Buscar

1teoriasdaaprendizagem caderno de estudo

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 124 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 124 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 124 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Curso 
DOCÊNCIA DO ENSINO 
SUPERIOR 
 
Disciplina 
TEORIAS DA APRENDIZAGEM 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Curso 
DOCÊNCIA DO ENSINO 
SUPERIOR 
 
Disciplina 
TEORIAS DA 
APRENDIZAGEM 
Maria Cristina LOURO 
Maria Cristina URRUTGARAY 
Moema QUINTANILHA 
Neila TOMÉ 
 
 
www.avm.edu.br 
S
o
b
re
 a
s
 a
u
to
ra
s
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NEILA MARIA DE ALMEIDA TOMÉ, possui graduação em Psicologia 
pelo Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora (1993), graduação 
em Pedagogia pela Universidade Federal de Juiz de Fora (1996), 
mestrado em Educação e Cultura Contemporânea pela 
Universidade Estácio de Sá (2005). Atualmente é coordenadora 
pedagógica de Ensino Fundamental da Escola Municipal União da 
Betânia e professora de cursos de pós graduação em Educação da 
Faculdade Estácio de Sá de Juiz de Fora. Tem experiência na área 
de Educação, com ênfase em Psicologia e Educação, atuando 
principalmente nos seguintes temas: Psicologia da educação, 
formação de professores, memórias profissionais e identidades. 
 
Olá, tudo bem? Sou MARIA CRISTINA URRUTIGARAY. Trabalho no 
IAVM desde 1996 como professora dos cursos presenciais. Já 
participei de alguns momentos dos cursos a distância, mas agora 
só chego até vocês pelas apostilas. Sou formada pela UFRJ em 
Psicologia. Tenho pós-graduação em Psicologia Analítica Junguiana 
pelo IBMR e Psicopedagogia, pela Universidade de Havana-Cuba. 
Também fiz meu mestrado por Cuba e me diplomei em Educação 
com ênfase em psicopedagogia. Como sou Analista Junguiana pela 
Associação Junguiana do Brasil, aproveitei e me tornei 
pesquisadora de imagens, imaginário e de símbolos. Trabalho com 
as Técnicas Expressivas e Arteterapia, e tenho dois livros 
publicados nesta linha de pesquisa sobre imagens, imaginário e a 
Arteterapia. 
 
MARIA CRISTINA LOURO. Possui graduação em psicologia pela 
Universidade Santa Úrsula (1989) e mestrado em Psicologia - 
P.S.E da P.E Cognitiva pela Universidade Federal do Rio de Janeiro 
(1994). Esta cursando doutorado no Programa de Teoria 
Psicanalítica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2008). 
 
MOEMA QUINTANILHA. Psicomotricista, professora do Instituto a 
Vez do Mestre de disciplinas do curso de psicomotricidade e 
psicopedagogia. 
 
 
 
 
S
u
m
á
r
io
 
 
 
 
07 Apresentação 
 
09 
Aula 1 
O processo de aprendizagem 
 
31 
Aula 2 
Aspectos psicológicos da 
aprendizagem 
 
 
53 
Aula 3 
A intenção educativa e o conceito de 
inteligência 
 
 
71 
Aula 4 
As contribuições de Gardner e 
Goleman 
 
 
99 
Aula 5 
Afetividade e criatividade 
 
 
117 
AV1 
Estudo dirigido da disciplina 
 
120 
AV2 
Trabalho acadêmico de 
aprofundamento 
 
121 Referências bibliográficas 
 
Teorias da 
Aprendizagem 
 
C
A
D
E
R
N
O
 D
E
 
E
S
T
U
D
O
S
 
 
 
A
p
re
s
e
n
ta
ç
ã
o
 
 
Certamente você já ouviu dizer que a aprendizagem é um 
processo complexo e multidimensional, uma vez que é afetado 
por diferentes dimensões. Neste caderno você terá a oportunidade 
de conhecer melhor este processo a partir do estudo das 
contribuições de diferentes pesquisadores e estudiosos – como 
Piaget, Vygostsky, Skinner, Maturana, Goleman, Gardner e outros 
– que, em momentos distintos e a partir de pontos de vista 
variados, se dispuseram a entender melhor o que é 
aprendizagem, quais seriam os fatores dificultadores e promotores 
da mesma e, de modo particular, sua relação com outras 
características humanas como a inteligência, a criatividade, a 
sociabilidade e a afetividade. Trata-se, portanto, de um caderno 
rico que lhe ofertará a possibilidade de aprofundar conhecimentos 
sobre a aprendizagem considerando riqueza e suas múltiplas 
dimensões. Aproveite! 
 
 
O
b
je
ti
v
o
s
 g
e
ra
is
 
 
 
 
 
 
Este caderno de estudos tem como objetivos: 
 
 Favorecer o entendimento do que seja aprendizagem de forma 
ampla e atualizada considerando os principais postulados 
teóricos sobre a mesma; 
 Analisar alguns dos principais aspectos biopsicológicos da 
aprendizagem; 
 Estudar as relações bipolares entre criatividade e 
aprendizagem; 
 Auxiliar a compreensão dos processos volitivos e sua 
importância para o aprendizado e o desenvolvimento da 
inteligência. 
O Processo de 
Aprendizagem 
 
Neila Maria de Almeida Tomé 
 
A
U
L
A
 
1 
 
 
A
p
re
s
e
n
ta
ç
ã
o
 
 
 
Considerando a contribuição de diferentes áreas do conhecimento, 
em especial a Psicologia e a Educação, esta primeira aula tem 
como objeto de estudo as relações que permeiam o processo de 
ensino-aprendizagem. Na psicologia em particular a autora nos 
conduz a uma viagem onde navegaremos pela psicologia 
experimental e educacional, pelo Behaviorismo de Watson e 
Skinner, pela psicologia humanista de Rogers, pela construtivismo 
piagetiano e finalmente pelo socioconstrutivismo de Vygotsky. 
Não se trata aqui, e esta é uma das preocupações da autora, de 
esgotar os postulados teóricos apresentados. Muitos dos autores e 
teorias citadas serão aprofundados em aulas posteriores, mas 
nesta aula inicial você terá uma primeira aproximação com os 
mesmos e revendo a importância deles para o desvendamento dos 
mistérios que envolvem a díade ensino x aprendizagem. 
 
 
 
O
b
je
ti
v
o
s
 
 
 
 
 
 
Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja 
capaz de: 
 
 Compreender melhor a partir do estudo de diferentes 
contribuições o processo de ensino/aprendizagem; 
 Analisar as contribuições da Psicologia para o entendimento 
dos atores principais e coadjuvantes do processo de 
ensino/aprendizagem; 
 Considerar equívocos do processo de ensino/aprendizagem e 
estimular a partir das contribuições de diferentes escolas 
psicológicas a busca de métodos didaticamente mais eficientes. 
 
 
 
Aula 1 | O processo de aprendizagem 10 
Introdução 
 
Gostaria de iniciar aula evocando um trecho já 
consagrado de Fernando Pessoa: “Navegar é preciso; 
viver não é preciso... Quero para mim o espírito desta 
frase, transformada a forma para a casar com o que 
sou: viver não é necessário; o que é necessário é 
criar.” 
 
Ir à essência, desvendar mistérios. Tirar a roupa 
da mentira, interpretar novas verdades. Navegar, por 
que não?!! Nunca foi tão necessário navegar, pelo 
menos na Internet! Criar e recriar espaços, assim como 
formas de compreensão do sujeito e das suas maneiras 
de conhecer o mundo e as coisas. 
 
A humanidade e seus modos de relação com os 
objetos de conhecimento mudaram muito, evoluíram, 
transformaram ou cederam lugar a outras relações ao 
longo das décadas. Assim, esse módulo objetiva 
chamar todos vocês a navegarem conosco por esses 
mares já navegados e por aqueles que estamos 
descobrindo. 
 
Buscaremos, assim, rever as relações que 
permeiam o processo ensino/aprendizagem, seus 
atores principais e coadjuvantes. Habilitar você, a 
analisar os elementos significativos presentes nas 
teorias da construção do conhecimento e detectar as 
contribuições destas propostas para a prática 
pedagógica. Poderemos também ter uma visão (e não a 
única) de como a psicologia se coloca frente à educação 
através de exemplos e experiências de educadores e 
teóricos clássicos e contemporâneos. 
 
Venha, navegue conosco. Estamos abertos a 
sugestões até o fim da viagem. Qualquerdúvida é só 
entrar em contato. 
Importante 
 
 
Não deixe de ler as 
dicas e comentários 
que se encontram 
nos quadrinhos ao 
lado do texto. 
 
 
Dica da 
professora 
 
 
Atendendo ao 
convite: Sendo 
assim, vamos 
navegar por tais 
teorias. Lembre-se 
de que nossa aula 
não esgota as 
mesmas. Suas 
proposições são 
riquíssimas e 
merecem ser melhor 
estudadas. 
 
 
Introdução 10 
Desvendando seus próprios 
mistérios 11 
Psicologia humanista e a 
psicologia da educação 15 
Sobre o sujeito na educação e 
na psicologia 17 
Paradigmas na Educação e na 
Psicologia 18 
Conclusão 26 
Aula 1 | O processo de aprendizagem 11 
Sucesso na jornada! 
 
Desvendando seus próprios mistérios 
 
EDUCAR É UMA PRÁXIS 
 
A relação ensino-aprendizagem sempre foi alvo 
de indagações e polêmicas, assim como, 
tradicionalmente se submete às contribuições por 
diversos especialistas não necessariamente, educadores 
ou psicólogos da educação. 
 
O início do relacionamento entre psicologia e 
educação teve também, por sua vez, vários marcos e 
sinais em várias escolas de pensamento e momentos 
de crise na educação. 
 
Por outro lado, a psicologia pesquisou e divulgou 
muito sobre as sensíveis e não menos importantes 
interfaces das emoções, da memória, dos aspectos 
afetivos e culturais com a aprendizagem. 
 
A Sociologia e a Antropologia tiveram o 
mérito de firmar a importância da questão cultural no 
processo de ensino-aprendizagem, bem como, alguns 
estereótipos e padrões que são, por vezes, reforçados 
por determinadas teorias. 
 
