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MATERIAL DIDÁTICO 
 
DIREITO CONJUGAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
U N I V E R S I DA D E
CANDIDO MENDES
 
CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA 
PORTARIA Nº 1.282 DO DIA 26/10/2010 
 
Impressão 
e 
Editoração 
 
0800 283 8380 
 
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SUMÁRIO 
 
 
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO ................................................................................. 03 
 
UNIDADE 2 – CASAMENTO .................................................................................. 05 
2.1 Finalidades e características do matrimônio ..................................................... 08 
2.2 Natureza jurídica do matrimônio ........................................................................ 09 
2.3 Habilitação para o casamento ........................................................................... 09 
2.4 Impedimentos para o casamento ...................................................................... 11 
2.5 Ritos e cerimônia ............................................................................................... 13 
2.6 Casamento inexistente, nulo, anulável, putativo ............................................... 15 
 
UNIDADE 3 – EFEITOS JURÍDICOS DO CASAMENTO ....................................... 28 
3.1 Efeitos sociais ................................................................................................... 28 
3.2 Efeitos pessoais ................................................................................................ 28 
3.3 Efeitos matrimoniais .......................................................................................... 30 
 
UNIDADE 4 – UNIÃO ESTÁVEL ............................................................................ 31 
 
UNIDADE 5 – FAMÍLIAS SIMULTÂNEA E RECOMPOSTA .................................. 35 
 
UNIDADE 6 – SEPARAÇÃO E DIVÓRCIO ............................................................ 50 
6.1 Separação ......................................................................................................... 51 
6.2 Divórcio ............................................................................................................. 53 
 
UNIDADE 7 – REGIME DE BENS .......................................................................... 56 
7.1 Princípios regentes ............................................................................................ 57 
7.2 Comunhão parcial ............................................................................................. 59 
7.3 Comunhão universal ......................................................................................... 59 
7.4 Separação de bens ........................................................................................... 60 
7.5 Outras situações e regimes ............................................................................... 61 
 
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 63 
 
ANEXOS ................................................................................................................. 67 
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UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO 
 
A preocupação básica das sociedades primitivas centrava-se na satisfação 
das necessidades primárias, ou seja, prover a subsistência, homem e mulher, juntos, 
dividiam as tarefas, embora não havia ainda uma relação conjugal individualizada, o 
que veio se formar mais ao tempo dos romanos. Todavia, a família romana não era 
necessariamente unida pelo vínculo de sangue, mas pela identidade de culto. 
Como nos conta SILVIO DE SALVO VENOSA (2013), a mulher romana 
apenas participava do culto do pai ou do marido, porque a descendência era fixada 
pela linha masculina. Durante a infância e puberdade, era subordinada ao pai; após 
o casamento, ao marido. O pai tinha direito de lhe designar um tutor ou marido após 
a morte. A viúva subordinava-se aos filhos e, na ausência destes, aos parentes mais 
próximos do marido falecido. 
Recortando o tempo, chegamos ao século XXI! Um novo Código Civil nos 
trouxe inovações que merecem aplausos, embora ainda o caminhar seja longo para 
atender toda uma sorte de pessoas e relações. 
Casamento, união estável, efeitos jurídicos, famílias (simultâneas e 
recompostas inclusive) separação e divórcio, regime de bens são os temas do 
momento. 
As disposições gerais do direito matrimonial estão no NCC (arts. 1.511 a 
1.516); Capacidade matrimonial (CC, arts. 1.517 a 1.520); Impedimentos 
matrimoniais (CC, arts. 1.521 e 1.522); Causas suspensivas (CC, arts. 1.523 e 
1.524); Processo de habilitação matrimonial (CC, arts. 1.525 a 1.532); Celebração 
do casamento e sua prova (CC, arts. 1.533 a 1.547); Nulidade e anulabilidade do 
casamento (CC, arts. 1.548 a 1.564); Efeitos jurídicos do casamento (CC, arts. 1.565 
a 1.570); Regime de bens entre os cônjuges (CC, arts. 1.639 a 1.688); Dissolução 
da sociedade conjugal e proteção da pessoa e dos bens dos filhos (Lei nº 
6.515/1977 e CC, arts. 1.571 a 1.590, 1.689 a 1.693, 1.711 a 1.722; CF/1988, art. 
226, § 6º com as alterações inseridas pela EC nº 66, de 13-7-2010); Relações de 
parentesco (CC, arts. 1.591 a 1.595). 
 
 
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Ressaltamos em primeiro lugar que embora a escrita acadêmica tenha como 
premissa ser científica, baseada em normas e padrões da academia, fugiremos um 
pouco às regras para nos aproximarmos de vocês e para que os temas abordados 
cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos científicos. Em segundo lugar, 
deixamos claro que este módulo é uma compilação das ideias de vários autores, 
incluindo aqueles que consideramos clássicos, não se tratando, portanto, de uma 
redação original e tendo em vista o caráter didático da obra, não serão expressas 
opiniões pessoais. 
Ao final do módulo, além da lista de referências básicas, encontram-se 
outras que foram ora utilizadas, ora somente consultadas, mas que, de todo modo, 
podem servir para sanar lacunas que por ventura venham a surgir ao longo dos 
estudos. 
 
 
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UNIDADE 2 – CASAMENTO 
 
Segundo SÍLVIO DE SALVO VENOSA (2013), o casamento é um negócio 
jurídico que dá margem à família legítima – expressão atualmente, aliás, rejeitada – 
é ato pessoal e solene. É pessoal, pois cabe unicamente aos nubentes manifestar 
sua vontade, embora se admita casamento por procuração. 
Não é admitido, como ainda em muitas sociedades, que os pais escolham os 
noivos e obriguem o casamento. Ato sob essa óptica, no direito brasileiro, padece de 
vício. Tratando-se igualmente de negócio puro e simples, não admite termo ou 
condição. 
Trata-se, também, ao lado do testamento, do ato mais solene do direito 
brasileiro e assim é na maioria das legislações. A lei o reveste de uma série de 
formalidades perante autoridade do Estado que são de sua própria essência para 
garantir a publicidade, outorgando com isso garantia de validade ao ato. A 
solenidade inicia-se com os editais, desenvolve-se na própria cerimônia de 
realização e prossegue em suainscrição no registro público. 
Sob o prisma do direito, o casamento estabelece um vínculo jurídico entre o 
homem e a mulher, objetivando uma convivência de auxílio e de integração físico-
psíquica, além da criação e amparo da prole. Há um sentido ético e moral no 
casamento, quando não metafísico, que extrapola posições que veem nele, de forma 
piegas, mera regularização de relações sexuais. Outra sua característica 
fundamental é a diversidade de sexos, visto que não há casamento senão na união 
de duas pessoas de sexo oposto. Cuida-se de elemento natural do matrimônio. A 
sociedade de duas pessoas do mesmo sexo não forma uma união de direito de 
família; se direitos gerar, serão do campo obrigacional1”. 
Ainda que se defenda mais recentemente a proteção à relação afetiva de 
pessoas do mesmo sexo, a relação homoafetiva, qualquer legislação nesse sentido 
 
1 Na jurisprudência, o entendimento não é diferente. Nesse sentido, o Tribunal de Justiça do Distrito 
Federal decidiu que: ''A Súmula 380 do STF cuida da sociedade de fato entre 'concubinos', que pela 
definição de direito atual, importa na união livre entre homem e mulher e, destarte, não pode ser 
dilargada para o efeito de abranger, também, a convivência de pessoas do mesmo sexo." 
 
 
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deve alterar o preceito constitucional, o qual, tanto para o casamento, como para a 
união estável, estabelece a diversidade de sexos (art. 226, § 3º). De qualquer modo, 
tudo é no sentido de que haverá um momento histórico no futuro no qual essa 
modalidade de relacionamento receberá um tratamento legislativo. 
Durante muito tempo, o vínculo do casamento foi indissolúvel por princípio 
constitucional em nosso sistema, até que a legislação admitisse o divórcio. A 
Emenda Constitucional nº 9, de 28-6-1977, aboliu o princípio da indissolubilidade do 
matrimônio ensejando a promulgação da Lei nº 6.515, de 26-12-1977, que 
regulamentou o divórcio. Na atualidade, no mundo ocidental, poucos países são 
antidivorcistas. A Emenda Constitucional nº 66/2010 extinguiu o último resquício que 
ainda nos prendia ao sistema passado, abolindo a separação judicial prévia, 
antecedente ao divórcio (VENOSA, 2013). 
Quanto às múltiplas finalidades do matrimônio, situam-se mais no plano 
sociológico do que no jurídico. Conforme estabelecido tradicionalmente pelo Direito 
Canônico, o casamento tem por finalidade a procriação e educação da prole, bem 
como a mútua assistência e satisfação sexual, tudo se resumindo na comunhão de 
vida e de interesses. 
Para que exista casamento válido e eficaz, é necessário que se reúnam 
pressupostos de fundo e de forma. A diversidade de sexos é fundamental para sua 
existência, bem como o consentimento, ou seja, a manifestação da vontade. A 
ausência desses pressupostos induz a inexistência do ato, cujas consequências são 
as de nulidade em nosso sistema. Os vícios de consentimento, por aplicação da 
regra geral, tornam o negócio anulável. Há outros requisitos impostos pela lei cuja 
desobediência ocasionam sanções menos graves sem anular o ato. 
Em matéria de casamento, se levadas em conta unicamente as nulidades 
textuais, aquelas presentes no texto legal, restariam situações absurdas que não se 
amoldam à noção primeira e fundamental de matrimônio. Por isso, é apresentada a 
teoria dos atos inexistentes para justificar a ineficácia absoluta dos atos a que faltem 
requisitos elementares a sua existência. É o que sucede na união de pessoas do 
mesmo sexo, no casamento no qual falta a manifestação de vontade e perante a 
ausência de autoridade celebrante. Tais atos são um nada jurídico e, portanto, não 
 
