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Água na Farmácia

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ÁÁgguuaa nnaa FFaarrmmáácciiaa 
 
 Anderson de Oliveira Ferreira, MSc. 
 
 A água é a substância mais amplamente usada como matéria-prima, 
excipiente, ou ingrediente nas operações, processos e formulações farmacêuticas 
(Rowe et al., 2003; USP Pharmacists’Pharmacopeia, 2005). 
O termo “água” per si é usado para descrever a água potável geralmente 
fornecida por abastecimento público e em condições apropriadas para beber. 
Embora a água potável cumpra os requisitos de palatabilidade e segurança para ser 
ingerida, em aplicações farmacêuticas ela precisa ser purificada por métodos 
apropriados, como destilação, troca iônica, osmose reversa, dentre outros. Após 
esta purificação, obtemos a dita água purificada, apropriada para uso farmacêutico. 
Portanto, a água potável é a matéria-prima para a obtenção da água purificada, 
utilizada em aplicações farmacêuticas. A purificação da água potável é necessária, 
porque a composição da mesma é variável conforme a natureza e concentração de 
impurezas, presentes em sua fonte de obtenção, e o tratamento dispensado pelos 
serviços de tratamento e abastecimento público. 
 O quadro abaixo relaciona diversos tipos de água e suas aplicações, 
conforme descrições farmacopéicas: 
 
Quadro: tipos de água e respectivas aplicações típicas 
Tipo de água Definição / aplicações 
Água potável 
Água apropriada para beber, obtida geralmente da rede pública de 
abastecimento. Precisa cumprir os requisitos para padrão de potabilidade, 
estabelecido em legislação específica. Para isso, deve possuir 
características físicas, químicas e microbiológicas satisfatórias a fim de ser 
consumida sem risco à saúde. Não é adequada para uso na manipulação 
de medicamentos. 
Água purificada 
Atende as especificações farmacopéicas, apropriada para manipulação de 
medicamentos não-estéreis. É preparada a partir da purificação da água 
potável por diferentes processos, incluindo a deionização (troca-iônica), 
destilação, osmose reversa, filtração ou outros sistemas apropriados. Não é 
adequada para uso na manipulação de preparações parenterais e outras 
formas farmacêuticas estéreis. 
Características organoléticas: líquido límpido, incolor, inodoro e insípido. 
Água para injeção 
(USP) 
Excipiente para preparação de injeções e para uso em aplicações 
farmacêuticas. Obtida por purificação da água potável por destilação ou 
osmose reversa. Deve atender aos requisitos farmacopéicos para água 
purificada, acrescido do atendimento ao Teste de Endotoxinas Bacterianas. 
Não é, ainda, uma água estéril e sim a fonte para obtenção dessa. 
Água estéril para 
injeção (USP) 
É a água para injeção embalada e esterilizada. É apropriada para 
manipulação de preparações extemporâneas estéreis. É empregada como 
diluente de produtos parentais. É embalada em recipiente de dose única 
com capacidade não superior a 1 litro. 
Água bacteriostática 
para injeção (USP) 
Trata-se da água estéril para injeção com a adição de um ou mais 
conservantes antimicrobianos adequados. Pode ser usado como diluente de 
preparações estéreis. Pode ser embalada em recipiente dose única ou 
múltipla dose com volume não superior a 30mL. 
Água estéril para 
irrigação (USP) 
É a água para injeção, embalada em recipiente dose única de capacidade 
não superior a 1litro, é destinada para um uso breve e é esterilizada. Não 
precisa atender aos requisitos farmacopéicos para materiais particulados 
aplicável para injetáveis de pequenos volumes. Não contêm conservantes 
ou outras substâncias. 
Água estéril para 
inalação (USP) 
Água para injeção embalada e esterilizada, destinada para uso em 
inaladores e na preparação de soluções para inalação. 
Adaptado: (Rowe et al., 2003; USP Pharmacists’ Pharmacopeia, 2005; USP 31, 2008) 
 
 
1. Controle de qualidade físico-químico da água potável 
 
Para obtenção de água purificada para uso farmacêutico é imprescindível 
uma água potável de boa qualidade. 
A Portaria n° 518, de 25 de março de 2004, do Minis tério da Saúde, 
estabelece os parâmetros para água potável, definindo os parâmetros 
microbiológicos, físicos, químicos e radioativos, que atendem ao padrão de 
potabilidade (BRASIL, 2004). 
 
