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1 O USO DE MÍDIAS EM EDUCAÇÃO Adaptação do texto de Ana Paula Carlesso Ramos Apresentação O uso de mídias em Educação remete às possibilidades de interação e comunicação que podem ser potencializadas por recursos como internet, computador, TV, materiais impressos, rádio, programas televisivos, tele/videoconferências, etc. Logo, são muitos os recursos midiáticos que podem ser utilizados em atividades educativas, cada um com seu encaminhamento, planejamento e objetivos diferenciados, que vão além da disponibilidade do equipamento ou da definição de seu uso para determinada aula. Segundo Kenski (2006), pensar atividades que envolvam o uso de mídias impressas é diferente de pensar no uso do rádio, de programas televisivos, de vídeos ou das mídias digitais. Para a autora, um mesmo conteúdo sofre alterações dependendo do recurso que foi escolhido e os suportes que dele pode se beneficiar. Assim, o que propomos nesta unidade são algumas reflexões acerca das possibilidades educacionais oferecidas por essas diferentes mídias em cursos na modalidade a distância. Objetivos Identificar e caracterizar as diferentes mídias para cursos de Educação a Distância (EaD). Refletir sobre o papel das mídias em projetos de EaD. Discutir sobre a importância da comunicação e interação que as diferentes mídias oportunizam. [...] Conteúdos As Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC). Diferentes mídias em EaD. Aplicações pedagógicas das mídias em EaD. As tecnologias de Informação e Comunicação Na perspectiva de um renomado filósofo francês, Gilbert de Simondon (1969), o homem iniciou seu processo de humanização, ou seja, a diferenciação de seus comportamentos em relação aos dos demais animais, a partir do momento em que utilizou os recursos existentes na natureza em benefício próprio. Pedras, ossos, galhos e troncos de árvores foram transformados em ferramentas pelos nossos ancestrais pré-históricos. Com esses materiais, procurava superar fragilidades físicas em relação às demais espécies. Contava o homem primitivo com duas ferramentas naturais e distintas das demais espécies: o cérebro e a mão criadora (CHAUCHARD, 1972). Frágil em relação aos demais animais, sem condições de se defender dos fenômenos da natureza – a chuva, o frio, a neve... –, o homem precisava de equipamentos que ampliassem suas competências. Não podia garantir sua sobrevivência e sua superioridade apenas pela conjugação das possibilidades do seu raciocínio com sua habilidade manual. A utilização dos recursos naturais para atingir fins específicos ligados à sobrevivência da espécie foi a maneira inteligente que o homem encontrou para não desaparecer. (KENSKI, 2006) É interessante observar que sempre que pensamos em tecnologia nossa mente nos faz imaginar computadores e internet. Porém, com base no texto da pesquisadora acima, você pôde perceber que a tecnologia não se restringe apenas aos novos equipamentos e produtos. A tecnologia existe desde que o homem primitivo começou a utilizar- se dos recursos naturais, para atingir fins específicos ligados à sobrevivência. A evolução tecnológica confunde-se com a evolução social do homem, ou seja, à medida que a humanidade evolui, novas tecnologias surgem, ampliando as possibilidades e os recursos.Mas a evolução da tecnologia não se limita apenas ao uso dos novos equipamentos e produtos, ela também altera comportamentos. O homem transita culturalmente mediado pelas tecnologias que lhe são contemporâneas. Elas transformam suas maneiras de pensar, sentir, agir. Mudam também suas formas de se comunicar e de adquirir conhecimentos. (KENSKI, 2006) 2 DIFERENTES MÍDIAS EM EAD Em geral, quando nos referimos ao uso de mídias em projetos educacionais, a nossa imaginação nos articula diretamente às mais novas oportunidades tecnológicas de informação e comunicação, ou seja, a internet e todos os seus desdobramentos e inovações. Pensamos também no uso de programas televisivos, filmes e vídeos. Outros meios – como o rádio, o jornal e todas as formas midiáticas impressas etc. – ainda que conhecidos e utilizados em atividades de ensino, não são tão fortemente destacados nas pesquisas e publicações da área educacional. São muitas as mídias utilizadas em atividades educativas. Assim como cada modalidade de ensino requer o tratamento diferenciado do mesmo conteúdo – de acordo com os alunos, os objetivos a serem alcançados, o espaço e tempo disponível para a sua realização – cada um dos suportes midiáticos tem cuidados e formas de tratamento específicas que, ao serem utilizados, alteram a maneira como se dá e como se faz a educação (KENSKI, 2005). Vários meios foram utilizados desde que a modalidade EaD se instalou no Brasil, seja por meio do impresso, do rádio ou da TV. Os meios são as formas como as informações chegam aos destinatários. Eles também podem ser chamados de mídias que, em nosso texto, significa o suporte no qual pode-se registrar