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Disciplina: Educação Psicomotora Autores: Nilcemara Leal Molina Revisão de Conteúdos: Carolinne Prado Engelhardt e Paula Maria Ferreira de Faria Revisão Ortográfica: Jacqueline Morissugui Cardoso Ano: 2016 Educação Psicomotora ANO: 2016 PALAVRA DA INSTITUIÇÃO Caro(a) aluno(a), Seja bem-vindo(a) à Faculdade São Braz! Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Claudio Chatagnier, nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão Universitária. A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas também brasileiros conscientes de sua cidadania. Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e grupos de estudos o que proporciona excelente integração entre professores e estudantes. Bons estudos e conte sempre conosco! Faculdade São Braz Apresentação da disciplina A disciplina Educação Psicomotora abordará as funções da educação e reeducação psicomotora, como importantes estratégias para a prevenção e o enfrentamento de dificuldades relacionadas ao desenvolvimento psicomotor. Dessa forma, através do estudo de aspectos conceituais e da aplicabilidade da Psicomotricidade, será apresentado como a criança se desenvolve e de que forma o psicomotricista pode colaborar em relação a dificuldades psicomotoras, facilitando assim o processo de aprendizagem e o desenvolvimento harmonioso e saudável do indivíduo. Aula 1 – Psicomotricidade e seus Elementos Apresentação Aula 1 Nesta aula será estudada a história da Psicomotricidade, suas bases neurológicas, o papel do estímulo oferecido pelo meio ambiente para um bom desenvolvimento da mesma e os elementos básicos que a constituem. 1. Significado do Corpo e Sua História O uso hábil do corpo foi importante na história da espécie humana durante milhares de anos, atingindo o seu apogeu na cultura grega e no ocidente durante a era clássica. Saiba Mais A GRÉCIA E A BELEZA IDEAL Foi no período de ascensão de Atenas, no século V a.C., que os gregos passaram a ter uma percepção mais clara do belo estético. Ocorria, então o desenvolvimento das artes, especialmente da pintura e da escultura cujas imagens representavam a Beleza ideal. O corpo humano belo era aquele que mostrava harmonia e proporção entre as partes. Beleza passou a ser identificada com proporção. Nascia uma matemática das proporções do corpo humano. Mais tarde, no século I a.C., Vitrúvio, exprimiu as justas proporções corporais em frações da figura inteira: a face devia ter 1/10 do comprimento total, a cabeça, 1/8, o comprimento do tórax ¼ etc. [...]. (DOMINGUES, 2015. S/p). Disponível na íntegra em: http://www.ensinarhistoriajoelza.com.br/a-beleza-na-grecia-antiga- e-hoje/ 1.1 História da Psicomotricidade No século XX, a Psicomotricidade se estabeleceu como ciência independente, sendo que vários estudiosos contribuíram para essa visão atual da Psicomotricidade. Os trabalhos de Wallon, Gesel, Ajuriaguerra e Piaget, são citados nos estudos da educação psicomotora: Wallon (1981): ressaltou a relação entre o afeto e a emoção no desenvolvimento psicomotor, não propôs um sistema linear e organizado de etapas, e sim procurou compreender os objetivos das crianças, os meios que essa utiliza para alcançá-los e o universo de possibilidades que existem para essa realização. Para o autor, a pessoa deve ser vista em sua totalidade, cognitivo, afetivo e motor, um não mais importante que o outro. Piaget (1976): destacou a relação evolutiva da motricidade com a formação do pensamento cognitivo, "o conhecimento não procede nem da experiência única dos objetos nem de uma programação inata pré-formada no sujeito, mas de construções sucessivas com elaborações constantes de estruturas novas" (PIAGET, 1976 apud FREITAS, 2000. p. 64). Ajuriaguerra (1975): contempla a questão corporal em sua relação com o meio ambiente, mais especialmente no que diz respeito à conscientização da criança em relação ao seu próprio corpo. Segundo o autor, quando a Psicomotricidade não é contextualizada torna-se puramente instrumental, despersonalizando assim sua própria definição. A Psicomotricidade atual encontra-se permeada por uma interdisciplinariedade, em que linhas de análise diferenciadas se entrecruzam nas práticas existentes, pois não há um profissional formado em psicomotricidade, são profissionais de diversas áreas, como Educação Física, Psicologia, Fisioterapia, entre outros, que são especializados nessa área. Práticas fundamentadas nas concepções psicomotoras existentes tendem a considerar que os determinantes biológicos e culturais da criança contribuem dialeticamente na construção do corpo (motor), da mente (pensamento e inteligência) e da afetividade (emoção). Os primeiros trabalhos realizados na área psicomotora tinham uma proposta reeducativa, um caráter terapêutico, já que se preocupavam em reabilitar funções psicomotoras que já se encontravam prejudicadas. Então surge a educação psicomotora preconizada por Piaget (1976), que aparece com a intenção de estimular as crianças de forma adequada em cada fase do seu desenvolvimento, não esperando a criança apresentar a dificuldade, e sim a desenvolvendo nas etapas certas. A Educação Psicomotora tem predominância na pré-escola e é considerada uma educação de base. Ela está intrinsecamente ligada a capacidade de aprender os conteúdos da pré-escola. Com ela a criança toma consciência do seu corpo, da lateralidade, da sua situação e da situação de outros objetos no espaço, do domínio temporal, além de adquirir habilidades de coordenação de seus gestos e movimentos. Ví deo Assista a um vídeo sobre o que é a Educação Psicomotora e para que ela serve, mostrando a sua real importância em sala de aula. