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Autor: Mª Layane Cerqueira Embriologia Clínica – 8ª edição Keith e Moore “RESUMO”: O APARELHO FARÍNGEO ARCOS FARÍNGEOS Desenvolvem-se no início da 4ª semana, quando as células da crista neural migram para a futura região da cabeça e pescoço. O primeiro par de arcos (primórdio mandíbula e maxila) aparece como elevações superficiais laterais a faringe em desenvolvimento. Logo aparecem outros arcos dispostos obliquamente a cada lado da futura região de cabeça e pescoço. No final da 4ª semana, quatro arcos faríngeos são visíveis e se separam entre si por fissuras – sulcos faríngeos. O primeiro arco faríngeo (arco mandibular) forma duas saliências: • A saliência maxilar origina a maxila, o osso zigomático e a porção escamosa do vômer; • A saliência mandibular forma a mandíbula. O segundo arco (arco hioide) contribui, junto com o terceiro e quarto arcos, para a formação do osso hioide. A boca primitiva ou estomodeu surge inicialmente como uma pequena depressão do ectoderma inicial (4.C). A membrana bucofaríngea se rompe por volta dos 26 dias, fazendo com que a faringe primitiva e o intestino anterior se comuniquem com a cavidade amniótica. COMPONENTES DOS ARCOS FARINGEOS Cada arco é constituído por um eixo de mesênquima (tecido conjuntivo embrionário), recoberto externamente por ectoderma e internamente por endoderma. É a migração das células da crista neural para os arcos e sua diferenciação em mesênquima que produzem as saliências maxilares e mandibulares do primeiro arco, além de todo tecido conjuntivo, incluindo a derme e musculo liso. Um típico arco faríngeo contém: • Uma artéria do arco faríngeo que surge do tronco arterial do coração primitivo e passa ao redor do primórdio da faringe para entrar na aorta dorsal; • Um bastonete cartilaginoso que forma o esqueleto do arco; • Um componente muscular que se transforma em músculos na cabeça e no pescoço; • Nervos sensores e motores que suprem a mucosa e os músculos derivados do arco. DERIVADOS DOS ARCOS FARINGEOS PRIMEIRO ARCO Cartilagem de Meckel – cartilagem do primeiro arco: relacionada a orelha em desenvolvimento. Nódulos pequenos se soltam dessa cartilagem e formam o ossículo martelo e a bigorna. Forma o ligamento anterior do martelo e o esfenomandibular. As porções ventrais da cartilagem formam o primórdio da mandíbula em forma de ferradura. A cartilagem desaparece quando a mandíbula se desenvolve em torno dela por ossificação intramembranosa. A musculatura forma os músculos da mastigação. SEGUNDO ARCO A cartilagem do segundo arco (de Reichert) também desenvolve a orelha e se ossifica para formar o estribo da orelha média e o processo estiloide do osso temporal. Forma o ligamento estilohioideo. A musculatura forma o estapédio, estiloioide, ventre posterior do digastrico, auricular e músculos da expressão facial. TERCEIRO ARCO Cartilagem do terceiro arco ossifica-se formando o corno maior e parte inferior do corno do osso hiode. A musculatura forma o estilofaringeo. QUARTO E SEXTO ARCO As cartilagens do quarto e sexto arco se fundem para formar as cartilagens laríngeas, exceto epiglote, pois esta se desenvolve a partir do mesênquima da saliência hipofaringea. A musculatura do quarto forma o cricotireoideo e do sexto forma a musculatura dos músculos intrínsecos da laringe. O quinto arco faríngeo é rudimentar – se existente, e não forma derivados. BOLSAS FARINGEAS O endoderma da faringe reveste as superfícies internas dos arcos faríngeos e estende-se para os divertículos semelhantes a balões – bolsas faríngeas. O primeiro par de bolsas fica entre o primeiro e segundo arco. Há quatro pares bem definidos de bolsas. O endoderma das bolsas entra em contato com o ectoderma dos sulcos faríngeos, e juntos formam as membranas faríngeas, que separam as bolsas dos sulcos faríngeos. DERIVADOS DAS BOLSAS Primeira bolsa faríngea: expande e forma recesso tubotimpanico expande e em contato com primeiro sulco forma a membrana timpânica; a cavidade origina a cavidade timpânica e antro mastoideo; a conexão com a faringe forma a tuba auditiva. Segunda bolsa faríngea: