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6.b. FORMACAO DE PROFESSORES A DISTANCIA PRINCIPIOS ORIENTADORES

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FORMAÇÃO DE PROFESSORES A DISTÂNCIA: PRINCÍPIOS ORIENTADORES 
Luis Fernando Lopes – UTP 
Maria de Fátima Rodrigues Pereira – UTP 
 
 
Resumo 
 
Este texto analisa a formação dos professores e focaliza os cursos de formação inicial na 
modalidade a distância. A perspectiva de análise é a expansão destes cursos no Brasil a 
partir de 1996 à luz dos documentos do Banco Mundial e da Unesco, organismos, cujas 
orientações e políticas de financiamento tem influenciado a formulação e 
implementação das licenciaturas ofertadas pela Educação à distância (EaD). Para 
fundamentar as análises tomou por referentes os dados do INEP para EaD, considerando 
como aportes teóricos a perspectiva marxista e as análises de Shiroma e Moraes (2002) 
e Barreto (2010). O resultado decorrente da análise destes materiais permite identificar 
dois princípios orientadores para a oferta da formação de professores pela EaD: 
autonomia e democracia. Procede-se ao estudo destes princípios à luz da literatura 
produzida, aponta-se que não há um único entendimento a respeito, o que sinaliza para a 
necessidade de investigarmos para além das palavras, dos conceitos abstratos, antes, 
analisá-los no contexto histórico e nos interesses dos sujeitos que os pronunciam. 
 
Palavras - chave: Formação de professores a distância, princípios orientadores. 
 
Introdução 
 
Muito se tem escrito sobre formação de professores, formação a distância, 
formação no nível superior de ensino. A publicação de livros, artigos, dissertações, 
teses referente a este tema no Brasil, confirma o crescimento da pesquisa neste campo. 
Este texto objetiva contribuir com o debate instalado sobre a formação de 
professores pela educação à distância (EaD) e a formulação de políticas. 
 Neste sentido, apresentam-se, em sequência, os dados do INEP sobre Educação 
a distância, formação de professores pela a EaD, pesquisa da produção sobre a formação 
de professores pela EaD, organizada após consulta ao banco de teses e dissertações da 
CAPES, as recomendações dos organismos mundiais aqui entendidos como princípios 
orientadores, seguida pela análise, à luz da literatura já disponível, produzida, para que 
se comparem, desvelem sentidos e significados que esses princípios possam ter. 
 Este percurso de elucidação torna-se necessário para se qualificar o debate, 
elucidar a consolidação ou alteração das políticas de formação de professores pela EaD, 
modalidade cuja oferta de cursos superiores, principalmente de licenciatura vem se 
ampliando muito acentuadamente nos últimos no Brasil. 
 
 
1. Expansão da EaD no nível superior de ensino 
 
A oferta de cursos superiores pela educação a distância (EaD)1, tem crescido 
significativamente nos últimos anos no Brasil. Desde 1996 quando foi aprovada a Lei 
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9.394/96) a EaD ganhou status de 
modalidade plenamente integrada ao sistema de ensino brasileiro. 
O último censo da educação superior divulgado pelo Instituto Nacional de 
Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) registra um aumento de 30,4% nos 
cursos de 2008 para 2009. Também em 2009 o número de matrículas em EaD atingiu 
14,1% do total de matriculas na graduação. Convém mencionar ainda, em relação ao 
número de matrículas, que se nos cursos presenciais 71% dos cursos são de 
bacharelado, na EaD metade dos cursos é composta pelas licenciaturas. 
 Ainda, de um total de 838.125 matriculas, 286.771 estão concentradas no curso 
de Pedagogia, o maior curso em número de matrículas na modalidade EaD no Brasil 
(INEP, 2011).Como fica explícito, são números grandes, constituem uma realidade, 
uma mudança no cenário da formação de professores. 
Os dados, portanto, apontam a necessidade de investigar os princípios que 
orientam um crescimento tão acentuado da educação a distância no Brasil, concentrando 
matrículas, sobretudo nas áreas de licenciaturas o que direciona a reflexão 
especificamente para questão da formação dos professores por meio dessa modalidade 
de educação. 
 
O crescimento apontado insere-se num contexto de mudanças ocorridas na 
educação superior brasileira, principalmente a partir dos anos 1990, levadas a cabo no 
conjunto da reforma do Estado, influenciada por decisões de organismos mundiais. 
 
