Buscar

Trabalho Dentística Preparo para coroas livre de metal

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE 
CAMPUS UNIVERSITÁRIO PROF. ANTÔNIO GARCIA FILHO 
DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA DE LAGARTO 
CLÍNICA ODONTOLÓGICA IV – DENTÍSTICA 
 
 
 
 
 
 
 
PREPARO PARA COROAS LIVRE DE METAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LAGARTO - SE 
2017 
 
PREPARO PARA COROAS LIVRE DE METAL 
 
 
 
 
 
Conceição Rafaela de Freitas Macêdo 
Everton André de Souza Matos Alves 
José Alberto Jesus da Silva Júnior 
Taynara Adriely Reis Silva 
Thainan Santana Borges 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LAGARTO 
2017 
Trabalho apresentado à disciplina de Clínica 
Odontológica IV - Dentística, sob orientação 
do Prof. Dr. Daniel Maranha da Rocha e da 
Profa. Dra. Flavia Pardo Salata Nahsan. 
 
 
SUMÁRIO 
1. Introdução 4 
2. Objetivo 5 
3. Metodologia 5 
4. Revisão da literatura 
4.1 Princípios gerais do preparo cavitário 
4.2 Princípios mecânicos, biológicos e estéticos segundo Pegoraro (2014) 
4.3 Técnicas para confecção de coras totais livres de metal 
4.4 Sequencia operatória de preparo de dentes anteriores de acordo com 
Shillingburg (2007) 
4.5 Sequencia operatória de preparo de dentes posteriores de acordo com 
Pagani (2014) 
4.6 Características finais dos preparos segundo Pegoraro (2014) 
6 
5. Considerações finais 15 
Referências bibliográficas 16 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
Segundo Souza (2013), a busca crescente por reabilitações mais estéticas e a 
constante procura por um sorriso harmônico, trouxeram avanços para odontologia que 
vêm deixando de ser apenas restauradora e tornando-se mais estética e funcional. Para 
que as exigências sejam alcançadas é necessário que exista dedicação para construção 
de novos conhecimentos visando o melhor desempenho nos procedimentos 
odontológicos. Souza Junior et al. (2001) relatam que com o desenvolvimento de novas 
técnicas e materiais, busca-se também melhores métodos e fórmulas para obtenção de 
uma reabilitação de sucesso e com maior durabilidade. 
Os avanços na odontologia estética, especificamente quando se fala em cerâmicas 
e porcelanas, permitem a confecção de trabalhos protéticos excelentes com ausência de 
estruturas metálicas, satisfazendo, assim, a exigência estética fortemente requerida nos 
dias atuais. As cerâmicas ou porcelanas odontológicas de última geração possibilitam 
trabalhos protéticos sem o uso ou associação de estrutura metálica (metal-free) 
excelentes, e cada vez mais procurados por profissionais e pacientes, podendo realizar 
prótese fixa unitárias e de até três elementos em cerâmicas puras (SOUZA, 2013). 
O sucesso de qualquer tratamento restaurador é determinado pela longevidade 
clínica, e são fatores imprescindíveis suas propriedades ópticas, mecânicas, resistência, 
tenacidade, aspecto natural semelhante ao dente natural, translucidez, cor, durabilidade e 
tecnologia de processamento. Assim com a evolução de novas cerâmicas puras livres de 
metal é importante ter conhecimento sobre o sucesso de tratamento com estas novas 
formas de restaurações indiretas, avaliando a parte estética e a funcional (VERDE et al., 
2011). 
 De acordo com Pegoraro (2014), o sucesso do tratamento com coroa total 
depende de três critérios: longevidade da prótese, saúde pulpar e gengival dos dentes 
envolvidos e satisfação do paciente. Para alcançar esses objetivos, o cirurgião deve saber 
executar todas as fases do tratamento, tais como exame, diagnóstico, planejamento e 
cimentação da prótese. Todas as fases principais e intermediárias são importantes e uma 
depende da outra. 
O cirurgião dentista deve ter total domínio das técnicas bem como o conhecimento 
teórico para planejar o tratamento de forma adequada e conseguir superar os obstáculos 
 
que são inerentes aos procedimentos realizados. O preparo correto do dente, que 
receberá a coroa, é uma etapa essencial para alcançar a excelência no procedimento. 
 
 
2. OBJETIVO 
 
Este trabalho teve como objetivo apresentar informações sobre o preparo 
dentário para coroas livres de metal, com o intuito de sistematizar o conteúdo, 
favorecendo a uma prática reabilitadora mais adequada e segura. 
 
