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2017 - 07 - 18 Curso Avançado de Processo Civil - Volume 2 - Edição 2016 SEGUNDA PARTE - PROCEDIMENTO COMUM DO PROCESSO DE CONHECIMENTO: FASE POSTULATÓRIA CAPÍTULO 4. PETIÇÃO INICIAL Capítulo 4. PETIÇÃO INICIAL 4.1. Conceito Em razão do princípio dispositivo, a iniciativa do processo, pela provocação da atividade jurisdicional, outorga-se a algum dos sujeitos envolvidos no conflito ou a alguém que, com base em autorização normativa, possa substituí-lo. O juiz não instaura o processo de ofício - o que poderia afetar sua imparcialidade e mesmo perturbar a paz social (v. vol. 1, n. 3.17). Claro que, uma vez iniciada a atuação jurisdicional, em razão de seu caráter público, ela se desenvolverá por impulso oficial. Mas o início do processo depende da manifestação da vontade da parte (art. 2.º do CPC/2015): uma demanda, consubstanciada em um ato processual denominado petição inicial (art. 319 e ss. do CPC/2015). A petição inicial é o instrumento pelo qual se introduz a demanda em juízo. Essa demanda tanto pode dizer respeito a um litígio, cuja solução se pleiteia (jurisdição contenciosa), quanto à necessidade de intervenção judicial em um ato ou negócio jurídico (jurisdição voluntária). Assim, conceito mais abrangente de petição inicial pode ser formulado como o ato processual pelo qual se exerce o direito de ação, dando início à atividade jurisdicional. Trata-se do ato de começo do processo. Embora a relação jurídica processual só se complete com a citação válida, o ajuizamento da petição inicial já produz alguns efeitos, como o de interromper precariamente a prescrição (art. 240, § 1.º) ou o de estabelecer a prevenção (art. 59). No processo civil brasileiro, em princípio, a petição inicial tem forma escrita - e pode, inclusive, ser veiculada por meio eletrônico (v. vol. 1, n. 26.4). Nos Juizados Especiais, admite-se a apresentação verbal da demanda, com sua redução a termo escrito por auxiliares judiciais (Lei 9.099/1995, art. 14, caput e § 3.º). 4.2. Elementos ("requisitos") Embora o art. 2.º do CPC/2015 atribua à parte a iniciativa para dar início ao processo e definir-lhe o objeto e o réu, disso não resulta irrestrita liberdade para a formulação da petição inicial. O Código de Processo Civil estabelece elementos, enumerados no art. 319 e destinados a assegurar que a peça inicial traga ao conhecimento do juiz todos os dados necessários para a perfeita delimitação do objeto e dos sujeitos relativamente aos quais a jurisdição irá atuar. Por isso, pode-se dizer que os "requisitos" do art. 319 devem ser observados não apenas no procedimento comum, mas em todas as modalidades de procedimento (inclusive os especiais) e de processo (p. ex., inclusive no processo especial), com as devidas adaptações. Afinal, independentemente da espécie de providência jurisdicional pleiteada, a petição inicial tem sempre a finalidade de inaugurar o exercício do direito de ação e delimitar o âmbito de atuação jurisdicional. A depender da modalidade de procedimento ou do tipo de tutela pretendido, podem existir requisitos adicionais, que serão oportunamente estudados. Mas os elementos essenciais previstos no art. 319 do CPC/2015, em grau maior ou menor, com uma ou outra roupagem, estarão sempre presentes. Em certa medida, a petição inicial deve ser exauriente, no sentido de desde logo apresentar todos os elementos delineadores do objeto sobre o qual a jurisdição atuará ("objeto do processo" - pedido e causa de pedir). O que não for apresentado como pedido ou causa de pedir na petição inicial apenas excepcionalmente o poderá ser depois: até a citação, sem a concordância do réu; depois da citação, até o saneamento do processo: apenas com a concordância do réu - art. 329 (os arts. 303, § 1.º, I, e 305 c/c 308 do CPC/2015, atinentes aos pedidos de tutela antecipada e de tutela cautelar antecedentes, constituem uma falsa exceção: os elementos que podem ser complementados depois concernem à ação principal; os elementos da ação urgente têm de ser expostos desde logo). Trata-se do princípio da "estabilidade da demanda" (v. n. 5.10, adiante). A petição inicial reúne uma sequência de manifestações de vontade: vontade de demandar, vontade de demonstrar a veracidade de fatos ocorridos, vontade de ver reconhecida a incidência da norma jurídica e de extrair consequências jurídicas, tudo aliado à necessidade de obter da jurisdição um "bem da vida". Ou vontade de demonstrar fatos e expressar o desejo de validar uma situação não conflituosa, que necessita de homologação. Essa estrutura se revela nos requisitos da petição inicial, a seguir examinados. 