 
1.1 Parâmetros organolépticos e físico-químicos da água potável 
 A tabela abaixo relaciona o padrão de características físico-químicas 
aceitáveis para água potável, descrito na legislação pertinente. 
 
Tabela: Padrão organoléptico e físico-químico de aceitabilidade para água potável 
(BRASIL, 2004) 
Parâmetro Unidade VMP* 
Alumínio mg/L 0,2 
Amônia (como NH3) mg/L 1,5 
Cloreto mg/L 250 
Cor Aparente uH** 15 
Dureza mg/L 500 
Etilbenzeno mg/L 0,2 
Ferro mg/L 0,3 
Manganês mg/L 0,1 
Monoclorobenzeno mg/L 0,12 
Odor - Não objetável 
Sabor - Não objetável 
Sódio mg/L 200 
Sólidos dissolvidos totais mg/L 1.000 
Sulfato mg/L 250 
Sulfeto de Hidrogênio mg/L 0,05 
Surfactantes mg/L 0,5 
Tolueno mg/L 0,17 
Turbidez UNT*** 5 
Zinco mg/L 5 
Xileno mg/L 0,3 
*VMP = Valor Máximo Permitido. 
** uH: Unidade Hazen (mg Pt-Co/L). 
***UNT = Unidade Nefelométrica de Turbidez 
 
1.2 Parâmetros físico-químicos mínimos que devem ser avaliados na água potável 
utilizada na farmácia (ANVISA, 2007) 
 
 A água potável utilizada na farmácia magistral deve ter sua qualidade 
monitorada periodicamente, de acordo com a legislação em vigor. Os parâmetros 
físico-químicos mínimos que deverão ser avaliados são: 
 
Odor: a água em sua forma pura não possui odor. Águas para o consumo 
doméstico, processos industriais como alimento e indústria farmacêutica necessitam 
ser livres de odor. Algumas substâncias estão presentes em quantidades muito 
pequenas (nanogramas), o que torna impossível a identificação da substância pelo 
odor. O resultado do teste do odor depende da capacidade sensorial humana. 
Especificação para água potável: Não objetável (BRASIL, 2004). 
 
Cor Aparente: o termo cor é utilizado, aqui, com significado de cor verdadeira, que é 
a cor da água da qual a turbidez tenha sido removida. O termo “cor aparente“ inclui 
não apenas a cor devido a substâncias presentes na solução, mas também devido a 
materiais em suspensão. A cor aparente é determinada na amostra original sem 
filtração ou centrifugação. Em algumas águas de resíduos industriais altamente 
coloridas, contribui para a coloração, principalmente, o material em suspensão ou 
material coloidal. Em tais casos, tanto a cor verdadeira e coloração aparente devem 
ser determinadas. 
Especificação para água potável: máximo de15 uH (BRASIL, 2004) 
 
pH: é a medida da concentração de íons H+ na água com o uso de um pHmetro. O 
balanço dos íons hidrogênio e hidróxido (OH-) determina quão ácida ou básica ela é. 
Na água quimicamente pura os íons H+ estão em equilíbrio com os íons OH- e seu 
pH é neutro, ou seja, igual a 7,0. Os principais fatores que determinam o pH da água 
são o gás carbônico dissolvido e a alcalinidade. O pH das águas subterrâneas varia 
geralmente entre 5,5 e 8,5. A medida do pH é a concentração hidrogênica das 
águas, o mesmo deve se encontrar entre 6,0 e 8,0. Valores fora desta faixa tornam o 
meio extremamente seletivo para vários seres vivos. 
Especificação para água potável: segundo a Portaria MS 518/2004, o pH da água 
potável deve estar entre 6,0 e 9,5. Contudo, o ideal para uma melhor qualidade 
microbiológica é recomendável que o pH esteja compreendido entre 6,0 e 8,3, 
alcançando no máximo o valor de 8,5. Isso se deve à influência do pH na atividade 
desinfetante dos derivados clorados, presentes na água potável. Em valores de pH 
acima de 8,5, os derivados clorados possuem ação oxidante sobre a matéria 
orgânica, mas apresentam reduzida ação desinfetante (Macedo, 2007). 
 