 
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devem produzir efeitos. Como, todavia, podem restar efeitos materiais, a teoria das 
nulidades amolda-se perfeitamente a suas consequências. No entanto, no tocante à 
inexistência do casamento, há particularidades que estudaremos ao tratar do 
casamento nulo e anulável. 
Outras aptidões de direito e de fato relativas aos nubentes são declinadas 
pela lei, a qual também reveste o ato do casamento de um rol de solenidades 
prévias intrínsecas e extrínsecas para garantia de sua validade e eficácia. De outro 
lado, o sistema de nulidades no campo matrimonial apresenta aplicação específica, 
modificado em relação ao sistema aplicável às nulidades dos negócios jurídicos em 
geral. 
Cumpre lembrar que não faltam tentativas para regulamentar a união entre 
pessoas do mesmo sexo. Há projeto nesse sentido, que se refere à parceria civil 
registrada entre pessoas do mesmo sexo. Há também exemplos na legislação 
internacional. Existe jurisprudência inovadora entre nós a esse respeito, outorgando 
amplos efeitos às uniões duradouras entre pessoas do mesmo sexo. 
De qualquer modo, encarado como um fato social qualquer que seja o 
sentido dessas relações de lege ferenda, ou seja, seu valor axiológico, seu nível 
jurídico nunca poderá ser o de matrimônio, ainda que alguns de seus efeitos 
secundários sejam conferidos, como, por exemplo, o direito à herança, a benefícios 
previdenciários, a planos de saúde, devendo a relação ficar acentuadamente no 
plano do direito das obrigações, fora do sublime e histórico conceito de família e 
casamento2. 
 
2 "Procedimento de jurisdição voluntária. Relação homoafetiva. Conversão de união estável em 
casamento. Presença dos requisitos legais. Precedentes jurisprudenciais. Procedimento de jurisdição 
voluntária - Relacionamento homoafetivo - Pedido de conversão de união estável em casamento - 
Indeferimento pelo juízo de primeiro grau - Inconformismo dos requerentes - O Supremo Tribunal 
Federal, em decisão proferida na Adi nº 4-277/DF, atribuiu eficácia erga omnes e efeito vinculante à 
interpretação dada ao art. 1.723, do Código Civil, para excluir qualquer significado que impeça o 
reconhecimento das uniões homoafetivas como entidades familiares, desde que configurada a 
convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família. A 
constituição da república determina que seja facilitada a conversão da união estável em casamento. 
Portanto, presentes os requisitos legais do art. 1.723, do Código Civil, não há como se afastar à 
recomendação constitucional, conferindo à união estável homoafetiva os mesmos direitos e deveres 
dos casais heterossexuais, tal como sua conversão em casamento. Precedente do STJ que admitiu o 
próprio casamento homoafetivo, a ser realizado por simples habilitação. In casu, forçoso é de se 
concluir que merece reforma a decisão monocrática, convertendo-se a união estável caracterizada 
 
 
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2.1 Finalidades e características do matrimônio 
 São finalidades do matrimônio: 
a) Instituição da família matrimonial. 
b) Procriação dos filhos. 
c) Legalização das relações sexuais. 
d) Prestação de auxílio mútuo. 
e) Estabelecimento de deveres entre os cônjuges. 
f) Educação da prole. 
g) Atribuição do nome ao cônjuge e aos filhos. 
h) Reparação de erros do passado.São características do matrimônio: 
a) Liberdade na escolha do nubente. 
b) Solenidade do ato nupcial. 
c) Legislação matrimonial de ordem pública. 
d) União permanente. 
 
nos autos em casamento. Provimento do recurso" (TJRJ - Acórdão 0007252- 35.2012.8.19.0000, - 
28-6-2012, ReI. Des. Luiz Felipe Francisco). 
 
"Civil - Relação homossexual - União estável - Reconhecimento - Emprego da analogia - 1 - A regra 
do art. 226, § 3º da Constituição, que se refere ao reconhecimento da união estável entre homem e 
mulher, representou a superação da distinção que se fazia anteriormente entre o casamento e as 
relações de companheirismo. Trata-se de norma inclusiva, de inspiração antidiscriminatória, que não 
deve ser interpretada como norma excludente e discriminatória, voltada a impedir a aplicação do 
regime da união estável às relações homoafetivas. 2 - É juridicamente possível pedido de 
reconhecimento de união estável de casal homossexual, uma vez que não há, no ordenamento 
jurídico brasileiro, vedação explícita ao ajuizamento de demanda com tal propósito. Competência do 
juízo da vara de família para julgar o pedido. 3 - Os arts. 4º e 5º da Lei de Introdução do Código Civil 
autorizam o julgador a reconhecer a união estável entre pessoas de mesmo sexo. 4 – À extensão, 
aos relacionamentos homoafetivos, dos efeitos jurídicos do regime de união estável aplicável aos 
casais heterossexuais traduz a corporificação dos princípios constitucionais da igualdade e da 
dignidade da pessoa humana. 5 - A Lei Maria da Penha atribuiu às uniões homoafetivas o caráter de 
entidade familiar, ao prever, no seu artigo 5º, parágrafo único, que as relações pessoais mencionadas 
naquele dispositivo independem de orientação sexual. 6 - Recurso especial desprovido" (STJ - REsp 
827.962 - (2006/0057725-5), 8-8-2011, ReI. Min. João Otávio de Noronha). 
 
 
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e) União exclusiva. 
 
São princípios do direito matrimonial: 
a) Livre união dos futuros cônjuges. 
b) Monogamia. 
c) Comunhão indivisa. 
 
2.2 Natureza jurídica do matrimônio 
Podemos analisar a natureza jurídica do casamento por meio de algumas 
teorias: 
 teoria contratualista – o matrimônio é um contrato civil, regido pelas normas 
comuns a todos os contratos, aperfeiçoando-se apenas pelo simples 
consentimento dos nubentes. Essa concepção sofreu algumas variações, pois 
há os que nele veem um contrato especial; em razão de seus efeitos 
peculiares não se lhe aplicam os dispositivos legais dos negócios jurídicos 
relativos à capacidade das partes e vícios de consentimento; 
 institucionalista – o casamento é uma instituição social, refletindo uma 
situação jurídica que surge da vontade dos contraentes, mas cujas normas, 
efeitos e forma encontram-se preestabelecidos em lei. Esta é a teoria por nós 
adotada; 
 doutrina eclética ou mista – o casamento é um ato complexo, ou seja, é 
concomitantemente contrato (na formação) e instituição (no conteúdo). 
 
2.3 Habilitação para o casamento 
Dentre as condições necessárias à existência, validade e regularidade do 
casamento, temos algumas condições que são indispensáveis à existência jurídica 
do casamento que são: 
 diversidade de sexos; 
 
 
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 celebração na forma prevista em lei; 
 consentimento. 
 
Como condições necessárias para a reguIaridade do ato nupcial: 
 condições naturais de aptidão física (puberdade, potência, sanidade mental) e 
intelectual (grau de maturidade e consentimento íntegro); 
 condições de ordem moral e social (CC, arts. 1.521, I a VII, 1.548, II, 1.523, II, 
III e IV,1.517, 1.519 e 1.550, II); 
 condições essenciais à regularidade do matrimônio – celebração por 
autoridade competente; observância de formalidades legais. 
 
