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Aula 5 13 10

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Raphael Simões Vieira – Medicina Veterinária 5º período
Aula 5 – 13/10/14
Conhecer os diferentes comportamentos fisiológicos da digestão dos alimentos nas diferentes espécies animais. Cães e gatos não suportam na dieta fibra. É o mesmo com galinhas, embora a galinha caipira paste. A galinha retira do pasto quase nenhum nutriente. Contudo, a xantofila dos vegetais deixam o ovo amarelo, o que nos interessa. Na industria há pigmentos colocados na ração, como o urucum. Essas diferenças anatômicas são importantes para entendermos como funciona a nutrição de cada animal que vamos trabalhar. 
É importante entendermos quais são as fases da digestão. Em cirurgias bariátricas, perde-se a capacidade de digestão protéica, quase que por inteira. Se tenho pouca pepsina ativada, vai ter pouca tripsina ativada = baixa digestibilidade das proteínas. As leguminosas têm uma enzima, que inibe a tripsina, já no intestino delgado. Se inibe a tripsina, vai inibir a sequencia da cadeia de enzimas proteolíticas = não há digestibilidade de proteína. 
Devemos conhecer o coeficiente de digestibilidade dos alimentos. Os alimentos industrializados já chegam para nós muito processado, eu gasto pouco para digerir esses alimentos. Arroz polido: retira toda a fibra, nós comemos o endosperma, que é rico em amido. Maizena: amido de milho puro, sem fibra, é puro açúcar. Por isso há uma digestibilidade muito alta. Bolachas, são feitas de farinha de trigo. Farinha de trigo = retiram toda a estrutura fibrosa, a farinha é amido puro. Esses alimentos têm uma alta taxa de digestibilidade. A digestibilidade de uma carne crua, um peixe cru, é altíssima. Já quando comemos um churrasco, a digestibilidade é baixa. No intestino grosso, vai fermentar por ação das bactérias. Essa fermentação produz aminas biogênicas, que são cancerígenas. A digestibilidade foi comprometida por causa do calor. Proteínas, vitaminas, não suportam calor. 
Há um fator antinutricional na soja, que inibe a tripsina. É uma proteína termolábil. Há a temperatura certa para inativar essa proteína. Atividade ureática = 0,2-0,05. Quando pego um farelo com essa atividade ureática, e faço sua digestibilidade em KOH (solubilidade em KOH), ela me dá 83%, ou seja, essa porcentagem está disponível para a digestão. Dessa forma, 17% da proteína bruta foi perdida. Essa digestibilidade é perdida, pois o calor criou quelatos, isso indisponibiliza a proteína. Isso ocorre no feijão, na carne. O leite pasteurizado não perde as proteínas, pois são aquecidos e resfriados rapidamente. 
Na nutrição de animais de produção, eu quero velocidade de ganho. A digestibilidade é fator para a formulação da ração.
Fome como fator que influencia a ingestão de alimentos. Em suínos, se busca animais vorazes. São tão vorazes que a cauda e a orelha são cortadas, para um não mutilar o outro. Em suínos e aves de corte, a luz fica acesa durante toda a noite praticamente, pois o calor intenso durante o dia impede a ingestão de alimentos, então se dá luz para eles durante a noite, para que eles comam.
A digestibilidade é resultado da capacidade do animal de digerir o alimento + a capacidade que o alimento tem de entrar nessa “máquina” e ser digerido. 
Em relação a digestibilidade de proteínas, o leite de caixinha e o de saquinho não há diferença, ambos tem mais ou menos o mesmo tanto de proteína disponível. A questão são os microrganismos.
A digestão de fibra é fermentativa, não é enzimática. 
O efeito da dieta sobre a estruturação do TGI. Um bezerro recém nascido é basicamente monogástrico. O bezerro nasce monogástrico. Eu tenho que induzir meu bezerro a tornar poligástrico. O bezerro recém nascido: alimentação é colostro, epitélio se papilas, sem microrganismos. De 1 dia a três semanas: alimentação é leite, maior secreção de saliva, fechamento da goteira esofágica (leite do esôfago diretamente para o abomaso). 