4.2.1. Juízo a que é dirigida O inc. I do art. 319 do CPC/2015 determina a indicação do juízo a que é dirigida a petição inicial. Não se trata de simples endereçamento de um requerimento, pois, em verdade, deve levar em conta regras de competência. Ao dirigir a petição inicial a um determinado juízo, o autor está identificando a competência para o caso concreto, ou verdadeiramente escolhendo-a, nos casos em que essa seja prorrogável. Se o autor "escolhe" juízo que, relativamente, é incompetente, esse pode tornar-se competente, caso o réu não se insurja em preliminar de contestação (v. vol. 1, n. 6.8 e 6.10). A doutrina adverte - e não é demais repetir - que não se trata do nome da autoridade judiciária, mas sim do órgão, exatamente porque se está diante de exigência de competência. Pouco importa qual seja a pessoa a exercer o cargo de juiz naquele órgão. Basta que o órgão tenha competência para a causa. Quando se tratar de causa de competência originária dos tribunais, como, por exemplo, a ação rescisória, a petição inicial, em princípio, deve ser dirigida ao presidente do tribunal competente, sempre independentemente do nome dessa autoridade (ou seja, é endereçada ao órgão da presidência). Pouco importa o tratamento que seja dado à matéria pelas leis de organização judiciária ou pelos regimentos internos dos tribunais respectivos. Ainda que o relator venha a ser outro, que não o presidente do tribunal, a petição inicial será endereçada a seu presidente - a quem incumbe determinar a distribuição. 4.2.2. Partes e suas qualificações O inc. II do art. 319 menciona os nomes, prenomes, estado civil, existência de união estável, profissão, número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica, endereço eletrônico, domicílio e residência do autor e do réu. Esse requisito vai além de mera exigência formal, pois se refere a uma das condições para o exercício do direito de ação: a legitimidade, a que se refere o art. 485, VI, do CPC/2015. Se a petição inicial é o instrumento pelo qual o direito de ação é exercido, nela deve ser desde logo verificável - sempre que isso já seja possível - a existência das condições da ação (sobre o tema, v. vol. 1, cap. 10). O interesse de agir está encartado na causa de pedir e no pedido, de que se trata adiante. Em regra, a aferição da legitimação ordinária funda-se essencialmente naquilo que está descrito e postulado na petição inicial. Mas nem sempre a legitimidade pode ser aferida apenas da análise da petição inicial, carecendo de elementos outros que somente com o transcurso do processo serão demonstrados. Isso é bastante evidente em casos de legitimação extraordinária, em que pode haver a necessidade de comprovação de aspectos fáticos para a sua configuração (autorização assemblear; constituição prévia da entidade associativa etc.). Mas mesmo nesses casos, é importante a identificação precisa das partes na inicial, como ponto de partida para a verificação da legitimidade. Além disso, tal identificação é imprescindível para a delimitação subjetiva dos efeitos da litispendência e da posterior coisa julgada. Assim, a perfeita individualização das partes que vão integrar a relação jurídica processual exige a apresentação de: a) nomes e prenomes do autor e do réu: sehouver litisconsórcio, todos os litisconsortes devem ser nominados. Se o réu é incapaz, incumbe ao autor desde logo identificar, sempre que possível, também a pessoa do seu representante ou assistente (art. 71 do CPC/2015). Quem ocupa a posição de parte é o incapaz, porém os atos processuais (inclusive a petição inicial) são praticados através de outrem, por si só, ou em conjunto com o incapaz (no caso de incapacidade relativa). É ônus do autor zelar para que ela seja devidamente observada, inclusive no que concerne ao réu (art. 76, § 1.º, I, do CPC/2015). No caso de pessoas jurídicas e outros entes coletivos, cabe ao autor identificar quem o representa em juízo, com a devida documentação (atos constitutivos da sociedade etc.). Já no que tange à pessoa jurídica que ocupa a posição de ré, não é razoável impor ao autor o ônus de identificar internamente quem exerce sua representação. Cabe-lhe apenas identificar com precisão sua sede, onde deverá estar seu representante legal. O oficial de justiça tomará as providências cabíveis para localizá-lo e citá-lo - cabendo depois à pessoa jurídica ré comparecer em juízo com sua representação regularizada, sob pena de revelia (art. 76, § 1.º, II, do CPC/2015); b) o estado civil e a existência de união estável: esse dado é importante para verificar se a outorga uxória faz-se necessária, nos casos em que exigível (art. 73 do CPC/2015). A ausência da menção ao estado civil de casado do réu ou da existência de união estável pode ocasionar a falta de citação do cônjuge ou do companheiro, o que, muitas vezes, pode gerar nulidade ou ineficácia da decisão final; c) a profissão: também se exige, não só para individualizar o litigante, mas para definir alguns aspectos da citação; o militar, por exemplo, será citado na unidade em que estiver servindo, caso não se conheça sua residência ou nela não for encontrado (art. 243, parágrafo único). Além disso, o conhecimento prévio da profissão das partes tem relevância porque há casos em que esse dado traça algumas limitações à atividade probatória, como, por exemplo, a dispensa de depoimento pessoal sobre fatos protegidos por sigilo profissional (art. 388, II). Evidentemente, se esse dado do réu for desconhecido, o autor simplesmente indicará essa circunstância; d) domicílio, residência e endereço eletrônico: além de a citação só se viabilizar com o conhecimento do exato local onde o réu é localizável, o que, à primeira vista, é o objetivo desse requisito, existem outras razões para a necessidade de a petição inicial trazer o domicílio, a residência e o endereço eletrônico de todas as partes litigantes. Alguns atos processuais não são praticados por advogado, mas pela própria parte. A confissão é um deles, nada obstante possa ser