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PERDAO NA TERAPIA DE CASAL

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PERDÃO NA TERAPIA DE CASAL 
 Roberto Faustino de Paula 1 
Falar sobre a importância de se trabalhar o tema confiança na relação interpessoal. Segundo 
as pesquisas, quando se perguntou às pessoas entrevistadas o que mais elas desejavam em 
relação às outras pessoas com quem se relacionavam, elas responderam sentir confiança. 
Os casais têm diante de si um desafio, nos dias atuais, de como manterem um relacionamento 
duradouro e satisfatório entre si. Para enfrentá-lo com sucesso, os casais necessitam 
desenvolver interações mutuamente gratificantes, mas também saberem lidar com um 
número significativo de experiências negativas (falhas na comunicação, disputas pelo poder, 
desentendimentos na educação dos filhos, infidelidade conjugal , violência doméstica, etc). 
Para os terapeutas é tão essencial compreender como os casais lidam c/ suas experiências 
negativas, como saber como os casais superam essas experiências conflituosas, positivamente 
(fatores de resiliência). 
Apesar de muitas teorias em Psquiatria e Psicologia terem abordado extensamente a 
psicopatologia, seja a nível individual como interpessoal, essas mesmas teorias têm omitido, 
solenemente, o conceito do perdão e seu uso nas psicoterapias. Sobre esse assunto, 
ultimamente, têm aparecido um número crescente de trabalhos teóricos e de pesquisa, onde 
sobressaem três problemas significativos: 
1. Os conceitos sobre o perdão não foram integrados nas teorias até agora existentes 
sobre o casamento; 
2. Não há consenso sobre quais seriam as características primordiais acerca do processo 
do perdão (pelo contrário, parece haver maior concordância entre os autores sobre o 
que o perdão não é); 
3. Apesar de algumas teorias descreverem os comportamentos que ocorrem durante o 
processo do perdão (de raiva, dor, mágoa, ressentimento, etc), poucas dessas teorias 
tentaram explicar porque tais comportamentos ocorrem. 
 
DUAS GRANDES TEORIAS SOBRE O FUNCIONAMENTO DAS RELAÇÕES CONJUGAIS 
 
1. Enfoque cognitivo-comportamental sobre o casamento 
Princípios básicos: 
• Ênfase sobre como cada cônjuge pensa e interpreta o seu comportamento na 
relação. 
• Pesquisas sobre casais desajustados apontam: 
a)eles tendem a apegar-se mais às experiências negativas por eles vivenciadas no passado, 
prestando menos atenção aos diversos comportamentos positivos apresentados por cada 
um no presente; 
 
1 Prof. Adjunto do Depto de Neuropsiquiatria, coordenador do Curso de Especialização em Terapia 
Familiar, CCS/UFPE 
b)interpretam os seus relacionamentos de uma maneira mais negativa em comparação 
aos de outros casais mais ajustados, vivenciando situações semelhantes. 
• Aspectos cognitivos. Os sistemas de crenças de cada cônjuge abrangem valores e 
crenças morais acerca de como cada cônjuge deve tratar o outro na relação. Tais 
sistemas são cruciais porque eles fornecem uma espécie de guia para como cada 
pessoa deverá se comportar em uma dada situação. Eles tb são importantes p/ 
entender porque as violações a esses paradigmas, frequentemente, acarretam 
grandes sofrimentos e desapontamentos no casamento. Nesses casos, o 
comportamento do parceiro passa a ser encarado como indesejável, errado ou 
imoral. 
 
Estratégias de resolução dos conflitos na terapia de casal 
• Intervenções focadas, fundamentalmente, nas relações atuais. 
• Casais são treinados a distinguirem claramente comportamentos considerados 
gratificantes daqueles indesejáveis. Eles são ajudados a negociarem mudanças que 
maximizem a possibilidade de ocorrência de comportamentos positivos, 
gratificantes, minimizando, por outro lado, a ocorrência de comportamentos 
negativos, indesejáveis. 
• Direcionadas p/ melhorar a comunicação do casal 
• Evitar discutir o passado e o jogo de atribuir culpa e responsabilidade ao outro. Ao 
invés disso, os casais são treinados a focar em suas preocupações atuais e como 
abordá-las, diferentemente, no futuro. 
• Explorar novas alternativas de compreensão acerca de como um cônjuge se 
comporta numa dada situação (aspectos cognitivos). 
 