Turbidez (Método Nefelométrico):a turbidez na água é decorrência da alteração 
da penetração da luz devido à presença de partículas em suspensão (ex.: plâncton, 
argilas, bactérias, poluição, etc), promovendo sua difusão e absorção (Macedo, 
2007). Os valores são expressos em Unidade Nefelométrica de Turbidez (UNT). A 
cor da água interfere negativamente na medida da turbidez, devido a sua 
propriedade de absorver luz. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o 
limite máximo de turbidez em água potável deve ser 5 UNT. As águas subterrâneas 
normalmente não apresentam problemas devido ao excesso de turbidez. Em alguns 
casos, águas ricas em íons Fe, podem apresentar uma elevação de sua turbidez 
quando entram em contato com o oxigênio do ar. 
Especificação para água potável: máximo de 5 UNT (BRASIL, 2004). 
 
Cloro residual livre: o cloro residual livre compreende a parte de cloro adicionada à 
água que não reagiu com agentes contaminantes ou com matéria orgânica. 
Essencialmente, constitui a quantidade de cloro que está livre para eliminar 
microorganismos nocivos. A presença de cloro residual livre é um indicativo do 
tratamento correto da água de abastecimento, sendo considerado também como um 
parâmetro de potabilidade da água. 
Especificação para água potável: mínimo de 0,2mg/L (BRASIL, 2004). 
 
Sólidos totais dissolvidos (STD): sólidos Totais Dissolvidos corresponde ao peso 
total dos constituintes minerais presente na água por unidade de volume. Os STD 
compreendem quimicamente os sólidos voláteis e fixos. Estes materiais passam 
pelos filtros, uma vez que se encontram dissolvidos. Dependendo da quantidade de 
substância dissolvidas na água, as propriedades físicas e químicas da água sofrem 
alterações. Para a potabilidade da água o valor de Sólidos Dissolvidos Totais não 
deverá ser maior que 1000mg/L (BRASIL, 2004). Um alto valor de STD pode 
promover efeitos adversos no consumidor como, por exemplo, um efeito laxativo. 
Um valor alto de STD também está correlacionado com uma maior velocidade de 
corrosão e incrustação em equipamentos. 
Especificação para água potável: máximo de 1000mg/L (BRASIL, 2004). 
 
 
2. Controle de qualidade microbiológico de água potável 
 
De acordo com a Portaria MS n° 518/2004, a água pot ável deve estar em 
conformidade com o padrão microbiológico descrito no quadro abaixo. 
 
Quadro: Padrão microbiológico de potabilidade de água para consumo humano 
Água Parâmetro Valor máximo permitido 
Água para consumo humano E. coli ou coliformes 
termotolerantes 
Ausência em 100 mL 
Água na saída do tratamento Coliformes totais Ausência em 100 mL 
E. coli ou coliformes 
termotolerantes 
Ausência em 100 mL 
Água tratada no sistema de 
distribuição (reservatórios e 
rede) Coliformes totais 
1) Sistemas que analisam 40 ou mais 
amostras por mês: 
- ausência em 100 mL em 95% das 
amostras examinadas 
2) Sistemas que analisam menos de 
40 amostras mês: 
- apenas uma amostra poderá 
apresentar mensalmente resultado 
positivo em 100 mL 
Fonte (BRASIL, 2004) 
Nota: Em 20% das amostras mensais para análise de coliformes totais nos sistemas de distribuição, 
deve ser efetuada a contagem de bactérias heterotróficas e, uma vez excedidas 500 unidades 
formadoras de colônia (UFC) por mL, devem ser providenciadas imediata recoleta, inspeção local e, 
se constatada irregularidade, outras providências cabíveis (BRASIL, 2004). 
 
