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CURSO DE INICIAÇÃO PROFISSIONAL – Unidade 2 FICHA TÉCNICA Ministério do Meio Ambiente - MMA Departamento de Produção e Consumo Sustentáveis Raquel Breda dos Santos - Diretora do Departamento de Produção e Consumo Sustentáveis Rivaldo Pinheiro Neto - Gerente de Projeto Apoio Gustavo de Oliveira – Analista Ambiental Departamento de Educação Ambiental Renata Rozendo Maranhão – Diretora do Departamento de Educação Ambiental Nadja Janke – Gerente de Projeto Apoio Ana Luisa Teixeira de Campos – Analista Ambiental Equipe de desenvolvimento do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Conselho Regional Antônio Ricardo Alvarez Alban Diretoria Regional Bahia Leone Peter Correia da Silva Andrade Departamento Regional Bahia Área de Meio Ambiente Edisiene de Souza Correia Núcleo de Inovação e Tecnologias Educacionais Ricardo Santos Lima Coordenação Técnica do Projeto Arilma Oliveira do Carmo Tavares Coordenação Educacional Marcelle Rose da Silva Minho Coordenação de Produção André Luiz Lima da Costa Autores Alexsandro dos Santos Reis Ana Karina da Silva Torres Arilma Oliveira do Carmo Tavares Edisiene de Souza Correia Flávia Bezerra Amorim José Rafael Nascimento Lopes Kátia Goés Macedo de Oliveira Marina Lordelo Carneiro Michelle Cruz Costa Calhau Patrícia Bahia da Silva Thiago Henrique Carvalho do Nascimento Revisão Técnica Alexsandro dos Santos Reis Arilma Oliveira do Carmo Tavares Flávia Bezerra Amorim Geovana Cardoso Fagundes Rocha Marina Lordelo Carneiro Patrícia Bahia da Silva Rosana Uildes Ferreira Benicio da Silva Vanessa de Souza Lemos Revisão Pedagógica Geovana Cardoso Fagundes Rocha Vanessa de Souza Lemos Rosana Uildes Ferreira Benicio da Silva Projeto gráfico e diagramação Fábio Ramon Rego da Silva Revisão Lídia Chagas de Santana Equipe de Ilustradores: Alex Romano Antônio Ivo Daniel Soares Fábio Ramon Leonardo Silveira Ricardo Barreto Vinicius Vidal Este curso foi desenvolvido a partir do Acordo de Cooperação de Pequena Escala, SSFA/BRA-002/2013, celebrado no âmbito do Projeto n° 61-P7 (Brazil Project): "Produção e Consumo Sustentáveis" entre o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - Departamento Regional da Bahia – SENAI/DR/BA para o Ministério do Meio Ambiente – MMA. Departamento de Produção e Consumo Sustentável Ariel Cecílio Garces Pares Coordenação-Geral Rivaldo Pinheiro Neto Equipe do MMA Gustavo de Oliveira Vana Tercia Silva de Freitas Alan Ainer Boccato Franco Adeilton Santos Moura Anísia Batista Oliveira de Abreu PRODUÇÃO SUSTENTÁVEL Nesse capítulo, você compreenderá a importância da prática da produção sustentável, frente ao Plano de Ação para Produção e Consumo Sustentáveis, bem como algumas ferramentas de atuação. Siga em frente e bons estudos! A ideia de produzir de forma menos poluidora, com o menor impacto ambiental possível, tem sido uma demanda cada vez mais frequente por parte dos governos devido às pressões das agências internacionais. No caso do Brasil, algumas ações de comando e controle1 foram criadas para minimizar estes impactos de forma mais eficiente, estas ações desdobram-se a partir da criação de leis que punem e fiscalizam os empreendimentos. De forma independente dos marcos legais, algumas empresas adotaram o Sistema de Gestão Ambiental (SGA), como uma ferramenta que ajuda no controle e diminuição de aspectos e impactos ambientais, como visto anteriormente. De acordo com o Plano de Ação para Produção e Consumo Sustentáveis (PPCS), o conceito de Produção Sustentável amplamente utilizado é: “a incorporação, ao longo de todo o ciclo de vida de bens e serviços, das melhores alternativas possíveis para minimizar custos ambientais e sociais. Acredita-se que esta abordagem preventiva melhore a competitividade das empresas e reduza o risco para saúde humana e meio ambiente. Vista numa perspectiva planetária, a produção sustentável deve incorporar a noção de limites na oferta de recursos naturais e na capacidade do meio ambiente para absorver os impactos da ação humana”. Ministério do Meio Ambiente, 2011. FERRAMENTAS/LINHAS DE ATUAÇÃO A partir do conceito de Produção Sustentável, pode-se enumerar as diferentes ferramentas/linhas de atuação utilizadas para tentar alcançar o almejado patamar da sustentabilidade nos meios de produção. Algumas destas ferramentas/linhas de atuação serão apresentadas ao longo do curso, a saber: Prevenção da poluição; Produção mais limpa; Análise do ciclo de vida; Ecodesign; Desmaterialização; Eficiência energética, Responsabilidade corporativa; Economia verde; Logística verde; Construção sustentável; Varejo sustentável; Agricultura sustentável e Marketing verde. Todas as ferramentas de produção sustentável devem estar de acordo com o tripé da sustentabilidade, as três bases fundamentais: econômica, social e ambiental. A partir desta abordagem é fácil compreender que só há produção sustentável quando os três níveis são alcançados, e este desafio deve ser realizado diariamente pelas organizações. 1 Comando e controle: termo usado para definir a postura adotada por empresas que apenas atendem aos requisitos legais (comando) com ações de controle ambiental. PREVENÇÃO DA POLUIÇÃO UM BREVE HISTÓRICO Na década de 60, século XX, as organizações mundiais começaram a se preocupar com a geração de resíduos e com a escassez2 dos recursos naturais. Desta forma, foram criadas entidades internacionais para transformar esta preocupação em premissas3 a serem cumpridas. Entre essas instituições criadas, estavam a Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO); o Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas (UNEP); e a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos da América (EPA). Frente aos desastres ambientais ocorridos entre os anos de 1960 e 1980, como por exemplo, os ocorridos com usinas nucleares na Pensilvânia (1979, Estados Unidos) e o de Chernobyl (1984, Ucrânia), a EPA anunciou, em 1990, uma política para diminuir a quantidade dos resíduos industriais a serem tratados no final do processo (fim de tubo), com a ideia de estimular um pensamento inovador: reduzir o desperdício na fase inicial, na aquisição da matéria-prima e também durante o processo produtivo (BISHOP, 2000). As técnicas de fim de tubo relacionam-se com o fim do processo, ou seja, é quando a empresa deixa para reparar os aspectos ambientais no final do processo (resíduos, efluentes e emissões) depois que o problema já aconteceu. Prevenir a poluição tornou-se, então, a nova estratégia proposta para a proteção ao meio ambiente pelas organizações. FALANDO EM CONCEITOS Para entender o conceito de Prevenção da Poluição, é preciso compreender a palavra Poluição. “Poluição é a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente: a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; c) afetem desfavoravelmente a biota; d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos”. (BRASIL, 1981) NBR ISO 14001:2004 define Prevenção da Poluição como:2 Escassez: Pouca quantidade 3 Premissas: Ideias ou fatos iniciais de que se partem para criar um raciocínio (AULETE, 2007) “O uso de processos, práticas, técnicas, materiais, produtos, serviços ou energia para evitar, reduzir ou controlar (de forma separada ou combinada) a geração, emissão ou descarga de qualquer tipo de poluente ou rejeito, para reduzir os impactos ambientais adversos”. ABNT, 2004 Dessa forma, a partir da definição, fica evidente que a Prevenção da Poluição incorpora tanto elementos relacionados com a modificação de processos industriais com foco na minimização de desperdícios, quanto na implementação de práticas de sustentabilidade voltadas para a conservação dos recursos naturais. Esta estratégia, que deve ser considerada como uma ferramenta da gestão ambiental, pode partir da mudança de um insumo4, de processos ou até padrões de gerenciamento que atuam para reduzir ou eliminar os poluentes e resíduos na fonte geradora. PREVENÇÃO DA POLUIÇÃO VERSUS FIM DE TUBO Prevenção da Poluição e Medidas fim de tubo Fonte: Kiperstok (2006), adaptado. Podemos observar na figura que nos degraus mais baixos estão as técnicas de fim de tubo. O foco destes métodos não é a redução da quantidade de resíduos ou poluentes, mas sim a correção dos impactos causados pela geração destes resíduos. Quando avançamos nos degraus de cima, encontramos as medidas que tem o foco na modificação do próprio processo produtivo dentro de uma organização ou em sua cadeia produtiva. O objetivo, desta vez, é identificar o que está causando os impactos ambientais, para corrigi-lo na fonte geradora, ajudando a prevenir a geração de resíduos, otimizando melhor as matérias-primas e a energia que entram no processo (KIPERSTOK, 2006). 