTRA. Oliquordeveser
examinadoo maiscedopossívelapósa coleta.Caso
issonãopossaserfeito,eledeveserdiluídoemigual
volumedeálcoolparapreservarascélulas.A amostra
écoletadaemrecipientesadequadosesubmetidapara
examecitológicoe,casoindicado,paraavaliaçãobac-
teriológica(ApêndiceC).
Resultados
O liquoréformadopelasecreçãoefiltração,prin-
cipalmente,pelosplexoscoróidesventriculares,flui
pelasaberturaslateraisdoquartoventrículoe,então,
porsobreoshemisférioscerebraisoucaudalmenteao
redordamedulaespinhal,saindoatravésdasreflexões
dadura-máterdosnervosespinhais.Daía tendência
paraaslesõescraniaisseremmelhordiagnosticadas
numacoletaatlantoccipital,e lesõescaudais,numa
coletalombossacral.Existembarreirasanatômicase
funcionaisentreosangueeo liquor,sangueecérebro
r--
A
t FIGURA 4-22
Coletadoliquordoespaçolombossacra!.A. A agulhaestácolocadanolocal,e o mandrilfoi removido.Osbalizamentosanatômicosusadossãoos
bordoscaudaisdecadatuberosidadecoxal,o bordocaudaldacolunavertebralemL,;,o bordocranialdacolunanasegundavértebrasacraleo bordo
cranialdecadatuberosidadesacra!.(Fonte:delahuntaA: VeterinaryNeuroanatomyandClinicalNeurology.2nd.ed.,Philadelphia,Saunders,1983,p
42.Reproduzidacompermissão.)
100 VICTOR C. SPEIRS
B
. FIGURA 4-22 Continuação
B.Seçãotransversademonstrandoaagulhapassandoportodosostecidos,incluindoo conusmedu-
lIaris(conemedular),atéatingiro espaçosubaracnóideventral.(Fonte:delahuntaA: Veterinary
NeuroanatomyandClinicalNeurology,2nd.ed.,Philadelphia,Saunders,1983,p 43.Reproduzida
compermissão.)
e liquore cérebro.Valoresnormaissãoapresentados
paraadultosnasTabelas4-1e4-2,eparapotros,na
Tabela4-3.
Algumascategoriasdedoençase achadosespera-
dossãoosseguintes:
. Doençasinfecciosas.Aumento de neutrófiloscom
infecçõesbacterianas,pequenascélulasmononu-
clearescominfecçõesvirais,eosinófiloscom
infecçõesporprotozoáriose helmintos..Necrosee infecçõescrônicas.Aumento de macrófa-
gosou célulasmononuclearesgrandes.. Trauma.Xantocromiae aumento de proteína,
eritrócitos,neutrófilossemalteraçõestóxicase
macrófagos.
. Lesãotóxica.(p.ex.,leucoencefalomaláciapor
ingestãodemilhomofado).Aumentodeproteína,
célulasmononucleares.
COMPLICAÇÕES. Podeocorrercontaminação
comsangue,o quedáaoliquorumacoloraçãoaver-
melhada.Ascaracterísticasaseguirpodemserusadas
paraauxiliaradeterminarseo sangueestápresente
comoumcontaminanteouseé associadoa sangra-
mentopatológicoparao liquor:
. Em contaminaçõespequenas,o sangue não é
homogeneamentemisturado,redemoinhana
amostrae,geralmente,decresceà medidaquemais
liquoré retirado.
EXAME CLíNICO DE EQÜINOS 101
. TABELA4-1
LíQUIDOCEFALORRAQUIDIANODEEQÜINOS(LlQUOR):VALORESDE
REFERÊNCIAPARACAVALOS(N~ 24)EPÔNEIS(N=21)NORMAIS.
LlQUORCOLHIDONOSESPAÇOSATLANTOCClPITAL(AO)E
LOMBOSSACRAL(LS)
Observação:Eletrólitos medidos apenaspara cavalos. Exceto onde
for indicado, todos os valores são dados combinados de cavalos e
pône!.se locaisAO e 13 de coleta. (Fonte: Mayhew IG, WhitlockRH,
TaskerJB: Equine cerebrosPinalfluid- Referencevalues of normal
horses.AmJ VetRes 1977;3: 1271. Reproduzida compermissão.)