3. METODOLOGIA 
 
O estudo trata-se de uma revisão da literatura de natureza analítica 
fundamentada nas informações contidas em livros de Dentística e Prótese Fixa 
disponíveis na biblioteca de Lagarto do Campus Prof. Antônio Garcia Filho da 
Universidade Federal de Sergipe, acerca do preparo de coras livres de metal. 
 
 
4. REVISÃO DE LITERATURA 
4.1 Princípios gerais do preparo cavitário 
Segundo Pegoraro (2014), o preparo de dentes é uma etapa do tratamento protético 
que consiste em reduzir a estrutura coronal por meio de desgastes seletivos de esmalte e 
dentina, na quantidade e forma predeterminadas, com a finalidade de criar espaço para 
que o material restaurador possa viabilizar a reabilitação da estética, da forma e da 
função de uma ou mais coroas dentarias. 
De acordo com Pagani (2014), preparo para coroa total abrange todas as faces da 
porção coronária dos dentes, sendo utilizado em diversas situações clínicas. Uma de suas 
principais características se refere ao elevado potencial retentivo. Em virtude desta, o 
preparo é largamente indicado para reabilitações de dentes comprometidos, pilares 
protéticos e dentes que apresentam coroa clínica curta. A correção de mais 
posicionamento dentário, giroversão, extrusão e intrusão também pode ser realizada 
através do preparo para coroa total. Este preparo também é indicado por motivos 
estéticos, quando a correção por preparos menos invasivos é insuficiente. A maior 
limitação dos preparos para coroa total consiste na agressividade do desgaste da 
estrutura dental. 
 
4.2 Princípios mecânicos, biológicos e estéticos segundo Pegoraro (2014) 
 
Dentre os mecânicos estão a retenção, estabilidade, rigidez estrutural e integridade 
marginal. A retenção é obtida através do contato das paredes internas da coroa com 
superfície dos dentes preparados, determinando uma área que propicia uma retenção 
friccional à prótese e que impede seu deslocamento no sentido gengivo-oclusal quando 
submetida à ação de forças de tração. A retenção é dependente de aspectos relacionados 
com a área preparada, altura, largura e a conexidade das paredes do preparo: quanto 
maior a área de contato entre a superfície preparada e a prótese e quanto mais paralela 
forem essas paredes mais retentivo será o preparo e, consequentemente, maior será a 
retenção da prótese. Entretanto, paredes muito paralelas dificultam o assentamento da 
prótese, causando desadaptação oclusal e marginal. 
A forma do preparo deve prover resistência e estabilidade para minimizar a ação das 
forças oblíquas que incidem sobre a prótese e que podem causar sua rotação e 
 
deslocamento. A altura e a angulação das paredes axiais do preparo são essenciais para 
impedir o deslocamento da prótese. A altura do preparo tem de ser igual ou superior à sua 
largura. Dentes com largura maior do que a altura são mais suscetíveis à rotação da 
prótese e, consequentemente, ao seu deslocamento. Angulação das paredes do preparo 
quanto menor a angulação das paredes axiais do preparo, maior é a estabilidade da 
prótese. Paredes com inclinações mais próximas do paralelismo dificultam o 
deslocamento da prótese quando é submetida à ação de foras oblíquas. Esse aspecto é 
particularmente importante para os dentes com coroas curtas. 
A rigidez estrutural é dependente do tipo do material da infraestrutura, dotipo de 
término e da quantidade de desgaste dentário. A quantidade de desgaste do preparo deve 
ser suficiente para acomodar adequadamente a espessura do material restaurador 
lecionado (liga metálica e/ou cerâmica). Essa redução deve ser específica para cada 
material, uma vez que preparos com desgastes reduzidos comprometem a estética e a 
longevidade da prótese perante os esforços mastigatórios, ao passo que os desgastes 
acentuados comprometem a saúde pulpar. 
Integridade: O preparo deve permitir uma adequada adaptação da coroa no dente 
pilar. Para isso, o término gengival deve ser nítido, para ser facilmente reproduzido na 
moldagem, e deve apresentar espessura suficiente para acomodar a coroa sem 
sobrecontorno. Quanto mais bem adaptada estiver a coroa menor será a espessura da 
linha de cimento e a possibilidade de adesão da placa nessa área. Consequentemente, 
menor será também a possibilidade de recidiva de cárie, principal causa de fracassos em 
Prótese Parcial Fixa (PPF). 
O término cervical pode estar localizado em três níveis em relação à margem 
gengival: Supragengival: está indicado em regiões não estéticas e sua localização deve 
ser de aproximadamente 2 mm acima da margem gengival. No nível da gengiva maginal: 
posicionar o término ao nível gengival não é recomendado, pois essa é a região que mais 
acumula placa. Como consequência disso, pode ocorrer recidiva de cárie, inflamação e 
recessão gengival. Supragengival: o termino deve ser localizado 0,5 mm no inteiro do 
sulco gengival para se obter melhor estética – por esconder a interface entre a 
restauração e o dente preparo no interior do sulco -, aumentar a retenção em preparos de 
dentes com coroa curta e também preservar a homeostasia da área. 
O térmico cervical dos preparos pode apresentar diferentes configurações de acordo 
com o material a ser empregado para a confecção da coroa (tabela 1). 
 