4 Insumo: Cada um dos elementos ou fatores que que se deve fornecer para que determinada atividade ou produto seja desenvolvido. Apesar das dificuldades em se implantar a prevenção da poluição, com o aprendizado e internalização deste conceito é possível aumentar o lucro das organizações a partir da redução do desperdício dos recursos naturais e gastos com tratamento e disposição de resíduos. FERRAMENTAS DE PREVENÇÃO DA POLUIÇÃO A seguir, serão apresentadas algumas ferramentas de Prevenção da Poluição, que serão discutidas de forma mais detalhada no decorrer do curso. Produção mais Limpa (P+L) Ecoeficiência Ecodesign Simbiose Industrial Análise de Ciclo de Vida (ACV) A partir desta breve apresentação das ferramentas de Prevenção da Poluição, podemos perceber as diferentes estratégias que foram criadas para alcançar a redução da poluição nos diferentes ramos - empresarial, industrial, de serviços – e, até mesmo, no aspecto pessoal de cada indivíduo. PRODUÇÃO MAIS LIMPA (P+L) Ao estudar sobre os conceitos da Prevenção da Poluição vimos que a P+L é uma das ferramentas utilizadas para melhorar o desempenho das empresas e também adicionar ganhos ambientais, econômicos e técnicos, sempre respeitando os princípios da sustentabilidade. Pronto para começar? Produção Mais Limpa ou P+L, como é amplamente conhecida na literatura, é uma abordagem metodológica criada em 1994, pela UNIDO/UNEP, para tratar da prevenção da poluição nas indústrias, conforme vimos no capítulo anterior. Conforme verificamos no capítulo anterior, reduzir a poluição, ou seja, a degradação da qualidade ambiental é o combustível motivador das medidas de P+L. Desta forma, a Produção Mais Limpa sempre vai questionar a origem dos resíduos e das emissões, evitando o uso das técnicas de fim de tubo. Neste sentido, a proteção ambiental entraria como parte integral da ideia do produto, bem como do processo produtivo em si. As consequências da implantação de uma P+L são diretas: redução do consumo de material; economia de energia e água; redução de riscos ambientais; melhoria da imagem da empresa; e, cumprimento do princípio constitucional do desenvolvimento sustentável. Técnicas Para Redução da Poluição Para um melhor entendimento de uma Produção Mais Limpa, apresentaremos neste item um esquema com as técnicas para redução da poluição e os passos que conduzem a esta metodologia. Um dos mais importantes teóricos do assunto foi o Michael D. La Grega, que lançou em sua publicação, em 1994, uma figura que associava as técnicas de redução da poluição em uma escala hierárquica. A leitura da figura a seguir deve ser realizada no sentido da esquerda para direita e de cima para baixo, priorizando as medidas de prevenção, e, em último caso, as técnicas de fim de tubo5. 5 Fim de tubo: As técnicas de fim de tubo relacionam-se com o fim do processo, ou seja, é quando a empresa deixa para reparar os aspectos ambientais no final do processo (resíduos, efluentes e emissões) depois que o problema já aconteceu. Reduzir na fonte, ou seja, diminuir a extração/uso da matéria-prima (controle na fonte) ou mudanças no produto, sempre é a primeira ação ou possibilidade para minimizar a poluição do ponto de vista preventivo. A redução na fonte através da mudança no produto pode causar impactos diretos no negócio6, e, de forma geral, os empreendedores tem uma maior resistência a aceitar esta possibilidade. O controle na fonte pode ser realizado a partir de três alternativas: mudança nos insumos, mudança de tecnologia e boas práticas operacionais. Diferente do que muitos imaginam, a reciclagem é a segunda grande possibilidade de prevenção da poluição, e não a primeira. Ainda assim, a reciclagem interna na forma de regeneração e reuso ainda é preferível, pois, parte da lógica da reintegração do resíduo ao processo sem precisar enviar o resíduo para uma reciclagem em outro local, gerando consumo de combustível no transporte, emissões atmosféricas e outros aspectos 6 Impacto direto no negócio: neste sentido, impacto no negócio, refere-se ao fato de o produto sofrer ampla modificação, o que pode influenciar diretamente no escopo do negócio, clientes e mercado. ambientais ou, ainda, dispor no ambiente7. A recuperação do resíduo para uso, como subproduto, entra como uma possibilidade posterior, pois, haverá consumo novamente de insumos para esta transformação, o que, ambientalmente, não é recomendado. Por fim, a última possibilidade trazida no diagrama de La Grega et al. (1994) é o tratamento dos resíduos. Esta última coluna reflete exatamente as medidas de fim de tubo, que ainda são necessárias em alguns casos, mas não devem ser prioritárias. Observe, por fim, que a prioridade da Produção mais Limpa está no topo (à esquerda) do fluxograma: evitar a geração de resíduos e emissões (nível 1). Os resíduos que não podem ser evitados devem, preferencialmente, ser reintegrados ao processo de produção da empresa (nível 2). Na sua impossibilidade, medidas de reciclagem fora da empresa podem ser utilizadas (nível 3). A partir do fluxo descrito por La Grega et al. (1994), pudemos identificar diversos benefícios de aplicação do método: economia de recursos (naturais e financeiros),ganhos ambientais, devido à redução na fonte e consequente diminuição dos resíduos, além de repensar a lógica da produção frente à sustentabilidade. Neste sentido, de acordo com o Centro Nacional de Tecnologias Limpas (CNTL), primeira instituição difusora do método no Brasil autorizada pela UNIDO, o programa deve ser executado em 20 passos, que compõem cinco diferentes etapas. Veremos, a seguir, cada uma delas. ETAPA 1: Planejamento e Organização Passo 1: Obter comprometimento e envolvimento da alta direção Passo 2: Estabelecer a equipe do projeto (Ecotime) Passo 3: Estabelecer a abrangência da P+L Passo 4: Identificar barreiras e soluções ETAPA 2 : Pré-avaliação e Diagnóstico Passo 5: Desenvolver o fluxograma do processo Passo 6: Avaliar as entradas e saídas Passo 7: Selecionar o foco da avaliação da P+L 7 Dispor no ambiente: colocar o resíduo tratado corretamente no ambiente. ETAPA 3: Avaliação de P+L Passo 8: Originar um balanço material e de energia Passo 9: Conduzir uma avaliação de P+L Passos 10 e 11: Identificar e selecionar opções de P+L ETAPA 4: Estudos de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental Passo 12: Avaliação preliminar Passo 13: Avaliação ambiental Passo 14: Avaliação técnica Passo 15: Avaliação econômica Passo 16: Selecionar as opções a serem implementadas ETAPA 5: Implementação de Opções e Plano de Continuidade Passo 17: Preparar plano de implementação de P+L Passo 18: Implementar as opções de P+L Passo 19: Monitorar e avaliar Passo 20: Sustentar atividades de P+L A partir desses 20 passos, qualquer organização tem condição de implantar um programa de P+L em seus processos produtivos, e, dessa forma, melhorar a situação ambiental da empresa, economizando recursos naturais e tendo retornos econômicos. A partir da breve explanação sobre a metodologia de Produção Mais Limpa, pode-se observar os diversos benefícios trazidos às organizações. Claro que quando houver investimento (custo) por parte da empresa, sempre haverá resistência dos proprietários, por isso é importante evidenciar o tempo de retorno do valor investido no sistema, através do cálculo do quanto ele vai economizar anualmente com a aplicação da medida de P+L. AVALIAÇÃO DO CICLO DE VIDA (ACV) Agora que você já sabe o que é Prevenção da Poluição e Produção mais Limpa, está na hora de conhecer uma poderosa ferramenta de avaliação ambiental de produtos e serviços. Essa ferramenta permite ampliar o nosso olhar, fazer uma avaliação ampla de todos os possíveis impactos, exercitando assim a visão sistêmica8. Para isso, estudaremos nesse capítulo a parte conceitual de Avaliação do Ciclo de Vida, incluindo a Aplicação e Softwares. O conceito de avaliação do ciclo de vida surgiu no intuito de identificar melhor os impactos ambientais associados às atividades humanas. Esse novo paradigma9 se configura como uma visão sistêmica, ou seja, completa, uma visão do todo, da relação do produto ou serviço com o meio ambiente, considerando todas as etapas do seu ciclo de vida. A Figura traz as etapas do ciclo de vida de um produto a partir da perspectiva ambiental, desde a extração dos recursos naturais até o fim de vida do produto. Ciclo de Vida de produtos e serviços Fonte: JRC-ELCD (2014). Analisando a Figura, podemos observar: Todo ciclo de vida se inicia na extração de recursos naturais, ou seja, na retirada daqueles materiais que a natureza dispõe sem modificação humana. Na indústria as matérias-primas10 são usadas para manufaturar11 produtos cada vez mais complexos e que exigem materiais de alta qualidade. Após a manufatura, os produtos são distribuídos para seus mercados consumidores. O consumo e utilização dos produtos é uma etapa que pode impactar o meio ambiente, se, por exemplo, o produto demandar uso de energia, de água, assim como gerar resíduos sólidos, efluentes e emissões. 