praticado por procurador com instrumento de mandato específico para tal fim. Ademais, é dever da parte, pessoalmente, comparecer a juízo, sempre que for determinado, bem como submeter-se à inspeção judicial (art. 379, I e II, do CPC/2015). A regra, pois, é que aquele que está em juízo precisa poder ser localizado, para a necessária intimação desses atos processuais. Daí a exigência do dispositivo. O código confere à parte o ônus de informar e manter atualizado, no processo, o próprio endereço. Nos termos do parágrafo único do art. 274, "presumem-se válidas as intimações dirigidas ao endereço constante dos autos, ainda que não recebidas pessoalmente pelo interessado, se a modificação temporária ou definitiva não tiver sido devidamente comunicada ao juízo, fluindo os prazos a partir da juntada aos autos do comprovante de entrega da correspondência no primitivo endereço"; e) o número das partes, conforme o caso, no cadastro de pessoas físicas ou jurídicas da receita federal (CPF e CNPJ). A providência presta-se a facilitar a identificação de ações anteriores idênticas ou semelhantes entre as mesmas partes. O autor poderá requerer, na petição inicial, que sejam realizadas as diligências necessárias para a obtenção dos dados a que não tiver acesso (art. 319, § 1.º). De todo o modo, a falta de alguma das informações não implicará no indeferimento da petição inicial se, ainda assim, o réu puder ser citado (art. 319, § 2.º), ou se for impossível ou excessivamente oneroso para o autor obtê-las (art. 319, § 3.º). 4.2.3. Causa de pedir O terceiro requisito da petição inicial diz respeito a outro elemento da ação, a causa de pedir - a que o inc. III do art. 319 refere-se como "ofato e os fundamentos jurídicos do pedido". Na petição inicial, a causa de pedir (causa petendi) é elemento identificador da ação, mostrando-se como indispensável delimitador da atividade jurisdicional que se seguirá. O pedido delimita a parte decisória da sentença. Mas ele decorre da exposição fática e da argumentação jurídica subsequente. Sua identidade própria depende da consideração de seus fundamentos. Portanto, tanto o pedido quanto a causa de pedir são igualmente delineadores da abrangência do provimento jurisdicional. Como já consignou um dos autores em outra oportunidade: "Na ordem processual civil brasileira, a causa de pedir é integrada (i) pela descrição dos fatos que servem de fundamento ao pedido e (ii) pela correlação lógico-jurídica entre os fatos descritos e a consequência jurídica pleiteada. Essas são, respectivamente, a causa fática (ou remota) e a causa jurídica (ou próxima). Incumbe ao autor apenas narrar os fatos relevantes e formular pedido que seja, ao menos em tese, compatível com esses fatos. Não é ônus (perfeito) do autor - e, consequentemente, não integra a causa petendi - a descrição do exato caminho jurídico pelo qual, com base naqueles fatos, chega-se àquelas consequências. Também isso decorre do iura novit curia. Desse modo, não integram a causa de pedir: nem o nomen iuris empregado pelo autor nem o enquadramento dos fatos em uma específica hipótese de incidência normativa. No curso do processo, o juiz pode rever essa tipificação, desde que se cinja aos limites do fundamento fático e dos efeitos jurídicos pleiteados. Nas mesmas condições, também o autor pode alterar tal enquadramento sem que isso afronte a estabilidade da demanda. Em contrapartida, rejeitado o pedido fundado numa dada causa de pedir, não será tal mudança de enquadramento que permitirá a repropositura da demanda: tal intento esbarrará na coisa julgada".1 Assim, o sistema processual civil brasileiro adotou a teoria da substanciação, pela qual a definição da causa de pedir é emergente de fatos (v. vol. 1, n. 9.4). Bem por isso, os fatos que devem constar da petição inicial são os relevantes e pertinentes, vale dizer, aqueles que embasam a pretensão expressada. Se todo direito se origina de fatos, são apenas os que dão sustentáculo ao direito pretendido que devem constar da petição inicial, segundo esse requisito. A teoria da substanciação contrapõe-se à teoria da "individuação", utilizada em outros sistemas. Segundo a teoria da individuação, os fatos não seriam em si mesmos relevantes para a definição da causa de pedir. A relevância residiria na qualificação jurídica dos fatos. Os fundamentos jurídicos do pedido não se confundem com fundamentos legais. A lei não exige que o autor mencione, na petição inicial, os números dos artigos de lei em que baseia seu pedido. Aliás, nem mesmo a errônea capitulação legal conduz à inépcia. Tampouco é preciso atribuir aos institutos jurídicos o seu correto nome (nomen juris). O emprego de terminologia inadequada (p. ex., chamando-se de dolo algo que, pelos fatos descritos, seria erro) não torna a petição inicial inepta. O que o requisito impõe é que, expostos os fatos, passe o autor a demonstrar as consequências jurídicas que dos fatos entende resultantes. Ou seja, que a relação jurídica conflituosa emergiu dos fatos narrados. Portanto, o fundamento jurídico nada mais é do que o nexo de causalidade entre os fatos e o pedido. Ou, ainda, é a demonstração de que, dos fatos apresentados,surgiu para o autor o direito que busca obter no pedido. O nome que se dê à ação é irrelevante, tanto que o art. 319 não o exige. Para a verificação de litispendência, coisa julgada ou perempção, o que importa é a análise dos elementos da ação: partes, pedido e causa de pedir, em nada interessando qual o nome que tenha sido atribuído. 