Baixe o app para aproveitar ainda mais
Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original
QUALIDADE DA CARNE OVINA Roberta de Lima Valença Doutoranda em Zootecnia FCAV/Unesp, Jaboticabal – SP 1 Rebanho ovino no mundo 1,187,433,169 de cabeças FAO (2016) Rebanho ovino no mundo (milhões de cabeças) 29,332 29,803 31,115 33,743 39,846 40,550 50,228 63,000 72,612 202,156 FAO (2016) Consumo aparente de carne de ovinos e caprinos País Consumo (kg) Nova Zelândia 42,95 Austrália 17,56 Emirados Árabes 13,78 Reino Unido 5,62 Arábia Saudita 6,1 Uruguai 3,25 China 2,93 UniãoEuropéia 2,65 Brasil 0,7 FAO (2007) Rebanho nacional 18º maior rebanho ovino do mundo Rebanho nacional 598,643 744,426 1,078,316 5,042,222 9,352,885 16,816,492 IBGE, 2016 Raças mais utilizadas no Brasil Santa Inês Carne e Leite Carne Dorper Raças mais utilizadas no Brasil Texel Pele e carne Morada Nova Carne e Lã Raças mais utilizadas no Brasil Carne e Lã Carne e Lã Suffolk Ile de France Raças mais utilizadas no Brasil Lã e Carne Corriedale Principais exportadores: Nova Zelândia e Austrália Maior exportador da América do Sul: Uruguai (18 mil t / ano) Principal importador: União Européia Produção de carne ovina no mundo FAO (2016) Sistema de produção Extensivo Semi-intensivo Intensivo Sistema de produção Extensivo (Nordeste) Sistema de produção Semi-intensivo Sistema de produção Intensivo (Sul de Sudeste) Produção de carne ovina no Brasil FAO (2016) Entraves na produção de carne ovina no Brasil Baixa padronização das carcaças Baixa oferta Pouca atenção à qualidade da carne Pouco uso de tecnologia Abate de animais velhos FATORES DE INFLUÊNCIA NA QUALIDADE DE CARNE OVINA Espécie Raça Sexo Idade Alimentação Presença ou não de estresse Sistema de produção Parâmetros Qualitativos ph Cor Capacidade de retenção de água (CRA) Força de cisalhamento Composição centesimal Perfil de ácidos graxos Potencial hidrogeniônico (pH) Principal indicador da qualidade final da carne Relacionado com o acúmulo de ácido lático oriundo da mudança post-mortem Este acúmulo na carne possui importante influência na sua qualidade final Modificando, direta ou indiretamente Cor Aparência Flavor Textura (maciez e suculência) Propriedades funcionais CRA Queda do pH muscular Espécie pH inicial pH final Tempo de aparição do rigor Bovinos 6,7 5,6 6 a 12h Suínos 6,7 5,6 50´ Ovinos 6,9 5,6 6 a 12h Aves 6,7 5,6 30´ (BRIDI, 2006) 21 Cor Primeiro aspecto avaliado pelo consumidor Critério básico para sua seleção Cor é o resultado da absorção e reflexão da luz polarizada sobre os pigmentos de uma superfície ou alimento Principais responsáveis pela cor da carne Estrutura física Concentração de pigmentos (mioglobina e hemoglobina) Estado físico da mioglobina Estão a espécie, sexo, idade, localização anatômica muscular e/ou atividade física O conteúdo médio da mioglobina da carne ovina é superior à dos bovinos Cor mais intensa, sendo mais escura nos animais adultos e nos músculos mais exercitados 80 a 90% do pigmento total Concentração de Mioglobina Tecido Animal mgmioglobina/ g tecido Peito deFrango 0,05 CarneSuína 1,0-4,0 Carne deOvina 6,0-12,0 Carne Bovina(1-2 anos) 4,0-10,0 Carne Bovina(4-6anos) 16,0-20,0 