 
Tabela 1 – Tipos de término cervicais mais utilizados em PPF. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Princípios estéticos: O preparo de um dente com desgastes adequados é 
fundamental para a estética, pois a redução da estrutura dentária deve ser suficiente para 
permitir uma espessura correta dos materiais utilizados na confecção da prótese. 
Desgaste influencia as propriedades ópticas da restauração, alterando a percepção da cor 
e a translucidez da cerâmica, além de interferir no formato da restauração, na resistência 
da infraestrutura e na saúde dos tecidos periodontais. 
Princípios biológicos: Como os procedimentos de preparo dentário são invasivos, o 
volume de estrutura que será removido deve ser o mínimo necessário para atingir os 
requisitos mecânicos e estéticos da prótese e com o menor prejuízo biológico ao órgão 
pulpar. Para isso as espessuras exigidas pelo material restaurador específico 
(metal+cerâmica ou somente cerâmica) devem guiar a quantidade necessária para o 
 
desgaste. O desgaste excessivo pode deixar uma camada muito fina de dentina, 
insuficiente para proteger o órgão pulpar, ou mesmo levar a exposição pulpar, 
necessitando assim de tratamento endodôntico; outro aspecto é o calor produzido durante 
o preparo que pode provocar danos a polpa, para minimizar esse efeito é recomendado 
utilizar turbinas com irrigação e pontas diamantadas novas. E a saúde periodontal 
também pode ser alterada durante o posicionamento subgengival do término cervical, a 
integridade do periodonto depende da preservação de suas distâncias biológicas, para 
isso o termino deve estar localizado no início do sulco gengival (0,5 mm). 
4.3 Técnicas para confecção de coras totais livres de metal 
As coroas livres de metal apresentam algumas características específicas com 
relação às demais coroas. São as coroas que viabilizam melhor resultado estético. 
Porém, necessitam de maior desgaste dentário e arredondamento dos ângulos 
preparados para evitar áreas de concentração de tensões e consequentemente fratura da 
cerâmica. São diversos os materiais cerâmicos utilizados na Odontologia, destacando 
como os mais utilizados: porcelanas, vitrocerâmicas e policristalinas. Cada classe 
cerâmica apresenta características mecânicas e estáticas específicas, que irão orientar na 
sua indicação. 
4.4 Sequencia operatória de preparo de dentes anteriores de acordo com Shillingburg 
(2007) 
1. Confecção de sulcos de orientação: Criam-se sulcos de orientação em 
profundidade nas faces vestibular e incisal com a ponta diamantada tronco 
cônica de extremidade plana antes de qualquer redução, sem sulcos, é 
impossível calcular com precisão a profundidade da redução feita sobre a face 
vestibular. Esses sulcos tem profundidade de 1,2 a 1,4 mm na face vestibular e 
de 2,0 mm na incisal. Três sulcos vestibulares são cortados com a ponta 
diamantada paralela ao terço gengival da face vestibular. Corta-se a seguir um 
segundo conjunto de dois sulcos paralelos aos 2/3 incisais da face vestibular não 
cortada. A face vestibular do preparo da coroa de cerâmica é feita em dois 
planos, afim de criar espaço livre capaz de produzir bons resultados estéticos 
sem invadir a polpa. 
 