A habilitação matrimonial é o processo que corre perante o oficial do 
Registro Civil para demonstrar que os nubentes estão legalmente habilitados para o 
ato nupcial, tendo como documentos necessários (art. 1525, CC) a Certidão de 
nascimento ou prova equivalente; Declaração do estado civil, do domicílio e da 
residência atual dos contraentes e de seus pais, se forem conhecidos; Autorização 
das pessoas sob cuja dependência legal estiverem, ou ato judicial que a supra; 
Declaração de duas testemunhas maiores, parentes ou estranhos, que atestem 
conhecer os nubentes e afirmem não existir impedimento que os iniba de casar; 
Certidão da sentença do divórcio proferida no estrangeiro, com a devida 
homologação pelo nosso STF (CPC, arts. 483 e 484; RT 538/258; LINDB, art. 7º, §§ 
5º e 6º); Certificado de exame pré-nupcial, se se tratar de casamento de colaterais 
do terceiro grau (Dec-lei nº 3.200/1941, arts. 1º a 3º). 
A publicidade nos órgãos locais também se faz mister. O oficial do Registro 
Civil lavrará os proclamas do casamento, mediante edital que será afixado durante 
15 dias em lugar ostensivo do edifício onde se celebram os casamentos e publicado 
pela imprensa (Lei nº 6.015/1973, art. 67 e parágrafos; CC, art. 1.527 e parágrafo 
único). 
 
 
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Se após o prazo de 15 dias não houver oposição de impedimentos 
matrimoniais, o oficial do Registro deverá passar uma certidão declarando que os 
nubentes estão habilitados. 
São provas do casamento: 
a) Provas diretas e específicas: 
- Do casamento celebrado no Brasil: certidão de registro civil do casamento 
(CC, art. 1.543). 
- Do casamento realizado no exterior: CC, art. 1.544; Lei nº 6.015/1973, art. 
32, § 1º). 
b) Provas Supletórias: 
- Certidão de proclamas, passaporte, testemunhas do ato, documentos etc. 
(CC, art. l.543, parágrafo único). 
c) Prova indireta ou ‘posse do estado de casados’ é a situação em que se encontram 
pessoas de sexos diverso, que vivem notória e publicamente como marido e mulher. 
São necessárias para: 
- provar casamentos de pessoas falecidas, em benefício da prole (CC, art. 
1.545), ante a impossibilidade de se obter prova direta; 
- eliminar dúvidas entre provas a favor ou contra o casamento (CC, arts. 
1.546 e 1.547); 
- sanar eventuais defeitos de forma do casamento (NEVES; LOYOLA, 2011). 
 
2.4 Impedimentos para o casamento 
Os impedimentos para o casamento (CC, art. 1.521, I a VII) são disposições 
de fato ou de direito, expressamente especificadas pela lei, que, permanentemente 
ou temporariamente, proíbem o casamento ou um novo casamento. A causa 
suspensiva (CC, art. 1.523, I e IV), por sua vez, é um fato que obsta o processo de 
celebração do casamento a ser realizado, se arguida antes das núpcias. 
Os Impedimentos resultantes de parentesco se dão quando há: 
 
 
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a) Impedimento de consanguinidade (CC, art. 1.521, I e IV; Dec.-lei nº3.200/1941, arts. 1º a 3º). 
b) Impedimento de afinidade (CC, arts. 1.521, II, e 1.595, §§ 1º e 2º). 
Quanto às causas suspensivas, valem para: 
a) Impedir confusão de patrimônios (CC, arts. 1.523, I, III e parágrafo único, 
1.641, I, e 1.489, Il). 
b) Evitar turbado sanguinis (CC, arts. 1.523, II e parágrafo único, e 1.641, I). 
c) Pessoas que se acham em poder de outrem, que poderia, por isso, 
conseguir um consentimento não espontâneo (CC, arts. 1.523, IV e parágrafo único, 
e 1.641, I). 
d) Impedir que certas pessoas se casem sem autorização de seus 
superiores (Dec.-lei nº 3.864/1941; Lei nº 5.467-A/1968; Lei nº 6.880/1980, arts. 144 
e 145; Lei nº 1.542/1952, art. 1º, art. 45; Dec.-lei nº 9.202/1946, art. 3º). 
Oposição dos impedimentos é o ato praticado por pessoa legitimada que, 
antes da realização do casamento, leva ao conhecimento do oficial perante o qual se 
processa a habilitação, ou do juiz que celebra a solenidade, a existência de um dos 
impedimentos previstos nos arts. 1.521 e 1.523 do CC, entre pessoas que 
pretendem convolar núpcias. 
Quanto às limitações temos: 
a) Pessoais 
 Os impedimentos dirimentes públicos ou privados podem ser arguidos, ex 
officio, por pessoas capazes, conforme o CC, art. 1.522. 
 Os impedimentos impedientes só podem ser opostos pelas pessoas do art. 
1.524 do CC. 
 
 
 
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b) Formais 
 Quanto à oportunidade: os impedimentos do art. 1.521, do CC podem ser 
arguidos até a celebração do casamento, e os do art. 1.523, dentro do prazo 
de 15 dias (CC, art. 1.527) da publicação dos proclamas. 
 Quanto ao oponente: não poderá ficar no anonimato; deverá ser capaz (CC, 
art. 1.522); alegará o impedimento por escrito, provando-o, com a 
observância do NCC, art. 1.529; provará, em caso de oposição de 
impedimento impediente, o seu grau de parentesco com o nubente. 
 Quanto ao oficial do Registro Civil: receberá a declaração, verificando se 
apresenta os requisitos legais; dará ciência aos nubentes (CC, art. 1.530); 
remeterá os autos a juízo (Lei nº 6.015/1973, art. 67, § 512). 
São efeitos do impedimento a impossibilidade de obter o certificado de 
habilitação e o adiamento do casamento. 
Quanto ao oponente, este poderá sofrer sanções civis ou criminais (CC, art. 
1.530, parágrafo único), movidas pelos nubentes, caso haja de má-fé deverá reparar 
dano moral ou patrimonial que causou com sua conduta dolosa ou culposa (CC, art. 
186). 
 
2.5 Ritos e cerimônia 
 
São formalidades essenciais da cerimônia nupcial: 
a) Requerimento à autoridade competente para designar dia, hora e local da 
celebração do matrimônio (CC, art. 1.533). 
b) Publicidade do ato nupcial (CC, art. 1.534, caput). 
c) Presença real e simultânea dos contraentes ou de procurador especial, 
em casos excepcionais (CC, arts. 1.535 e 1.542), das testemunhas (CC, art. 1.534, 
§§ 1º e 2º; Lei nº 6.015/1973, art. 42); do oficial do registro e do juiz de casamento. 
 
 
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d) Declaração dos nubentes de que persistem no propósito de se casar por 
livre e espontânea vontade, sob pena de ser a cerimônia suspensa (CC, art. 1.538 e 
parágrafo único; RF 66/308). 
e) Coparticipação do celebrante que pronuncia a fórmula sacramental, 
constituindo o vínculo matrimonial (CC, art. 1.535). 
f) Lavratura do assento do matrimônio no livro de registro (Lei nº 6.015/1973, 
art. 70). 
Sobre o casamento por procuração, nosso CC permite, pelo art. 1.542, §§ 1º 
a 4º, que, se um dos contraentes não puder estar presente no ato nupcial, se celebre 
o matrimônio por procuração, desde que o nubente outorgue poderes especiais a 
alguém para comparecer em seu lugar e receber, em seu nome, o outro contraente, 
indicando o nome deste, individuando-o de modo preciso, mencionando o regime de 
bens (LINDB, art. 7º, § 1º). 
Temos ainda o casamento nuncupativo ou iti extremis que é uma forma 
excepcional de celebração de ato nupcial em que o CC, art. 1.540, possibilita que, 
quando um dos nubentes estiver em iminente risco de vida, ante a urgência do caso, 
não se cumpram as formalidades do art. 1.533 e seguintes do CC, de modo que o 
oficial do registro, mediante despacho da autoridade competente, à vista dos 
documentos, exigidos no art. 1.525, independentemente de edital de proclamas, 
dará certidão de habilitação. 
Chega-se até mesmo a dispensar a autoridade competente, se impossível 
sua presença e a de seu substituto, caso em que os nubentes figurarão como 
celebrantes, declarando que querem receber-se por marido e mulher, perante seis 
testemunhas, que com eles não tenham parentesco em linha reta ou colateral em 
segundo grau (CC, art. 1.540; Lei nº 6.015/1973, art. 76). Todavia requer esse 
casamento habilitação a posteriori e homologação judicial (CC, art. 1.541, I, II e III; 
Lei nº 6.015/1973, art. 76, §§ 1º a 5º; e CC, art. 1.541, §§ 1º a 5º) e não se confunde 
com o casamento em caso de moléstia grave (CC, art. 1.539, §§ 1º e 2º) (NEVES; 
LOYOLA, 2011). 
 
 
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Temos ainda situação de casamento perante autoridade diplomática ou 
consular que merecem ser consultados na LINDB, arts. 7º, § 2º, e 18, com redação 
da Lei nº 3.238/1957 e Lei nº 6.015/1973, art. 32, § 1º. 
 
