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Odontologia UFPE – Histologia e Embriologia Oral – 2020.1 Desenvolvimento Craniofacial – Sistema Faríngeo O sistema faríngeo é composto por: arcos, bolsas, sulcos e membranas branquiais/faríngeos, ele contribui para a formação do crânio, da face, do pescoço, das cavidades nasais, da boca, da faringe e laringe. No início da 4ª semana é possível perceber a migração das células da crista neural (neuroectoderma) para a região da cabeça e do pescoço do embrião; esse evento vai dar origem aos arcos faríngeos. A partir do primeiro arco iremos ver a formação da maxila; ao fim da quarta semana vemos 4 arcos bem definidos, e o 5º e 6º arcos são rudimentares, podendo estar fundidos aos outros arcos, esse processo de formação termina entre a 5ª e 8ª semana. Em cada arco faríngeo notamos a presença de um arco aórtico, uma haste cartilaginosa, um componente muscular e um nervo. Os arcos faríngeos são separados, externamente, pelos sulcos faríngeos, esses, com exceção do primeiro, que formará o meato acústico externo, serão obliterados; as bolsas faríngeas estão internamente aos arcos. OBS.: O pavilhão auditivo é formado pelas regiões dorsais do primeiro e do segundo arco faríngeo. A cima da cavidade oral vemos o desenvolvimento do processo frontal, na parte mais anterior é formado o processo frontonasal, eles demitam a cavidade oral; na porção lateral desse processo tem-se a formação das fossetas nasais, e o desenvolvimento da mucosa olfatória e cavidade nasal. O processo frontonasal se funde com o maxilar e dá origem ao osso maxilar e os tecidos moles, exceto para lábio superior. No início da formação, os arcos contêm mesênquima, este é invadido por células da crista neural e formam o ectomesênquima, que dará origem as estruturas ósseas, dentárias (exceto o esmalte), conjuntivas e musculares da região. OBS.: O processo mandibular é o único a desenvolver um verdadeiro eixo cartilaginoso, a cartilagem de Meckel. • Arco aórtico: o sangue dos arcos aórticos supre os arcos e depois vai para a aorta dorsal. • Musculo: formam os estriados da cabeça e do pescoço; o 1º arco da origem aos músculos da mastigação. • Nervos: derivam da notocorda (observar na última página) • Haste cartilaginosa: Derivados das cartilagens: 1º arco Extremidade dorsal: desenvolvimento do ouvido, formando o martelo e a bigorna (ossículos do ouvido). Extremidade ventral: forma a mandíbula. 2º arco Extremidade dorsal forma o estribo e processo estiloide do osso temporal. 3º arco Extremidade ventral: forma o osso hioide (o corno maior), timo e parótida inferior. 4º arco dão origem as cartilagens da laringe • Bolsas faríngeas: a faringe primitiva deriva do intestino anterior. Ela alarga-se cefalicamente e une-se com o estomodeu e estreita-se caudalmente, onde continua com o esôfago. O endoderma da faringe reveste 1º Arco Faríngeo - Desenvolve a Face Processo maxilar: forma maxila, arco zigomático e porção escamosa do osso temporal Processo mandibular: forma a mandibula 2º Arco Forma o osso hioide e regiões do pescoço Ao final da 7ª semana os 3º – 6º, assumem uma aparecia exterior lisa, dando origem ao pescoço Odontologia UFPE – Histologia e Embriologia Oral – 2020.1 internamente os arcos faríngeos e penetra em divertículos semelhantes a balões. O 1º par de bolsas fica entre o 1º e 2º arcos faríngeos. O endoderma das bolsas entra em contato com ectoderma dos sulcos faríngeos e juntos formam as membranas faríngeas - que separam as bolsas dos sulcos faríngeos. Derivados das bolsas faríngeas: Observar última página. • Sulcos faríngeos: sulcos separam os arcos faríngeos externamente; 1º par persiste para formar o meato acústico externo; outros são obliterados para desenvolvimento do pescoço. • Membranas faríngeas: aparecem nos assoalhos dos sulcos faríngeos – 4ª semana; se formam entre o epitélio do sulco e de uma bolsa; apenas um par de membranas