8 Visão sistêmica: refere-se a uma percepção e/ou compreensão do todo (sistema) e não de partes isoladas, ou seja, considera e analisa a interação entre as partes e seus possíveis efeitos. 9 Paradigma: refere-se a um modelo ou padrão. 10 Matérias-primas: recursos naturais utilizados para a produção de bens de consumo. 11 Manufaturar: produzir bens de consumo em série e com grande quantidade. A coleta dos resíduos (produto pós uso) deve ser pensada de modo que os materiais não sejam misturados e possivelmente contaminados, para que, assim, possa aumentar seu potencial de reaproveitamento. Você Sabia? Toda ACV deve ser feita do “berço ao túmulo”, ou seja, desde a extração da matéria- prima até a sua disposição final. Porém, alguns estudos são feitos para partes menores do ciclo de vida, a exemplo do estudo de “portão ao portão”, ou seja, dentro dos limites da fábrica (do portão de entrada ao portão de saída). Aplicação da ACV O principal objetivo da aplicação da ferramenta do ciclo de vida é fornecer dados, através de indicadores12, para que sejam identificadas as oportunidades de eliminação ou minimização dos impactos ambientais, ao invés de apenas mudar o tipo de impacto ou transferi-lo para outra etapa. De uma forma geral, a ACV é usada para subsidiar decisões que promovam o aumento da ecoeficiência13 dos produtos, a partir da redução do uso de recursos e geração de resíduos em todas as fases do seu ciclo de vida. Como exemplo, Hawkins (2013) constatou, através de um estudo de ciclo de vida comparativo entre veículos convencionais e elétricos, que os carros elétricos emitem menos Gases de Efeito Estufa (GEE) do que os veículos convencionais a combustão, mesmo usando energia elétrica de fonte fóssil. Saiba Mais Para saber mais sobre ACV estude a norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) NBR ISO 14044 de 2009 - Avaliação do Ciclo de Vida (ACV). Softwares de ACV Estudos de ACV envolvem uma grande quantidade de dados de inventário, portanto, demandam tempo da equipe para o levantamento desses dados. Dessa forma, os softwares e bases de dados são ferramentas imprescindíveis na ACV, pois auxiliam e viabilizam a condução do estudo de forma mais prática e rápida, além de garantir cálculos e conclusões com menores chances de erros. Existem diversos softwares e base de dados disponíveis no mercado, a exemplo do Simapro, Umberto e Gabi. Chegamos ao final dessa etapa! Estudamos a ferramenta Avaliação do Ciclo de Vida e você certamente ampliou a sua percepção sobre os possíveis impactos ambientais e a necessidade de uma avaliação ampliada, ou seja, sistêmica, para julgar, sob o aspecto ambiental, os produtos e serviços. 12 Indicadores: são dados numéricos que indicam sobre algo que está sendo investigado. No caso da ACV os indicadores utilizados são, por exemplo, o consumo de água (m³), emissão de carbono (t), geração de efluente (m³). 13 Ecoeficiência: “entrega de bens e serviços com preços competitivos que satisfaçam as necessidades humanas e tragam qualidade de vida, reduzindo progressivamente impactos ambientais dos bens e serviços, através de todo o ciclo de vida, em linha com a capacidade estimada da Terra em suportar” (WBCSD apud AGENDA EMPRESARIAL 21). ECODESIGN O design é aplicável a diversas áreas, tais como serviços, produtose processos produtivos. São bem amplas as possibilidades de sua aplicação e, por isso, é muito importante que você a compreenda e a relacione com a questão ambiental. A pessoa que atua na área do Design é chamada de Designer e ela se dedica à “desenhar” produtos, ou seja, projetar a forma dos produtos para que atendam aos requisitos do consumidor e também aos demais aspectos de seu desenvolvimento. São vários aspectos que devem ser considerados para a realização de um bom design, que segundo Venzke (2002) podem ser ergonômicos14, tecnológicos, econômicos, ambientais, sociais, estéticos e antropológicos15. O termo Ecodesign surgiu na década de 1990, quando a indústria eletrônica dos EUA procurava minimizar o impacto no meio ambiente decorrente de sua atividade. Dessa forma, a Associação Americana de Eletrônica (American Electronics Association) buscou desenvolver projetos com a preocupação ambiental. A partir de então, o interesse pelo assunto cresceu e os termos Ecodesign e Design for Environment (desenho para o meio ambiente) passaram a ser mencionados em programas de gestão ambiental (BORCHARDT et al., 2007 apud BORCHARDT et al, 2008). Você já consegue fazer o “link” entre design e meio ambiente, ou seja, Ecodesign? Vamos a um exemplo? Considere o produto “amaciante de roupa”. Observe na figura que existe o amaciante convencional (diluído) e o amaciante concentrado. 14 Ergonômicos: deriva da palavra ergonomia que trata do estudo das relações entre o homem e a máquina, esp. no ambiente de trabalho, com o objetivo de aumentar a sua produtividade (AULETE, 2008). 15 Antropológicos: deriva da palavra antropologia que é a ciência que estuda a espécie humana, sua origem, seu desenvolvimento, seus hábitos (AULETE, 2008). O design apresentado para cada tipo de embalagem de amaciante é diferente não é mesmo? O material usado é o mesmo, mas o tamanho é diferente. Então, qual das duas embalagens é menos impactante para o meio ambiente? Enquanto você vai pensando na resposta, vamos ver alguns exemplos de Ecodesign: - Ventilador de teto convencional com 4 paletas e o inovador com 2 paletas; - Cadeira de sala de estar convencional e a inovadora (pequena e com pouco material); - Carro de passeio convencional e um carro de passeio inovador (pequeno e leve); - Garrafa de água mineral plástica convencional (resistente) e a inovadora (leve e mais frágil, ou seja, verdadeiramente descartável). Já sabe qual das duas embalagens é menos impactante para o meio ambiente? Você certamente está pensando que é a embalagem menor, pode até ser, mas antes analisaremos algumas questões: O que vai garantir que ela é menos impactante? Que outros aspectos estão associados aos ganhos ambientais do design da embalagem de amaciantes? Vamos listar alguns critérios para apoiar a nossa análise: Quantidade de uso do produto (rendimento), Material da embalagem, Peso da embalagem, Quantidade de produto, Gasto de matéria prima na produção, Número de viagens para transportar o produto até o mercado consumidor e Resíduo gerado pós uso. Avaliando os critérios, observamos que não basta ser menor para ser melhor ambientalmente, porque se a embalagem maior for capaz de amaciar uma quantidade maior de roupas (rendimento), então possa ser que a embalagem menor seja mais impactante, pois serão necessários vários amaciantes de embalagem menor para chegar ao resultado maior de lavagem, ou seja, não basta olhar apenas um aspecto do produto, temos que avaliar vários critérios os quais, na verdade, nada mais são do que aspectos ambientais que podem gerar impactos ambientais. No exemplo dado, o amaciante concentrado apresenta melhor opção sob o aspecto ambiental, você concorda? O que fizemos agora, avaliando qual embalagem é melhor ambientalmente, nada mais foi do que um exercício resumido de ACV (Avaliação do Ciclo de Vida)! Estes são alguns princípios de Ecodesign, de acordo com o MMA: a) Escolha de materiais de baixo impacto ambiental: menos poluentes, não tóxicos ou de produção sustentável ou reciclados, ou que requerem menos energia na fabricação. b) Eficiência energética: utilizar processos de fabricação com menos energia. c) Qualidade e durabilidade: produzir produto que dure mais tempo e funcione melhor a fim de gerar menos resíduos sólidos. d) Modularidade: criar objetos cujas peças possam ser trocadas em caso de defeito, pois assim não é todo o produto que é substituído, o que também gera menos resíduos sólidos. e) Reutilização/reaproveitamento: propor objetos feitos a partir da reutilização ou reaproveitamento de outros objetos; projetar o objeto para sobreviver após o uso, criar ciclos fechados. Você Sabia? O Ecodesign também pode ser aplicado na construção civil, ou seja, em projetos de edificações! Outro segmento é a Logística, que tem diminuído seus custos a partir de mudanças no design das embalagens. Veja que através do Ecodesign é possível a empresa gerar inovação, e, assim, alcançar novos mercados, se tornando diferenciada e mais atrativa aos seus clientes; ou seja, com o Ecodesign não apenas o meio ambiente é favorecido, mas, também, o aspecto econômico da empresa. Toda inovação tem um público alvo a ser beneficiado e, isso, também, é ganho social! OBSOLESCÊNCIAS PROGRAMADA E PERCEPTÍVEL Neste capítulo estudaremos como a indústria aliou a tecnologia e o marketing para estimular o consumo. A seguir estudaremos essas práticas que são a obsolescência16: programada, perceptível e a obsolescência funcional. Obsolescência programada Utilizada por muitas empresas, a obsolescência programada consiste na redução da vida útil de um determinado produto, ou seja, a criação de produtos com curta durabilidade. Neste caso então, ao invés de usar a tecnologia para ampliar a vida útil do produto, ocorre o contrário, a tecnologia é usada para reduzir, e, como consequência, ocorre o aumento do consumo, que passa a ser ilimitado (GOETHE, 2012). O produto deixa de funcionar e muitas vezes não encontramos peças para reposição, além disso, o conserto é muito caro e o incentivo é que se compre outro. O marketing17 nesse momento entra em cena e tem como objetivo, por exemplo, sensibilizar e conduzir os consumidores a adquirir um novo produto. Nessa estratégia a redução do ciclo de vida do produto é justificada, sobretudo, pela necessidade de movimentação econômica e pela busca prazerosa do indivíduo ao consumir. Isso explica o fato dos produtos serem desenvolvidos com período curto para perder sua utilidade e serem substituídos por um novo (CARDOSO, 2013). 