Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Viçosa, 2017 Material de apoio ao curso Gerenciamento de Projeto v 1.1 Prof. Nédson Antônio Campos Universidade Federal de Viçosa Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas Departamento de Engenharia de Produção e Mecânica DEP/UFV Gerenciamento Projeto 2 Apresentação Este material contém textos de apoio à disciplina Gestão de Projeto e está dividido em onze itens. O primeiro contém um resumo do conteúdo teórico sobre projeto baseado nos textos de Heldman (2006). Ele aborda conceitos de projeto, análises do espaço organizacional onde o projeto acontece, habilidades necessárias ao gerente de projeto e uma visão geral dos processos de projeto. O segundo item em diante remete a cópias dos slides utilizados em sala de aula. O conteúdo dos slides foi elaborado tendo como base o Guia PMBOK (2013). Ele repete temas abordados no primeiro item e adiciona mais detalhadamente das seguintes áreas de conhecimento do gerenciamento de projeto: Integração, Escopo, Tempo, Custo, Qualidade, Recursos Humanos, Comunicação, Riscos, Aquisições e Partes interessadas do projeto. Os conteúdos dos slides são, na sua maioria, unicamente textuais, pois são resultados de uma sintetização do conteúdo teórico. Com isso espera-se que ele sirva para uma leitura mais sistematizada e assim se torne apoio para explorações e aprofundamentos por parte dos alunos por meio da bibliografia referendada e de abundantes materiais disponíveis em bibliotecas físicas e virtuais. Bons estudos! DEP/UFV Gerenciamento Projeto 3 Sumário 1. Introdução ao gerenciamento do projeto .................................................. 4 1.1. Isso é um projeto? ................................................................................ 4 1.1.1 Projetos versus Operações ............................................................ 4 1.1.2 Partes interessadas (Stakeholders) ................................................ 5 1.1.3 Características do projeto ............................................................... 6 1.2. O que é gerência de projetos? ............................................................. 7 1.2.1 Programas ...................................................................................... 7 1.2.2 Portfolios ........................................................................................ 8 1.2.3 Escritório para gerenciamento de projetos...................................... 8 1.3. Habilidades necessárias a um gerente de projeto ................................ 9 1.3.1 Competências de comunicação ...................................................... 9 1.3.2 Aptidões organizacionais e de planejamento ................................ 10 1.3.3 Habilidades para a elaboração de orçamentos ............................. 10 1.3.4 Habilidades para resolução de conflitos ....................................... 10 1.3.5 Habilidades de negociação e influência ..................................... 11 1.3.6 Habilidades de liderança ............................................................ 11 1.3.7 Habilidades para formação e motivação de equipes ............. 11 1.4. Sobre as estruturas organizacionais .................................................. 12 1.4.1 Organizações funcionais .............................................................. 13 1.4.2 Organizações por projetos ............................................................ 15 1.4.3 Organizações matriciais ............................................................... 15 1.5. Sobre os ciclos do projeto e processos do gerenciamento ................. 17 1.5.1 Ciclos e fases do projeto .............................................................. 17 1.5.2 Grupos de processos do PMI ....................................................... 19 1.6. Áreas de conhecimento do gerenciamento de projetos ...................... 22 1.6.1 Gerenciamento da Integração do Projeto ..................................... 23 1.6.2 Gerenciamento do Escopo do Projeto .......................................... 23 1.6.3 Gerenciamento do Tempo do Projeto ........................................... 24 1.6.4 Gerenciamento dos Custos do Projeto ......................................... 25 1.6.5 Gerenciamento da Qualidade do Projeto ...................................... 25 1.6.6 Gerenciamento de Recursos Humanos do Projeto ....................... 26 1.6.7 Gerenciamento das Comunicações do Projeto ............................. 26 1.6.8 Gerenciamento de Riscos do Projeto ........................................... 27 1.6.9 Gerenciamento de Aquisições do Projeto ..................................... 27 Anexo: Quadro dos grupos de processo e áreas de conhecimento ................. 28 Bibliografia ...................................................................................................... 29 DEP/UFV Gerenciamento Projeto 4 1. Introdução ao gerenciamento do projeto1 Este texto apresenta a base para estruturar e gerenciar um projeto conforme instruções do Guide to the Project Management Body of Knowledge (Guia PMBOK, 2013) publicado pelo Project Management Institute (PMI). Serão discutidas as definições de projeto e gerenciamento de projetos, assim como estruturas organizacionais. 1.1. Isso é um projeto? O vice-presidente de marketing lhe propõe uma idéia fantástica. "Fantástica" só porque ele é o chefão e foi ele mesmo quem bolou: instalar, em mercearias locais, quiosques que funcionem como miniescritórios. Esses escritórios permitirão que os clientes contratem novos serviços de telefonia sem fio, paguem suas contas de celular e comprem equipamentos e acessórios. A seu ver, essa incursão nas mercearias deve promover as ofertas da empresa. Afinal, todo mundo precisa se alimentar, certo? Ele lhe informou que a diretoria já havia liberado o projeto e que ele alocará o máximo de recursos possível. Sua intenção é instalar os quiosques em 12 lojas até o final do ano que vem. A melhor notícia é que ele o indicou para coordenar o projeto. Sua primeira pergunta deve ser: "Isso é um projeto?" Pode parecer bobagem, mas projetos confusos, envolvendo operações permanentes, são muito comuns. Um projeto é um empreendimento temporário, com datas de início e término definidas, que tem por finalidade criar um produto ou serviço único e que está concluído quando suas metas e objetivos foram alcançados e aprovados pelos stakeholders. Existem algumas coisas que devem ser lembradas quando você avaliar se o que tem em mãos é ou não um projeto. Primeiro, é um projeto ou uma operação contínua? Segundo, se é um projeto, quem são os stakeholders? E terceiro, que características fazem do que você tem em mãos um projeto? Vamos abordar cada um desses tópicos a seguir. 1.1.1 Projetos versus Operações Os projetos têm natureza temporária e têm datas de início e fim definidas, e estarão concluídos quando as respectivas metas e objetivos forem cumpridos. Às vezes, terminam quando se chega à conclusão de que não é possível cumprir suas metas e objetivos, o que determina então seu cancelamento. Os projetos servem para lançar um produto ou serviço que não existia anteriormente, o que pode incluir produtos tangíveis, serviços como consultoria ou gerência de projetos e funções de negócios que apóiam a empresa. Os projetos também podem produzir resultados, como um documento que detalhe as descobertas de uma pesquisa. Entretanto, não se deixe confundir pelo termo único. Por exemplo, a Ford Motor Company pertence ao ramo de criação e montagem de carros. Cada modelo criado e produzido pela Ford pode ser considerado um projeto. Os modelos são diferentes entre si em termos de recursose são comercializados para pessoas com necessidades as mais diversas. Um utilitário atende a uma finalidade e clientela diferentes das de um modelo de luxo. O desenho e o marketing desses dois modelos são projetos únicos. A montagem 1 Texto extraído de Heldman (2006) com adaptações. DEP/UFV Gerenciamento Projeto 5 propriamente dita dos carros, por sua vez, já pode ser considerada uma operação - um processo repetitivo que é seguido para a maioria das marcas e modelos. A determinação das características e recursos dos diversos modelos de carros se dá através do que o Guide to the PMBOK chama de elaboração progressiva, ou seja, as características do produto ou serviço do projeto (o modelo de carro utilitário, por exemplo) vão sendo determinadas pouco a pouco e passam por um refinamento e elaboração contínuos no decorrer do projeto. Em geral, essas características são definidas de forma muito ampla no início do projeto e vão sendo elaboradas em cada vez mais detalhes com o passar do tempo. Todavia, não se esqueça: embora as características do produto sejam elaboradas paulatinamente, o trabalho do projeto em si mantém-se constante. As operações são contínuas e repetitivas. Elas envolvem um trabalho contínuo, sem data de término, e normalmente se repetem os mesmos processos para a produção do mesmo resultado. O propósito das operações é manter a organização funcionando, enquanto que o objetivo do projeto é atingir as suas metas e ser concluído. Assim sendo, as operações são contínuas e os projetos, únicos e temporários. 