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Equilíbrio entre Fases de um Componente Professor Maximiliano Segala QUI03309 – Físico-Química I B DIAGRAMA DE FASE O diagrama pressão versus temperatura é conhecido como o diagrama de fases. A estabilidade das fases Temperatura de transição: Duas fases estão em equilíbrio sobre a curva de equilíbrio. Ponto triplo: onde três fases coexistem neste ponto. Ponto crítico: é a maior temperatura possível da fase líquida. Diagrama do CO2 (sublimação) Diagrama de fases da água Curva S-L (inclinada à esquerda 2 kbar): Tfus diminui quando p aumenta: Comportamento incomum causado pelas ligações de hidrogênio. Várias formas sólidas (polimorfos): podem ser responsáveis pelo movimento das geleiras. 5 pontos triplos além do conhecido normalmente. Ligações de Hidrogênio Diagrama de fases do 4He Não há curva S-V (átomos são tão leves que vibram mesmo a baixas temperaturas). Isótopos (3He e 4He) são distinguíveis a baixas T. 4He puro tem duas fases líquidas: He-I (líquido normal); He-II (superfluido - sem viscosidade). Equilíbrio líquido-líquido (curva λ). 3He é ainda mais exótico: entropia do líquido é menor que a do sólido causando uma fusão exotérmica. ESTABILIDADE E TRANSIÇÕES DE FASE Potencial Químico Para uma substância pura o µ é simplesmente a energia livre de Gibbs molar, a variação de G devida à adição de um mol da substância ao sistema, a T e p constantes. Com a variação da quantidade de matéria, G pode ser expressa: Na mudança de fase T e p são constantes, assim dG só depende de dn dG é descrita como transferência de matéria entre dois ambientes com µ diferentes. Para analisarmos a espontaneidade deste processo utiliza-se a equação acima aplicada a cada uma das fases. n GG n G PT =⇔= ∂ ∂ = µµ , dnVdPSdTdG µ++−= Potencial Químico Se dn moles saem da fase (α) e entram na fase (β), as variações de G serão: Para o sistema global teremos: O termo entre colchetes é o desnível entre os µ, também chamado de energia livre de mudança de fase ou de transição Por exemplo, a fusão do gelo pode ou não ser espontânea, dependendo das condições em que o sistema se encontra. dndG PT )()( , αα µ−= dndG PT )()( , ββ µ+= [ ]dndGdGdG PTPTPT )()()( ,)( ,, αββα µµ −=+= )()( αβ µµ −=∆ trG Potencial Químico Dependendo do desnível de µ entre as fases, podemos ter um valor de dG negativo, zero ou positivo: A transferência será sempre espontânea da fase com o maior µ para a fase com o menor µ. A fase com o menor µ tende a receber matéria e, portanto, é dita a fase mais estável. O µ é dito um fator da ação para o transporte de matéria. Não é possível exibir esta imagem no momento. )( e )( entre equilíbrio0 )()( , βαµµ βα =⇔=PTdG )( para )( de espontânea não ciatransferên0 )()( , βαµµ βα <⇔>PTdG Dependência de µ com T O µ de diferentes fases varia diferentemente com T e com p. A variação do µ com a temperatura é controlada pelo negativo da entropia. O µ diminui quando T aumenta, poisS é sempre positiva. dPVdTSd +−=µ S T P −= ∂ ∂µ Mais inclinada para o gás, poisS(g) >S(l). Muitas vezes:S(l) >S(s). Dependência de µ com T Variação dos µ das diferentes fases de uma substância em função da T, mantendo a p constante. Podemos distinguir as faixas de T nas quais uma dada fase possui um µ inferior ao das outras fases. Na Tfus os µ das fases sólida e líquida são iguais (ambas são igualmente estáveis) e estarão em equilíbrio. Dependência de µ com p A variação do µ com a pressão é controlada pelo volume. Elevação da pressão eleva o µ de qualquer substância pura, poisV > 0 (sempre). Na maioria do casos V(l) >V(s): µ(l) aumenta mais que o µ(s). Aumento da pressão eleva a Tfus. V P T = ∂ ∂µ Dependência de µ com p No caso da água o comportamento é diverso. Neste casoV(l) <V(s): µ(s) aumenta mais que o µ(l). Aqui a temperatura de