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Apostila de Semiologia Médica - Danilo Fernando

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Resumo de 
Semiologia Médica 
Danilo Fernando – Medicina UFRGS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Resumo baseado em anotações de aula e nos livros Propedêutica Médica 11ªEd – Bates, 
Semiologia Médica 7ªEd – Porto, Tratado de Semiologia Medica 7ªEd – Swartz, Semiologia 
Clínica 1ªEd – Benseñor, Oxford American Handbook of Clinical Examination and Practical Skills, 
Exame Clinico 8ª Ed – Porto, Tratado de Semiologia Médica – Rose Mary Lisboa, Medicina In-
terna de Harrison 19ªEd – Dennis L. Kasper, Medicina Interna 23ªEd – Cecil, Doenças Pulmona-
res 6ªEd – Berardinelli, Rotinas em Endocrinologia – Sandra Silveiro, Netters Internal Medicine 
2Ed, Netter Collection of Medical Illustrations – Endocrine System, Netter Collection of Medical 
Illustrations 2ed – Urinary System, Nefrologia 3ªEd – Rotinas, Diagnóstico e Tratamento, Netter 
– Neurologia Essencial, Neuroanatomia Funcional 3ªEd – Ângelo Machado, Netter's Cardiology, 
Propedêutica e Semiologia em Cardiologia – Eduardo Machado. 
 
 Danilo Fernando SEMIOLOGIA MÉDICA Med-UFRGS 
 
1 
 
1 
 
 
 Danilo Fernando SEMIOLOGIA MÉDICA Med-UFRGS 
 
2 
 
2 
 
Sumário 
Componentes da Anamnese e do Exame Físico ................................................................................................................... 3 
Anamnese – Avaliação Abrangente do Adulto ................................................................................................................. 3 
Anamnese – Técnicas de Entrevista ................................................................................................................................. 6 
Exame Físico ..................................................................................................................................................................... 9 
Dermatologia ...................................................................................................................................................................... 14 
Noções de Anatomia e Fisiologia ................................................................................................................................... 14 
Anamnese e Exame Físico .............................................................................................................................................. 16 
Neurologia .......................................................................................................................................................................... 29 
Noções de Anatomia e Fisiologia ................................................................................................................................... 29 
Avaliação Clínica Neurológica ......................................................................................................................................... 36 
Principais Síndromes Neurológicas ................................................................................................................................ 67 
Endocrinologia .................................................................................................................................................................... 72 
Noções de Anatomia e Fisiologia ................................................................................................................................... 72 
Principais Sintomas em Endocrinologia.......................................................................................................................... 73 
Principais Doenças Endocrinológicas ............................................................................................................................. 75 
Cardiologia ........................................................................................................................................................................ 112 
Noções de Anatomia e Fisiologia ................................................................................................................................. 112 
Fatores de Risco ........................................................................................................................................................... 118 
Principais Sintomas em Cardiologia ............................................................................................................................. 119 
Exame Físico Cardíaco .................................................................................................................................................. 126 
Principais Doenças Cardíacas ....................................................................................................................................... 148 
Pneumologia ..................................................................................................................................................................... 155 
Noções de Anatomia e Fisiologia ................................................................................................................................. 155 
Fatores de Risco ........................................................................................................................................................... 157 
Principais Sintomas em Pneumologia .......................................................................................................................... 158 
Exame Físico Pneumológico ......................................................................................................................................... 165 
Principais Doenças Pulmonares.................................................................................................................................... 172 
Principais Síndromes Pulmonares ................................................................................................................................ 174 
Gastroenterologia ............................................................................................................................................................. 179 
Noções de Anatomia e Fisiologia ................................................................................................................................. 179 
Fatores de Risco ........................................................................................................................................................... 182 
Principais Sintomas em Gastroenterologia .................................................................................................................. 183 
Exame Físico do Abdome ............................................................................................................................................. 201 
Nefrologia ......................................................................................................................................................................... 214 
Anatomia e Fisiologia ................................................................................................................................................... 214 
Principais Sintomas em Nefrologia ............................................................................................................................... 215 
Principais Doenças dos Rins e das Vias Urinárias ......................................................................................................... 217 
 
 Danilo Fernando SEMIOLOGIA MÉDICA Med-UFRGS 
 
3 
 
3 
 
Atributos importantes 
para compreender todos 
os sintomas do paciente 
Componentes da Anamnese e do Exame Físico 
• Anamnese: conjunto de informações dadas ao médico, pelopaciente, mediante interrogatório 
sobre o seu passado e a história de sua doença. 
 Rememoração gradativa → lembrar-se de algo esquecido; 
 Objetivos: entender a história do paciente e fortalecer a relação médico-paciente. 
 60–80% dos diagnósticos são definidos na anamnese. 
 sinais e sintomas 
• Importância diagnóstica: exame físico grau importância 
 exames complementares 
 
*Importante: entrevista mal conduzida pode levar à diagnósticos, prescrições e exames errados! 
Anamnese – Avaliação Abrangente do Adulto 
• Sete componentes da anamnese: 
1) Dados de identificação: 
 Nome, sexo, idade, cor, estado civil, profissão, religião, residência, local de nascimento. 
 
2) Queixa ou queixas principais (QP): 
 Motivo da baixa, indicação sucinta dos principais problemas ou sintomas que levaram o paciente 
a procurar assistência médica; 
 Utilizar as palavras do paciente → exemplo: “falta de ar” , “dispneia” . 
 
3) História da doença atual (HDA): 
 Relato completo, claro e cronológico dos problemas que motivaram o paciente a buscar atendi-
mento – caracterizar o grau de incapacitação que a doença impôs; 
 Cada sintoma principal deve ser caracterizado segundo: 
a) sua localização; 
b) suas características; 
c) a quantidade ou intensidade; 
d) a cronologia, inclusive início, duração e frequência; 
e) a situação em que ocorre; 
f) os fatores que agravam ou aliviam o sintoma; 
g) as manifestações associadas. 
 
*Importante¹: uso de medicamentos e alergias também são colocados na HDA. 
 
*Importante²: se o uso de drogas (lícitas e/ou ilícitas) for importante para a HDA, descreva nela. 
 
*Importante³: progressão/desenvolvimento de uma determinada doença pode ser estimada atra-
vés de eventos fisiológicos como, por exemplo, em mulheres que tiveram gravidez normal, sem 
complicações na gestação e no parto. Pois a gravidez demanda um organismo relativamente saudá-
vel para que se concretize. Sendo assim, por exemplo, uma mulher com doença renal crônica, com 
filho de 15 anos (gravidez e parto normal), provavelmente desenvolveu a doença há <15 anos. 
 Danilo Fernando SEMIOLOGIA MÉDICA Med-UFRGS 
 
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4 
 
4) História médica pregressa (HMP): 
 Condições de nascimento e desenvolvimento, estado geral de saúde, doenças anteriores, hospi-
talizações, cirurgias, reações a drogas, acidentes e problemas psiquiátricos. 
 
5) História familiar: 
 Caracterizar a idade e o estado de saúde ou da idade e causa de óbito de cada um dos parentes 
imediatos, inclusive pais, avós, irmãos, filhos e netos; 
 Verificar ocorrência de doenças transmissíveis no cônjuge ou em outras pessoas que vivam na 
mesma casa (fatores ambientais – doenças infecciosas); 
 Verificar transmissão de doenças genéticas; 
 Revisão das seguintes doenças e circunstâncias e registre se existem ou não na família: 
- Hipertensão arterial, doença coronariana, níveis elevados de colesterol, AVC, diabetes melito, do-
ença tireoidiana ou renal, artrite, tuberculose, asma ou doença pulmonar, cefaleia, convulsões, do-
ença mental, suicídio, uso abusivo de drogas lícitas e ilícitas, e alergias; 
- Históricos de câncer de mama, de ovário, de cólon ou de próstata. 
 
6) História pessoal e social: 
 Acontecimentos relevantes como casamento, viuvez, aposentadoria; 
 Ocupações (atenção para exposição à fatores de risco para doenças e acidentes; perguntar sobre 
exame admissional e os resultados), relações de trabalho, atividades diárias, condições de nutrição 
e de higiene (especialmente habitacionais), grau de educação, dependência (fumo, álcool, drogas), 
condições financeiras, relacionamento intrafamiliar (inclusive sexual), perspectivas para o futuro. 
 
7) Revisão de sistemas: 
 As perguntas da revisão de sistemas podem desvendar problemas que o paciente não percebeu, 
principalmente, em áreas sem relação com a doença atual; 
 Iniciar a investigação de cada sistema com uma pergunta geral. 
- Exemplos de perguntas iniciais: “Como estão seus ouvidos e audição?” “E os pulmões e a respira-
ção?” “Tem algum problema de coração?” “Como anda a digestão?” “E o intestino?” “E a vida afetiva?” 
 