seio tonsilar Etc Etc DESENVOLVIMENTO DA LÍNGUA No final da quarta semana, uma elevação triangular mediana, o broto lingual mediano (median tongue bud), aparece no soalho da faringe primitiva, imediatamente anterior ao forame cego. Logo, dois brotos linguais distais (distal tongue bud) se desenvolvem ao lado do mediano. Os três brotos são resultantes da proliferação do mesênquima nas porções ventromediais do primeiro arco faríngeo. Os brotos distais crescem rapidamente, fundem-se um com o outro (formam os dois terços anteriores da língua – parte oral) e crescem sobre o broto mediano. O broto mediano não forma nenhuma parte reconhecível. A formação do terço posterior da língua – parte faríngea, é indicada por duas elevações que se desenvolvem caudalmente ao forame cego: • A cópula se forma pela fusão das partes ventromediais do segundo par de arcos faríngeos. • A saliência hipofaringea desenvolve-se caudalmente a cópula a partir do mesênquima das partes ventromediais do terceiro e quarto pares de arcos. Ao desenvolver da língua, a cópula é englobada pelo crescimento da salienca e desaparece. Como resultado, a parte faríngea da língua se desenvolve a partir da porção anterior da saliência hipofaringea. A linha de fusão das partes anterior e posterior da língua é indicada pelo sulco terminal. A língua esta completamente dentro da boca ao nascimento; aos 4 anos de idade, seu terço posterior desce para a orofaringe. DESENVOLVIMENTO DAS GLANDULAS SALIVARES Entre a sexta e sétima semana, as glândulas salivares começam como brotos epiteliais maciços, formados na cavidade oral primitiva. As parótidas são as primeiras a aparecer (início da sexta semana). Se desenvolvem de brotos que surgem do revestimento ectodérmico oral junto aos ângulos do estomodeu. As submandibulares aparecem ao final da sexta semana. Se desenvolvem a partir de brotos endodérmicos no soalho do estomodeu. As sublinguais aparecem na oitava semana. Se desenvolvem a partir de múltiplos brotos epiteliais endodérmicos no sulco paralingual. DESENVOLVIMENTO DA FACE Os primórdios aparecem no início da quarta semana em torno do estomodeu primitivo. O desenvolvimento facial depende da influência indutora dos centros organizadores do prosencéfalo e do rombencéfalo. Os cincos primórdios da face aparecem como saliências em torno do estomodeu, são: • Uma saliência frontonasal • O par das saliências maxilares • O par das saliências mandibulares As saliências são produzidas predominantemente pela proliferação de células da crista neural que migram das pregas neurais das regiões do mesencéfalo inferior e do rombencéfalo superior para os arcos durante a 4ª semana. • A SFN forma a testa, o dorso e ápice do nariz • As saliências nasais laterais formam os lados do nariz • As saliências nasais mediais formam o septo nasal, etmoide e a placa cribriforme • As saliências maxilares formam as regiões superiores da bochecha e a maior parte do lábio superior • As saliências mandibulares dao origem ao queixo, ao lábio inferior e as regiões inferiores da bochecha. DESENVOLVIMENTO DO PALATO Inicia-se no final da 5ª semana até a 12ª semana. Sendo critico entre a 6ª e 9ª. Desenvolve-se em dois estágios: 1. Palato primário: início da 6ª semana, o palato primário – processo palatino mediano (segmento intermaxilar) – começa a se desenvolver. Inicialmente, é formado pela fusão das saliências nasais mediais. Forma a parte pré-maxilar da maxila.Representa apenas uma pequena parte do palato duro no adulto. 2. Palato secundário: primórdio das partes duras e moles do palato. Começa a se desenvolver no início da 6ª semana, a partir de projeções mesenquimais estendidas das faces internas das saliências maxilares. Com o desenvolvimento da mandíbula, a língua se desloca da sua raiz e como resultado assume uma posição inferior na boca. Durante a 7ª e 8a semana, os processos palatinos laterais se alongam e ascendem para uma posição horizontal superior a da língua. Gradativamente, desenvolve-se o osso no palato primário formando a parte pré-maxilar da maxila, que aloja os dentes incisivos. Simultaneamente, o osso avança a partir da