Por maiores informações que possam ser 
prestadas, ainda repousam muitas dúvidas sobre o 
binômio ensinar-aprender: Será que realmente 
ensinamos, será que só aprende quem realmente quer? 
De quem é a “culpa” quando não se aprende? Do aluno 
ou do professor? Seria um problema de método de 
ensino? 
 
Além disso, outros mitos e lendas cercam a 
figura do educador e da escola deixando sua relação 
com a psicologia “um pouco delicada”. 
Importante 
 
 
Quando estudamos 
profundamente um 
assunto, torna-se 
necessário 
procurarmos 
conhecer a definição 
dos termos 
principais. 
 
Você sabe o que é 
PRÁXIS? 
Se não, procure 
entender o 
significado! 
 
 
Quer 
saber mais? 
 
 
Vejamos algumas 
definições. De 
acordo com Tomazi 
(1997) 
 
 “Sociologia é a 
ciência que se 
preocupa em 
analisar e explicar 
os fatos sociais, as 
relações sociais ou 
as ações sociais”. 
 
E Antropologia é: 
 “o estudo ou 
reflexão acerca do 
ser humano.” 
(Ferreira, 1999) 
 
 
Aula 1 | O processo de aprendizagem 12 
Psicologia da Educação sempre teve seu lugar 
junto à Psicologia do Desenvolvimento e da 
Aprendizagem. Aqui encontramos talvez um dos 
maiores equívocos. A Psicologia da Educação não deve 
ser apenas uma área onde deságuam esses textos com 
visões contraditórias, ingênuas ou curadoras de 
problemas em sala de aula. Normalmente, são estes os 
momentos em que o psicólogo é solicitado. 
 
A Psicologia da Educação deve estar disposta 
num tripé dinâmico onde não se privilegie nenhuma das 
visões, buscando uma dialogia entre a psicologia – a 
educação – as práticas pedagógicas, incluindo a 
pesquisa em sala de aula. 
 
AS ESCOLAS OU SISTEMAS PSICOLÓGICOS 
 
Ao tentarmos contemplar uma visão histórica, 
não gostaríamos que ela se reduzisse apenas a uma 
descrição de fatos que se sucedem, e sim, a uma 
análise crítica substanciada em outras ciências que nos 
auxiliam a compreender o cenário da complexidade: a 
física, a biologia, as ciências sociais, a filosofia, a 
fisiologia, dentre outras. 
 
A Psicologia enquanto ciência surge com as 
pesquisas de Wundt que funda o primeiro laboratório 
de Psicologia Experimental. O pesquisador alemão, 
após anos de estudo severo da fisiologia e tantas 
outras ciências, concluiu alguns pontos significativos 
sobre o objeto de estudo da psicologia: a experiência 
imediata e as sensações sem interpretações são 
formadoras de nossa consciência. 
 
As suas descobertas foram marcantes e contra e 
a seu favor levantaram-se vários teóricos e escolas de 
pensamento. Esta visão estruturalista começou a 
sucumbir com o tempo. No entanto, seu mérito não 
pode ser diminuído. 
Dica de 
leitura 
 
 
Para um 
entendimento mais 
completo sobre essa 
dinâmica, podemos 
sugerir uma leitura. 
Para quem se 
interessar, a 
referência da obra 
é: 
 
TOSCANO, Moema. 
Introdução a 
Sociologia 
Educacional. 
Petrópolis: Vozes, 
2001. 
 
 
Dica da 
professora 
 
 
Isso é muito bom! 
 
Procure, sempre que 
puder, buscar 
informações em 
outras áreas que 
poderão dar subsídio 
ao tema estudado. 
 
 
Aula 1 | O processo de aprendizagem 13 
O Estruturalismo foi a escola de pensamento 
criada por Wilhelm Wundt, considerado o pai da 
Psicologia experimental contemporânea. 
 
PSICOLOGIA EXPERIMENTAL E A PSICOLOGIA DA 
EDUCAÇÃO 
 
Carente de modelos próprios e engatinhando 
enquanto ciência, novamente para dar seus saltos 
quantitativos e qualitativos a Psicologia se alia aos 
outros campos do conhecimento. Desta vez, as alianças 
que nos interessam são com a Psicometria e com a 
Psicopatologia. Essa vinculação produzirá hipóteses e 
teorias ligadas às questões educacionais, como 
veremos mais adiante. 
 
O movimento anterior que lançou as bases para 
a psicologia experimental trouxe os experimentos no 
ramo da Psicometria. O advento dos testes pode ser 
usado, a partir daí, como uma arma de poder, 
delimitando os padrões de “normal” e “patológico”, 
inserindo os homens nas empresas conforme as 
necessidades e o perfil de cada uma. 
 
Por outro lado, vale a pena frisar aqui as 
contribuições das descobertas de Pavlov para a 
aprendizagem, demonstrando que os animais poderiam 
ser condicionados por meio de estímulos externos. 
Animais puderam ser usados e os resultados com o 
auxílio das ciências comparadas poderiam ser trazidos 
para o campo de ação dos seres humanos. 
 
Além disso, devemos citar os chamados 
neobehavioristas, sucessores do behaviorismo 
(comportamentalismo) idealizado por Watson e que 
culminou com Skinner quando nos diz que a psique é 
fruto de um longo processo de aprendizagens. Os 
neobehavioristas introduziram ao esquema S-R 
Quer 
saber mais? 
 
 
Wilhelm Wundt 
nasceu em 1832 e 
morreu em 1926. 
Para saber mais 
sobre a história da 
psicologia, poderá 
encontrar no 
capítulo 2 - cujo 
título é “a evolução 
da ciência 
psicológica” no livro 
Psicologias – uma 
introdução ao 
estudo da psicologia. 
Autores: Ana Maria 
Bock; Odair Furtado 
e Maria de Lourdes 
Teixeira. Editora 
Saraiva. 
 
 
Para 
navegar 
 
 
Você poderá 
encontrar a biografia 
de Pavlov no site; 
 
www.cobra.pages.no
m.br/ec-pavlov.html 
 
 E sobre Watson no 
site: 
 
www.cobra.pages.no
m.br/ ec-
watson.html 
 
 
Aula 1 | O processo de aprendizagem 14 
(estímulo-resposta) elementos que podem interferir na 
aprendizagem, como o hábito, a recompensa. Tolman 
chega a afirmar a existência da “interferência de 
fatores cognitivos na aprendizagem”. 
 
Esse precedente deixado pelos neobehavioristas 
indica claramente que muitos acreditavam que 
representações, símbolos, imitação adequada ou não 
poderiam interferir na formação da personalidade e, por 
conseqüência, no condicionamento do comportamento. 
 
A psiquê é fruto de um longo processo de 
aprendizagens. 
 
PSICANÁLISE E PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO 
 
Sigmund Freud foi, sem sombra de dúvida, uma 
das mentes maiscriativas desse século. Sua teoria, que 
privilegiava o inconsciente como a sede máxima dos 
conflitos intrapsíquicos, veio trazer novas contribuições 
sobre o que já se pensava sobre o homem. Adotou 
basicamente paradigmas fisiológicos e psicobiológicos 
na tentativa de compreender o complicado conflito 
mediado pelo ego entre o id e o superego. 
 
Uma das clássicas afirmações de Freud era a de 
que “Psicanalisar, Educar e Governar são atos 
impossíveis.” Freud não estudou profundamente os 
aspectos educacionais: 
 
Não contribuí com coisa alguma para a 
aplicação da Psicanálise à Educação, 
mas é compreensível que as 
investigações da vida sexual das 
crianças e de seu desenvolvimento 
psicológico tenham atraído a atenção 
de educadores e lhes mostrado seu 
trabalho sob uma nova luz. 
(Freud, S. In: Kupfer, M., 1989, p. 
12). 
 
Dica de 
leitura 
 
 
Para saber mais 
sobre Tolman e a 
aprendizagem 
indicamos: 
 
HILGARD, Ernest 
Ropiequet. Teorias 
da aprendizagem. 4º 
Reimpressão. São 
Paulo: EPU, 1975. 
 
 
Dica de 
leitura 
 
 
Para se aprofundar 
em Skinner e o 
behaviorismo 
temos: 
SKINNER, B. F. 
Sobre o 
Behaviorismo. São 
Paulo: Cultrix, 1974. 
 
 
Para 
navegar 
 
 
Ou no site: 
http://www.redepsi.
com.br/html 
 
 
Dica de 
leitura 
 
 
Em muitos livros de 
psicologia você 
poderá encontrar 
explicações sobre 
conceitos de 
psicanálise, como 
por exemplo, os 
citados aqui – id, 
ego, superego e 
transferência. 
Podemos indicar um 
livro que fale da 
psicanálise no 
processo 
educacional, cujo 
nome é: 
 
Kupler, Maria 
Cristina. Freud e a 
Educação – o mestre 
do impossível. São 
Paulo: Scipione, 
2002. 
 
 
Aula 1 | O processo de aprendizagem 15 
Não podemos negar que a figura do professor 
para o aluno assume um papel relevante ao longo de 
sua vida. As relações que se travam em sala de aula, 
às vezes de amor ou de ódio explicitam o que ele 
chamou de Transferência. 
 
O professor, por sua vez, imbuído de sua 
autoridade e do lugar que ocupa, influencia com sua 
autoridade tornando a aprendizagem mais ou menos 
prazerosa, significativa ou não. Essa importância é 
maior quando a criança está em tenra idade, 
necessitando mais da presença do representante da 
figura materna. Entretanto, podemos encontrá-la em 
todos os níveis de relação ensinante-aprendente. 
 
Psicologia humanista e a Psicologia da 
educação 
 
Essa escola de pensamento constituída por uma 
diversidade de pensadores e orientações filosóficas, 
prima por apresentar características que a colocam 
como o ponto descontínuo entre o pensamento 
psicanalítico e o behaviorismo (comportamentalismo). 
 
A busca da essência em detrimento à existência, 
o ser-homem total, a visão não reducionista e não-
mecaniscista do sujeito pareciam preencher 
perfeitamente os “buracos” daquele momento histórico 
e político cravado e marcado pelas guerras e a 
desvalorização do humano. 
 
Liberdade, vontade e responsabilidade pareciam 
soar como uma suave melodia aos ouvidos dos teóricos 
que a defendiam principalmente dos desabafos de 
behavioristas. 
 
Rollo May, Rogers além de Viktor Frankl, 
Binswanger vêm engrossar a fileira de psicólogos, de 
Quer 
saber mais? 
 