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=mKL3XfPQ5xM 1.2 Bases Neurológicas Psicomotoras A percepção que o indivíduo tem do mundo depende das suas atividades motoras. A posição e o status do próprio corpo irá regular a sua percepção de mundo. Convém dizer que o sistema perceptual e motor estão sempre interagindo em grande parte das atividades motoras. A evolução da percepção de seu próprio corpo na criança irá desenvolver o chamado sentido cinestésico. Com ele é possível ter uma noção da localização dos nossos membros no espaço. Saiba Mais O movimento cinestésico é aquele que a pessoa com sua movimentação consegue sentir o mundo ao seu redor, aprende melhor através de sua movimentação, interação física. O desenvolvimento pode ser observado a partir da maturação do sistema nervoso, que pode ser caracterizado por iniciar-se na região da cabeça, estendendo-se até o tronco, e só depois às pernas (céfalo-caudal), como do tronco às mãos e dedos (próximo-distal). Amplie Seus Estudos SUGESTÃO DE LEITIRA Leia o livro O Desenvolvimento Psicomotor do Nascimento até os 6 anos: a Psicocinética na Idade Pré- Escolar, de LeBoulch (Artmed, 2001). Esta é uma obra muito interessante que falasobre o desenvolvimento Psicomotor, focado do nascimento aos 6 anos (Psicocinética na Idade pré- escolar). 1.3 O papel do Estímulos no Desenvolvimento da Criança A evolução tônica do corpo da criança está indissociavelmente ligada aos estímulos oferecidos pelo meio ambiente. O equilíbrio entre a evolução corporal do sujeito e os estímulos ambientais são a base do seu aprendizado. Os estímulos podem ser: Proprioceptivos: são sensações cinestésicas que nascem do corpo; Exteroceptivos: são estímulos exteriores ao organismos que agem sobre ele através de experiências sensitivas (de contato, pressão etc.) e sensoriais (visão e audição); Interoceptivos: são estímulos internos, do próprio corpo. Vocabula rio Estímulo: são as coisas que estimulam, incitam à ação, ao trabalho, geralmente balizados por fatores externos, os quais provocam uma determinada ação comportamental ou corporal. A criança tende a responder tanto às perturbações interiores quanto às exteriores. Há uma desequilibração e uma busca de novos meios para atingir novamente o equilíbrio (reequilibração). Deve-se estabelecer uma relação dialética em que o estímulo, o meio e a resposta vão se desenvolvendo gradativamente. Alguns aspectos devem ser evidenciados na educação psicomotora: A formação do EU (desenvolvimento do esquema corporal e dominância lateral); Despertar a si próprio; Acesso à noção de espaço; Acesso à noção de tempo. 1.4 Elementos Básicos da Psicomotricidade A psicomotricidade pode ser dividida em alguns elementos, nessa aula serão abordados o Esquema Corporal, a Lateralidade, a Coordenação óculo- manual e a Coordenação dinâmica geral. 1.4.1 Esquema Corporal É o conhecimento intuitivo, imediato que a criança tem do seu próprio corpo. É um elemento básico para a formação da personalidade. É a representação relativamente global, científica e diferenciada que a criança tem de seu corpo e de gerar as possibilidades de atuação sobre: as partes do seu corpo, sobre o mundo exterior e sobre os objetos que o cerca. Resumindo, pode-se dizer que é a organização das sensações relativas ao seu próprio corpo. É a consciência do corpo como meio de comunicação consigo mesmo e com o meio. O esquema corporal é um elemento básico indispensável para a formação da personalidade da criança. É a representação relativamente global, científica e diferenciada que a criança tem de seu próprio corpo (WALLON, 1981. p. 9). O corpo é considerado a primeira forma de linguagem, já que com ele a criança introduz sua comunicação com o meio. É a linguagem da ação. A partir da organização dela, a criança se torna apta a realizar suas diversas possibilidades de ação. A educação do Esquema Corporal engloba o controle postural (atitudes) e o controle segmentar (os gestos dos membros superiores e inferiores) A organização do Esquema Corporal se dá através: Da percepção e controle do próprio corpo, ou seja, da interiorização das sensações relativas a esta ou aquela parte do corpo e a sensação do corpo como um todo; De um equilíbrio postural econômico; De uma lateralidade bem definida. 1.4.2 Lateralidade A Lateralidade corresponde a dados neurológicos, mas também é influenciado por hábitos sociais. Identifica não somente a preferência manual, mas a organização do conceito de esquerda e direita, determinando o uso de maior força e maior agilidade e precisão pelo membro determinado. A lateralidade é uma dimensão da atividade motora humana marcada pela dominância de um lado corporal sobre o outro. Um lado do corpo, e consequentemente uma parte do cérebro assume uma ascendência nas variadas atividades motoras e perceptivas. A lateralidade pode ser compreendida como a bússola do esquema corporal. Vocabula rio Lateralidade: é o predomínio motor de uma das metades do corpo sobre a outra. A habilidade de controlar os dois lados do corpo de modo simultâneo ou individual. Há comprovadamente uma tendência de dominação do hemisfério esquerdo do cérebro nas atividades motoras. Acredita-se que o lado dominante é parcialmente inato ao sujeito e parcialmente adquirido. Observa-se que existe uma lateralidade homogênea - quando a criança é destra ou sinistra (canhota) de olho, mão e pé, e uma lateralidade heterogênea – quando a criança for destra da mão e do olho e canhota do pé, ou de forma cruzada, canhota da mão e destra do pé. 1.4.3 Coordenação Óculo-Manual/ Viso-Motora Tem como finalidade o domínio do campo visual, associado à motricidade fina das mãos (elementos básicos para o grafismo). Em um gesto bem adaptado interferem os seguintes fatores: A independência ligada ao equilíbrio geral e a independência muscular; A possibilidade de repetir o mesmo gesto sem perder a precisão; A independência direita – esquerda. A mão depende do tronco, do corpo, mas não deve estar soldada a ele. A independência braço-tronco, é o fator mais importante da precisão na coordenação óculo-manual (olhos-mãos), a qual se buscará globalmente e também com exercícios mais localizados. Um exemplo dessa coordenação é o processo da escrita, que engloba diversos fatores: Maturação geral do sistema nervoso; Desenvolvimento psicomotor geral; Coordenação global do ato de sentar; Desenvolvimento da motricidade fina dos dedos da mão; Dissociação e controle dos movimentos; Controlar a pressão gráfica exercida sobre o lápis e o papel, para alcançar maior destreza e consequentemente maior velocidade no movimento. 