maxila e do palato para os processos palatinos laterais, para formar o palato duro. Elas se estendem posteriormente para além do septo nasal, fundindo-se para formar o palato mole, incluindo sua projeção cônica mole -a úvula. uma sutura irregular corre da fossa incisiva para o processo alveolar da maxila, entre os dentes incisivo lateral e canino a cada lado. Esta sutura indica o local da fusão dos palatos primário e secundário embrionários. Fendas palatinas e labiais As anomalias na fenda anterior incluem as fendas labiais com ou sem fendas na porção alveolar da maxila. Uma fenda anterior completa é a que se estende através do lábio e da porção alveolar da maxila ate a fossa incisiva, separando as partes anterior e posterior do palato. Essas resultam de uma de deficiência do mesênquima da saliência maxilar e do segmento intermaxilar As anomalias na fenda posterior incluem as fendas do palato secundário ou posterior que se estende através das regiões moles ou duras do palato ate a fossa incisiva, separando as partes anterior e posterior do palato. São causadas pelo desenvolvimento defeituoso do palato secundário e resultam de distorções do crescimento dos processos palatinos laterais; fatores como largura do estomodeu, mobilidade das prateleiras e os sítios de degeneração focal alterados do epitélio palatino também podem contribuir para estas anomalias. A fenda labial unilateral do lábio superior resulta da falta de fusão da saliência maxilar. Como consequência o lábio fica dividido em partes medial e lateral. A fenda labial bilateral resulta da falta de união das massas mesenquimais das saliências maxilares com as saliências nasais mediais fundidas. A fenda mediana do lábio superior é um defeito resultante da deficiência mesenquimal que causa a falta de fusão parcial ou completa das saliências nasais mediais, o que impede a formação do segmento intermaxilar. Aspecto característico da síndrome de Mohr. A fenda palatina com ou sem fenda labial ocorre uma vez a cada 2500 nascimentos. A fenda pode envolver somente a úvula, tendo aparência de cauda de peixe. Pode se estender também pelas regiões moles e dura do palato. Uma fenda palatina completa por exemplo numa completa do palato posterior é uma anomalia na qual a fenda se estende por todo o palato mole até a fosse incisiva. RESUMO DAS FENDAS • LABIAL UNILATERAL: Não fusão da saliência maxilar; • LABIAL BILATERAL: Não fusão da saliência maxilar com a saliência nasal medial fundida; • LABIAL MEDIANA DO LÁBIO SUPERIOR: Não fusão da saliência nasal medial não formação do palato primário – síndrome de mohr. 1. Como se dá a formação embriológica da cavidade oral e do sistema digestório? Endoderma, em consequência do dobramento cefalocaudal e lateral do embrião, parte da cavidade vitelina é incorporada ao embrião para formar o intestino primitivo. Desenvolvimento da boca primitiva Quanto ao desenvolvimento da boca primitiva, também designada de estomodeu, esta apresenta-se primeiramente como uma depressão oca na superfície embrionária da ectoderme antes da 4ª semana e é limitada em profundidade pela membrana orofaríngea. Esta membrana temporária forma-se na 3ª semana de desenvolvimento pré-natal e separa o estomodeu da faringe primitiva. A desintegração desta membrana é a primeira ocorrência na 4ª semana de desenvolvimento pré-natal, o que provoca um aumento da profundidade do estomodeu. OU seja, a cavidade oral é formada pela ruptura da membrana orofaríngea. O estomodeu vai dar origem à cavidade oral, delineada pelo epitélio oral derivado da ectoderme, que por sua vez vai originar os dentes e tecidos associados. Após formação do estomodeu, ainda na 4ª semana de desenvolvimento, duas protuberâncias formam-se inferiormente à boca primitiva, sendo estas designadas de apófises mandibulares. Estas apófises consistem num centro de mesênquima formado parcialmente a partir de células da crista neural, as quais migram para a região facial, recobertas externamente por ectoderme e internamente por endoderme. As apófises mandibulares fundem-se na linha média para formar o arco mandibular. Após fusão, o arco mandibular