1.1.2 Partes interessadas (Stakeholders) Um projeto é bem-sucedido quanto atende (ou excede) as expectativas das partes interessadas ou stakeholders, que são as pessoas (ou organizações) que têm algum interesse envolvido aquelas que têm algo a ganhar ou a perder como consequência do projeto. Os principais stakeholders podem se responsáveis tanto pelo êxito quanto pelo fracasso de um projeto. Mesmo que todas as entregas sejam concretizadas e os objetivos sejam atendidos, se seus principais stakeholders não ficarem satisfeitos, não vai adiantar nada. O patrocinador do projeto, geralmente um executivo na organização com autoridade para delegar recursos e impor decisões relacionadas ao projeto, é um stakeholder. O cliente é um stakeholder, assim como os contratados, os fornecedores, o gerente e a equipe do projeto e os gerentes de outros departamentos na organização. É importante identificá-los logo de início em seu projeto. Se você deixar de incluir um stakeholder importante ou a função dessa pessoa no departamento e não perceber o erro antes de avançar bastante, pode acabar pondo o projeto a perder. A Figura 1 mostra um exemplo dos tipos de stakeholders envolvidos em um projeto comum. Muitas vezes, os stakeholders têm interesses contraditórios. O gerente do projeto é responsável por conhecer esses conflitos e tentar solucioná-los. Também é de responsabilidade do gerente o gerenciamento das expectativas dos stakeholders. Certifique-se de identificar e de se reunir com os principais stakeholders logo de início, de modo a conhecer todas as suas necessidades e limitações. Em caso de dúvida, tais conflitos devem ser sempre solucionados a favor do cliente. DEP/UFV Gerenciamento Projeto 6 Figura 1: Partes interessadas de um projeto. 1.1.3 Características do projeto Como visto acima, um projeto possui diversas características: · Os projetos são únicos. · Os projetos são de natureza temporária e têm datas definidas de início e fim. · Os projetos estarão concluídos quando as metas forem alcança das ou quando for decidido que o projeto não é mais viável. · Um projeto bem-sucedido é aquele que atende ou excede as expectativas dos stakeholders Usando tais critérios, examine a tarefa que lhe foi atribuída pelo vice-presidente de marketing, para saber se se trata ou não de um projeto: É único? Sim, porque não existem quiosques nas mercearias locais. É uma nova maneira de prestar os serviços da empresa à sua base de clientes. Mesmo que os serviços fornecidos pela empresa não sejam uma novidade, o modo de apresentá- las é. O projeto tem prazo limitado? Sim, a data de início desse projeto é hoje e a data de término é o final do próximo ano. É um empreendimento temporário. Existe uma maneira de saber se o projeto está concluído? Sim, os quiosques serão instalados e os seus serviços, prestados. Tão logo todos os quiosques estejam funcionando, o projeto será finalizado. É possível saber se os stakeholders estão satisfeitos? Sim, as expectativas dos stakeholders serão documentadas sob forma de requisitos durante os processos Projeto Gerente de Fornecedor Distribuidores Gerentes de Departamen Patrocinador do projeto Cliente Diretoria Gerentes executivo DEP/UFV Gerenciamento Projeto 7 de planejamento. Tais requisitos serão comparados ao produto final para ver se este atende às expectativas dos stakeholders. Enfim, você tem um projeto. 1.2. O que é gerência de projetos? Você tem certeza de que tem um projeto. E agora? As anotações feitas em um guardanapo na lanchonete podem ser um começo, mas não são exatamente uma boa prática de gerenciamento de projetos. Situações como esta são comuns: uma vez comunicada a tarefa, a equipe parte para a execução do projeto e ocupa-se da criação do produ to ou serviço solicitado, sem dar muita atenção ao processo de planejamento. Tenho certeza de que você já ouviu colegas dizendo "Por que desperdiçar um tempo valioso?" ou "Para que planejar em vez de colocar a mão na massa?". O andamento do projeto dificilmente é avaliado em termos das solicitações do cliente - cujas expectativas, no fim das contas, acabam não sendo atendidas pelo produto ou serviço final! É uma experiência frustrante para todos os envolvidos e, infelizmente, inúmeros projetos seguem essa trajetória deficiente. O gerenciamento de projetos abrange uma série de ferramentas e técnicas, utilizadas por pessoas para descrever, organizar e monitorar o andamento das atividades do projeto. Os gerentes de projeto são os responsáveis pela administração dos processos envolvidos e pela aplicação das ferramentas e técnicas necessárias ao cumprimento das atividades do projeto. Todo projeto é composto por processos, por mais fortuita que seja a abordagem empregada. Há muitas vantagens em organizar projetos e equipes. O gerenciamento de projetos consiste na aplicação de conhecimento, competências, ferramentas e técnicas às atividades do projeto, com vista ao cumprimento dos requisitos em pauta. É responsabilidade do gerente de projeto assegurar que tais técnicas sejam utilizadas e seguidas. O gerenciamento de projetos abrange uma série de atividades, incluindo planejar, colocar em ação o plano do projeto e acompanhar o progresso e o desempenho. Dentre essas atividades também estão identificação dos requisitos, definição dos objetivos, avaliação das restrições e apreciação das necessidades e expectativas dos principais stakeholders. O planejamento é uma das atribuições mais importantes, na medida em que vai definir o padrão a ser empregado no desenrolar do projeto e será usado para acompanhar seu futuro andamento. Antes de iniciarmos o processo do planejamento, porém, vamos examinar algumas das restrições comuns a todos os projetos e definir o termo programas. 1.2.1 Programas Programas são grupos de projetos relacionados que são administrados usando-se as mesmas técnicas, de modo coordenado. Quando gerenciados coletivamente, como programas, os projetos capitalizam benefícios que não seriam aproveitados caso se optasse pela administração individual. Por vezes, os programas abrangemtambém aspectos de operações continuadas, como o caso de um programa muito amplo, com diversos projetos subordinados, por exemplo, a construção de um novo shopping center. Um programa como esse abrange vários subprojetos, como escavação, construção, decoração, disposição das lojas, marketing, administração das instalações etc. Na realidade, cada subprojeto é um projeto em si mesmo, com seu próprio gerente de projeto, que se reporta a outro gerente de projeto com responsabilidade sobre diversas áreas - o qual, por sua vez, está subordinado a um gerente responsável pelo programa inteiro. Todos os projetos estão relacionados e são gerenciados em conjunto para que os benefícios coletivos sejam alcançados e os DEP/UFV Gerenciamento Projeto 8 controles sejam implementados e gerenciados de modo coordenado. Algumas vezes, os programas também incluem aspectos de operações contínuas. Após a construção do shopping, o gerenciamento das instalações constitui a parte de operações continuadas desse programa. O gerenciamento dessa coleção de projetos é denominado gerência de projetos e envolve, basicamente, o gerenciamento e a coordenação dos grupos de projetos relacionados para que os objetivos do programa sejam atingidos. 1.2.2 Portfolios Os portfolios são coleções de programas e projetos que satisfazem metas ou objetivos de negócios específicos. Vamos supor que nossa empresa atue no setor de construção e que ela está dividida em diversas unidades de negócios: varejo, residências para uma única família e residências para diversas famílias. Todos os programas e projetos associados à unidade de varejo pertencem ao portfolio de varejo e o programa sobre o qual falamos na seção anterior (a coleção de projetos associada à construção do novo shopping center) é um dos seus programas. Os objetivos de qualquer programa ou projeto nesse portfolio é atender aos objetivos estratégicos do seu portfolio, que por sua vez deve atender aos objetivos do seu departamento e, em última instância, da organização. O gerenciamento de portfolios engloba o gerenciamento de todas as coleções de programas e projetos incluídos no portfolio, inclusive a comparação do valor do projeto real ou potencial com os objetivos estratégicos do portfolio. Ele também se preocupa com monitoramento dos projetos ativos para que eles se mantenham conforme os objetivos, equilíbrio do portfolio dentre os outros investimentos da empresa e garantia de uso eficiente dos recursos. Esse tipo de gerenciamento geralmente é de responsabilidade de um gerente sênior da empresa. 1.2.3 Escritório para gerenciamento de projetos O conceito de escritório para gerenciamento de projetos, ou simplesmente escritório de projetos, às vezes conhecido como PMO (Project Management Office), já existe há alguns anos. Muitas organizações estão instituindo PMOs sob as mais variadas formas. O PMO geralmente é uma unidade organizacional centralizada que supervisiona o gerenciamento dos projetos e programas da organização e a razão mais comum para uma empresa criar um desses escritórios é estabelecer e manter procedimentos e padrões para as metodologias de gerenciamento de projetos. Em algumas organizações, os gerentes e as equipes de projeto podem e reportar diretamente ao PMO e são alocados em projetos conforme eles são iniciados. Em outras, o PMO é responsável somente por dar apoio às funções dos projetos e dar treinamento nos procedimentos e técnicas de gerência de projetos. Há ainda outras organizações que, dependendo do tamanho ou da função, dispõem de especialistas para auxiliarem os gerentes nas tarefas de planejamento, cálculo de estimativas e verificação das premissas de negócios. Eles atuam como mentores para os gerentes menos experientes e como consultores para os mais experientes. O PMO pode existir em qualquer tipo de estrutura organizacional (funcional, matricial ou por projetos) e ter autoridade total para supervisionar projetos e, inclusive, cancelá-los, ou pode atuar na função de conselheiro. O PMO se encarrega da manutenção e arquivamento da documentação dos projetos para referência futura. Esse escritório contrapõe o andamento do projeto com as suas metas e comunica os resultados para as equipes e avalia também o desempenho dos projetos ativos e sugere ações corretivas. Ao avaliar os projetos concluídos em termos de aderência ao plano, o PMO faz os seguintes questionamentos: o projeto respeitou os prazos definidos, permaneceu dentro do orçamento e sua qualidade foi aceitável? DEP/UFV Gerenciamento Projeto 9 Os escritórios para gerenciamento de projetos estão se consagrando nas organizações modernas, no mínimo, como ponto de coleta da documentação do projeto. Alguns PMOs são bastante sofisticados e prescrevem os padrões e metodologias a serem empregados em todas as fases dos projetos da empresa. Outros cumprem todas essas funções e ainda prestam serviços de consultoria em gerenciamento. Entretanto, a criação de um PMO não é condição obrigatória para a adoção de boas práticas de gerenciamento de projetos. 