4.2.4. O pedido O art. 319, IV, exige a inclusão, na inicial, do "pedido com as suas especificações". É o pedido que demonstra o objeto litigioso. É o elemento central da petição inicial, pois expressa o provimento jurisdicional que o autor espera obter. Vale dizer, o pedido é a solução que o autor pretende que seja dada à situação reclamada. Como já exposto (vol. 1, n. 9.3), o pedido desdobra-se em dois aspectos: o imediato e o mediato. O pedido mediato concerne, propriamente, ao bem de vida almejado (um carro; uma quantia em dinheiro; a defesa da honra; a eliminação de uma dúvida quanto a uma paternidade etc.). O pedido imediato, de cunho processual, refere-se ao provimento jurisdicional pretendido (declaração, condenação, constituição, desconstituição, mandamento, execução etc.). Por sua importância, o tema é objeto de capítulo próprio, a seguir. 4.2.5. O valor da causa Além de expressamente exigido no art. 319, V, do CPC/2015, também os arts. 291 e 292, do mesmo dispositivo, não deixam qualquer dúvida quanto à obrigatoriedade de a petição inicial expressar o valor da causa, ainda que esta não tenha conteúdo econômico imediato, ou mesmo que não possua nenhum conteúdo econômico. A cogência da norma é patente, por mais que, muitas vezes, possa parecer sem sentido atribuir um valor pecuniário a causas destituídas de conteúdo patrimonial. O art. 292 indica como será definido o valor da causa em determinadas hipóteses: será a soma atualizada do principal, dos juros de mora vencidos e de outras penalidades até a propositura da ação, na ação de cobrança de dívida (inc. I); o valor do ato ou da parte controvertida, quando o litígio versar sobre ato jurídico (inc. II); a soma das doze prestações mensais, na ação de alimentos (inc. III); o valor da avaliação da área ou do bem, para as ações de divisão, de demarcação e de reivindicação (inc. IV); o valor pretendido, na ação de indenização (inc. V); a quantia correspondente à soma dos valores de todos os pedidos, quando cumulados (inc. VI); o pedido de maior valor, no caso de serem alternativos (inc. VII); e o valor do pedido principal, caso haja também um subsidiário (inc. VIII). Mas, mesmo nos casos que não se enquadrem nessas hipóteses, é imprescindível atribuir-se à causa valor que seja o mais consentâneo possível com sua dimensão econômica - como deixa claro o art. 291. A atribuição do valor à causa é relevante para vários efeitos processuais. Em alguns casos, o valor da causa interfere na definição da competência, como, por exemplo, a dos Juizados Especiais Cíveis (Lei 9.099/1995, art. 3.º, I; Lei 10.259/2001, art. 3.º; Lei 12.153/2009, art. 2.º). Aliás, nada obsta que as leis de organização judiciária criem varas especializadas para julgamentos de causas conforme o valor a elas atribuído. Também tem o valor da causa reflexo nas custas, que, em função dele, são calculadas. Ainda, por imposição do art. 85, § 2.º, do CPC/2015, a sentença condenará o vencido nos honorários advocatícios (sucumbenciais), que são calculados com base na condenação, no proveito econômico ou, se não for possível auferi-lo, no valor atribuído à causa. Representativos que são da remuneração do profissional, devem ser justos, nem exacerbados, nem irrisórios. Por isso, os honorários devem manter perfeita correlação não só com o trabalho despendido, mas também com o benefício que a parte terá com o resultado da ação. Então, o valor da causa não pode estar desatrelado desses parâmetros, ainda que se trate de direito insuscetível de apreciação econômica. Além disso, o valor da causa pode constituir parâmetro para o cabimento de recursos. Por exemplo, a Lei 6.830/1980 exclui o cabimento de alguns recursos nas execuções fiscais e respectivos embargos de valor inferior a determinado montante (art. 34 da Lei 6.830/1980). Caso o réu entenda incorreto o valor atribuído à causa pelo autor, poderá impugná-lo, em preliminar de contestação, sob pena de preclusão (art. 337, III - v. n. 8.2.1, c, adiante). Impugnado o valor da causa, o juiz proferirá decisão determinando, se for o caso, que as custas sejam complementadas (art. 293). 4.2.6. As provas que serão produzidas O inc. VI do art. 319 determina que a petição inicial informe "as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados". Reconhece-se, na doutrina e jurisprudência, que o autor não tem o ônus de indicar detalhadamente tudo o que pretende provar, mas tão somente os meios de prova de que se servirá para tanto. Da mesma forma, nesse momento não é necessário o elenco das testemunhas nem, no caso de prova pericial, a expressa menção do objeto da perícia ou a apresentação de quesitos. Enfim, a prática consagrou o mero protesto genérico pela futura produção de provas, sem maiores especificações. Daí que, antes do julgamento conforme o estado do processo (cap. 12, adiante), o juiz deve abrir às partes a oportunidade para a efetiva especificação das provas. Sobre o tema, veja-se o n. 13.12.2, adiante. 