contribui para formação da membrana do tímpano. Desenvolvimento da Tireoide É a 1ª glândula endócrina a se desenvolver - 24 dias após a fertilização - a partir do espessamento do endodérmico no assoalho da faringe primitiva; à medida que o embrião cresce desce para o pescoço. Desenvolvimento do Crânio Podemos dividir o crânio em três partes: a calota, a base e a face; a calota é formada por ossificação intramembranosa; a base do crânio é formada pelo mesênquima – pode-se vê que a transformação do mesênquima em cartilagens da inicio a formação do condrocrânio (ligação entre o neurocrânio e o esqueleto facial); o desenvolvimento da base é possibilitado pelas cartilagens interpostas dos ossos. A face/vicerocrânio é dividida em superior, média e inferior, eles correspondem, no embrião, as regiões frontonasal, maxilar e mandibular. O osso frontal compõe o terço superior – cresce rapidamente, no terço médio temos a base do crânio, a extensão nasal superior e parte do aparelho mastigatório (maxila e dentes) – desenvolvimento lento, até 18 - 25 anos, com a formação do 3º molar, na parte inferior temos a mandíbula, completando o aparelho mastigatório. OBS.: Toda a ossificação é derivada da crista neural. Desenvolvimento da Face Por volta do 28º dia, é possível ver o espessamento do ectoderma na eminencia frontal, esses são os placódios olfatórios, que migram para frente formando uma ferradura, delimitando o orifício nasal, estabelecendo os processos nasais laterais e mediais. No meio dos processos há uma depressão que representa o processo frontonasal Os processos nasais medianos (formam os lados do nariz), junto com o frontonasal (formam a testa) formam a porção medial do nariz e os processos mediais laterais, formam o septo nasal, porção anterior da maxila e do palato primário. O lábio superior é formado pelos processos maxilares (formam as cristas palatinas, que se fundem medialmente formando o palato secundário) e nasais mediais laterais, que se desenvolvem para a linha mediana, onde se fundem, deslocando o processo frontonasal para cima e formando o lábio superior e partes superiores da bochecha; o lábio inferior é formado pela fusão dos processos mandibulares, junto com o queixo e regiões inferiores da bochecha; toda essa formação é finalizada por volta do 38º dia. • Vários ossos derivam do mesênquima das proeminências faciais; • Ao final da 6ª semana: a mandíbula e a maxila são compostas por tecidos mesenquimais; Odontologia UFPE – Histologia e Embriologia Oral – 2020.1 • Formação do sulco labiogengival e o frênulo do lábio superior; • O aumento do encéfalo cria na testa uma proeminência que desloca os olhos; • O crescimento da mandíbula e da cabeça empurra o meato acústico para o seu lugar. Desenvolvimento das Cavidades Nasais À medida que a face desenvolve placóides nasais se tornam deprimidos formando fossetas nasais; a proliferação do mesênquima forma as proeminências nasais resultado do aprofundamento das fossetas nasais e da formação dos sacos nasais primitivos; Os sacos nasais estão separados da cavidade oral pela membrana oronasal. Essa membrana se rompe levando a comunicação entre cavidades nasal e oral; as regiões de continuidade entre as cavidades nasal e oral são as coanas primitivas; O desenvolvimento dos cornetos - pela elevação das paredes laterais das cavidades nasais. Desenvolvimento do Palato No início do desenvolvimento, na 5ª, as cavidades orais e nasais estão em comunicação, e tem-se o desenvolvimento da língua, o que delimita esse processo anteriormente é o palato primário; a separação ocorre quando o palato secundário é formado (por volta da 7ª – 8ª semana). Nesse processo, as cristas palatinas estão voltadas para baixo, quando a língua abaixa, as cristas palatinas se levame se fundem medialmente e ao o palato primário, e com o septo nasal, que se desenvolve inferiormente. • O palato primitivo: começa a se desenvolver