1.4.4 Coordenação Dinâmica Geral Ter uma boa coordenação dinâmica geral nada mais é do que o desenvolvimento e conscientização do indivíduo e da atividade dos grandes músculos e de seu esquema corporal usando o corpo de forma coordenada e harmônica no que se refere ao conhecimento de si mesmo e de sua força muscular. Essa parte é constituída de exercícios de equilíbrio que é a base essencial da coordenação e dinâmica geral. Os exercícios de equilíbrio têm como finalidade melhorar o comando nervoso, a precisão motora e o controle global dos deslocamentos do corpo no tempo e no espaço. Constituem-se de modo geral de exercícios de marchas e saltos. Resumo Aula 1 Nesta aula abordou-se a Psicomotricidade, seu histórico, seus conceitos e bases neurológicas, evidenciando a importância do estímulo do ambiente e identificou as dificuldades decorrentes da ausência de estimulação, assim como os elementos básicos que pertencem à área da Psicomotricidade. Atividade de Aprendizagem Ao ler o trecho: “A lateralidade é uma dimensão da atividade motora humana marcada pela dominância de um lado corporal sobre o outro” (VITAL, 2007. p.32), fica claro que a pessoa terá um lado dominante; Discorra sobre a importância de se estimular o uso da movimentação de forma global (usar lado dominante e o não dominante). Aula 2 - Desenvolvimento Pré-Escolar até a Segunda Infância Apresentação Aula 2 Esta aula abordará a estruturação espaço-temporal e a motricidade fina, em seguida enfocando a importância dos estímulos na fase pré-escolar até a segunda infância. 2.1 Estruturação Espaço-Temporal A consciência espacial e a busca de um equilíbrio na área de estruturação espaço-temporal é fundamental no desenvolvimento humano. Essa consciência tão necessária é dependente da estruturação de um esquema corporal. A partir das noções sobre o seu próprio corpo a criança progressivamente irá localizar os objetos em relação a si mesma e depois entre eles. Orientaçãoespacial é a capacidade que o indivíduo tem de situar-se e orientar-se, em relação aos objetos, às pessoas e o seu próprio corpo em um determinado espaço. É saber localizar o que está à direita ou à esquerda; à frente ou atrás; acima ou abaixo de si, ou ainda, um objeto em relação a outro. É ter noção de longe, perto, alto, baixo, longo, curto (ASSUNÇÃO; COELHO, 1996, p.91-96). Crianças com dificuldades em sua percepção espacial tendem a se tornar dispersas em seu ambiente, no período escolar costumam confundir as letras na hora de escrever, como por exemplo o b e o d; o p e o q. Dificuldades em estabelecer diferenças entre o antes e o depois são percebidas em crianças com distúrbios em sua orientação temporal e também espacial. Os exercícios de organização e estruturação temporal trabalham com noções importantes para o aprendizado da escrita e da leitura. Desenvolve-se inicialmente as noções de antes, agora, depois, lento, rápido, simultâneo, sucessivo etc., que devem fazer parte do repertório de experiências vivenciadas naturalmente pela criança. Em seguida dedica-se uma atenção especial aos exercícios que introduzem ritmo, tais exercícios exigem uma apreensão atenta da sucessão temporal, em termos de duração e intervalo. Na Organização e Estruturação Espacial apresenta-se à criança exercícios a nível da experiência vivida, manipulação de conceitos espaciais importantes para o processo da alfabetização. Os conceitos espaciais – direita, esquerda, atrás, na frente, entre, perto, longe, maior, menor, são vivenciados através de movimentos específicos. A partir daí, se propõe exercícios em que, com maior intensidade se coloca a mediação de um raciocínio, de uma reflexão sobre os dados vivenciados no primeiro nível. Ví deo Para compreender melhor sobre o tema e como aplicá-lo, veja um vídeo com diversas atividades que auxiliam no desenvolvimento Espaço-Temporal, como muitas outras áreas da psicomotricidade, gerando muitos benefícios à criança. Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=7eGSonN7yOY 2.2 Motricidade Fina das Mãos e dos Dedos Os exercícios de motricidade fina das mãos e dos dedos são muito importantes para a criança, na medida em que educam o gesto requerido para a escrita, evitando a pressão inadequada que tanto prejudicam o grafismo, tornando muitas vezes o ato de escrever uma experiência aversiva à criança. Dada a importância desse tipo de trabalho, é conveniente no início aplicar os exercícios de motricidade fina, antes de qualquer trabalho gráfico. Saiba Mais A Motricidade Fina se diferencia da Motricidade global, enquanto a primeira exige movimentos mais detalhados e exatos, a segunda são movimentos mais soltos, livres. Para melhor compreensão e diferenciação entre ambas, veja o artigo Desenvolvimento Motor: Motricidade Global e Fina, de Jonas Godtsfriedt. Acesse: http://www.efdeportes.com/efd143/motricidade-global-e-fina.htm 2.3 A Importância da Estimulação Psicomotora Precoce Desde os primeiros meses o bebê é psicologicamente ativo e a maturação de suas funções sensório-motoras depende amplamente dos