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RESENHA - “INTRODUÇÃO À CRÍTICA DA ECONOMIA POLÍTICA”, DE KARL MARX

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Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
INSTITUTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS
FACULDADE DE DIREITO
ALLAN SEABRA BEZERRA
ELIELSON ALMEIDA AMARAL
MANOEL FREDERICO BELTRÃO ROSAS JÚNIOR
PAULO ROBERTO MARTINS CUNHA
SULENE CRISTINA SOUZA DA SILVA
RESENHA DO TEXTO “INTRODUÇÃO À CRÍTICA DA
ECONOMIA POLÍTICA” DE KARL MARX: DO TÍTULO ORIGINAL
“GRUNDRISSE DER KRITIK DER POLITISCHEN ÖKONOMIE”.
Belém – PA
2015
ALLAN SEABRA BEZERRA
ELIELSON ALMEIDA AMARAL
MANOEL FREDERICO BELTRÃO ROSAS JÚNIOR
PAULO ROBERTO MARTINS CUNHA
SULENE CRISTINA SOUZA DA SILVA
RESENHA DO TEXTO “INTRODUÇÃO À CRÍTICA DA
ECONOMIA POLÍTICA” DE KARL MARX: DO TÍTULO ORIGINAL
“GRUNDRISSE DER KRITIK DER POLITISCHEN ÖKONOMIE”.
Trabalho apresentado à Disciplina Econo-
mia Política, ministrada pelo Prof. Dr.
Marco Antonio Siqueira Rodrigues, pe-
los alunos Paulo Roberto Martins Cunha
(201506140093), Elielson Almeida Amaral
(201506140094), Manoel Frederico Beltrão
Rosas Júnior (201506140091), Sulene Cris-
tina Souza da Silva (201506140085), Allan
Seabra Bezerra (201506140090), como tarefa
avaliativa no semestre 2015.2 do Curso de
Direito da Universidade Federal do Pará
(UFPa).
Belém – PA
2015
Figura 1: Karl Marx
Figura 2: Fac-simile da primeira edição da obra, Berlin 1859 (MARX, 1859).
Sumário
1 Produção, Consumo, Distribuição, Troca (Circulação) 1
1.1 Produção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
2 As Relações Gerais entre a Produção e a Distribuição, a Troca e o Consumo 2
2.1 Produção e Consumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
2.2 Produção e Distribuição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
2.3 Troca e Circulação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
3 Método da Economia Política 4
Referências 7
1
1 Produção, Consumo, Distribuição, Troca (Circulação)
1.1 Produção
Para analisar a produção material, o ponto de partida para Marx são os indivíduos
que produzem em sociedade. Nessa análise, ele critica Russeau e o seu “contrato
social” ao afirmar que estabalecer conexões e laços entre sujeitos independentes não é
compatível com o naturalismo das relações entre esses sujeitos. De acordo com Marx,
numa sociedade de livre concorrência os indivíduos apresentam-se desconectados de
laços naturais. O indivíduo do século XVIII é produto, por um lado, da decomposição
das formas de sociedades feudais, e de outro, de novas forças produtivas desenvolvidas
do século XVI.
Fazendo um retrospecto histórico, verifica-se que quanto mais remota é a época,
mais o indivíduo, enquanto produtor individual, encontra-se inserido como um ele-
mento dependente em um todo mais vasto. Família, tribo, comunidade são contextos
concêntricos de inserção social do indíviduo. A partir do século XVIII, diversas formas
de conexão social apresentam-se ao indíviduo como meio para alcançar seus fins priva-
dos. Segundo Marx, o homem é um zoon politikon1, além disso, é também um animal
que somente na sociedade se pode individualizar.
Nesse sentindo, para se falar em produção, seria necessário ou descrever o processo
de desenvolvimento histórico nas suas diferentes fases; ou declarar a priori que se
está referindo a uma determinada época histórica bem definida, tal como a produção
burguesa moderna. A produção, por ser uma abstração, realça elementos comuns
e afasta repetições. Determinados caracteres pertencem a todas as épocas; e outros
a apenas a algumas épocas. O que é mais importante notar são os elementos não
gerais e não comuns, sendo que é indispensável ressaltar as características comuns a
toda a produção em geral. Não há produção sem um instrumento de produção, bem
como não pode haver produção sem trabalho acumulado no passado, ainda que esse
trabalho consista na habilidade acumulada pela própria repetição. O próprio capital é
um instrumento de produção, um trabalho passado.