 
Sobre Carl Rogers: 
 
Formado em História 
e Psicologia, aplicou 
à Educação 
princípios da 
Psicologia Clínica, foi 
psicoterapeuta por 
mais de 30 anos. No 
Brasil suas idéias 
tiveram difusão na 
década de 70, em 
confronto direto com 
as idéias 
Comportamentalista
s (behaviorismo), 
que teve em Skinner 
um de seus 
principais 
representantes. 
Rogers é 
considerado um 
representante da 
corrente humanista, 
não diretiva, em 
educação. Ele 
concebe o ser 
humano como 
fundamentalmente 
bom e curioso, que, 
porém, precisa de 
ajuda para poder 
evoluir. Eis a razão 
da necessidade de 
técnicas de 
intervenção 
facilitadoras. 
 
 
Aula 1 | O processo de aprendizagem 16 
psiquiatras que representam essa linha de pensamento 
multifacetada dentro de si mesma. 
 
Na teoria da aprendizagem, as contribuições 
foram inúmeras. Carl Rogers, por exemplo, elaborou 
uma concepção de ensino centrada na perspectiva do 
aluno. Teve forte influência de ideais como a 
democracia e a liberdade ao formular o que é a sua 
obra mais famosa na educação – Liberdade para 
Aprender. Toda a atenção no processo de ensinar seria 
para o aluno. Uma infinidade de métodos se adaptou a 
essa idéia. Essa visão se alastrou rapidamente para 
todos os setores da escola e de outras organizações. 
Rogers afirmava que aprendemos aquilo que nos é 
significativo. 
 
Portanto: 
 
 aluno deve se responsabilizar verdadeira e 
autenticamente por seu processo de 
aprendizagem; 
 professor é o facilitador deste processo e 
deve promover um clima propício para que o 
próprio aluno produza suas respostas, 
encontre ele mesmo suas saídas; 
 centro da discussão era o “como ensinar” 
muitas vezes em detrimento do “o que 
ensinar”. 
 
A teoria rogeriana sobre a educação é 
socialmente muito justa, entretanto não se pode 
desvincular as críticas severas que ele tinha em relação 
à dominação cultural e do ponto de vista filo e 
ontogenético. Não podemos esquecer as influências 
socioculturais e hereditárias. O homem é um ser social, 
nele está inserido, recebendo e produzindo cultura por 
onde passa. 
 
Para 
navegar 
 
 
Entre nos sites 
abaixo e saiba mais 
sobre Carl Rogers. 
 
http://www.rogerian
a.com/biografia.htm
l 
 
http://www.centror
efeducacional.pro.br
/carl.html 
 
 
Importante 
 
 
De acordo com 
Ferreira (1999), 
filogenia é a história 
evolucionária da 
espécie; e ontogenia 
é o desenvolvimento 
do indivíduo desde a 
fecundação até a 
maturidade para a 
reprodução. 
 
 
Aula 1 | O processo de aprendizagem 17 
Sobre o sujeito na educação e na 
psicologia 
 
Falar do processo de aprendizagem ao longo da 
história de forma crítica nos coloca frente a alguns 
textos e autores que antes de mais nada evocam a 
presença de uma nova visão sobre o sujeito. 
 
Na época do pensamento pré-socrático, as 
“idéias" sobre divindades arquetípicas primavam. 
Aristóteles vai trazer o pensar “lógico” e com seu 
pensamento finalista dizia que o objetivo da ciência era 
desvendar a “constituição essencial dos seres vivos.”. O 
real é a base para atingirmos a essência. Partia-se da 
compreensão do individual para se atingir o universal. 
Com São Tomás de Aquino passou-se a valorizar a 
“razão de ser das coisas”. 
 
Somente Kant (1724-1804), e sua crítica à razão 
pura começaram a questionar o que até então era o 
pensamento vigente. Segundo Descartes (1596-1650), 
“penso, logo existo”, o pensar puramente racional 
começa a apresentar brechas e esbarra em severas 
contradições, o que faço com meus sonhos quando 
estou dormindo? O que são eles? É inaugurado o século 
XX e com ele as novas visões sobre o sujeito. 
 
Já passamos, como pudemos ver, momentos de 
excesso de valorização do aspecto psicológico na 
compreensão do sujeito na educação. Tudo era 
motivado por questões psicológicas. Isso afastou o 
psicólogo do discurso e da vivência escolar, ao invés de 
aproximar essas duas instâncias. 
 
Outro olhar “dilacerado” sobre o sujeito foi dado 
quando se privilegia o fator social como causador de 
problemas escolares. 
 
Quer 
saber mais? 
 
 
O período (-600/-
400), também 
chamado de pré-
socrático, 
caracterizou-se pela 
reflexão sobre a 
estrutura do mundo 
natural epelo 
desenvolvimento da 
argumentação 
filosófica. No período 
(-400/-100), dito 
socrático, a 
preocupação com o 
homem, o 
estabelecimento de 
normas de conduta 
pessoal e o 
desenvolvimento de 
elaborados sistemas 
de pensamento 
("escolas 
filosóficas") 
dominaram o 
cenário. 
 
 
Dica de 
leitura 
 
 
Mais uma sugestão 
para leitura. Agora é 
no ramo da Filosofia. 
A referência da obra 
é: 
ARANHA, Maria 
Lúcia de Arruda. 
Filosofia da 
Educação. São 
Paulo: Editora 
Moderna, 1996. 
 
 
Aula 1 | O processo de aprendizagem 18 
Como último equívoco, devemos citar aqueles 
que desconsideram o binômio homem-meio social e 
historicamente construído. Esses relegam a outros 
planos a historicidade do sujeito e de seus processos de 
construção do conhecimento. 
 
Paradigmas na Educação e na Psicologia 
 
Devemos nos preocupar não só com a aquisição 
de conhecimento que o sujeito possa realizar, mas com 
o seu potencial de ser um ser realmente feliz. 
 
EXERCÍCIO 1 
 
A partir dos conceitos aqui apresentados, analise o que 
significa levar em consideração a questão do “sujeito” 
no processo de aprendizagem. 
 
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________ 
 
A história que se segue é para promover um 
debate interior com relação às concepções de educação 
e psicológicas que foram postas anteriormente. 
 
Os diferentes momentos históricos nos colocam 
frente a concepções diversas de sujeito e sociedade, 
bem como de instrumentos de transformação do 
ambiente e da capacidade intelectual. 
 
O quadro da página seguinte nos dá uma visão 
aproximada dos principais paradigmas da relação 
sujeito-objeto na construção de modelos pedagógicos. 
Analise-o com atenção. 
Dica da 
professora 
 
 
Sempre que 
estivermos lendo 
algo precisamos 
estar atentos ao seu 
contexto. 
 
Aqui, neste caso, o 
contexto é histórico. 
O que isso pode 
representar? 
A sociedade era 
outra, o pensamento 
era outro, etc. 
 
Procure estar atento 
a esse “detalhe”, 
pois é um dado 
relevante para as 
interpretações. 
 
 
Aula 1 | O processo de aprendizagem 19 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OBJETIVISTA SUBJETIVISTA COGNITIVISTA SÓCIO -
HISTÓRICA 
Sujeito Objeto Sujeito Objeto Sujeito Objeto Sujeito Objeto 
 Outro 
 
Conhecimento: 
presente no mundo 
dos objetos. 
Conhecimento: 
conquista do 
sujeito. 
Conhecimento: 
ação entre objeto 
(meio) e sujeito 
(3ª Via). 
Relação dialética 
entre sujeito x 
meio 
Privilégio dos 
estímulos 
exteriores sobre o 
sujeito. 
Ênfase na 
capacidade de 
superação 
individual do 
sujeito. 
Ação do sujeito 
sobre o objeto. 
Meio existe, mas 
não é socialmente 
construído. 
Interação entre 
sujeito e meio 
socialmente 
construído é 
mediada. 
Transmissão do 
saber. 
 Construção de 
conhecimento. 
 
As diversas práticas pedagógicas e psicológicas 
se sucedem, em alguns momentos se contrapõem e em 
outros se completam. Tudo isso na tentativa de se criar 
uma escola ideal. Ideal para quem? O acesso ao 
conhecimento se transformou e hoje contamos com 
concepções modernas e recursos tecnológicos que 
implementam a educação a tal ponto que, no dizer de 
Papert, não podemos mais falar em alfabetização, e 
sim, em estilos de conhecer. 
 
Cada concepção apresentada traz o seu estilo de 
conhecer o mundo, e o objeto do conhecimento. 
Leonardo da Vinci fracassou nas suas tentativas de 
inventar o avião. Fazer um avião na época de 
Leonardo da Vinci requeria mais do que uma 
manipulação criativa de tudo o que se sabia sobre 
aeronáutica. Seu fracasso em fabricar o avião 
funcional não provou que ele estava errado em suas 
suposições sobre a viabilidade das máquinas 
voadoras. 
Leonardo da Vinci teve que esperar o 
desenvolvimento de algo que poderia suceder 
apenas através de grandes mudanças na maneira 
como a sociedade administra seus recursos. Os 
irmãos Wright puderam ter sucesso onde Leonardo 
pôde apenas sonhar porque uma infra-estrutura 
tecnológica forneceu materiais, ferramentas, 
motores e combustíveis, enquanto uma cultura 
científica forneceu idéias que se baseavam nas 
capacidades peculiares destes novos recursos. 
Quer 
saber mais? 
 
 
Para obter mais 
informações sobre 
Papert, consulte o 
site: 
 
http://papert.www.
media.mit. 
edu/people/papert/ 
 
 
Aula 1 | O processo de aprendizagem 20 
OBJETIVISTA 
 
Identificamos aqui técnicas de controle do 
comportamento do homem. 
 
O professor era punitivo e a forma de ensinar 
aos alunos o que queria era severa e ameaçadora. 
 
A figura do aluno não estava no centro das 
atenções da relação aprender-ensinar. O objeto de 
ensino era mais valorizado e o aluno um ente passivo 
que assimilava ou não os ensinamentos. 
 
REPRESENTANTES: Skinner, Pavlov, Bechterev, 
Watson. 
 