estímulos oferecidos pelo meio. A estimulação Psicomotora precoce surge através de preocupações fundamentadas na educação, na prevenção e mesmo na cura de distúrbios apresentados muito precocemente em determinadas crianças. Segundo a Neurocientista americana Lisa Freund, até os dois anos de idade o cérebro da criança atinge 80% do seu tamanho, sendo que os outros 20% serão desenvolvidos até por volta dos 18 anos. Até os três anos de idade todo o potencial da criança então deverá ser explorado, sendo essa uma frase crucial para estimular as áreas do lobo frontal (linguagem, movimento, cognição social, autorregularão e solução de problemas), sendo que os resultados dessa estimulação vão refletir por toda a vida da pessoa. Com a estimulação precoce é possível estar interferindo e estimulando os vários níveis de expressão corporal, encontrados no bebê. Seriam eles: o gestual, tônico, mímico, ocular, sinestésico e auditivo. A ausência de estímulos pode paralisar a maturação e interferir na organização do sistema nervoso, de maneira a ocorrer perda definitiva de funções inatas. Saiba Mais Sobre os problemas causados pela falta de estimulação, veja um relato de caso, elaborado por Ana Cristina de Castro Coelho, Elisa Pinhata Iemma e Simone Aparecida Lopes- Herrera, as quais fizeram um trabalho conjunto com uma criança autista que teve sua estimulação privada, mostrando como se dá essa reestimulação. Acesse: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516- 80342008000100013 2.3.1 Os Primeiros Anos de Vida Durante os anos iniciais o bebê está sempre atento às relações afetivas estabelecidas com ele pela mãe. Ele apresenta reações que desencadeiam e reforçam essa relação. O ambiente familiar como um todo também é importante e as reações do bebê irão se caracterizar por meio de sinais vocais, tônicos- posturais, oculares e mímicos. O bebê deve ser estimulado em todas as suas capacidades sensoriais e motoras, respeitando-se os limites que serão impostos pela própria criança. Deve- se procurar perceber o fundo tônico-postural e cinético-reflexo apresentado. O bebê pode ser preparado para a posição sentada com a tonificação de sua musculatura, para a posição de pé desde que ele perceba o papel e o apoio dos pés para o andar, se for estimulado adequadamente na busca do equilíbrio. Fonte: http://pt.dreamstime.com/foto-de-stock-o-pai-ajuda-crian%C3%A7a-andar- image18120600 Para iniciar a estimulação é importante que o bebê esteja relaxado e confiante. Ele não deve ser obrigado a fazer algum exercício e nem tão pouco ser superestimulado. O adulto deve adaptar o ritmo imposto pela criança à sua prática. O bebê deve ser estimulado durante suas atividades cotidianas e as pessoas que convivem diretamente com ele poderão ficar atentos as suas atitudes em momentos específicos de sua vida: na forma de carregá-lo, de trocá-lo, de dar-lhe banho, comida e de brincar. Suas atividades poderão ser conduzidas de maneira espontânea. A apresentação da estimulação para o bebê pode ser descrita a partir de quatro fases distintas: Até os três meses: a educação motora não é sistematizada, mas apenas baseada na descontração da criança. Nessa idade o corpo é rígido, os braços e pernas estão constantemente dobrados e os punhos cerrados. De três a seis meses: começa os exercícios de preparação para a posição sentada. Há uma maior tonicidade da nuca e do tronco. Ele vira a cabeça ao ouvir barulho, usa os reflexos de equilíbrio, orienta-se no espaço, brinca com o corpo e está sempre olhando a mão. É o início da coordenação entre olhar e pegar (visomotora ou óculo-manual). De seis a doze meses: este período é marcado pelo movimento global, pela aquisição da postura sentada e preparação para a posição de pé. Nessa época a criança é capaz de pegar os brinquedos e largá-los, já que tem o movimento de preensão adquirido. Já reconhece o meio de que faz parte e consegue distinguir as pessoas que estão ao seu redor. Tem consciência de si e dos outros. Sente-se desamparada na ausência da mãe. Começa a se locomover arrastando-se e depois engatinhando. De nove a quinze meses: período dos jogos, de aquisição da posição de pé e de preparação à independência. Nessa fase a criança está descobrindo o mundo. É visível o ímpeto de alcançar e agarrar tudo que vê e de fazer as coisas por si mesma. O ambiente para a estimulação deve ser calmo e descontraído,proporcionando o desenvolvimento físico, afetivo e intelectual da criança. 2.3.2 Os Anos Pré-Escolares e as Séries Iniciais Os anos pré-escolares e as séries iniciais compreendem a fase do desenvolvimento da criança dos dois aos cinco anos, é a época marcada pela aprendizagem global e do uso de si mesmo. A preensão vai se especializando cada vez mais, tornando-se associada a gestos e a locomoção encontra-se mais coordenada. A motilidade e a cinestesia permitem uma utilização mais diferenciada e precisa do próprio corpo. Dessa forma, nessa fase é importante estar estimulando: O equilíbrio, coordenação corporal geral; A percepção do corpo e do espaço; A coordenação olho-pé, olho-mão; Exercícios de pular e sequenciar; Movimentos locomotores diversos; Desenvolvimento das habilidades sociais; Coordenação motora fina; Desenvolvimento de habilidades por meio de jogos simples. 