 Revisão dos sistemas: 
a) Geral: peso habitual, mudanças recentes de peso, fraqueza, cansaço e febre; 
b) Pele: exantema, nódulos, prurido, pele seca, alterações de cor, surgimento de lesões, alterações 
nos cabelos e unhas; 
c) Cabeça: dor de cabeça e traumatismos; 
d) Olhos: qualidade da visão, uso de óculos ou lentes de contato, último exame oftalmológico, dor, 
vermelhidão, lacrimejamento, escotomas, visão dupla outras alterações de visão, história de glau-
coma ou catarata; 
e) Orelhas: qualidade da audição, zumbidos, vertigens, dor de ouvido, secreção; 
f) Nariz e seios paranasais: resfriados frequentes, obstrução nasal, coriza, espirros, epistaxe; 
g) Boca e garganta: problemas nos dentes e gengivas, uso de próteses dentárias, hemorragias de 
gengivas, última revisão odontológica, história de lesões na língua, alterações da gustação, dor de 
garganta frequente, rouquidão, afonia; 
 Danilo Fernando SEMIOLOGIA MÉDICA Med-UFRGS 
 
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h) Pescoço: surgimento de tumorações no pescoço, aumento de volume dos gânglios, bócio, dor no 
pescoço; 
i) Mamas: surgimento de nódulos, dor, secreção mamilar, alterações percebidas no autoexame; 
j) Cardiovascular: dispneia (dispneia paroxística noturna, ortopneia, dispneia aos esforços), dor re-
troesternal e precordial (descrever características), palpitações; 
k) Respiratório: tosse, escarro (cor, quantidade), dispneia, cianose, dor torácica, chiado no peito, 
hemoptise, baqueteamento/hipocratismo digital, contato com tuberculose, reação de Mantoux, 
último raio-x de tórax; 
l) Gastrointestinal: problemas de salivação, alterações do apetite, dor abdominal, pirose, náuseas, 
vômitos, hematêmese, frequência de evacuações, alterações do hábito intestinal, constipação, diar-
reia, enterorragia, melena, intolerância alimentar, flatulência, história de hemorroidas, de icterícia 
e de hepatite; 
m) Urinário: frequência miccional, noctúria, alterações do aspecto da urina, urina turva, hematúria, 
colúria, poliúria, oligúria, disúria, polaciúria, enurese, urgência miccional, incontinência, dor lombar, 
edema, alterações do jato urinário, história de infecções urinárias e/ou cálculos no passado; 
n) Genital: 
n1) Homem: secreção uretral ou lesões no pênis, história de doenças venéreas e seu tratamento, 
hérnias, dor ou massas testiculares, frequência da atividade sexual, libido, dificuldades sexuais; 
n2) Mulher: idade da menarca, ciclos menstruais, quantidade de sangramento fora do período 
menstrual e após o coito, data da última menstruação, dismenorreia, número de gestações, nú-
mero de partos, número de abortamentos (espontâneos ou induzidos), complicações das gesta-
ções, métodos contraceptivos usados, sintomas do climatério, idade da menopausa, sangramentos 
pós-menopausa, corrimento vaginal, prurido, doenças venéreas e seu tratamento, última revisão 
ginecológica, frequência da atividade sexual, libido, dificuldades sexuais. 
o) Músculo esquelético: rigidez articular, história de sinais inflamatórios articulares (dor, vermelhi-
dão, edema) se presentes pesquisar caráter migratório, limitação dos movimentos articulares ou da 
atividade, dores musculares, câimbras; 
p) Vascular periférico: claudicação intermitente, câimbras, veias varicosas, tromboflebites; 
q) Neurológico: tonturas, vertigens, desequilíbrio, lipotimia (pré-sincope), alteraçõesda visão, cefa-
leia, náuseas, vômitos em jato, convulsões, paralisias, paresias, alterações da sensibilidade, pareste-
sias, zumbidos, tremores, distúrbios do comportamento, alterações do sensório e da memória; 
r) Psiquiátrico: o exame psiquiátrico do paciente é feito durante a entrevista, observando-se as fun-
ções do Ego, a saber: 
∟Funções simples: consciência, atenção, memória, orientação, inteligência, linguagem, afeto, pen-
samento, sensopercepção, conação; 
∟Funções defensivas: negação, introjeção, projeção, dissociação, repressão; 
∟Funções integradoras. 
s) Endócrino: bócio, intolerância ao calor ou ao frio, agitação, tremores, sudorese excessiva, histó-
ria de diabetes, sede excessiva (polidipsia), aumento do apetite (polifagia), diurese aumentada (po-
liúria), alteração no tamanho de luva ou sapato; 
t) Hematológico: história de anemia, equimoses, hematomas, petéquias, púrpura, sangramentos 
anormais (facilidade de sangramentos), passado de transfusões e possíveis reações. 
 
 Danilo Fernando SEMIOLOGIA MÉDICA Med-UFRGS 
 
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Anamnese – Técnicas de Entrevista 
• A entrevista é mais que a mera formulação de perguntas – exige sensibili-
dade refinada aos sentimentos e sinais de alteração emocional do paciente; 
• O processo da entrevista que constrói a história do paciente é fluido e 
exige empatia, comunicação efetiva e habilidade de relacionamento para 
responder aos sinais, aos sentimentos e às preocupações do paciente; 
 As técnicas de entrevista são especialmente pertinentes às queixas prin-
cipais do paciente e à história da doença atual. 
- Cada uma das técnicas de entrevista tem suas limitações, e nem todas são 
utilizadas em uma única anamnese. 
• A entrevista implica o compromisso de escutar com atenção, algo que, facilmente, é sacrificado 
em razão da restrição de tempo na prática diária. 
 
 “Escute seu paciente, pois ele vai contar-lhe o diagnóstico”. 
 “O bom médico trata a doença; o grande médico trata o paciente que tem a doença”. 
 
• Principais técnicas de entrevista: 
1) “Quebrar o gelo”: mecanismo para iniciar a entrevista – assuntos amigáveis/aleatórios não rela-
cionados à consulta que buscam a formação de um vínculo inicial. 
 
2) Pergunta aberta: permite que o paciente fale sobre a sua condição de modo abrangente; 
 Uma questão aberta permite ao paciente falar sobre sua história espontaneamente e não pres-
supõe uma resposta específica; 
- Pergunta aberta é uma pergunta que não pode ser respondida com "sim" ou "não". 
 Exemplos de perguntas abertas: 
- “Gostaria que o senhor contasse o que está sentindo”; 
- “Quero entender bem o que está sentindo. Poderia contar detalhadamente desde o início?”; 
- “Quais são os seus sintomas?”, “Poderia explicar melhor os seus sintomas?”; 
- “Por que o senhor veio consultar hoje?”. 
 Não há uma quantidade “x” de perguntas abertas a se fazer, devemos fazer o quantas forem ne-
cessárias para que o paciente nos conte detalhadamente a sua condição; 
 A maioria dos entrevistadores progride das perguntas gerais (abertas) para as mais específicas 
(focadas e fechadas). 
 
*Importante¹: outros tipos de perguntas. 
- Focadas: o entrevistador define a área a ser questionada, mas deixa ao paciente considerável li-
berdade para responder – p.e. "descreva a sua dor torácica” 
∟Podem também incluir outras áreas que não os sintomas – p.e. “o que você faz para viver?” 
- Fechadas: perguntas que podem ser respondidas por um "sim" ou "não" ou por um número, tais 
como idade, número de filhos, vezes por dia, etc. 
 
 
 
 Danilo Fernando SEMIOLOGIA MÉDICA Med-UFRGS 
 
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3) Silêncio: certo período de silêncio contemplativo do entrevistador que permite que o paciente 
reorganize ou até modifique seu pronunciamento; 
 O silêncio é muito útil com pacientes calados, porém em pacientes prolixos deve-se ter cautela 
para que o entrevistador tenha o controle da anamnese; 
 O entrevistador deve permanecer calado, mantendo contato visual direto e atenção; 
- O entrevistador pode inclinar-se para a frente. 
4) Facilitação: consiste em não interromper ou atrapalhar o raciocínio do paciente, mas demostrar 
que está entendendo e encorajá-lo a continuar falando. 
 Acenar com a cabeça ou fazer um gesto com a mão para continuar; 
 Dizer “aham...”, “continue”, “entendi”, “e então”, “continue” etc. 
 
5) Reflexão: repetir as últimas palavras do paciente ou perguntar a ele o que acha sobre os sinto-
mas ou sobre a doença (refletir sobre o assunto); 
 Revela ao paciente que: a) você entendeu o que ele disse; 
 b) pode clarificar o que foi dito; 
 c) pode servir para notificar que você não compreendeu o que foi dito. 
 A reflexão é também apropriada quando o paciente está contando uma história muito longa ou 
com excessiva divagação – permite a você reconduzir a entrevista em uma direção produtiva, sem 
quebrar a continuidade da mesma; 
 Os pacientes, quase que invariavelmente, respondem à reflexão de suas palavras, promovendo 
elaborações nos pontos que você deseja esclarecer. 
- Exemplo: 
∟Paciente – "Para lhe falar a verdade, doutor, eu não estou nada bem"; 
∟Médico – "Não está nada bem?" 
 
6) Confrontação: significa fazer uma observação sobre o comportamento, a aparência ou a história 
do paciente, sem que alguns desses dados tenha sido voluntariados – frequentemente isto implica 
em reconhecer ou esclarecer discrepâncias; 
 Deve ser utilizada com cuidado; o uso excessivo é considerado impolidez e arrogância; 
 Se corretamente usada a confrontação pode ser uma poderosa técnica. 
- Exemplos: 
∟“Não entendi muito bem onde a dor começou. Foi no meio da barriga ou do lado direito?" 
∟“Quero esclarecer as datas. O senhor disse que tem dor há 5 anos, mas agora falou que começou 
no último Natal. Quando a dor realmente começou?" 
∟“O senhor disse que está tranquilo quanto ao seu diagnóstico, mas ficou emocionado. Como o 
senhor realmente está se sentindo?" 
 