Fase de transição: de 3 a 8 semanas. Leite e alimentos fibrosos. Aumento do tamanho das glândulas salivares. Maior colonização rumino-reticular. Papilas ruminias começam a se desenvolver. Tenho um rúmen adequado à digestão de fibras. Baby beef: basicamente alimentado só com ração, ração não precisa ser fermentada. Eu não transformo meu animal em poligástrico. É uma carne muito mais cara. 
A ave tem a natureza de catar grãos. Ela tem a moela, que faz o papel da boca, tritura o alimento. É comum abrir uma galinha e encontrar pedras na moela. A moela é um órgão muito musculoso, com tecido interno muito resistente. Ao fazer a ração industrial, o milho é moído, na expectativa que triturando, eu melhore a capacidade de digestão. Mas na medida que faço isso, eu não concorro para o bom desenvolvimento da moela. Na medida que dou alimento mais sólido, aumento o trabalho da moela, ela se torna maior. Há aumento do intestino delgado também. Assim, aumento a capacidade de digestibilidade desse animal. A indústria hoje não está moendo finamente o grão de milho ou de sorgo. Partículas de 15 a 40 micrometros, passam direto pela moela, enquanto partículas maiores são retidas. Uma galinha poedeira necessita por dia, em média 4,5g de cálcio para “fazer” o ovo. Eu dando o calcário fino, ele passa direto pela moela. Para liberar o cálcio, ele tem que ser ionizado, o que ioniza é o ácido clorídrico. Na ração das galinhas vai pedriscos. Esse pedrisco vai ficar retido na moela. Enquanto tiver alimento na moela, há produção de HCl. Dando 16h de luz para a galinha poedeira, ela irá botar todos os dias. Na ave, esse estímulo luminoso não passa pelo olho, é pela calota craniana, uma galinha cega pode ser influenciada pela luz. O ácido clorídrico da moela, vai transformar pepsinogenio em pepsina, aumentando a digestibilidade de proteínas. 
A porca não dá cio enquanto está lactando. Assim que os leitões nascem, já ofereço ração, para o organismo já produzir enzimas. Assim, com 18-21 dias já há o desmame dos leitões. Isso é interessante, a porca é uma máquina de produzir leitões, não de amamentar. Quanto mais cedo desmamar, melhor. 
O TGI é um sistema que transforma alimentos em nutrientes essenciais à vida. Há apreensão, transformação e absorção dos nutrientes, e eliminação dos resíduos. Os restos que vão sair muitas das vezes são indesejáveis ao TGI. 
Nos monogástricos: boca, esôfago (nas aves há uma projeção do esôfago, que o papo). A grande maioria das aves voam, esses animais precisam ter reservas. Em todos os outros monogástricos, o estomago é um armazém. A ave não tendo estômago, tem o papo. Ela enche o papo para voar, principalmente aves migratórias. A capacidade volumétrica do estômago do cão é maior que a capacidade volumétrica do rúmen (proporcionalmente). Isso é explicado pelo fato de cães e gatos serem carnívoros, eles têm que caçar para se alimentar. O carnívoro enche o estômago e fica tranqüilo fazendo a digestão. Pessoas que comem muito, e pouco frequente, o estômago dilata, pois funciona como armazém. Por isso o ideal é comer pouco e frequente. Isso diminui a dilatação, e deixa os níveis glicêmicos mais constantes. O estômago é um grande armazém. Nas aves, o estômago é transformado em proventrículo e moela. Proventrículo = estomago químico, é aqui que produz bicarbonato, glicogênio. A moela tritura o alimento. Intestino delgado e intestino grosso. O ceco é a área de grande atividade fermentativa. As bactérias que vivem no ceco do cavalo são praticamente as mesmas que estão no rúmen. Contudo, o ceco de cavalo é fim de linha, e o rúmen é o inicio (praticamente) do trato digestivo. 