Carne de Baleia 50,0 Carne de baleia Fibras Vermelhas Precisam de muito oxigênio para funcionar e, portanto, têm um grande conteúdo de mioglobina Funcionam sob condições onde haja oxigênio suficiente para a respiração celular Fibras brancas Funcionam sem utilizar o oxigênio e recebem a sua energia pela conversão de glicose em ácido lácteo Contêm quase nenhuma mioglobina Os miócitos brancos são apenas eficientes por curtos períodos de tempo(minutos), já que dependem apenas das reservas de glicose do músculo Influência do estado do ferro na cor da carne Ciclo das cores das carnes frescas (oxidada) Mioglobina Oximioglobina Metamioglobina (desoxigenada) (oxigenada) Cor da carne em função do pH pH baixo (carnes PSE) pH alto (carnes DFD) (< 5,5) (> 5,8) Categorias e escores para a cor da carne na carcaça de ovinos e caprinos (CEZAR E SOUSA , 2007) Forma objetiva para mensurar a cor da carne Utiliza-se instrumentos, como reflectômetros, espectrofotômetros, espectrocolorímetros e colorímetros com destaque para os da marca Minolta da serie CR 100, 200, 300 e CR 400 L*: Luminosidade 0 100 a*: Intensidade de vermelho 0 a -60 0 a +60 b*: intensidade de amarelo 0 a -60 0 a +60 Variações observadas para cor da carne ovina 30,03 a 49,47 8,24 a 23,53 3,38 a 11,10 L* a* b* Capacidade de retenção de água (CRA) Capacidade da carne de reter sua umidade ou água durante a aplicação de forças externas, como corte, aquecimento, trituração e prensagem Carne com menor CRA > perdas no resfriamento > perdas no preparo de cortes No cozimento há rápida saída de suco Impossibilidade na fabricação de embutidos cozidos de qualidade Redução do valor nutritivo Efeito do pH na quantidade de água imobilizada da carne (PEDERSEN, 1975) Ponto isoelétrico da maior parte das proteínas musculares A formação de ácido lático e a conseqüente queda do pH post-mortem são responsáveis pela diminuição da capacidade de reter água da carne, Essas reações causam uma desnaturação e perda da solubilidade das proteínas musculares, Conseqüentemente, estes grupos não tem capacidade de atrair água, pois somente os grupos hidrofílicos carregados possuem esta capacidade 40 CRA (%) da carne de diferentes músculos em cordeiros da raça Morada Nova em diferentes tempos de maturação Tempo de Maturação Bicepsfemoris Longissimus Tricepsbrachii Não maturada 60,05 59,06 66,19a 7 dias de maturação 55,71 56,20 55,64b 14 dias de maturação 56,08 55,52 54,68b (ZEOLA et al,, 2007) PPC (%) e CRA (%) da carne de diferentes músculos de cordeiros SRD em diferentes tempos de maturação PPC(%) CRA(%) Maturação Sem maturação 26,60b 83,78a Maturação por 7 dias 32,42a 68,29b P-valor <0001 <0001 Músculo T,brachii 27,63 80,86 a G, bíceps 29,40 71,20 b P-valor 0,1699 <0001 (LIMA, 2013) Maciez da Carne Dentre todas essas propriedades, a maciez é o atributo mais importante para o consumidor no momento de degustar a carne, enquanto a cor é o que mais importa no momento de adquiri-la Fatores que afetam a maciez Quantidade e maturidade do colágeno Diâmetro da fibra muscular (Correlação negativa com a maciez, r = -0,73) Estrutura física da célula (Comprimento do sarcômero é correlacionado positivamente com a