Marx afirma que a produção sempre se refere a um ramo específico de uma
produção - como a agricultura, a criação de gado - ou a uma totalidade. Além disso, a
produção não é algo particular: constitui um corpo social, um sujeito social que atua em
conjunto. Para estudar a relação entre o resultado da análise científica e o movimento
da realidade, Marx afirma que se deve estabelecer uma distinção entre a produção em
geral, os ramos particulares da produção e a totalidade de produção.
Estudos de Economia Política têm apresentados tópicos introdutórios sobre as
1Do grego ζῷον piολιτικόν (zoon politikon): animal social ou animal político (Joint Association of
Classical Teachers, 2008).
2
condições gerais de toda a produção, destacando as condições sem as quais não é
possível produzir bem como as condições que favorecem em maior ou menor grau a
produção. No que diz respeito ao desenvolvimento da produção, a conclusão de Marx é
que, em geral, um povo industrial atinge seu apogeu produtivo no momento que atinge
seu apogeu histórico geral. Por outro lado, cabe notar que certas raças, aptidões, climas
e condições geográficas e naturais são mais favoráveis à produção do que outras, o que
confirma que a riqueza gera-se proporcionalmente aos elementos objetivos e subjetivos
disponíveis.
Fazendo um contraponto aos economistas que defendem a propriedade e a prote-
ção da propriedade pela justiça, Marx rebate com o argumento que a produção é sempre
apropriação da natureza pelo indivíduo no seio e por intermédio de uma forma de
sociedade determinada. Pelo contrário, a história mostra que a propriedade comum,
como por exemplo nos índios, eslavos e antigos celtas, representa a forma primitiva que
durante muito tempo representou um papel importante, como propriedade comunal.
Sintetizando, todas as épocas da produção têm certos elementos comuns que o
intelecto generaliza, porém, as condições gerais de toda a produção são elementos
abstratos que não permitem compreender nenhuma das visões históricas reais da
produção.
2 As Relações Gerais entre a Produção e a Distribuição, a
Troca e o Consumo
Em seu livro “Grundrisse zur Kritik der Polischen Okonomie” (A Contribuição à Crí-
tica da Economia Política) (MARX, 1859), Karl Marx apresenta como tema de discussão
a questão da produção e os agentes que a cercam. Nesse capítulo especifico, Marx dá
ênfase à relação de interdependência existente entre produção, distribuição, troca e
consumo, tentando mostrar suas particularidades sem confusão de conceitos.
Segundo Marx (MARX, 1857), na produção a pessoa se objetiva quando durante
o processo se estabelece uma finalidade previa do objeto, que acaba, por consequên-
cia, por definir quem é seu consumidor. No consumo a coisa se subjetiva porque a
forma com que será utilizada determinará o objeto, e esta subjetividade depende da
particularidade que cada individuo emprega sobre o objeto.
2.1 Produção e Consumo
Entre as conceituações delineadas por Marx ao longo do texto está a ideia de
que a produção é um processo que decorre naturalmente, uma vez que a necessidade
vivenciada pelo ser humano de interagir com a natureza e transformá-la é possui
3
caráter eminente de sobrevivência2. Contudo, a distribuição já possui um aspecto de
contingência social na medida em que o seu processo depende também da demanda
social por determinado produto e da disponibilidade de mão de obra.
A produção para ser realizada necessita previamente de um consumo. Por este
motivo o autor define produção como sendo imediatamente consumo, em duplo sen-
tido: objetiva, quando o individuo ao produzir faculdades também as gasta, e subjetiva
quando ao se produzir consomem-se os meios de produção e os gasta.
Marx também fala sobre o consumo produtivo que se dá quando produção e
consumo se coincidem imediatamente idênticos, porém esse conceito só é válido quando
o consumo não o é propriamente dito, ou seja, aquele que destrói a produção. Ainda
nessamesma perspectiva Marx apresenta a definição de produção consumidora que
consiste no processo de consumo produzindo o meio de produção.