CRÍTICAS: É uma concepção que não considera 
o sujeito como ativo no seu processo de aprender. Ele 
apenas assimila os comportamentos que o professor 
objetiva segundo suas instruções e objetivos didáticos. 
Não valoriza a voz e o desejo dos aprendentes. 
 
SUBJETIVISTA 
 
Desloca o olhar, antes no objeto, para o sujeito 
que ensina. O professor vira então o catalisador dos 
processos de aprendizagem. Sua função é facilitar o 
aprendizado, independentemente da metodologia que 
use. 
 
As características do professor ideal nessa 
abordagem são: 
 
 Autenticidade: Não se deve esconder atrás 
de máscaras ou profissões. O valor dado ao 
professor é proporcional à sua capacidade de 
ser o que realmente é. 
 
Bechterev, 
Vladimir. 
Neurologista e 
psiquiatra russo 
(1857-1927) 
Dica de 
leitura 
 
 
Fique atento as 
bibliografias 
 
GOULART, Íris 
Barbosa. Psicologia 
da Educação: 
Fundamentos 
Teóricos e 
Aplicações á prática 
pedagógica. 
Petrópolis: Vozes, 
2003. 
 
DAVIS, Cláudia e 
Oliveira, Zilma de. 
Psicologia da 
Educação. São 
Paulo: Cortez, 1994. 
 
 
Aula 1 | O processo de aprendizagem 21 
 Empatia: O professor deve ser empático, ou 
seja, compreender o sujeito que está sob 
seus cuidados, suas motivações internas e 
seus comportamentos expressos. 
 
Dessa forma ocorreria o que, para o 
representante maior deste pensamento – Carl Rogers, 
a aprendizagem significativa, com valor próprio para 
quem a aprende. A responsabilidade do aluno seria a 
de selecionar esses conteúdos segundo seu significado 
e sua personalidade. 
 
REPRESENTANTES: Carl Rogers, Otto Rank, 
Rollo May. 
 
CRÍTICAS: Possui aspectos positivos como o 
estímulo à auto-avaliação dos processos de 
aprendizagem, de aconselhamentos de pais e mestres e 
o incentivo ao indivíduo buscar alternativas e 
significado no que aprende. 
 
COGNITIVISTA 
 
Tem sua representação mais significativa na 
figura e nas obras do suíço Jean Piaget. 
 
Piaget teve seu mérito maior ao desvendar a 
constituição histórica das raízes do aprendizado nas 
crianças. Ao lado de nomes como Claparede e Flournoy, 
Piaget desenvolveu suas pesquisas e fundou a 
concepção conhecida no início do século de “escola 
ativa”. 
 
Piaget buscou reconhecer na construção 
histórica a capacidade da criança em julgar e elaborar 
suas teorias de conhecimento a fim de explicar a 
realidade. Assim,o pensamento e a linguagem da 
criança poderiam ser expressos de diferentes formas ao 
longo do seu desenvolvimento. 
Para 
navegar 
 
 
Procure entrar em 
sites de busca para 
realizar pesquisas. 
 
EX: 
www.google.com.br 
 
Aproveite e procure 
saber mais sobre 
Jean Piaget. 
 
Entre outros 
teóricos, é claro! 
 
 
Aula 1 | O processo de aprendizagem 22 
O meio existe, entretanto, Piaget não o vê como 
promovedor de um resgate sócio-histórico do sujeito e 
de seu conhecimento. 
 
Piaget foi à gênese da construção do 
conhecimento, da cognição da criança e a acompanhou 
ao longo de sua vida. Seus experimentos puderam 
demarcar algumas etapas ou estágios, assim colocados. 
 
 Período Sensório-motor: compreende o 
período de exploração indiferenciada do bebê 
e da criança pequena até 2 anos de idade. As 
conquistas desta etapa estão ligadas à 
descoberta corporal, reconhecimento 
rudimentar das partes do corpo, 
desenvolvimento perceptivo, visual e táctil. 
 
 Período Pré-operatório: dos 2 aos 6 anos 
de idade, a criança começa a conquistar seu 
espaço, a construir a sua identidade. Conhece 
também seus limites, descobre o “não” e o 
significado inicial das relações sociais. Aos 
poucos começa a se socializar e sair do que 
Piaget chamou de fase egocêntrica. O brincar 
guarda relação com a socialização e a 
formação da moral e da construção dos 
argumentos que a criança possui. 
 
 Período das Operações Concretas: é 
quando se dá o início da descoberta das 
relações que cercam o mundo: tempo, 
espaço, quantidade. Formaliza uma lógica do 
que antes tinha um conhecimento cotidiano e 
vulgar. 
 
 Período das Operações Formais: domínio 
das diversas formas de linguagem. As 
relações com o mundo e objetos tornam-se 
mais sofisticadas. Assim, as operações são de 
Dica de 
leitura 
 
 
Veja essa indicação! 
 
LA TAILLE, Yves de. 
Piaget, Vygotsky e 
Wallon. Teorias 
Psicogenéticas em 
discussão. São 
Paulo: Summus, 
1992. 
 
 
Aula 1 | O processo de aprendizagem 23 
nível combinatório e probabilístico. O sujeito 
está no máximo de sua socialização. O 
pensamento egocêntrico, segundo Piaget, 
desaparece. O desenvolvimento afetivo busca 
também uma estabilização. 
 
O desenvolvimento do ser em Piaget é global: 
afetivo e cognitivo, apesar de suas pesquisas terem 
uma ênfase no segundo. Assim, seu sujeito tem um 
papel ativo na aprendizagem. O outro mérito de Piaget 
foi a integração de duas formas divergentes de 
concepção de desenvolvimento: o genético e ambiental. 
Ambos eram considerados e a Epigênese era o final de 
um processo que duraria toda a vida do ser. As 
relações nem sempre harmônicas entre assimilação 
(ação do meio) e acomodação (função cognitiva: 
memória, percepção e outras) buscam a Adaptação. 
 
A busca do sujeito, em Piaget, é a do sujeito 
autônomo. 
 
REPRESENTANTES: Jean Piaget, Ana Teberoski, 
Emilia Ferreiro, Maria Montessori. 
 
CRÍTICAS: O aspecto mais relevante foi a união 
que esses pensadores puderam fazer de concepções 
antagônicas da formação cognitiva do sujeito. Segundo 
esses autores tanto o meio como a genética possuem 
ambos sua responsabilidade na gênese afetivo-
cognitiva do sujeito. Essa linha de pensamento muitas 
vezes subordina o individual ao social e nega as 
contribuições da interação meio social, dialeticamente 
construídas, no desenvolvimento do ser. A ênfase no 
aspecto cognitivo é outra consideração que reduz 
significativamente as descobertas destes pesquisadores 
e de outros como os neoconstrutivistas representados 
modernamente nas figuras de Bárbara Freitag e Esther 
Grossi. 
Para 
navegar 
 
 
A biografia de Maria 
Montessori está em: 
 
www.montessoripros
aber.com.br/escola/
montessori/biografia
.htm 
 
E a de Emilia 
Ferreiro está no site: 
www.centrorefeduca
cional.com.br 
 
 
Aula 1 | O processo de aprendizagem 24 
SOCIOINTERACIONISTA 
 
Assim conhecida por considerar o meio social 
como promovedor do desenvolvimento afetivo e 
cognitivo do sujeito. 
 
As relações de aprendizagem não se dão apenas 
de objeto para sujeito e na ação do sujeito com o meio. 
A palavra chave dessa abordagem é a INTERAÇÃO. 
 
Rubinstein, Vygotsky e Leontiev são alguns 
pesquisadores da chamada Psicologia histórico-crítica, 
cuja base é o materialismo dialético. Compreende, 
assim, o objeto da Psicologia dessa concepção segundo 
Urt (1994): 
 
é o reflexo do mundo externo no 
mundo interno, ou seja, a interação do 
homem com a realidade; não o mundo 
interno em si mesmo, mas a atividade 
consciente do homem, que se 
compreende em sua história social, 
relacionada diretamente com o 
trabalho e com a linguagem. 
(Urt. In: Freitas, 1994) 
 
Podemos desse modo, falar de um sujeito que, 
aos poucos, caminha para uma crescente internalização 
dos processos de aprendizagem que levará toda uma 
vida partindo da relação dialética entre a ontogênese 
(desenvolvimento do homem) e a filogênese 
(desenvolvimento da espécie). 
 
Lev Vygotsky, que nasceu na conturbada Rússia 
no mesmo período que Freinet e Piaget, trouxe-nos, 
juntamente com seus colaboradores de pesquisas, com 
crianças e adultos, sua contribuição que nos permitiu 
uma visão mais integrada e histórica do homem que 
até então estava dilacerada. 
 
Pesquisou intensamente os processos mentais 
inferiores (memória, percepção etc) e sua 
Dica de 
leitura 
 
 
VYGOTSKY. A 
Formação Social da 
Mente. São Paulo: 
Martins Fontes, 
1991. 
 
VYGOTSKY. 
Pensamento e 
Linguagem. São 
Paulo: Martins 
Fontes, 1991. 
 
 
Aula 1 | O processo de aprendizagem 25 
transformação em processos mentais superiores. As 
pesquisas com animais puderam contribuir à medida 
que Vygotsky pôde perceber que as linhas de 
desenvolvimento do pensamento e da linguagem nos 
animais e nos homens eram distintas ao longo de suas 
vidas. No homem essa evolução que, até determinado 
momento era equivalente a dos animais, dava saltos 
qualitativos e quantitativos significativos. 
Com a mudança do paradigma reflexológico S-R, 
Vygotsky incrementou decisivamente as implicações da 
sua teoria, trazendo inúmeras contribuições à Psicologia 
e à Educação. O esquema proposto por Vygotsky era o 
seguinte: 
 
 
 
 
 
 
 
 
A inclusão de um mediador entre o sujeito e o 
objeto de construção do conhecimento possibilitou 
novas formas de se dar à relação ensino-aprendizagem. 
 
A função antes focada no professor ou nas 
capacidades intrínsecas do aluno é agora deslocada 
para um colega de sala. O professor instiga e fomenta o 
diálogo do aluno com o objeto de saber e com as 
relações internas que o sujeito desenvolve. 
 