No que tange a Educação e especificamente à Educação Superior, onde se 
colocam as licenciaturas para a formação de professores é preciso destacar os 
documentos exarados principalmente por duas Organizações mundiais; o Banco 
 
1É importante considerar aqui o crescimento da EaD on-line, cuja disseminação no Brasil muito se deve, 
além do avanço tecnológico, aos incentivos das autoridades públicas. “Hoje, diferentemente do que 
ocorria há apenas uma década, não é mais possível desconsiderar o impacto que a introdução da EaD 
online causou e as transformações que certamente ainda ocasionará em nossas formas correntes de 
conceber e de praticar a educação e a comunicação” (BOHADANA e VALLE, 2009, p. 551-552). 
Mundial2 (BM) e a Organização das Nações Unidas para a Educação a Ciência e a 
Cultura (UNESCO)3. 
2. A formação de professores no Brasil pela EaD 
 
Desde 2006 quando de um total geral de 818.580 vagas oferecidas para cursos 
na modalidade a distância, 524.096 foram para educação, portanto, 64%02: sendo 
18.912 em instituições públicas e 505.184 pelo setor privado (DOURADO, 2008, 
p.901). Esta tendência de privatização da educação superior no Brasil, apesar das 
políticas dos últimos anos do governo Lula de expansão das Universidades e Institutos 
Tecnológicos, não sofreu alteração, ao contrário vem se firmando com a demanda por 
parte de grupos socias e políticas fumentadoras de bolsas e financiamento dos “serviços 
educativos”. 
O resumo técnico do Censo da Educação Superior 2009 publicado pelo INEP, 
destaca que 50% dos cursos ofertados na modalidade a distância são de licenciatura, 
entre os quais, pedagogia aparece em primeiro lugar, com 286 mil matrículas. Os dados, 
ainda, apontam que os dois cursos mais escolhidos — pedagogia e administração — 
detêm 61,5% do total de matrículas (INEP, 2011). Conforme mostra a tabela abaixo 
 
Tabela - Os 5 maiores cursos em número de matrículas na modalidade EaD no 
Brasil 
 Curso Matrículas % 
 Total 838.125 100% 
1 Pedagogia 286.771 34,2% 
2 Administração 228.503 27,3% 
3 Serviço Social e orientação 68.055 8,1% 
4 Letras 49.749 5,9% 
5 Ciências contábeis 29.944 3,6% 
 Outros cursos 175.103 20,9% 
Fonte: Resumo técnico do Censo da Educação Superior 2009 – Mec/Inep/Deed 
 
 Revela se, assim, que a EaD ocupa uma posição de destaque na formação inicial 
de professores no Brasil. Convém salientar que a autorização, avaliação, 
 
2É um dos principais organismos multilaterais internacionais de financiamento do desenvolvimento social 
e econômico. Foi concebido durante a Segunda Guerra Mundial na Conferência de Bretton Woods, nos 
Estados Unidos da América realizada em 1944. Segundo o discurso oficial sua meta principal é reduzir a 
pobreza no mundo. 
3Foi composta logo após a Segunda Guerra Mundial com o propósito de contribuir para construção da paz 
mundial. 
credenciamento de Instituições e reconhecimento de cursos depende dos órgãos 
competentes e que, portanto, não se pode falar apenas de uma tendência do mercado, ou 
de uma consequência direta da evolução tecnológica para atender uma necessidade atual 
de formação de professores. Por conta, há que considerar as decisões dos poderes 
constituídos que se manifestam em políticas públicas do Ministério da Educação em que 
são características as parcerias entre as Instituições deEnsino Superior (IES) públicas e 
a atribuição de importante protagonismo à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal 
de Nível Superior (CAPES), Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais 
(INEP) e Secretaria de Educação a distância (SEED)4 nesse processo. 
A concentração de matrículas em EaD na área das licenciaturas no Brasil está 
ligada a fatores e estratégias políticas em que o Estado desempenha um papel 
fundamental. Importa investigar em que orientações axiológicas ele ampara suas 
decisões. 
Em um contexto mundial de progressiva reafirmação estratégica da centralidade 
da educação (SHIROMA e MORAES, 2002) a EaD passa a fazer parte das políticas 
públicas que orientam as práticas pedagógicas, recursos, estratégias em escala mundial. 
Deste modo, as iniciativas para o desenvolvimento dessa modalidade educacional em 
nosso país extrapolam o âmbito dos municípios, estados e mesmo da federação, pois 
estão orientadas por políticas mundiais ligadas a interesses de organismos 
internacionais. Os pesquisadores estão atentos ao crescente aumento da formação pela 
EaD, como fica evidenciado na tabela que segue, produzida com base em consulta ao 
banco de teses da CAPES utilizando as categorias; formação de professores e educação 
a distância entre 1996 e 2009. 
 
Gráfico – Teses e dissertações sobre formação de professores EaD 
banco da Capes 1996 - 2009 
 
4 O Ministério da Educação realizou uma reestruturação em suas secretarias em 2011 e extinguiu a 
Secretaria de Educação a Distância, que existia desde o final do mandato de Fernando Henrique Cardoso. 
No segundo mandato de Lula, a SEED também cedeu à Capes seu principal projeto, a Universidade 
Aberta do Brasil (UAB). 
Nesta nova reestruturação, os programas da SEED passam para as demais secretarias, principalmente para 
a Secretaria de Educação Básica (SEB). 
 