2.1 Parâmetros microbiológicos que devem ser avaliados na água potável utilizada 
na farmácia (ANVISA, 2007) 
 
A água potável utilizada na farmácia magistral deve ter sua qualidade 
microbiológica também monitorada periodicamente de acordo com a legislação em 
vigor para as farmácias. Os microorganismos pesquisados e as contagens máximas 
aceitáveis são: 
 
Contagem total de bactérias (bactérias heterotróficas): determinação da 
densidade de bactérias que são capazes de produzir unidades formadoras de 
colônias (UFC), na presença de compostos orgânicos contidos em meio de cultura 
apropriada, sob condições pré-estabelecidas de incubação: 35,0, ± 0,5ºC por 48 
horas. 
Especificação para água potável: a contagem total de bactérias heterotróficas na 
água potável não deverá ser superior a 500 UFC/mL. 
 
Coliformes totais: compreendem as bactérias do grupo coliforme, incluindo bacilos 
gram-negativos ou anaeróbios facultativos, não formadores de esporos, oxidase-
negativos, capazes de desenvolver na presença de sais biliares ou agentes 
tensoativos que fermentam a lactose com produção de ácido, gás e aldeído a 35,0 ± 
0,5ºC em 24-48 horas, e que podem apresentar atividade da enzima ß -
galactosidase. Este grupo de microorganismos é composto por cerca de 20 
espécies, dentre as quais se encontram tanto bactérias originárias do trato intestinal 
de humanos como de outros animais de sangue quente. A maioria das bactérias do 
grupo coliforme pertence aos gêneros Escherichia, Citrobacter, Klebsiella e 
Enterobacter, embora vários outros gêneros e espécies pertençam ao grupo. 
Especificação para água potável: ausência em 100mL. 
 
Escherichia coli: a E. coli é uma bactéria do grupo coliforme que fermenta a lactose 
e manitol, com produção de ácido e gás a 44,5 ± 0,2ºC em 24 horas, produz indol a 
partir do triptofano, oxidase negativa, não hidroliza a uréia e apresenta atividade das 
enzimas ß galactosidase e ß glucoronidase, sendo considerada o mais específico 
indicador de contaminação fecal recente e de eventual presença de organismos 
patogênicos. 
Especificação para água potável: ausência em 100mL 
 
Coliformes termorresistentes (Coliformes fecais, Coliforme termotolerantes): 
compreendem um subgrupo de bactérias do grupo coliforme que fermentam a lactose a 44,5 
± 0,2ºC em 24 horas; tendo como principal representante a Escherichia coli, de origem 
exclusivamente fecal. Os coliformes termorresistentes distintos da E.coli podem ser 
provenientes de águas organicamente enriquecidas (contaminadas) como, por exemplo, 
com efluentes industriais ou matérias vegetais e solos em decomposição. Como os 
coliformes termorresistentes são detectados com facilidade, eles podem desempenhar uma 
importante função secundária como indicadores da eficácia dos processos de tratamento da 
água para bactérias fecais. 
 Especificação para água potável: ausência em 100mL 
 
 
 
 
3. Água Purificada: obtenção e controle da qualidade 
 
A água purificada pode ser considerada uma das matérias-primas mais 
importantes, pois é empregada diretamente na manipulação de uma série de 
preparações e também em alguns tipos de lavagem de materiais em que se 
emprega água purificada. 
A água purificada deve ser obtida a partir da água potável e tratada em um 
sistema que assegure a obtenção de uma água de acordo com as especificações 
farmacopéicas (Santos & Cruz, 2008). 
 