Outro conceito que se deu, em conseqüência 
disso, foi o de Zona de Desenvolvimento Proximal. 
Vygotsky chamou de ZDP a distância que existia entre 
o desenvolvimento já apresentado e adquirido pelo 
sujeito e o aprendizado que poderia vir a ter com a 
ajuda de um colega, do professor ou de outros 
instrumentos, como o computador. 
S R 
X (mediador) 
Para 
pesquisar 
 
 
Procure fazer uma 
pesquisa sobre a 
vida e obra desses 
representantes da 
visão sócio 
Interacionista. 
 
 
Aula 1 | O processo de aprendizagem 26 
O aprendizado em pequenos grupos é 
incentivado e a imitação se torna a base para novos 
aprendizados. 
 
REPRESENTANTES: Vygotsky, Bakthin, Valsiner, 
Cole, Bronckart. 
 
CRÍTICAS: Ainda não sabemos de todas as 
possibilidades que esta concepção pode terpara com o 
sujeito da Psicologia e da Educação. Sabe-se que um 
grande passo fora dado ao considerar o sujeito no seu 
todo e seu meio socialmente histórico na construção do 
conhecimento. Muito tem se pesquisado e descoberto, 
em decorrência do pouco que foi dito pelo próprio 
Vygotsky que vivera apenas 38 anos. 
 
Conclusão 
 
Vários críticos da educação como Goulart, 
Libâneo e Ferreira são contundentes em afirmar que 
necessitamos considerar os aspectos sociais e culturais 
do sujeito no tocante as questões da aprendizagem. 
 
Será essa unidade dinâmica sujeito-meio, 
historicamente determinado, que proporcionará uma 
visão menos fragmentada da escola, dos processos 
cognitivos e afetivos do aprender? Poderá também abrir 
os olhos e ouvidos de todos nós para um diálogo 
horizontal e mais justo sobre as relações de trabalho e 
aquisição do saber, do pensar e da intersubjetividade 
em todos os setores. 
 
Condenam-se aqui os radicalismos de quaisquer 
ordens no sentido de se considerar o sujeito que lhe é 
proposto. As concepções de sujeito, por sua vez, 
devem ser coerentes com as equivalentes formas de 
construção de conhecimento a que se propõem abraçar. 
 
Dica de 
leitura 
 
 
FOULIN, Jean-Nöel. 
& MOUCHOU, Serge. 
Psicologia da 
Educação. Porto 
Alegre: Artmed, 
2000. 
 
 
Dica de 
leitura 
 
 
CHALITA, Gabriel. 
Educação: a solução 
está no afeto. São 
Paulo: Gente, 2001. 
 
 
Aula 1 | O processo de aprendizagem 27 
Abre-se para o próximo século um campo 
imenso de pesquisas sobre as relações de 
aprendizagem-ensino. Qual a importância do afeto 
na educação? Como lidar com os novos instrumentos 
de construção do conhecimento (computadores e jogos 
educativos)? Até que ponto a educação poderá mudar a 
realidade social? Para onde caminha a educação? 
 
Boa sorte nas suas reflexões. Que as aulas 
seguintes o auxiliem na busca de novas respostas sobre 
esse instigante assunto. 
 
 
EXERCÍCIO 2 
 
Sobre a psicologia da educação e a questão do sujeito é 
correto afirmar que: 
 
( A ) Devemos buscar um sujeito a-histórico e 
descontextualizado do seu tempo e de seu lugar; 
( B ) Espera-se da psicologia que ela seja capaz de 
definir a priori o que é um sujeito real; 
( C ) A psicologia da educação deve tratar o 
desenvolvimento do psiquismo infantil sem levar 
em conta as condições sociais; 
( D ) Para se desenvolver um processo de 
aprendizagem basta entender a dinâmica psíquica 
do sujeito; 
( E ) Pode-se construir uma visão que tenta explicar os 
processos de construção de conhecimento, 
tomando o indivíduo em sua relação com a 
sociedade. 
 
 
 
 
 
Aula 1 | O processo de aprendizagem 28 
 
EXERCÍCIO 3 
 
Podemos afirmar sobre a teoria psicogenética de Jean 
Piaget que: 
 
( A ) Mostra como os indivíduos desenvolvem sua 
cognição, a evolução do conhecimento; 
( B ) Piaget em momento nenhum considerou o fator 
social; 
( C ) Não é importante a interação com as pessoas, 
mas sim o desenvolvimento das operações lógicas 
que os indivíduos constroem; 
( D ) Não é relevante a verbalização do raciocínio que o 
sujeito expressa ao resolver um problema 
proposto; 
( E ) Os indivíduos possuem desenvolvimento apenas 
social. 
 
EXERCÍCIO 4 
 
Apresente as principais características e representantes 
das abordagens objetivista, subjetivista, cognitivista e 
sócio-histórica das Teorias da Aprendizagem 
 
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________ 
 
 
 
 
 
 
 
Aula 1 | O processo de aprendizagem 29 
RESUMO 
Vimos até agora: 
 
 A contribuição dos aspectos psicológicos foi 
fundamental para a compreensão do sujeito 
na educação, muito embora, existiram 
momentos de excesso dessa contribuição; 
 
 Como educadores devemos nos preocupar 
não apenas com o processo de aquisição de 
conhecimentos do sujeito, mas com o 
potencial de que ele venha a ser realmente 
feliz; 
 
 A relação sujeito e objeto foi marcada por 
diferentes olhares: objetivista (privilégio dos 
estímulos exteriores sobre o sujeito); 
subjetivista (ênfase na superação individual 
do sujeito); cognitivista (inter-relação do 
sujeito e do objeto, meio em segundo plano) 
e sócio-histórica (interação entre sujeito e 
meio socialmente construído); 
 
 O olhar objetivista tem como principais 
representantes Skinner, Pavlov e Watson. 
Esse olhar é criticado por não considerar o 
sujeito como ativo no processo de 
aprendizado; 
 
 O olhar subjetivista tem como principais 
representantes: Rogers, Rank e Rollo May. 
Nesse olhar o professor vira o catalisador dos 
processos de aprendizagem (facilitador); 
 
 Sob a ótica cognitivista tanto o meio como a 
genética assumem uma grande 
responsabilidade na formação cognitiva do 
sujei. O maior expoente desse olhar é o suíço 
Jean Piaget; 
 
Aula 1 | O processo de aprendizagem 30 
 Os estágios do desenvolvimento cognitivo 
segundo Jean Piaget são: sensório-motor, 
pré-operatório, operações concretas, e por 
fim o das operações formais; 
 
 O olhar sociointeracionista considera o meio 
social como promovedor do desenvolvimento 
afetivo e cognitivo do sujeito. O papel do 
educador nessa proposta é de ser o mediador 
do conhecimento. O principal nome dessa 
proposta é Lev Vygotsky. 
 
 
 
 
 
 
Aspectos Psicológicos 
da Aprendizagem 
 
Maria Cristina Fontes Urrutigaray 
 
A
U
L
A
 
2 
 
 
A
p
re
s
e
n
ta
ç
ã
o
 
 
Esta aula é dedicada ao estudo dos aspectos psicológicos do 
processo de aprendizagem com ênfase no papel da motivação, da 
linguagem e da socialização na aprendizagem. O processo de 
produção do conhecimento é analisado a partir de três tipos de 
pensamento: produtivo, significativo e contemplativo e de sua 
vinculação com a realidade empírica geradora da experiência. Por 
sua vez, a volição e sua relação com a aprendizagem é 
apresentada como uma das grandes preocupações do professor, 
sendo explicitada sua vinculação com a aprendizagem. Um 
destaque especial é concedido a linguagem uma vez que a partir 
de sua aquisição o pensamento pode estruturar-se e ir além da 
experiência imediata. O final da aula esclarece a contribuição de 
Piaget no sentido de mostrar o quanto a socialização favorece o 
desenvolvimento cognitivo e a formação moral do indivíduo. 
 
 
O
b
je
ti
v
o
s
 
 
 
 
Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja 
capaz de: 
 
 Identificar os principais tipos de pensamento que auxiliam o 
processo de construção de conhecimento; 
 Analisar o papel estruturador da linguagem no tocante ao 
pensamento e sua compreensão; 
 Esclarecer a importância da volição para o aprendizado, 
salientando seu papel para o aprendizado; 
 Apresentar a construção do conhecimento como uma resultante 
do processo de uma prática discursiva favorecedor dos 
processos de significação e da construção dialógica. 
Aula 2 | Aspectos psicológicos da aprendizagem 32 
Fatores psicológicos da aprendizagem: 
uma introdução 
 
Todo processo de aprendizagem formativo 
implica em um fator essencial chamado de "motivação". 
Este é o responsável pela condução, orientação e 
estruturação de nossa atenção, frente a algo 
"desconhecido". 
 
É desta maneira que tem início todo e qualquertipo de aprendizagem. A necessidade de busca e 
procura, para desvelar algo sentido como 
desconhecido, é o comportamento gerado pela 
motivação, como disposição instintiva e inata, e que 
conduz o indivíduo a aprender. 
 
Por este fato, Jerome Bruner considerou que o 
homem possui uma disposição (motivação) inata para o 
aprendizado, pois basta sua atenção focar "algo novo" e 
diferente para que ele se direcione ao desconhecido. 
 
De acordo com os conceitos desenvolvidos nos 
módulos anteriores, o objetivo deste novo módulo não 
é outro senão o de promover a atenção e reflexão 
acerca dos múltiplos aspectos inseridos no processo de 
aprendizagem. Além disso, pretende, obviamente, 
despertar no leitor o entendimento acerca das distintas 
teorias de aprendizagem, como modelos de aprender. 
 
O aspecto intelectual: o pensamento e a 
conduta 
 
O núcleo específico de todo aprendizado refere-
se ao "conhecimento" adquirido como o resultado da 
busca pelo entendimento de "algo desconhecido". Logo 
verificamos que em todo conhecimento, de acordo com 
o que falamos anteriormente, está implicado numa 
Quer 
saber mais? 
 
 
Jerome Bruner 
nasceu em New York 
in 1915. 
Cognitivista, 
psicolingüista, 
professor da 
Universidade de 
Harvard, um dos 
fundadores da 
Psicologia Cognitiva. 
Acredita que a 
aprendizagem é um 
processo que ocorre 
internamente, 
mediado 
cognitivamente, e 
não um produto 
direto do ambiente, 
das pessoas ou de 
fatores externos 
àquele que aprende. 
Bruner pesquisou o 
trabalho de sala de 
aula e desenvolveu 
uma teoria da 
instrução, que 
sugere metas e 
meios para a ação 
do educador. Seu 
livro, "Uma Nova 
Teoria da 
Aprendizagem", em 
português, foi 
lançado em 1966. 
 