A análise dos resumos das teses e dissertações que compõem o gráfico 
apresentado, produzidas, sobretudo a partir de 2005, permite perceber: 1 que nos 
últimos cinco anos o número de teses e dissertações nessa área multiplica
intensamente. Se em 2005 a busca mostra 35 dissertações em 2009 esse número sobe 
para 67. O que significa que a produção praticamente dobrou. Também em relação às 
teses, se em 2005 a consulta mostra apenas seis trabalhos em 2009 já temos dezoito. 
Portanto, a produção trip
investigação de programas estaduais e federais para formação continuada de professores 
da rede pública de ensino fundamental, bem como na análise do uso das tecnologias de 
informação e comunicação no camp
continuada de professores; 3 que há discursos legitimadores da EaD e do uso das 
tecnologias de informação e comunicação como elementos fundamentais de uma nova 
pedagogia para um novo professor do futuro, mediador
Portanto, para tal ele dever ser formado. Esses dados demonstram uma realidade que 
exige investigação e pesquisa.
 
3. Organismos Internacionais 
distância 
 
Nestas últimas décadas tem se cumprido no Brasil, apesar das últimas políticas 
do governo Lula de expansão das Universidades Federais, as orientações do Banco 
Mundial para o ensino superior, reforçadas pelas posições da Organização Geral do 
Comércio (OMC): 1. a privatização da educação superior; 2. a anulação da gratuidade 
do ensino superior, por meio da cobrança de matrículas. A primeira política fica clara 
quando consideramos que 73% das matrículas e 90% das instituições de ensino superior 
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1996 1997 1998
3 21 1
A análise dos resumos das teses e dissertações que compõem o gráfico 
apresentado, produzidas, sobretudo a partir de 2005, permite perceber: 1 que nos 
últimos cinco anos o número de teses e dissertações nessa área multiplica
em 2005 a busca mostra 35 dissertações em 2009 esse número sobe 
para 67. O que significa que a produção praticamente dobrou. Também em relação às 
teses, se em 2005 a consulta mostra apenas seis trabalhos em 2009 já temos dezoito. 
Portanto, a produção triplicou; 2 que as pesquisas tendem a concentrar
investigação de programas estaduais e federais para formação continuada de professores 
da rede pública de ensino fundamental, bem como na análise do uso das tecnologias de 
informação e comunicação no campo educacional e particularmente na formação 
continuada de professores; 3 que há discursos legitimadores da EaD e do uso das 
tecnologias de informação e comunicação como elementos fundamentais de uma nova 
pedagogia para um novo professor do futuro, mediador, reflexivo e pesquisador. 
Portanto, para tal ele dever ser formado. Esses dados demonstram uma realidade que 
exige investigação e pesquisa. 
nternacionais e princípios orientadores para a educação a 
Nestas últimas décadas tem se cumprido no Brasil, apesar das últimas políticas 
do governo Lula de expansão das Universidades Federais, as orientações do Banco 
Mundial para o ensino superior, reforçadas pelas posições da Organização Geral do 
1. a privatização da educação superior; 2. a anulação da gratuidade 
do ensino superior, por meio da cobrança de matrículas. A primeira política fica clara 
quando consideramos que 73% das matrículas e 90% das instituições de ensino superior 
1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
6 9
23 22
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46 47
1 0 2
6 4
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5 6 7
17
MESTRADO DOUTORADO
 