Aplicações do enfoque cognitivo-comportamental na infidelidade conjugal 
• O perdão não é passível de ser trabalhado em todo tipo de comportamento negativo 
apresentado pelos cônjuges. O perdão é uma opção e não uma obrigação. Dar ênfase 
ao trabalho a ser feito pelo cônjuge que traiu e deseja ser perdoado. 
• Situações particularmente relevantes para se trabalhar o perdão: quando os cônjuges 
se comportam de modo a violar premissas ou valores básicos, comumente acordados 
de serem respeitados no casamento (ex: uso de violência, trair a confiança do outro). 
Presentes grandes distorções na forma de ver o outro cônjuge, responsabilizando, ao 
trair, o outro cônjuge, ou assumindo erros que não são seus (peça teatral de Nelson 
Rodrigues – “Perdoe-me por me teres traído”). 
 
Limitações do enfoque cognitivo-comportamental na infidelidade conjugal 
• Situações em que um dos cônjuges foi muito magoado ou ferido pelo o outro, não 
favorecem o desenvolvimento de estratégias de resolução do conflito voltadas para o 
futuro. Nesses casos, as feridas do passado precisam ser tratadas e curadas, antes do 
casal mover-se em direção ao trabalho terapêutico de como evitar tais situações no 
futuro. 
• Ausência de proposições sobre quando e como ajudar os casais a processarem seus 
traumas passados, de algum modo associados à infidelidade conjugal , integrando-os 
em procedimentos voltados para o presente e o futuro da vida do casal. 
• Pelo contrário, como veremos, é o enfoque psicodinâmico (direcionado para o 
“insight” ) que focaliza a compreensão do passado, utilizando tal compreensão para 
promover mudanças futuras. 
 
2. Enfoques direcionados para o “insight” no casamento 
 
Princípios básicos: 
• Focaliza os padrões de relacionamento maladaptados e recorrentes oriundos de 
experiências interpessoais negativas do passado remoto de cada cônjuge(infância, 
adolescência ou na fase de adulto jovem) ocorridas seja na família de origem como em 
relacionamentos significativos fora dela. Reconhece a difícil convivência entre aspectos 
de individualidade e conjugalidade no casamento. 
• Pressuposto básico: os padrões de relacionamento mal adaptados tendem a persistir 
enquanto eles não forem devidamente explorados e compreendidos no contexto do 
desenvolvimento pessoal e do ciclo de vida familiar. 
• Padrões de interação maladaptados e persistentes entre os cônjuges representam 
estratégias de defesa para minimizar a dor experimentada em decorrência de 
relacionamentos traumáticos do passado. 
Estratégias terapêuticas : 
Favorecem que cada cônjuge possa: 
1. rever as ofensas sofridas em suas relações anteriores 
2. experimentar o luto das perdas e necessidades não atendidas 
3. expressar sentimentos contraditórios ou mesmo raiva, por ventura existentes, em 
relação a experiências negativas c/ pessoas significativas em sua vida, num ambiente 
terapêutico em que se sinta seguro para explorá-las. 
4. adquirir habilidade crescente em diferenciar os relacionamentos anteriores do atual 
Vantagens dessas estratégias: 
• relaxar, sentir alívio em relação à ansiedade experimentada em suas relações 
interpessoais atuais, à medida que for se dissipando a confusão acerca do 
porque eles possam estar altamente reativos, emocionalmente falando, 
durante seus conflitos conjugais 
• restabelecer a esperança em poder se gratificar mais emocionalmente em 
seus relacionamentos, ao curar mágoas ou ressentimentos de seus 
relacionamentos anteriores, e ajudando a desenvolver novos padrões de 
relacionamento. 
• oportunidade do casal desenvolver empatia um pelo outro, à medida que 
cada cônjuge observa os esforços de seu parceiro de clarificar e compreender 
a origem dospadrões de relacionamento maladaptativos experimentados no 
passado. Freqüentemente, tal fato leva-o a compreender os comportamentos 
de seu parceiro(a) de um modo mais benigno ou empático 
• criar novas estratégias de ação, não violentas, no relacionamento interpessoal 
que produzam resolução mais eficaz para os conflitos atuais do casal 
 