7) Esclarecimento: trata-se de definir melhor o que o paciente está relatando; 
 Certifica que o entrevistador compreenda corretamente o que o paciente transmitiu – por exem-
plo, terminologias como dor, constipação, insônia, etc. podem ser definidas de maneira muito di-
versa por diferentes indivíduos. 
 
 Danilo Fernando SEMIOLOGIA MÉDICA Med-UFRGS 
 
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8) Interpretação: mostrar para o paciente a percepção do médico; 
 O entrevistador interpreta os comportamentos do paciente, encorajando-o a observar seu pró-
prio papel na situação. 
- Exemplos: 
∟Paciente – "Eu tenho tido muitos resfriados ultimamente. Parece que estou com o nariz obstru-
ído e espirrando”, Médico – "Isto leva a pensar que você tem uma alergia”. 
∟Paciente – "Meus filhos me visitam a toda hora quando estou em casa. Eles parecem ter prazer 
nisto e alternam-se para visitar-me no hospital”, Médico – "Parece que tem uma família unida”. 
 
9) Apoio: investigar quem pode ajudar o paciente e tentar fornecer alternativas de ajuda; 
 As observações de apoio promovem um sentimento de segurança na relação médico-paciente; 
- Exemplo: 
∟Paciente – “Ninguém descobre aonde está o meu câncer!” 
∟Médico – “Eu entendo a sua insegurança, mas lhe garanto que estás em um hospital plenamente 
apto a encontrar a solução do seu problema! 
 
10) Empatia: capacidade de compreender o sentimento ou reação da outra pessoa imaginando-se 
na mesma situação – difere de parafrasear,pois você está identificando o estado emocional ou o 
sentimento e não apenas o conteúdo histórico ou informação factual. 
 O uso da empatia pode fortalecer a relação médico-paciente e permitir que a anamnese flua 
tranquilamente. 
- Exemplo: 
∟Paciente – "Eu não sabia o que pensar esta manhã”, “Quando acordei não podia sentir desde o 
cotovelo até meus dedos"; 
∟Médico – "Isto deve ter sido atemorizante para você." 
 
*Importante: a empatia também engloba aspectos não-verbais, tais como contato visual, identificar 
expressões dos músculos faciais, postura (p.e. conversar sob o mesmo nível visual), afeto, tom de 
voz e interpretar a linguagem corporal do paciente. 
 
 11) Resumo/sumário: os sumários comunicam ao paciente que você está interessado em um en-
tendimento correto dos eventos que o mesmo relata. 
 Trata-se de técnica de demonstração de várias capacidades: compreensão, entendimento, poder 
de síntese, humildade. 
- Exemplos: “Deixe eu ver se entendi...” 
 “Vou tentar resumir o que o Sr. me falou até aqui, me corrija se eu me enganar em alguma coisa” 
 
*Importante: resumos podem ser úteis para entendermos a totalidade do que o paciente está no 
relatando, além de proporcionar um meio onde ele pode relembrar de outros dados importantes. 
 
 
 Danilo Fernando SEMIOLOGIA MÉDICA Med-UFRGS 
 
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Exame Físico 
• Geralmente sucede a anamnese e objetiva a pesquisa de sinais presentes; 
• Para obter os dados do exame físico, é preciso utilizar os sentidos – visão, olfato, tato e audição. 
 As habilidades necessárias ao exame físico são: inspeção, palpação, percussão e ausculta. 
 
a) Inspeção: avaliação visual sistemática do paciente submetido ao exame. 
 O examinador utiliza-se da inspeção a cada momento em que olha o seu paciente, observando 
os traços anatômicos, fisiológicos e psíquicos; 
- Exemplos: estado geral, nutrição, simetria corporal, postura e marcha, padrão de fala, orientação. 
 Características observadas que consistem em alterações da normalidade devem ser descritas (lo-
calização, dimensão, forma, cor, relações com estruturas normais, aspectos da superfície, etc.); 
 A inspeção pode proporcionar uma enorme quantidade de informações – a técnica adequada 
requer mais do que uma olhada, é necessário praticar constantemente para identificar as altera-
ções da anormalidade. 
 
 “Não basta olhar, há que se ver, não basta ver, há que se analisar, 
 não basta analisar, há que se compreender, não só uma parte, mas o todo” 
 
a1) Inspiração geral: começa no momento em que se entra em contato com o paciente. 
 Inclui o nível de consciência, orientação e cuidados pessoais. 
- O paciente está bem ou doente? 
- Ele está confortável na cama ou parece incomodado? 
- Ele está alerta ou sonolento? 
- O paciente tem aparência limpa? 
- Apesar de o paciente estar doente, ele não tem uma aparência descuidada? Seu cabelo está pen-
teado? Ele rói as unhas? As respostas para essas questões podem fornecer informação útil sobre a 
autoestima do paciente e seu estado mental. 
 
*Importante: avaliação do nível de consciência e do estado mental. 
- Consciência: capacidade do indivíduo de reconhecer a si mesmo e os estímulos do ambiente. 
∟O indivíduo pode estar consciente, hiperalerta, obnubilado, confuso, com estupor ou em coma. 
- Orientação: capacidade do indivíduo de situar-se em relação a si próprio e ao ambiente. 
∟Deve-se avaliar a orientação temporal, ou seja, a capacidade de situar-se no tempo, dizendo de 
maneira correta o dia, o mês, o ano, a hora aproximada etc. 
∟A orientação espacial também deve ser avaliada, perguntando ao paciente onde ele está, onde 
mora, seu endereço, o trajeto que fez para chegar ao ambulatório, consultório ou hospital etc. 
 
a2) Estado nutricional: a maioria dos pacientes com doença crônica não tem sobrepeso; eles são 
caquéticos – doenças muito antigas, como câncer, hipertireoidismo ou doença cardíaca, fazem com 
que o paciente aparente um estado consumptivo. 
 O paciente parece magro ou fraco? 
 O paciente está obeso? 
 
 Danilo Fernando SEMIOLOGIA MÉDICA Med-UFRGS 
 
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a3) Fácies: mudança na disposição morfológica do rosto – certas doenças imprimem na 
face traços que podem ser característicos de uma doença. 
 Síndrome de Cushing: o aumento da produção de cortisol pelas glândulas suprarre-
nais na síndrome de Cushing provoca face arredondada ou “de lua cheia”, com boche-
chas vermelhas (conforme a imagem ao lado); 
- Pode haver crescimento excessivo de pelos na região do bigode, costeletas e queixo. 
 
 Síndrome nefrótica: face apresenta-se edemaciada e, com frequência, pálida; 
- O edema periorbitário inicial aparece, em geral, pela manhã; 
- Os olhos ficam semelhantes a uma fenda, quando o edema é muito intenso. 
 
 Mixedema: paciente com hipotireoidismo grave (mixedema) apresenta fácies 
apática e edemaciada. 
- O edema, com frequência, é muito pronunciado ao redor dos olhos, não apre-
senta cacifo à compressão; 
- Os fios de cabelo e as sobrancelhas mostram-se secos, grosseiros e mais ralos; 
∟Pode haver queda do ⅓ exterior da sobrancelha – madarose. 
- A pele fica ressecada. 
 
 Aumento da glândula parótida: o aumento assintomático, bilateral e crônico 
da glândula parótida pode associar-se a obesidade, diabetes melito, cirrose etc.; 
- Observe o edema anterior ao lóbulo das orelhas e acima dos ângulos da mandíbula; 
- O aumento unilateral gradual sugere neoplasia; 
- O aumento agudo é observado na caxumba. 
 
 Acromegalia: o aumento do hormônio do crescimento na acromegalia 
provoca hipertrofia dos ossos e tecidos moles. 
- A cabeça fica alongada, com proeminência óssea da fronte, do nariz e da 
mandíbula; 
- Os tecidos moles do nariz, dos lábios e das aurículas também aumentam; 
- Os traços faciais apresentam, em geral, um aspecto grosseiro. 
 
 Doença de Parkinson: a redução da mobilidade facial embota a expressão, e 
a face pode adquirir um aspecto semelhante a uma máscara, com diminuição 
do piscar e olhar fixo característico. 
- Uma vez que o pescoço e a parte superior do tronco tendem a ser flexionados 
para a frente, o paciente parece olhar para cima, no sentido do observador; 
- A pele da face fica oleosa e a saliva escorre pelo canto da boca. 
 
a4) Inspeção regional: a inspeção deve ser realizada por partes, desnudando-se somente a região a 
ser examinada, sempre respeitando o pudor do paciente. 
 O conhecimento das características da superfície corporal, assim como da anatomia topográfica, 
permitirá ao estudante reconhecer eventuais anormalidades durante a inspeção. 
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b) Palpação: uso do toque para determinar as características de uma área do corpo, como elevação 
ou depressão da pele, calor, sensibilidade, pulsos, crepitação e tamanho dos órgãos ou massas. 
 Os dados são obtidos por meio do tato e da pressão; 
- O tato fornece impressões sobre a parte mais superficial, e a pressão, sobre as mais profundas. 
 Deve-se identificar as regiões dolorosas e deixa-las para serem palpadas por último. 
 
c) Percussão: relaciona a sensação tátil e o som produzido quando 
um toque forte é dado na área que está sendo examinada. 
 Uso do dedo percutor (plexor), em geral, o terceiro, para aplicar 
um golpe rápido na parte distal do terceiro dedo da mão esquerda; 
 Ao se golpear um ponto qualquer do corpo, originam-se vibra-
ções que têm características próprias quantoà intensidade, ao tim-
bre e à tonalidade, dependendo da estrutura percutida; 
- Ao se fazer a percussão, observa-se não só o som obtido, mas 
também a resistência oferecida pela região golpeada. 
 Tipos de sons: 
- Som maciço (macicez): é o que se obtém ao percutir regiões desprovidas de ar (na coxa, no nível 
do fígado, do coração e do baço); 
- Som submaciço: constitui uma variação do som maciço – existência de ar em quantidade restrita 
lhe concede características peculiares; 
- Som timpânico: é o que se consegue percutindo sobre os intestinos ou no espaço de Traube 
(fundo do estômago) ou qualquer área que contenha ar, recoberta por uma membrana flexível; 
- Som claro pulmonar (ou claro atimpânico): é o que se obtém quando se golpeia o tórax normal – 
depende da existência de ar dentro dos alvéolos e demais estruturas pulmonares. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
*Importante¹: nas abordagens de palpação e percussão, o examinador deve ficar em pé, à direita 
do paciente e regular a altura da cama (não esquecer de retornar a cama à posição anterior para 
evitar posteriores acidentes e, caso retire a grade de proteção, também retornar à posição inicial). 
 