Saiba mais sobre 
Jerome Bruner em 
http://www.centrore
feducacional.pro.br/
contrib.html 
 
 
Fatores psicológicos da 
aprendizagem: uma 
introdução 32 
O aspecto intelectual: o 
pensamento e a conduta 32 
A relação conhecimento e 
experiência 38 
O aspecto configurativo e 
estruturativo 40 
O aspecto social: a 
aprendizagem como vínculo 
social 46 
 
 
 
Aula 2 | Aspectos psicológicos da aprendizagem 33 
relação entre sujeito (S) e objeto (O), sendo que a 
"revelação" de algo (O) como uma "verdade" só se 
realiza devido à presença de um sujeito (S), que se 
define como sujeito cognoscente. Dentro deste 
enfoque, começamos a verificar que a aprendizagem 
entendida como aquisição de conhecimento ou cognição 
é um aspecto psicológico, entendido como pensamento, 
juízo ou raciocínio. 
 
O entendimento ou a "verdade" de algo refere-
se à adequação feita sobre o que é o objeto (seus 
princípios e leis) com aquilo que ele expressa (sua 
categoria ou classe). O pensamento ou julgamento, por 
sua vez, decorre de uma tomada de consciência, 
posicionando-se frente ao princípio de realidade, 
tomando para si o objeto apreendido. 
 
O ato de conhecer, apreender um determinado 
fato ou acontecimento é chamado pela psicologia como 
"o ato de entender" (compreender - julgar - interpretar 
- inferir - etc.), isto é, "pensar". Nesse sentido, o 
pensamento é definido como a conduta resultante do 
ato de apreender as relações contidas nas propriedades 
que caracterizam o objeto. Pensar é dispor de normas e 
regras (propriedades), que facultam o entendimento ou 
a compreensão de algo, dispondo-o em categorias ou 
classes de acordo com sua classificação. 
 
Assim sendo, o aspecto intelectivo da 
aprendizagem supõe processos psíquicos como a 
abstração, a comparação e a diferenciação que 
viabilizam o livre jogo das idéias (o ato de pensar 
propriamente dito), conduzindo à solução de problemas 
de maneira antecipatória. 
 
No entanto, este "livre jogo de idéias" acontece 
de forma quase lúdica, isto é, sem a presença de 
pressões, que tencionam o fluir e prejudicam a 
Para pensar 
 
 
Elementos 
essenciais do 
conhecimento: um 
sujeito conhecedor e 
um objeto a ser 
conhecido que pode 
ser inclusive o 
próprio ser humano. 
 
 
Aprofundamento 
 
 
Atente a essa 
definição de 
conhecimento, 
fazendo uma análise 
crítica da mesma. 
 
 
Aula 2 | Aspectos psicológicos da aprendizagem 34 
elaboração dos pensamentos. Este fato curioso é muito 
importante para aqueles que se destinam aos processos 
instrutivos. Numa situação de conflito ou de tensão 
psicológica, a sobrecarga de energia psíquica bloqueia 
ou por vezes paralisa a ação do pensamento. 
 
Faz-se necessário, nestes casos, a introdução de 
exercícios respiratórios, de relaxamento ou até mesmo 
jogos que baixem o nível de tensão, introduzindo no 
sujeito cognoscente a sensação de uma "pausa 
recreativa". Esta sensação atua como um agente 
refrescante e possibilita a emergência da intuição, 
como função necessária à resposta antecipatória. 
 
Contudo, o conhecimento, como entendimento, 
processa-se de três maneiras diferentes, as quais 
exercem uma influência significatória na aprendizagem 
formativa. 
 
O PENSAMENTO PRODUTIVO METÓDICO: A 
APREENSÃO DAS RELAÇÕES 
 
Chamamos de pensamento produtivo aquele tipo 
de julgamento que traz uma luz nova à consciência pela 
revelação de algo desconhecido até então. O 
pensamento é definido como reprodutivo quando traz 
para a consciência algo já conhecido. Faz-se necessário 
aclarar que este aspecto "novo" do pensamento 
produtivo não significa que "algo" já não tenha sido 
pensado por alguém, simplesmente refere-se ao fato de 
ser "novo" ou "criativo" para aquele que está 
desenvolvendo a condução ou construção de seus 
conhecimentos. 
 
Uma das maneiras para que a apreensão do 
conhecimento se processe decorre de procedimentos 
racionais discursivos, para os quais são utilizados 
métodos analíticos a fim de alcançar a solução de um 
Para 
navegar 
 
 
Procure sempre 
visitar sites como 
fonte de pesquisa. 
Sobre bibliografia na 
área de psicologia 
conheça: 
 
www.sobresites.com
/psicologia/ 
bibliografia/aprendiz
agem.htm 
 
 
Aula 2 | Aspectos psicológicos da aprendizagem 35 
dado problema. Este tipo de pensamento, o metódico, 
estabelece uma íntima relação entre a proposição de 
uma tarefa e a direção do pensamento como meta para 
sua solução. As pessoas dotadas do tipo pensamento 
analítico são metódicas porque analisam etapa por 
etapa da atividade (ação), proposta a fim de encontrar 
o meio necessário para sua consecução. A atividade ou 
tarefa a executar funciona como esquema 
antecipatório. Se o sujeito compreende a tarefa a ser 
realizada, se ele se posiciona com uma postura 
interrogativa clara (por exemplo, do que se trata? O 
que está sendo pedido ou exigido? Etc.) se ele sabe 
precisar bem o que é desejado/esperado, maior será o 
grau de acerto. 
 
Assim sendo, cabe ao docente, quando elaborar 
uma atividade para o aluno ou quando desenvolver o 
tema de sua aula, que sempre o faça com o maior grau 
possível de clareza e precisão dos conceitos, 
relacionando-os com o nível de compreensão de seus 
alunos. Permitindo-lhes estabelecer relações entre os 
conteúdos disciplinares com situações de vida prática e 
com os conteúdos já assimilados. 
 
O PENSAMENTO SIGNIFICATIVO OU A PROCURA 
PELA COMPREENSÃO 
 
Compreender significa captar o sentido ou 
apreender uma rede de significações. Por exemplo, 
podemos compreender uma palavra devido ao contexto 
significativo da frase e da série de pensamentos. Isto 
significa que o aluno é capaz de apreender cada passo 
do processo mental (abstração) de cada conteúdo 
sempre quando o assunto ou o tema abordado for 
aceitável,for razoável, isto é, fizer sentido para ele. 
 
Como a busca pelo sentido passa pela variante 
dos significantes, temos que um mesmo objeto pode 
Para refletir 
 
 
Existiria alguma 
diferença entre 
compreender e 
entender? 
 
O que a apreensão 
tem a ver com essa 
discussão? 
 
 
Aula 2 | Aspectos psicológicos da aprendizagem 36 
possuir múltiplos significados, dependendo do contexto 
que o significa. Por exemplo, quando utilizamos a 
palavra "operação", ela pode adquirir significados 
distintos dependendo dos significantes a ela atribuídos. 
Para um médico, será uma cirurgia; para um 
matemático, será uma efetuação de uma conta; para 
um operador de bolsa de valores, dirá respeito a uma 
aplicação feita, etc. Portanto, a utilização do 
pensamento significativo deverá ser explorada no 
processo ensino-aprendizagem muito próximo da 
vinculação conteúdo com a vida prática ou cotidiana, 
principalmente no caso da aprendizagem infantil. Já na 
adolescência e com o adulto, o aprendizado significativo 
viabiliza o aprofundar-se nas questões do mundo, bem 
como nas questões pessoais. Favorecendo um encontro 
com o sentido da própria existência e com os valores 
éticos necessários à sustentação da cultura e civilização 
humanas, onde são valorizados os "porquês" das ações 
e acontecimentos. 
 
O PENSAMENTO CONTEMPLATIVO: O APREENDER 
DE MANEIRA VIVENCIAL 
 
Vimos anteriormente que a aprendizagem se 
processa pelo ato de compreender, que implica a 
apreensão de um sentido, de uma significação ou pelo 
caminho do pensamento racional - discursivo. Agora 
veremos que o pensamento também se processa 
através de experiências vivenciais de entrega ou de um 
estado de "deixar que aconteçam os fatos", isto é, um 
estado de "não fazer" (como ação direta) "fazendo" 
(ação indireta ou contemplativa). 
 
Através de uma atitude oposta à vontade 
dirigida, o indivíduo se dispõe a escutar, a ouvir, a 
aceitar, a receber. Enquanto no tipo pensamento 
racional-discursivo, o entendimento origina-se de ações 
mentais de crítica, ponderação, análise e combinação 
Importante 
 
 
É vital entender que 
as experiências e 
vivências pessoais 
afetam a construção 
do conhecimento 
humano. 
 
 
Aula 2 | Aspectos psicológicos da aprendizagem 37 
de elementos; o pensamento de tipo vivencial, ao 
contrário, trabalha mais o lado da fantasia, da 
imaginação. 
 
O pensamento vivencial caracteriza-se pelo 
desabrochar de sentimentos vinculados à imersão de 
um sujeito (S) num objeto ou numa situação que ele 
vivencie com profundidade. É o aprendizado de valores 
profundos que servem de ponte para a aquisição ou 
formação das convicções pessoais ou valores 
subjetivos. Este tipo de apreensão de conhecimento 
não se logra mediante a imposição ou força. Para o 
alcance deste tipo de pensamento, é necessária uma 
preparação ou um exercício contínuo de concentração 
interna (um tipo de tarefa difícil de ser trabalhada na 
escola). 
 
Vemos que, pela descrição do aspecto intelectivo 
do processo de aprendizagem, que a essência do 
conhecimento consiste, do ponto de vista psicológico, 
na apreensão do essencial da realidade objetiva. Isto é, 
baseia-se na compreensão daquilo que é indispensável 
e ao mesmo tempo suficiente para que alguma coisa 
seja. 
 
Toda e qualquer experiência só se converte em 
conhecimento quando tenha passado por um 
procedimento reflexivo (crítico-analítico-valorativo-
compreensivo), combinado ou relacionado com outras 
experiências. 
 
