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Direito Penal e a Sociedade Atual

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Direito Penal e a Sociedade atual
Há algum tempo, precisamente no semestre passado (2016.1), fui parado no corredor da Faculdade onde leciono as disciplinas de Direito Penal, Processo Penal e Prática Jurídica, acreditem vocês, também Penal, por um aluno que após assistir uma das primeiras aulas do semestre, na disciplina de Direito Penal II, onde falávamos da aplicação da pena, seu histórico e seus momentos, me afirmou o seguinte: “-professor, não vejo importância nenhuma em se contextualizar o histórico e os princípios que regem do referido ramo, pois por sermos uma sociedade influenciável esquecemos tais conceitos e vivemos o momento, as vezes fugindo à regra para que a norma seja cumprida”. Dei aquele sorriso, pois já habituado a essas e outras indagações nos meus 17 anos de magistério superior e lhe respondi que: com o tempo ele saberia e praticaria a importância dos princípios e a história que elenca o Direito Penal e a importância da aplicação da pena nos moldes de ressocialização.
O que penso a Respeito?
A sociedade, segundo Giddings é cientificamente considerada como um agrupamento humano organizado de forma permanente à realização de um objetivo comum.
É uma estrutura deveras complexa, pois ela tem como substrato existencial as relações interpessoais, que só são possíveis através do comportamento intrapessoal de cada indivíduo que compõe a sociedade, pois, cada indivíduo tem um “plano de fundo”, composto por histórias, comportamentos, ideologias e motivações únicas, assim, a interação entre indivíduos poderá se dar de forma harmoniosa ou de forma caótica, daí nasceu a necessidade de socializar o indivíduo.
A socialização do indivíduo consiste na criação e/ou adaptação deste ao seu grupo, sendo que este processo se dá por meio de um conjunto de regras coatoras, também conhecido por aparato de controle social. Segundo Machado Neto (1987, p. 166) este aparato de controle social é constituído por normas do trato social, pelas normas morais, pela educação, pelas normas religiosas e pelo Direito, sendo que este último é formado pelo corpo de normas positivadas pelo Estado, que:
Sua função é a de socializador em última instância, pois a sua presença e a sua atuação só se faz necessária quando já as anteriores barreiras que a sociedade ergue contra a conduta anti-social [sic] foram ultrapassadas, quando a conduta social já se apartou da tradição cultural, aprendida pela educação para, superando as condições de mera descortesia, simples imoralidade ou mesmo, pecado, alcançar o nível mais grave do ilícito ou, tanto pior, do crime (MACHADO NETO, 1987, p. 166).
Dentre os vários ramos do Direito positivado no Ordenamento Jurídico Brasileiro atenho-me ao Direito Penal, sendo esta a minha área de atuação tanto na advocacia quanto no ensino, motivo-me por esse maravilhoso ramo do Direito pelas divergências doutrinárias e jurisprudenciais, seus princípios, suas normas, as consequências jurídicas do descumprimento destas e os efeitos causados na sociedade em decorrência de sua aplicação, tanto de forma correta quanto de forma incorreta.
Assim, o Direito Penal, considerado por muitos como o braço armado de nosso Ordenamento Jurídico, é um ramo do Direito que elenca infrações penais (crimes ou contravenções penais), cominando em uma punição (pena ou medida de segurança) àqueles que as cometem. Com efeito, as pessoas que cometem as condutas descritas nos tipos penais estarão sujeitas ao jus puniendi Estatal, podendo sofrer sanções que podem chegar até a privação de sua liberdade por tempo determinado, sendo fixada pelo Estado-Juiz em sentença penal condenatória.
Percebe-se, no meu entender, com a devida vênia dos colegas que pensam de forma contrária, que o Direito Penal se diferencia dos demais ramos do Direito por quatro motivos:
em razão da gravidade das penalidades aplicadas aos seus transgressores, tendo em vista que em outros ramos do Direito as punições impostas são, em sua grande maioria, de cunho patrimonial;
em razão da aplicação de suas normas e de suas penalidades, pois o Direito Penal é regido pelo princípio da intervenção mínima, devendo ser aplicado quando os demais meios jurídicos não forem capazes de solucionar determinado conflito, ou seja, deverá ser considerado como último recurso em razão da gravidade de suas penalidades;
em razão da proteção de determinados bens jurídicos, pois o Direito Penal somente se preocupa em tutelar os bens jurídicos mais valiosos à sociedade, não se preocupando com questões consideradas irrelevantes para a sociedade, conforme o estatuído pelo princípio da fragmentariedade;
o Direito Penal também funciona como um mecanismo limitador da atuação estatal, impedindo com que o estado haja de forma arbitrária, tanto na definição do que é uma conduta delituosa quanto na quantidade e na intensidade de suas penas, sendo que esses preceitos devem estar descritos em lei formal e de forma clara, ao passo que esta deve ser capaz de informar à sociedade quais são as condutas que são criminosas pelo nosso Ordenamento Jurídico.
Apesar do presente ramo ter evoluído bastante com o passar do tempo, é preciso ter em mente que esta evolução não se deu de forma linear e não se dará, pois em determinados pontos de nossa história houve um certo retrocesso nesta matéria, tendo em vista que esta segue os anseios da sociedade.
Pelo fato do Direito Penal exercer essa grande função de controle à sociedade, daí a importância de um estudo detalhado sobre a forma de aplicação jurisdicional/abstrata das penas, tanto no âmbito legal quanto no âmbito forense objetivando a demonstração dos reflexos sofridos pela sociedade em razão da sua aplicação díspar em relação a gravidade do fato delituoso.
Daí a necessidade de estudarmos incansavelmente o processo de evolução histórica sofrido pelo Direito Penal, abordando a sua origem, as suas funções, os seus destinatários, os seus mecanismos de controle social e todos os fatores sociais e científicos que moldaram toda a estrutura deste ramo do Direito.
Tal estudo nos leva a entender e interpretar de forma coerente, já que em vários casos e de acordo com o contexto divergente e que bom que existe tal contexto, a atual legislação penal, focando-nos nos dispositivos legais e nos princípios de Direito que determinam o procedimento de aplicação judicial da pena.
 POR: João Guilherme N Neto

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