A relação de dependência da produção com o consumo se dá sob dois aspectos:
o primeiro é que o produto não se torna produto se não for consumido, uma vez
que caso não haja um consumidor, sua finalidade não é expressa; o segundo aspecto
é que o consumo cria a demanda por uma nova produção. No sentido oposto, a
relação de dependência entre consumo e produção se dá também por dois aspectos: por
fornecer os materiais, o objeto, pois é necessário que haja algo para se consumir para
haver consumo, mostrando a produção criando o consumo; e a produção determina o
consumo no momento em que define na produção quem é seu público consumidor e de
que maneira será consumido.
2.2 Produção e Distribuição
Quando Marx explicita a comparação entre produção e distribuição, ele tenta
mostrar o elo existente entre esses dois elementos, comprovando sua proposição através
de diversos aspectos: por exemplo, o capital é um fator produtivo e também é um fator
de distribuição na medida em que determina e é determinante na distribuição.
O trabalho assalariado é um requisito necessário para haver distribuição, pois
esta é a ferramenta utilizada para que o proletariado participe da repartição dos pro-
dutos, resultado da produção, na forma de salário. Isso mostra que a articulação da
distribuição é inteiramente dependente da articulação da produção.
Seguindo esse encaminhamento de ideias, Marx expressa sua concordância com o
pensamento de Ricardo, a partir da perspectiva de que produção e distribuição não são
termos isolados e independentes. Ambos defendem que esses termos estão ligados e
que um depende do outro para uma existência plena.
Outro aspecto abordado sobre a relação entre produção e distribuição é que a
2 Através de sua teoria do valor-trabalho, Adam Smith afirma que o pré-requisito para qualquer
mercadoria ter valor era que ela fosse produto do trabalho humano.
4
distribuição, além de estar atrelada à produção, parece preceder esta e determinar como
funciona a produção de determinada localidade. O exemplo utilizado pelo autor do
texto mostra as origens de uma sociedade, quando ainda não foi definido o modo de
produção. Desta forma, a uma distribuição de terras seria o fator pelo qual o modo
de produção seria definido. Com isso, tenta-se mostrar que a distribuição está para
além do produto, uma distribuição dos meios de produção e dos instrumentos. Ricardo
percebendo isso e, como centro de estudo a produção moderna, propõe a ideia de que o
centro de estudos dos economista não seria a produção mas sim a distribuição.
A produção histórica ganha então um papel importante nesse momento uma
vez que as etapas passados pela humanidade determinaram as formas possíveis de
organização e, por consequência, os modos de produção entre dominantes e dominados.
Neste sentido, embora ela seja condição para o a adoção de um meio de produção, ela
própria é um produto da produção.
2.3 Troca e Circulação
Nesta etapa do texto, Marx menciona a circulação como a totalidade da troca, e a
troca com mediadora entra a produção, distribuição e consumo, classificando assim a
troca como um momento da produção.
Dentre os aspectos citados, a troca é o que consegue ser mais independente dos
outros quanto a sua existência, pois a troca de atividades e capacidades pertencem
essencialmente a ela. Contudo, de forma semelhante aos outros aspectos, ela encontra
ligações com o processo de produção.
Alem disso, a troca desempenha seu papel independente também quando a troca
se transforma em um processo produtivo, uma vez que a troca gera um novo des-
tinatário. Com isso, Marx tenta mostrar o elo entre esses aspectos em relação à sua
contribuição para a produção efetiva, causadores da totalidade que é a produção.
3 Método da Economia Política
Marx menciona que ao iniciar os estudos de economia política de um determinado
país, o fazemos a partir de elementos como população, produção, etc, pois considera-se
que este estudo deve partir de um elemento concreto, real. Mas quando se observa
essa lógica a partir de uma ótica mais aproximada que permite uma consideração mais
precisa sobre os elementos de estudo, chegamos à conclusão de que esta se trata de uma
linha de pensamento falsa. Como exemplo, Marx chama a população de ‘mera abstração’
se desconsiderarmos as classes que a constituem. Porém se não considerarmos todos os
elementos que constroem as classes, esta palavra acaba perdendo valor, sentido. Então,
partindo da população como objeto de estudo, teríamos um conceito muito mais amplo
5
de onde, analiticamente, chegaríamos a outros cada vez mais simples. Uma vez atingido
esse ponto, dever-se-ia, então, voltar fazendo o caminho inverso, e, assim, ficaria muito
mais compreensivo, uma vez que já se reconheceria os conceitos formadores dos mais
amplos, e encontraríamos, dessa maneira, a população como um todo, não mais caótico
como outrora, mas rico de determinações e relações.