2.6 Casamento inexistente, nulo, anulável, putativo 
 
No Código de 1916, o artigo 207 e 208 do Código Civil dispõem, 
respectivamente, que será nulo o casamento contraído com infração de qualquer 
impedimento absolutamente dirimente e aquele celebrado perante autoridade 
incompetente. 
Os impedimentos públicos ou absolutamente dirimentes, que acarretam a 
nulidade do casamento, são aqueles previstos nos incisos I a VIII do artigo 183 do 
código civil. 
Dessa forma, será nulo o casamento entre: 
 parentes consanguíneos (ascendentes, descendentes e irmãos, ou colaterais 
em até o 3º grau, inclusive); 
 afins em linha reta; 
 pessoas que em razão da adoção, assumem no seio da família posição 
idêntica aos parentes; 
 pessoas casadas; 
 cônjuge adúltero com o seu co-réu por tal condenado; 
 consorte sobrevivente com o autor do homicídio ou tentativa de homicídio 
dolosos (FUGITA, 2000). 
A segunda causa de nulidade absoluta do casamento, prevista pelo artigo 
208, é a celebração deste perante autoridade incompetente, que pode ser o juiz que 
não esteja em exercício ou, então, uma pessoa que não possui tal cargo, como, por 
exemplo, o juiz de órfãos. 
 
 
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Apesar de constituir uma causa de nulidade absoluta do casamento, o 
referido artigo 208 do Código Civil prevê que esta nulidade poderá ser sanada pelo 
decurso de prazo de 02 (dois) anos, ou seja, no caso não ser arguida tal nulidade 
dentro do prazo de 02 anos, o casamento será convalidado (ANTUNES JUNIOR, 
2002). 
É importante apontarmos que a convalidação deato jurídico, seja por 
decurso de prazo ou pela ratificação judicial, é uma característica de ato anulável e 
não de ato nulo, porém o código trouxe uma exceção prevendo a possibilidade de 
ratificação de casamento nulo. 
É válido ressaltar que parte da doutrina e da jurisprudência entende ser 
válido o casamento celebrado perante o juiz de casamento de outro distrito, que não 
o da residência dos nubentes (FUGITA, 2000). 
Já o NCC – Lei nº 10.406/2002 – trouxe algumas inovações quanto aos 
temas em estudo. 
Ao tratar do Casamento Nulo, o novo Código dispõe no artigo 1.578 que 
será nulo o casamento contraído pelo enfermo mental sem necessário discernimento 
para os atos da vida civil (inciso I) e o casamento que apresentar alguma 
infringência de impedimento matrimonial (inciso II). 
O inciso I disciplina, portanto, que o casamento será nulo quando contraído 
por um enfermo mental que seja absolutamente incapaz para as atividades da vida 
civil. Já o inciso II dispõe que será nulo o casamento que infringir os impedimentos 
matrimoniais, os quais estão previstos no artigo 1.521 do novo Código. 
De acordo com os incisos I a VII do referido artigo 1.521, estão impedidos de 
se casar: 
 os ascendentes com os descendentes, seja por parentesco civil ou natural; 
 os parentes afins em linha reta; 
 o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem foi 
cônjuge do adotante; 
 os colaterais até o terceiro grau, inclusive; 
 
 
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 o adotado com o filho do adotante; 
 as pessoas casadas; 
 o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de 
homicídio contra seu consorte. 
Nota-se que o inciso VII, do artigo 183, do Código Civil de 1916, não possui 
disposição correspondente no novo Código, posto que tal causa de nulidade foi 
excluída no novo ordenamento (ANTUNES JUNIOR, 2002). 
Outra importante mudança ocorreu com o casamento celebrado por 
autoridade incompetente, o qual era previsto, no Código Civil de 1916, como 
Casamento Nulo, e no novo código Civil é tratado como causa de Anulabilidade do 
Matrimônio, conforme disposição legal do inciso VI do artigo 1.550. 
O artigo 1554, também do novo Código, dispõe que 
 
subsiste o casamento celebrado por aquele que, sem possuir a 
competência exigida por lei, exercer publicamente as funções de juiz de 
casamentos e, nesta qualidade, tiver registrado o ato no Registro Civil. 
 
Portanto, o casamento celebrado por pessoa incapaz de fazê-lo, somente 
será válido caso esta pessoa exerça a função de “Juiz de paz” publicamente e após 
a celebração realizou-o no Registro Civil. 
Nota-se, portanto, que o decurso de prazo de 02 (dois) anos que poderia 
convalidar o casamento nulo em decorrência de celebração por autoridade incapaz, 
foi transportada para o artigo 1.560, inciso II da nova legislação, o qual dispõe ser de 
02 (dois) anos o prazo para a propositura da ação de anulação do casamento 
celebrado por autoridade incompetente. Dessa forma, após o referido prazo de 02 
(dois) anos, o casamento será legalmente convalidado. 
A declaração de nulidade do casamento torna-o sem validade desde o 
instante de sua celebração, tendo, portanto, o efeito ex tunc, e não produz os efeitos 
civis do matrimônio perante os contraentes, salvo nos casos de boa-fé dos 
nubentes. 
 
 
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Todavia, conforme dispõe o artigo 1563 do novo Código Civil, apesar da 
declaração de nulidade ter efeito ex tunc, ela não prejudica “a aquisição de direitos, 
a título oneroso, por terceiros de boa-fé, nem a resultante de sentença transitada em 
julgado”. 
A nulidade do matrimônio gera os seguintes efeitos jurídicos: manutenção do 
impedimento de afinidade; proibição de casamento de mulher nos 10 (dez) meses 
subsequentes à dissolução do casamento; e, a atribuição de alimentos provisionais 
à mulher enquanto aguarda a decisão judicial (FUGITA, 2000). 
Conforme o artigo 217 do Código Civil de 1916, mesmo o casamento sendo 
declarado nulo, não obsta a legitimidade dos filhos concebidos durante o 
matrimônio, ou antes dele, e o artigo 405 dispõe que é certa a paternidade para 
efeitos de alimentos. 
A ação jurídica, de rito ordinário, tem a natureza de Ação Declaratória, e 
pode ser interposta por qualquer interessado ou pelo Ministério Público, o qual 
representa o Interesse social, conforme disposição do artigo 1.549 do novo Código. 
Qualquer interessado são as pessoas que tiverem: 
a) interesse moral, ou seja, os cônjuges, ascendentes, descendentes, irmãos, 
cunhados e o primeiro consorte do bígamo; 
b) interesse econômico, podendo ser os filhos do primeiro matrimônio, colaterais 
sucessíveis, credores do cônjuge, adquirente de seus bens (FUGITA, 2000). 
Não há prazo para propor a ação declaratória, posto que por ser uma causa 
de nulidade, a ação é imprescritível. 
O artigo 1522 em seu parágrafo único dispõe que a nulidade pode ser 
declarada de ofício, ou seja, o caso o oficial de registro ou o juiz tenha conhecimento 
da alguma causa de impedimento, este deve declara-lo. 
No Código Civil de 1916, o casamento anulável (art. 209) acontecerá sempre 
que infringir alguns dos impedimentos dirimentes relativos ou privados, que estão 
previstos nos incisos IX a XII do artigo 183 do Código. 
 
 
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Portanto, será caso de anulação de casamento: quando os contraentes 
forem coactas ou incapazes de consentir ou quando expressarem de forma 
inequívoca o seu consentimento (inciso IX); o raptor contrair matrimônio com sua 
raptada (inciso X); os menores sem consentimento do pai, tutor ou curador (inciso XI 
e XII). 
Também será anulável o casamento se houver por parte de um dos 
nubentes, erro essencial quanto à pessoa do outro nubente, conforme dispõe o 
artigo 218 do Código. 
Vale ressaltar que para os casos de erro essencial aproveitem à quem os 
alegar, é necessário que esteja presente dois requisitos: o primeiro é que a 
circunstância, ignorada por um dos nubentes, seja preexistente ao casamento; e, o 
segundo é que a descoberta da verdade torne intolerável a vida em comum para o 
cônjuge enganado (RODRIGUES, 1995). 
Dessa forma, o artigo 219 descreve quais são os casos que constituem erro 
essencial sobre a pessoa do outro cônjuge, sendo eles: 
a) Erro sobre a Identidade do outro cônjuge: este erro pode ser quanto à 
identidade física, ou seja, João se casa com Josefina ao invés de se casar com 
Joaquina, sua irmã gêmea. Também poderá ser erro quanto à identidade civil, que 
seria o conjunto de atributos e qualidades com que a pessoa aparece na sociedade 
(RODRIGUES, 1995), como por exemplo, erro quanto o estado civil do nubente 
(FUGITA, 2000). 
b) Erro sobre a honra e boa fama: este consiste no erro quanto à má ou 
desonrosa conduta do outro cônjuge antes do casamento, como, por exemplo, o 
homossexualismo, a pessoa taxicômica, etc. (FUGITA, 2000). 
c) Ignorância de Crime inafiançável anterior ao casamento: deverá ter 
sentença transitada em julgado, o que poderá tornar insuportável a vida em comum(DINIZ, 2000). 
d) Ignorância de Defeito Físico irremediável: o defeito físico irremediável, 
entende a doutrina, é aquele capaz de tornar inatingível um dos fins do casamento. 
Portanto, trata-se da impotência coeundi, quer do homem, quer da mulher, 
 