1.3. Habilidades necessárias a um gerente de projeto Muitas vezes, as organizações denominam especialistas técnicos de gerentes de projeto. Acredita-se, erroneamente, que as habilidades e a experiência graças às quais esses profissionais se destacaram em suas áreas técnicas vão se traduzir em aptidão para o gerenciamento de projetos. Entretanto, não é necessariamente o que acontece. Os gerentes de projeto são profissionais generalistas, cujo repertório compreende uma série de competências. Sua especialidade é resolver problemas, mas podem atuar numa variedade de campos. Embora possam ter aptidões técnicas, isso não é pré-requisito para o gerenciamento de projetos. Sua equipe de projeto deve contar com técnicos especializados, aos quais o gerente de projeto recorrerá para as soluções técnicas. O conhecimento e aplicação das boas técnicas de gerenciamento de projetos, assim como o domínio das competências gerais de gerenciamento, são alicerces profissionais para todos os aspirantes a gerentes de projeto. Os gerentes de projeto costumam ser comparados a pequenos empresários. Precisam conhecer um pouco de cada aspecto do gerenciamento. As competências gerais necessárias compreendem todas as áreas da administração, da contabilidade e do planejamento estratégico à supervisão, administração de recursos humanos e assim por diante, e são necessárias em todo projeto. Não obstante, alguns projetos podem exigir aptidões específicas em certas áreas de aplicação. Esses elementos, ou áreas de aplicação, podem ser definidos de diferentes maneiras: pelo setor (automotivo, farmacêutico), pelo departamento (contabilidade, marketing), pela técnica (desenvolvimento de software, engenharia) ou pela gerência (aquisições, pesquisa e desenvolvimento). Essas áreas geralmente se preocupam com disciplinas, regulamentações ou necessidades específicas do projeto, do cliente ou da indústria. Por exemplo, a maioria dos governos segue regras específicas em suas atividades de prospecção que não poderiam ser adotadas na construção civil. A indústria farmacêutica americana acompanha com profunda atenção as regulamentações promulgadas pela FDA (Food and Drug Administration), ao passo que o setor automotivo não tem praticamente interesse nenhum por tais determinações. A experiência na área de aplicação na qual você está trabalhando irá ajudá-lo nas práticas de gerenciamento de projetos, já que, embora seja possível recorrer a especialistas com conhecimento na área de aplicação, não custa nada compreender os aspectos específicos das áreas do seu projeto. As competências gerais enumeradas nesta seção constituem os fundamentos das boas práticas de gerenciamento de projetos. O fato de você as dominar (ou não) provavelmente afetaráos resultados dos seus projetos. As diversas habilidades do gerente de projetos podem ser classificadas em uma escala de importância mais ou menos decrescente. O item seguinte dá uma visão geral dessas habilidades. 1.3.1 Competências de comunicação Uma das características mais importantes do bom gerente de projetos é uma imensa aptidão para a comunicação. As formas escrita e oral de comunicação DEP/UFV Gerenciamento Projeto 10 constituem o alicerce de todo projeto bem-sucedido. Diversas modalidades de comunicação serão utilizadas no decorrer do seu projeto. Como responsável pela autoria ou administração de grande parte das atividades de comunicação do projeto (documentos, atualizações em reuniões, relatórios de status etc.), você deve assegurar que as informações sejam explícitas, claras e completas, de modo que seus interlocutores não tenham dificuldades para entender as mensagens transmitidas. Após a divulgação das informações, passa a ser responsabilidade do receptor certificar-se de que realmente as entendeu. Existem várias formas e estilos de comunicação, que discutiremos mais minuciosamente ao longo do curso. 1.3.2 Aptidões organizacionais e de planejamento É provável que as aptidões organizacionais e de planejamento sejam as habilidades mais importantes de um gerente de projeto, depois da comunicação. A organização assume diversas formas. Como gerente de projeto, você precisará rastrear a documentação do projeto, as informações sobre os requisitos, memorandos, relatórios do projeto, registros pessoais, cotações junto aos fornecedores, contratos e muito mais, além de localizar todos os dados rapidamente. Também deverá organizar reuniões, reunir as equipes e talvez gerenciar e organizar a programação dos comunicados à imprensa, dependendo do projeto. As competências de gerenciamento do tempo estão intimamente ligadas às aptidões organizacionais. É difícil se manter organizado sem a compreensão de como está administrando o seu tempo. É preciso aprender sobre gerenciamento de tempo de modo a organizar os problemas e interrupções por ordem de prioridade. Não há um único aspecto do gerenciamento de projetos que não passe primeiro pelo planejamento, que envolve competências que caminham de mãos dadas com as aptidões organizacionais. A combinação desses dois talentos com excelentes habilidades de comunicação é quase uma garantia de sucesso no gerenciamento de projetos. 1.3.3 Habilidades para a elaboração de orçamentos Uma vez que os gerentes de projeto estabelecem e administram orçamentos, precisam ter conhecimentos básicos de finanças e contabilidade. Nessa área de conhecimento, é muito importante fazer estimativas de custos para a elaboração do orçamento do projeto. Há vários métodos disponíveis para calcular custos, que incluem desde a estimativa das atividades individuais e a soma dessas estimativas até a previsão do custo do projeto como um todo. Esses métodos serão discutidos com mais detalhes ao longo do curso. Após o cálculo de um orçamento, você pode começar a gastar. Isso parece mais interessante do que realmente é. Ler e entender as cotações dos fornecedores, preparar ou supervisionar ordens de compra e reconciliar faturas envolvem conhecimentos sobre a elaboração de orçamentos que serão usados pelo gerente na maioria dos projetos. Esses custos serão novamente remetidos às atividades do projeto e aos itens de despesa contidos no seu orçamento. 1.3.4 Habilidades para resolução de conflitos Mostre-me um projeto e eu lhe mostro problemas. Todos os projetos (de fato, grande parte do nosso dia-a-dia) têm algum problema. O gerenciamento de conflitos envolve a solução de problemas, que, na realidade, é um processo duplo. Primeiro, é necessário definir o problema separando- se as causas dos sintomas. Geralmente, ao defini-lo, limitamo-nos a descrever sintomas, em vez de ir diretamente ao seu âmago. Para evitar essa armadilha, DEP/UFV Gerenciamento Projeto 11 pergunta-se: "Esse problema é interno ou externo?" ou "É um problema técnico?" ou "Existem problemas pessoais entre os integrantes da equipe?" ou "É um problema administrativo?" ou ainda "Quais são os possíveis impactos e conseqüências?". Perguntas desse gênero ajudam a ir direto ao cerne da situação. Após a definição do problema, você terá algumas decisões a tomar. Precisará de algum tempo para examinar e analisar a questão, o que o ocasionou e as alternativas existentes. A seguir, o gerente de projeto determinará o melhor curso de ação a ser tomado e implementará a decisão. O momento dessa execução costuma ser tão importante quanto a decisão em si; uma boa decisão, se colocada em prática tarde demais, pode acabar se revelando uma péssima opção. 1.3.5 Habilidades de negociação e influência Uma solução eficiente de problemas requer competências de negociação e influência. Todos nós usamos habilidades de negociação de uma forma ou de outra, todos os dias. Em termos simples, negociar envolve um esforço conjunto para se chegar a um acordo. Nos projetos, será preciso negociar em quase todas as áreas, desde a definição do escopo até orçamentos, contratos, alocação de recursos e muito mais. Isso pode envolver negociações de um para um ou pode envolver equipes e pode ocorrer diversas vezes no decorrer do projeto. A influência consiste em convencer nossos interlocutores de que uma opção é melhor que outra, bem como em levar a cabo as decisões tomadas. Para tanto, é preciso um profundo conhecimento das estruturas formal e informal de todas as organizações envolvidas no projeto. O poder e a política são técnicas usadas para influenciar pessoas. Poder é a capacidade de levar o outro a fazer algo que, do contrário, ele não faria, bem como de induzir indivíduos a mudarem de idéia, de alterar o rumo dos acontecimentos e influir nos resultados. Já a política implica conseguir que grupos de pessoas com interesses diferentes colaborem de maneira criativa, mesmo em meio ao conflito e à desordem. Essas habilidades serão empregadas em todas as áreas do gerenciamento de projetos. Comece a praticar agora porque, com certeza, você precisará delas em seu próximo projeto. 