Ele nos diz, então, que o primeiro caminho apresentado foi aquele seguido pela
economia quando do seu surgimento como ciência; enquanto o segundo caminho é o
método cientificamente válido. Este método considera o concreto como uma construção
estabelecida pelo processo de síntese de muitas determinações. É, portanto, o resultado,
não o ponto de partida. No primeiro método a representação do todo é dissipada em
determinações abstradas, no passo que no segundo método, estas últimas direcionam
ao caminho de reproduzir, através do pensamento, o concreto.
Apesar de, para Hegel, a relação de posse ser a mais simples relação jurídica do
sujeito, segundo Marx, a relação jurídica mais simples do sujeito é a família, pois antes
de haver propriedades, já havia relações como a família, pois estas são mais concretas,
uma vez que se pode observa exemplos destas que possuem posse, mas não possuem
propriedade. A família, na sociedade superior, se apresenta como a relação mais simples,
onde a posse como essência é sempre considerada. Sendo assim, pode-se imaginar
alguém isolado, vivendo sozinho e possuindo as coisas, mas nesse caso, para Marx, essa
posse não é uma relação jurídica. Dessa forma, nunca poderíamos afirmar, de acordo
com Marx, que a posse desenvolve-se até a família, pois esta é sempre mais concreta.
Afirma, ainda, Marx que as categorias mais simples também podem expressar
relações dominantes de um todo menos desenvolvido, enquanto que o mais desen-
volvido se estabeleça em relação subordinada, assim como o dinheiro existiu antes do
nascimento do capital, os bancos ou os trabalhos assalariados. Nesse sentido, o dinheiro
(como categoria mais simples) exerceu uma relação mais concreta e dominante sobre o
capital ainda subdesenvolvido. Para ele, o processo histórico efetivo é aquele em que o
pensamento abstrato parte do mais simples ao mais complexo.
Em contrapartida, ele analisa que algumas sociedades, mesmo que não tenham
atingido maturidade, apresentam complexas formas de Economia, onde outros ele-
mentos são fundamentais, e não o dinheiro. E que apesar de seu papel (do dinheiro)
indubitavelmente ter se expandido por toda parte rapidamente, ele não assumia prota-
gonismo na Antiguidade, apenas em algumas nações que exploravam o comércio. E
nas sociedades mais desenvolvidas desse período, presumidamente burguesas, ele só
se estabelece definitivamente na fase de desagregação deste período da história. Assim,
a categoria mais simples plenamente pertence à sociedade mais desenvolvida, quanto a
categoria concreta estabeleceu-se nas sociedades menos desenvolvidas. Apesar de o
trabalho parecer ser uma categoria muito simples e antiga, ele ganha novos contornos
quando analisado sob o prisma econômico, quando o sistema manufatureiro colocou
6
a fonte da riqueza não na manufatura, mas na atividade subjetiva, no trabalhomanu-
fatureiro. Uma grande contribuição vem de Adam Smith, que generaliza a atividade
criadora de riqueza (o trabalho), tratando-a como atividade geral, excluindo as par-
ticularidades, tais como trabalho industrial, trabalho manufatureiro, usando apenas
um conceito geral e abstrato, estabelecendo-o como objeto determinador da riqueza,
trabalho puro e simples.
Como escreve Marx, “A indiferença em relação ao gênero de trabalho determi-
nado pressupõe uma totalidade muito desenvolvida de gêneros de trabalho efetivo,
nenhum dos quais domina os demais.” (MARX, 1857, p.16), depreende-se, então que
tal indiferença deriva da forma que a sociedade possibilita aos indivíduos migrarem
de um trabalho para outro sem qualquer motivo determinado, permitindo-se que o
trabalho seja um meio de produção de riquezas em geral, sem se ater às particularidades.
Apesar de todas essas abstrações, para Marx, mesmo as mais abstratas categorias estão
interligadas a determinações históricas, por isso apresentam validade limitadas a tais
condições.