4.2.7. Manifestação sobre a audiência de conciliação ou mediação O inc. VII do art. 319 prevê a necessidade de o autor se manifestar caso não deseje a realização da audiência de conciliação ou mediação. Tratando-se de direitos que admitam autocomposição, a audiência não acontecerá desde que ambas as partes (autor e réu) manifestem desinteresse na sua realização. A teor do que preceitua a regra do art. 334, § 5.º, o autor deverá manifestar seu desinteresse na petição inicial e o réu deverá fazê-lo por petição simples, apresentada em até dez dias antes da data da audiência. No caso de litisconsórcio (ativo ou passivo), o desinteresse deverá necessariamente ser manifestado por todos os litisconsortes (art. 334, § 6.º). Portanto, se o autor nada disser a respeito na petição inicial, a audiência será marcada, ainda que o réu manifeste seu desinteresse. O que não se descarta, porém, é que, embora não tendo na petição inicial indicado o desinteresse na audiência, o autor, depois, diante de manifestação do réu nesse sentido, formule expressa manifestação de desinteresse. A esse respeito, v. n. 7.2, adiante. 4.2.8. Encerramento A praxe consolidou-se em encerrar a petição inicial com a inclusão do nome da localidade, a data de sua realização e a assinatura do subscritor. Nada disso consta do elenco do art. 319. Quanto ao local e a data, a sua falta não ocasiona qualquer consequência prática. Tanto um quanto outro não interferem em nada no ato processual. Pouco importa onde a petição inicial é redigida, a competência será fixada pelo local onde a demanda for proposta. Da mesma forma, de nada vale a data nela expressada, pois é o momento do protocolo que gera efeitos jurídicos (como, por exemplo, o de interromper, ainda que precariamente, a prescrição). O mesmo não se pode dizer da assinatura. O Novo Código de Processo Civil não a exige expressamente, no art. 319, mas é um requisito da petição inicial, por ser inerente à prática de um ato processual. Embora seja sensível a tendência de "deformalização" do processo, com a aceitação de validade de atos praticados independentemente do respeito à forma preestabelecida, o sistema processual ainda exige que certos atos sejam praticados na forma escrita, e assinados, a fim de que se possa identificar sua autoria. A assinatura do advogado é imprescindível para a validade da petição inicial, até porque se trata de ato privativo de quem é advogado (capacidade postulatória, conforme art. 1.º, I, do Estatuto da Advocacia - Lei 8.906/1994). Mas é um defeito perfeitamente corrigível. Constatada a faltada assinatura, o advogado deve ser intimado para apô-la. A petição apenas deverá ser indeferida, e o processo, extinto, se, uma vez intimado, o advogado não comparecer para corrigir o defeito ou, comparecendo, indicar que não reconhece a petição como sua, recusando-se a assiná-la. Por outro lado, é possível que só se perceba o defeito já no curso do processo, depois de outros atos terem sido praticados. Nesse caso, se o próprio advogado cuja assinatura faltara praticou novos atos no processo, torna-se desnecessário - ou pelo menos passa a constituir providência cuja inobservância gera mera irregularidade, irrelevante - o suprimento da assinatura. A conduta do advogado, ao praticar outros atos no processo em nome do autor, por si só serve de ratificação da petição inicial: não haverá dúvidas de que tal ato é a ele imputável. Por fim, não custa ressaltar que a falta de assinatura na petição inicial só é um problema apto a gerar seu indeferimento se nenhum procurador judicial do autor a houver assinado. Se, por exemplo, foram consignados dois nomes de advogados no encerramento e só um deles assinou, a falta da outra assinatura é irrelevante. Basta a subscrição de um advogado. A Lei 11.419/2006, que disciplina o processo eletrônico, previu a possibilidade e os requisitos para a assinatura eletrônica, tanto das petições como das procurações. A lei considera assinatura eletrônica as seguintes formas de identificação inequívoca do signatário: a) assinatura digital baseada em certificado digital emitido por Autoridade Certificadora credenciada, na forma de lei específica; b) mediante cadastro de usuário no Poder Judiciário, conforme disciplinado pelos órgãos respectivos (art. 1.º, § 2.º, III). O art. 2.º da Lei prevê que "o envio de petições, de recursos e a prática de atos processuais em geral por meio eletrônico serão admitidos mediante uso de assinatura eletrônica, na forma do art. 1.º desta Lei, sendo obrigatório o credenciamento prévio no Poder Judiciário, conforme disciplinado pelos órgãos respectivos". Veja-se o vol. 1, n. 26.4. 4.3. Emenda à inicial Se a petição inicial não cumprir os requisitos do art. 319 do CPC/2015, ou não for suficientemente clara, contendo aspectos obscuros, de molde a impossibilitar o processamento e julgamento, o juiz mandará que o autor a complemente ou esclareça - indicando expressamente o que deve ser corrigido ou esclarecido -, no prazo de quinze dias, sob pena de indeferimento. A essa alteração da petição inicial o art. 321 do CPC/2015 denominou emenda. A determinação legal de que o juiz indique "com precisão" o que deve ser emendado é expressão do princípio da cooperação (art. 6.