 
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impedindo o coito. A impotência generandi (para a fecundação) e a concipiendi (para 
a conceNpção) não autorizam a anulação do casamento (FUGITA, 2000). 
e) Ignorância de moléstia grave e transmissível: a doença pode ser 
transmissível por contágio ou por hereditariedade e, mesmo sendo curável, autoriza 
a anulação do casamento. 
f) Defloramento da Mulher ignorado pelo Marido: este fato, segundo o 
código, caracteriza erro essencial por indicar desonestidade, falta de recato, 
presumido ter ela um procedimento leviano. Como veremos mais adiante, o 
defloramento anterior da mulher no novo Código Civil não mais constituirá erro 
essencial quanto à pessoa (art. 1557, NCC). 
Vimos que o novo Código Civil inovou ao separar os casos de nulidade dos 
casos de anulabilidade do casamento, estes agora previstos pelos incisos do artigo 
1.550 do novo Código. 
Assim, de acordo com o mencionado artigo 1.550, constituem as causas que 
possibilitarão a anulação do casamento: 
a) Quando um dos nubentes não completou a idade mínima para se casar e 
do menor em idade núbil quando não possui autorização de seu representante legal 
(incisos I e II, art. 1.550, CC). 
Inicialmente, é importante frisar que o novo código, em seu artigo 1.517, 
baixou a idade mínima para se casar para 16 (dezesseis) anos, tanto para homem 
quanto para mulher (ANTUNES JUNIOR, 2002). 
Dessa forma, será anulável o casamento de menor de 16 (dezesseis) anos, 
ou do menor entre 16 e 18 anos que não obteve autorização de seus representantes 
legais, porém o código trás algumas exceções. A primeira exceção é a do artigo 
1.551 CC, o qual dispõe que o casamento que resultou em gravidez, não será 
anulado em razão da idade dos nubentes. 
É válido ressalta também que, de acordo com o artigo 1.553, o menor que 
não atingiu a idade núbil, poderá confirmar seu casamento, após completada a 
idade, com a autorização de seus representantes legais ou pelo suprimento judicial. 
 
 
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Para a propositura da ação judicial de anulação de casamento em razão da 
idade dos nubentes, somente será competente o cônjuge menor, os seus 
representantes legais ou seus ascendentes (artigo 1.552 e incisos, novo Código 
Civil). 
Diante ao exposto, verifica-se que o novo Código, em comparação ao 
Código de 1916, limitou as pessoas legitimadas para propor a referida ação, posto 
que o inciso III do artigo 213 dava competência para qualquer parente consanguíneo 
ou afim em linha reta e para os colaterais em segundo grau propor a medida judicial 
em tela. 
O prazo para propor a ação, a partir de 2003, passou a ser de 180 dias a 
contar do dia em que o menor deixar de ser incapaz de se casar, no caso de ser ele 
o autor da ação, e do dia do casamento quando a autoria da ação judicial for dos 
seus representantes legais ou de seus ascendentes, como dispõe o artigo 1.555 e 
seu parágrafo 1º do novo Código. 
Vale salientar que a autorização ou a assistência dos seus representantes 
legais no momento do matrimônio desautoriza a anulação do casamento por incapaz 
de se casar em virtude de sua idade, conforme dispõe o parágrafo 2º do artigo em 
tela. 
b) No caso de “Vício da Vontade” (inciso III, art. 1.550, CC): inicialmente é 
válido apontar que o novo Código dispõe expressamente no artigo 1.556 que o Erro 
essencial quanto à pessoa do outro nubente constitui “vício da vontade” do 
contraente que incidiu em erro. 
E o artigo 1.557 da nova legislação corresponde ao estudado artigo 219 do 
Código de 1916, o qual dispõe sobre quais são os fatos que constituem erro 
essencial quanto à pessoa do outro cônjuge. 
No referido instituto, houve somente duas alterações com relação ao antigo 
ordenamento, a primeira corresponde à “Ignorância de crime, anterior ao 
casamento” (inciso II, art. 1.557, CC), que não mais exige que seja crime 
inafiançável e que haja sentença condenatória transitada em julgado, exigindo 
 
 
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somente que o crime, por sua natureza, torne a vida em comum insuportável 
(ANTUNES JUNIOR, 2002). 
A segunda mudança encontra-se no inciso IV do artigo 1.557 que não 
repetiu “O defloramento da mulher” como causa de anulação, mas criou uma nova 
causa de anulabilidade: “A ignorância de doença mental grave, anterior ao 
casamento, que torne insuportável a vida em comum”. 
Dessa forma, o “defloramento da mulher” já em desuso deixa de existir no 
novo ordenamento, e tem-se uma nova causa para a anulação de casamento. 
Somente o cônjuge que incorreu em erro quanto à pessoa de seu nubente 
poderá propor a ação de anulação, porém havendo a ciência do vício e a coabitação 
o casamento será válido, salvo os casos previstos nos incisos III e IV do artigo 1.557 
(disposição legal do artigo 1.559 CC). 
E, de acordo com o inciso III do artigo 1.560, o prazo para propor a ação no 
caso de erro essencial é de 03 (três) anos a contar da data de celebração do 
matrimônio. 
c) É anulável, ainda, o casamento do incapaz de consentir ou manifestar, de 
modo inequívoco, o consentimento (inciso IV, art. 1.550, CC): este inciso 
corresponde ao inciso IX do artigo 183 do Código Civil de 1916. 
A incapacidade de consentir pode ocorrer no caso de coação, ou seja, 
quando o consentimento de um ou ambos os cônjuges houver sido captado 
mediante fundado temor de mal considerável e iminente para a vida, saúde e a 
honra, sua ou de seus familiares, conforme disposto no artigo 1.558. 
O prazo para a anulação do casamento contraído por incapaz de consentir é 
de 180 dias, a contar da data de celebração do matrimônio, conforme dispõe o artigo 
1.560, inciso I do novo Código. 
d) O casamento realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro cônjuge 
soubesse da revogação do mandato, também constitui causa de anulação do 
matrimônio (inciso V, art. 1.550, CC): para que seja causa de anulação, os 
contraentes não poderão ter coabitado após a celebração do casamento. 
 
 
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O mandato declarado inválido por sentença judicial equipara-se à revogação 
de mandato, como prescreve o parágrafo único do artigo 1.550 do Código Civil de 
2002. 
Neste caso, também será de 180 dias o prazo para que o mandante 
proponha a ação de anulação, a contar do dia em que tomou ciência da realização 
do casamento (art. 1.560, parágrafo 2º, CC). 
e) A incompetência da autoridade celebrante (inciso VI, art. 1.550, CC): 
como já estudado anteriormente, deixou de ser causa de nulidade absoluta e passou 
a ser causa de anulação, tendo o prazo de 02 (dois) anos para a propositura daação, a contar da data de celebração. 
Salvo as exceções previstas, a declaração de anulação do matrimônio tem 
efeito ex nunc, ou seja, mesmo anulado produz efeitos até a data da declaração da 
anulação. 
Dessa forma, o matrimônio anulável tem validade pendente resolutivamente, 
produzindo efeitos se o cônjuge ou a pessoa legitimada não propuser a ação dentro 
do prazo legal. Decorrido este, sem a propositura da ação anulatória, o casamento 
será definitivamente válido (DINIZ, 2002). 
A sentença da ação anulatória tem caráter desconstitutivo, pois declara uma 
verdade oculta e constitui uma nova situação dissolvendo o casamento existente. 
Como visto, salvo exceções, na regra geral é legitimado para propor a ação 
anulatória o cônjuge prejudicado, como dispõe o artigo 1.559 do novo código. 
É importante ressaltar que antes de promover a ação de nulidade ou 
anulação do casamento, poderá o cônjuge, provando a sua necessidade, requerer a 
separação de corpos, como dispõe o artigo 1.562 do novo Código (ANTUNES 
JUNIOR, 2002). 
Casamento putativo, segundo CAIO MÁRIO DA SILVA PEREIRA (2000), 
 é o eivado de vício que o inquina de nulidade, mas que produz os efeitos 
de válido, em atenção à boa fé de ambos ou de um dos contraentes. É 
aquele consórcio na realidade atingido de nulidade, mas que os dois 
cônjuges, ou um deles, acreditam válido ao contraí-lo. 
 