2.3.3 A Segunda Infância Fase de desenvolvimento infantil a partir dos cinco anos, a criança agora entrou no estágio da diferenciação e análise, da representação. Encontra-se no meio de uma autoconstrução e o ambiente em que está inserida tem grande influência no processo. É importante nessa fase que o meio lhe dê possibilidades de comunicação, de modo que ela se sinta segurança para se desenvolver. Ocorre uma melhor elaboração do universo exterior, com uma evolução do esquema corporal e da noção do “outro”. Fatores a serem estimulados na criança de quatro a oito anos: Educação do esquema corporal; Consciência e controle do próprio corpo; Educação de uma atitude equilibrada e econômica; Educação da respiração. Além dos fatores a serem estimulados, pode-se dividir as condutas motoras de base nessa fase, que são: Equilíbrio Geral; Coordenação Dinâmica; Coordenação Óculo-Manual. Também são necessárias condutas perceptivas–motoras, que irão ajudar a criança a aprender a se localizar e organizar no tempo, a fazer suas tarefas, a saber que tudo tem um tempo determinado e que tem obrigações, a saber: Educação da percepção; Organização do espaço; Organização do Tempo. Há também uma Educação Motora Diferenciada, com a educação das mãos e a preparação para as aprendizagens escolares. Toda essa aprendizagem irá ocorrer a partir dos cinco anos, onde a criança começa a melhor se socializar, e deve ter certos comportamentos perante a sociedade, dessa forma, quanto melhor for desenvolvida a motricidade dessa criança, melhor ela se relacionará com as pessoas ao seu redor, pois é uma fase onde a movimentação é essencial para aprendizagem não somente para o aspecto motor, mas para o desenvolvimento global dessa criança. Resumo Aula 02 Nesta aula foi visto sobre o desenvolvimento da criança no período pré- escolar até a segunda infância, mostrando a importância de se ter uma boa estimulação para não somente se ter o desenvolvimento motor, mas a sua importância para todo o seu desenvolvimento, e como esse pode influenciar essa criança quando chegar à fase adulta. Atividade de Aprendizagem A partir do exposto em aula, para você, qual a melhor idade para se iniciar a estimulação da criança? Por quê? Aula 3 – Avaliação Psicomotora Apresentação Aula 3 Esta aula tem como objetivo apresentar e analisar a avaliação psicomotora, bem como discutir a importância das vivências corporais e do brincar no desenvolvimento humano. 3. Avaliação Psicomotora 3.1 O que é a Avaliação Psicomotora A avaliação psicomotora é importante para diagnosticar dificuldades e distúrbios psicomotores presentes no desenvolvimento infantil. Independente de qualquer manifestação evidentes de distúrbios, pode-se avaliar ou proceder um exame psicomotor com o objetivo de acompanhar o desenvolvimento da criança. Um dos procedimentos essenciais em uma avaliação psicomotora é a entrevista de anamnese, que se trata de uma técnica de investigação científica, um instrumento fundamental do método clínico normalmente utilizado quando se torna necessário focar na história de progressão da criança (aluno), de uma maneira sistemática e formal. A anamnese constitui a própria história do desenvolvimento, envolvendo a área familiar, social, e cultural. Essa entrevista deve ser realizada com a mãe da criança ou responsável que conheça a história da criança. As tabelas de avaliação são escolhidas considerando a idade cronológica da criança. Para crianças de zero a vinte e quatro meses, sugere-se a tabela de avaliação adaptada por Vitor da Fonseca (1988), que avalia as seguintes áreas do comportamento: Locomoção (L); Viso-Motricidade (VM); Audição e Linguagem Falada (ALF); Maturação Socioemocional (MSE); Praxias (P). Apresenta-se, a seguir, um modelo de tabela para avaliação. Locomoção (L) Viso- Motricidade (VM) Audição e Linguagem Falada (ALF) Maturação Socioemocional (MSE) Praxias (P) Insuficiente Fraco Bom Excelente Fonte: Elaborado pelo autor (2016). No modelo acima, à medida que a criança é avaliada, o examinador deve assinalar a coluna referente ao desempenho apresentado (insuficiente, fraco, bom ou excelente). No caso de crianças com idade entre três e cinco anos, a avaliação abrange as seguintes áreas do comportamento: Área socioafetiva; Hábitos e atitudes; Esquema corporal; Estruturação e orientação espaço-temporal; Lateralidade; Motricidade ampla e fina; Percepção Visual; Proporção (habilidades conceituais); Área cognitiva (Linguagem, análise e síntese). Após a avaliação, pode-se então elaborar o Perfil de Desenvolvimento da criança, limitando-se a comentar o desempenho da criança na avaliação, com a preocupação de manter a objetividade, e proceder ao diagnóstico psicomotor. Amplie Seus Estudos Leia o artigo Bateria Psicomotora de Fonseca: uma Análise com o Portador de Deficiência Mental. Acesse: http://www.efdeportes.com/efd62/fonseca.htm 3.2 Vivências Corporais: o Corpo e suas Emoções O corpo é considerado a primeira forma de linguagem para a criança, já que com ela introduz sua comunicação com o meio. É a linguagem da ação. Pouco a pouco a criança vai se apropriando de seu corpo, de forma a aprender como usá-lo no seu dia a dia. Para isso ela vai realizando conquistas sucessivas em relação ao seu espaço, seus movimentos, suas posturas, seus gestos e seus tempos. No decorrer desses acontecimentos o corpo vai se caracterizando e tornando-se uma espécie de identidade. O corpo torna-se meio para a ação, para o conhecimento e para as relações. As experiências corporais interferem na vida mental, afetiva e motora dos indivíduos. O corpo deve ser visto em sua totalidade, pois nele se inscrevem todas as tensões e emoções que caracterizam a evolução psicoafetiva de um sujeito. Importante O psicomotricista deve ser capaz de compreender o indivíduo a partir do seu corpo, seus gestos, suas posturas e também do seu tônus muscular. É a atividade tônica que permite as atitudes e as posturas. É através dela que a criança consegue erguer-se e manter-se de pé. Ela serve de embasamento para a atividade motora. Com a atividade tônica o bebê inicia sua comunicação com o mundo e através dela ele irá durante toda a sua vida expressar-se corporalmente por meio de relações tônico-afetivas. Cabe destacar o papel dos estímulos no desenvolvimento infantil. A