. Umaamostraaltamentecontaminadapodecoagu-
lar;amostrascomhemorragiapreexistentesnão..A centrifugaçãode uma amostracontaminada
produziráumsobrenadanteclaro,enquantoque,
emcasosdehemorragia,o sobrenadanteserá
xantocrômico.
Herniaçãosubtentorialpodeseguir-seà remoção
dolíquidoquandohá obstruçãocranialaolocalde
coleta.A presençadepressãoanormalmentealtaque
caisubitamente(25-50%)apósa remoçãodealguns
t TABELA 4-2
VALORESELETROFORÉTICOSDO LlQUOR -- 'l:L~---
ProteínaTotal(rngj100rnR) Alburnina (rngj100rnR)
5.7
IO,8
40,1
I3,1
15,3
I1,2
poucosmililitroséindicativadessapossibilidade.Sea
pressãonãocairexcessivamente,umvolumede30a
40mi'podesercolhido.Radiologia do Sistema Nervoso
oexameradiológicodo sistemanervosopodeser
extremamenteútilparalocalizarecaracterizarlesões
relacionadasatraumatismo(fraturadevértebras,des-
locamentodevértebras),infecção(abscessosvertebrais
e osteomielite)e malformações(congênitas,síndro-
medecompressãodamedulaespinhalcervicalou"sín-
dromedebambeira"[wobbler]).Ocasionalmenteé
tambémnecessárioavaliar-sea cabeçaparadetecção
detraumatismo(fraturadecrânio),infecção(infec-
çãodosouvidosmédioe internocomenvolvimento
dascavidadestimpânicas)e malformação(hidroce-
falia congênitae malformaçãoatlantoccipital).Os
procedimentoseachadossãodescritosemdetalheem
outrapublicação.6
Radiografiasdequalidadeaceitáveldacabeçaedas
porçõesproximaisdacolunacervicalpodemserobti-
dascomfilmesdealtavelocidadeeumaunidademó-
vel de raio X. No entanto,casosejamnecessárias
radiografiasdealtaqualidadeouradiografiasdapor-
çãocervicalcaudaldacoluna,oumaiscaudalaessa
porção,e,seopacienteformuitogrande,serãoneces-
sáriosanestesia,umaparelhodealtapotênciaecon-
siderávelexperiência.A identificaçãode lesõesque
ocupamespaçoéfacilitadapelamielografia.Emqual-
quercaso,radiografiassimples(não-contrastadas)
devemsertomadasantes,afimdedefinira integrida-
deósseae a necessidadedetécnicasdecontraste.A
existênciadelesõesdemonstráveisapenasquandoo
pescoçoassumeumaposiçãodeestresse(lesõesdinâ-
micas),como"síndromedebambeira"(wobbler),
devemserentendidas,e astécnicasapropriadasde-
vemserconhecidas.
Radiografia Simples
Aradiografiasimpleséexecutadacomoumproce-
dimentodiagnósticoúnicooupreliminarmenteàra-
Globulina (rngj100rnR)
Alta, Alta2 Beta Teta
5,2
IO,9
6,7
I 0,4
5,8
IO,6
Dados originados deKirk GR,NeateS, McClure RC, et aI.:Electrophoreticpatternofequine cerebrosPinalfluid. AmJ VetRes1974;35:1263.
fu 1JII.mR.AÇ---
Variável Média DesvioPadrão
Pressãodeabertura(mmH,O) 308,80 75,15
Retiradadeliquor(mR) 14,93 4,07
Pressãodefechamento(mmH,O) 223,58 74,46
Leucócitos(nohR) 1,41 1,74
Eritrócitos(no.jR) 195,16 511,96
Proteína(mgjdR)Cavalos 37,23 28,41
Pôneis 60,48 20,45
DiferençasLS-AO -0,46 13,07
Glicose(mgjdR) AO 48,00 9,92
LS 55,13 8,22
(%liquorjsoro)AO 51,65 8,77
LS 58,38 9,48
Sódio(mEqjR) 144,58 1,86
Potássio(mEqjR) 2,95 0,05
Cloro(mEqfR) 109,22 6,90
Cálcio(mgjdR) 4,18 0,87
Fósforo(mgjdR) 0,83 0,20
Creatinafosfoquinase(UI) 1,08 3,13
Transaminasedeaspartato 30,74 6,31
(unidadesSF)
Desidrogenaseláctica(LlI) 1,51 1,75
Fosfatasealcalina(UI) 0,83 0,95
Nitrogênio(mgjdR) 11,82 3,26
Colesterol(mgjdR) 4,76 5,72

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