Aplicação do enfoque “insight” dirigido na infidelidade conjugal 
Implicações: 
1. Fatores originários de experiências de relacionamentos vivenciadas em etapas 
precoces do desenvolvimento podem contribuir para que o sujeito decida 
envolver-se numa relação extraconjugal. Tais fatores devem estar relacionados 
a importantes questões intrapessoais dos quais ele(ela) pode não estar 
plenamente consciente. Daí o risco da pessoa repetir comportamentos 
destrutivos no seu relacionamento conjugal atual. 
2. Presume-se que as respostas de ambos os cônjuges à infidelidade refletem 
repercussões importantes de ofensas ou desapontamentos sofridos em 
relacionamentos prévios. Surgem, então, mecanismos de defesa exagerados a 
fim de evitar a dor sofrida. 
3. Mecanismos exacerbados de defesa impedem: 
a) a compreensão das origens e conseqüências da traição; e 
b) a resolução emocional satisfatória p/ os danos causados na relação. 
Limitações do enfoque direcionado p/ o “insight” em casos de infidelidade 
• Freqüentemente não promove estratégias de resolução de conflito p/ questões atuais, 
altamente conflituosas no casamento. Ou seja, não costumam desencadear, a curto 
prazo, as mudanças de comportamento observadas na terapia cognitivo-
comportamental c/ casais: melhora na comunicação, eliminando a violência como 
forma aceitável de resolução dos conflitos, e restruturação cognitiva (formas mais 
satisfatórias de compreensão dos conflitos conjugais). Tais mudanças dão mais 
segurança ao casal para abordarem seus conflitos mais urgentes, no presente. 
• Período imediatamente após a descoberta da traição costuma ser altamente tenso e 
caótico p/ os casais, ocasião em que a relação poderá sofrer maiores danos devido ao 
deflagrar de interações negativas incontroláveis. Porisso que o estabelecimento de 
regras claras de comportamento e negociação recíproca pode prevenir novos danos no 
casamento. 
• Enquanto a terapia cognitivo-comportamental tende a dar pouca importância ao 
passado ou mesmo ignorá-lo totalmente, a terapia direcionada ao “insight” c/ casais, 
de enfoque mais ortodoxo ou tradicional, tende a focar tão intensamente no passado, 
a ponto de dar pouca importância ao presente e ao futuro. E, como vimos acima, 
questões urgentes relativas aos padrões atuais de interação e comportamento, às 
vezes, necessitam de rápido encaminhamento e resolução (ex: violência conjugal 
associada à crise familiar e ao sofrimento dos filhos, durante uma separação abrupta 
dos pais). 
 