 
 
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24 
 
Já para ORLANDO GOMES (1999), “Putativo é o casamento nulo contraído 
de boa-fé por ambos os cônjuges ou por um deles.” WASHINGTON DE BARROS 
MONTEIRO (1968), por sua vez, leciona que “Putativo é o casamento que, embora 
nulo, todavia, em boa-fé foi contraído por um só ou por ambos os cônjuges. É o 
casamento anulado, mas a que a lei outorga efeitos de matrimônio válido”. 
Tal princípio se encontra insculpido em nosso ordenamento jurídico positivo 
no art. 221 e parágrafo único de nosso Código Civil. 
A origem etimológica do termo putativo advém do latim, putativus 
(imaginário), putare (crer, imaginar). De se ter presente que a linguagem jurídica 
frequentemente recorre a tal expressão, quando deseja referir-se a algo que 
somente na aparência se tinha por verdadeiro, mas que, na essência, não o é. 
Segundo entendimento unânime, para que se possa falar em casamento 
putativo, necessário é que tenha existido casamento. Daí não se poder falar da 
putatividade do casamento em se referindo ao casamento inexistente. 
Assim, a putatividade do casamento fica adstrita aos casos de nulidade e de 
anulabilidade do matrimônio, sendo da disciplina deste sistema excluída a hipótese 
do casamento inexistente. 
Neste particular, sabido é que a falta de qualquer dos três pressupostos de 
existência do casamento (diversidade de sexos, celebração e consentimento), 
acarreta a inexistência do ato. 
 Em se tratando de casamento inexistente, porém, não há que se lhe invocar 
a teoria. Casamento inexistente é o nada jurídico; ele não existe para o legislador 
nem para o aplicador da lei. Assim, não é possível estenderem-se os efeitos da 
putatividade ao matrimônio de duas pessoas do mesmo sexo. Ninguém de boa-fé se 
animaria a sustentar que se trata de casamento putativo. 
 
Vale guardar... 
 
 
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25 
 
Relembremos que casamento para ser válido no nosso ordenamento 
jurídico, requer que sejam observadas certas formalidades legais previstas no 
Código Civil Brasileiro, sob pena de ser considerado anulável ou nulo. 
O casamento anulável produz seus efeitos desde a cerimônia até o trânsito 
em julgado da sentença anulatória. Porém, há hipóteses que, por decurso de prazo 
(a lei prevê um prazo decadencial para os legitimados ajuizar ação anulatória, art. 
1.560 do CC/02), ou por vontade das partes (art.1553 do CC/02), o matrimônio pode 
ser convalidado. A doutrina, com relação aos efeitos do casamento anulável, diz que 
são ex nunc, ou seja, os efeitos da sentença anulatória não retroagem ao momento 
da celebração, e sim, a partir da sentença. 
Já o casamento nulo, não surte efeitos. Para o a legislação vigente ele 
nunca existiu. A Ação Declaratória da nulidade poderá ser requerida por qualquer 
interessado ou pelo Ministério Público. 
Ocorre, porém, que existem circunstâncias de extrema relevância, que 
muitas vezes são ignoradas por um ou ambos os cônjuges, circunstâncias estas, 
que se conhecidas, antes do enlace matrimonial, certamente inviabilizaria tal união, 
tais como: doença grave contagiosa, omissão quanto a verdadeira idade, ou crime 
praticado pelo consorte, entre outras. 
Dessa forma, o casamento putativo é aquele realizado na completa 
ignorância de um ou ambos os cônjuges sobre determinado fato ou circunstância 
que, por determinação legal, ou por tornar insuportável a vida em comum, o torne 
nulo ou anulável. 
Casamento putativo é aquele em que os cônjuges acreditam, julgam, 
pensam estar casados legalmente, mas, na realidade não estão. Há neste 
casamento um vício que o tornará anulável ou nulo. Sendo um casamento 
imaginário, isso significa que o casamento foi realizado na ignorância de 
circunstâncias, que se conhecidas, por um ou ambos os cônjuges, não os levariam 
ao matrimônio. Neste tipo de casamento só a aparência é real, pois na verdade é 
nulo. 
 
 
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Ressalta-se que o ordenamento protege àquele que de boa-fé contraiu 
matrimônio desconhecendo, antes, os fatos, circunstâncias ou impedimentos legais 
que atacariam a validade do casamento. Portanto, se um ou ambos nubentes 
estavam de boa-fé, os efeitos do casamento a ele(s) aproveitará(ão) até a sentença 
de declaratória de nulidade. 
Para a doutrina dominante, boa-fé significa desconhecer, no ato da 
celebração, circunstâncias ou impedimentos para união conjugal. 
A putatividade decorre do erro de fato ou de direito, a saber: 
 erro de fato, consiste no desconhecimento de circunstância que vicia a 
validade do ato nupcial. Ex.: imagine o casamento de duas pessoas que 
desconhecem o fato de serem irmãs ou pai e filha. O parentesco descoberto 
após o casamento é um exemplo de erro de fato; 
 erro de direito decorre de ignorância de que a lei impede o enlace 
matrimonial. Neste tipo de erro, os nubentes têm ciência do parentesco, mas 
desconhecem a proibição legal para se casarem. Podemos citar como 
exemplo o casamento entre sogra e genro (ÁLVARES, 2006). 
Vale ressaltar, que o erro de direito não pode ser alegado 
indiscriminadamente, pois, por força do art. 3º da Lei de Introdução do Código Civil, 
o desconhecimento da lei é inescusável. 
Todavia, o erro de direito pode ser alegado para que se reconheça a boa-fé, 
sem que isso justifique a infração legal, pois, a sanção será, inevitavelmente, a 
nulidade. 
Nos casos de casamento sob coação, não existe a putatividade 
propriamente dita, pois não há o desconhecimento como fator preponderante, 
porém, o legislador, equipara o coacto ao cônjuge de boa-fé, no que tange aos 
efeitos do casamento (ÁLVARES, 2006). 
Prevê o Código Civil de 2002, art. 1558, que nos casos de erro ou coaçãosomente o cônjuge inocente pode propor a ação anulatória, e que a coabitação 
depois de conhecido o vício valida o casamento, exceto, quando se tratar de defeito 
 
 
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físico irremediável ou doença física transmissível que ponha em risco a saúde do 
outro cônjuge ou sua prole, ou ainda, se tratando de doença mental grave que torne 
a vida em comum insuportável – art. 1557, inc. III, IV. 
Quanto aos efeitos do casamento putativo, àquele(s) que de boa-fé o 
contraiu lhes aproveitarão, bem como à sua prole, como se válido fosse, até a 
sentença anulatória. Isto quer dizer que os efeitos operam ex tunc, ou seja, são 
válidos e perfeitos desde a celebração até a sentença anulatória. 
Quanto aos filhos que porventura surgirem do casamento putativo 
(protegidos por dispositivo constitucional que os igualou em todos os sentidos), terão 
seus direitos assegurados, tais como, à sucessão, alimentos, nome, etc. (ÁLVARES, 
2006). 
 
 
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UNIDADE 3 – EFEITOS JURÍDICOS DO CASAMENTO 
 
Os efeitos jurídicos do casamento são consequências que se projetam no 
ambiente social, nas relações pessoais e econômicas dos cônjuges, nas relações 
pessoais e patrimoniais entre pais e filhos, dando origem a direitos e deveres, 
disciplinados por normas jurídicas. 
Eles podem ser sociais, pessoais e patrimoniais. 
 
3.1 Efeitos sociais 
 Criação da família (CF, art. 226, §§ 1º e 2º; CC, art. l.513). 
 Estabelecimento do vínculo de afinidade entre cada cônjuge ou companheiro 
e os parentes do outro (CC, art. 1.595, §§ 1º e 2º). 
 Emancipação do consorte de menor idade (CC, art. 5º, parágrafo único, II). 
 Constituição do estado de casado. 
 