3.1 Principais processos de purificação de água empregados na farmácia 
 
Filtração: a filtração é um processo de purificação pelo qual são removidas as 
partículas sólidas “não dissolvidas” dispersas ao passar através de um material 
poroso (filtro). A eficiência da filtração é determinada pelo diâmetro do material 
filtrante. A filtração em si apresenta limitações que a impede de ser utilizada como 
único meio para obtenção de água purificada para uso farmacêutico (ex.: não é 
totalmente eficiente na eliminação de contaminação microbiana). Portanto, a filtração 
deve ser considerada como uma etapa inicial e complementar do processo de 
obtenção da água purificada, sendo sucedida por outros processos de purificação 
como a deionização e/ou destilação ou osmose reversa. 
 
Destilação: a destilação é um processo de purificação no qual ocorre mudanças de 
fases da água, passando inicialmente do estado líquido para vapor (100oC) e depois 
do vapor para o estado líquido novamente por condensação. As impurezas com o 
ponto deebulição superior a 100oC permanecem na caldeira do destilador. A 
destilação consegue eliminar com efetividade a maioria dos sólidos inorgânicos, 
todos os compostos orgânicos com ponto de ebulição superior ao da água, bactérias 
e pirogênios. Ainda assim gases e alguns compostos orgânicos não são eliminados 
por este processo, necessitando de outros processos de purificação, 
complementares a destilação para uma efetiva remoção. 
 
Deionização ou desmineralização: a deionização é o processo que utiliza resinas 
sintéticas para permitir a troca seletiva de íons H+ ou OH- por cátions (Ca++, Mg++, 
Na+, etc) e ânions (Cl-, SO42- , CO32-, HCO3-, sílica e NO3-), presentes como 
impurezas na água. Em geral, utiliza-se uma resina catiônica e depois uma aniônica. 
O processo de deionização remove sólidos ionizáveis dissolvidos e gases ionizados 
dissolvidos. Não remove material orgânico dissolvido, material particulado, bactérias 
e pirogênio (Macedo, 2007). As resinas podem ser danificadas pela presença de 
cloro na água, sendo aconselhável que essa seja previamente filtrada, por filtro de 
carvão ativado, como forma de aumentar a vida útil da resina. Sabe-se que a água 
deionizada é facilmente contaminável após sua obtenção, não sendo, por este 
motivo, recomendado seu armazenamento. O equipamento empregado na obtenção 
da água deionizada é o deionizador, composto por resinas catiônicas e aniônicas em 
cartuchos separados ou de forma mista. Os deionizadores em que as resinas 
catiônicas e aniônicas encontram-se separadas são passíveis de regeneração. 
Nesse caso, as resinas catiônicas podem ser regeneradas com ácido clorídrico ou 
sulfúrico (2 a 4%p/v) e as resinas aniônicas com solução de hidróxido de sódio (2 a 
10% p/v). A eficiência do processo de deionização pode ser avaliada através da 
medida da condutividade. 
 
Osmose reversa: processo pelo qual a água é purificada por passagem através de 
membrana semipermeável contra um gradiente de concentração por ação da 
pressão mecânica exercida por uma bomba. A osmose reversa produz uma água de 
alta pureza química e microbiológica. O processo remove material particulado, 
pirogênios, microrganismos, material orgânico dissolvido, material inorgânico 
dissolvido e material insolúvel. Não remove gases ionizáveis dissolvidos (Macedo, 
2007). As membranas do aparelho de osmose reversa podem ser danificadas pelo 
cloro livre, presente na água potável, assim como por outros agentes oxidantes, 
sólidos em suspensão e dureza da água. É recomendável que a água seja 
previamente tratada para remoção destas impurezas, como, por exemplo, através da 
filtração em filtro de carvão ativado para remoção do cloro (Botet, 2006). 
 