1.3.6 Habilidades de liderança Liderança e gerenciamento não são sinônimos. Os líderes expressam sua visão, obtêm consenso quanto às metas estratégicas, estabelecem uma direção e inspiram e motivam os demais. Os gerentes concentram-se nos resultados e se preocupam em finalizar o trabalho de acordo com as exigências. Embora líderes e gerentes não sejam o mesmo, os gerentes de projeto devem ter características de ambos, em diferentes etapas. Saber quando é necessário dar preferência à liderança ou ao gerenciamento é uma habilidade delicada e preciosa. 1.3.7 Habilidades para formação e motivação de equipes Os gerentes de projeto são profundamente dependentes das habilidades de formação e motivação de equipes. Geralmente, as equipes são formadas por pessoas de diferentes áreas da organização, que podem ou não já ter trabalhado juntas. Sendo assim, o gerente do projeto pode ser fundamental na base da formação da equipe; ele é quem vai definir o espírito da equipe e a ajudará a atravessar as diversas etapas da sua formação, de modo a tornar-se plenamente funcional. A motivação da equipe, em DEP/UFV Gerenciamento Projeto 12 especial durante projetos longos ou naqueles que passam por muitos percalços ao longo do caminho, é outra responsabilidade importante do gerente do projeto. Um alerta interessante com relação ao papel da formação da equipe é que os gerentes de projeto são muitas vezes responsáveis por motivar integrantes da equipe que não são seus subordinados diretos, o que acarreta seus próprios dilemas e desafios. Uma maneira de contornara situação é pedir ao gerente funcional que lhe permita participar nas avaliações de desempenho dos integrantes da sua equipe. Use as habilidades de negociação e influência para não deixar de fazer parte desse processo. Gerentes de projeto são pessoas que fazem interessar. São capazes de motivar as pessoas, inclusive aquelas que não têm qualquer razão para serem leais ao projeto, e podem dar aqueles telefonemas difíceis quando necessário. Os gerentes de projeto podem se ver diante de situações desconfortáveis que, por vezes, exigem decisões favoráveis à empresa (ou ao cliente), mas que não são boas para determinados stakeholders; estes, por sua vez, vão se sentir ofendidos - e o gerente de projeto precisará “cortar um dobrado” para motivar e resgatar sua colaboração. Algumas organizações admitem gerentes de projeto por contrato para administrarem grandes projetos de mudanças na empresa apenas porque não desejam que um funcionário-chave “se queime” nessa função. Felizmente, isso não acontece com freqüência. Agora que foi devidamente apresentado a algumas das competências que devem fazer parte do seu kit de ferramentas, você poderá se preparar para comunicar- se, solucionar problemas, liderar e negociar para lograr êxito em seu próximo projeto. 1.4. Sobre as estruturas organizacionais Assim como os projetos são únicos, as organizações em que são executados também o são, já que possuem estilo e cultura próprios que influenciam no modo como o trabalho o projeto é conduzido. O segredo para determinar o tipo de organização em que você trabalha é avaliar quanta autoridade a alta diretoria pretende delegar aos gerentes de projeto. Embora a singularidade seja a regra nas culturas empresariais, todas as organizações são estruturadas segundo uma destas três modalidades: funcional, por projeto ou matricial. Existem variações e combinações das três, tal como uma estrutura por projetos dentro de uma organização funcional, ou organizações matriciais fracas, equilibradas ou sólidas. Vale a pena conhecer e entender a estrutura organizacional e a cultura da entidade na qual você trabalha. É mais fácil para empresas de cultura agressiva, que estejam seguras em uma posição de liderança dentro de seus respectivos setores, assumir projetos arriscados. Os gerentes de projeto que desejarem sugerir novas idéias e projetos que nunca foram tentados antes provavelmente terão uma recepção calorosa nesse tipo de ambiente. Por outro lado, é raro que culturas organizacionais avessas ao risco, que prefiram uma cômoda segunda colocação dentro do setor, aceitem empreendimentos arriscados. Os gerentes de projeto com estilos agressivos e tendências a correr riscos provavelmente serão recebidos com frieza em culturas desse tipo. O nível de autoridade de que o gerente de projeto vai usufruir será dado pela estrutura organizacional. Por exemplo, um gerente de projeto dentro de uma organização funcional tem pouca ou nenhuma autoridade oficial. É possível que ele nem seja chamado de gerente de projeto, mas sim líder, coordenador ou até executor de projeto. DEP/UFV Gerenciamento Projeto 13 Vamos examinar cada uma dessas organizações para entendermos melhor como funciona o gerenciamento de projetos em cada uma delas. 1.4.1 Organizações funcionais O tipo mais comum de organização é a funcional. É muito provável que você já tenha trabalhado em uma. Como talvez esse seja o estilo mais antigo de organização, é conhecido como o método tradicional de organização de empresas. As organizações funcionais giram em torno de especialidades e são agrupadas por função - daí o nome organização funcional. Nela pode haver, por exemplo, um departamento de recursos humanos, um departamento financeiro, um departamento de marketing, e assim por diante. O trabalho executado nesses departamentos é especializado e requer que os funcionários tenham aptidões específicas e experiência nas funções para cumprir as responsabilidades de cada um. O slide mostra um organograma comum de uma organização funcional. Esse tipo de organização é configurado de maneira hierárquica. Os funcionários são subordinados aos gerentes, que respondem aos chefes de departamento, que se reportam aos vice-presidentes, que são subordinados ao CEO. Em outras palavras, cada funcionário responde a um único gerente e, em última instância, existe um único responsável no topo. Atualmente, várias empresas e órgãos governamentais têm uma estrutura hierárquica. Nesse tipo de organização, deve-se procurar conhecer a cadeia de comando; ela pode ser bastante rígida, e a cultura corporativa talvez determine que você a obedeça. Trocando em miúdos: não se dirija ao chefão sem conversar primeiro com seu chefe, que entrará em contato com o chefe dele, que falará com o chefão. Gerentes de projeto inteligentes devem descobrir se existe uma cadeia de comando, o rigor com que ela deve ser respeitada e como se estrutura antes de se aventurar fora dela. Cada departamento ou grupo em uma organização funcional é administrado separadamente e tem um âmbito de controle limitado. O pessoal de marketing não se intromete no departamento financeiro nem em seus projetos, por exemplo; preocupa- se apenas com suas próprias funções e projetos. Caso o departamento de marketing necessite de orientações do financeiro sobre um projeto, os integrantes da equipe obedecerão à cadeia de comando: um gerente de marketing solicitará a um gerente de finanças que obtenha as informações necessárias e, em seguida, as retransmita para a equipe do projeto. Os recursos humanos na organização funcional Numa organização funcional, os profissionais alocados nos diversos departamentos possuem elementos comuns. Teoricamente, é mais fácil gerenciar um grupo de pessoas com habilidades e experiências semelhantes. Em vez de dispersá- las pela organização, é mais eficiente mantê-las trabalhando em conjunto. As tarefas são facilmente atribuídas aos funcionários mais adequados para as mesmas competências quando eles trabalham em conjunto. Geralmente os supervisores e os gerentes têm experiência na área que dirigem, o que os habilita a recomendar treinamento e atividades de aprimoramento profissional para seus subordinados. Os empregados das organizações funcionais se especializam em uma área de conhecimento - finanças, por exemplo - e acabam tornando-se muito eficientes em sua especialidade. Existe uma clara trajetória profissional ascendente para os funcionários das organizações funcionais. Um analista-assistente de orçamentos pode ser promovido a DEP/UFV Gerenciamento Projeto 14 analista e orçamentos e, por fim, a gerente de departamento, comandando diversos analistas ce orçamentos. As desvantagens das organizações funcionais As organizações funcionais têm suas desvantagens e, se esse é o tipo de organização em que você trabalha, já deve ter se deparado com algumas delas. Uma das maiores dificuldades enfrentadas pelos gerentes de projeto é o fato de terem pouca ou nenhuma autoridade oficial, o que não significa que estejam fadados ao fracasso; afinal, vários projetos são levados a cabo e concluídos com êxito dentro desse tipo de organização. As habilidades para a boa comunicação e um bom relacionamento interpessoal e de influência são necessárias para empreender um projeto com êxito dentro de uma estrutura dessas. Em uma organização funcional, o vice-presidente (VP) ou gerente sênior de departamento geralmente é o responsável pelos projetos. O título de gerente de projeto denota autoridade a qual, em uma estrutura funcional, recai sobre o VP. Como gerenciar projetos em uma organização funcional Geralmente, nas organizações funcionais, o comando dos projetos é compartilhado. Por exemplo, o departamento de marketing fará sua parte