educação psicomotora deve englobar diversas atividadesoferecidas às crianças de forma sequencial observando a etapa de desenvolvimento em que elas se encontram. Importante A evolução tônica do corpo da criança está indissociavelmente ligada aos estímulos oferecidos pelo meio ambiente. O equilíbrio entre a evolução corporal do sujeito e os estímulos ambientais são a base do seu aprendizado. Relembrando o conceito já trabalhado na primeira aula, os estímulos podem ser gerados através de diferentes fontes: Proprioceptivos: sensações cinestésicas que nascem do corpo; Exteroceptivos: são estímulos exteriores ao organismo que agem sobre ele através de experiências sensitivas (de contato, pressão, etc.) e sensoriais (visão, audição, etc.); Interoceptivos: estímulos vindos do interior do próprio corpo (exemplo: fome). A criança tende a responder tanto às perturbações interiores quanto as exteriores. Há uma desequilibração e uma busca de novos meios para atingir novamente o equilíbrio (reequilibrar-se). É uma relação dialética na qual estímulo, meio e resposta vão se desenvolvendo gradativamente. Nos princípios até aqui apresentados, estão estabelecidas as bases da educação psicomotora. Conforme a necessidade da criança, devem ser oferecidos estímulos pertinentes, capazes de sensibilizá-la para o tema e levá-la à superação de suas dificuldades. Durante seu desenvolvimento, a criança precisa desenvolver a capacidade de submissão ao fato, aprendendo a distinguir o que depende e o que não depende dela. Nesse aprendizado, passará pela exigência das relações, aprendendo a se relacionar com as variáveis espaço-tempo (exemplo: aprender que não poderá ir ao parquinho naquele dia porque está chovendo) e sujeito- objeto (exemplo: saber respeitar os pertences das outras crianças). Para que a criança desperte para o mundo e aprenda a relacionar-se com os outros, é preciso desenvolver uma série de atividades que a levem, entre outros alvos, a organizar-se no espaço, no tempo e a reconhecer o seu próprio meio. Assim, deve-se incentivar o desenvolvimento de atividades voltadas ao domínio do desenho e do grafismo que inclui a coordenação motora e viso-motora, a coordenação dinâmico-manual, o desenvolvimento da linguagem e etc. Saiba Mais Uma atividade fundamental a ser explorada com crianças é o desenho: mesmo em casa, a família deve proporcionar espaço para que a criança possa expressar-se livremente através dessa importante atividade. Uma sugestão é forrar uma das paredes da casa com papel bobina e permitir à criança que utilize aquele local para desenhar e pintar. Fonte: https://sosendomae.files.wordpress.com/2015/06/parede-magica1.jpg Cabe lembrar que toda a educação psicomotora deve ser realizada levando-se em conta as necessidades reais de cada criança. Além disso, os estímulos propostos devem ser harmônicos e integrados na sua sequência. Ela deve seguir as etapas previstas na aprendizagem natural, ou seja, dos exercícios essencialmente motores, partindo para os sensório-motores até chegar aos perceptomotores. 3.3 Distúrbios Psicomotores Entre as causas neurológicas de distúrbios psicomotores estão os danos as zonas do hemisfério esquerdo responsáveis pela coordenação dos movimentos. Esses tipos de transtornos irão estabelecer quadros de patologias denominadas apraxias. Vocabula rio Apraxias: são um conjunto de transtornos relacionados nos quais um indivíduo fisicamente capaz de entender um pedido para fazer alguma coisa, é incapaz de realizá-lo na ordem adequada ou de uma maneira adequada. As apraxias podem ser divididas em: Apraxia membro-cinética: o indivíduo não consegue desempenhar um comando com as duas mãos Apraxia ideomotora: quando o indivíduo executa as ações desajeitadamente e usam a própria parte do corpo como objeto. (exemplo: quando fingem martelar um prego, eles batem um punho contra a superfície). Apraxia ideacional: o indivíduo apresenta uma dificuldade especial em passar por uma sequência de ações de forma suave e na ordem correta. Vários são os fatores que contribuem para que uma criança adquira um distúrbio ou atraso psicomotor por causas estritamente físicas. Pode-se citar, como exemplos, a prematuridade, o déficit auditivo e a deficiência visual de nascença ou congênita. Alguns traumatismos também podem acarretar maiores dificuldades nas atividades psicomotoras, como deformações da coluna vertebral, assimetria das pernas e achatamento da arcada plantar. Em relação às influências ambientais, podem ser citadas duas situações críticas: as carências de estimulação sensório-motora e as carências afetivas. É crucial para o desenvolvimento psicomotor que a criança possa usufruir de um ambiente pedagógico adequado, concomitantemente aos estímulos afetivos provindos de seu meio familiar. Os transtornos psicomotores compreendem as funções psíquicas e neurológicas, além de um atraso na maturação do sistema nervoso central. Sua principal característica é a falta de coordenação entre o que o indivíduo pretende fazer e a ação propriamente dita, o que dificulta a capacidade de expressar-se através do corpo. Isso provoca distúrbios afetivos e também problemas de aprendizagem. Saiba Mais DISTURBIOS PSICOMOTORES [...] Qualquer distúrbio psicomotor tem ligação com problemas que envolvem o indivíduo em sua totalidade. Distúrbios psicomotores e afetivos estão, intimamente, associados, razão porque o diagnóstico não é fácil de ser feito. Os sintomas mais comuns desse distúrbio estão associados à área do ritmo, da atenção, do comportamento, esquema corporal, orientação espacial e temporal, lateralidade e maturação (retardos). [...] Disponível na integra no acesso: http://smpsicopedagogia.webnode.com.br/disturbios- psicomotores/ Pode-se considerar, no contexto da Psicomotricidade, os seguintes transtornos: Perturbações motoras – Hiperatividade; Perturbações intelectuais; Perturbações do esquema corporal; Perturbações da lateralidade; Perturbações espaço-temporais; Perturbações do grafismo; Perturbações afetivas. 