*Importante²: para exames manuais é fundamental que as unhas estejam bem cuidadas e curtas. 
 
d) Ausculta: envolve a escuta de sons produzidos pelos órgãos internos. 
 Fornece informação sobre processos orgânicos de doença; 
 Esse instrumento deve confirmar os sinais que foram sugeridos por outras técnicas. 
 
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Resumo das principais técnicas de exame físico (tabela – Bates): 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
• Olfato como recurso diagnóstico: não tem a mesma importância da inspeção, palpação, percus-
são e ausculta; entretanto, algumas vezes, pode fornecer um indício diagnóstico. 
 Em determinadas doenças, odores diferentes dos habituais são eliminados em decorrência da 
secreção de certas substâncias: hálito da pessoa que ingeriu bebida alcoólica é característico; paci-
entes com cetoacidose diabética eliminam um odor que lembra o de acetona; coma hepático, o há-
lito tem odor fétido; pacientes com uremia, há hálito com cheiro de urina. 
 Halitose é um odor desagradável que pode ser atribuído a diferentes causas (má higiene bucal, 
cáries dentárias, próteses mal adaptadas, afecções periodontais, infecções de vias respiratórias, al-
terações metabólicas e algumas afecções do aparelho digestivo). 
 
• Preparação para o exame físico – considerações básicas: 
 Ajustar a iluminação e o ambiente; 
- Não esquecer de acender a luz, desligar televisão, organizar o ambiente de exame etc. 
 Verificar os equipamentos; 
- Estetoscópio, esfigmomanômetro, lanterna, martelo para testar reflexos, tabela de Snellen etc. 
 Deixar o paciente confortável; 
- Higienizar as mãos, demonstrar preocupação com a privacidade (fechar cortina, porta etc.); 
- Resguardar o paciente – visualize uma parte do corpo de cada vez (ou seja, aquela que está exami-
nando), dessa forma você minimiza a exposição/constrangimento do paciente; 
- Prestar atenção nas expressões do paciente enquanto o examina e perguntar se “está tudo bem?” 
- Ao terminar o exame, não se esqueça de deixar a cama exatamente como estava para evitar possí-
veis quedas (altura da cama, grades laterais do leito). 
 
• Considerações importantes: 
 Lembre-se, você é iniciante! Evite interpretar seus achados para o paciente; 
- Se o paciente estiver preocupado e/ou curioso com os achados, fale com o professor ou com a 
equipe responsável por ele. 
 Evite sempre demonstrar nojo, alarme ou reações negativas; 
 Durante o exame físico, abordar o paciente pelo lado direito quando o exame for feito . 
 
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41) Marcha – Paciente em pé. 
• Sequência do exame físico geral (Medicina UFRGS): 
1) Abordagem; 
2) Aparência e impressão geral: fácies, postura, atitude, estado nutricional; 
3) Unhas e mãos: pele, subcutâneo (perfusão, coloração, temperatura, hidratação, edema); 
4) Músculos e articulações dos membros superiores: tônus, trofismo e mobilidade articular 
dos membros superiores; 
5) Força muscular de membros superiores e reflexos tendinosos de membros superiores e 
membros inferiores; 
6) Pulsos radiais (amplitude, simetria, frequência); 
7) Frequência respiratória; 
8) Pressão arterial (braço direito); 
9) Cabeça escalpo e face; 
10) Visão de perto (tabela de Snellen); 
11) Escleróticas, conjuntivas e reação pupilar; 
12) Nervos Cranianos; 
13) Orelhas; 
14) Fossas nasais; 
15) Boca e orofaringe; 
16) Audição; 
17) Coluna cervical e ombros; 
18) Linfonodos: sublinguais, submaxilares, cervicais anteriores e supraclaviculares; 
19) Tireoide; 
20) Linfonodos: cervicais posteriores; 
21) Parede torácica posterior: inspeção e palpação; 
22) Punho-percussão da coluna vertebral e das lojas renais; 
23) Palpação do Frêmito tóraco-vocal e percussão da parede posterior do tórax; 
24) Ausculta do tórax respiratório; 
25) Tórax anterior: mamas e mamilos (considerar se o paciente sente-se confortável com a realização); 
26) Linfonodos axilares; 
27) Ictus: inspeção, palpação, palpação do tórax anterior: frêmitos e impulsões; 
28) Ausculta do precórdio: bulhas, ritmo, sopros e estalidos cardíacos; 
29) Exame dos vasos do pescoço: inspecionar veias do pescoço, pulsos carotídeos e ausculta 
das carótidas; 
30) Ausculta das áreas epigástrica, mesogástrica e femoral; 
31) Inspeção e ausculta do abdômen; 
32) Palpação superficial e profunda do abdômen; 
33) Palpação do fígado (hepatimetria); 
34) Palpação do baço; 
35) Palpação das áreas inguinais e femorais: linfonodos e artérias; 
36) Exame do aparelho locomotor: palpação da musculatura dos membros inferiores (perfusão, 
tônus, trofismo), movimentação articular dos membros inferiores; 
37) Pesquisa de edema de membros inferiores; 
38) Palpação das artérias pediosas (ou tibiais posteriores); 
39) Pesquisa do reflexo cutâneo-plantar; 
40) Força muscular membros inferiores; 
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Dermatologia 
Noções de Anatomia e Fisiologia 
• Pele: maior e mais pesado órgão do corpo – ótimo indicador da saúde geral do indivíduo. 
 Funções: proteção do corpo (mantém a homeostasia), proporciona limites para os líquidos cor-
porais, protege os tecidos subjacentes de microrganismos, de substâncias nocivas e de radiação, 
modula a temperatura corporal e sintetiza vitamina D; 
 Anexos cutâneos: pelos, cabelos, unhas, glândulas sebáceas e sudoríparas. 
 
• Pele possui três camadas: epiderme, derme e os tecidos subcutâneos (hipoderme). 
a) Epiderme: camada mais superficial – mais fina e desprovida de vasos sanguíneos; 
 
b) Derme: camada de tecido conjuntivo, rica em mucopolissacarídeos, colágeno, fibras elásticas e 
fibras reticulares, na qual são acomodados vasos, nervos e anexos epidérmicos; 
 Sua característica é a flexibilidade e elasticidade, além de defender o organismo contra agentes 
nocivos que ultrapassaram a primeira barreira protetora, representada pela epiderme. 
c) Tecido subcutâneo: camada composta largamente por tecido conjuntivo adiposo. 
 Sua característica é regular a temperatura e proteger as camadas mais superficiais da pele das 
proeminências ósseas. 
 
• Anexos cutâneos: 
a) Pelos: protegem as áreas orificiais e os olhose fazem parte também do aparelho sensorial cutâ-
neo devido a sua rica inervação – os adultos possuem dois tipos de pelo: 
 Penugem: curto, fino, pouco aparente, sem pigmentação e pouco desenvolvido; 
 Terminal: mais grosso, espesso, aparente e, em geral, pigmentado. 
- Compreende os cabelos, a barba, a pilosidade pubiana e axilar. 
 
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b) Unhas: protegem as pontas dos nossos dedos das mãos e 
dos pés contra traumatismos. 
 São formações de queratina dura que estão fixadas sobre a 
superfície epidérmica denominada leito ungueal; 
 O ângulo formado entre a prega ungueal proximal e a lâ-
mina/placa ungueal é, em geral, menor que 180°; 
 As unhas dos dedos da mão crescem aproximadamente 
0,1mm ao dia; enquanto as unhas dos dedos dos pés crescem 
mais devagar. 
*Importante: aumento da curvatura da base da unha (>180°), 
prega ungueal proximal flutuante e falange distal arredondada 
ou bulbosa pode indicar baqueteamento/hipocratismo digital. 
- Causas: pulmonares (neoplasia pulmonar maligna, mesoteli-
oma, abscesso pulmonar, empiema, fibrose cística, bronquiec-
tasias, pneumopatia intersticial crônica, sarcoidose, pneumo-
coniose, má-formação arteriovenosa), gastrointestinais e he-
páticas (cirrose hepática, cirrose biliar primária, adenocarci-
noma de esôfago, adenocarcinoma de cólon, doença inflama-
tória intestinal), cardiovasculares (cardiopatia congênita cianó-
tica, endocardite bacteriana subaguda), familiar e idiopática. 
 
c) Glândulas sudoríparas: atuam na regulação da temperatura e 
na eliminação das substancias substâncias tóxicas. 
 Glândulas sudoríparas écrinas: são amplamente distribuídas, 
desembocam diretamente na superfície cutânea e, com sua 
produção de suor, ajudam a controlar a temperatura corporal; 
 Glândulas sudoríparas apócrinas: encontram-se principal-
mente nas regiões axilares e genitais, e costumam desembocar 
nos folículos pilosos. 
 