noprojeto, mas caberá ao departamento de produção concluí-lo, e assim por diante. O trabalho do departamento de marketing é considerado um projeto de marketing, enquanto as atribuições do departamento de produção são interpretadas como um projeto de produção. Alguns projetos exigem que os integrantes da equipe oriundos de diferentes departamentos trabalhem em conjunto, ao mesmo tempo, em aspectos diversos do projeto. Nessa estrutura, os participantes muito provavelmente serão leais a seu gerente funcional, que é responsável pelas avaliações de desempenho, afinal, as oportunidades de crescimento profissional estão no departamento funcional, não na equipe do projeto. A capacidade de liderança, constituindo uma perspectiva comum no tocante ao projeto, e o talento para motivar os membros da equipe a trabalhar segundo essa perspectiva são excelentes competências a ostentar nessa situação. Como já mencionado, pode ser interessante que o gerente de projeto trabalhe junto com o gerente funcional na avaliação do desempenho dos funcionários. Pressão por recursos nas organizações funcionais Nas organizações funcionais, a disputa por recursos e por prioridade pode ser acirrada quando há vários projetos em pauta. Por exemplo, em minha organização é comum aparecerem solicitações de projetos concorrentes, procedentes de três ou mais departamentos, todas visando aos mesmos recursos - e, ainda por cima, é preciso efetuar mudanças determinadas pela legislação tributária, o que derruba automaticamente todas as outras prioridades. Às vezes, tamanha competição é motivo de frustrações e corpo a corpo político. Cada departamento acredita que seu projeto é mais importante do que o do outro e empenha-se para que ele seja passado à frente dos demais. Mais uma vez, são necessárias muita experiência e diplomacia para manter os projetos nos eixos e funcionando sem problemas. Durante o curso, será discutida a importância de se obter o comprometimento dos stakeholders e a prioridade e distribuição da comunicação para evitar alguns desses problemas. Os DEP/UFV Gerenciamento Projeto 15 gerentes de projeto têm pouca autoridade nas organizações funcionais, mas, com as habilidades certas, podem concretizar com êxito vários projetos. 1.4.2 Organizações por projetos As organizações por projetos (projectized organizations) são praticamente o oposto das organizações funcionais. O enfoque desse tipo de organização é o próprio projeto. A idéia que respalda uma organização estruturada por projetos é cultivar lealdade ao projeto, não a um gerente funcional. O slide mostra um organograma comum de uma organização por projeto. Nas organizações estruturadas exclusivamente por projetos, os recursos organizacionais são dedicados aos projetos e suas metas. Quase sempre, os gerentes de projeto têm total autoridade sobre o projeto e são subordinados diretos do CEO, sem intermediários. Em uma organização estritamente orientada por projetos, as funções de apoio, como recursos humanos e contabilidade, também podem responder diretamente aos gerentes de projeto. Estes são responsáveis pela tomada de decisões relacionadas ao projeto e à aquisição e alocação de recursos e têm autoridade para escolher e alocar recursos de outras áreas da organização ou para contratar recursos externos, se necessário. Entretanto, em todas as estruturas organizacionais, os gerentes de projeto são limitados pelas três restrições básicas (escopo, cronograma e orçamento); assim, por exemplo, se não houver orçamento para contratar recursos adicionais, o gerente de projeto deverá apresentar alternativas para solucionar o problema. A qualidade alguma vezes é considerada uma restrição e geralmente é afetada pelas três restrições. As equipes são formadas e seus membros com freqüência são co-alocados, ou seja, trabalham no mesmo local físico. Os membros da equipe do projeto são subordinados ao gerente de projeto, não a um gerente funcional ou de departamento. Uma desvantagem óbvia de uma organização estruturada por projetos é que a equipe pode ficar sem trabalho no final do projeto. É o caso do consultor que trabalha do início ao fim de um projeto e, quando este termina, é colocado à disposição ou dispensado. Ocorre uma certa ineficiência nesse tipo de organização no que diz respeito à utilização de recursos. Se você precisar de um recurso altamente especializado em determinados momentos do projeto, ele pode acabar ficando ocioso no resto do tempo. Em resumo, as organizações estruturadas por projetos são identifica das por várias características: · Os gerentes de projeto têm autoridade máxima sobre o projeto. · O enfoque da organização é o projeto. · Os recursos da organização são destinados ao projeto e à sua execução. · Os integrantes da equipe trabalham no mesmo local físico. · A lealdade é cultivada em torno do projeto, não em torno de um gerente funcional. · As equipes são dissolvidas quando o projeto é concluído. 1.4.3 Organizações matriciais As organizações matriciais surgiram para minimizar as diferenças entre os pontos fortes e fracos das organizações funcionais e das estruturadas por projetos e para melhor explorá-los. A idéia é obter o melhor dos dois mundos, combinando-os em um só. Os objetivos do projeto são atendidos, técnicas eficientes de gerenciamento de DEP/UFV Gerenciamento Projeto 16 projetos são aplicadas, ao mesmo tempo em que também se mantém a estrutura hierárquica da organização. Os funcionários de uma organização matricial se reportam ao gerente funcional e a, no mínimo, um gerente de projeto, podendo ser subordinados a vários gerentes de projeto, caso trabalhem em vários projetos simultâneos. O gerente funcional responde por incumbências administrativas e aloca funcionários para os projetos, além de monitorar o trabalho de seus funcionários nos diversos projetos. O gerente de projeto, por sua vez, é responsável pela execução do projeto e distribuição das tarefas de acordo com as atividades previstas. Ambos dividem a responsabilidade pelas avaliações de desempenho dos funcionários. Em resumo, os gerentes funcionais alocam funcionários para os projetos, enquanto os gerentes de projeto distribuem as tarefas associadas a cada projeto nas organizações matriciais. O foco dos projetos nas organizações matriciais As organizações matriciais permitem que os gerentes de projeto se concentrem no projeto e em sua execução, exatamente como em uma organização estruturada por projetos. A equipe fica livre para se dedicar aos objetivos do projeto, sem as distrações do departamento funcional. Os gerentes de projeto devem ter cuidado ao elaborar estimativas para atividades e para o projeto nas organizações matriciais; tais estimativas devem ser transmitidas aos gerentes funcionais como entrada antes de anunciadas. Cabe ao gerente funcional alocar ou liberar recursos para os projetos. Se o gerente de projeto estiver contando com determinado funcionário para trabalhar em determinado horário, deverá tratar com antecedência da disponibilidade desse funcionário com o gerente funcional. Talvez seja necessário modificar as estimativas do projeto se o funcionário em questão não estiver disponível quando necessário. o equilíbrio de poder nas organizações matriciais Como foi dito, há muita comunicação e negociação entre o gerente de projeto e o gerente funcional. Isso requer um equilíbrio de poder entre os dois; do contrário, um dominará o outro. Em uma organização matricial forte, o equilíbrio de poder fica por conta dos gerentes de projeto, que podem convencer os gerentes funcionais a renunciar a seus melhores recursos em favor dos projetos. Às vezes, são alocados mais recursos para o projeto do que os necessários; os gerentes de projeto então os negociam entresi, eliminando o gerente funcional. Na outra extremidade do espectro encontra-se a organização matricial fraca. Os gerentes funcionais têm todo o poder dentro dessa estrutura, ao passo que os gerentes de projeto não passam de coordenadores ou executores de projetos, com responsabilidade apenas parcial sobre os mesmos e praticamente sem nenhuma autoridade, como acontece nas organizações funcionais. Por outro lado, os gerentes funcionais têm muita autoridade e encarregam-se de todas as alocações de trabalho, enquanto os gerentes de projeto limitam-se a executar os projetos. Entre as organizações matriciais fraca e forte existe uma estrutura organizacional chamada matricial equilibrada ou mista, como visto anteriormente. O poder é equilibrado entre os gerentes de projeto e os funcionais. Cada gerente responde pela sua parte do projeto ou da organização e os funcionários são DEP/UFV Gerenciamento Projeto 17 designados para os projetos conforme as necessidades existentes, e não segundo a força ou debilidade da posição do gerente. Existem diferenças sutis entre as organizações matriciais, e é importante compreendê-las. O modo mais fácil de se lembrar delas é pensar que a matricial fraca tem vários traços da organização funcional, enquanto a forte tem características da organização estruturada por projetos. Já a matricial mista é exatamente um meio- termo entre a fraca e a forte, em que o gerente de projeto compartilha autoridade e responsabilidade com o gerente funcional. Hoje em dia, a maioria das organizações usa alguma combinação das estruturas organizacionais aqui descritas. É raro uma organização ser estritamente funcional ou unicamente orientada por projetos. Por exemplo, estruturas que giram em torno de projetos podem coexistir dentro de organizações funcionais. No caso de um projeto crítico e mais elaborado, a organização funcional pode designar uma equipe especial para dedicar-se a ele com exclusividade. O grupo é estruturado fora dos limites da organização funcional, e seu gerente detém autoridade máxima pelo projeto, uma abordagem de gerenciamento viável, que assegura a comunicação franca entre o gerente do projeto e os membros da equipe. Encerrado o trabalho, o grupo se dissolve e seus integrantes retomam às suas respectivas áreas funcionais, retomando suas atribuições de costume. As organizações são únicas, assim como os projetos por elas empreendidos. Conhecer a estrutura organizacional ajudará o gerente de projeto no que diz respeito às influências culturais e vias de comunicação nela existentes, facilitando-lhe a obtenção de colaboração e a conclusão do projeto com êxito. 