3.4 O Brincar como Estratégia de Intervenção O “ato de brincar” inclui jogos, brincadeiras e o brinquedo propriamente dito. O brincar proporciona a aquisição de novos conhecimentos e desenvolve habilidades de forma natural e agradável. A brincadeira é fator estimulante e propiciador de um bom desenvolvimento motor, social, emocional e cognitivo. A oportunidade de brincar livremente, por si só, já traz efeitos positivos para o desenvolvimento da criança. O ato de brincar pode estimular a atenção, a concentração e a exploração de movimentos diversos como: Movimentos para controlar o corpo no mesmo lugar (equilíbrio) e deslocando-se de um lugar para outro; Movimentos para controlar objetos: carregar, jogar, agarrar, etc. Amplie Seus Estudos SUGESTÃO DE LEITURA Leia o livro Teoria e Prática em Psicomotricidade: Jogos, Atividades Lúdicas, Expressão Corporal e Brincadeiras Infantis, de autoria de Geraldo Peçanha de Almeida. A obra propõe uma abordagem transdisciplinar da Psicomotricidade, dentro do contexto escolar, trazendo contribuições do brincar à Psicomotricidade. Muitos desses movimentos são comuns a todas as crianças, tais como levantar, andar, correr, saltar, sentar, ajoelhar e etc. Outros irão depender das oportunidades oferecidas a essas crianças, e cabe ao profissional oferecer a maior variedade e riqueza possível de estímulos. Resumo da Aula 3Nesta aula, estudou-se a avaliação psicomotora, como instrumento de investigação do desenvolvimento motor e como estratégia inicial para a intervenção. Evidenciando que é fundamental considerar a expressão das emoções e sentimentos através das vivências corporais. Destacou-se, ainda, a relevância da ação de brincar para o desenvolvimento harmônico e saudável da criança. Atividade de Aprendizagem O que é avaliação psicomotora, e como pode contribuir para o desenvolvimento da pessoa avaliada? Aula 4 – Intervenção em Psicomotricidade Apresentação Aula 4 Esta aula apresentará estratégias de intervenção na abordagem da Psicomotricidade, evidenciando como a aplicação de seus conceitos pode favorecer o desenvolvimento da pessoa. 4. Intervenção em Psicomotricidade 4.1 Componentes da Psicomotricidade A intervenção em Psicomotricidade pode-se dividir em dois componentes: Psicomotricidade Instrumental e Psicomotricidade Relacional. A Psicomotricidade Instrumental configura-se em uma intervenção com maior fundamentação de tipo cognitivo e neurológico, privilegiando a intervenção centrada nas situações-problema. As situações devem ser apresentadas em forma de jogo e de forma a serem vividas como situações de êxitos, estabelecendo uma relação de confiança e motivação entre a criança e a ação. A Psicomotricidade Relacional centra-se no componente psicoafetiva e relacional, permite como que um reviver regressivo da relação primordial maternal num diálogo tônico-emocional. Nesse diálogo, por mediatização corporal, a comunicação é sobretudo não verbal, envolvendo elementos como: As orientações corporais; As posturas; A distância interpessoal; A gestualidade; A respiração; A voz; A sincronia rítmica; O contato corporal; O olhar; O odor. Amplie Seus Estudos Leia o artigo Psicomotora Relacional: a Teoria de uma Prática, de autoria de José Leopoldo Vieira. Disponível no acesso: http://www.perspectivasonline.com.br/ojs/index.php/revista_a ntiga/article/viewFile/388/299 A intervenção deve basear-se em situações que possibilitem ultrapassar os bloqueios existentes e permitam a flexibilidade e liberdade de expressão gestual, através de uma atmosfera permissiva, segura e lúdica. Os objetos (balões, cordas, arcos, bolas, tecidos, etc.) devem ser utilizados como mediadores, sendo introduzidos não apenas pela sua funcionalidade, mas sobretudo pelas produções do tipo simbólico que vão encorajar. Importante O ambiente lúdico constitui outro aspecto fundamental ao nível da Psicomotricidade, dadas as suas características (ativo, dinâmico, significativo, motivante, construtor, etc.), constitui um facilitador e potencializador da vivência corporal, da relação, da comunicação e da aprendizagem. 4.2 Educação e Reeducação Psicomotora A educação psicomotora é uma ação pedagógica com o objetivo de normalizar ou melhorar o comportamento da criança. É indispensável nas aprendizagens escolares. Ela procura aprimorar os mediadores (elementos) que influem na vida intelectual da criança e que se encontram subjacentes ao aprendizado da leitura e da escrita. A reeducação psicomotora é dirigida às crianças que sofrem perturbações instrumentais (dificuldades ou atrasos psicomotores). Trata-se de diagnosticar as causas do problema e de fazer um balanço das aquisições e das carências, antes de fixar um programa de intervenção reeducativo. O processo de reeducação psicomotora deve começar o mais cedo possível: quanto mais nova for a criança, menos longa será a sua reeducação. A reeducação é urgente, sobretudo para os problemas afetivos. Quanto mais o tempo passa, mais a criança se bloqueia em um tipo de reação. A reeducação ajudará a adotar outro comportamento mais apropriado. Saiba Mais Quando se deve empreender uma Reeducação Psicomotora? Embora não exista uma escala de idades, recomenda-se que a reeducação inicie nas idades que variam entre dezoito e vinte e quatro meses para crianças que acusam atraso motor, grandes déficits motores ou bloqueio afetivo. Quanto aos problemas de esquema corporal e de estruturação espacial, sugere-se atendimento a crianças com aproximadamente cinco anos. Cabe destacar que certas dificuldades motoras e certos