as informações. [...] KENSKI, V. M. Gestão e uso das mídias em projetos de Educação a Distância. Revista E- Curriculum, São Paulo, v. 1, n. 1, dez. 2005. Disponível em: http://revistas.pucsp.br/index.php/curriculum/article/view/3099/2042. AS MÍDIAS NA EAD Recordando, a EaD é assim denominada por superar a distância física entre o aluno e o professor. Ela acontece por meio de diferentes mídias: impressa, rádio, televisão, telefone, fax, computador, internet, etc. Moran (2000) em seu artigo “Ensino e aprendizagem inovadores com tecnologias”, afirma que hoje, nós professores, temos muitas opções metodológicas para organizar a comunicação com os alunos, seja no trabalho presencial ou no virtual. Depende de cada docente integrar as várias tecnologias e/ou procedimentos metodológicos que melhor se ajustem em situações específicas. Material Impresso O material impresso é um recurso indispensável de apoio ao uso de meios a TV e internet. Nele é possível encontrar todas as informações referentes ao curso, sua organização, conteúdos e objetivos, além de ser o principal meio para se chegar aos alunos situados em regiões isoladas, sem acesso a recursos sofisticados. Por isso, No material impresso especificamente destinado à educação a distância, é fundamental que se consiga estabelecer uma comunicação de mão dupla. Para isso, o estilo do texto deve ser dialógico e amigável: o autor tem de "conversar" com o aluno, criar espaços para que ele expresse de sua própria maneira o que leu, reflita sobre as informações patentes no texto e as das entrelinhas, exercite a operacionalização e o uso dos conceitos e das relações aprendidas e avalie a cada momento como está seu desempenho. Isso significa dar ênfase mais à aprendizagem do que ao ensino, buscando desenvolver um aprendiz ativo e seguro em relação ao caminho percorrido (SALGADO, 2002). SALGADO, M. U. C. Materiais escritos nos processos formativos a distância. 2002. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/4sf.pdf. Rádio O rádio foi uma das primeiras mídias utilizadas na EaD, pois oferecia baixo custo para aquisição, atingia quase todo o território nacional e, praticamente, todas as pessoas dispunham de um aparelho desse em suas casas. Muitos educadores desconhecem o potencial e as possibilidades oferecidas pelo rádio na educação, especialmente, para ensino a distância. [...] o poder de penetração do rádio é muito grande. [...] alcança 96% do território nacional, a maior cobertura entre todos os meios de comunicação, com público aproximado de noventa milhões de ouvintes (JUNG, 2005, p. 13 apud SOUZA; SOUZA, 2007). 3 SOUZA, I. S.; SOUZA, C. A. O poder do rádio na era da educação a distância. In: Congresso Internacional de Educação a Distância, 13, 2007, Curitiba. Disponível em: <http://www.abed.org.br/congresso2007/tc/53200713528PM.pdf>. Televisão A televisão, o cinema e o vídeo não são somente tecnologias de apoio, são materiais audiovisuais que mexem com a sensibilidade das pessoas. Para planejar a utilização dessas tecnologias, é preciso considerar os aspectos positivos e negativos da utilização dessas mídias. [...] os meios de comunicação audiovisuais – desempenham, indiretamente, um papel educacional relevante. Passam-nos continuamente informações, interpretadas; mostram-nos modelos de comportamento, ensinam-nos linguagens coloquiais e multimídia e privilegiam alguns valores em detrimento de outros. A informação e a forma de ver o mundo predominante no Brasil provêm fundamentalmente da televisão. Ela alimenta e atualiza o universo sensorial, afetivo e ético que crianças e jovens – e grande parte dos adultos - levam a para sala de aula. Como a TV o faz de forma mais despretensiosa e sedutora, é muito mais difícil para o educador contrapor uma visão mais crítica, um universo mais abstrato, complexo e na contramão da maioria como a escola se propõe a fazer. A TV fala da vida, do presente, dos problemas afetivos - a fala da escola é muito distante e intelectualizada – e fala de forma impactante e sedutora – a escola, em geral, é mais cansativa. O que tentamos contrapor na sala de aula, de forma desorganizada e monótona, aos modelos consumistas vigentes, a televisão, o cinema, as revistas de variedades e muitas páginas da internet o desfazem nas horas seguintes. Nós mesmos como educadores e telespectadores sentimos na pele a esquizofrenia das visões contraditórias de mundo e das narrativas (formas de contar) tão diferentes dos meios de comunicação e da escola (MORAN, 2002). MORAN, J. M. Desafios da televisão e do vídeo à escola. Disponível em: <http://www.eca.usp.br/prof/moran/desafio.htm>. Computadores e internet Almeida (2003) nos diz que a EaD, por meio dos ambientes digitais numa perspectiva de interação e construção colaborativa, favorece o desenvolvimento de conhecimentos relacionados à produção escrita para expressar o próprio pensamento, a leitura e a interpretação de textos, hipertextos e ideias registradas por outros