1.5. Sobre os ciclos do projeto e processos do gerenciamento Os ciclos de vida do projeto são semelhantes aos ciclos experimentados pelos pais ao acompanhar o crescimento de seus filhos até a fase adulta. Os filhos começam como bebês e dão muitas alegrias aonde quer que vão. Entretanto, a princípio não os conhece muito bem. Assim, eles os acompanhamos em seu crescimento e avaliam suas necessidades; com o passar do tempo, eles amadurecem e crescem (e custam muito dinheiro nesse processo), até o dia em que a responsabilidade dos pais em relação a eles termina. Os projetos começam exatamente do mesmo modo e percorrem uma trajetória semelhante. Alguém apresenta uma excelente idéia para um projeto e solicita apoio para tal. Depois de aprovado, o projeto passa pelas fases intermediárias até a fase final, quando é concluído e encerrado. 1.5.1 Ciclos e fases do projeto Todos os projetos são divididos em fases e, sejam grandes ou pequenos, têm um ciclo de vida parecido. No mínimo, um projeto terá um estágio inicial ou de iniciação, uma fase (ou fases) intermediária (s) e uma etapa final; o número depende da complexidade do projeto e do setor da indústria. Os projetos de tecnologia da informação, por exemplo, podem passar por fases como definição dos requisitos, projeto, programação, teste e implementação. O conjunto das fases coletivas atravessadas pelo projeto é denominado de ciclo de vida do projeto. O término de cada estágio representa para o gerente do projeto, os seus stakeholders e o patrocinador uma oportunidade de avaliar se o projeto deve avançar para a fase seguinte, que só deve ser iniciada quando as entregas da fase anterior tiverem sido revisadas e aprovadas. E assim as etapas se sucedem, percorrendo o DEP/UFV Gerenciamento Projeto 18 ciclo de vida numa série de estágios encadeados (handoffs) que serão citados durante o curso. Estágios encadeados As fases do projeto percorrem o ciclo de vida em uma série de estágios denominados estágios encadeados ou transferências técnicas. O final de uma fase geralmente marca o início da seguinte, mas isso não é uma regra; por exemplo: no setor da construção civil, os estudos de viabilidade ocorrem, em geral, na fase inicial do projeto. O propósito do estudo da viabilidade é determinar se o projeto vale a pena e se ele será lucrativo para a empresa. Esse estudo é uma avaliação preliminar da viabilidade do projeto, o poder de mercado do seu produto ou serviço e o valor do projeto para a organização. Ele também pode avaliar se o resultado do projeto é seguro e está dentro dos padrões e regulamentações do setor ou do governo. A conclusão e aprovação do estudo da viabilidade dão início à fase de requisitos, na qual estes são documentados e passados à fase de projeto para a produção do plano. A viabilidade também pode mostrar que o projeto não vale a pena e, assim, causar o seu término, fazendo com que a fase seguinte nunca chegue a existir. Conclusão de uma fase O término de cada fase pode ser reconhecido pela apresentação de uma entrega específica (ou várias), marcando o final daquela etapa. "Entrega" é tudo o que deve ser produzido para que a fase ou o projeto sejam encerrados; são elementos tangíveis, que podem avaliados e comprovados com facilidade. Uma possível entrega da fase inicial do nosso exemplo do setor da construção civil seria o estudo de viabilidade. Aí também podem se incluir projetos de construção; orçamentos, plantas, cronogramas, protótipos etc. Essa análise permite que os stakeholders determinem se o projeto deve passar para a fase seguinte. O estudo de viabilidade pode mostrar que resultariam impactos ambientais de grande porte se o projeto da construção fosse levado a cabo na localização proposta; com base nessas informações, pode-se tomar uma decisão favorável ou não à sua realização. O término de cada etapa também permite que o gerente de projeto identifique eventuais erros, analise-os e tome as devidas providências para corrigi-los. As avaliações empreendidas ao fim de cada estágio recebem vários nomes diferentes: saídas de fase (phase exits, passagens de estágio (stage gates) ou pontos de encerramento (kill points). Em alguns casos, as etapas são sobrepostas para encurtar ou reduzir o cronograma do projeto, o que é chamando de paralelismo (fast traching). No paralelismo, um estágio posterior é iniciado antes da conclusão e aprovação da fase (ou fases) anterior (es). A maioria dos projetos apresenta seqüências de fases que são concluídas dentro do seu ciclo de vida, o que lhes confere uma série de características comuns. Na etapa inicial, quando ocorre o processo de Iniciação, os custos são baixos e há poucos integrantes da equipe no projeto. Com o prosseguimento do projeto, os custos e os integrantes da equipe aumentam - diminuindo depois, no estágio de encerramento. A probabilidade de o projeto ter um final bem-sucedido é menor no início, mas as chances de êxito aumentam à medida que o projeto atravessa suas fases; o risco é mais alto no começo, diminuindo gradativamente, à medida que o projeto se aproxima de sua conclusão. Os stakeholders têmmais chances de influenciar o projeto nas fases iniciais, probabilidade que se atenua com o avançar do projeto. O mesmo fenômeno acontece no gerenciamento dos processos. DEP/UFV Gerenciamento Projeto 19 1.5.2 Grupos de processos do PMI Os processos do gerenciamento de projetos organizam e descrevem a realização do projeto. O Guide to the PMBOK documenta cinco grupos de processos para esse fim e todos eles são executados por pessoas e, como as fases do projeto, são inter-relacionados e dependentes uns dos outros. Os grupos de processo são os seguintes: · Iniciação · Planejamento · Execução · Monitoramento e Controle · Encerramento Todos esses grupos de processos são compostos por processos individuais que, juntos, constituem o grupo. Por exemplo, o grupo de Iniciação é formado por dois processos: o Desenvolvimento do Termo de Abertura e o Desenvolvimento da Declaração do Escopo. Juntos, esses grupos de processos, aí incluídos todos os seus processos individuais, configuram o processo de gerenciamento do projeto. Este começa com o processo de Iniciação e percorre todos os processos do grupo de Planejamento, do grupo de processos de Execução e assim por diante, até o projeto ser concluído com êxito ou cancelado. Em todo projeto devem-se levar a cabo os processos de Encerramento, mesmo que ele seja abortado. Os estágios encadeados (a passagem da etapa de projeto ou desenho para a de fabricação, por exemplo) também ocorrem dentro desses ciclos de vida. Não confunda fases e ciclos de vida do projeto com os grupos de processos de gerenciamento do projeto. O Guide to the PMBOK faz uma distinção bastante clara a respeito disso. As fases e ciclos de vida do projeto descrevem como será concluído o trabalho associado ao produto do projeto. Por exemplo, um projeto de construção pode passar por fases como estudo da viabilidade, projeto, construção, inspeção, vendas. Os cinco grupos de processo do gerenciamento de projetos (Iniciação, Planejamento, Execução, Monitoramento e Controle, Encerramento) organizam e descrevem como serão conduzidas as atividades para que os requisitos do projeto sejam atendidos. Em projetos grandes, esses processos normalmente são executados em cada uma das fases. Os cinco grupos de processos compõem o cerne do Guide to the PMBOK. A seguir, uma visão geral de cada processo que serão detalhados ao longo do curso. Iniciação O processo de Iniciação, como o próprio nome sugere, ocorre no início do projeto ou de cada fase de projetos grandes. A Iniciação confirma que um projeto, ou a etapa seguinte do projeto, deve ter início, concedendo aprovação para que se comprometam os recursos da organização necessários àquele projeto ou fase. As saídas deste processo, incluindo o termo de abertura e a declaração de escopo, tornam-se entrada para o grupo de Planejamento. · Desenvolvimento do Termo de Abertura (Iniciação) · Desenvolvimento da Declaração de Escopo (Iniciação) DEP/UFV Gerenciamento Projeto 20 Planejamento O Planejamento é o processo de formular e revisar as metas e objetivos do projeto e delinear os planos que serão usados para cumprir os propósitos que o projeto se propõe a atingir. Envolve também a determinação de vários cursos possíveis de ação e a escolha de quais destes seriam as melhores alternativas para se alcançar os fins em pauta. É nesse grupo de processos que os requisitos do projeto e seus stakeholders são especificados. De todos os grupos de processos do gerenciamento de projetos, o planejamento é o que envolve o maior número de componentes. Os grupos referentes à Execução, ao Monitoramento e Controle e ao Encerramento dependem do Planejamento e da documentação aí gerada para que suas funções sejam concretizadas. O gerente deve fazer iterações freqüentes dos processos