Buscar

Aula 8 21 10

Prévia do material em texto

Raphael Simões Vieira – Medicina Veterinária 5º período
Aula 8 – 21/10
(...)
Mecanismo de comer de um ruminante: não tem os incisivos superiores, por isso arranca o alimento. Mastiga rapidamente pelos dentes posteriores, engole, depois volta para a ruminação. Em média, 10-15% da matéria seca é cortada, e o restante são engolidas para retornar para ruminação. 
A ruminação contribui para a degradação das partículas, aumentando a gravidade específica da forragem. A ruminação ainda rompe os tecidos vegetais, aumentando a superfície de contato dos alimentos. Cada período de ruminação pode durar mais ou menos 2h. 
Função da saliva: mantém o pH do rumem entre 5,5 – 7,5. Isso varia de acordo com o alimento que o animal ingere, mas esse é o limite fisiológico. A saliva do ruminante não tem amilase. O tempo de residência do alimento na boca do animal é muito maior que nos monogástrico. Tem um pouco de lipase essa saliva, degradando um pouco de gordura ainda na boca do animal. cerca de 70% da água encontrada no rúmen é provinda da saliva. Eu preciso oferecer foragem para o ruminante, para que ele possa fazer o processo de salivação, mantendo o rúmen em condições fisiologicamente adequadas. 
O rúmen é um ambiente aberto e contínuo. Tem que ter uma entrada contínua de alimentos, pois vai ter uma multiplicação bacteriana. Para essa população sobreviver, um pouco de bactérias têm que sair para poderem multiplicar mais. 
Dentro do rúmen, do volume total de gases, 65% é CO2, enquanto só 0,2% é oxigênio. É um ambiente que pode ser considerado anaeróbico. 
Bactérias amilolíticas: têm como substrato o amido, que vem do milho, do sorgo, do trigo.
Fermentadores de açúcares: o amido ao ser fermentado vai produzir açúcar.
Bactérias proteolíticas, produtoras de amônia, de metano e lipolíticas. 
Eu preciso ter no rúmen um meio completo, bastante diversificado em todos os substratos. Se eu tiro um ruminante do pasto e ofereço somente ração, eu diminuo ou acabo com as bactérias celulolíticas. Se a ração acabou, e eu volto com ele pro pasto, vai ter um problema, pois ele não tem flora para degradar celulose/hemicelulose. 
Esse conjunto de microrganismos são essenciais para suprir o animal em exigências de aminoácidos. 
A temperatura do rúmen varia entre 38-42 graus. Ausência de O2. Os protozoários também contribuem para o processo de fermentação e tão são fonte de nutrientes para o ruminante. 
De 70-75% da matéria seca da ração digerida pelos microrganismos é digerida pela flora bacteriana. Há produção de ácidos graxos voláteis = fonte de energia. Há produção também de dióxido de carbono, metano e amônia. 
No rúmen não há enzimas endógenas para digerir celulose e liguinina. Vai ter fermentação bacteriana. A fermentação da celulose vai produzir acético propiônico e butírico, mas 50% é ácido acético. A fração de carboidratos que não foi digerida no rúmen, vai sofrer o processo de fermentação novamente no intestino grosso, que é capaz de absorver acético, propiônico e butírico. Tudo o que for fermentado no intestino grosso do ruminante, somente vai ser absorvido os ácidos graxos voláteis, demais nutrientes não serão absorvidos. 
A gliconeogênese é extremamente importante para os ruminantes. O ruminante precisa de bactérias proteolíticas. A maior parte das proteínas ingeridas são convertidas em amônia. Quando faço a ração de um monogástrico, eu faço pensando em aminoácidos. Em uma ração para o cão, estou preocupado qual é a exigência do cão para cada aminoácido. No monogástrico não tenho uma câmara de fermentação pré-gástrica, eu tenho que alimentar o animal e somente ele. No caso do ruminante, pouco importa se tem lisina, arginina ou outro aminoácido. Isso não importa. O que importa é PB, é nitrogênio. A maior parte dessa proteína vai ser transformada em amônia. Só interessa para a flora o nitrogênio para ser transformado em amônia. 
Quando os ácidos graxos entram no rúmen, pouco escapa de lá. As bactérias são ávidas por eles. Pouco se usa óleo na ração de ruminantes. Há um problema: eleva o pH do rúmen, não é interessante dar gordura. Soja grão integral, tem 20% de gordura, eu posso dar para o ruminante mas em porções controladas. Não se dá nenhuma leguminosa em excesso para ruminante. Já em monogástricos, se usa gordura. 
Não posso tratar o monogástrico com fibra (em altas quantidades). Não digere, não há enzimas que digerem a fibra no intestino delgado. Se for do tipo suíno, eqüino, homem, que tem intestino grosso desenvolvido, é bom dar um pouco de fibra pois me polpa energia. Ser for um cão, um gato, uma ave, dar fibra: não vou dar fibra, pois não vai ter digestão e vai aumentar a taxa de passagem. No monogástrico, tenho que pensar em alimentos de alta digestibilidade enzimática. Quando penso em um ruminante, ou cavalo, ou suíno, devo tirar proveito dessa capacidade fermentativa para fornecimento de ENERGIA (somente). 
Quando eu tenho um animal de produção para corte, eu quero que ele coma muito, mas tenha uma velocidade de ganho elevada = ficar o mínimo de tempo possível para ganhar o peso ideal para abate. Para esses animais, se faz uma dieta de alta digestibilidade; espera-se que o animal transforme esses nutrientes em massa, principalmente massa magra. Tenta se manter uma relação entre energia e nutriente. Principalmente aminoácidos. Se mantém uma relação energia – aminoácidos. se essa relação for maior para energia e menor para aminoácidos, estou dando excesso de energia, aumento a tendência de deposição de massa gorda. Tenho que manter essa relação de forma que o animal ganhe mais massa magra no menor tempo possível. Hoje em frigoríficos, se faz um exame de grossura de toucinho, quanto maior for, menor o preço do suíno. 
Se eu quero velocidade de ganho, quero que o animal vá mais cedo para o abate e eu quero que haja uma distribuição de peso onde no mínimo 80% esteja em uma faixa média de 100kg. Ou seja, eu quero que haja uma variação de 95 a 105kg. Eu quero a maior uniformidade de peso possível. Os leitões que desenvolveram nas pontas do corno uterino, nascem mais fracos, pois a irrigação na ponta dos cornos uterinos é menor. Há manejos que se faz para reduzir a desuniformidade entre os animais. Os leitões menores geralmente são colocados em porcas que pariram menos, para que eles possam adquirir mais peso. 
Um geneticista busca fome no animal, o animal tem que ter fome. A fome tem controle cerebral e hormonal. O animal tem que ter sensibilidade de fome para que possa ganhar peso. 
Existe uma teoria altamente aplicável ao monogástrico, mas pouco aplicada ao ruminante, pois nele eu tenho que alimentar tanto o animal quanto a flora. Só que quem alimenta o animal é a flora, não tem como quantificar muito bem essa exigência que não é só no animal. No monogástrico tem como quantificar isso, daí a teoria = teoria glicostática. A glicose contida no amido é fonte de energia. O animal tem sensores tanto centrais quanto periféricos, a hora que a glicose cai o animal vai comer. Glicose baixa causa fome. Teoria glicostática: se o animal sente fome ele come, a hora que satisfez o nível de glicose ele para de comer. Todas as vezes que eu aumento a concentração energética de um alimento, ele diminui a ingestão de alimento. 
A absorção de glicose é muito rápida.

Continue navegando