º). Dele se extraem os deveres de prevenção e de esclarecimento. De acordo com o primeiro, o juiz deve sempre advertir as partes sobre os riscos e deficiências das manifestações e estratégias por elas adotadas, conclamando-as a corrigir os defeitos sempre que possível. Já o segundo dever impõe que o juiz se esclareça quanto às manifestações das partes, questionando-as quanto a obscuridades em suas petições e determinando que tornem mais claros ou especifiquem requerimentos feitos em termos confusos ou genéricos.2 A regra do art. 321 também atende ao princípio da eficiência, que deve nortear a prática de todos os atos públicos (art. 8.º). A emenda apresenta dupla função: ao mesmo tempo que permite ao juiz esclarecer-se sobre os elementos da causa, também se presta a dar ao réu melhor oportunidade de defesa, pois quão melhor for a apreensão do réu do que está expresso na petição inicial, maiores serão suas chances de responder adequadamente. Sob o CPC/1973, era pacífico o entendimento, tanto doutrinário quanto jurisprudencial, no sentido de que a emenda poderia ser realizada mais de uma vez. Essa orientação, digna de elogios, permanece válida e é até reforçada, na vigência do CPC/2015, que expressamente consagra a cooperação (art. 6.º), o dever judicial de correção de defeitos (art. 139, IX, do CPC/2015) e a preferência pela solução de mérito (arts. 317 e 488 do mesmo dispositivo). Se, utilizado o disposto no art. 321, a emenda, embora feita pelo autor, não for adequada, deve o juiz repetir o ato, em vez de simplesmente decretar a extinção do processo. Esta deve ser evitada sempre que possível e admissível. Expressão eloquente dessa diretriz está presente no art. 319, §§ 1.º e 2.º, que dispõe sobre hipóteses em que, mesmo faltando dados exigidos pelo inc. II do caput, não deve a petição inicial ser indeferida. Observe-se, também, que a emenda à petição inicial não se confunde com aditamento do pedido, previsto no art. 329 do CPC/2015, que apenas pode ocorrer antes da citação, independentemente do consentimento do réu, ou até o saneamento, se houver tal consentimento (v. tópico 5.10, adiante). Conceito Elementos (art. 319 do CPC/2015) O Juízo a que é dirigido Partes e suas qualificações Nomes e prenomes Estado civil ou existência de união estável Profissão CPF ou CNPJ Endereço eletrônico Domicílio e residência Causa de pedir Fatos Fundamentos jurídicos do pedido O pedido O valor da causa As provas que serão produzidas Manifestação sobre realização de audiência de conciliação ou mediação Encerramento (assinatura do advogado - capacidade postulatória) Emenda à inicial (art. 321 do CPC/2015) Prazo de quinze dias Complementar ou esclarecer Indicação precisa - prevenção e esclarecimento Princípio da eficiência Dever judicial de correção de defeitos Preferência pela solução de mérito Doutrina Complementar · Alexandre Freitas Câmara(O Novo Processo...,p. 188) considera que o momento de verificar a indicação e qualificação das partes na petição inicial (art. 319, II, CPC/2015) merece flexibilização: "Evidentemente, nem sempre o autor disporá de todos estes elementos. Poderá ele, então, requerer ao juiz da causa a realização das diligências necessárias para sua obtenção (art. 319, § 1.º). De toda sorte, não será indeferida a petição inicial (nem será o caso de mandar emenda-la) se, despeito da falta de algum desses elementos, for possível a citação do réu (art. 319, § 2.º). Assim, por exemplo, em um caso em que não se tenha o nome completo do réu, mas seja o autor capaz de indicar um apelido pelo qual seja ele conhecido, e que se revele suficiente para permitir sua identificação por um oficial de justiça ou por um carteiro, já se terá por regularmente elaborada a petição inicial. (...) Impende ainda ter claro que não se pode indeferir (e, com mais razão ainda, não se pode sequer determinar a emenda) a petição inicial pela ausência de algum dos elementos indicados no inc. II do art. 319 quando isto implicar a impossibilidade (ou um obstáculo excessivamente oneroso) ao acesso à justiça (art. 319, § 3.º). É o que se tem, por exemplo, no caso de um estrangeiro que, a turismo no Brasil, precise por algum motivo ir a juízo propor uma demanda. Exigir dele a indicação do número de inscrição no CPF, por exemplo, seria absurdo, já que este é um cadastro de contribuintes do fisco brasileiro. E não se pode considerar que a falta de indicação deste dado acarrete vício da petição inicial, sob pena de se violar a garantia de amplo e universal acesso à justiça. Em casos assim, pois, o requisito deve ser dispensado". · Humberto Theodoro Júnior (Curso..., 56. ed., vol. 1, p. 751; 753) conceitua: "O veículo de manifestação formal da demanda é a petição inicial, que revela ao juiz a lide e contém o pedido da providência jurisdicional, frente ao réu, que o autor julga necessária para compor o litígio". Em seu sentir, faz o autor duas manifestações na petição inicial: " (a) a demanda da tutela jurisdicional do Estado, que causará a instauração do processo, com a convocação do réu; (b) o pedido de uma providência contra o réu, que será objeto de julgamento final da sentença de mérito". Quanto aos requisitos,afirma, em relação aos fundamentos jurídicos, que "não é obrigatória ou imprescindível a menção do texto legal que garanta o pretenso direito subjetivo material que o autor opõe ao réu. Mesmo a invocação errônea de norma legal não impede que o juiz aprecie a pretensão do autor à luz do preceito adequado. O importante é a revelação da lide através da exata exposição do fato e da consequência jurídica que o autor pretende atingir. Ao