participantes. Participar de um curso a distância em ambientes virtuais e colaborativos de aprendizagem significa mergulhar em um mundo virtual cuja comunicação se dá essencialmente pela leitura e interpretação de materiais didáticos textuais e hipertextuais, pela leitura da escrita do pensamento do outro, pela expressão do próprio pensamento através da escrita. Significa conviver com a diversidade e a singularidade, trocar ideias e experiências, realizar simulações, testar hipóteses, resolver problemas e criar novas situações, engajando-se na construção coletiva de uma ecologia da informação, na qual valores, motivações, hábitos e práticas são compartilhados (ALMEIDA, 2003). ALMEIDA. M. E. B. Educação a distância na internet: abordagens e contribuições dos ambientes digitais de aprendizagem. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 29, n. 2, p. 327-340, dez. 2003. Disponível em <http:www.scielo.br/pdf/ep/v29n2/a10v29n2.pdf>. Vídeo e teleconferência Cabe salientar que, apesar de o vídeo e a teleconferência não serem considerados mídias, esses recursos estão aqui dispostos por utilizarem diferentes mídias na sua aplicação e ainda, pela sua importância no desenvolvimento de cursos na modalidade a distância. A teleconferência consiste na geração via satélite de palestras, apresentações de expositores ou aulas com a possibilidade de interação via fax, telefone ou internet. O conferencista ou professor faz sua apresentação de um estúdio de televisão. Fala "ao vivo" para seu público-alvo, que recebe a imagem em um aparelho de televisão conectado a uma antena parabólica sintonizada em um canal pré- determinado. Teleconferência por satélite é essencialmente uma via de vídeo e uma via de áudio simultâneas, com a utilização de uma via de áudio ou fax como retorno para perguntas ou opiniões. Possibilita disseminar informações a um largo número de pontos geograficamente dispersos, já que o acesso via satélite beneficia as comunicações em longa distância. 4 Das tecnologias utilizadas no ensino a distância, a videoconferência é a que mais se aproxima de uma situação convencional da sala de aula, já que, ao contrário da teleconferência, possibilita a conversa em duas vias, permitindo que o processo de ensino/aprendizagem ocorra em tempo real (online) e possa ser interativo, entre pessoas que podem se ver e ouvir simultaneamente. Devido às ferramentas didáticas disponíveis no sistema, ao mesmo tempo em que o professor explica um conceito, pode acrescentar outros recursos pedagógicos, tais como gráficos, projeção de vídeos, pesquisa na internet, imagens bidimensionais em papel ou transparências, arquivos de computador, etc. O sistema permite ainda ao aluno das salas distantes tirar suas dúvidas e interagir com o professor no momento da aula, utilizando os mesmos recursos pedagógicos para a comunicação. Videoconferência é assim: uma tecnologia que permite que grupos distantes, situados em dois ou mais lugares geograficamente diferentes, comuniquem-se "face a face", através de sinais de áudio e vídeo, recriando, a distância, as condições de um encontro entre pessoas. A transmissão pode acontecer tanto por satélite, como pelo envio dos sinais comprimidos de áudio e vídeo, através de linhas telefônicas. (CRUZ; BARCIA, 2000). Pelo texto, é possível perceber que a diferença entre a vídeo e a teleconferência se dá no âmbito da interação, uma vez que a vídeo permite a socialização entre todas as pessoas ao mesmo tempo: todos ouvem e falam sem necessidade de troca de mensagens. Esses recursos trazem grandes vantagens para a EaD, uma vez que aproxima professores e alunos sem a necessidade do deslocamento, além de alcançar grupos de pessoas dispersos e/ou afastados dos estabelecimentos educacionais. Em contrapartida, a desvantagem apresentada por essa tecnologia é o alto custo para sua implementação, instalação e manutenção. CRUZ, D. M., BARCIA, R. M. Educação a distância por videoconferência. Tecnologia Educacional, ano XXVIII, n. 150/151, p. 3-10, dez. 2000. Disponível em <http://penta2.ufrgs.br/edu/videoconferencia/dulcecruz.htm>. Considerações finais Será que todas essas mídias garantem realmente a interatividade em cursos a distância? Enviar e-mail, abrir fóruns ou realizar chat sem propósito definido, garante interatividade? Alguns recursos, dependendo da forma de interação, necessitam inclusive de agendamento prévio e organização de horários, em função das diferentes regiões envolvidas. Essas formas de interação podem ocorrer de duas maneiras: assíncrona: aquela que ocorre por meio de e-mail ou participação em fóruns, ou seja, a comunicação não é em tempo real; síncrona: a que ocorre no chats ou seja, a comunicação que é feita online, simultânea. Assim, ao se propor cursos na modalidade a distância, é relevante lembrar que, para cada recurso utilizado, é necessário saber exatamente qual o objetivo proposto para essa utilização.
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