estende-se como faixa de tecido inferiormente ao estomodeu e entre o cérebro e coração em desenvolvimento. Na linha média da superfície da mandíbula (osso) encontra-se uma ponte frontal, uma indicação da sínfise mandibular, onde a mandíbula é formada por fusão da apófise esquerda e direita. O arco mandibular e os tecidos relacionados são as primeiras porções da face que se formam após o estomodeu, formando o primeiro arco branquial. Este tecido é dependente de células da crista neural para o seu desenvolvimento. Durante o crescimento do arco mandibular forma-se cartilagem no interior de cada arco, a cartilagem de Meckel. A maior parte desta cartilagem desaparece aquando da formação do osso da mandíbula por ossificação intramembranosa lateralmente e em associação com a cartilagem, contribuindo só pequena parte da cartilagem de Meckel para tal. Parte da cartilagem participa na formação do osso do ouvido médio. Futuramente o arco mandibular vai dar origem direta ao osso da mandíbula, dentes mandibulares e estruturas associadas. Parte do pericôndrio da cartilagem de Meckel vai formar ligamentos da mandíbula e ouvido médio. A mesoderme do arco mandibular forma os músculos da mastigação, alguns músculos do palato e músculos suprahióides. O arco mandibular também está envolvido no desenvolvimento da língua. Durante a 5ª e 6ª semana, as células musculares primitivas da mesoderme do arco mandibular começam a diferenciação. Estas células primitivas musculares orientam-se para o sítio de origem e inserção dos músculos mastigatórios que vão formar. Na 7ª semana, a massa de músculos mandibulares aumenta e as células começam a migrar para áreas onde se vão diferenciar nos quatro músculos da mastigação: o masseter, os pterigoides lateral e medial e o temporal. Assim, a migração de células musculares ocorre antes da formação óssea na face. Desenvolvimento do palato A formação do palato no embrião inicia-se na quinta semana de gestação e conclui-se na 12ª semana. Consiste na união de duas estruturas embrionárias distintas: o palato primário e secundário que irão dar origem, respetivamente, ao palato duro e ao palato mole, no indivíduo adulto. Este processo dá-se em três etapas: formação do palato primário, formação do palato secundário e conclusão do palato. A primeira etapa ocorre na quinta e sexta semanas do desenvolvimento pré-natal. Começa com a formação do segmento intermaxilar a partir da fusão de duas apófises nasais mediais. Esta massa em forma de cunha estende-se, inferiormente, em direção à boca primitiva, desenvolvendo-se entre a cavidade oral e nasal e transformando-se no palato primário, daí a localização do nosso palato. Esta estrutura irá ocupar o primeiro terço anterior do palato duro, onde se encontram os quatro dentes incisivos superiores. Durante as seis semanas seguintes, forma-se o palato secundário. As apófisesmaxilares laterais vão formar duas apófises palatinas laterais que irão crescer verticalmente em direção à cavidade oral. Por forças desconhecidas, estas duas estruturas vão rodar e em vez de continuarem o seu movimento descendente, passarão a movimentar-se na horizontal. Ao elongarem-se medialmente, as apófises palatinas laterais fundem-se, como é sugerido pela sutura palatina média, concluindo assim a formação do palato secundário que irá corresponder aos dois terços posteriores do palato duro, ao palato mole e úvula, no ser adulto. É esta estrutura que irá conter os caninos superiores e os restantes dentes posteriores a esses. A conclusão do palato dá-se na 12ª semana, quando o palato secundário se aproxima da porção posterior do palato primário e estes dois se unem. Assim, a cavidade oral fica completamente separada da cavidade nasal. É pelo facto de as três estruturas embrionárias que formam o palato estarem separadas inicialmente que é possível verificar a existência de uma sutura palatina média e outras duas que se estendem desde o canal incisivo até ao espaço situado entre os caninos e os incisivos laterais. https://teratologias.wordpress.com/about/conceitos-de-embriogia/
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