juiz incumbe solucionar a pendência, segundo o direito aplicável à espécie: iura novit curia". · Luis Guilherme Aidar Bondioli (Breves..., p. 819; 821) discorre a respeito da dispensa do requerimento para a citação do réu na inicial pelo CPC/2015: "O legislador não mais arrola como requisito da petição inicial o requerimento para a citação do réu, previsto no inc. VII do art. 282 do CPC/1973. Trata-se de salutar inovação, que traz consigo a ideia de que a citação do réu é providência que o juiz deve tomar de ofício, uma vez ausentes as causas de indeferimento da petição inicial. Afinal, depois de tanto narrar e pedir, é claro que o autor quer que o réu seja citado; era ociosa a exigência de uma solicitação para tanto". Ainda, a respeito da inovação legislativa que determina a indicação pelo juiz do que deve ser corrigido ou completado ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos arrolados nos arts. 319 e 320 do CPC/2015 (art. 321, caput, CPC/2015): "tal indicação já era exigida, em razão do dever de motivação das decisões judiciais (art. 93, IX, da CF/1988). Um pronunciamento de emenda ou complementação da petição inicial somente pode ser considerado suficientemente motivado se apontar o que deve ser emendado ou completado. Todavia, infelizmente, muitos juízes têm emitido pronunciamentos lacônicos nessas circunstâncias, determinando correções ou complementos sem apontar o que se entende necessário corrigir ou completar. Tais pronunciamentos lacônicos deixam o autor sem saber o que fazer para ter sua petição inicial recebida pelo julgador e com a perspectiva de ter o processo liminarmente extinto sem julgamento do mérito. É justamente para combater esse laconismo que o legislador inseriu no texto da lei a determinação de que o juiz indique precisamente o que espera do autor em relação à petição inicial". · Nelson Nery Jr. e Rosa Maria de Andrade Nery (Comentários..., p. 884; 885) conceituam: "A petição inicial é a peça inaugural do processo, pela qual o autor provoca a atividade jurisdicional, que é inerte (CPC/2015, 2.º). É a peça processual mais importante pelo autor, porque é nela que se fixam os limites da lide (CPC/2015, 141 e 489), devendo o autor deduzir toda a pretensão, sob pena de preclusão consumativa, isto é, de só poder fazer outro pedido por ação distinta. É um silogismo que contém premissa maior, premissa menor e a conclusão". Sobre os requisitos, afirmam que "devem estar presentes sempre, qualquer que seja a natureza da ação. A imperatividade do tempo verbal ('indicará') nos faz concluir que os requisitos são imprescindíveis. A falta de um dos requisitos da petição inicial pode ensejar a sua inépcia, o que impede o prosseguimento do processo, com o indeferimento da inicial, caso não emendada ou completada (CPC/2015, 321 parágrafo único). Os elementos da ação (partes, causa de pedir e pedido) são os requisitos mais importantes da petição inicial: quem, porque e o quê se pede". Abordam o princípio da congruência entre pedido e sentença, asseverando que "o juiz deve decidir de acordo com o que foi pedido (CPC/2015, 492). O autor é quem limita o pedido, na petição inicial (CPC/2015, 141). Não pode o juiz decidir fora (extra), acima (ultra) ou abaixo do pedido (citra ou infrapetita). Sentença infrapetita pode ser corrigida por embargos de declaração, pois terá havido omissão do juiz quanto a uma parte ou um dos pedidos (CPC/2015, 1.022, II). Sentença extra ou ultrapetita pode ser corrigida por apelação". · Teresa Arruda Alvim Wambier, Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro e Rogerio Licastro Torres de Mello (Primeiros..., p. 547; 548), em comentário ao art. 319 do CPC/2015, ressaltam: "Salutar a inovação relativa à necessidade da declaração da existência de união estável de pessoa física que sejam partes, já que o instituto gera efeitos similares aos do casamento. Inclusive, o CPC/2015, art. 73, § 3.º, no que tange à necessidade de citação (integração da capacidade) para os casos em que se discute sobre propriedade de bem IMÓVEL, incluiu a figura do companheiro". Ainda, "ponto alto deste dispositivo é a necessidade de o autor se manifestar sobre dever ou não haver a audiência de conciliação ou de mediação. Deve dizer que não quer, sob pena de a audiência ser marcada, sem possibilidade, neste caso, de emenda à inicial". Enunciados do FPPC N. 81. (Art. 932, V, CPC/2015) Por não haver prejuízo ao contraditório, é dispensável a oitiva do recorrido antes do provimento monocrático do recurso, quando a decisão recorrida: (a) indeferir a inicial; (b) indeferir liminarmente a justiça gratuita; ou (c) alterar liminarmente o valor da causa. N. 139. (Arts. 287 e 15, CPC/2015) No processo do trabalho, é requisito da petição inicial a indicação do endereço, eletrônico ou não, do advogado, cabendo-lhe atualizá-lo, sempre que houver mudança, sob pena de se considerar válida a intimação encaminhada para o endereço informado nos autos. N. 145. (Arts. 319 e 15, CPC/2015) No processo do trabalho, é requisito da inicial a indicação do número no cadastro de pessoas físicas ou no cadastro nacional de pessoas jurídicas, bem como os endereços eletrônicos do autor e do réu, aplicando-se as regras do novo Código de Processo Civil a respeito da falta de informações pertinentes ou quando elas tornarem impossível ou excessivamente oneroso o acesso à justiça. N. 149. (Art. 333, § 4.