fusão sofre um abaixamento com o aumento da pressão. Efeito da pressão sobre µ EQUAÇÃO DE CLAPEYRON Localização das curvas de equilíbrio A curva que separa a região das fases (α) e (β) é a curva P(T) ou T(P) ou curva do equilíbrio entre as fases (α) e (β). Ao se passar da fase (α) para a fase (β), atravessando a curva, o sistema sofre uma mudança de entalpia, chamada a entalpia de transição: )()( αβ βα HHH −=∆ → Localização das curvas de equilíbrio Entropia de transição Volume Energia livre Relação As curvas P(T) e T(P) depende de ∆H, ∆S e ∆V, assim podemos: Com base em resultados calorimétricos predizer a forma destas curvas; Com base nos dados de equilíbrio calcular a termodinâmica da transição. )()( αβ βα SSS −=∆ → )()( αβ βα VVV −=∆ → 0)()( =−=∆ αβ µµG trT H S βαβα → → ∆ =∆ Localização das curvas de equilíbrio µα(p,T) = µβ(p,T). Mais facilmente observável através de dp/dT. Alterando p e T, mas mantendo o equilíbrio: dµα = dµβ Lembrando: dG = Vdp – SdT µ = G/n Tem-se: dµ = -SdT +Vdp dPVdTSdPVdTS )()()()( ββαα +−=+− Localização das curvas de equilíbrio Rearranjando: De modo mais compacto Ou A qual é a Equação de Clapeyron. Permite saber de que forma a p varia em função da T ou a T em função da p, ao longo da linha que delimita um equilíbrio entre fases. Esta equação será um instrumento bastante importante na análise dos equilíbrios entre fases. V S dT dp trs trs ∆ ∆ = ( ) ( )dPVVdTSS )()()()( αβαβ −=− dPVdTS βαβα →→ ∆=∆ Curvas de equilíbrio sólido-líquido Como ∆fusS = ∆fusH/T. ∆fusV é a variação do volume molar na fusão (geralmente positivo e sempre pequeno). ∆fusH é positiva (exceto para 3He). dp/dT é grande e geralmente positivo. VT H dT dp fus fus ∆ ∆ = Curvas de equilíbrio líquido-vapor Como ∆vapS = ∆vapH/T. ∆vapV é grande e positivo. ∆vapH é positiva. dp/dT é positivo, mas menor que no equilíbrio sólido-líquido (próximo ao ponto tríplo). Teb é mais sensível à pressão que a Tfus. VT H dT dp vap vap ∆ ∆ = Se ∆vapV ≈ V(g), pois V(g) >>V(l). V(g) = RT/p para gás perfeito. Eq. de Clapeyron fica: Eq. de Clausius- Clapeyron: )/( pRTT H dT dp vap∆ = 2 ln RT H dT pd vap∆ = Curvas de equilíbrio líquido-vapor Aplica-se a equilíbrio l-v e s-v. Permite prever como Pvap varia com T e como Teb varia com p. Assumindo-se ∆vapH independente de T. Resultando: ∆ = T T vap p p T dT R H pd * 2 ln *ln ln − ∆ −= * 11 * ln TTR H p p vap χ− = epp * − ∆ = * 11 TTR Hvapχ Curvas de equilíbrio sólido-vapor Entalpia de sublimação. Lembrando que: Coeficiente maior para a curva de sublimação do que para a curva de vaporização em temperaturas próximas a do ponto triplo. VT H dT dp sub sub ∆ ∆ = HHH vapfussub ∆+∆=∆ PRESSÃO DE VAPOR Temperaturas de ebulição Se o recipiente for aberto, a pressão do sistema encontra- se em equilíbrio com a pressão externa. O vapor da substância poderia ser carregado para fora, de modo que a vaporização ocorreria de modo contínuo. À medida que a temperatura aumenta, a Pvap aumenta, e o ar é expulso. Na temperatura de ebulição(Teb) a Pvap se iguala à pressão externa (todo o ar residual é expulso), temos a ebulição (transição líquido-vapor). Se a pressão externa for 1 atm: ponto de ebulição normal (100 oC para a água). Se a pressão externa for 1 bar: ponto de ebulição padrão (99,6 oC para a água). Mesma notação para a temperatura de fusão (Tfus). Pressão de Vapor Vaporização: Em determinadas p e T, um líquido num recipiente irá formar vapor. Recipiente fechado, evacuado, a vaporização ocorre até que esta exerça uma dada pressão que aumenta com a T e depende do tipo de substância. Esta pressão é a chamada de pressão de vapor (Pvap). Uma substância com alta Pvap é dita uma substância bastante volátil. Ponto crítico Temperatura crítica (Tc) Elevando-se T chega-se a um ponto em que desaparece a separação de fase. A fase única existente