A análise dos resumos das teses e dissertações que compõem o gráfico 
apresentado, produzidas, sobretudo a partir de 2005, permite perceber: 1 que nos 
últimos cinco anos o número de teses e dissertações nessa área multiplica-se muito 
em 2005 a busca mostra 35 dissertações em 2009 esse número sobe 
para 67. O que significa que a produção praticamente dobrou. Também em relação às 
teses, se em 2005 a consulta mostra apenas seis trabalhos em 2009 já temos dezoito. 
licou; 2 que as pesquisas tendem a concentrar-se na 
investigação de programas estaduais e federais para formação continuada de professores 
da rede pública de ensino fundamental, bem como na análise do uso das tecnologias de 
o educacional e particularmente na formação 
continuada de professores; 3 que há discursos legitimadores da EaD e do uso das 
tecnologias de informação e comunicação como elementos fundamentais de uma nova 
, reflexivo e pesquisador. 
Portanto, para tal ele dever ser formado. Esses dados demonstram uma realidade que 
e princípios orientadores para a educação a 
Nestas últimas décadas tem se cumprido no Brasil, apesar das últimas políticas 
do governo Lula de expansão das Universidades Federais, as orientações do Banco 
Mundial para o ensino superior, reforçadas pelas posições da Organização Geral do 
1. a privatização da educação superior; 2. a anulação da gratuidade 
do ensino superior, por meio da cobrança de matrículas. A primeira política fica clara 
quando consideramos que 73% das matrículas e 90% das instituições de ensino superior 
2007 2008 2009
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67
17 17 18
são privadas. A segunda pode ser constatada pela crescente parceria entre universidades 
públicas e empresas, as redes, de maneira que aquelas prestam serviços a estas e 
também pela cobrança de taxas aos estudantes em cursos e atividades complementares. 
 Neste processo, pensar na formação de professores a distância on-line implica 
analisar que se trata de transferir aos futuros professores os encargos da sua educação, 
pois o acesso continua restrito uma vez que depende de senhas e logins atrelados a 
contratos e pagamentos. 
A demanda e incentivo por ensino superior também é uma realidade. No 
preâmbulo da Declaração Mundial sobre o Ensino Superior no século XXI de 1998 
salienta-seque “En los albores del nuevo siglo, se observan una demanda de educación 
superior sin precedentes, acompañada de una gran diversificación de la misma” [...] 
(UNESCO, 1998). 
 No artigo oitavo da mesma declaração, aponta-se o progresso social e a 
democratização a alcançar com a EaD. 
crear nuevos entornos pedagógicos, que van desde los servicios de educación 
a distancia hasta los establecimientos y sistemas "virtuales" de enseñanza 
superior, capaces de salvar las distancias y establecer sistemas de educación 
de alta calidad, favoreciendo así el progreso social y económico y la 
democratización así como otras prioridades sociales importantes; [...] 
(UNESCO, 1998) 
 
 Temos aqui um dos princípios mais evocados quando se propõe ampliar o acesso 
a educação superior por meio do uso de novas tecnologias: a democracia. Podemos 
inferir que, a democratização seria proporcionada pelos serviços educativos ofertados 
virtualmente distância. 
 Ainda, no discurso da Declaração Mundial sobre a Educação Superior, fica claro 
a necessidade e elaborar uma política enérgica de formação de pessoal e a convocação 
aos docentes para que promovam a autonomia dos alunos: 
 
Un elemento esencial para las instituciones de enseñanza superior es una 
enérgica política de formación del personal. Se deberían establecer directrices 
claras sobre los docentes de la educación superior, que deberían ocuparse 
sobre todo, hoy en día, de enseñar a sus alumnos a aprender y a tomar 
iniciativas, y no a ser, únicamente, pozos de ciência. Deberían tomarse 
medidas adecuadas en materia de investigación, así como de actualización y 
mejora de sus competencias pedagógicas mediante programas adecuados de 
formación del personal, que estimulen la innovación permanente en los 
planes de estudio y los métodos de enseñanza y aprendizaje, y que aseguren 
condiciones profesionales y financieras apropiadas a los docentes a fin de 
garantizar la excelencia de la investigación y la enseñanza, y en las que 
queden reflejadas las disposiciones de la Recomendación relativa a la 
condición del personal docente de la enseñanza superior aprobada por la 
Conferencia General de la UNESCO en noviembre de 1997 (UNESCO, 
1998). 
 
Como se pode notar evoca-se o princípio da autonomia como forma de 
promover a busca pelo conhecimento o que se apresenta de forma coerente com o que já 
propunha o relatório Delors de 1996 com o aprender a aprender. 
Já no documento do Banco Mundial, - La Educación Superior em los Países em 
Desarollo: peligros y promesas - defende-se a necessidade de ampliar o atendimento à 
demanda e melhorar a qualidade da Educação Superior como condição para que os 
países em desenvolvimento participem da economia mundial. 
Sobre la base de investigaciones e intensos debates que se llevaron a cabo 
durante dos años, el Grupo ha llegado a la conclusión de que si no se imparte 
más educación superior y cada vez de mejor calidad, a los países en 
desarrollo les será cada vez más y más difícil beneficiarse de la economía 
mundial basada en el conocimiento (GRUPO ESPECIAL, 2000, p. 11) . 
 