casos de instabilidades psicomotoras, podem desde a idade de quatro anos constituir objeto de reeducação. A idade de seis anos é a mais comum para as reeducações. É na primeira série do Ensino Fundamental que o professor constata mais seguramente as deficiências de organização espacial ou temporal da criança, sua lentidão no trabalho, sua falta de concentração, ou mesmo sua hiperatividade. As sessões de reeducação são quase sempre individuais por causa da importância do seu aspecto relacional, podendo ser propostas em grupo quando se atinge um nível satisfatório de estabilidade na reeducação. Fonte: http://static.psdb.org.br/wp-content/uploads/2013/04/reeducacao_agencia-para.jpg O reeducador ou psicomotricista deverá dosar para cada sessão um número certo de exercícios, que deverão ser variados, sem intervalos, mas com ritmo, que não poderá ser muito rápido para evitar cansar a criança. Os exercícios de concentração devem ser alternados com exercícios menos desgastantes, no decorrer dos quais a linguagem e o movimento tornam-se uma descontração. O humor deve fazer parte de uma sessão, ajuda a criança assumir suas dificuldades com otimismo. A criança poderá escolher livremente certos jogos ou material que o reeducador integra em suas sessões. As conversas espontâneas da criança devem ser ouvidas na hora; sua extensão dependerá do assunto, mas não pode interromper as sessões. É aconselhável começar uma sessão e terminar com exercícios conhecidos. Essa tática dá confiança à criança e contribui para a estabilidade entre as sessões. O trabalho em grupo pode inserir a criança na vivência dos relacionamentos interpessoais (aprender a partilhar, a ser ela própria no grupo etc.). O local deve ser amplo para os exercícios motores e reservado para outros exercícios sentados (mesa e cadeiras adaptadas à estatura das crianças), bem como colchonetes e tatames para exercícios sensório-motores que são realizados no chão. O local deve também ser alegre e decorado com gravuras estimuladoras e com brinquedos. Saiba Mais Em geral, a duração de uma sessão varia entre meia hora e 45 minutos. Recomenda-se duas sessões semanais, em função da continuidade e eficácia da reeducação, principalmente no início. A quantidade de sessões pode ser aumentada ou diminuída, conforme as necessidades da criança. O tempo de recuperação é variado. Algumas pessoas superam seu atraso em um trimestre, outras em um ano e outras ainda em dois anos, variando conforme a gravidade do caso, a origem da deficiência, idade, experiência vivida etc. É importante que a pessoa sinta o seu período de reeducação como um momento feliz. O esforço é parte integrante da sessão, pois chegará a um resultado positivo. 4.3 A Importância da Estimulação Psicomotora Precoce Desde os primeiros meses o bebê é psicologicamente ativo e a maturação de suas funções sensório-motoras depende amplamente dos estímulos oferecidos pelo meio. Vários estudos, nas áreas clínicas e experimentais, tem demonstrado a importância dos estímulos no desenvolvimento psicológico e mental dos indivíduos. A estimulação psicomotora precoce surge através de preocupações fundamentadas na educação, na prevenção e mesmo na curade distúrbios apresentados muito precocemente em determinadas crianças. Com a estimulação precoce é possível estar interferindo e estimulando os vários níveis de expressão corporal, encontrados no bebê. Seriam eles: o gestual, tônico, mímico, ocular, cinestésico e auditivo. A estimulação permite o encontro sempre surpreendente entre o adulto que propõe as atividades e a criança, que deverá aceitá-las caso sejam oferecidas a partir de um clima que lhe permita o afeto e a segurança (é necessário um diálogo caloroso). A ausência de estímulos pode paralisar a maturação e interferir na organização do sistema nervoso, de maneira a ocorrer perda definitiva de funções inatas. Amplie Seus Estudos SUGESTÃO DE LEITURA O livro A Clínica Psicomotora: O Corpo na Linguagem, de autoria de Esteban Levin, apresenta reflexões acerca da relevância das expressões corporais com manifestações das necessidades e dificuldades encontradas pela criança. É importante que o bebê seja estimulado antes de adquirir a marcha, pois a estimulação tem como foco de preocupação as questões ortopédicas, esportivas e estéticas e tem com objetivo final obter um desenvolvimento harmonioso da musculatura e do esqueleto, assim como a prevenção das más posturas. Resumo da aula 4 Nesta aula evidenciaram-se estratégias de intervenção na abordagem da Psicomotricidade, elucidando a aplicação de seus conceitos e de que maneira favorecem o desenvolvimento da pessoa. Atividade de Aprendizagem Explique e exemplifique a diferença entre educação e reeducação psicomotora. Resumo da disciplina Nesta disciplina, estudou-se acerca da importância dos processos de educação e reeducação psicomotora, como facilitadores do desenvolvimento e da recuperação das habilidades psicomotoras do indivíduo. Viu-se também que a estimulação é fundamental desde o início da vida do bebê, e deve ser compreendida como um fator indispensável em todas as etapas da vida. Estudou-se, ainda, os dois componentes da intervenção na área da Psicomotricidade: Instrumental e Relacional. Ambas as abordagens permitem o trabalho por meio da exploração de estratégias e vivências corporais, valorizando as expressões do corpo como manifestações do todo que constitui a pessoa humana. Referências AJURIAGUERRA, J. La organización psicomotora y sus perturbaciones. Trastornos psicomotores. Manual de psiquiatría infantil. Barcelona: Toray- Masson, 1975. ÁREAS DA PSICOMOTRICIDADE. Disponível em: http://www.fontedosaber.com/psicologia/areas-da-psicomotricidade.html. Acessado em: Jan/2016. 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