 
 
 
3.2 Sugestão de sistema simplificado para purificação de água em farmácias 
 
 
 
 
 
 
Água de abastecimento 
da rede pública 
(cloro residual: min. 
0,2mg/L) 
 Filtração 
(filtro de alta vazão 
c/ leito filtrante 
capaz de reter 
partículas maiores 
que 10 µm) 
Reservatório 
de água 
(Caixa 
d’água) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Nota: 
- Em caso de água de abastecimento com elevada dureza (≥100mg/L), é recomendável a utilização 
de filtro abrandador previamente ao aparelho de osmose reversa (nesse caso, o abrandador poderia 
ser utilizado em substituição ao deionizador no sistema acima). 
- Atualmente é encontrado no mercado sistema de purificação de água integrando filtro de carvão 
ativado, deionizador e osmose reversa. 
 
3.3 Especificação farmacopéica físico-química da água purificada 
 
TESTES 
Análise Especificação 
Cor Incolor. 
Odor Inodoro. 
Turbidez Límpido. 
Acidez ou alcalinidade Deve passar no teste 
Substâncias oxidáveis Deve passar no teste. 
Amônio Máximo 0,2 ppm. 
Cálcio e Magnésio Deve passar no teste 
Cloretos Deve passar no teste. 
Nitratos Máximo 0,2 ppm. 
Sulfatos Deve passar no teste. 
Metais pesados* Máximo 0,1 ppm. 
pH 5,0 – 7,0 
Temperatura da amostra ----- 
Condutividade* 
Etapa 1a (TºC:_____Especificação: máx.______µS/cm) 
Etapa 2a (Especificação: max. 2,1µS/cm) 
Etapa 3a (pH*: ____ Especificação: máx. ____µS/cm) 
 Fonte:F.BRAS, 2005p.263, EP 5a ed, 2005) 
 * A determinação farmacopéica da condutividade da água purificada é realizada em até 3 etapas (ver descrição 
abaixo). 
 
3.4 Determinação da condutividade da água (F.BRAS IV, 2004) 
Filtração por 
carvão ativado 
(Filtro com carvão 
ativado para 
retenção de 
partículas > 5µm e 
remoção de cloro 
livre) 
Deionização 
(deionizador) 
Filtração 
por osmose 
reversa 
Destilação 
(destilador) 
 
O procedimento é realizado em até três etapas: 
 
Etapa 1: Determina-se a temperatura e a condutividade da água sem compensação 
automática da temperatura. Verificar na tabela abaixo, o valor de temperatura, a qual 
não é maior que a temperatura medida, ou seja, a temperatura menor mais próxima. 
O valor de condutividade correspondente a esta temperatura é o limite. Se o valor de 
condutividade, medido para determinada temperatura, não é maior que o 
especificado na tabela 1, a água obedece às exigências do teste para condutividade. 
Porém, se o valor é maior que o valor tabelado, deve-se proceder à etapa 2. 
 
Tabela: Valores limites para condutividade de acordo com a temperatura 
(somente para valores de condutividade sem compensação de temperatura) 
Temperatura Condutividade (µS/cm) 
0 0.6 
5 0.8 
10 0.9 
15 1.0 
20 1.1 
25 1.3 
30 1.4 
35 1.5 
40 1.7 
45 1.8 
50 1.9 
55 2.1 
60 2.2 
65 2.4 
70 2.5 
75 2.7 
80 2.7 
85 2.7 
90 2.7 
95 2.9 
100 3.1 
Fonte: (F. BRAS IV, 2004) 
 
Etapa 2: Transferir quantidade suficiente de água (100 mL ou mais) para recipiente 
apropriado e agitar a amostra. Ajustar a temperatura, se necessário a 25 ± 1°C e 
agitar a amostra vigorosamente, observando periodicamente a leitura do 
condutivímetro. Quando a mudança na condutividade (devido à absorção de dióxido 
de carbono - CO2 – atmosférico) é menor que 0,1µS/cm por 5 minutos, anotar a 
condutividade. Se a condutividade não é maior que 2,1 µS/cm, a água obedece às 
exigências para o teste de condutividade. Se a condutividade é maior que 2,1 µS/cm 
proceder à etapa 3. 
 