*Curiosidade: a decomposição do suor apócrino pelas bactérias 
é responsável pelo odor corporal dos adultos. 
 
d) Glândulas sebáceas: secreção sebácea (células sebáceas e lipídios) é constante e constitui uma 
valiosa proteção contra as bactérias e fungos que penetram na pele. 
 Distribuídas por todo o corpo; as maiores são encontradas na face e na região superior do tronco 
(regiões seborreicas) – estão ausentes nas palmas e plantas dos pés; 
 A produção de sebo depende do tamanho da glândula, o qual é diretamente influenciado pela 
secreção de androgênios. 
 
 
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Anamnese e Exame Físico 
• A avaliação da pele é iminentemente visual e tátil, sendo, portanto necessário o exercício destas 
habilidades para o efetivo aprendizado– também deve-se examinar os anexos cutâneos. 
 "Existem mais erros decorrentes de não olhar do que de não saber." 
Exame do Cabelo 
• O cabelo e o couro cabeludo são avaliados para quaisquer lesões – verifica-se se há alterações na 
cor, distribuição, quantidade e na textura. 
 Alopecia: queda de cabelo de modo difuso, em placas ou total; 
- Causas: anemia, envenenamento por metais pesados, hipopituitarismo, doenças nutricionais, do-
enças fúngicas, estresse, quimioterapia, tricotilomania etc. 
 Rarefação do cabelo ocorre no hipotireoidismo; 
 Cabelo fino e sedoso é encontrado em pessoas com hipertireoidismo; 
 Aumento do padrão capilar é visto na doença de Cushing, na síndrome de Stein-Leventhal e em 
diversas condições neoplásicas, como tumores das glândulas adrenais e gônadas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Exame de Unhas 
• As unhas podem ser afetadas em diversas condições sistémicas e dermatológicas. 
 As mudanças nas unhas não são geralmente patognomônicas para uma doença específica. 
 
• Exame físico – inspeção: 
 Inspeção em relação à forma, ao tamanho, à cor, ao brilho, se são quebradiças, a hemorragias 
subungueais, a linhas transversais ou sulcos nas unhas ou no leito ungueal, e ao aumento da área 
branca do leito ungueal – os achados ungueais abaixo são comumente associados a doenças. 
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 Linhas de Beau: sulcos transversais ou depressões paralelas às lúnulas. 
- Qualquer doença sistémica grave que altere o crescimento da unha pode produzir linhas de Beau; 
- Associadas a infecções (tifo, febre reumática aguda, malária, AIDS); distúrbios 
nutricionais (deficiência de proteína, pelagra); problemas circulatórios (infarto 
agudo do miocárdio, doença de Raynaud); estados dismetabólicos (diabetes, hi-
potireoidismo, hipocalcemia); doenças digestivas (diarreia, enterocolite, pancrea-
tite crônica); fármacos (agentes quimioterápicos); cirurgias e alcoolismo. 
 
 Faixas de Mee: linha transversal branca ou faixa que resulta de envenamento 
(p.e. arsênio) ou de uma doença sistémica aguda. 
- São vistas em pacientes com doença de Hodgkin, insuficiência cardíaca conges-
tiva, hanseníase, malária, quimioterapia, intoxicação por monóxido de carbono e 
outras alterações sistémicas. 
 
 Unhas de Lindsay ("unhas meio a meio"): porção proximal do leito ungueal é 
esbranquiçada, enquanto a parte distal é vermelha ou rosa. 
- São vistas em doença renal crônica e azotemia 
 
 Unhas de Terry: leitos ungueais esbranquiçados até 1–2mm da borda distal da 
unha. 
- Associadas à insuficiência hepática, cirrose, hipoalbuminemia, insuficiência car-
díaca congestiva, hipertireoidismo, desnutrição e diabetes melito de início na 
fase adulta. 
 
 Hemorragias em estilhas (splinter): formadas pelo extravasamento de sangue 
dos vasos sanguíneos do leito ungueal em sulcos longitudinais adjacentes. 
- Sua presença está mais relacionada com traumatismo local leve, mas essas he-
morragias também são frequentemente associadas a doenças sistémicas; 
- Classicamente associadas à endocardite bacteriana subaguda; 
- Também podem ser vistas na leucemia, vasculite, infecção, artrite reumatoide, 
lúpus eritematoso sistêmico, doença renal, doença hepática e diabetes melito, 
entre outras doenças. 
 
 Quiloníquia ("unha em colher"): estado distrófico no qual a lâmina ungueal se 
afina e uma depressão cupuliforme se desenvolve. 
 Associadas à anemia ferropriva, mas também podem ser vistas em associação 
com afinamento da placa ungueal por outras causas, incluindo irritantes locais. 
 
 Psoríase: o envolvimento do leito ungueal e da matriz ungueal pela psoríase 
faz a lâmina ungueal ficar espessada e com depressões. 
- O envolvimento ungueal ocorre em aproximadamente 50% de todos os pacien-
tes com psoríase. 
 
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Exame da Pele 
Efeito da Doença de Pele no Paciente 
• Doenças de pele desempenham um papel profundo na maneira como o paciente interage social-
mente – se localizada em superfícies de pele visível, doenças de pele de longa duração podem real-
mente interferir com o desenvolvimento emocional e psicológico de um indivíduo; 
• A perda da autoestima é comum; 
 Um adulto com doença de pele geralmente enfrenta limitações de atividade sexual; 
 Pacientes com erupções ou de pele vermelha, exsudativa, descolorida ou descamando podem 
evocar sensações de repulsa tanto com os amigos e a família quanto o próprio médico; 
- Em outros momentos, as lesões cutâneas podem levar os outros a olharem fixamente para o paci-
ente, causando mais desconforto. 
• Algumas doençasde pele podem estar associadas à dor física extrema ou emocional, que podem 
levar à depressão profunda e, ocasionalmente, ao suicídio; 
• Ansiedade é um fator natural que frequentemente produz erupções. 
 O estresse tende a piorar certas doenças de pele, como o eczema – cria um círculo vicioso, por-
que a erupção exacerba a ansiedade; 
 As erupções são sinais e sintomas comuns de distúrbios psicossomáticos. 
Exame Físico da Pele 
• Exame físico da pele consiste em inspeção e palpação: 
 Inspeção: realizada em ambiente bem iluminado e com auxílio de uma lanterna; 
 Palpação: ajuda a definir as características da lesão como de textura, consistên-
cia, secreção, edema na área adjacente, sensibilidade local e palidez à compressão. 
- Pinçamento digital: análise da espessura e a consistência das lesões da pele; 
- Digitopressão ou vitropressão: pressiona-se a lesão com os dedos ou com um vi-
dro, provocando isquemia local, isso permite distinguir o eritema da púrpura (esta 
não desaparece) e de outras manchas vermelhas. 
- Compressão: avalia edema – a compressão linear avalia se há dermografismo. 
 
*Importante: é prudente usar luvas para avaliar qualquer lesão de pele. 
Aspectos Importantes da Avaliação Clínica da Pele Normal 
• Pele normal tem coloração uniforme, não apresenta soluções de continuidade, e costuma ser 
avaliada quanto a sua temperatura, umidade, textura, turgor, mobilidade e elasticidade. 
a) Coloração: pele normal tem coloração uniforme (exceto nas regiões pudendas e áreas expostas). 
 Anormalidades de coloração, em geral, são de difícil avaliação em indivíduos de pele negra e po-
dem ser divididas basicamente em: 
a1) Palidez: deve ser pesquisada nas regiões palmo-plantares e sempre 
correlacionada com a coloração das mucosas corporais. 
 Pode ser generalizada (anemias, estresse emocional) ou locali-
zada/segmentar (isquemias). 
 
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a2) Cianose: coloração azulada da pele (ocorre com a hemoglobina reduzida >5g/dL) – influenciada 
por hematócrito, débito cardíaco/perfusão tissular, cor da pele, temperatura corporal. 
 Pode ser central (baixa saturação arterial de O2), periférica (maior extração de O2, saturação nor-
mal) e diferencial (quando é vista preferencialmente nos membros inferiores ou superiores); 
 
 
 
 
 
Cianose central: ocorre com hipoxemia → acomete as mucosas; 
- História de depressão respiratória, pneumopatia ou tabagismo, cardiopatia prévia. 
 Cianose periférica: ocorre sem hipoxemia → não acomete as mucosas; 
- Aliviada pelo aquecimento da área acometida pela cianose. 
 Cianose diferencial: pode ocorrer nos pés – ductus arteriosus (com complexo de Eisenmenger), 
ou nas mãos – transposição dos grandes vasos e fluxo reverso através do ducto arterioso (que me-
lhora a oxigenação dos membros inferiores). 
 
a3) Icterícia: coloração amarelada da pele e das mucosas – verifica-se as escleróti-
cas (diagnóstico diferencial de carotenemia), também pode aparecer na conjun-
tiva palpebral, nos lábios, no palato duro, na superfície inferior da língua e na 
membrana timpânica. 
 Causas: hepatopatia ou hemólise exagerada. 
 