16 Segundo o Ferreira (1983) apud Novaes (2012), obsolescência é o “fato ou processo de tornar-se obsoleto”, enquanto obsoleto é o bem que caiu em desuso, está arcaico (FERREIRA, 1989). 17Marketing: técnica de comercialização de produto envolvendo como estratégia a publicidade e a propaganda. Saiba Mais O documentário The Light Bulb Conspiracy (2010 – AObsolescência Programada), da cineasta alemã, Cosima Dannoritzer, mostra as consequências ambientais geradas por essa prática em países desenvolvidos e em desenvolvimento e as alternativas criadas para resistir a esse padrão de consumo. Obsolescência Perceptível A obsolescência perceptível é uma prática realizada por diversas empresas e disseminada pelas campanhas publicitárias que tem como objetivo trabalhar o lado psicológico das pessoas, fazendo com que busquem a troca de produtos por satisfação pessoal, no intuito de possuírem produtos com uma aparência inovadora e com mais funções (CARDOSO, 2013). O consumidor, atraído por uma nova estética, adquire um novo produto e descarta o anterior ainda sendo utilizável, por considerar ultrapassado, tornando-se assim obsoleto pela percepção. A aquisição de um novo produto traz consigo informações de status e poder, o consumidor passa a ser reconhecido para a sociedade. Um bom exemplo da obsolescência perceptível são os celulares e smartphones, trocados periodicamente, é a moda, com peças que são substituídas a cada nova estação. A moda e a obsolescência perceptível Saiba Mais Para ampliar seu conhecimento sobre como a obsolescência programada conduz a um consumo desenfreado assista ao vídeo “A História das coisas”. Obsolescência Funcional Esse tipo de obsolescência ocorre quando há evolução da tecnologia ou da funcionalidade do produto. Muitas vezes o produto se torna inútil devido à evolução tecnológica, podemos citar como exemplo a máquina de escrever, que foi substituída pela máquina de escrever eletrônica e posteriormente pelo computador (BATISTA, L. BARCELOS, 2012). O consumidor avalia o produto e percebe que a vida útil do produto é afetada pela baixa qualidade dos materiais que o compõem ou quando partes essenciais não estão mais disponíveis sendo mais viável adquirir um produto novo ao invés de buscar peças de reposição para o conserto do antigo (PALARES, 2011). Podemos citar alguns exemplos clássicos dessa obsolescência a substituição do telégrafo pelo telefone e a substituição dos disquetes pelo pen drive. O assunto estudado nos leva a refletir que o consumo desenfreado, potencializado pelas estratégias de obsolescência dos produtos, gera impactos às vezes irreversíveis, como o esgotamento dos recursos naturais, utilizados como matéria prima, e o acúmulo de resíduos; ou seja, trata-se de um padrão de produção e consumo insustentável. Cabe ao consumidor saber que essa prática gera impactos ambientais e ter senso crítico para questionar seus direitos como cidadão. DESMATERIALIZAÇÃO Neste capitulo iremos perceber que o mercado começou a criar necessidades para os consumidores e estes passaram a comprar produtos que antes não existiam. Mas será que existe preocupação do mercado com a qualidade dos produtos ofertados? Há preocupação com a sustentabilidade? Surgiram novos produtos e diversos serviços disponíveis para os consumidores, que, estimulados pelo mercado, absorvem essas novidades tecnológicas. Para alcançar seu público alvo e ter resultados positivos, o mercado passou a ter mais cuidado com o consumidor, tornou-se mais competitivo para atender às solicitações desse público, e passou a oferecer produtos de boa qualidade com tecnologia de ponta. Saiba Mais Existe um modelo denominado Sistema Toyota de Produção utilizado em empresas do mundo inteiro e que se caracteriza pela busca em eliminar, sistematicamente, toda e qualquer perda do início do processo, no estágio de matéria-prima, na etapa de processamento até o produto transformado. Com os avanços conquistados a partir da gestão da qualidade, começam a se integrar a esse sistema um maior número de parceiros, fornecedores e distribuidores. Sistema Produto-Serviço - PSS Utilizar a tecnologia a nosso favor foi uma das estratégias adotadas frente aos desafios impostos pela busca da qualidade. A proposta do sistema denominado Sistema Produto- Serviço (PSS) é valorizar a função e a utilidade do produto, associando produto e serviço (IPT, 2011). Esse sistema trouxe um desafio com relação ao projeto do produto, considerado agora como pacote de serviços. Existem três categorias em que o sistema PSS normalmente é dividido (Turkker, 2004 citado em Borchardt, et. al.,2010): - PSS orientado ao produto/serviço: o produto é vendido e são oferecidos assessoria para obter um uso mais eficiente. Exemplo: manutenção de máquinas; - PSS orientado ao uso: um produto é disponibilizado para uso, mas o provedor (empresa fabricante) mantém direito sobre o bem e oferece manutenção, reparo e controle; paga-se normalmente taxa. Exemplo: Sinal digital das Tv´s à cabo. - PSS orientado ao resultado: parte das atividades de uma empresa é terceirizada - o consumidor não compra um produto e, sim, o resultado. Exemplo: pagar pela cópia impressa à empresa que realiza o serviço. Após essa explanação e reflexão sobre o ganho ambiental em cada uma dessas categorias, vamos conhecer algumas estratégias do Sistema Produto-Serviço. PSS e Meio Ambiente: Desmaterialização Estratégias de controle de qualidade são aplicadas desde a origem do produto, no design (ecodesign18) até na sua destinação final. Devemos entender que, ao associar produtos e serviços, o produto não perde qualidade, na verdade, evita-se o desperdício e a poluição, considerados símbolos de fracassos de qualquer projeto (Ideia Sustentável, 2010). Uma das estratégias do PSS é poupar recursos naturais/energéticos e expandir economicamente, e a prática a ser utilizada para alcançar esse objetivo é chamada tecnicamente de “desmaterialização do produto”, que busca reduzir o uso de materiais na produção, consequentemente reduzir o consumo (IPT, 2011). Podemos citar a experiência de algumas empresas que modificaram seus produtos para atender o PSS e diminuir o impacto gerado com a produção de resíduo: - Computador: Inicialmente os computadores eram compostos por CPU, tela, teclado e mouse, hoje quase obsoletos, eles foram substituídos por computadores portáteis, e ficaram popularmente conhecidos como notebook. O resultado é a redução do uso de matéria prima, sem perda de qualidade. - Aparelhos celulares: com o avanço da tecnologia as empresas desenvolveram soluções para gastar menos energia, ter matéria agregada, gerando menor custo e maior lucro. Hoje, um simples celular possui várias funções, tais como: telefone, GPS19, relógio, filmadora, máquina fotográfica, scanner, calculadora, TV, acesso à internet. Estes aparelhos recebem o nome de smartphone. As mudanças só foram possíveis porque os consumidores se sentiram incomodados com o atual modelo de produção, passaram a exigir produtos de melhor qualidade, pressionando o sistema, e, do outro lado, as empresas viram a necessidade e possibilidade de mudança, de forma a produzir com sustentabilidade gerando menor impacto ambiental, com consumidores mais conscientes das suas ações, com padrões de consumos mais sustentáveis. A desmaterialização se apresenta como uma rota alternativa frente ao atual padrão de produção e consumo, com o objetivo de poupar os recursos naturais. Estamos observando um momento de reconfiguração do modelo de crescimentoeconômico predominante, que começa a se preocupar com o desenvolvimento de tecnologias limpas, conservação dos recursos naturais, ou seja, processos produtivos sustentáveis. 18 Ecodesign: processo onde há a associação da preocupação ambiental com o projeto do produto, com vistas à sustentabilidade ambiental e minimização dos impactos ambientais. 