Modelo de se trabalhar o perdão na terapia de casal em três etapas 
Princípios básicos 
Maioria dos autores concordam que o perdão consiste num processo que leva tempo para se 
completar, e que a etapa final desse processo possui três características comuns, mediadas por 
mudanças cognitivas e afetivas na pessoa que perdoa: 
a) aquisição de uma visão mais equilibrada sobre o agressor e sobre as circunstâncias em 
que o evento se deu; 
b) diminuição do sentimento negativo em relação ao agressor; e 
c) desistência do direito de vingar-se ou punir o agressor. 
Em casos de infidelidade conjugal, é essencial compreender os tipos de situações negativas, 
onde as crenças básicas do cônjuge traído, acerca do casamento, foram abaladas (de que o 
parceiro seria confiável, de que o relacionamento seria sempre seguro). Quando essas crenças 
básicas são violadas, então a pessoa traída experimenta uma perda de controle sobre sua vida, 
acompanhada por ansiedade e depressão, muitas vezes. Enquanto o cônjuge traído não tiver 
um claro entendimento sobre porque a traição ocorreu, ele(ela) não terá mais confiança no 
outro parceiro, de que tal fato não se repetirá no futuro. 
As três principais etapas para se trabalhar o perdão na terapia de casal são: 
1. absorvendo e experimentando o impacto de haver sofrido a traição; 
2. procurando o significado sobre porque a traição ocorreu, incluindo as implicações para 
esse novo entendimento; e 
3. tocando a vida p/ frente, já dentro do contexto de um novo sistema de crenças acerca 
do relacionamento do casal. 
Para que a primeira etapa seja iniciada, a pessoa precisa acreditar que seu parceiro violou 
preceitos básicos do relacionamento. Nessa ocasião, fortes emoções são mobilizadas, como 
medo, dor ou raiva, alternando-se c/ momentos de indiferença ou descrença. É comum as 
pessoas traídas elevarem barreiras p/ se protegerem de outras pessoas que tentarem se 
aproximar, afetivamente falando. 
Ainda nessa primeira etapa do processo do perdão, o cônjuge traído costuma apresentar 
diversas respostas do ponto de vista cognitivo, emocional e comportamental a essa situação. 
São elas: forte necessidade em saber exatamente o que aconteceu e porque, significativo 
descontrole emocional resultante do abalo de confiança no parceiro e na relação c/ o mesmo, 
aparecimento de padrões de comportamento atípicos em virtude do sentimento de confusão 
e da necessidade de auto-proteção (ex: isolamento social, baixa auto-estima, auto-punição, 
etc). 
O objetivo da segunda etapa é explorar mais profundamente c/ o casal por que a traição 
ocorreu, situando-a num contexto mais compreensível. Nesse sentido, seria útil que o casal 
considerasse uma série de fatores (internos e externos à relação), e como eles contribuíram 
para o contexto em que a traição se deu. Porém, o importante é que o cônjuge envolvido 
numa relação extraconjugal assuma a responsabilidade por haver tomado tal decisão, e que 
ambos os cônjuges compreendam os fatores preponderantes que levaram o referido cônjuge a 
tomar tal decisão. Nesse trabalho de conscientização, frequentemente, o casal se beneficia da 
compreensão desses fatores recentes ou passados, à medida que os cônjuges tentam 
compreender porque um deles passou a agir num sentido contrário ao bem estar do casal e 
aos seus mútuos compromissos. Ou seja, ambos buscam dar um significado à infidelidade 
ocorrida. O fato é que, sem compreender devidamente o porque a traição ocorreu, é 
impossível prever se tal situação irá ou não se repetir no futuro. 
Na terceira etapa do processo do perdão na terapia de casal, presume-se que o cônjuge 
agredido superou o seu trauma, não mais permitindo que a dor sofrida controle sua vida. O 
perdão faria, então, com que o cônjuge traído seguisse adiante, em paz na sua vida, 
impedindo, assim, que emoções negativas, como a raiva excessiva, assumissem o controle dos 
seus pensamentos e comportamentos. Desse modo, ele poderia optar em desistir do direito de 
punir o parceiro que o traiu. Vale ressaltar que o processo do perdão pode não concluir com a 
reconciliação do casal, assim como o perdão não requer que a raiva desapareça 
completamente no cônjuge traído. 
Ao final dessa terceira etapa do processo terapêutico, o cônjuge traído necessitaria atingir três 
objetivos: 
1. desenvolver uma visão realista e equilibrada da relação (“posso ou não voltar a confiar 
nele ou nela?”); 
2. sentir o alívio de não mais ser controlado por sentimentos negativos em relação ao 
outro cônjuge ofensor (isto não requer, obrigatoriamente, sentir emoções positivas 
em relação ao mesmo); e 
3. renunciar volutariamente ao direito de punir o agressor (compaixão em relação a ele 
pode estar presente). 
 
