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Sala de aula invertida REVISTA ÉPOCA (1)

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Sala de aula invertida: a educação do 
futuro 
Outra educação é possível, na qual o aluno é o protagonista e aprende de forma mais 
autônoma, com o apoio de tecnologias. Isso é o que os estudiosos da área defendem há 
décadas, mas na maior parte das instituições de ensino brasileiras perdura o modelo 
tradicional de ensino: o professor expõe os conteúdos e os alunos ouvem e anotam 
explicações para, em seguida, estudar e fazer exercícios. 
Como alternativa, uma nova didática vem sendo adotada de forma crescente em vários 
países, colocando-se como uma das tendências da educação: a sala de aula invertida 
(flipped classroom). Nela, o aluno estuda os conteúdos básicos antes da aula, com 
vídeos, textos, arquivos de áudio, games e outros recursos. Em sala, o professor 
aprofunda o aprendizado com exercícios, estudos de caso e conteúdos complementares. 
Esclarece dúvidas e estimula o intercâmbio entre a turma. 
Na pós-aula, o estudante pode fixar o que 
aprendeu e integrá-lo com conhecimentos prévios, por meio de atividades como, por 
exemplo, trabalhos em grupo, resumos, intercâmbios no ambiente virtual de 
aprendizagem. O processo é permeado por avaliações para verificar se o aluno leu os 
materiais indicados, se é capaz de aplicar conceitos e se desenvolveu as competências 
esperadas. 
A metodologia tem alcançado resultados positivos, com impacto nas taxas de 
aprendizagem e de aprovação, como também no interesse e na participação da turma. 
Disseminada nos últimos anos pelos professores norte-americanos Jon Bergmann e 
Aaron Sams, foi testada e aprovada por universidades classificadas entre as melhores do 
mundo, como Duke, Stanford e Harvard. 
Em Harvard, nas classes de cálculo e álgebra, os alunos inscritos em aulas invertidas 
obtiveram ganhos de até 79% a mais na aprendizagem do que os que cursaram o ensino 
tradicional. Na Universidade de Michigan, um estudo mostrou que os alunos 
aprenderam em menos tempo. O MIT (Massachusetts Institute of Technology) 
considera a Flipped Classroom fundamental no seu modelo de aprendizagem. O método 
é adotado em escolas da Finlândia e vem sendo testado em países de alto desempenho 
em educação, como Singapura, Holanda e Canadá. 
Poderíamos discutir até que ponto a sala de aula invertida é mesmo uma inovação. 
Vygotsky (1896-1934), por exemplo, já destacava a importância do processo de 
interação social para o desenvolvimento da mente. Seymour Papert, na linha de Piaget, 
já defendia na década de 60 uma didática em que o aluno usasse a tecnologia para 
construir o conhecimento. E, sem ir tão longe, o próprio Paulo Freire era adepto de que 
o professor transformasse a classe num ambiente interativo, usando recursos como 
vídeos e televisão. “Não temos que acabar com a escola”, disse num diálogo com Papert 
em 1996, mas sim “mudá-la completamente até que nasça dela um novo ser tão atual 
quanto a tecnologia”. 
Em todo caso, seja um método novo ou apenas um nome diferente para o que há muito 
se pensa para a educação do futuro, é fundamental que escolas e faculdades brasileiras 
conheçam mais sobre essa pedagogia. Sobretudo porque ela apresenta contribuições 
importantes para alguns dos maiores desafios do nosso alunado: motivação, hábito de 
leitura, qualidade da aprendizagem. 
Além disso, a sala de aula invertida valoriza o papel do professor, como orientador dos 
percursos de pesquisa e mediador entre estudantes e conhecimentos. E pode ajudar a 
desenvolver competências como capacidade de autogestão, responsabilidade, 
autonomia, disposição para trabalhar em equipe. 
Sem cair no erro de importar tal e qual um modelo estrangeiro, nada impede que, no 
Brasil, o método seja estudado, sejam realizados estudos, ensaios e experiências e, na 
sequência, se adaptem alguns dos princípios e recursos para as necessidades do nosso 
contexto. Algumas escolas e universidades já vêm fazendo isso e, em breve, talvez 
verifiquemos resultados surpreendentes.

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