a partir da parte profunda do segmento intermaxilar da maxila; forma a parte pré- maxilar da maxila; representa uma parte pequena do palato duro adulto. É constituído por 1 componente labial: que forma a porção média ou filtrum do lábio superior; 2. componente maxilar: região anterior da maxila, que contém os quatro incisivos superiores e sua mucosa bucal (futura gengiva); 3. componente palatino: de forma triangular, com o vértice dirigido para trás, e dá origem ao palato mole primário. • O palato secundário: é o primórdio das partes dura e mole do palato, estende-se a fossa incisiva; formação do septo nasal; formação da porção pré-maxilar onde se aloja os dentes incisivos. OBS.: O período crítico de formação está entre o final da 6ª semana e início da 9ª. Desenvolvimento da Maxila Começa com a ossificação do processo maxilar do primeiro arco faríngeo; que aparece no ângulo de divisão de um nervo, o dentário superior anterior, que vai dar origem ao nervo orbital inferior; ainda nessa região a formação do osso continua abaixo da órbita em direção a zigoma e a região incisiva; avançando para formar o processo frontal; quando há deposição óssea, tem-se a formação do canal infraorbital, que se estende inferiormente formando a parede alveolar superior dos dentes superiores. A ossificação alcança os processos palatinos formando o palato duro. Quando se tem a junção do processo palatino e do corpo da maxila, temos a formação da parede alveolar medial, que formam canais onde os germes dos dentes posteriores superiores irão se alojar. OBS.: Temos a formação de uma cartilagem zigomática/malar que contribui para a formação da maxila. Desenvolvimento da Mandíbula A partir da 6ª semana, temos a cartilagem de Meckel, partindo da orelha média até a linha medial, porem não se encontram, por conta do ectomesênquima que as separa, que nesse período se condensa entre o nervo alveolar inferior, nos ramos incisivos e mentuais. Na 7ª semana, tem-se início da ossificação intramembranosa, que vai desde os ramos linguais e alveolar posterior do nervo alveolar inferior, até a linha medial anterior. Durante esse desenvolvimento surge um canal em que fica o nervo alveolar inferior e as criptas ósseas, que alojam os germes denários inferiores (10 semanas já se vê uma mandíbula rudimentar). A parte mais Odontologia UFPE – Histologia e Embriologia Oral – 2020.1 posterior da cartilagem, dão origem aos ósseos do ouvido médio, a espinha do esfenoide e ao ligamento esfenomanibular. A partir da língua até a região de divisão em nervos incisivos e mentuais, a cartilagem some totalmente, na parte anterior da cartilagem ocorre ossificação endocondral. Entre a 10ª e 14ª semana, surgem 3 cartilagens secundárias: condilar, coronoide e da sínfise, a condilar forma o cone que ocupa o ramo da mandíbula, e é ossificada por tecido endocondral, que continua até a 20ª semana, deixando uma camada fina de cartilagem no côndilo, que permite que o crescimento dessa região até os 20 anos. A cartilagem coronoide surge perto do 4º mês, sendo invadida pelo processo de ossificação intramembranosa do ramo da mandíbula, e desaparecendo bem antes do nascimento. Desenvolvimento da língua Se origina na parte ventral da orofaringe, na altura dos 4 primeiros arcos faríngeos. Na 4ª semana, vemos duas saliências no ectomesêquima, internamente ao primeiro arco faríngeo, o que forma as saliências linguais; por trás delas temos a formação de uma eminencia medial – tubérculo ímpar – que forma, caudalmente, o forame cego. As saliências línguas crescem e se fundem, cobrem o tubérculo impar estimulando a formação da mucosa dos terços anteriores da língua. O 2ª, 3ª e 4ª arco faríngeo elevam-se e forma a cópula (uma proeminência); o ectoderma dos arcos e a cópula formam a parte posterior da língua; ela é separada do assoalho da boca pelo sulco lingual, como no sulco vestibular (crescimento ectodérmico degenerado). Os