Como é possível perceber, já de início este documento evoca o fato da economia 
mundial estar baseada no conhecimento e que, portanto ter acesso a tal conhecimento é 
condição para dela beneficiar-se. Nesse sentido o documento segue argumentando sobre 
a necessidade de democratizar o acesso ao conhecimento e enfatiza o papel da Educação 
Superior na preparação das pessoas necessárias para dirigir uma sociedade moderna e 
contribuir para seu progresso. No entanto, o mesmo documento não deixa de salientar 
que são necessárias ações criativas e conscientes que tenham como base uma nova 
visão de ensino superior, melhor planejado e gerido. 
Desta forma, de acordo com o parecer do Grupo Especial (2000, p. 12-13) todos 
os setores da sociedade precisam colaborar, já que um sistema apenas estatal não será 
adequado para concretizar a expansão necessária com vistas à democratização da 
Educação Superior. Propõe-se um modelo de financiamento misto – diversificação 
horizontal - para que a participação de recursos privados seja máxima, de modo a 
proporcionar uma expansão com pouco ou nenhum financiamento público. 
Propõe-se também a diversificação vertical, ou seja, aquela que contempla 
vários tipos de instituições para a oferta de ensino Superior. E é nesse ponto que se 
destaca a educação a distância como um exemplo de diferenciação que se dá tanto em 
sentido vertical como horizontal. 
La diferenciación puede darse también en sentido horizontal, merced a la 
creación de establecimientos manejados por agentes privados, tales como 
instituciones con fines de lucro, organizaciones filantrópicas u otras entidades 
sin fines de lucro, como asimismo, agrupaciones religiosas. El auge del 
aprendizaje a distancia, modalidad que cobra cada vez mayor importancia, es 
otro ejemplo de diferenciación, que se da tanto em sentido 
verticalcomohorizontal (GRUPO ESPEICAL, 2000, p.32). 
 
Na forma como aparece contemplada nesse documento a EaD é considerada 
como um exemplo de diferenciação que vai diretamente de encontro com o que se 
propõe de uma forma geral para Educação Superior, ou seja, uma diversificação tanto 
horizontal quanto vertical. 
O Banco Mundial compreende a educação como investimento não como direito 
social, por isso considera necessário, primeiramente reduzir seus custos. Propõe-se 
ampliar o coeficiente professor-aluno, e a EaD aparece como uma estratégia muito 
adequada nesse sentido. Nesse sentido não parece estranho que se proponha ainda apoio 
ao ensino privado e ao financiamento privado e, também, que se confie a grupos 
particulares a gestão da produção e a distribuição dos textos escolares (DIAS, 2004). 
 Estes apontamentos impõem que analisemos dois princípios que encontramos 
na literatura e em falas justificadoras da formação de professores à distância: autonomia 
e democracia. 
 