Estratégias terapêuticas 
Terapia está baseada no modelo sobre o processo do perdão em três etapas, acima proposto. 
• Durante a etapa inicial. Nas primeiras sessões, o enfoque utilizado é tipicamente 
cognitivo-comportamental, com o objetivo de ajudar o casal a:1. estabelecer limites apropriados para si mesmos, enquanto indivíduos e enquanto 
casal, harmonizando aspectos da individualidade e da conjugalidade no casamento; 
2. aprender a lidar com as emoções (geralmente negativas); 
3. expressar e identificar as reações do cônjuge traído diante da descoberta da 
infidelidade conjugal (é possível ocorrer, decorridos alguns intervalos de tempo após o 
fato, reações emocionais intensas ou “flashbacks”, a exemplo do que ocorre no 
estresse pós-traumático). 
• Segunda etapa. Enfoque terapêutico mais utilizado é o direcionado para o “insight”, c/ 
os seguintes objetivos: 
1. Explorar, num contexto terapêutico onde ambos os cônjuges se sintam apoiados, as 
necessidades e motivações geralmente inconscientes da história familiar de cada um, 
que estariam repercutindo nos seus comportamentos, nas atuais circunstâncias; 
2. Na medida do possível, desenvolver empatia e compreensão em relação a cada 
cônjuge; e 
3. Tentar alterar quaisquer questões vistas como negativas ou problemáticas claramente 
apontadas na vida do casal, como fatores contribuintes ou justificativas para a tomada 
de decisão do cônjuge envolver-se num relacionamento extraconjugal. 
• Terceira e última etapa. Novamente, o foco volta ser o presente e o futuro do casal 
(estratégias voltam a ser mais cognitivo-comportamentais). À medida em que aumenta 
a compreensão dos cônjuges sobre o porque a relação extraconjugal ocorreu, surge a 
necessidade de avaliar a viabilidade da relação se manter, seu potencial de mudança e 
as possíveis conseqüências caso as esperadas mudanças na relação venham ou não 
ocorrer. O foco de intervenção passa a ser o processo do perdão. Nesse ponto, são 
desfeitos entendimentos equivocados e as resistências quanto a se trabalhar o perdão 
na relação, respeitando-se a decisão final de cada um. 
Objetivos: 
1. Tomada de decisão consciente acerca do futuro da relação; 
2. Dependendo da decisão do casal, eles serão apoiados na reconstrução do 
relacionamento, ou na orientação para as providências necessárias p/ o término da 
relação; e 
3. Esforços para manter a compreensão e, se possível, a disposição de perdoar a dor 
causada pelo o outro, frente à traição, em prol de uma melhor qualidade de vida, 
notadamente para quem perdoa. 
Observação: - Nem todos os casais irão evoluir na terapia de modo idêntico, reservando-se 
espaços para as variações, caso a caso. Espera-se, contudo, que o modelo aqui proposto sirva 
de guia útil para intervir, terapeuticamente, em eventos traumáticos na vida do casal, em 
geral, e não apenas em casos de infidelidade conjugal. 
 
 
CONCLUSÕES 
Importa deixar claro para o cônjuge lesado que o perdão não implica necessariamente em 
reconciliação. Esta pessoa poderá vir a perdoar seu respectivo cônjuge, sem que isso signifique 
retornar a conviver numa relação insegura. 
O processo do perdão, quando trabalhado adequadamente do ponto de vista terapêutico, 
permite uma expressão apropriada da raiva, além de sentimentos negativos diversos, ou seja, 
tal processo permite à pessoa ofendida adquirir uma visão realista do parceiro como possuidor 
de características positivas e negativas. Portanto, o perdão, dentro desse prisma, não deve ser 
considerado como sinal de fraqueza, mas como algo saudável e mesmo necessário, quando o 
perdão for possível, para que o relacionamento do casal venha a ser mais satisfatório no 
presente e no futuro. 
À medida que o perdão for mais claramente definido e aceito pelas partes interessadas, 
maiores evidências poderão se apresentar nas pesquisas científicas para demonstrar que o 
processo do perdão, uma vez completado com êxito, possa trazer mais saúde e paz às pessoas, 
em diversos contextos do relacionamento humano. Se tal expectativa se confirmar, então a 
resistência dos terapeutas de empregar o perdão na prática clínica tenderá a diminuir. Eis aí 
um desafio para o século XXI! 
 
 
Referência bibliográfica 
Gordon, K.C., Baucom, D.H. & Snyder, D.K. The use of forgiveness in marital therapy. In Michael 
E. McCullough, Kenneth I. Pargament & Carl E. Thoresen (eds.): Forgiveness: theory, research 
and practice, New York, The Guilford Press, p.203-227,2000.

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