músculos da língua originam no assoalho da faringe, na região dos somitos occipitais. Durante a migração anterior os músculos e nervo hipoglosso, seguem o mesmo trajeto. OBS.: As papilas línguas aparecem na 8ª semana e os corpúsculos gustativos entre a 11ª e 13ª semana. Desenvolvimento das Glândulas Salivares Entre a 6ª e 7ª semana começam a desenvolver como brotos epiteliais a partir da cavidade oral primitiva; o tecido conjunto deriva das células da crista neural. • parótidas: 1ª a 6ª semana; • submandibulares: final da 6ª semana; • sublinguais: 8ª semana. Formações dos Arcos e Bolsas ARCOS FARINGEOS E DERIVAÇÕES 1º ARCO Maxila, mandíbula, músculos mastigatórios, ligamento esfenomandibular, músculo milo- hioide, parte anterior do digástrico, músculo tensor do véu palatino, martelo, bigorna, espinha do esfenoide, ligamento anterior do martelo, tensor do tímpano. Nervo: trigêmeo – ramo lingual, responsável pela sensação tátil da língua. 2º ARCO Músculos da face, estribo, processo estiloide do osso temporal, ligamento estilo-hioide, pequenos cornos do hioide, parte posterior do digástrico. Nervo: facial – ramo corda do tímpano, responsável pela sensação gustativa 3º ARCO Grande corno e parte caudal do corpo do hioide, músculo estilofaríngeo. Nervo: glossofaríngeo – sensação tátil e gustativa, região da base da língua. 4º ARCO Cartilagens da tireoide, músculos elevadores do palato, úvula, músculo palatoglosso, músculo cricotireóideo, músculos constritores da faringe. Nervo: laríngeo superior (ramo do vago) - sensação tátil e gustativa, região da base da língua. 5º ARCO É temporário e desaparece 6º ARCO Músculos intrínsecos da laringe. Nervo: laríngeo recorrente (ramo do nervo vago) BOLSAS FARINGEAS E DERIVAÇÕES 1º BOLSA Tuba auditiva - formação da membrana do tímpano, cavidade do tímpano e ao antro mastoideo; forma a tuba faringeotimpânica - trompa auditiva, trompa de Eustáquio. 2º BOLSA Fossa tonsilar, tonsila palatina - grande parte da bolsa é obliterada à medida que a amígdala palatina se desenvolve parte da cavidade permanece como a fossa tonsilar; 2ª semana - mesênquima diferencia-se em tecido linfoide que se organiza em nódulos linfáticos da tonsila palatina. 3º BOLSA Timo, paratireoides inferiores e superiores 4º BOLSA Paratireoides superiores 5º BOLSA Último corpo branquial (células parafoliculares da tireoide) 6º BOLSA Músculos intrínsecos da laringe. Nervo: laríngeo recorrente (ramo do nervo vago) Odontologia UFPE – Histologia e Embriologia Oral – 2020.1 Correlações Clinicas • As malformações da face, que têm origem principalmente no primeiro arco branquial, ocorrem em razão de fatores genéticos e ambientais (agentes teratogênicos) que atuam durante a fase de histodiferenciação e morfogênese, aproximadamente entre o 20º dia e a 12ª semana do desenvolvimento. • Como os processos maxilares não se fundem entre si na porção anterior, ficando entre eles os processos nasais mediais, nos casos de malformação do tipo fenda labial, esta pode ser uni ou bilateral. A fenda do tipo central, oriunda da incompleta fusão dos processos nasais mediais, é rara. • Falhas na sincronização dos movimentos e do crescimento das cristas palatinas e de elementos da língua, da mandíbula e da cabeça em geral podem afetar o fechamento normal do palato, dando origem as fissuras palatinas/lábio palatinas. • O crescimento do côndilo e as modificações que ocorrem na maxila e na base do crânio são responsáveis pelas reações maxilomandibulares que podem, dessa maneira, ser dos tipos: retrognatia, ortognatia e prognatia. • Durante o crescimentoda língua, podem ocorrer anormalidades que afetam seu tamanho (microglossia ou macroglossia, sendo rara, no entanto, a ausência total da língua (aglossia). Referências: KATCHBURIAN, E.; ARANA, V. Histologia e embriologia oral: texto, atlas, correlações clínicas. 4.ed. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. 277. p.