4. Autonomia um princípio que precisa explicitação 
 
Nas justificativas para a contínua introdução da Educação a distância em todos 
os níveis de ensino, sobretudo na Educação Superior, a autonomia aparece como uma 
categoria recorrente. Procura-se salientar que a Educação a distância, exige mais 
autonomia ao mesmo tempo em a que promove tanto em discentes como docentes. 
No entanto, o tema nem sempre é abordado com a atenção e o aprofundamento 
que exige, é visto, sobretudo abstratamente, longe da realidade concreta, o que conduz a 
adesões acríticas e conclusões ligeiras. Fala-se muito da flexibilização do tempo e do 
espaço, considerando que a autonomia dada ao aluno pode ser entendida, também, como 
uma forma de lhe possibilitar a construção do conhecimento e da cidadania, individual e 
coletivamente. 
Esta flexibilização também traria vantagens ao aluno na organização do tempo 
de suas atividades pessoais, horários de trabalho e lazer. Estas mesmas vantagens 
também se aplicariam a realidade docente, considerando o fato de precisar buscar 
formação contínua. 
Dada a necessidade de investigação do tema, recorre-se ao pensamento de Kant, 
Marx e Paulo Freire com o objetivo de trazer contribuições para qualificar o debate no 
que tange a autonomia e sua abordagem nos discursos da EAD. 
Antes de se tratar especificamente do pensamento desses autores, convém 
recordar alguns aspectos da etimologia da palavra. Autonomia é um termo de origem 
grega, (αuτονοµία) autonomia: (αuτόνοµος), (autônomos), palavra composta de 
(αuτο/auto) e (νόµος/nomos) lei ou território e designa a capacidade de fazer as próprias 
escolhas, tomar aspróprias decisões sem influências ou condicionamentos externos. 
Para Immanuel Kant (1724-1804), que definiu sua época como de 
esclarecimento, a autonomia designa a independência da vontade em relação a qualquer 
desejo ou objeto de desejo e sua capacidade de determinar-se em conformidade com 
uma lei própria, que é a da razão. (ABBAGNANO, 2000, p.97). Ele demonstra que a 
razão pura se manifesta em nós como realmente prática pela autonomia no princípio da 
moralidade, pela qual determina a vontade ao ato (KANT, 2006, p.60). A 
heteronomia é o seu contraposto na qual a vontade é determinada pelos objetos da 
faculdade de desejar (ABBAGNANO, 2000, p.97). 
Esta oposição entre princípios heterônomos e autônomos persiste em toda a 
filosofia moral de Kant. Uma vontade autônoma concede a si a própria lei, ao passo que 
em uma vontade heterônoma a lei é dada pelo objeto por causa de sua relação com a 
vontade. “Isso significa que a vontade deve querer sua própria autonomia e que a sua 
liberdade reside em ser, portanto, uma lei para si mesma (CAYGILL, 2000, p.43). 
Assim, Kant enuncia a lei fundamental da razão prática que pode ser considerado o 
princípio da autonomia: “Age de tal modo que a máxima de tua vontade possa sempre 
valer ao mesmo tempo como princípio de uma legislação universal” (KANT, 2006, p. 
47). Portanto, o princípio autônomo do imperativo categórico comanda sua própria 
autonomia (CAYGILL, 2000, p. 43). 
Kant desejava libertar o ser humano de sua menoridade, que é não pensar por si 
mesmo. Esse empreendimento seria alcançado através do esclarecimento, do uso da 
razão. Ele mesmo define sua época como de esclarecimento, entendido como “a saída 
do homem da menoridade pela qual é o próprio culpado. Menoridade é a incapacidade 
de servir-se do próprio entendimento sem direção alheia” (KANT, 2009, p. 407). Kant 
propõe uma educação para autonomia que desenvolva as capacidades dos educandos 
para que busquem atingir as metas por eles mesmos colocadas. 
 Apesar de sistematicamente criticada desde Hegel e em particular por Nietzsche 
e Scheler como uma concepção vazia, formalista, irrelevante, a explicitação kantiana de 
autonomia foi recentemente reavaliada e defendida por O’Neill (1989) como fornecendo 
uma adequada base metodológica para o raciocínio teórico e prático (CAYGILL, 2000, 
p. 43). 
Karl Marx (1818-1883) não faz uma abordagem direta da categoria autonomia 
em sua obra. No entanto, emancipação e alienação são conceitos marcantes no seu 
pensamento. Nos Manuscritos Econômico Filosóficos de 1844, obra em que completa a 
ruptura com o idealismo de Hegel, sem, no entanto, rejeitar sua dialética da 
negatividade, enquanto principio gerador e motor, Marx adota um principio explicativo 
original para servir de base a uma ciência da Economia Política recusando a teoria do 
valor-trabalho de Adam Smith e David Ricardo. 
 Trata-se do princípio da dominação da propriedade privada, a partir do qual se 
enfoca a subjugação do proletariado como um processo de alienação. (GORENDER, 
1982). Em relação a Hegel e Feuerbach, Marx faz com a alienação o que Maquiavel fez 
com a Política, ou seja, a transporta do céu para a terra. Em Hegel a alienação significa 
a exteriorização objetivante da ideia. Em Feuerbach ela significa a apropriação da 
essência genérica do homem pela religião. Já para Marx a alienação torna-se processo 
por meio do qual a criação de riqueza pelos trabalhadores (operários) “é deles 
expropriada e convertida em capital, ou seja, em instrumento da continuada de 
subjugação daqueles que o criaram, nele exteriorizando sua essência humana” 
(GORENDER, 1982, p.9). 
Paulo Freire (1921-1997) propõe uma pedagogia da autonomia e enfatiza o 
respeito devido à autonomia do ser do educando que se funda na raiz da inconclusão do 
ser que se sabe inconcluso. Tal respeito à autonomia e à dignidade de cada um “é um 
imperativo ético e não um favor que podemos ou não conceder uns aos outros” (2006, p. 
59). Autonomia é uma das categorias centrais na obra de Freire e, principalmente, em 
Pedagogia da Autonomia, onde escreve e reflete sobre esse conceito explicitando-o 
como um princípio pedagógico. 
Na concepção de Freire (2006) a educação que visa formar para autonomia é 
entendida como vocação para humanização, de modo que não é possível ser gente senão 
por meio de práticas educativas. A educação deve fomentar nos educandos a 
curiosidade, a criticidade e a conscientização que é um esforço de conhecimento crítico 
dos obstáculos, mas ninguém se conscientiza isoladamente. Freire propõe uma 
discussão sobre autonomia a partir de um paradoxo, o paradoxo da 
autonomia/dependência (MACHADO, 2008). Promover a autonomia significa então, 
libertar o ser humano de tudo que o oprime, que o impede de realizar sua vocação para 
ser mais, reconhecendo que a história é um tempo de possibilidades. 
Para Freire (2006, p. 107) a autonomia é um vir a ser, um processo de 
amadurecimento do ser para si. “Ninguém é autônomo primeiro para depois decidir. A 
autonomia vai se construindo na experiência de várias e inúmeras decisões que vão 
sendo tomadas”. Trata-se de um trabalho de construção da autonomia, que na ceara 
educacional é do professor e do aluno, e não uma tarefa somente do professor, ou do 
aluno consigo mesmo. 
 A autonomia ganha em Freire um sentido sócio-político-pedagógico, ela é 
condição de um povo ou pessoa que tenha se libertado, se emancipado das opressões 
(heteronomias) que restrigem ou anulam sua liberdade de determinação. Para conquistar 
a autonomia é preciso se libertar das estruturas opressoras (ZATTI, 2007). Há uma 
relação entre autonomia e libertação na medida em que quanto menores são as 
condições de opressão, maiores as possibilidades de “ser para si”, de ser autônomo. A 
proposta de Freire é de uma educação para transformação, contraposta à educação 
bancária que considera os alunos como receptáculos de conteúdos. Para que ela 
promova autonomia é essencial que seja dialógica, entendendo diálogo, como o 
encontro de homens para serem mais. “No fundo, o essencial nas relações entre 
educador e educando, entre autoridade e liberdades, entre pais, mães, filhos e filhas é a 
reinvenção do ser humano no aprendizado de sua autonomia” (FREIRE, 2006 p. 94). 
Nesse sentido, é importante destacar que a herança iluminista de Freire se dá 
além da via Kant, principalmente por meio de Marx e Hegel (ZATTI, 2007). Se a 
emancipação humana está na base de uma convergência entre Marx e Freire, as suas 
concepções ontológicas e os processos de emancipação são divergentes: enquanto que 
para Freire é o homem e seus contextos sociais, para Marx há uma radicalidade da 
ontologia humana, não é possível humanidade sem o outro e a natureza. Também, 
emancipação em Freire é conscientização, em Marx, não é somente conscientização, 
mas, é superação das relações de produção que alienam o homem. 
 