Fato que nos leva a pensar nossas práticas 
docentes, pois se aprender implica vivenciar um fato 
(para o alcance do seu valor afetivo), em determinar 
seu sentido (para estabelecer relações com a rede de 
significações presentes na história pessoal e na 
cultura), bem como captar o essencial de um 
determinado objeto (pensamento discursivo-reflexivo), 
Para refletir 
 
 
Qual seria a 
importância do 
pensamento 
vivencial? 
 
 
Quer 
saber mais? 
 
 
No entanto, 
atualmente, temos 
aqui no Brasil 
algumas alternativas 
que facultam o 
exercício de 
concentração pelo 
aluno. Algumas 
propostas 
psicopedagógicas, 
como as 
desenvolvidas por 
Cristina Dias 
Allessandrine, Eloisa 
Fagali e Vera Maria 
Rossetti Ferretti, em 
São Paulo, 
vislumbram através 
da Arteterapia, o 
desenvolvimento do 
pensamento 
imaginativo, 
entendendo a 
arteterapia como 
uma técnica que 
viabiliza, através da 
produção plástica, a 
integração da forma 
com o seu conteúdo 
que ela manifesta. 
 
 
Aula 2 | Aspectos psicológicos da aprendizagem 38 
de que maneira estamos quando ensinamos, levando 
em consideração como alguém aprende. Como o 
pensamento se desenvolve? 
 
O "saber" resultante da aquisição de um 
conhecimento, dentro da ênfase à aprendizagem 
formativa, torna-se um "autêntico saber", quando o 
sujeito do conhecimento atua ou participa ativamente 
na construção do mesmo, promovendo uma mudança 
no seu comportamento e nas suas atitudes. 
 
A relação conhecimento e experiência 
 
Todo e qualquer conhecimento advém de uma 
base empírica como o sentido original de uma atividade 
resultante da relação mundana. A experiência fornecerá 
uma consciência de que alguma coisa ocorreu, fato que 
se converte precisamente na experiência. 
 
As experiências humanas podem resultar de 
uma diversidade de categorias. Elas podem vir de fatos 
lúdicos, de experiências de acerto, de outras 
desastrosas ou de reflexões empírico-realistas. Sejam 
de que origem for, só percebemos aquelas que 
mantenham uma relação de dependência com a nossa 
consciência; isto é, com o sujeito a quem este conteúdo 
esteja referendando-se. Portanto, tais experiências 
cognoscitivas são altamente influenciadas e tornam-
se dependentes, também, do estado anímico de quem 
as vivencia. 
 
A RELAÇÃO PENSAMENTO E LINGUAGEM 
 
Sabemos que a linguagem é o instrumento ou a 
ferramenta mais valiosa que o homem possui para lidar 
com a realidade objetal. É através da aquisição da 
linguagem que o pensamento humano pode estruturar-
se em função de ter garantido a constância do objeto 
pela representação imagético-lingüística do mesmo. 
Dica da 
professora 
 
 
Esta é uma das 
contribuições cuja 
investigação na 
Psicologia pode 
contribuir para a 
Educação. 
Uma excelente 
referência nessa 
área é o livro de 
Maria Lúcia Seidl de 
Moura e Jane Correa 
denominado, Estudo 
Psicológico do 
Pensamento: de W. 
Wundt a uma ciência 
da cognição, da 
Editora UERJ, obra 
dedicada ao estudo 
da formação do 
pensamento e sua 
fundamentação 
histórica. 
 
 
:: Cognoscitivas: 
 
 
Aqui definimos, para 
você, mais uma 
palavra citada no 
texto. 
Segundo Ferreira 
(1999, p.49), 
cognoscitivo é: que 
tem a faculdade de 
conhecer. 
 
 
Dica da 
professora 
 
 
Você concorda que 
essas definições 
colocadas ao lado do 
texto facilitam na 
compreensão do 
mesmo? 
Pois é! 
Então vejamos mais 
uma palavra. 
Anímico quer dizer: 
pertencente ou 
relativo à alma; 
psíquico. (Ferreira, 
1999, p.14). 
 
 
Aula 2 | Aspectos psicológicos da aprendizagem 39 
O mundo objetivo também é resultado da 
aquisição da linguagem. Sem ela, o homem seria como 
o animal, somente tocado por impressões sensoriais, 
sem poder possuí-las. A grande aquisição trazida pela 
linguagem é a promoção de objetos fixos e (a 
constância do objeto) feita através da representação 
mental do seu significante. 
 
Assim, determina-se o vínculo entre pensamento 
e linguagem, de maneira que o pensamento pode se 
desenvolverrumo a metacognições somente quando 
pode servir-se da utilização de signos, que o tornem 
independente da percepção imediata ou da relação 
concreta com os objetos. A formulação de conceitos 
resulta da obtenção, por abstração, do essencial de 
algo. E esta representação mental é essencialmente 
lingüística. 
 
Com a aquisição da linguagem, o homem 
supera as distâncias ou separações de fatos, 
acontecimentos e até mesmo de objetos, tornando-os 
presentes. Pode, ademais, criar imagens para 
realidades puramente abstratas como a felicidade, a 
paz, a justiça etc. 
 
A linguagem auxilia a estruturação do 
pensamento, pois na medida em que se consegue 
relatar e tornar compreensível ao outro o que se pensa, 
isto significa que a situação transmitida reflete um 
pensamento claro e preciso acerca de algo. Quanto 
mais confusas forem as idéias transmitidas, mais elas 
refletem um pensamento confuso ou um conflito, ou 
estados ansiosos e conteúdos psíquicos imaturos etc., 
dependendo do contexto individual. 
 
Ter idéias claras é poder falar claramente sobre 
elas, bem como expressar o estado de desenvolvimento 
ou de conflito psicológico. 
:: Metacognição: 
 
 
Metacognição é uma 
atividade psicológica 
que proporciona a 
generalização de 
idéias para a 
construção ou 
elaboração de novas 
sínteses conceituais; 
não sendo excluído 
neste processo 
cognitivo a escala de 
valores. 
 
 
Dica de 
leitura 
 
 
Se esse assunto for 
relevante para você 
e seu trabalho 
Procure ler mais! 
 
Você conhece o 
livro? 
 
VYGOTSKY, L. 
Pensamento e 
Linguagem. São 
Paulo: Martins 
Fontes, 1998. 
 
Esta obra foi 
responsável pela 
fundamentação 
teórica deste 
subcapítulo. 
 
 
Aula 2 | Aspectos psicológicos da aprendizagem 40 
(...) o desenvolvimento do 
pensamento é determinado pela 
linguagem, isto é, pelos instrumentos 
lingüísticos do pensamento. 
(Vygotsky, 1998, p. 62) 
 
O aspecto configurativo e estruturativo 
 
Vimos que todo processo de aprendizagem 
inicia-se pela existência de uma carência de visão ou de 
entendimento acerca de algo que suscita um 
questionamento a fim de conhecê-lo. 
 
Portanto, uma situação inicial caracterizada 
como situação problemática - por promover um estado 
de desajuste, em relação a falta de clareza com 
respeito a um fato - promove sensações de dúvida, 
geradoras de hipóteses e conjunturas acerca do fato 
em si. Estes comportamentos, que direcionam a busca 
e a procura por esclarecimentos, são considerados 
elementos prefigurativos mentais, os quais direcionam 
a formação da representação mental ou a incorporação 
da figura completa na mente. Quando a "forma" ou a 
figura surgem por completo na mente, sensações como 
de adequação à realidade ou ajuste são percebidas, e o 
conflito como situação problemática anterior 
desaparece, ressurgindo a ordem ou a organização 
interna. 
 
À luz da Biologia, Maturana afirma que "a 
participação do sistema nervoso na determinação da 
conduta do organismo se estabelece através da geração 
de uma representação (ou abstração) interna do meio, 
que assume a operação de tal mecanismo" (Maturama, 
1998: 54). Dito de outra maneira, a compreensão desta 
citação permite a revelação dos seguintes fatores: 
 
 Em todo processo de conhecimento, existe 
uma realidade independente do observador, 
sendo externa a ele como organismo; 
HUMBERTO 
MATURANA 
Quer 
saber mais? 
 
 
Humberto Maturana 
é um neurobiólogo 
na Universidade do 
Chile, em Santiago, 
e trabalha com 
neurobiologia da 
cognição. 
 
Além de sua obra 
citada na bibliografia 
podemos indicar: 
 
MATURANA, 
Humberto. Emoções 
e linguagem na 
educação e na 
política. Belo 
Horizonte: UFMG, 
1998. 
 
 
Aula 2 | Aspectos psicológicos da aprendizagem 41 
 O observador é o agente ou "operador" que 
tem a capacidade de poder explicar esta 
realidade independente; 
 Quando ele explica esta realidade, ele o faz 
somente a partir das relações estruturais às 
quais ela pertence. Portanto, a partir de 
prefigurações pertencentes à própria figura, 
alguém pode explicar "algo" ou falar sobre 
"algo"; 
 Mas, é a partir da interação realizada entre 
observador-observado e da extração destas 
preconfigurações, que o observador se torna 
capaz de realizar a representação mental ou a 
abstração do observado, passando-o de 
realidade externa à realidade interna. 
 
Assim sendo, a aprendizagem, como aspecto 
configurativo e estruturativo, apóia-se necessariamente 
na "percepção". Por percepção podemos entender a 
"associação que o observador faz entre o objeto 
perturbante, caracterizado pela conduta do organismo 
que o configura de maneira independente dele". 
(Maturana, 1998: 58) 
 
Como fundamento à educação, a noção de 
percepção vinculada à noção de configuração do espaço 
traz a necessidade de se discutir a noção de "conjunto" 
(a figura como um todo) com a visão das 
"particularidades" (as figurações) nas propostas de 
realização das tarefas docentes. 
 
Para haver aprendizagem, buscam-se, nos 
traços estruturais de uma determinada atividade, 
aqueles que possam ser notados e claramente 
percebidos, isto é, os elementos invariantes presentes 
na configuração. Da mesma maneira que sejam 
notadas as contradições ou as colocações confusas dos 
termos com relação à proposta abjetivada. 
Dica da 
professora 
 
 
Por falar em 
PERCEPÇÃO, você já 
estudou sobre a 
psicologia da 
Gestalt? 
Procure pesquisar! 
Talvez seja 
interessante pra 
você! 
 