3.2 Efeitos pessoais 
 Direitos e deveres de ambos os consortes: 
- fidelidade mútua (CC, arts. 1.566, I, e 1.573, I; CP, art. 240); 
- coabitação (CC, arts. 1.566, Il, 1.511, 1.797, I; CPC, art. 990, I); 
- mútua assistência (CC, arts. 1.566, III, e 1.573, III); 
- respeito e consideração mútuos (CC, arts. 1.566, V, e 1.573, III). 
 Igualdade de direitos e deveres entre marido e mulher (CC; art. 511; CF, art. 
226, § 5º): 
- pleitear seus direitos na justiça Trabalhista (CLT, art. 792); 
- requerer na Justiça Eleitoral alistamento (Lei nº 4.737/1965, art. 43); 
- exercer o direito de defesa, na Justiça Criminal, sem anuência do cônjuge; 
 
 
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- não perder sua nacionalidade se casar-se com estrangeiro; 
- aplicar-se a lei brasileira na ordem da vocação hereditária, se estrangeiro 
casar com brasileiro (LINDB, art. 10, § 1º); 
- não pode casar-se novamente aquela que teve casamento anulado, ou a 
viúva antes de decorridos 10 meses de viuvez, salvo se antes do término desse 
prazo der à luz um filho; 
- não poder casar-se o viúvo enquanto não fizer o inventário dos bens do 
casal e deles der partilha aos filhos; 
- não poder convolar novas núpcias; 
- poder de decisão sobre planejamento familiar (CC, arts. 1.565, § 2º, e 
1.513; e CF/1988, art. 226, § 7º); 
- exercer a direção da sociedade conjugal (CC, arts. 1.567 e 1.570); 
- representar legalmente a família (CC, arts. 1.634, V, e 1.690); 
- fixar o domicílio da família (CC, arts. 1.569 e 1.567, parágrafo único); 
- proteger o consorte em sua integridade física ou moral; 
- colaborar nos encargos (CC, arts. 1.565, 1567 e 1.568); 
- velar pela direção moral e material da família (CC, art. 1.568); 
- dirigir a comunidade doméstica (CC, arts. 1.643, 1.644, 1.565 e 1.568); 
- adotar, se quiser, os apelidos do consorte (CC, art. 1.565, § lº); 
- direito de se opor à fixação de mudança do domicílio determinada por um 
deles (CC, arts. 1.569 e 1.567, parágrafo único); 
- direito de exercer livremente qualquer profissão lucrativa; 
- praticar qualquer ato não vedado por lei (CC, art. 1.642, VI); 
- litigar em juízo cível ou comercial, salvo se a causa versa sobre direitos 
reais imobiliários (CPC, art. 10; CC, art. 1.647, Il), podendo: divórcio; contratar 
advogado; requerer interdição do consorte (CC, art. 1.768, II); promover a 
 
 
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declaração de ausência de seu consorte; reconhecer filho; praticar atos relativos à 
tutela ou curatela; aceitar mandato; aceitar ou repudiar herança ou legado. 
 Direitos e deveres dos pais para com os filhos (CF, art. 227 e 229; Lei nº 
8.069/1990): 
- sustentar, guardar e educar os filhos (CC, arts. 1.566, IV, 1.568, 1.634, I a 
VII; CP, arts. 244, 245, 246, 247); 
- poder familiar (CC, arts. 1.631 e parágrafo único, 1.690 e parágrafo único, 
1.637, 1.638 e 1.696); 
- não poder o pai, na separação de fato, reclamar filho menor que está em 
poder da mãe, salvo por motivo grave; 
- não perder o genitor que contrai novas núpcias o direito ao poder familiar 
quanto aos filhos menores do leito anterior (CC, arts. 1.588 e 1.636, parágrafo 
único). 
 
3.3 Efeitos matrimoniais 
Uma vez que existem direitos e deveres dos cônjuges na ordem patrimonial, 
temos relações econômicas subordinadas ao regime matrimonial de bens. 
Regime matrimonial é o conjunto de normas aplicáveis às relações e 
interesses econômicos resultantes do casamento. É o estatuto patrimonial dos 
consortes. 
Existem alguns princípios fundamentais do regime de bens, mas veremos 
em momento mais oportuno. 
 
 
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UNIDADE 4 – UNIÃO ESTÁVEL 
 
A união estável entre o homem e a mulher como modalidade legal de 
entidade familiar, do artigo 1.723 do Código Civil, estará configurada pela 
convivência pública, que deve ser suficientemente duradoura. Assim quer a lei para 
permitir que se extraia o sentimento de que a relação afetiva do par convivente teve 
de fato o propósito de constituir família, não se tratando de uma união efêmera ou 
transitória (MADALENO, 2008). 
Não se deve perder de vista que pela história da doutrina e da jurisprudência 
brasileiras, era preciso que o relacionamento tivesse um período de duração mínima 
de cinco anos, como exigia a legislação surgida por conta das dissensões 
concubinárias feridas no campo do direito securitário e da previdência social. 
Exigência repetida pela Lei nº 8.971, de 29 de dezembro de 1994, que regulava o 
direito dos companheiros a alimentos e à sucessão, desde que comprovada a 
convivência por mais de cinco anos, se ausente prole. No entanto, a exigência de 
tempo certo para a configuração da união estável foi derrogada com o advento da 
Lei nº 9.278, de 10 de maio de 1996, conferindo aos tribunais pátrios a aferição 
casuística dos pressupostos que informaram a estabilidade da união estável. 
Por convivência pública, deve-se entenderaquela união em que os 
conviventes se apresentam perante a sociedade como se casados fossem, não 
sendo aceito o relacionamento escuso ou dissimulado, próprio das relações ilícitas e 
adulterinas. A publicidade é condição indispensável para a configuração da entidade 
familiar, embora não o seja em termos registrais diz BASÍLIO DE OLIVEIRA (1997). 
Para efeito de reconhecimento de união estável como entidade familiar, a 
convivência deve ser duradoura e contínua, estabelecida com o objetivo de constituir 
família, no que se diferencia daqueles relacionamentos de mero namoro, embora 
possa ser ocasionalmente dispensada a coabitação. Registra RODRIGO DA CUNHA 
PEREIRA (2001, p. 30) ser tendência pretoriana a dispensa da convivência sob o 
mesmo teto, “exigindo-se, porém, relações regulares, seguidas, habituais e 
conhecidas, se não por todo mundo, ao menos por um pequeno círculo”. 
 
 
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A continuidade confere à união a necessária estabilidade do relacionamento, 
que assim não fica justamente maculada pela instabilidade das frequentes rupturas 
e interrupções da convivência, demonstrando com estas idas e vindas do casal, que 
a relação se ressente de um estado de permanência e de estabilidade, tão 
pertinentes à real vontade de formar família. Especialmente porque a união estável é 
aferida caso a caso, não pelo tempo de sua duração, mas pela qualidade desta 
convivência, de onde sobressai de modo claro a sensação de os conviventes 
viverem em inequívoca entidade familiar. Isto não impede que os conviventes 
enfrentem ocasionais separações fáticas, tão próprias de crises surgidas durante a 
união, embora logo adiante sobrevenha a sua reconciliação, não havendo real 
solução de continuidade, pois seu intento único é de formar família, por seu desejo 
mútuo, e por sua postura social. 
E formar família não significa como no passado, casar diante da lei, pois 
família não é sinônimo de matrimônio, mas apenas uma das opções para formação 
da entidade familiar, que também se constituí pela união estável, e comunidade 
formada por qualquer dos pais e seus descendentes e chamada pela doutrina de 
família monoparental (MADALENO, 2008). 
Família, para JOÃO BAPTISTA VILLELA (1999), “não é apenas o conjunto 
de pessoas onde uma dualidade de cônjuges ou de pais esteja configurada, senão 
também qualquer expressão grupal articulada por uma relação de descendência”. 
Constituir família do ponto de vista da união estável, tal como no casamento, 
inicia pelo amor que tratou por primeiro, de unir casal heterossexual, e em 
associação de propósitos e de fins comuns, para dali em diante, afeiçoados, 
determinarem por seu diuturno convívio, um conjunto já preexistente de recíprocos 
direitos e obrigações, tudo com vistas na repartição do seu amor, e de sua 
felicidade, por eles e por seus eventuais filhos, que agregam novas emoções. 
Possivelmente, a pesquisa do ato volitivo de querer constituir família seja a 
maior tarefa do julgador quando arrosta uma demanda declaratória de união estável, 
sendo impossível reconhecer qualquer formação de entidade familiar quando a 
relação se ressente deste livre e consciente objetivo de seus partícipes. Pretende 
realmente constituir família, à semelhança do casamento e em plena comunidade de 
 
 
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vida, e realizarem uníssonos o propósito de viver um pelo outro, despojados de 
outras relações (MADALENO, 2008). 
Filosofias à parte, na prática podemos definir União estável a uma união 
duradoura de pessoas livres e de sexos diferentes, que não estão ligadas entre si 
por casamento civil. 
São elementos da União Estável: 
a) Essenciais: 
- diversidade de sexo; 
- continuidade das relações sexuais; 
- ausência de matrimônio civil válido e de impedimento matrimonial entre os 
conviventes; 
- notoriedade de afeições recíprocas; 
- honorabilidade; 
- fidelidade; 
- coabitação; 
- colaboração da mulher no sustento do lar. 
 
b) Secundários: 
Dependência econômica da mulher: 
- existência de prole comum; 
- compenetração das famílias; 
- criação e educação pela convivente dos filhos do companheiro; 
- casamento religioso sem efeito civil; 
- casamento no estrangeiro; 
- situação da convivente como empregada doméstica do companheiro; 
- maior ou menor diferença de idade entre os conviventes; 
 
 
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- existência de contrato de convivência. 
 
As espécies de uniões de fato seriam o concubinato puro ou união estável, 
definido como união duradoura, sem casamento, entre homem e mulher livres e 
desimpedidos, isto é: solteiros, viúvos ou separados judicialmente ou de fato; 
concubinato impuro; adulterino se um dos concubinos for casado; incestuoso, se 
houver parentesco próximo entre os amantes (NEVES; LOYOLA, 2011). 
 