*Importante: carotenemia → coloração amarelada que acompanha os níveis ele-
vados de caroteno. 
- Inspeciona-se as regiões palmares, plantares e a face; 
- Ao contrário da icterícia, a carotenemia não afeta as escleróticas. 
 
b) Temperatura: deve ser analisada com a face dorsal da mão, e comparando simetricamente cada 
segmento examinado. 
 Aumento generalizado da temperatura: febre e hipertireoidismo; 
- Pode haver aumento localizado se houver processos inflamatórios ou celulite. 
 Diminuição generalizada da temperatura: hipotireoidismo. 
c) Umidade: pele apresenta normalmente um certo grau de umidade e oleosidade. 
 Hiperidrose: pode ser fisiológica (após exercícios, emoções, ambientes quentes) ou consequên-
cia de febres, hipertireoidismo, distúrbios do sistema nervoso autônomo, uso de drogas simpatico-
miméticas, de neuroses, de quadros dolorosos excruciantes etc. 
 Hipoidrose/anidrose: diminuição ou ausência da sudorese encontrada na desidratação ou em 
neuropatias e dermatopatias crônicas, ictiose, esclerodermia, mixedema, diabete, IRC; 
 Seborreia: aumento da secreção sebácea, reconhecido pela oleosidade exces-
siva da pele → condição que, ocasionalmente, pode acompanhar outras altera-
ções da pele como prurido e descamação, no qual é mais conhecida como derma-
tite seborreica (conforme a imagem ao lado). 
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d) Textura da pele: corresponde à sensação que temos quando deslizamos a mão levemente sobre 
a pele e a encontramos lisa, aveludada, áspera ou com outra qualquer qualidade contextual. 
 Pele fina: encontrada nos estados de senilidade, na esclerodermia, em regiões recentemente 
edemaciadas, no hipertireoidismo etc. 
 Pele áspera: trabalhadores braçais, indivíduos que mantêm contato prolongado e permanente 
com o sol ou ambientes superaquecidos (pescadores, foguistas, etc.), mixedema, dermatoses crôni-
cas, hipotireoidismo etc. 
 
e) Turgor: propriedade que a pele normal tem de, ao ser pinçada entre dois de-
dos, apresentar uma consistência tal que, quando desfeita a manobra, volte rapi-
damente ao lugar anterior, sem deixar pregas residuais. 
 Normal: quando o examinador tem a sensação de pele suculenta em que, ao ser solta, a prega se 
desfaz rapidamente – indica conteúdo normal de água, ou seja, a pele está hidratada; 
 Diminuído: sensação de pele murcha e observação de lento desfazimento de prega que indica 
desidratação – em pessoas idosas é um achado fisiológico. 
 
f) Mobilidade/elasticidade: pele normal é móvel. 
 Diminuição da mobilidade: edemas, tumores malignos, na esclerodermia e nos locais onde exista 
retração cicatricial. 
 Aumento da mobilidade: pessoas idosas, caquéticas, obesos que perderam 
quantidade apreciável de peso ou no abdome das multíparas. 
- Pele hiperelástica: ocorre devido ao acometimento do colágeno, como a sín-
drome de Ehlers Danlos (imagem ao lado) ou no pseudoxantoma elástico. 
Lesões Elementares 
• Os 6 tipos de lesões elementares da pele são: 
1) Alterações de cor; 
2) Elevações edematosas; 
3) Formações sólidas; 
4) Coleções líquidas; 
5) Alterações da espessura; 
6) Perdas teciduais. 
 
• Anamnese: 
 Se for encontrada uma lesão, ela deve ser classificada como uma lesão primária ou secundária; 
- Lesões primárias: surgem na pele normal – resultam de mudanças anatômicas na epiderme, na 
derme ou no tecido subcutâneo; 
∟Exemplos: mancha, pápula, nódulo, tumor, vesícula, bolha, pústula etc. (imagens abaixo). 
 
 
 
 
 
 
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*Lesões cutâneas primárias: 
 
- Lesões secundárias: resultam de mudanças nas lesões primárias – se desenvolvem durante o 
curso da doença de pele. 
∟Exemplos: crosta, escama, escoriação, fissura, ulceração, cicatriz, liquenificação e atrofia. 
 
 
 
 
 
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*Lesões cutâneas secundárias: 
 
 
 
*Lesões cutâneas vasculares e outras lesões cutâneas: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 Localização anatômica e distribuição da lesão; 
- Focal, distribuída,generalizada, universal (inclui o couro cabeludo). 
 Padrão e forma da lesão: anular, linear, discoide, serpiginosa etc. (conforme a imagem abaixo); 
 Tipo da lesão: eritema, petéquia, equimose, pápula, bolha etc. 
 Surgimento e evolução da lesão. 
 
 
 
 
 
 
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Alterações de Cor 
• Mancha/mácula: alterações na cor da pele sem relevo ou depressão. 
 Mácula: alteração de cor menor que 1cm de diâmetro; 
 Mancha: alteração de cor maior que 1cm de diâmetro. 
- Pigmentares (melânico, pigmentos anormais a pele e pigmentos estranhos); 
 ∟ Acrômica, hipocrômica ou hipercrômica. 
∟Vasculares (desaparecem após a compressão) – eritema; 
∟Hemorrágicas (não desaparecem após a compressão) – púrpura. 
 
• Eritema: mancha vermelha por vasodilatação que desaparece com digito ou vi-
tropressão – existem vários tipos de manchas eritematosas (variam com a cor, lo-
calização, extensão e evolução). 
 Exantema: manchas eritematosas disseminadas na pele e de evolução aguda, 
que podem apresentar dois tipos (rubeoliforme ou escarlatiniforme): 
- Exantema morbiliforme ou rubeoliforme: manchas disseminadas na pele nas 
quais entre elas existem áreas de pele normal; 
- Exantema escarlatiniforme: pele difusa e uniformemente eritematosa, sem 
áreas de pele entremeadas. 
 
• Enantema: erupção que se localiza nas mucosas, especialmente na face interna 
das bochechas e garganta – exantema nas mucosas. 
 
• Cianose: eritema arroxeado, por congestão passiva ou venosa com diminuição 
de temperatura. 
 
 • Rubor: eritema vermelho-vivo por vasocongestão ativa ou arterial com au-
mento da temperatura. 
 
• Eritrodermia: eritema generalizado crônico e persistente que é acompanhado 
de descamação. 
 
• Mancha angiomatosa: mancha de cor vermelha, permanente, plana, que desa-
parece quase completamente por vitropressão forte, causada por neoformação 
névica de capilares da derme. 
 
• Mancha anêmica: mancha branca por agenesia vascular em determinada área 
da pele. 
 
• Púrpura: mancha vermelha por extravasamento de hemácias na derme que, 
portanto, não desaparece à vitro ou digitopressão – podem ser de três tipos: 
 Petéquias: lesões purpúricas com até 1cm; 
 Equimoses: lesões purpúricas maiores do que 1cm; 
 Víbices: púrpuras lineares ou lesões atróficas lineares. 
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Lesões Edematosas 
• Urtica: elevação da pele, de cor vermelha ou branca-rósea, de tamanho e for-
mas variáveis, de duração efêmera e muito pruriginosa – ocorre na derme supe-
rior e média. 
 
• Edema angioneurótico (Edema de Quincke): área de edema circunscrito que 
causa tumefação intensa – ocorre na derme profunda ou na hipoderme. 
 Acomete os tecidos frouxos (p.e. região orbitária, lábios e regiões genitais); 
 Se ocorrer nas vias aéreas superiores, existe o risco de asfixia. 
Formações Sólidas 
• Pápula: elevação sólida, palpável e circunscrita da superfície da pele com menos 
de 1cm de diâmetro – exemplo: sífilis papulosa. 
 Quando involuem não deixam cicatrizes. 
 
• Placa: área elevada da pele com mais de 1cm de diâmetro, sendo comumente 
formada pela coalescência de pápulas ou outras lesões elementares sólidas, lesão 
palpável – exemplo: hanseníase tuberculoide. 
 
• Tubérculo: elevação sólida e circunscrita de localização dérmica, com mais de 
1cm de diâmetro – exemplos: hanseníase Virchowiana; neurofibromatose. 
 Atinge toda a derme → deixa cicatriz quando involui. 
 
• Nódulo: elevação sólida de localização hipodérmica – exemplos: hanseníase Vir-
chowiana, neoplasias. 
 Goma: tipo especial de nódulo que sofre liquefação na porção central e pode 
acompanhar necrose e ulceração → pode eliminar material necrótico. 
- Ocorre na sífilis, micoses, etc. 
 
• Vegetação: lesão sólida, exofítica, pedunculada ou com aspecto de couve-flor, 
que sangra facilmente devido à papilomatose (aumento das papilas dérmicas) e à 
acantose (aumento da camada malpighiana da epiderme). 
 
• Verrucosidade: lesão sólida, elevada, de superfície dura, inelástica e de cor 
amarelada, consequente à hiperqueratose (aumento da camada córnea). 
 