5. Democracia e seu caráter ideológico 
 
Como antes demonstrado, além de autonomia, encontramos democracia como 
princípio orientador, para a formação dos professores pela EaD. Esta constatação 
ressalta a necessidade de aprofundar a discussão em torno da compreensão de 
democracia e como ela se efetiva nas condições concretas da existência humana em 
sociedade. 
No que tange ao campo da educação e mais especificamente a Educação a 
distância e a formação de professores na realidade brasileira, convém mencionar que o 
princípio da democracia é muito evocado. Como se pôde notar nos discursos antes 
apresentados, principalmente dos organismos internacionais de promoção social, a EaD 
é considerada um dos meios mais adequados, senão o mais adequado para democratizar 
o acesso ao conhecimentosuperando as barreiras do espaço e do tempo. 
Contudo, parece indispensável indagar: Será este realmente um pressuposto 
válido? Que democratização promove a EaD? Por que elegê-la, incentivá-la, dedicar-lhe 
recursos, políticas próprias e propô-la como alternativa redentora aos problemas 
educacionais do mundo? 
 Na realidade brasileira as recomendações exaradas pelos organismos 
internacionais para o setor educacional parecem estar sendo rigorosamente cumpridas: 1 
formação de maior número professores em menor tempo; 2 ampliação da formação com 
uma redução enorme de custos; 3 transferência aos professores o ônus da sua formação 
Não obstante a existência de defensores e oponentes dessa tendência é preciso 
considerar que a formação de professores pela Educação a distância está circunscrita 
num contexto balizado por interesses políticos e econômicos nacionais e internacionais 
dos quais não se pode olvidar ao tratar do tema, pois: “Não é o que uma pessoa diz, mas 
o motivo porque ela o diz é que se tornou o principal centro de atenção, de forma que 
um fim da ideologia não se encontra à vista” (OUTHWAITE e BOTTOMORE 1996, 
p.372). 
Para Barreto (2010) dois sentidos são fundamentais em se tratando da formação 
de professores a distância: 1 A recontextualização projetada no discurso dos organismos 
internacionais que assume ares salvacionistas de democratização do acesso ao 
conhecimento e 2 a defesa de interesses mercadológicos. 
 A autora ainda salienta que: 
 
Cabe pontuar que a democratização [...] se deve à análise da sequência de 
documentos-chave do Banco Mundial a respeito da expansão do ensino 
superior (Barreto, 2008a): 1) em 1994, é dito que “a educação a distância e os 
programas de aprendizagem aberta podem aumentar, efetivamente e a baixo 
custo, o acesso dos grupos desprivilegiados”; 2) em 2000, que é possível 
“acessar o conhecimento mais rapidamente e de lugares cada vez mais 
distantes”; 3) em 2002, que “a emergência de novos fornecedores, oferecendo 
serviços diferentes de maneiras diferentes, representa uma oportunidade para 
os países em desenvolvimento”; e 4) em 2003, é destacado o “acesso a novos 
produtos e serviços de educação a distância, facilitando o fornecimento de 
programas qualificados”, bem como o fato de que “as forças do mercado 
estão assumindo papel cada vez mais importante na educação mundial” 
(BARRETO, 2010, p. 35). 
 
