Resumo Dentro da Titrimetria está a Titulação Volumétrica que, no dia-a-dia da bancada da química ainda é uma técnica que permite obter resultados precisos e exatos com baixo custo pela rapidez da resposta, pouco consumo e a simplicidade/disponibilidade da maioria dos reagentes. Filosofar sobre a confiabilidade desta técnica e a significância dos resultados sempre gerará discussões. Validar, buscar incertezas nesta técnica requer desafios que podem complicá-la para cumprir “tabela”, pode não ser uma tarefa inteligente. Summary “Volumetric Titration” lies within the field of “Titrimetry” which, on a day-to-day approach of Chemistry, still is a simple technique that allows the obtainment of exact, precise, low cost and quick results. One may agree with its simplicity and availability of most reagents, but the reliability of the technique and significancy of results obtained will always be a matter of discussions. To validate and estimate the mathematical uncertainty of this technique is a challenge of great proportions and, perhaps, a not so wise task to accomplish. Flávio Leite* T&E Analítica – Laboratório de Análises Químicas * Correspondência: Rua Sto. Antonio Claret, 193 Jardim Chapadão CEP 13073-450. Campinas. SP Fone: (19) 3242-2244 Fax: (19) 3213-0817 E-mail: teanalitica@teanalitica.com.br, flavio@teanalitica.com.br Home Page: www.teanalitica.com.br A FANTÁSTICA TITRIMETRIA-TITULAÇÃO VOLUMÉTRICA Introdução No atual estágio da Química Analítica, a Titrimetria que contempla a Titulação Volumétrica rompe a barreira dos anos para atingir secularidade. Num mundo de cromatografias, espectrometrias e espectroscopias, a titulação segue humilde resolvendo problemas e sempre despertando discussões sobre sua validade, o que permite dentro deste mundo instrumental, desafiar o conhecimento dos analistas na busca de equações químicas que possam interpretar o processo titulométrico, tais como: estequiometria, reação química, cinética, equilíbrio ou outras análises que legitimem a titulação. A busca por técnicas eliminatórias que reduzam as dúvidas do resultado (para o total de açúcares redutores via Fehling antes, faz-se um ensaio de Molisch para verificar se realmente trata-se de carboidratos) aumentam o poder de correlação e de resposta do analista, enfim, a titulometria ainda faz o químico se sentir químico ao aplicar seus conhecimentos práticos ou teóricos e da filosofia da química. Uma grande vantagem da titulação é dispensar, na maioria das análises, o famigerado padrão analítico de referência. Como foi simples e animador aprender a fazer titulação, bastava ter alguns indicadores apesar de haver centenas em tabelas com seus usos e pH(s), um suporte universal com garra para bureta, uma bureta, um erlenmeyer, pipetas volumétricas de 1 a 25mL, bequer de 100mL, uma pisseta que não vazava e cheia de água destilada e logicamente uma boa “munheca” para agitação vigorosa equilibrada. A Titulação Volumétrica Consideremos a titulação volumétrica clássica, aquela que qualquer escola ou empresa podia ter, aquela que o operador de campo pode fazer e dar continuidade ao processo, aquela que o analista faz e garante que “virou” de vermelho-carmin para incolor, ou de azul esverdeado para verde azulado, a de olhar em mesmo nível para o volume de viragem, para evitar o erro de paralaxe. Para o entendimento do conceito da titulação volumétrica, algumas equações ficam guardadas para sempre e são bem conhecidas dos analistas: Onde: ne= número de equivalentes da espécie química em estudo m= massa utilizada para análise da espécie química em estudo E= equivalente em gramas da espécie química M= peso molecular da espécie química K= valor identificado para cada espécie química Os valores de K podem ser identificados, resumidamente, da seguinte forma: a) Hidrácidos: HCl considere um único hidrogênio ionizável, portanto k = 1 ne = m E (1) E = M k (2) Revista Analytica•Agosto/Setembro2004•Nº1230 ARTIGO b) Hidroxiácidos: H 2 SO 4 considere, teoricamente, dois hidrogênios ionizáveis, portanto k =2 c) Sais: NaCl considere a carga total do ânion ou do cátion, portanto K=1 A aplicação das equações 1 e 2 para a definição de concentração volumétrica de soluções, resulta na quase não mais utilizada Normalidade, que relaciona a quantidade de equivalentes-grama da espécie (soluto ou analito) com o volume em litros da solução, podendo ser equacionado da seguinte forma: Onde: N = normalidade da solução em equivalentes-grama por litro V = volume em litros da solução O genial princípio da equivalência permite determinar a massa ou concentração do ativo sem precisar do padrão analítico de referência (caro, pouco disponível, tem vencimento, deixa de ser primário após vencimento) Onde: ne 1 = número de equivalentes do titulante ne 2 = número de equivalentes do titulado A Validação Hoje, quando se fala em validação fala-se também nos protocolos de validação, ou seja: a instituição deve ter no seu protocolo geral ou manual da qualidade, diretrizes para a realização de um processo de validação de método. Para um método específico, deve haver um protocolo de direção “o que fazer” no qual estarão definidos os valores máximos e mínimos aceitáveis da validação, em função da aplicabilidade do método. Quando entramos no conceito da validação, algumas variáveis são comuns para as técnicas analíticas: Seletividade/Especificidade Recuperação Limites (detecção e quantificação) Linearidade (curva de resposta) Precisão (repê e reprô) Exatidão Robustez Critérios de aceitabilidade Vamos conhecer resumidamente o que significa cada termo para a pertinência de aplicação em uma titulação simples manual. Seletividade/Especificidade Verificação de interferentes ao analito, quer por sobreposição ou por proximidade. Tornem claro em literaturas conceituadas a diferença de seletividade e especificidade para poderem aplicar o termo correto. Como sabemos, havendo ácidos ou sais de ácidos que na reação com o NaOH levem ao amarelo o indicador VM, ficará complexa a simples operação de validação, ou seja, pode-se fazer uma pesquisa de ânions por Cromatografia Iônica ou de sais por R-X difração, ou ainda trabalhar teoricamente com possíveis pK(s) e por meio de indicadores ter alguma probabilidade em garantir que a reação irá ocorrer num determinado percentual para o H+do HCl. Podemos também confrontar o resultado da titulação ácido/base com a argentimetria do cloreto, porém esta deverá estar também validada. A titulação é uma técnica seletiva. Consideração: É pertinente durante o desenvolvimento. Não há sentido em determinar seletividade/especificidade em processos já conhecidos. Lembrar que a titulação é aplicada para concentrações elevadas como a determinação de pureza, ou ainda quando são conhecidos os sistemas e eliminados, por conhecimento, possíveis interações com o titulante, ou seja, pode- se eliminar este quesito por conhecimento prévio. Recuperação Verificação percentual da quantidade de analito que pode ser isolado da amostra por alguma ação química, físico química ou biológica, para garantir um processo analítico. Normalmente num processo de titulação a amostra é dissol- vida ou diluída no meio não necessitando da determinação da recuperação. Quando se deseja determinar a acidez livre de uma amostra não miscível no meio titulável (desde que o titulante não reaja com o produto formando substância solúvel. Ex: ácido graxo + NaOH aquosa formando o sal do ácido graxo que é solúvel em água) e a extração ocorrer para os compostos ácidos solúveis ou parcialmente solúveis, pode-se estudar uma forma de