2. Redução incisal: É feita com a ponta diamantada troncocônica de extremidade 
plana para que os instrumentos consigam ter acesso à área da linha de 
terminação do preparo nas etapas seguintes. Retira-se de 1,5 a 2,0 de estrutura 
dental. união dos sulcos de orientação com broca tronco cônico diamantada. 
Redução incisal vestibular. 
3. Redução vestibular: Retira-se a parcela estrutural que ficou entre os sulcos de 
orientação em profundidade da porção incisal da face vestibular. A porção 
gengival é reduzida com a ponta diamantada troncocônica de extremidade plana 
até atingir uma profundidade de 1,2 a 1,4 mm. Essa redução prolonga-se em 
torno dos ângulos vestibuloproximais e vai desaparecendo gradualmente sobre 
os aspectos linguais das faces proximais. A extremidade plana da ponta 
diamantada tronco cônica formara a linha de terminação em ombro, enquanto a 
redução axial será feita com os lados da ponto diamantada. O ombro deve ter no 
mínimo um milimetro de largura. 
4. Redução lingual: É feita com uma roda diamantada pequena, com cuidado e não 
retirar demais da junção entre o cíngulo e a parede lingual, o que diminuiria a 
retenção do preparo. 
5. Redução axial lingual: é feita com a ponta diamantada tronco cônica de 
extremidade plana, a conicidade formada com a porção gengival deve ser 
mínima. O ombro com ângulo interno arredondado deve ter pelo menos 1,0 mm 
de largura e constituir uma continuação suave dos ombros vestibular e proximal. 
6. Acabamento: Todas as paredes axiais devem ser alisadas com uma broca H158-
012 de extremidade arredonda para fissuras, acentuando-se o ombro ao mesmo 
tempo. Todas as arestas devem ser arredondas nesse momento. O cinzel 
biangulado RS-I modificado é usado para polir o ombro, retirando-se o esmalte 
solto do ângulo cavossuperficial. Deve-se tomar cuidado para não criar recortes 
na junção das paredes axiais com o ombro. 
 
 
 
1 
7 
 
8 
4 5 6 
3 
7 
2 1 
 
4.5 Sequencia operatória de preparo de dentes posteriores de acordo com Pagani (2014) 
Em preparos para coroas totais livres de metal, assim como nas metaloceramicas, 
deve-se atentar para a dupla inclinação da parede vestibular viabilizando espaço 
adequado para as camadas cerâmicas da restauração e uma resistência adequada. O 
desgaste deve apresentar aproximadamente 2,0 mm na vestibular e 2,5 mm na oclusal. 
Diferentemente das outras restaurações, o desgaste das faces lingual e proximais 
acompanha o desgaste vestibular de 2,0 mm. O término dopreparo deve ser em chanfro 
longo, proporcionando resistência e facilitando o assentamento e a cimentação da coroa. 
1. A-D: Redução oclusal, tronco cônica arredonda (BC). Desgaste da região 
interproximal rompendo o ponto de contato, tronco cônica afilada (D). 
 
 
 
 
 
 
 
 
2. E-H: Desgaste da cúspide funcional (E) desgaste da face vestibular com 
extensão para proximais, tronco cônicas diamantadas (F). Desgaste axial (G). 
Desgaste axial realizado (H). 
 
 
 
 
 
 
I-J: Realização de sulco para retenção, tronco cônica diamantada (I). Aspecto final do 
preparo (J). 
 
 
J 
 
4.6 Características finais dos preparos segundo Pegoraro (2014) 
- Convergência entre as paredes axiais de 5º a 
10º; 
- Arestas arredondadas; 
- Termino em ombro arredondado 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 19 – Coroa cerâmica 
Características finais dos 
preparos 
 
 
 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Em síntese, o cirurgião dentista deve ter total domínio das técnicas bem como o 
conhecimento teórico para planejar o tratamento de forma adequada e conseguir superar 
os obstáculos que são inerentes aos procedimentos realizados e o preparo correto do 
dente que receberá a coroa, é uma etapa essencial para alcançar a excelência no 
procedimento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
 ANUSAVICE, K.J. Phillips materiais dentários. 11. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. 
PAGANI, Clovis. Preparos dentários: ciencia e arte / Clovis Pagani. – Nova Odessa, 
SP: Napoleão, 2014. 
PEGORARO, L. F. et al. Fundamentos de prótese fixa. São Paulo: Artes Médicas, 2014. 
144p. 
SHILLINGBURG, H.T., HOBO, S. and WHITSETT, L.D. Fundamentos de Prótese Fixa. 
2 ed., Quintessence Publishing Co. Rio de Janeiro. 2000. 
SOUZA, Heitor Almeida. Coroas Totais Metal-Free em Dentes Anteriores: relato de 
caso clínico. 2013. 30 fls. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Odontologia) 
– Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2013. 
SOUZA JUNIOR, Mario H. et al. Odontologia estética: fundamentos e aplicações 
clínicas. São Paulo: Santos; 2001. v.3 
VERDE, F.A.V. et al. Previsibilidade com ceramicas em dentes anteriores: IPS e.max 
press e e.max ceram. Rev Dental Press Estét. v. 8, n. 1, jan./mar., p. 76-88, 2011.

Continue navegando