maciez, r = 0,80) Atividade das enzimas proteolíticas Grau de marmoreio Fatores que afetam a maciez Quantidade e maturidade do colágeno Quanto maior a quantidade de colágeno e menos solúvel, mais dura será a carne A quantidade e o tipo de colágeno variam de músculo para músculo A [] de colágeno é o fator mais determinante na percepção de dureza por meio da avaliação subjetiva (painel sensorial humano) A solubilidade do colágeno é mais importante para percepção de dureza através de avaliação objetiva (força de cisalhamento ) Fatores que afetam a maciez Quantidade e maturidade do colágeno Diâmetro da fibra muscular (Correlação negativa com a maciez, r = -0,73) Estrutura física da célula (Comprimento do sarcômero é correlacionado positivamente com a maciez, r = 0,80) Atividade das enzimas proteolíticas Grau de marmoreio Quanto maior for o tamanho dos feixes de fibras musculares e maior o número de fibras em cada fascículo muscular, mais dura será a carne Fatores que afetam a maciez Estrutura física da célula (Comprimento do sarcômero é correlacionado positivamente com a maciez, r = 0,80) Unidade funcional da contração muscular, distância entre linhas Z Relação entre o comprimento do sarcômero e a maciez da carne Comprimento de sarcômero Força de cisalhamento Maciez 2,0a 2,5μm 2 kg/cm2 Macio 2,0 a 1,7μm 6 a 8 kg/cm2 Moderado 1,7 a 1,5μm 14 kg/cm2 Duro Menor que 1,5μm 2 a 6 kg/cm2 Macio (BRIDE, 2006) Fatores que afetam a maciez Atividade das enzimas proteolíticas Calpaínas = responsável pelo desprendimento dos filamentos de actina da linha Z Inibidor das calpaínas = CALPASTATINAS Quanto maior for a concentração de calpastatina no músculo mais dura será a carne O coeficiente de correlação entre a força de cisalhamento e a atividade da calpastatina é de 0,51 a 0,59 É responsável por mais de 70% da variação na maciez da carne Realizado, principalmente, pelas Proteinases Neutras Ativadas pelo Ca+2 intracelulares = CALPAINAS, Resulta no despreendimento dos filamentos de actina da linha Z 49 Fatores que afetam a maciez Grau de marmoreio A gordura intramuscular da carne influi de maneira decisiva na sua palatabilidade, estando relacionada com a maciez, suculência, sabor e odor (flavor) (CEZAR E SOUSA , 2007) 50 Composição centesimal da carne ovina Composição do tecido muscular de espécies de interesse zootécnico Espécie Umidade % Proteína% Lipídios% Matéria Mineral% Bovino 70-73 20-22 4-8 1 Suíno 68-70 19-20 9-11 1,4 Aves 71-74 20-23 4-5 1 Ovinos 73 19-20 5-6 1,6 Composição das carnes de cordeiro e de animais adultos, em 100g Constituinte Cordeiro Carneiro Proteína (g) 19,3 14,4 Gordura (g) 9,5 32,8 Franco (1987) Perfil de ácidos graxos da carne ovina É importante ressaltar que as propriedades físicas e químicas dos lipídios afetam qualidades nutricionais, sensoriais e de conservação da carne O flavor (sabor + aroma) é influenciado pelo perfil de ácidos graxos de cadeia curta Os ac, graxos insaturados aumentam o potencial de oxidação Diminuem a vida de prateleira da carne Composição em ácidos graxos de diferentes espécies Componente Frango Suíno Bovino Ovino Ácidosgraxos Láurico - - 0,1 0,1 Mirístico 0,1 1,3 4,5 3,2 Palmítico– C16 25,6 28,3 