• Tumor: formação sólida, circunscrita, elevada ou não, >3cm de diâmetro. 
 Termo geralmente utilizado em processo neoplásico (“ABCDE” do melanoma). 
- Assimetria significa que uma metade da lesão aparece diferente da outra; 
- Irregularidade de bordas descreve um contorno maldefinido ou serrilhado; 
- Variação de cor mostra tons de castanho, marrom, preto e, as vezes, branco, vermelho ou azul; 
- Diâmetro maior do que 6mm, que é o tamanho de uma borracha de lápis, é considerado um sinal 
de perigo para melanoma; 
- Uma lesão que esteja evoluindo precisa sempre ser avaliada – deve-se estar atento aos nevos. 
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Coleções Líquidas 
• Vesícula: lesão elevada e circunscrita com até 1cm de diâmetro preenchida por 
líquido claro. 
 O líquido, primitivamente claro (seroso), pode se tornar turvo (purulento) ou 
rubro (hemorrágico). 
 
• Bolha ou flictena: elevação preenchida por líquido claro, com mais de 1cm de 
diâmetro. 
 O líquido, primitivamente claro, pode se tornar turvo-amarelado ou rubro, for-
mando-se bolha purulenta ou hemorrágica. 
 
• Pústula: lesão elevada com até 1cm de diâmetro, contendo líquido purulento 
em seu interior – é um abscesso superficial. 
 
• Abscesso: coleção purulenta, circunscrita, proeminente ou não, com mais de 
1cm de diâmetro e localizada em região dermo-hipodérmica ou subcutânea. 
 Pele pode estar ruborizada e há calor, dor e flutuação. 
 
• Hematoma: área na qual a hemorragia subjacente causa elevação da pele ou 
mucosa. 
 
*Importante: diferença entre equimose e hematoma (observe as imagens abaixo). 
- Equimose: ocorre quando há infiltração de sangue nos tecidos pela ruptura dos capilares; 
- Hematoma: ocorre quando há uma coleção de sangue em um órgão ou tecido. 
 
 
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Alterações de Espessura 
• Queratose: aumento da espessura da pele, que se torna dura, inelástica, de su-
perfície áspera e de cor amarelada. 
 Causado pelo aumento da espessura da camada córnea. 
 
• Liquenificação: espessamento da pele com acentuação dos sulcos e da cor nor-
mal da pele, configurando um aspecto quadriculado, de malhas poligonais bem 
definidas da superfície cutânea. 
 Devida ao aumento da camada malpighiana. 
 
• Edema: aumento da espessura da pele, depressível e decorrente da presença 
de plasma na derme ou hipoderme (acúmulo de líquido). 
 
• Infiltração: aumento da espessura e consistência da pele, com menor evidência 
dos sulcos, limites imprecisos, acompanhando-se, as vezes, de eritema discreto. 
 Pela vitropressão pode surgir fundo de cor café com leite; 
 Resulta da presença de infiltrado celular na derme. 
 
• Esclerose: alteração de espessura da pele, que se torna coriácea e impregueável 
quando é pinçada com os dedos – pode acompanhar-se de hipo ou hipercromia e 
decorre da presença de fibrose com aumento do colágeno dérmico. 
 
• Atrofia: diminuição da espessura da pele, localizado ou difuso, que pode se 
acompanhar de adelgaçamento e pregueamento da pele. 
 Ocorre devido à redução do número e volume dos constituintes teciduais. 
• Cicatriz: lesão lisa, plana, saliente ou deprimida, sem os sulcos, poros epelos, 
móvel, aderente ou retrátil – associa atrofia com fibrose e discromia. 
 É resultante da reparação de processo destrutivo da pele; 
 Pode ser atrófica (fina, pregueada, papirácea), críbrica (perfurada por peque-
nos orifícios) ou hipertrófica (nodular, elevada, vascular, com excessiva prolifera-
ção fibrosa, com tendência a regredir). 
Perdas Teciduais 
• Escamas: massas furfuráceas (pulverulentas) ou micáceas (laminares) que se 
desprendem da superfície cutânea – alterações da queratinização. 
 
• Erosões: soluções de continuidade superficial da pele, compreendendo exclusi-
vamente a epiderme. 
 
• Crosta: lesão formada por ressecamento de líquidos orgânicos, podendo ser se-
rosa, sanguínea ou purulenta, que se forma em área de perda tecidual. 
 Resulta do dessecamento de serosidade (melicérica), pus (purulenta) ou 
sangue (hemorrágica), de mistura com restos epiteliais – exemplo: impetigo. 
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pitiríase versicolor 
(micose de praia) 
torna-se mais evidente 
após um dos sinais 
• Escoriação: erosões lineares de origem traumática, geralmente resultantes de 
coçagem frequente nas condições pruriginosas da pele. 
 
• Ulceração: perda da derme e/ou hipoderme, deixando cicatriz após a cura. 
 Úlcera: ulceração persistente e de evolução crônica. 
 
• Fissura ou Regadia: perda linear do epitélio, superficial ou profunda, não cau-
sada por instrumento cortante. 
 
• Escara: porção de tecido cutâneo atingido por necrose e mumificação sem des-
secamento, com dimensões variáveis. 
Sinais Específicos em Dermatologia que Caracterizam Síndromes ou Afecções 
• Queloide: crescimento anormal de tecido cicatricial que se forma no local de 
um traumatismo, corte ou cirurgia de pele – formação elevada por proliferação 
fibrosa na pele. 
 Pessoas de pele negra são mais propensas a desenvolver queloide; 
 Algumas indivíduos podem desenvolver um queloide depois de furar a orelha 
para colocar brincos e piercings ou mesmo apenas no trauma da tatuagem. 
 
• Sinal de Auspitz (“orvalho sangrento”): caracterizado por pequenos pontos de 
sangramentos obtidos após a remoção de escamas de lesões de psoríase. 
 
• Sinal de Darier: fricção da lesão determina urtica devido à liberação de hista-
mina dos mastócitos → típica da urticária pigmentosa (mastocitose). 
 
• Fenômeno de Koebner (isomorfismo): aparecimento de lesões similares às da 
dermatose por trauma – ocorre em doenças como psoríase e líquen plano, em 
que uma escoriação ou traumatismo em uma área de pele normal determina o 
aparecimento de lesão própria da afecção no trajeto escoriado. 
• Sinal de Sampaio: presença de bainha gelatinosa nas raízes dos cabelos, encontrada na 
pseudopelada e lúpus eritematoso sistêmico – indica atividade da doença. 
 Sinal utilizado em alopécias – arranca-se alguns fios de cabelo nas áreas de alopécia, observa-se 
a presença de bainha gelatinosa aderida ao bulbo. 
• Sinal de Zileri: descamação observada 
 pelo estiramento da pele; 
• Sinal de Besnier: descamação da lesão 
 quando raspada. 
• Sinal de Nikolsky: ao se atritar a pele saudável do 
paciente com pênfigo vulgar, a pele fica avermelhada, 
acumula-se um fluido debaixo da pele e a pele sai com 
facilidade, deixando a carne viva. 
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Neurologia 
Noções de Anatomia e Fisiologia 
Sistema Nervoso Central (SNC) 
• Encéfalo: compreende o tronco encefálico, constituído 
pelo bulbo, ponte e mesencéfalo; o cerebelo; e o cérebro; 
este último é constituído pelo diencéfalo e pelo telencéfalo. 
 Responsável pelas funções mentais motoras, sensitivas, 
associativas e superiores; 
 O encéfalo é constituído por uma vasta rede de neurô-
nios (células nervosas) interconectados, formados por cor-
pos celulares e axônios (longas fibras que conduzem impul-
sos para outras partes do sistema nervoso); 
 Essas estruturas, contidas na cavidade craniana, juntam-se à medula espinal, contida no canal 
vertebral, formando o sistema nervoso central (SNC). 
 
• Cérebro: composto por diencéfalo (tálamo, hipotálamo, epitálamo e subtálamo) e telencéfalo 
(compreende os dois hemisférios cerebrais – direito e esquerdo). 
 Parte mais desenvolvida do encéfalo, ocupa cerca de 80% da cavidade craniana; 
- O córtex tem aspecto enrugado, constituindo os giros e os sulcos, disposição esta que possibilita o 
aumento considerável da camada cortical. 
 
a) Diencéfalo: estrutura ímpar, situada na região central encefálica 
que é recoberta pelos dois hemisférios cerebrais – composto por 
tálamo, hipotálamo, epitálamo e subtálamo (imagem ao lado). 
 
a1) Tálamo: região de grande importância funcional e atua como 
uma estação de retransmissão para os principais sistemas sensiti-
vos (exceto a via olfatória). 
 Está ainda implicado no controle da motricidade (extrapirami-
dal), no comportamento emocional e no grau de ativação do córtex – as atividades do tálamo estão 
estreitamente relacionadas com o córtex cerebral. 
 
a2) Hipotálamo: envolvido na coordenação das respostas fisiológicas dos diferentes órgãos → man-
tém a homeostasia. 
 Funções: controle da atividade visceral, regulação da temperatura, controle emocional, regula-
ção do sono/vigília, regulação da fome/sede, regulação da diurese, regulação do metabolismo, re-
gulação da adeno-hipófise e comportamentos emocionais (p.e. raiva e impulso sexual). 
 
a3) Epitálamo: possui função endócrina (secreção de melatonina) e não-endócrina, onde atua no 
sistema límbico (centro de integração de vias aferentes olfatórias, viscerais e somáticas). 
 
a4) Subtálamo: importante no controle motor – ajustes do movimento (extrapiramidal). 
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b) Telencéfalo: composto por dois hemisférios cere-
brais, onde cada um deles possui um córtex cerebral 
(substância cinzenta organizada em camadas celula-
res, e localizada superficialmente nos hemisférios), a 
substância branca subjacente e os núcleos da base 
(substância cinzenta organizada em núcleos, situada 
profundamente nos hemisférios). 
 Os hemisférios cerebrais compreendem os lobos 
frontais, temporais, parietais, occipitais e os lobos 
das ínsulas (conforme a imagem ao lado). 
- Cada lobo exerce tarefas especiais, apesar de o sistema nervoso funcionar de modo integrado. 
 Lobo frontal: planejamento e processamento motor voluntário, integração de funções superio-
res, como expressão da linguagem, consciência, raciocínio e tomada de decisão; 
 Lobo temporal: processamento de informações auditivas, gustativas e olfatórias, além de inte-
gração multimodal e de linguagem (percepção linguística); 
 Lobo parietal: processamento de informações táteis e integração sensorial multimodal; 
 Lobo occipital: processamento de informações visuais e integração sensorial multimodal; 
 Lobo da insula: processamento emocional para coordenação de comportamentos e estados 
emocionais. 
 