Nos ruminantes, tem a boca, esôfago, e proventrículo (retículo, rúmen e omaso) e estômago (químico = abomaso). No proventrículo há processo de fermentação e absorção de água. Tem que ter um volume muito grande de água, mas essa água não pode passar para o intestino delgado, senão vai estar tão diluído que eu vou comprometer a digestibilidade. Por isso no retículo há uma absorção de água. Intestino delgado, intestino grosso, e glândulas associadas (fígado e pâncreas). A fermentação aqui, é pré-gástrica. Como fermentação pré-gástrica,há um grande volume de microrganismos, há produção de ácidos graxos voláteis, que vão passar a parede e cair na corrente circulatória, vão virar fonte de energia. Os microrganismos, ao multiplicarem, a medida que caem no abomaso, o pH é de 2,5 a 3, entram no intestino delgado, e se tornam nutrientes, principalmente protéico. Já no caso dos cavalos, que tem essa mesma flora, produzem também ácidos graxos voláteis, enzimas, e proteínas. Ele só retira dessa fermentação energia. Se boa parte da energia, se não a quase totalidade vem do processo fermentativo. Capim não vai fornecer vitamina, proteína para o eqüino. Ele é um herbívoro, mas eu tenho que dar uma ração concentrada em proteína, minerais, etc. No bovino eu não tenho que preocupar tanto. Não preciso fazer ração para bovino pensando em aminoácidos. qualquer aminoácido sintético que eu colocar, a hora que cair no rúmen as bactérias consomem. 
Digestão: quebra dos alimentos liberando nutrientes para absorção intestinal. A digestão se inicia na mastigação. Até a ave tem a moela que substitui a boca. Na mastigação, eu aumento a superfície de contato com as enzimas. Na saliva de alguns animais tem amilase, e até lípase. Mas o tempo de permanência do alimento na boca, é pequeno. A atividade enzimática na boca é muito pequena, de pouco valor nutricional. 
A digestão, hidrólise, é feita por enzimas. As proteínas são ligadas por ligações peptídicas. Para quebrar essa ligação, entra água = hidrólise. Esta hidrólise não acontece no estômago. Essa hidrólise vai acontecer no intestino. O estômago tem ácido clorídrico, que quebra as macromoléculas aleatoriamente, sem pontualidade. No estômago é produzido pepsinogênio, quem ativa ele é o HCl, transforma em pepsina, que vai ativar o tripsinogênio.* no processo digestivo, o estomago com o HCl funciona como desinfetante, mata a maioria dos microrganismos. O HCl funciona como desinfetante. Aqui no estomago ocorre uma digestão química. 
O suco biliar, no intestino delgado, vai emulsificar gorduras. Hidrólise enzimática vai ocorrer ao longo do intestino delgado: duodeno, jejuno e íleo. Há enzimas produzidas na parede do intestino. Não há enzimas para destruírem fibras.
Aquilo que não foi digerido no intestino delgado, vai para o grosso (colo e ceco). Produzem ácidos graxos voláteis. Pessoas que são vegetarianas, a fibra vai chegar no intestino grosso, são fermentadas e se transformam em ácidos graxos voláteis. No cão, na ave, não há intestino grosso desenvolvido, a digestibilidade de fibra é muito baixa. A ave chega a ter 8-10% de aproveitamento de fibra. 
Os bovinos têm atividade fermentativa também no intestino grosso. Os ruminantes são animais de máximo aproveitamento do processo fermentativo. 
MMA = metrite, mamite e agalaxia. Comum em porcas, ficam muito tempo deitadas, não defecam nem urinam. A urina presa favorece a proliferação de microrganismos. As fezes presas vão se tornando mais secas, comum prolapso retal.

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