 
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UNIDADE 5 – FAMÍLIAS SIMULTÂNEA E RECOMPOSTA 
 
Base de todas as relações sociais, a família sempre esteve presente na 
sociedade. Por muitos séculos a família foi governada pelo homem, ou seja, todos 
se sujeitavam aos mandamentos do pater e por igual tempo, a única forma de 
constituição de família aceita pela sociedade era a advinda do casamento. 
Durante muitos séculos foi assim, a mesma sociedade que reconhecia a 
família como a base das relações sociais, não reconhecia direitos às relações 
constituídas fora do manto sagrado do casamento, considerando-as impuras, 
clandestinas. As concubinas e os filhos que por ventura viessem dessas relações, 
não lhes eram conferidos direitos alguns, tendo os filhos que carregar o título de 
ilegítimos, como uma marca, para o resto de suas vidas, e suas mães eram 
concubinas (MACIEL, 2012). 
Tempos modernos, legislações em evolução e pela frente as famílias 
simultâneas ou paralelas, constituídas na concomitância de um casamento ou união 
estável, modelo este mais comum e corriqueiro em nossa sociedade do que se 
possa imaginar, no entanto, motivo de grandes discussões doutrinárias e 
jurisprudenciais, demonstrando que o conceito de família realmente não é estático. 
Fazendo um recorte no tempo, mesmo o Código Civil de 1916, pouco ou 
nada mudou a estrutura familiar da época, de modo que o patriarcalismo continuou 
sendo à base da família, e a mulher continuara a ser totalmente submissa ao seu 
marido, cabendo à mesma apenas o direito de cuidar da casa e dos filhos. O 
legislador de 1916, praticamente ignora a família ilegítima, e as raras menções que 
faz ao concubinato são para proteger a família constituída pelo casamento. 
Ressalta-se que a mulher era relativamente incapaz para alguns atos da vida civil 
(RODRIGUES, 2002, p. 5). 
Já nos tempos modernos, com a passagem da economia agrária para a 
industrial, a composição familiar muda drasticamente, restringindo inclusive o 
número de nascimentos. A família deixade ser uma unidade de produção onde 
todos trabalhavam sob autoridade do chefe. O homem vai para as fábricas, e o 
 
 
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papel da mulher que antes era apenas cuidar da casa e dos filhos, muda 
profundamente, causando sensíveis mudanças também no âmbito familiar 
(VENOSA, 2013). 
A Constituição de 1934 foi a primeira que além de cuidar dos problemas 
políticos, se ocupou também dos sociais, sendo que o casamento continua 
indissolúvel, ficando ressalvados os casos de anulação ou desquite. A Constituição 
de 1937 trouxe igualdade entre os filhos considerados legítimos e naturais. E 
somente na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 que se deu 
legitimidade às famílias constituídas fora do casamento, ou seja, foi reconhecida a 
união estável (LOUZADA, 2012). 
Com a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, mudou-se a 
ideologia de família patriarcal, de modo que essa era estritamente monogâmica, 
parental, patriarcal e patrimonial. A família aos moldes do passado, não se 
preocupava com o afeto e a felicidade das pessoas que formavam seu núcleo, pois 
as mesmas tinham como principal objetivo os interesses de ordem econômica. 
(MADALENO, 2011, p. 05). 
Diante do contexto das modificações dessa entidade, a doutrina 
contemporânea traz diversos tipos de famílias, dentre elas, o casamento, a união 
estável, a relação monoparental, essas expressamente previstas na Constituição da 
República Federativa do Brasil de 1988, todavia, além das contidas no texto 
Constitucional, existe uma gama de modelos de famílias, que foram se modificando, 
e se formando ao longo dos tempos, e que não encontram amparo legal, pois as 
legislações evoluem com um retrocesso tamanho, que não abarcam a evolução 
social (MACIEL, 2012). 
Há que se perceber que o afeto é hoje, o elemento norteador para a 
formação da família contemporânea, de modo que existem várias formas de famílias 
que não estão positivadas, pois as relações sociais não são estáticas, estão 
periodicamente em constante modificação, de modo que as normas que norteiam os 
rumos do direito de família também não podem ser estáticas, devem ser modificadas 
de acordo com o contexto social em que as mesmas são editadas. 
 
 
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Mas como são, quem são as famílias simultâneas, paralelas e recompostas? 
Vimos que a união estável está para o concubinato puro, como as famílias 
simultâneas estão para o concubinato impuro, tendo em vista que são aquelas 
famílias formadas por pessoas, que já encontram-se casadas ou vivem em união 
estável, e possuem uma ou várias outras famílias paralelas ao casamento ou a 
união estável (DINIZ, 2005, p. 371). 
Todavia, muito embora a legislação proíba esse tipo de união, tendo em 
vista que o ordenamento jurídico pátrio possui como princípio a monogamia das 
relações afetivas, não pode o legislador fechar os olhos para essas relações tão 
comuns em nossa sociedade (TARTUCE, 2011, p. 1094). 
O concubinato impuro é fundado em relações onde exista ao mesmo tempo 
um casamento ou uma união estável, está positivado no art. 1.727, do Código Civil, 
e é refutado pela legislação e doutrina. 
Nas palavras de ROLLF MADALENO (2011, p. 15): 
 
ressalvadas as uniões estáveis de pessoas casadas, mas de fato 
separadas, uma segunda relação paralela ou simultânea ao casamento ou a 
outra união estável é denominada concubinato e não configura uma união 
estável, como deixa ver estreme de dúvidas o artigo 1.727 do Código Civil. 
Pouco importa que apenas um dos concubinos seja casado e coabite com 
seu cônjuge, pois é a preexistência do casamento ou de outra união estável 
paralela com a permanência do esposo ou companheiro no lar conjugal que 
cria a áurea de abstração ao conceito de estável relação. 
 
 
Segundo MARIA BERENICE DIAS (2009, p. 50), negar a existência das 
famílias paralelas é simplesmente não ver a realidade, pois existem em nossa 
sociedade várias famílias constituídas dessa maneira, com isso, a justiça se torna 
injusta, pois dessas relações não raras vezes advém filhos e patrimônios em 
comum, não podendo a legislação deixar essas relações desprovidas de valor 
jurídico. 
 
 
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Partindo dessas premissas, três correntes doutrinárias podem ser 
encontradas a respeito do tema em comento: 
 a primeira corrente tem como base o princípio da monogamia, e diz que todas 
as outras relações advindas em concomitância com o casamento, serão 
consideras concubinato; 
 a segunda corrente diz que deve ser considerada a boa-fé, e aplicar por 
analogia o art. 1.561, do Código Civil, que trata do casamento putativo; 
 para a terceira corrente, todos os relacionamentos constituem uniões 
estáveis, tendo por base a valorização do afeto (TARTUCE, 2011, p. 1095). 
 
Vale analisarmos pela ótica da jurisprudência e à luz dos princípios da 
monogamia, da boa-fé e tomando o afeto também por base. Conforme MADALENO 
(2011), o princípio da monogamia é a base de todas as relações familiares de nosso 
ordenamento jurídico, é um princípio não escrito que tem por objetivo trazer as 
relações valores como fidelidade física e moral, como pressuposto de honestidade, 
lealdade, respeito e afeto e serve como base das relações ocidentais. 
Os doutrinadores adeptos a essa corrente, utilizam-se de tal princípio para 
afirmar que das uniões simultâneas ao casamento ou a união estável não seriam 
passíveis de gerar nenhum efeito jurídico. 
MARIA HELENA DINIZ (2005, p. 372) entende que dessas uniões, o único 
efeito jurídico possível seria o reconhecimento de uma sociedade de fato, e não de 
uma união estável, tendo em vista que não existe nenhum requisito capaz de elevar 
esse tipo de relacionamento ao status constitucional da união estável. 
Nesse mesmo condão vem se pautando a Jurisprudência do STJ, exemplo 
disso é o julgado que segue, onde a Ministra Nacy Andrighi não reconhece status de 
união estável as relações plúrimas existentes concomitantes ao casamento: 
 
Direito civil. Família. Recurso especial. Ação de reconhecimento de união 
estável. 
Casamento e concubinato simultâneos. Improcedência do pedido. 
 
 
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- A união estável pressupõe a ausência de impedimentos para o casamento, 
ou, pelo menos, que esteja o companheiro(a) separado de fato, enquanto 
que a figura do concubinato repousa sobre pessoas impedidas de casar. 
- Se os elementos probatórios atestam a simultaneidade das relações 
conjugal e de concubinato, impõe-se a prevalência dos interesses da mulher 
casada, cujo matrimônio não foi dissolvido, aos alegados direitos subjetivos 
pretendidos pela concubina, pois não há, sob o prisma do Direito de 
Família, prerrogativa desta à partilha dos bens deixados pelo concubino.- 
Não há, portanto, como ser conferido status de união estável a relação 
concubinária