Os itens pontuados pela autora a partir da análise da sequência de documentos-
chave do Banco Mundial no tocante a expansão do ensino superior, revelam a relação 
direta que existe entre os interesses econômicos de ampliação de mercados e a oferta de 
serviços educacionais. 
A EaD apresenta-se como uma solução eficaz e de baixo custo, oferecida 
principalmente aos países em desenvolvimento com déficits educacionais. Nesta lógica 
neoliberal, caracterizada pela intensiva divisão e desvalorização do trabalho, direitos 
sociais transformam-se em mercadorias. Nas palavras de Shiroma, Moraes e 
Evangelista (2002, p. 120) “A escola que na origem grega designava ‘lugar do ócio’ é 
transformada em um grande “negócio”. 
O que se apresentou até aqui, já oferece elementos que justificam objetivo do 
texto em questão. Afinal que democratização promove a EaD? Como a democracia é 
evocada no contexto da sua justificação? Será suficiente apresentar crescimento 
numérico do número de matrículas e de alunos concluindo o ensino superior? 
Não se trata apenas de uma democratização que favorece a manutenção da 
desigualdade sem que haja oposição, resistências? A promoção de uma educação 
adequada aos interesses das classes dominantes e apropriada ao poder aquisitivo das 
classes mais pobres? 
 Recordando Marx e Engels (2008, p. 48) 
Os pensamentos da classe dominante são também, em todas as épocas, os 
pensamentos dominantes, ou seja, a classe que tem o poder material 
dominante numa dada sociedade é também a potência dominante 
espiritual. A classe que dispõe dos meios de produção material dispõe 
igualmente dos meios de produção intelectual, de tal modo que o 
pensamento daqueles a quem são recusados os meios de produção 
intelectual está submetido igualmente à classe dominante. 
 
Este fragmento de A Ideologia Alemã é esclarecedor no sentido de fazer 
perceber como a democracia tem sido usada pelas classes hegemônicas para colocar o 
seu interesse de classe como interesse comum a todos os membros da sociedade, como 
convém à manutenção das relações sociais postas. Assim, “cada nova classe que toma o 
lugar daquela que dominava antes é obrigada a exprimir os seus interesses como sendo 
o interesse comum de todos os membros da sociedade” (id., p. 50). 
Nesse sentido vale mencionar o que afirmava Soares (2003, p. 17) fazendo uma 
avaliação das operações de empréstimo do Banco Mundial: 
Após cinquenta anos de operação e empréstimos de mais de 250 bilhões de 
dólares, a avaliação da performance do Banco Mundial é extremamente negativa. Este 
financiou um tipo de desenvolvimento econômico desigual e perverso socialmente, que 
ampliou a pobreza mundial, concentrou renda, aprofundou a exclusão e destruiu o meio 
ambiente. Talvez a mais triste imagem desse fracasso seja a existência de mais de 1,3 
bilhão de pessoas vivendo em estado de pobreza absoluta. 
Percebe-se que as políticas e ações do Banco Mundial têm colaborado mais para 
o aumento da desigualdade social do que para a redução da pobreza no mundo como 
reza o seu discurso oficial. Todo o financiamento concedido está atrelado ao 
cumprimento de exigências que obrigam a nação financiada a entrar no jogo das 
políticas neoliberais. 
A educação é um setor estratégico onde o Banco Mundial tem concentrado suas 
ações como meio privilegiado de implementar suas políticas. Dotado de uma visão 
extremamente economicista o Banco Mundial apresenta um discurso da 
democratização, mistificando seus reais interesses. 
 
Considerações finais 
 
Apresentaram-se dados referentes à expansão da EaD e à formação de 
professores por meio desta modalidade educativa. Demonstrou-se que as pesquisas 
sobre a formação de professores pela Ead crescem, num sinal que os educadores estão 
atentos à realidade educacional em muito influenciada pelo Banco Mundial e Unesco. 
Procurou-se nos documentos desses dois organismos mundiais os princípios que 
orientam suas políticas. Reconhecemos os conceitos de autonomia e democracia 
contidos nos documentos emanados dos dois organismos citados e interrogamo-los. 
Consideramos autonomia à luz das contribuições de Emmanuel Kant, Karl Marx e 
Paulo Freire, concluindo que não recebem a mesmo significado e prática. Já com 
respeito à democracia interrogamos de que se trata e apresentamos que as palavras 
precisam ser entendidas a partir do lugar de quem as diz e a quem servem por que há 
interesses que se ocultam na aparente neutralidade das falas. 
A análise dos princípios autonomia e democracia, dos dados à luz do contexto 
histórico, permitem constatar que a EaD é recomendada para a formação de professores 
por se tratar de uma estratégia adequada aos interesses e objetivos de tais organizações. 
Desta forma, baixo custo, adequação rápida ao mercado, flexibilidade, 
crescimento da privatização da educação e retorno rápido aos investimentos realizados 
são alguns dos motivos que podem explicar a contínua recomendação de Organizações 
multilaterais em apresentar a EaD como estratégia de expansão da Educação Superior e 
especificamente para formação inicial e continuada de professores. 
 No entanto, os discursos do Banco Mundial e Unesco, escondem sob a forma de 
conceitos abstratos os verdadeiros interesses de uma formação de professores sob osinteresses do capital, mas, apresentada como do interesse de todos na busca de 
consentimento. 
 
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