do Planejamento até a sua conclusão do projeto. Como cada projeto é único, nunca foi executado; portanto, o Planejamento deve abranger todas as áreas do gerenciamento de projetos e considerar o orçamento, a definição das atividades, o planejamento do escopo, o desenvolvimento do cronograma, a identificação dos riscos, o recrutamento da equipe, o planejamento da prospecção, entre outros. Os maiores conflitos que o gerente enfrentará nesse grupo de processos serão referentes ao estabelecimento das prioridades do projeto. Execução O grupo de processos de Execução compreende a concretização dos planos do projeto. É aqui que o gerente coordena e direciona os recursos a fim de atender aos objetivos do plano do projeto. O processo de Execução mantém o plano sob controle e assegura que sua execução permaneça em sincronia com os objetivos visados. Normalmente é aqui que as mudanças são implementadas. O grupo de processos de Execução costuma absorver a maior parte do tempo e dos recursos do projeto, o que geralmente faz com que os custos sejam mais altos nessa etapa. Os maiores desafios enfrentados nesse ciclo dizem respeito aos cronogramas. Monitoramento e Controle É no grupo de processos de Monitoramento e Controle que são feitas e analisadas as avaliações de desempenho, para averiguar se o projeto está seguindo o planejado. Se forem detectados desvios, será aplicada uma ação corretiva para colocar as atividades de acordo com o plano do projeto, o que pode exigir novas passagens pelo processo de Planejamento, até que os objetivos em pauta tenham sido reajustados. Encerramento No gerenciamento de projetos, o grupo de processos de Encerramento provavelmente é o que é ignorado com mais freqüência. Este grupo é o responsável pelo término formal e ordenado das atividades de uma fase ou do projeto em si. Assim que os objetivos são alcançados, a maioria dos integrantes do projeto se prepara para migrar para um próximo projeto. Entretanto, o Encerramento é importante porque é nesse momento que todas as informações do projeto são reunidas e armazenadas para referência futura. A documentação reunida durante o processo de Encerramento pode ser analisada e aproveitada para evitar possíveis problemas em projetos futuros. O contrato acaba aqui, e a aceitação e aprovação formais são obtidas junto aos stakeholders. DEP/UFV Gerenciamento Projeto 21 O gerente e a equipe do projeto são responsáveis por determinar quais processos de cada grupo são apropriados para o projeto no qual estão trabalhando; procedimento denominado adaptação (tailoring). O tamanho e a complexidade do projeto e as diversas entradas e saídas de cada um dos processos devem ser considerados durante a escolha dos processos a serem implementados. Os projetos pequenos e independentes podem não precisar do rigor de todos os processos de cada grupo, mas cada um desses processos deve ser avaliado para que o seu nível de implementação seja determinado. Utilize o bom-senso na escolha dos processos, em especial para pequenos projetos. Características dos grupos de processos O percurso entre os grupos de processos tem as mesmas características daquele feito entre as fases: os custos são mais baixos nos processos de Iniciação e poucos integrantes da equipe estão envolvidos. No grupo de processos de Execução, o custo e o número de pessoas participantes aumentam e voltam a diminuir conforme o projeto se aproxima do Encerramento. As chances de sucesso são mínimas durante a Iniciação e muito grandes durante o Encerramento. As chances de riscos são maiores durante os processos de Iniciação, Planejamento e Execução, mas o impacto dos riscos é maior durante os últimos processos. Os stakeholders têm maior influência durante os processos de Iniciação e Planejamento e vêem essa influência diminuir ao longo dos processos de Execução, Monitoramento e Controle e Encerramento. A demanda por custos e recursos é normalmente maiordurante a fase de Execução. Fluxo de processo Os cinco grupos de processos são iterativos - não devem, portanto, ser tratados como processos únicos, que não se repetem. Pelo contrário, devem ser revisitados várias vezes ao longo do ciclo de vida do projeto como um todo, à medida que o projeto vai sendo aprimorado. O PMI chama de iterativo esse processo de repassar os grupos de processos. A conclusão de cada processo permite que o gerente de projeto e os stakeholders reexaminem as necessidades do projeto e verifiquem se elas estão sendo atendidas. É outra oportunidade para decidir seguir em frente ou parar. Durante as fases de um projeto, a fase de Encerramento pode fornecer dados para a fase de Iniciação; por exemplo, quando o estudo de viabilidade que já discutimos é aceito ou fechado, torna-se uma entrada para a fase de elaboração e planejamento da Iniciação. As saídas de um grupo de processos tornam-se entrada para o grupo de processos seguinte (ou podem representar os resultados do processo). Existem processos dentro da maioria dos grupos de processos. Por exemplo, o grupo do ciclo de Encerramento é composto por dois processos, Encerramento de Contrato e Encerramento Administrativo. Cada um utiliza certas entradas, bem como uma série de ferramentas e técnicas para gerar saías. Durante a realização do curso, nem todas as entradas, ferramentas e técnicas e saídas de todos os processos de cada grupo serão vistos. No entanto, essas informações detalhadas são importantes podem ser encontradas no Guide to the PMBOK. Interações entre os processos Conforme já mencionado, os gerentes devem determinar os processos que são apropriados para gerenciarem de modo efetivo o projeto com base na complexidade e no escopo que este apresenta, a disponibilidade de recursos, o orçamento etc. DEP/UFV Gerenciamento Projeto 22 Conforme o projeto progride, os seus processos de gerenciamento podem ser revisitados e revisados para que o plano de gerenciamento do projeto seja atualizado com as últimas informações adquiridas. No alicerce do conceito de que os grupos de processos são interativos está um ciclo PDCA (Plan-Do-Chech-Act) "Planejar-Fazer- Verificar-Agir" que foi definido pela primeira vez por Walter Shewhart e mais tarde modificado por Edward Deming. A idéia por trás desse conceito é que cada elemento de um ciclo é orientado para resultados. Os resultados do ciclo "Planejar" tornam-se entrada do ciclo "Fazer" e assim sucessivamente, semelhante à interação entre os grupos de processos de gerenciamento. As interações entre os ciclos podem ser mapeadas para trabalharem em conjunto com os cinco grupos de processos de gerenciamento. Por exemplo, o ciclo "Planejar" pode ser mapeado como o grupo de processos de Planejamento. 1.6. Áreas de conhecimento do gerenciamento de projetos Existe ainda outra maneira de classificar os processos de cada grupo de processos do gerenciamento de projetos. O Guide to the PMBOK agrupa esses processos em nove categorias denominadas Áreas de Conhecimento do Gerenciamento de Projetos. Esse agrupamento, ou áreas de conhecimento, congregam os processos que possuem características comuns. Por exemplo, a área de conhecimento de Gerenciamento dos Custos do Projeto envolve todos os aspectos dos processos de orçamentação; como Estimativas dos Custos, Orçamentação e Controle dos Custos, certo? Errado. Esses três últimos processos não pertencem ao mesmo grupo de processos (Estimativa de Custos e Orçamentação fazem parte do Planejamento e o Controle dos Custos é parte do processo de Monitoramento e Controle). Assim sendo, as áreas de conhecimento agrupam os processos a partir das suas características comuns e os grupos de processos do gerenciamento de projetos apresenta mais ou menos a ordem em que os processos devem ser executados (embora, como você já sabe, é possível passar mais de uma vez por esses processos). As nove Áreas de Conhecimento do Gerenciamento de Projetos são as seguintes: · Gerenciamento da Integração do Projeto · Gerenciamento do Escopo do Projeto · Gerenciamento do Tempo do Projeto · Gerenciamento dos Custos do Projeto · Gerenciamento da Qualidade do Projeto · Gerenciamento dos Recursos Humanos do Projeto · Gerenciamento das Comunicações do Projeto · Gerenciamento dos Riscos do Projeto · Gerenciamento de Aquisições do Projeto Cada área será examinada com mais detalhes, de modo que se compreenda efetivamente sua função nos grupos de processos. Em cada uma das subseções a seguir está descrito a área de conhecimento em questão e os processos que a compõem. À frente de cada processo, entre parênteses, está descrito o grupo de processo do gerenciamento de projetos (ou fases do ciclo de vida do projeto) a que estes pertencem. Isso irá ajudar a visualizar a situação como um todo, em termos da DEP/UFV Gerenciamento Projeto 23 comparação entre grupos de processos e áreas de conhecimento. Ao longo do curso, será discutido cada um dos processos das diversas áreas de conhecimento. 