Para o autor, as formas mais desenvolvidas são a chave para descobrir e entender
as inferiores, como exemplo, menciona que por meio da anatomia humana pode-se co-
nhecer a anatomia do macaco, ou que pela economia burguesa, faz-se possível conhecer
a da antiguidade. Mas que, não basta isso, é preciso que se faça uma autocrítica, pois a
sociedade burguesa só conseguiu compreender a sociedade feudal quando começou
fazer uma autocrítica. Segundo Marx, em qualquer sociedade um modo de produção su-
pera os demais e influencia o restante, que molda suas particularidades. Para ele, todas
as sociedades apresentam suas próprias características e que jamais se pode pensar que
ela somente se inicia quando passa a ser tratada como tal. Apresenta a propriedade de
terra como possuidora de grande valor e significado, citando os exemplos dos eslavos
que usavam como propriedade comunal, predominando a agricultura; da sociedade
feudal, na qual ainda se apresenta o caráter de propriedade rural e até afirma que o
próprio capital (desde que não se use a palavra no sentido unívoco d dinheiro), possui
no medievo o caráter de propriedade fundiária.
Em contrapartida, na sociedade burguesa, a agricultura passa a ter um status de
simples ramo da indústria, dominada pelo capital, tal qual a renda da terra. A relação
com a natureza se sobressai onde domina a propriedade fundiária, porém são mais
notórios os elementos produzidos historicamente pela sociedade nos locais onde o
capital controla.
E é impossível entender a renda da terra sem o capital, contudo o capital é perfei-
tamente compreendido onde não há renda da terra. Dessa forma, o capital se consolida
como a maior força da burguesia, pois domina tudo, é o ponto de partida e chegada e
se desenvolve antes da propriedade de terra.
Para ordenar as categorias econômicas devemos considerar os relacionamentos
7
estabelecidos entre elas dentro da sociedade burguesa, e não como cada um se desen-
volveu e se estabeleceu historicamente. Portanto, essa ordenação se dá considerando a
hierarquia que assumem dentro da sociedade burguesa moderna e não considerando
suas ideias ou quando foram determinantes.
Os povos comerciantes surgem com uma determinante abstrata, a pureza, no
mundo antigo, onde os povos agricultores ainda tinham predominância. E assim, o ca-
pital, quando nos referimos ao capital comercial ou capital de dinheiro, também assume
essa abstração nas sociedades onde ele não assume papel de predominância. Então, a
depender da etapa da sociedade em que determinada categoria está inserida, podemos
observar um papel diferenciado, uma situação distinta para a mesma categoria.
Desde modo o conceito de riqueza nacional é inserido a partir do século XVII onde
a riqueza era produzida para o Estado, que tem seu poder medido a partir dela, assim,
estabelecia-se que os Estados Modernos tinham como meta propriamente a produção
de riqueza, e esta era, portanto, sua finalidade.
Segue então como a matéria deve ser dividida: “1- As determinações abstratas
gerais (. . . ) 2- as categorias que constituem a articulação interna da sociedade burguesa
e sobre as quais assentam as classes fundamentais (. . . ) 3- síntese da sociedade burguesa
na forma do estado (. . . ). 4 – relações internacionais de produção (. . . ) 5 – O mercado
mundial e as crises” (MARX, 1857, p.19).
Referências
Joint Association of Classical Teachers. An Independent Study Guide to Reading
Greek. 2. ed. Cambridge, UK: Cambridge University Press, 2008. 276 p. (Reading
Greek). ISBN 0521698502.
MARX, Karl. Introdução à Crítica da Economia Política. In: Manuscritos econômico-
filosóficos e outros textos escolhidos. [S.l.: s.n.], 1857.
MARX, Karl. Zur Kritik der Politischen Okonomie. Berlin, Deutschland: Verlag von
Franz Duncker, 1859. v. 1. 170 p. Disponível em: <http://posner.library.cmu.edu/
Posner/books/pages.cgi?call=335.4_M39K_1859&layout=vol0/part0/copy0&file=
0002>. Acesso em: 30 nov. 2015.
	1 Produção, Consumo, Distribuição, Troca (Circulação)
	1.1 Produção
	2 As Relações Gerais entre a Produção e a Distribuição, a Troca e o Consumo
	2.1 Produção e Consumo
	2.2 Produção e Distribuição
	2.3 Troca e Circulação
	3 Método da Economia Política
	Referências

Outros materiais