19 GPS: Global Positoning System (Sistema de Posicionamento Global) tem função informar posicionamento individual no globo terrestre EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Como o próprio nome diz Eficiência Energética é a utilização de energia20 de forma eficiente, com menor desperdício e menor consumo. É a maneira correta que temos de economizar energia, reduzir os níveis de contaminação e contribuir para o Desenvolvimento Sustentável. O conceito de Eficiência Energética está intimamente ligado com o conceito de Energia cuja origem vem do grego, energeia, que significa “operação, atividade”. Isso é importante para utilizar melhor os recursos naturais e obter menores custos, pois qualquer energia independente da fonte gera impactos ambientais e tem um custo para quem paga a conta no final do mês. Por isso, agora vamos aprender a calcular o consumo de energia para que possamos estabelecer metas para a sua redução e assim gerar ganhos ambientais e econômicos. Cálculo do Consumo de Energia Observando uma nota fiscal (conta) da companhia fornecedora de energia elétrica, você verificará que o consumo é cobrado em Quilowatts-horas (kWh). Para entender esta unidade de medida é necessário antes aprender alguns conceitos: Tensão ou voltagem: é o fluxo (circulação) de eletricidade que flui através de um circuito alimentado por uma força eletromotriz21, que pode ser uma bateria. Sua unidade é Volts (V). Corrente Elétrica: dizemos que é a intensidade, o que flui em virtude da tensão. Sua unidade é Ampères (A). Potência: é medida no momento em que temos a união da tensão e corrente em que um equipamento ou máquina é acionado; ou uma lâmpada é acesa. Indica a velocidade com que se consome a energia elétrica. A Potência Elétrica (P) = Tensão que se conecta ao receptor (V) x a intensidade da corrente que atravessa o receptor (A) = Watts (W). A unidade é o Watts (W), entretanto, você também encontrará a unidade em Quilowatts (kW). Para fazer essa conversão, basta dividir o valor em watts (W) por 1000. 𝑘𝑊 = 𝑊 1000 20Energia: A energia é capaz de fazer funcionar as coisas: movimenta motores, acionar eletrodomésticos, ilumina as lâmpadas e etc. A energia se apresenta de diversas formas como a energia eólica, nuclear, mecânica, térmica, etc. 21 Força Eletromotriz - Força elétrica produzida pela conversão de qualquer forma de energia em energia elétrica, que gera uma corrente elétrica. oem Realce Todo equipamento já sai de fábrica com o valor de sua Potência Elétrica, e, normalmente, já conta com placas indicativas ao fundo, ou no manual. Em último caso, temos que perguntar ao fabricante. Abaixo um exemplo de placa indicativa de potência elétrica: PLACA INDICATIVA DO EQUIPAMENTO Vamos calcular a potência elétrica de entrada e saída desse equipamento exemplificado na figura: Lembrando que: Potência Elétrica (P) = Tensão (V) x Corrente (A) = Watts (W) Potência elétrica de entrada (Input) = 240V x 160A = 38.400 W Potência elétrica de saída (Output) = 240V x 145A = 34.800 W Média da Potência Elétrica em Watts = (38.400W + 34.800W) / 2 = 36.600W Média da Potência Elétrica em kWatts = 36.600W / 1000 = 36,6kW ~ 37kW Você observou que o valor médio da Potência Elétrica é igual a 37kW ou 50 HP? Isto acontece porque alguns países utilizam como unidade de medida de Potência Elétrica, o Cavalo de Força ou Horse Power - HP. A outra unidade de medida de Potência Elétrica é o Cavalo de Vapor (C.V). Alguns autores consideram H.P e C.V, iguais, entretanto outros autores consideram que: - 1HP=746W = 0.746kW - 1CV =735W = 0.735kW Agora vamos converter a Potência Elétrica de 37kW da figura acima em HP? É muito fácil, basta aplicar uma regra de três simples: 1 H.P = 0,746kW X = 37kW X= 37𝑘𝑊𝑥 1𝐻.𝑃 0,746𝐾𝑤 = 49,60 = ~50H.P Está lembrado que no início falamos que o Consumo de Energia Elétrica é medido em kWh (Quilowatts/hora)? Ou seja: Energia = Potência Elétrica x tempo. E= kW x h. Então, com o valor em kW que já aprendemos a calcular, vamos associar ao número de horas em que o equipamento ou a lâmpada, ficou em funcionamento (ligado ou acesa). Consumo Energia = kWatts x horas. Caso você queira calcular o Consumo da Energia por semana, ou mês ou ano, basta multiplicar pelos dias do período em questão: (sete dias - semanal), (trinta dias - mensal) ou (365 dias – anual). Além disso, se quiser calcular o custo do Consumo Semanal, Mensal ou Anual da Energia consumida por um equipamento, basta multiplicar o valor de kWh consumido pelo período requerido, pelo valor da tarifa. Veja alguns exemplos. Exemplo1:Vamos calcular o custo do Consumo Mensal de Energia para uma residência, considerando um Consumo Mensal de Energia Elétrica de 264kWh, e uma tarifa de R$ 0,53 por kWh consumido: Custo de Consumo Mensal de Energia = kWh x tarifa Custo de Consumo Mensal de Energia = 264kWh x R$0,53 Custo de Consumo Mensal de Energia =R$ 139,92 Exemplo2:Vamos calcular o custo de energia mensal de uma lâmpada, considerando que ela tem potência igual a 60W e permanece acesa 4h por dia durante um período de 30 dias, e que a tarifa é de R$ 0,44kWh. Primeiro devemos converter a potência de W para kW: kW= 𝑊 1000 = 60 1000 = 0,060kWh Consumo Mensal de Energia = kW x h x 30 Consumo Mensal de Energia = 0,060 kW x 4h x 30 = 7,2 kWh Custo de Consumo Mensal de Energia = kWh x tarifa Custo de Consumo Mensal de Energia = 7,2 kWh x 0,44 = R$ 3,17 O custo mensal da lâmpada será de R$ 3,17 reais. Acabamos de aprender como calcular o consumo mensal de energia e o custo mensal do consumo de uma lâmpada. Desta maneira, é possível saber, dentro de uma mesma categoria, que eletrodoméstico consome menos energia; ou seja, aquele que apresenta um melhor nível de eficiência energética. Trata-se do que chamamos de “Selo PROCEL Eletrobrás de Economia de Energia, ou simplesmente Selo PROCEL. É o Programa de Conservação de Energia Elétrica que, através do seu selo, comprova a eficiência energética de um eletrodoméstico. De acordo com seus níveis de eficiência energética, os oem Realce aparelhos são classificados pelo Inmetro22 em categorias que vão de "A" a "G". O INMETRO é o órgão executor do Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE), cujo principal produto é a Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE). Normalmente, os produtos contemplados com o Selo Procel são caracterizados pela faixa "A" da ENCE. A seguir, figura da etiqueta PROCEL e exemplo de etiqueta ENCE e informações que ela apresenta Saiba Mais Aprofunde seus conhecimentos acessando o Portal do PROCEL (Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica), no site da Eletrobrás. Voltando ao caso das lâmpadas, como fazer para obter menor consumo, ou seja, eficiência energética? Precisamos procurar lâmpadas mais eficientes. A etiqueta PROCEL atualmente só existe para as lâmpadas fluorescentes circulares e compactas.É necessário, portanto, entender sobre Eficiência Energética em Sistemas de Iluminação. 22 Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia Eficiência Energética em Sistemas de Iluminação Normalmente a iluminação representa o maior percentual de consumo de energia elétrica nas indústrias e consome 19 % de toda a eletricidade do mundo (LIGHTING PHILIPS, 2014). É também muito utilizada em residências, vias públicas, etc., e, por isso, é necessário conhecer bem as lâmpadas para saber que tipo utilizar. Quanto menos watt uma lâmpada consome e mais luz ela emite, mais eficiente ela é. Vejamos alguns exemplos. Eficiência Energética Estimada de Alguns Tipos de Lâmpadas Lâmpada Incandescente Vapor de Sódio Lâmpada Econômica23 Potência 100 Watts 150 Watts 20 Watts Fluxo Luminoso 1350 Lm 17.000 Lm 1350 Lm Eficiência 13.5 Lm/W 113 Lm/W 68 Lm/W Fonte: Adaptado do site da PHILLIPS (LIGHTING PHILIPS, 2014) Agora que você já aprendeu um pouco sobre as lâmpadas, leia sobre algumas medidas de Eficiência Energética que podem ser aplicadas em sistemas de iluminação: Medidas de eficiência energética em sistemas de iluminação Já existem várias soluções/medidas de eficiência energética para iluminação de diferentes ambientes, pelas empresas fabricantes de lâmpadas, onde até a escolha da tonalidade da cor da luz que a lâmpada emite é importante, pois vai gerar temperaturas diferentes. Observe algumas medidas de eficiência energética no uso das lâmpadas: • Utilize lâmpadas que emitam muita luz e consumam menor quantidade de energia. • Utilize lâmpadas que possuam uma maior vida útil. 23 Lâmpada Econômica – Fluorescentes e LED • Aproveite sempre a iluminação natural (luz do dia). É aconselhável a instalação de telhas translúcidas ou transparentes em galpões. • Estude a viabilidade de substituir as lâmpadas incandescentes pelas fluorescentes e LED, que são mais econômicas. • Limpe as lâmpadas e luminárias periodicamente. A poeira acumulada na superfície reduz o fluxo de luz. • Verifique a possibilidade de instalação de sensores de presença em ambientes como halls, banheiros, corredores, almoxarifados, etc. •Use luminárias espelhadas para aumentar a eficiência da iluminação. Assim, você pode reduzir o número de lâmpadas por luminárias