1.6.1 Gerenciamento da Integração do Projeto O Gerenciamento da Integração do Projeto compreende sete processos: · Desenvolvimento do Termo de Abertura (Iniciação) · Desenvolvimento da Declaração de Escopo (Iniciação) · Desenvolvimento do Plano do Projeto (Planejamento) · Orientação e Gerenciamento da Execução do Projeto (Execução) · Monitoramento e Controle do Trabalho do Projeto (Monitoramento e Controle) · Controle Integrado de Mudanças (Monitoramento e Controle) · Encerramento do Projeto (Encerramento) A área de conhecimento Integração do Projeto trata da coordenação de todos os aspectos do plano do projeto e envolve um elevado nível de interação. Essa área envolve a identificação e definição do trabalho do projeto e a combinação, unificação e integração dos processos apropriados. Ela também se preocupa em atender os requisitos do cliente e dos stakeholders satisfatoriamente e gerenciar suas expectativas. O planejamento e a execução do projeto, o monitoramento do seu trabalho e o controle de mudanças ocorrem ao longo de todo o projeto e se repetem continuamente durante a execução do projeto. O planejamento e a execução incluem a contraposição dos objetivos às alternativas existentes para levar o projeto a um bom termo, o que envolve escolhas sobre como usar de modo eficiente os recursos e coordenar continuamente o trabalho do projeto. O monitoramento do trabalho do projeto engloba a antecipação de possíveis problemas e o tratamento deles antes que atinjam um ponto crucial. O controle de mudanças afeta o plano do projeto, que, por sua vez, interfere na execução, que pode interferir no plano do projeto, de modo que esses processos sejam intimamente interligados. Os processos nessa área, como ocorre em todas as outras, também interagem com outros processos das demais áreas de conhecimento. Por exemplo, os processos do Encerramento utilizam saídas dos processos de Administração dos Contratos e produzem entradas para o processo de Encerramento dos Contratos. Nesse processo há duas ferramentas para auxiliar na integração de processos: o Gerenciamento de Valor Agregado e os softwares de gerenciamento de projetos. O Gerenciamento de Valor Agregado (GVA ou EVM, Eamed Value Management) é uma metodologia de integração de projetos empregada nessa área de conhecimento para integrar processos e mensurar o desempenho do projeto ao longo do ciclo de vida do projeto. 1.6.2 Gerenciamento do Escopo do Projeto O Gerenciamento do Escopo do Projeto é composto por cinco processos: · Planejamento do Escopo (Planejamento) · Definição do Escopo (Planejamento) · Criação da EAP (Planejamento) DEP/UFV Gerenciamento Projeto 24 · Verificaçãodo Escopo (Monitoramento e Controle) · Controle de Mudanças do Escopo (Monitoramento e Controle) O Gerenciamento do Escopo do Projeto refere-se à definição de todas as atividades do projeto necessárias ao cumprimento das metas. Esses processos, altamente interativos, definem e controlam o que faz ou não parte do projeto. Eles ocorrem pelo menos uma vez - e, com freqüência, várias vezes - durante o ciclo de vida do projeto. O Gerenciamento do Escopo do Projeto compreende tanto o escopo do produto quanto o escopo do projeto. O escopo do produto refere-se às características do produto ou serviço do projeto, e é contraposto aos requisitos do projeto para determinar sua conclusão; em geral é a área de aplicação que determina quais ferramentas e técnicas serão usadas para defini-Ia e gerenciá-lo. Já o escopo do projeto envolve a administração da execução do projeto, e só a execução do projeto; é confrontado com plano do projeto, declaração de escopo e estrutura analítica do projeto (EAP). O Planejamento, Definição, Verificação e Controle de Mudanças do Escopo e a Criação da EAP compreendem: · A descrição detalhada dos requisitos do produto do projeto · A verificação desses detalhes, usando-se técnicas de mensuração · A criação do plano de gerenciamento do escopo · A criação da estrutura analítica do projeto · O controle das modificações desses processos 1.6.3 Gerenciamento do Tempo do Projeto A área do conhecimento Gerenciamento do Tempo do Projeto é composta por seis processos: · Definição das Atividades (Planejamento) · Seqüenciamento de Atividades (Planejamento) · Estimativa de Duração das Atividades (Planejamento) · Estimativa de Recursos das Atividades (Planejamento) · Desenvolvimento do Cronograma (Planejamento) · Controle do Cronograma (Monitoramento e Controle) Essa área de conhecimento envolve a estimativa da duração das atividades do plano o projeto, a elaboração do cronograma do projeto e o monitoramento e controle dos desvios do cronograma. Em termos gerais, essa área trata da conclusão do projeto em tempo hábil. O gerenciamento do tempo é um aspecto importante do gerenciamento de projetos, pois envolve a manutenção das atividades do projeto em dia e a contraposição dessas atividades ao plano do projeto para garantir que ele seja concluído dentro do prazo. Embora cada um dos processos desta área de conhecimento ocorra pelo menos uma vez (ou mais) em cada projeto, o Sequenciamento e a Estimativa de DEP/UFV Gerenciamento Projeto 25 Duração das Atividades e o Desenvolvimento do Cronograma são, sobretudo nos projetos de menor porte, tratados como uma única atividade. Nos projetos menores basta uma pessoa para realizá-las, e todos são trabalhados simultaneamente. 1.6.4 Gerenciamento dos Custos do Projeto Como o próprio nome sugere, a área de conhecimento Gerenciamento dos Custos do Projeto gira em torno de custos e orçamentos. Os processos que formam essa área de conhecimento são: · Estimativa de Custos (Planejamento) · Elaboração de Orçamentos de Custos (Planejamento) · Controle de Custos (Monitoramento e Controle) As atividades dessa área de conhecimento definem estimativas de custos e recursos e controlam tais custos para garantir que o projeto permaneça dentro do orçamento aprovado. O centro de suas atenções é o custo dos recursos, mas outros custos também devem ser levados em conta. Por exemplo, é preciso avaliar os custos de manutenção continuada e suporte para o software que está considerando em seu projeto. Dependendo da complexidade do projeto, esses processos podem precisar da participação de mais de uma pessoa. Por exemplo, o encarregado das finanças pode não ser perito na área de Planejamento de Recursos, de modo que o gerente de projeto precisará designar um integrante da equipe com as competências necessárias para desincumbir-se do processo. São utilizadas duas técnicas nessa área de conhecimento para optar entre alternativas e aprimorar o processo do projeto: a determinação dos custos do ciclo de vida e a Engenharia de Valor. A técnica da determinação dos custos do ciclo de vida considera um grupo de custos em conjunto (tais como aquisição, operações, descarte e assim por diante) ao comparar ou decidir entre alternativas. Já a Engenharia de Valor ajuda a aprimorar a utilização de cronogramas, lucros, qualidade e recursos e a otimizar os custos do ciclo de vida, entre outros. Em certas áreas de aplicação outras técnicas de análise financeira se fazem necessárias para a previsão do desempenho do projeto, tais como a análise de retorno, o retorno sobre o investimento e o desconto dos fluxos de caixa projetados. 1.6.5 Gerenciamento da Qualidade do Projeto A área de conhecimento Gerenciamento da Qualidade do Projeto assegura que o projeto atenda os requisitos com os quais se comprometeu, concentrando-se na qualidade do produto e na qualidade do processo de gerenciamento de projetos empregado durante o ciclo de vida do projeto. Esses processos avaliam o desempenho geral, monitoram os resultados do projeto e os comparam com os padrões de qualidade estabelecidos no processo do planejamento do projeto, a fim de garantir que o cliente receba o produto ou serviço que supõe ter comprado. O Gerenciamento da Qualidade do Projeto é composto por três processos · Planejamento da qualidade (Planejamento) · Garantia da Qualidade (Execução) · Controle da Qualidade (Monitoramento e Controle) DEP/UFV Gerenciamento Projeto 26 1.6.6 Gerenciamento de Recursos Humanos do Projeto O Gerenciamento de Recursos Humanos do Projeto abrange todos os aspectos do gerenciamento e da interação das pessoas, incluindo liderança, orientação, resolução de conflitos, avaliações de desempenho e muito mais. Esses processos visam fazer com que os recursos humanos designados para o projeto sejam utilizados da maneira mais eficaz possível. Dentre os participantes do projeto com os quais você praticará essas habilidades estão os stakeholders, integrantes da equipe e clientes, cada qual requerendo o uso de diferentes estilos de comunicação e competências de liderança e formação de equipes. Um gerente de projeto eficiente sabe quando aplicar determinadas aptidões e estilos de comunicação, de acordo com a situação. Assim como os projetos são únicos e temporários, as equipes deles encarregadas também o são. São reunidas conforme as competências e recursos necessários para levar a cabo as atividades do projeto, e seus membros podem, às vezes, não se conhecer. Como a constituição de cada equipe é diferente e os stakeholders envolvidos em cada estágio do projeto podem variar, para gerenciar os processos dessa área de conhecimento será preciso lançar mão de diferentes técnicas nos diversos momentos do projeto. A área de conhecimento de Gerenciamento de Recursos Humanos do Projeto abarca os seguintes processos: · Planejamento de Recursos Humanos (Planejamento) · Montagem da Equipe (Execução) · Desenvolvimento da Equipe (Execução) · Gerenciamento da Equipe (Monitoramento e Controle) 1.6.7 Gerenciamento das Comunicações do Projeto Os processos que constituem a área de conhecimento Gerenciamento das Comunicações do Projeto são os seguintes: · Planejamento de Comunicações (Planejamento) · Distribuição de Informações (Execução) · Relatório de Desempenho (Monitoramento e Controle) · Gerenciamento dos stakeholders (Monitoramento e Controle) Os processos dessa área de conhecimento estão relacionados com as habilidades gerais de comunicação, mas vão muito além do mero intercâmbio de informações. As competências de comunicação são as habilidades gerais de gerenciamento que o gerente de projeto usa no dia-a-dia. Os processos aí envolvidos
Compartilhar