º, CPC/2015) Caso o aditamento ou emenda da petição inicial para a ação coletiva não seja realizado no prazo fixado pelo juiz ou não seja recebido, o processo seguirá como individual. N. 154.(Arts. 354, parágrafo único, e 1.015, XII, do CPC/2015) É cabível agravo de instrumento contra ato decisório que indefere parcialmente a petição inicial ou a reconvenção. N. 178.(Arts. 554 e 677, CPC/2015) O valor da causa nas ações fundadas em posse, tais como as ações possessórias, os embargos de terceiro e a oposição, deve considerar a expressão econômica da posse, que não obrigatoriamente coincide com o valor da propriedade. N. 188. (Art. 700, § 5.º, CPC/2015) Com a emenda da inicial, o juiz pode entender idônea a prova e admitir o seguimento da ação monitoria. N. 248.(Arts. 134, § 2.º, e 336, CPC/2015) Quando a desconsideração da personalidade jurídica for requerida na petição inicial, incumbe ao sócio ou a pessoa jurídica, na contestação, impugnar não somente a própria desconsideração, mas também os demais pontos da causa. N. 281.(Art. 319, III, CPC/2015) A indicação do dispositivo legal não é requisito da petição inicial e, uma vez existente, não vincula o órgão julgador. N. 282.(Arts. 319, III, e 343, CPC/2015) Para julgar com base em enquadramento normativo diverso daquele invocado pelas partes, ao juiz cabe observar o dever de consulta previsto no art. 10. N. 283.(Arts. 319, § 1.º, 320 e 396, CPC/2015) Aplicam-se os arts. 319, § 1.º, 396 a 404 também quando o autor não dispuser de documentos indispensáveis à propositura da ação. N. 292.(Arts. 4.º, 330 e 321, CPC/2015) Antes de indeferir a petição inicial, o juiz deve aplicar o disposto no art. 321. N. 293.(Arts. 331, 332, § 3.º, e 1.010, § 3.º, CPC/2015) Se considerar intempestiva a apelação contra sentença que indefere a petição inicial ou julga liminarmente improcedente o pedido, não pode o juízo a quo retratar-se. N. 296. (Arts. 338 e 339, CPC/2015) Quando conhecer liminarmente e de ofício a ilegitimidade passiva, o juiz facultaráao autor a alteração da petição inicial, para substituição do réu, nos termos dos arts. 338 e 339, sem ônus sucumbenciais. N. 366.(Art. 1.047, CPC/2015) O protesto genérico por provas, realizado na petição inicial ou na contestação ofertada antes da vigência do CPC, não implica requerimento de prova para fins do art. 1.047. N. 367.(Arts. 312, 503 e 1.054, CPC/2015) Para fins de interpretação do art. 1.054, entende-se como início do processo a data do protocolo da petição inicial. N. 424. (Art. 319 do CPC/2015; art. 15 da Lei 11.419/2006) Os parágrafos do art. 319 devem ser aplicados imediatamente, inclusive para as petições iniciais apresentadas na vigência do CPC/1973. N. 425. (Arts. 321 e 106, § 1.º, CPC/2015) Ocorrendo simultaneamente as hipóteses dos art. 106, § 1.º, e art. 321, caput, o prazo de emenda será único e de quinze dias. N. 488. (Arts. 64, §§ 3.º e 4.º, e 968, § 5.º, CPC/2015; art. 4.º da Lei 12.016/2009) No mandado de segurança, havendo equivocada indicação da autoridade coatora, o impetrante deve ser intimado para emendar a petição inicial e, caso haja alteração de competência, o juiz remeterá os autos ao juízo competente. N. 519. (Arts. 450, 319, § 1.º, e 6.º, CPC/2015) Em caso de impossibilidade de obtenção ou de desconhecimento das informações relativas à qualificação da testemunha, a parte poderá requerer ao juiz providências necessárias para a sua obtenção, salvo em casos de inadmissibilidade da prova ou de abuso de direito. Bibliografia Fundamental Alexandre Freitas Câmara, O novo processo civil brasileiro, São Paulo: Atlas, 2015; Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processualcivil, 56. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2015, vol. 1; Nelson Nery Jr. e Rosa Maria de Andrade Nery, Comentários ao Código de Processo Civil, São Paulo: Ed. RT, 2015; Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini e Bruno Dantas (coords.), Brevescomentários ao Novo Código de Processo Civil, São Paulo: Ed. RT, 2015; _____, Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro e Rogerio Licastro Torres de Mello, Primeiros comentários ao novo Código de Processo Civil: artigo por artigo, São Paulo: Ed. RT, 2015. Complementar Accácio Cambi, Petição inicial. Aplicação do art. 284 do CPC. Dever omitido pelo juiz, RePro 105/309; Alfredo de Araújo Lopes da Costa, Manualelementardedireitoprocessualcivil, 3. ed., atual. Sálvio de Figueiredo Teixeira, Rio de Janeiro: Forense, 1982; Álvaro Couri Antunes Sousa, O valor da causa nas ações indenizatórias por danos morais, RT 783/183; Amarildo Samuel Junior, Os pressupostos processuais: uma análise crítica sobre a citação, RTSP 4/35; Anna Lara Ferreira Brasil, Reflexões sobre a amplitude da cognição da lide pelo juiz, RJ 296/58; Bruno Vianna Espírito Santo, Análise constitucional do julgamento liminar de improcedência, RePro 187/141; Cândido Rangel Dinamarco, Instituições de direito processual civil, 5. ed., São Paulo: Malheiros, 2005, vol. 3; Carlos Alberto Carmona, Em torno da petição inicial, RePro 119/11; Carlos Biasotti, Da petição inicial: generalidades, RT 694/425; Carlos Silveira Noronha, A causa de pedir na execução, RePro 75/26; Cássio Scarpinella Bueno. 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