acima da Tc é dita fluido supercrítico. A Pvap na Tc é a pressão crítica, pc. Ponto crítico Pressões de vapor e pontos críticos Efeito da pressão sobre a pressão de vapor. Quando se aplica uma pressão sobre um fase condensada a Pvap aumenta: Pistão permeável ao vapor; Gás inerte. Gás inerte: pressão parcial de vapor; Solubilização no líquido; Solvatação na fase gasosa. Quantitativamente (p* é p do líquido sem o ∆P): RTPlVepp /)(* ∆= Efeito da pressão sobre a pressão de vapor. No equilíbrio: Variações mantendo o equilíbrio: Quando P sobre o líquido aumenta dP: O µ do vapor muda (dp é o que procuramos): Gás perfeito: Temos então: Como dµ(l)=dµ(g): Pode ser resolvida se soubermos os limites de integração. )()( gl µµ = )()( gdld µµ = dPlVld )()( =µ dpgVgd )()( =µ pRTgV /)( = p RTdpgd =)(µ dPlV p RTdp )(= Efeito da pressão sobre a pressão de vapor. Sem pressão extra (∆P), a P que atua sobre o líquido é igual a Pvap normal (p*). Assim, quando P=p*, p=p*. Quando P=p+∆P, a Pvap é p. Como o efeito da pressão sobre Pvap é pequeno, p ~ p* em p+∆P, dando P=p*+∆P. Assim os limites para dP ficam p* e p*+∆P. Os limites para dp sempre foram p* e p, que é o que procuramos. Efeito da pressão sobre a pressão de vapor. As integrações ficam: Dividindo-se por RT: Resolvendo-se as integrais: Aplicando-se a exponencial: ∆+ = Pp p p p dPlV p dpRT * ** )( ∆+ = Pp p p p dP RT lV p dp * ** )( P RT lV p p ∆= )( * ln RTPlVepp /)(* ∆= Efeito da pressão sobre a pressão de vapor. CLASSIFICAÇÃO DE EHRENFEST Classificação de Ehrenfest para as transições de fase Há outras transição de fase como sólido- sólido, condutor- supercondutor e fluído-superfluído. Pode-se usar propriedades termodinâmicas para classificá-la. Variação da H e do V. Influenciam µ à esquerda e à direita da transição. Como ∆trsV e ∆trsH são diferentes de zero na fusão e na vaporização, segue que os coeficientes das curvas são diferentes em cada lado da transição (veja linha (a) próximo slide). VVV dpdp trsTT ∆=−= ∂ − ∂ αβαβ µµ trs trs trs pp T HSSS dTdT ∆ =∆=+−= ∂ − ∂ αβαβ µµ Classificação de Ehrenfest para as transições de fase Classificação de Ehrenfest para as transições de fase Transição de 1ª ordem (a): Quando ∂µ/∂T é descontínua. Cp é o coeficiente da curva H/T e é infinitamente grande em uma transição de 1ª ordem. Assim, não há variação de temperatura durante a transição. Ex.: Ebulição da água. Transição de 2ª ordem (b): Quando ∂µ/∂T é contínua, mas ∂2µ/∂T2 é descontínua. Como ∂µ/∂T é contínua, V, S e consequentemente H não se alteram na transição (linha (b)). Cp é descontínua, mas não infinito. Ex.: condutor- supercondutor Classificação de Ehrenfest para as transições de fase Transição λ. Não é de 1ª ordem, mas Cp é infinito na transição. Cp começa a crescer antes da transição e o gráfico lembra a letra λ. Ex.: ordem-desordem em ligas, surgimento do ferromagnetísmo e fluído-superfluído no hélio líquido. ENANTIOTROPIA E MONOTROPIA Enantiotropia Monotropia EXEMPLOS DE DIAGRAMAS DE SUBSTÂNCIA PURAS DE INTERESSE GEOLÓGICO Enxofre rômbico e o monoclínico Fórmula (S8). Ortorrômbico: três eixos perpendiculares, mas cada um com um comprimento. Monoclínico: três eixos de comprimentos diferentes. Os ângulos α e γ têm 90º e o ângulo β, um valor diferente deste. Enxofre rômbico e o monoclínico Carbono Diamante Grafite Carbono Referências Bibliográficas P. W. Atkins; Físico-Química; 8ª Ed.; São Paulo: LTC; 2008 (Cap. 4). R. Gill; Chemical Fundamentals of Geology, 2nd. Ed.; London: Chapman & Hall, 1996 (Cap. 2). L. Pilla; Físico-Química II; 2ª Ed.; Porto Alegre: Editora da Ufrgs; 2010 (Cap. 1, 2 e 3). Peter Atkins e Loretta Jones; Princípios de Química Questionando a vida moderna e o meio ambiente; 3ª Edição; Porto Alegre: Bookman; 2006 (Cap. 8).
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