Etapa 3: Realizar o teste no intervalo de 5 minutos, desde a etapa anterior, 
mantendo a temperatura da amostra a 25 ± 1°C. Adici onar solução saturada de 
cloreto de potássio (0,3 mL para cada 100 mL de amostra) para a mesma amostra 
de água e determinar o pH com precisão de 0,1 unidades. Baseado no valor do pH 
consultar a tabela 2 e determinar o valor limite para condutividade de acordo com o 
pH obtido. Se a condutividade medida na etapa 2 não for maior que o valor limite 
determinado na tabela abaixo, a água atende o teste para condutividade. Se a 
condutividade medida é maior que o valor tabelado ou pH está fora da faixa de 5 a 7, 
a água não atende o teste para condutividade. Após medir o pH comparar a 
condutividade requerida de acordo com a seguinte tabela: 
 
Tabela: Valores de condutividade de acordo com o pH 
 (somente para amostras mantidas em atmosfera e temperatura equilibrada) 
pH Condutividade (µS/cm) 
5,0 4,7 
5,1 4,1 
5,2 3,6 
5,3 3,3 
5,4 3,0 
5,5 2,8 
5,6 2,6 
5,7 2,5 
5,8 2,4 
5,9 2,4 
6,0 2,4 
6,1 2,4 
6,2 2,5 
6,3 2,4 
6,4 2,3 
6,5 2,2 
6,6 2,1 
6,7 2,6 
6,8 3,1 
6,9 3,8 
7,0 4,6 
Fonte: ( F. BRAS IV, 2004) 
 
3.5 Especificação farmacopéica microbiológica da água purificada 
 
Ensaio Limite de aceitação* 
Contagem total de bactérias (bactérias 
heterotróficas) ≤ 10
2
 UFC/mL. 
Coliformes totais Ausente. 
Escherichia coli Ausente. 
Fonte: (F.BRAS, 2005, p. 263) 
 
Nota: A pesquisa de P. aeruginosa não é contemplada nos compêndios farmacopéicos. Entretanto, 
por se tratar de um microrganismo compotencial patogênico e tendo em vista que a água é seu 
habitat principal, sua pesquisa é de suma importância para garantir a qualidade da água e segurança 
na manipulação de medicamentos. De acordo com o Standard Methods for Examination of Water 
and Wastewater, a especificação para este ensaio é ausência em 100 mL, determinado pelo método 
da membrana filtrante ou outro método apropriado. Havendo crescimento o resultado é expresso em 
UFC de P. aeruginosa/100 mL. 
 
 
4. Referências Bibliográficas 
 
1. STANDARD METHODS FOR THE EXAMINATION OF WATER AND WASTEWATER. 
19th Ed Washington: edited by Andrew D. Eaton, Lenore S. Clesceri and Arnold E. 
Greenberg. 1995. 
 
2. BRASIL, Portaria n° 518, de 25 de março de 2004. A Agência Nacional de Vigilância 
Sanitária: Estabelece os procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e 
vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade, e dá 
outras providências. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br>. Acesso em 07 de dezembro 
de 2006. 
 
3. MACEDO, J. A. B. Águas & Águas. 3ª Edição. Juiz de Fora: editado pelo autor, 2007. 
 
4. Rowe, R.C. et al. Handbook of Pharmaceutical Excipients. 4th ed. London: 
Pharmaceutical Press, 2003. p.672-676. 
 
5. USP Pharmacists’ Pharmacopeia. 1st ed. Rockville:The United States Pharmacopeial 
Convention, Inc.,2005. p.509-515. 
 
6. Santos, K.A. & Cruz, E.A. Sistemas de Geração e Distribuição de Água Purificada na 
Indústria Farmacêutica. Fármacos & Medicamentos, No 50, Jan/Fev, 2008.p.34-42. 
 
7. USP- United States Pharmacopeia 31/NF26, 2008. 
 
8. ANVISA .RDC Nº 67, de 8 de outubro de 2007. Dispõe sobre Boas Práticas de 
Manipulação de Preparações Magistrais e Oficinais para Uso Humano em farmácias. 
 
9. Farmacopéia Brasileira. 4a ed. São Paulo: Atheneu, 1988. 2004, 2005.

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