 
Importante 
 
 
Invariantes são 
categorias essenciais 
presentes em todo e 
qualquer objeto, 
sem os quais este 
objeto não poderia 
ser definido, 
identificado, 
classificado etc. 
(Bion, 1972). 
 
 
Aula 2 | Aspectos psicológicos da aprendizagem 42 
Problematizando-se a questão: promove-se a 
necessidade do restabelecimento da desestruturação 
interna causada no observador, voltando do estado de 
desajuste ao ajustado. 
 
Portanto, o processo de configuração processa-
se através de operações de tentar agrupar, separar os 
elementos a fim de encontrar a estrutura completa. 
Quando o professor convida seus alunos a organizar um 
texto de palavras/frases complexas em frases mais 
simples, ou fazer um desenho acerca do que foi 
comentado, ele os está "convidando" a realizar 
processos de "estruturação". 
 
O ASPECTO VOLITIVO: A APRENDIZAGEM COMO 
PRODUTO DA VONTADE 
 
O homem é um ser que age, move e direciona, 
fixando para si e por si mesmo objetivos e metas, para 
os quais se orienta decidido, mesmo quando existem 
oposições ou resistências para tal. 
 
Quando assinalamos a vontade ou a 
intencionalidade humana como aspectos da 
aprendizagem (como necessidade de busca pelo 
desvelar do desconhecido), deve-se fazer alusão aos 
quatro momentos presentes em todo ato volitivo como 
o agente, a intenção, o movimento e a solução, 
encontrados na direção dada por uma ação. 
 
Assim sendo, temos em todo ato volitivo o 
elemento que o "desperta", o move, isto é, o agente da 
ação, propriamente dita, constitui-se pelas 
necessidades, desejos, intenções e inclinações 
pessoais. Estas impulsionam o sujeito para o alcance de 
determinada solução. Entre estes agentes referidos, 
podemos detectar como sendo os de maior pregnância 
aqueles que se referem à satisfação das necessidades 
CONFIGURAÇÃO 
AGRUPAR SEPARAR 
ELEMENTOS 
ELABORAÇÃO DA ESTRUTURA 
COMPLETA 
Dica da 
professora 
 
 
Um dos grandes 
desafios da sala de 
aula tem sido a 
motivação. 
O que fazer paramotivar meu aluno 
para estudar esta ou 
aquela disciplina? 
Como dar aulas 
motivadoras? 
Que instrumentos 
pedagógicos podem 
ser mais 
motivadores em 
uma turma? 
Estas e outras 
questões 
relacionadas a 
motivação, palavra 
que significa “dar 
motivos”, ainda 
representam sérios 
desafios na escola. 
 
 
Aula 2 | Aspectos psicológicos da aprendizagem 43 
tanto no sentido de manutenção e promoção da vida 
quanto aquelas ligadas ao desenvolvimento espiritual, 
criativo, artístico e religioso. 
 
O despertar deste "agente mobilizador" é o 
elemento fundamental para a prática docente. A atitude 
do aluno frente a uma questão formulada, que apele 
para uma situação sentida como necessidade para ele 
(como a associação de um conteúdo com a vida prática 
e cotidiana) faz "brotar" ou entrar em ação o fator 
desencadeante necessário ao aprendizado. 
 
Já com relação à "intenção", é importante 
compreender que este fator está internamente 
associado ao próprio conhecimento da realidade 
objetivada, anteriormente, pelo agente da ação ou fator 
excitante da ação proposta. Sendo esta última, no 
entanto, efeito da decisão do próprio aluno ou o 
resultado de uma atividade proposta pelo professor. 
Para a consecução deste momento, o indivíduo dispõe 
(ou deve dispor) de atitudes planejadas ou estratégias 
de ação resultantes de inquisições feitas acerca de 
como conseguir tais efeitos e/ou conhecimentos. 
 
A partir desta "elaboração cognitiva" de "como" 
posso alcançar o objetivo proposto, surge o terceiro 
momento do ato volitivo: o movimento ou vontade de 
solucionar a questão. Infelizmente, nem sempre se 
consegue verificar ou perceber este movimento ou 
ação. Isto geralmente só ocorre quando o indivíduo 
necessita de um esforço para vencer resistências ou 
inibições, ou quando a estratégia utilizada para dar fim 
"à questão mobilizadora" não foi eficiente. Pois é um 
ato tão automático que, somente, nestas situações 
referidas podemos nos dar conta. 
 
Psicologicamente, quando o aluno percebe o 
"erro" praticado, deve ser estimulado pelo professor a 
Dica da 
professora 
 
 
E você? Como tem 
tratado seu aluno 
diante do erro? Tem 
explorado seu 
potencial ou apenas 
corrigido o aluno? 
 
 
Aula 2 | Aspectos psicológicos da aprendizagem 44 
buscar outras idéias (ou planos de ação), a fim de 
solucionar suas questões. A atividade docente, neste 
momento, deve dirigir-se para que o discente perceba a 
relação necessária entre suas estratégias pensadas e o 
objeto em questão e que o mesmo saiba aceitar 
aquelas que são úteis à atividade e eliminar as inúteis à 
consecução da tarefa esperada. 
 
O quarto momento da aprendizagem como 
volição refere-se à obtenção da solução e a reação a 
esta situação, que é a própria incorporação ou 
assimilação do conhecimento almejado, induzido pela 
excitação inicial. 
 
Portanto, podemos considerar a aprendizagem 
como processo volitivo, como sendo uma característica 
ou produto da vontade dirigida. Assim sendo, a 
realização pessoal configura-se como um estado criado 
a partir da instituição de um valor, pelo qual o indivíduo 
se apresenta como sujeito de suas ações, assumindo 
suas responsabilidades e seus critérios eletivos. Fatores 
estes tão necessários à aquisição da chamada 
autonomia e o exercício da liberdade pessoal. 
 
O impulso para a realização ou a vontade de 
realização como experiência arquetípica implica a 
capacidade de rendimento, a "idéia" (ou arquétipo) de 
realização, bem como o conhecimento necessário para 
tal realização. Fato que nos remete à experiência do 
autoconhecimento e da auto-regulação como elementos 
necessários a tal alcance. Poder desenvolver a 
capacidade de rendimento supõe potencializar ou 
atualizar o conjunto de possibilidades e capacidades 
que se colocam em ação, mediante aspectos individuais 
ou com certas combinações, dependendo da demanda 
solicitada em cada caso, de acordo com a postura 
diante da qual o sujeito se encontre. 
 
:: Arquétipos: 
 
 
Arquétipos: são 
temas típicos e 
universais dos seres 
humanos, presentes 
nos 
comportamentos. 
Sendo uma das 
manifestações da 
energia psíquica que 
tanto condiciona 
quanto estrutura 
padrões de 
comportamento no 
homem. Termo 
utilizado na 
Psicologia Analítica 
de Carl Gustav Jung 
(psiquiatra suíço - 
1875 - 1961). 
 
 
Aula 2 | Aspectos psicológicos da aprendizagem 45 
Orientar e direcionar uma ação pela vontade é o 
resultado ou a solução de uma situação excitada por 
uma motivação prévia. Portanto, o conceito de 
"rendimento" (inclusive o escolar) supõe a difícil tarefa 
conciliatória, por parte do indivíduo, de reunir suas 
forças e energias, num sentido corporal e anímico, com 
a capacidade de suas aplicações e limites, a fim de 
elaborar as vias de solução; tendo em consideração a 
antecipação dos possíveis efeitos de sua ação, unidos 
ao desejo de realização de sua meta e o alcance dos 
valores intrínsecos a ela. 
 
Psicologicamente falando, a vivência do 
rendimento dada pela aprendizagem volitiva é o 
resultado de uma elaboração aperceptiva feita pelo ego 
e para um ego. Sendo assim, o aspecto vivencial do 
"rendimento" vincula-se ao processo de execução de 
uma ação dirigida para o alcance de determinada meta. 
 
Esta experiência vivencial decorre da união de 
três fatores intrínsecos a esta ação (o impulso, a 
capacidade e o conhecimento do rendimento). Quando 
ocorre a perda de um destes fatores, a experiência de 
realização pessoal, vivenciada como "sentido pessoal", 
ou um "mito do significado" para alguém, pode 
alcançar uma outra dimensão. Como, por exemplo, a 
experiência do alcance da meta isenta de seu valor 
constituinte. Fato que acarreta a ausência de uma 
vivência afetiva aliada à realização. Da mesma forma, 
esta experiência quando dirigida unicamente pelo 
impulso ou arquétipo de realização pode provocar 
manifestações impulsivas e compulsivas sem nenhuma 
objetivação e direção desta força. Isentando o 
determinante de uma ação coordenada para a 
realização de um ego, com uma ausência ou 
inconsciência dos seus próprios desejos. 
 
Quer 
saber mais? 
 
 
Mito do Significado: 
é uma interpretação 
pessoal de acordo 
com as 
circunstâncias e que 
podem converter-se 
em convicções ou 
crenças. Seu 
aspecto mítico 
refere-se à questão 
de que nenhuma 
significação atinge 
termos absolutos, a 
menos que se 
converta num 
dogma. 
 
 
Aula 2 | Aspectos psicológicos da aprendizagem 46 
O aspecto social: a aprendizagem como 
vínculo social 
 
Para Jean Piaget, a razão, nos seus aspectos 
lógico e moral, é um produto da sociedade. Segundo o 
autor, a vida social favorece e proporciona elementos 
necessários ao indivíduo para sua formação moral. De 
um egocentrismo primário, a criança experimenta, 
através da relação social com os adultos, o controle 
lógico e moral de seu pensamento e sentimento. 
 
As atitudes de respeito aos pais e as 
conseqüentes coações, quando aquelas falham, 
conduzem à atividade cognoscitiva da criança rumo à 
formação de conceitos de "verdades", aos quais a 
criança se adapta. Tendo, nestas circunstâncias 
primárias, maior consideração a opinião dos demais 
que a sua própria neste processo adaptativo. 
 
Assim sendo, não é suficiente, para a formação 
da consciência moral, que o conteúdo de uma 
afirmação seja uma verdade por si mesma. Faz-se 
necessário, para uma adaptação aceitável, que esta 
verdade esteja vinculada também à palavra dos 
adultos. 
 
Para conseguir sua autonomia, a

Continue navegando