27,4 28,0 Esteárico– C18 0,7 11,9 21,1 24,8 SaturadosTotais 42,7 41,5 53,7 57,7 Palmitoleico– C16:1 (ω 9) 7,0 2,7 2,0 1,3 Oleico– C18:1 (ω 9) 20,4 47,5 41,6 36,4 Linoleico–C18:2 (ω 6) - 0,2 0,5 0,5 Linolênico– C18:3 (ω3) 21,3 6,0 1,8 3,5 InsaturadosTotais 67,3 58,5 46,3 42,3 (FORREST et al., 1979) Acido linoléico conjugado (CLA) Redução de aterosclerose, Prevenção e tratamento do diabetes mellitus, Efeito anticarcinogênico Estimulante do sistema imunológico Redução da pressão arterial Redução da gordura corporal Aumento da massa magra Biohidrogenação Incompleta CLA Relação entre os ácidos graxos da carne de cordeiros terminados em pasto nativo e cultivado Variáveis Mestiço Pasto *EPM Santa Inês Dorper Somalis Nativo Cultivado AGP/AGS 0,35 0,22 0,33 0,40a 0,19b 0,03 AGM/AGS 0,90 0,93 0,92 0,83b 0,99a 0,02 AGI/AGS 6,17b 12,63a 6,64b 5,67b 11,29a 1,19 IA 0,21 0,25 0,22 0,20b 0,25a 0,01 h:H 2,50 2,26 2,47 2,56a 2,26b 0,06 n6n3 2,07 2,80 2,89 3,35 2,35 0,24 AGP = ácidos graxos poli-insaturados; AGS = ácidos Graxos saturados; AGM = ácidos graxos monoinsaturados; AGI = ácidos graxos insaturados; h:H = razão entre ácidos graxos hipocolesterolêmicos e hipercolesterolêmicos, IA= Índice de Aterogenicidade (MENEZES JUNIOR et al., 2014) Composição de ácidos graxos da carne de cordeiros produzidos em pastagem tropical sob diferentes sistemas de alimentação Suplementação Ácido Graxo 0% 1,50% 2,50% F. G. P-valor AGS 54,97 52,48 51,26 55,92 0,348 AGMI 37,78 ab 41,71a 43,47a 35,41b 0,005 AGPI 7,24ab 5,79ab 5,26b 8,65a 0,021 n-6/n-34 2,97b 5,87a 6,80a 2,84b <,0001 n-6 4,37 4,24 3,95 5,30 0,412 n-3 1,45a 0,72b 0,63b 1,80a <,0001 (CASTRO, 2016) Farinha de algas marinhas (schizochytrium sp.) na alimentação de cordeiros confinados Variável Dieta experimental EPM Efeito (p<0,05) 0% 2% 4% 6% L Q C AGS 50,26 50,24 52,19 51,13 0,759 0,195 0,501 0,159 AGI 49,74 49,76 47,81 48,87 0,759 0,195 0,501 0,159 AGMI 42,77 41,07 38,79 40,52 0,729 0,012 0,029 0,175 AGPI 6,96 8,68 9,02 8,35 0,462 0,042 0,018 0,865 Ômega-3 0,56 1,85 3,1 2,9 0,178 0,001 0,001 0,09 Ômega-6 5,78 5,79 5,04 4,54 0,384 0,017 0,51 0,554 O6:O3 10,64 3,17 1,65 1,66 0,496 0,001 0,001 0,061 CLA 0,59 0,99 0,83 0,94 0,068 0,001 0,043 0,016 (BORGHI, 2017) *Dados ainda não publicados Laboratório de Produção Ovina FCAV – Unesp, Jaboticabal - SP Responsável: - Prof, Dr, Américo Garcia da Silva Sobrinho Doutorandos: - Nomaiací de Andrade - Roberta de Lima Valença - Thiago Henrique Borghi Mestrandos - Diego Armando Rojas - Leonardo Guimarães 1 Funcionário e 10 estagiárias Raça Ile de France 65 animais entre ovelhas e borregas 1 Reprodutor Projetos em Execução Desempenho e características da carcaça e da carne de cordeiros filhos de ovelhas alimentadas com diferentes níveis de exigências nutricionais Coprodutos do biodiesel e amendoim na alimentação de cordeiros em confinamento Algas marinhas (Schizochytrium sp,) na alimentação de cordeiros confinados Algas marinhas (Schizochytrium sp,) e vitamina E na alimentação de cordeiros confinados Laboratório de Produção Ovina FCAV/Unesp OBRIGADA! Msc, Roberta de Lima Valença Doutoranda em Zootecnia Unesp - Jaboticabal robertalimav@hotmail,com 67
Compartilhar