e obter economia de energia. • Desligue as lâmpadas ao se ausentar da sala ou local de trabalho. Saiba Mais Aprenda mais sobre lâmpadas no site da PHILIPS. Acabamos de ver algumas medidas de Eficiência Energética em Sistemas de Iluminação. Vamos aprender um pouco agora sobre Eficiência Energética em Edificações? Eficiência Energética em Edificações Os edifícios - sejam residências, escritórios, hospitais, indústrias, etc. - consomem uma grande quantidade de energia, não apenas com o sistema de iluminação, mas, também com o sistema de aquecimento ou resfriamento, com a movimentação de máquinas, etc. É necessário então que haja um consumo consciente desta energia para que o meio ambiente não seja impactado negativamente. É onde entra a Eficiência Energética, que deve ser pensada desde a concepção da construção de um edifício. Desde o projeto já se deve pensar em posição adequada para um melhor aproveitamento de ventilação natural, no uso de energias renováveis como o aproveitamento da luz solar em painéis solares, dentre outras medidas. Vamos conhecer algumas delas? Medidas de eficiência energética em edificações Projetar a localização do edifício de acordo com os pontos cardeais (norte, sul, leste e oeste), pensando em um melhor aproveitamento da luz solar e ventilação natural. Incentivar o uso de energias renováveis como utilização de energia solar térmica e energia solar fotovoltaica. - Energia Solar Térmica. A energia do sol pode ser captada através de painéis solares e transferida para um meio portador de calor (água ou o ar), aquecendo esses meios, e, se necessário, gerar vapor para posterior produção de energia elétrica. Placa Solar Térmica em Telhado Fonte:http://www.solostocks.com/img/venta-de-placas-solares-termicas-depositos-acumuladores-bombas- intercambiador-1770919z0.jpg - Energia Solar Fotovoltaica. Consiste na transformação direta da energia solar em energia elétrica. É possível devido às propriedades de materiais semicondutores de eletricidade através das células fotovoltaicas, que tem como material básico o silício. Placa Solar Fotovoltaica em Telhado Fonte:http://www.solariberica.es/blog/ Utilizar materiais de isolamento adequado para prevenir perdas de calor e não ocorrer um maior consumo de energia pelo uso de ventiladores e aparelhos de ar condicionado. Substituir elevadores convencionais elétricos pelos elevadores hidráulicos de última geração. Bem, você já aprendeu um pouco sobre eficiência energética em sistemas de iluminação e edificações, veremos alguns exemplos que poderiam ser aplicados em uma indústria. Medidas de Eficiência Energética em uma Indústria - Evitar infiltrações em ambientes com ar condicionado. - Operar equipamentos em horários “fora de ponta24”. - Usar lâmpadas mais eficientes. - Evitar perdas de ar nos compressores. - Evitar fugas nos dutos de distribuição de vapor. - Revisar e fazer manutenção contínua no isolamento do sistema de vapor de equipamentos térmicos. - Utilizar combustíveis mais econômicos e menos poluentes. - Reaproveitar, onde possível, a água utilizada nos processos industriais. Você deve estar se perguntando quais são os benefícios da eficiência energética? Podemos destacar como benefícios: a redução dos custos de produção no caso de uma indústria; a redução do valor da conta de luz, no caso de uma residência; a redução de consumo de fontes de energia; a diminuição da contaminação ambiental, que, no caso de empresa, estará cumprindo com requisitos solicitados pelas normas internacionais: ISO 9000, ISO 14000 e a mais recente, ISO 50001; e a melhoria da imagem da empresa frente a seus clientes, pois demonstra o comprometimento da alta direção com o meio ambiente. A partir daqui é possível concluir que a Eficiência Energética interessa a todos: residências, microempresas, empresas de pequeno e grande porte, etc. Todos os equipamentos que utilizamos - seja nos locais de trabalho ou em casa; a iluminação pública; e os veículos, entre outros, consomem fonte de energia e envolvem custo. 24 Fora de ponta- Período de maior consumo e mais caro. oem Realce RESPONSABILIDADE CORPORATIVA O conceito de Responsabilidade Corporativa é relativamente recente no âmbito empresarial. Quando uma organização é realmente preocupada: (i) com o bem-estar dos seus funcionários e oferece condições dignas de trabalho; (ii) com o meio ambiente; (iii) em gerar empregos decentes; e, (iiii) em ajudar a movimentar a economia de seu país de forma correta e positiva, pode-se afirmar que a empresa se configura como responsável. O tema de Responsabilidade Corporativa25ficou conhecido como a responsabilidade da organização com os funcionários e a sociedade. Porém, é importante fazer um breve histórico do conceito e das abordagens da Responsabilidade Social Corporativa. Segundo AECA (2004), Responsabilidade Social Corporativa incorpora o termo “social” e vai mais além. É a relação ética e transparentecom todos os públicos que se relacionam com a empresa para o desenvolvimento do seu negócio e da sociedade, preservando-se os recursos ambientais e humanos para as gerações futuras. Uma empresa que adota este conceito como uma premissa dentro da sua cultura organizacional não está interessada apenas em lucro ou em seu desenvolvimento. Sua responsabilidade é para além do negócio, encontrando-se comprometida com o desenvolvimento da sociedade. Seguindo a mesma lógica da realidade ambiental do mundo, na década de 80 ocorreu o despertar para a preocupação com o bem-estar, a saúde e a integridade dos trabalhadores. Dessa forma, é possível afirmar que a Responsabilidade Social busca a inclusão social, em harmonia com a promoção da cidadania e da sustentabilidade; e esse compromisso das organizações ajuda na melhoria da qualidade de vida de toda a sociedade. Para poder garantir o entendimento e a uniformidade do cumprimento das diretrizes que orientam os princípios da responsabilidade social, foram criadas algumas normas para orientar a sua implantação e manutenção. No que se refere a esse compromisso social com os trabalhadores, houve três importantes marcos históricos que aconteceram no mundo nos anos de 1997, 2004 e 2010, e que repercutiram no Brasil. Em 1997 foi lançada nos Estados Unidos, e, no mesmo ano no Brasil, a SA268000 que se tornou o primeiro padrão global de certificação relacionado à Responsabilidade Social, garantindo os direitos dos funcionários. Em 2004 foi publicada no Brasil a Norma Brasileira - NBR 16001:2004 de Responsabilidade Social – Sistema de Gestão. Enquanto a SA 8000 se baseia nas diretrizes da OIT, fundamentadas em critérios restritivos, a NBR 16001 adapta um modelo mais gerencial e aplicado na melhoria da organização e alinhado as outras normas ISO. 25 Responsabilidade corporativa: Responsabilidade das organizações 26 SA: do inglês Social Accountability, que em português significa responsabilidade social. Exclusivamente nacional, a NBR 16001:2004 refletiu a preocupação do país com o bem- estar e o direito dos trabalhadores, garantindo a promoção da cidadania, a ascensão do desenvolvimento sustentável e a transparência das atividades. Esta Norma segue a estrutura das outras NBRs, contendo política, planejamento, requisitos de documentação, e monitoramento dos processos com foco na melhoria contínua do sistema. Em primeiro de novembro de 2010, foi publicada na Suíça a ISO27 26000:2010 - Diretrizes em responsabilidade social, com lançamento no Brasil em dezembro do mesmo ano. Do ponto de vista internacional, a responsabilidade social assume uma projeção diferenciada, e ficou amplamente reconhecida por nortear as organizações sobre os princípios e as diretrizes que devem ser seguidos por aquelas que desejam serem socialmente responsável. Relatório de Sustentabilidade Uma forma interessante de demonstrar o comprometimento com os princípios do desenvolvimento sustentável é através da publicação dos “Relatórios de Sustentabilidade” gerados periodicamente. Essa iniciativa é promovida por uma organização não-governamental denominada Global Report Initiative (GRI) fundada em 1997 pela CERES e pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP). A GRI tem atuação mundial e disponibiliza ferramentas e recursos para ajudar organizações a elaborarem seus relatórios. De acordo com a Global Reporting Initiative28 (GRI) o Relatório de Sustentabilidade divulga o desempenho econômico, ambiental, social e de governança da organização relatora. Seguindo a estrutura proposta pela GRI a empresa faz uso de maior transparência organizacional. De acordo com o site da GRI (2014), este relatório é “uma plataforma fundamental para comunicar os impactos de sustentabilidade positivos e negativos bem como para obter informações que podem influenciar na política, estratégia e nas operações da organização de uma forma contínua”. Apesar de uma excelente estratégia para divulgar o compromisso da organização em diferentes frentes de atuação, os relatórios de sustentabilidade devem ser feitos com as premissas da responsabilidade corporativa, da mesma forma que deve ser recebido pela comunidade com cuidado, para não criar uma imagem “verde” de uma empresa que simplesmente cumpre requisitos legais. Afinal, o desafio da sustentabilidade convida as empresas a um esforço muito maior, ou seja, à produção sustentável! 