• “Dominância hemisférica”: estabelece o predomínio inato e 
funcional de um dos hemisférios cerebrais. 
 ±80% dos indivíduos apresenta dominância no hemisfério 
esquerdo, especialmente para as funções práxicas (atividade 
motora coordenada com uma finalidade – p.e. abrir uma porta), 
gnósicas (percepção tátil de ‘objetos/coisas’ existentes na me- 
mória do indivíduo) e da linguagem; 
- Hemisfério direito, nesses indivíduos, auxilia o esquerdo emsuas funções (i.e. ele é muito ativo!). 
 Nos canhotos, entretanto, a dominância costuma ser no hemis- 
fério direito no que diz respeito à linguagem e à habilidade manual. 
 
*Importante: o hemisfério esquerdo controla funções do lado direito do corpo, assim como o he-
misfério direito controla o lado esquerdo. A exceção é o olfato, que é ipsilateral. 
 
• Núcleos da base: situados profundamente nos hemisférios cerebrais. 
 Funções: controle motor, controle da motricidade ocular, seleção e automatização de rotinas, 
controle de funções “executivas”, controle da motivação, controle da atenção, controle do afeto; 
- As mais conhecidas funções estão associadas aos sistemas motores somático (circuito motor) e 
visual (circuito oculomotor). 
 Envolvidos com movimentos finos das extremidades; 
 Grande importância no sistema extrapiramidal – relacionado com a modulação dos movimentos 
corporais voluntários, alterações posturais e integração autonômica. 
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• Cerebelo: estrutura dividida filogeneticamente em arquicerebelo (parte mais 
primitiva – responsável pela manutenção do equilíbrio através da coordenação 
muscular), paleocerebelo (controle do tônus muscular e manutenção postural) e 
neocerebelo (coordenação do movimento voluntário). 
 Ocupa cerca de 10% da cavidade craniana; 
 Realiza conexão ipsilateral (i.e. em caso de lesões cerebelares, os sinais e sin-
tomas corresponderão ao mesmo lado em que ocorreu a lesão). 
• Tronco encefálico: conecta a medula espinal com as estruturas encefálicas 
localizadas superiormente – dividido em mesencéfalo, ponte e bulbo. 
 Mesencéfalo: origem dos núcleos dos pares cranianos III e IV; 
- Áreas integrativas visuais, auditivas e pupilares. 
 Ponte: origem dos núcleos dos pares cranianos V, VI e VII; 
- Áreas de integração visceral (mastigação, salivação), expressão facial (mo-
vimentos oculares, fixação do olhar, expressão facial); 
- Equilíbrio postural do corpo. 
 Bulbo: origem dos núcleos dos pares cranianos VIII, IX, X, XI, XII. 
- Áreas de integração visceral (respiratório, vasomotor, vomito, tosse, 
movimentos linguais, etc.); 
- Pirâmides: estrutura formada por um feixe compacto de fibras nervosas 
descendentes que ligam as áreas motoras do cérebro aos neurônios 
motores da medula. 
∟Este trato é chamado de trato piramidal (ou trato córtico-espinhal); 
∟ Cerca de 90% dessas fibras motoras cruzam-se na linha 
média, formando a decussação das pirâmides. 
 
• Medula espinal: situada abaixo do bulbo – possui aspecto alongado, 
envolta pela coluna vertebral e que termina ao nível da primeira ou 
da segunda vértebra lombar (L1 ou L2) – abaixo disso encontra-se a 
cauda equina (formada por raízes nervosas do SNP e líquor). 
 Atua como um conduto para o fluxo de informações aferentes e 
eferentes do cérebro; 
 Apresenta duas regiões de intumescência – cervical e lombar (ple-
xos braquial e lombo-sacral, responsáveis, respectivamente, pela co-
ordenação dos membros superiores e inferiores). 
 Dividida em segmentos: 
- Cervical (C1–C8); 
- Torácico (T1–T12); 
- Lombar (L1–L5); 
- Sacral (S1–S5); 
- Coccígeo. 
 
*Curiosidade: para não lesionar a medula espinal, a maioria das punções lombares é realizada nos 
interespaços vertebrais de L3–L4 ou L4–L5. 
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Sistema Nervoso Periférico (SNP) 
• Sistema nervoso periférico (SNP): formado por nervos (cranianos, 12 pares – espinhais, 31 pares), 
gânglios e terminações nervosas. 
 Dividido em sistemas nervoso somático e nervoso autônomo. 
- Somático: controla fundamentalmente a musculatura esquelética, de contração voluntária; 
- Autônomo: exerce controle de funções geralmente independentes da vontade. 
∟Subdivido em simpático e parassimpático. 
 
• Nervos cranianos: doze pares de nervos especializados, denominados nervos cranianos, que 
emergem da abóbada craniana através dos forames e canais do crânio e se conectam às estruturas 
na cabeça e no pescoço. 
 Origem dos nervos: III a XII originam-se no tronco encefálico. 
- NCs I e II são, na verdade, tratos de fibras que emergem do cérebro. 
 
• Nervos cranianos (NC) e suas funções: 
1) NC I (olfatório): olfato; 
2) NC II (óptico): visão; 
3) NC III (oculomotor): constrição pupilar, abertura dos olhos (elevação da pálpebra) 
e a maioria dos movimentos extraoculares; 
4) NC IV (troclear): rotação interna (medial) e para baixo do olho; 
5) NC V (trigêmeo): possui funções sensoriais e motoras; 
 Motor: músculos temporal e masseter (ato de cerrar 
a mandíbula), músculos pterigoideos laterais (movi-
mento de lateralização da mandíbula); 
 Sensorial – facial: o nervo tem três divisões → oftál-
mica (V1), maxilar (V2) e mandibular (V3). 
6) NC VI (abducente): desvio lateral (externo) do olho; 
7) NC VII (facial): possui funções sensoriais e motoras; 
 Motor: movimentos faciais, inclusive aqueles da expressão facial, fechamento dos olhos e fecha-
mento da boca; 
 Sensorial: paladar para substâncias salgadas, doces, azedas e amargas nos ⅔ anteriores da língua 
8) NC VIII (vestibulococlear): audição (divisão coclear) e equilíbrio (divisão vestibular); 
9) NC IX (glossofaríngeo): possui funções sensoriais e motoras; 
 Motor: faringe; 
 Sensorial: partes posteriores da membrana timpânica e do meato acústico, a faringe e o ⅓ pos-
terior da língua, inclusive paladar (salgado, doce, azedo, amargo). 
10) NC X: (vago): possui funções sensoriais e motoras; 
 Motor: palato, faringe e laringe; 
 Sensorial: faringe e laringe. 
11) NC XI (acessório): músculo esternocleidomastoideo e a parte 
superior do músculo trapézio; 
12) NC XII (hipoglosso): movimento da língua. 
 
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• Vias motoras (eferentes): se estendem desde os neurônios motores superiores, por meio de lon-
gos tratos de substância branca, e fazem sinapse com os neurônios motores inferiores, seguindo 
depois para a periferia por meio de estruturas nervosas periféricas – podemos dividir didatica-
mente em vias piramidal (passa pelas pirâmides bulbares) e extrapiramidal (não passa). 
 Neurônios motores superiores: localizados na faixa motora do córtex cerebral e em vários nú-
cleos do tronco encefálico – possuem axônios que fazem sinapses com núcleos motores no tronco 
encefálico (nervos cranianos) e na medula espinal (nervos periféricos); 
 Neurônios motores inferiores: têm corpos celulares na medula espinal, denominadas células do 
corno anterior; seus axônios transmitem impulsos através das raízes anteriores e dos nervos espi-
nais para os nervos periféricos, terminando na junção neuromuscular. 
 
a) Via piramidal: 
 Trato córtico-espinhal (piramidal): une o córtex cerebral aos neurônios motores da medula. 
- A maioria das fibras são motoras somáticas – 90% decussam na região das pirâmides bulbares 
(TCE lateral – “motricidade voluntária é cruzada”), 10% não decussa (TCE anterior). 
- Medeia o movimento voluntário e faz a integração de movimentos delicados, complicados ou que 
exijam destreza; 
- Carreiam impulsos que inibem o tônus muscular, ou seja, a discreta tensão mantida pelos múscu-
los normais mesmo quando relaxados – há estimulação/inibição de determinadas ações musculares 
 Trato córtico-nuclear (bulbar): transmite impulsos aos neurônios motores do tronco encefálico. 
- Fazem sinapse no tronco encefálico com os núcleos motores dos nervos cranianos. 
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