27 ISO: internationalorganization for standardization -organização internacional de padronização. 28Global ReportingInitiative: uma Organização Não-Governamental composta por uma rede multistakeholders, fundada em 1997 pela CERES e pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). ECONOMIA VERDE As atividades desenvolvidas com a finalidade de produzir, distribuir e entender o fluxo de consumo de bens e serviços necessários à sobrevivência e à qualidade de vida é chamado de Economia. Como desdobramento desse conceito, há alguns anos surgiu o conceito de Economia Verde, mas o que significa este termo? O conceito de Economia Verde foi lançado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente - PNUMA, em inglês United Nations Environment Programme (UNEP). Em 2011, o PNUMA definiu economia verde como: “aquela que resulta na melhoria do bem-estar humanidade e igualdade social, ao mesmo tempo em que reduz significativamente os riscos ambientais e a escassez ecológica”. É aquela apoiada em três estratégias principais: a redução das emissões de carbono, uma maior eficiência energética e no uso de recursos e a prevenção da perda da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos. 29 Inicialmente bastante criticado e politicamente pressionado, considerado por muitos como uma reiteração de “velhas ideias”, o conceito foi adaptado com a inserção da a questão social na sua finalidade. Após alguns ajustes, a Economia Verde passou a ser definida como: "aquela que resulta na melhoria do bem-estar humano e da igualdade social, ao mesmo tempo em que reduz significativamente os riscos ambientais e das limitações ecológicas"; em síntese, uma economia de baixo-carbono, eficiente no uso de recursos naturais e socialmente inclusiva (UNEP, 2011, p.16). FONTE: ORLANDI (2012). 29 Serviços Ecossistêmicos: benefícios que as pessoas obtêm da natureza e que sustentam a vida na terra, por exemplo: fornecimento de água e ar puros, água doce dos sistemas fluviais, solos férteis e absorção do CO2. Com esse novo conceito, o PNUMA conseguiu inserir a Economia verde como tema central na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável ("Rio+20"). Para embasar as discussões durante a Rio+20, o PNUMA publicou o documento de referência: “Rumo à uma economia verde”, no qual se defende a ideia que ‘esverdeamento’ de economias não inibe a criação de riqueza ou oportunidades de emprego (PNUMA, 2011). Segundo Stern (2002), citado em “Economia verde: a reiteração de ideias à espera de ações”, a Economia Verde tem como pilar o desacoplamento (decoupling). O termo “decoupling” pode ser entendido como uma tentativa de desvinculação entre crescimento econômico e a depleção30 de recursos naturais ou degradação ambiental, ou seja, busca de estratégias para redução da quantidade de recursos naturais,como a água ou combustíveis fósseis, utilizados na produção que, caso continuem sendo utilizados no ritmo atual, podem gerar deterioração ambiental. Assim sendo, a Economia Verde é constituída de mecanismos que estão relacionados a três vertentes: 1. A primeira é a diminuição do uso de combustíveis fósseis, procurando alternativas para a matriz energética instalada no mundo desde a Revolução Industrial; 2. A segunda é inovar tecnicamente para manter o crescimento econômico sem afetar as reservas de biodiversidade, ou seja, mantendo ou conservando os ativos ambientais; 3. E a terceira é o incentivo aos programas de erradicação da pobreza e diminuição das desigualdades sociais. Para centralizar os esforços na Economia Verde, foram priorizados os seguintes temas em destaque (PEREIRA, 2011): - Energia e Mudanças Climáticas A Economia Verde promove ações que levem a processos relacionados ao combate às mudanças climáticas de origem antrópica, além de impulsionar mecanismos que promovam processos produtivos limpos e de geração de energia limpa, com a priorização de energias sustentáveis para todos. Propõe também um maior acesso à energia sustentável, à duplicação da eficiência energética e à duplicação do uso de recursos renováveis de energia, tudo até 2030. - Cidades Habitáveis: Construção Civil e Transporte Sustentável 30Depleção de recursos naturais: diminuição da quantidade de recursos naturais provocada por seu consumo indiscriminado. Envolve melhorias em transporte público e na construção civil, através de compromissos de governos, instituições financeiras internacionais, autoridades locais e comunidades, buscando uma melhor qualidade de vida nas cidades, através do fortalecimento dos serviços sociais. Assim, planejamento urbano focado na melhoria da mobilidade para usuários de transporte público, ciclistas e pedestres; aumento da eficiência de água; melhoria da qualidade dos empreendimentos de habitação de interesse social, energia nas habitações, bem como redução do impacto nos ecossistemas naturais, foram temas inseridos na agenda da Economia Verde para promoção de cidades habitáveis. Podemos citar como exemplo o Transporte de Baixo Carbono e o sistema BRT (Bus Rapid Transit), sistema de transporte sustentável, compostos por ônibus de alta capacidade que circulam por corredores exclusivos. - Agricultura e Alimentos Para promoção de um futuro de “fome zero” com desnutrição zero entre crianças, zero desperdício de comida, a Economia Verde busca disseminar boas práticas agrícolas usando tecnologias acessíveis a pequenas propriedades rurais e famílias de agricultores, objetivando uma agricultura sustentável, o aumento acentuado na produção de comida e na renda de pequenos agricultores. - Oceanos e Pesca Segundo a ONU (2012), 85% de todas as espécies de peixes estão sobre-exploradas, esgotadas, em recuperação ou plenamente exploradas, assim foi enfatizada a necessidade de ações neste segmento, que envolvam governos, a ONU e as organizações regionais e não governamentais para conter a sobrepesca. Além disto, propõe-se também a expansão da proteção de áreas marinhas, visando proteger a biodiversidade marinha, reduzir a poluição dos oceanos e os impactos da mudança climática, como a acidificação31 dos oceanos. O Banco Mundial anunciou, durante a Rio+20, que mais de 80 países, grupos da sociedade civil, companhias privadas e organizações internacionais declararam apoio à nova Parceria Global pelos Oceanos. - Indústria, Químicos e Resíduos Em relação ao setor industrial, há proposição de ações que busquem ampliar o uso de fontes de energia ou de matérias-primas renováveis, alternativas de não contaminação ou substituição de produtos perigosos aos ecossistemas, uso mais eficiente dos recursos ambientais (energia, materiais, solo, água etc.) e a redução de qualquer forma de desperdício (resíduos, efluentes, gases de efeito estufa, etc.). A Economia Verde busca também incentivar a construção de políticas públicas que favoreçam a inovação e a 31 Acidificação: impacto resultante do aumento do teor de acidez no ar, na água ou no solo, provocado pela disposição de rejeitos ácidos. formação de parcerias público privada para estímulo do processo de mudança para a Produção e Consumo Sustentáveis. - Florestas e Uso da Biodiversidade A Economia Verde propõe atividades que visem à conservação ou a recuperação ambiental, considerando que as florestas sejam indutoras de emprego, além de gerarem benefícios relacionados à produção e gerenciamento dos serviços ecossistêmicos florestais, que incluem o gerenciamento de carbono/regulação do clima, o gerenciamento da qualidade da água, o fornecimento de energia e o ecoturismo. Os serviços chamados de ecossistêmicos ocorrem quando o homem trabalha para a preservação do ecossistema, executando um serviço ambiental. Essas práticas são essenciais para a manutenção da qualidade de vida no planeta (clima, qualidade dos recursos hídricos e manutenção da biodiversidade). Hoje existe um instrumento de Pagamento por Serviços ecossistêmicos (PES) ou Serviços Ambientais (PSA), que é uma política de incentivo a adoção ou manutenção de práticas conservacionistas, baseado no princípio do provedor-recebedor. - Água O acesso à água confiável e limpa e aos serviços sanitários adequados para todos são premissas da Economia Verde, que lançou uma iniciativa global para prover acesso universal à água potável até 2030, melhorar os sistemas de água onde ocorram desperdícios e aumentar a eficiência do uso de água na agricultura, na área energética e na indústria. - Economia Solidária e Finanças Sustentáveis A Economia Verde propõe o desenvolvimento de Políticas Sociais que visem à erradicação de pobreza, acesso à educação e a empregos dignos, ou seja, que consideram o atendimento aos diretos humanos e a capacidade das pessoas de se desenvolverem continuamente. Saiba Mais Para saber mais sobre Economia Verde leia a publicação do PNUMA: Rumo à Economia Verde. Caminhos para o Desenvolvimento Sustentável e a Erradicação da Pobreza. A prática do conceito da Economia Verde exigiu vários desdobramentos, como cidades habitáveis, agricultura e pesca sustentável, etc. Agora, o desafio é conseguir, em curto prazo, a quebra de padrões de produção e consumo, sabidamente insustentáveis, bem como a disseminação das iniciativas provocadas por este conceito. Saiba mais: Para saber mais sobre esse assunto, pesquise no site Pensamento Verde. LOGÍSTICA VERDE Para começarmos a compreender a Logística Verde, reflita: O que é Logística? Para que serve a Logística? Onde podemos verificar a presença da Logística em nosso dia-a-dia? Estamos falando de uma área do conhecimento que tem evoluído muito com a tecnologia da informação, com os equipamentos de Global Position System (GPS)32 e com a abertura do comércio entre os países, dentre outros, é a Logística! A Logística, segundo Simonato (2011, p.123), é: ...um conjunto de recursos (mão-de-obra, recursos de produção, máquinas, elementos de movimentação e armazenagem) empregados para desenvolver fisicamente todas as operações de fabricação, espaço físico para armazenagem e movimentação, que permitam assegurar o fluxo de matérias desde os fornecedores até o cliente. Você pode estar se perguntando: o que a Logística tem a ver com a produçãoe consumo sustentáveis? Pois é, tem tudo a ver! Vamos entender? Como apresentado na definição acima de Simonato, a Logística consiste de várias atividades, e dentre elas podemos destacar o transporte, seja o transporte da matéria-prima até a fábrica, ou mesmo do produto até a loja distribuidora. Até aqui já podemos compreender o que é logística, porém para avançarmos no entendimento de Logística Verde vamos adotar a atividade de transporte como exemplo. Vamos ver alguns aspectos e seus possíveis impactos ambientais, relacionados à atividade de transporte na figura a seguir. Você já tinha refletido que existem muitos aspectos ambientais associados à atividade de transporte? Foi refletindo sobre esses aspectos e possíveis impactos que surgiu a Logística Verde, ou seja, a Logística que se realiza levando em consideração os cuidados necessários com o meio ambiente, economizando combustível, minimizando a geração de resíduos e poluição em geral. Dessa forma, observa-se que a gestão ambiental está sendo aplicada à Logística e, por isso, ela passou a ser denominada de Logística Verde, que segundo Donato (2013): “É a área da logística que se preocupa com os aspectos e impactos da atividade logística sobre o seu entorno (comunidade e meio ambiente). Este é o termo usado para definir um instrumento de gestão que irá mensurar os aspectos e impactos da atividade logística e desta forma criar mecanismos para: conter o aumento abusivo de emissão de resíduos ao meio ambiente, o armazenamento desprotegido de materiais, seu mau uso e/ou ausência de reaproveitamento.” 32 GPS: em português significa Sistema de Posicionamento Global, trata-se de um sistema de navegação, o qual através de satélites os pontos podem ser georreferenciados e assim serem identificados a partir de suas coordenadas geográficas. Parte Aspecto Ambiental Impacto Ambiental Tanque de combustível Consumo de combustível Escassez de recursos naturais Pneu Geração de resíduos de pneu Proliferação de mosquitos da dengue Motor Emissão de ruído ambiental Poluição sonora oem Realce oem Realce Você Sabia? Os caminhões pesados correspondem a 56 % da frota brasileira e são responsáveis por 30 % das emissões de gás carbônico (CO2) derivadas do transporte (BRASIL, 2011). Agora que você já compreende o que é a Logística Verde, vamos ver mais alguns exemplos de aspectos e impactos ambientais associados à atividade de armazenamento, que faz parte da Logística: São várias as ações a serem tomadas para garantir um sistema logístico verde. Iremos relacionar algumas, mas você pode identificar outras: Definir roteiros mais curtos para reduzir o gasto de combustível, pneu, óleo, baterias, dentre outros itens relacionados ao transporte, assim como as emissões atmosféricas; Utilizar combustível renovável ou com baixa emissão de carbono, a exemplo do álcool, biodiesel e gás natural; Reciclar os resíduos gerados, tais como pneu, óleo lubrificante e baterias; Utilizar transporte menos impactante considerando não somente rodovia, mas também as hidrovias, ferrovias e aéreo. A Logística Verde além de ajudar na proteção ambiental, confere ganhos econômicos às empresas porque reduz o gasto de pneus, combustíveis, óleos lubrificantes, acidentes ambientais, emissões atmosféricas, dentre outros; melhora a imagem da empresa para todas as partes interessadas (comunidade, clientes, governo...) e confere melhor qualidade de vida à população que fica menos exposta à poluição. Saiba Mais Para saber mais sobre e Logística Verde ou Ecologística leia o livro de Vitório Donato: Logística Verde. Uma Abordagem Socioambiental. Veja o quanto podemos melhorar os nossos processos de produção! Sempre teremos oportunidades de sermos sustentáveis. Fique atento! Aspecto Ambiental Impacto Ambiental Vazamento de produto químico Contaminação do solo Consumo de energia Escassez de recursos naturais Geração de resíduos de embalagens contaminadas Contaminação do solo CONSTRUÇAO SUSTENTÁVEL A construção civil é um dos setores econômicos que mais gera emprego em nosso país. No entanto, apesar de sua importância, este segmento é responsável por alto consumo de recursos naturais e impactos ambientais significativos, visto que a sua cadeia produtiva envolve empresas de construção de edificações, obras viárias, infraestrutura (rodoviária e portuária) e industriais (MMA). Dessa forma, essa área vem ganhando destaque por promover a construção sustentável, que visa conciliar ganho financeiro, proteção ao meio ambiente e qualidade de vida através da adoção de práticas sustentáveis. De acordo com a Agenda 21 para a Construção Sustentável em Países em desenvolvimento o conceito de construção sustentável é “um processo holístico que aspira a restauração e manutenção da harmonia entre os ambientes natural e construído, e a criação de assentamentos que afirmem a dignidade humana e encorajem a equidade econômica" (MMA). A construção sustentável, tem como principal compromisso a redução de possíveis impactos ambientais que possam vir a surgir com as construções desde a fase de obra até o seu uso. Essa nova tendência foi inicialmente disseminada em 1992, quando o evento Rio-92 abordou as possíveis práticas sustentáveis na construção civil. Nesse momento se estabeleceu diretrizes para alcançar um modelo de edificações que refletisse as características do ambiente natural, aliando aos processos da construção o conceito de ecologia. Após a Rio 92, encontros e conferências foram realizadas para discutir esse novo modelo, e, em 1998, no Reino Unido, foi lançada a primeira entidade de certificação de prédios sustentáveis no mundo a BREEAM – Building Research Establishment Environmental Assessment Method que significa Método de Avaliação Ambiental do Estabelecimento de Pesquisa para Edifícios (IDHEA, 2014). Iremos estudar suas estratégias e benefícios, além de refletir e disseminar soluções viáveis que assegurem a sustentabilidade. Projeto de Construção Sustentável Para conseguir vencer os desafios e realizar projetos de construções sustentáveis é necessário que haja adoção de práticas sustentáveis, desde a elaboração do projeto até a execução da obra. Pensando nas estratégias sustentáveis para a construção, foi lançado em 2010 pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) o Programa de Construção Sustentável. A figura a seguir apresenta os sete temas definidos pela CBIC como prioritários para a elaboração de projetos sustentáveis na construção civil (CBIC, 2014): Meio ambiente, infraestrutura e desenvolvimento urbano: Esse tema propõe associar os aspectos ambientais e sociais na elaboração dos projetos, tendo em vista elaboração de propostas sistêmicas em harmonia com o ambiente. Uma estratégia a ser utilizada é o planejamento do uso e ocupação do solo, essencial para a sustentabilidade, propondo soluções para adensamento populacional, alteração de paisagem natural, desmatamento, desvio de cursos d´água, formação de barreiras arquitetônicas1, alteração de microclimas3, mobilidade urbanas e resíduos sólidos produzidos. Nesse tema, algumas das ações sugeridas pelo Programa de Construção Sustentável são: • Incentivo a iniciativas para a recuperação de áreas degradadas, com o estabelecimento de critérios e procedimentos para
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