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Fundação Centro de Ciências e Educação a Distância do Estado do Rio de Janeiro Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro Universidade Federal Fluminense Curso de Licenciatura em Letras- UFF / CEDERJ Disciplina: PORTUGUÊS 1 EXERCÍCIOS – FATORES DA TEXTUALIDADE Para responder à questão 1, você vai assistir ao vídeo de um comercial das sandálias Havaianas, veiculado no ano de 2010, no link seguinte: http://www.youtube.com/watch?v=KxgTJMZo8Kg Vale observar que esse vídeo foi retirado do ar porque muitos telespectadores censuraram o fato de uma avó dizer à neta que não estava falando de casamento, mas de sexo. O anunciante veiculou uma retratação em que a avó anunciava que o vídeo estaria disponível apenas no site. Agora responda: 1- Dos sete fatores da textualidade, apresentados por Beaugrande e Dressler (1981), dois são centrados nos interlocutores: a intencionalidade e a aceitabilidade. Comente como esses fatores funcionaram no comercial que você acabou de ver. Resposta comentada: Nos textos publicitários, a intencionalidade funciona a partir da proposta do anunciante de “agir” sobre seu interlocutor – o consumidor – persuadindo-o e/ou seduzindo-o, para que ele passe a querer comprar o produto anunciado. No entanto, neste comercial, podemos dizer que a aceitabilidade do interlocutor não se concretizou nos moldes esperados pelo anunciante, já que a imagem da avó “moderninha” foi de encontro à imagem de avó que a sociedade espera ver representada, ou seja, o estereótipo que se tem de avós é o de pessoas mais conservadoras, que nunca aconselhariam uma neta a fazer sexo, sem casamento. 2- Analise as duas peças publicitárias seguintes e destaque, comentando, o fator da textualidade predominante: Resposta comentada: O fator predominante é o da intertextualidade, segundo o qual a compreensão de um texto depende do conhecimento de outros textos por parte dos interlocutores. No caso em questão, a intertextualidade se manifesta em relação aos contos de fadas “Cinderela” e “Branca de Neve”, respectivamente, quando é acessado o conhecimento de mundo compartilhado pelos interlocutores. Agora, você vai ler mais dois textos: uma letra de música e uma crônica, para responder à questão 3. TEXTO 1: Cariocas Adriana Calcanhotto Composição: Adriana Calcanhoto CARIOCAS SÃO BONITOS CARIOCAS SÃO BACANAS CARIOCAS SÃO SACANAS CARIOCAS SÃO DOURADOS CARIOCAS SÃO MODERNOS CARIOCAS SÃO ESPERTOS CARIOCAS SÃO DIRETOS CARIOCAS NÃO GOSTAM DE DIAS NUBLADOS CARIOCAS NASCEM BAMBAS CARIOCAS NASCEM CRAQUES CARIOCAS TÊM SOTAQUE CARIOCAS SÃO ALEGRES CARIOCAS SÃO ATENTOS CARIOCAS SÃO TÃO SEXYS CARIOCAS SÃO TÃO CLAROS CARIOCAS NÃO GOSTAM DE SINAL FECHADO Você pode ouvir essa música, acessando o link: http://www.youtube.com/watch?v=peIixUfE9MQ TEXTO 2: CARIOCAS GOSTAM DE BANDALHA ZUENIR VENTURA A pesquisa publicada domingo pelo GLOBO, mostrando que só 9% dos motoristas respeitam sinal de trânsito, confirma o que já se sabia observando o nosso dia a dia e o que Adriana Calcanhotto cantou na sua canção de amor ao Rio e ao seu povo: "Cariocas não gostam de sinal fechado." Gaúcha, ela foi generosa. Ao defeito apontado, contrapôs 15 qualidades positivas que enumera em graciosos versos: "Cariocas são bonitos/Cariocas são bacanas/Cariocas são sacanas/Cariocas são dourados" e por aí vai. Ela os chama ainda de modernos, espertos, diretos, alegres, sexy, que não gostam de dias nublados etc. Talvez por delicadeza de forasteira, ela não quis apontar uma verdade incômoda que explica todo o comportamento transgressor dos cariocas. Eles gostam de bandalha. E não apenas no trânsito, embora nesse quesito eles sejam imbatíveis. Gostam de fechar os cruzamentos, de debruçar sobre a buzina sem necessidade, de estacionar nas calçadas, de parar em lugar proibido, de excesso de velocidade, de falar ao celular enquanto dirigem, de andar na contramão e de xingar quem insiste em se manter dentro da lei (me lembro da senhora ao volante esperando a luz verde, e um sujeito histérico gritando atrás:"Pensa que tá na Suécia, perua?"). Assim, além de responsáveis por um dos mais caóticos trânsitos do planeta, os cariocas também são especialistas em delitos menores, para não falar nos grandes, como assaltos e homicídios. Costumam urinar em lugares públicos, desrespeitar filas ("quem gosta de fila é paulista", já ouvi um furão dizer, sem esperar a vez), levar o cachorro para fazer cocô no calçadão, e gostam de falar alto e atender o celular no cinema, enquanto comentam o filme com o vizinho. Outro dia uma leitora mandou carta ao jornal relatando a cena que presenciou: um garoto estava chutando a cadeira da frente, quando a senhora virou-se e pediu que ele parasse. Sabe o que fez o acompanhante, provavelmente pai ou avô do menino? Passou, ele mesmo, a repetir o que o neto ou filho fazia antes. Não sem chamar a queixosa de maluca. Há pouco tempo assisti a coisa parecida numa sessão à tarde. Quando alguém fez psiu para um grupo de cafajestes que discutiam aos gritos, um deles revidou: "Psiu é a p..., os incomodados que se mudem." Essa é a nossa realidade: há cada vez menos lugares para os incomodados. Em matéria de civilidade, os sinais foram trocados. O desvio virou norma e a exceção, regra. Jornal O Globo – 26/11/2008 Leia o fragmento abaixo, extraído do TEXTO 2, para responder à questão 3: A pesquisa publicada domingo pelo GLOBO, mostrando que só 9% dos motoristas respeitam sinal de trânsito, confirma o que já se sabia observando o nosso dia a dia e o que Adriana Calcanhotto cantou na sua canção de amor ao Rio e ao seu povo: "Cariocas não gostam de sinal fechado”. Gaúcha, ela foi generosa. Ao defeito apontado, contrapôs 15 qualidades positivas que enumera em graciosos versos: "Cariocas são bonitos/Cariocas são bacanas/Cariocas são sacanas/Cariocas são dourados" e por aí vai. Ela os chama ainda de modernos, espertos, diretos, alegres, sexy, que não gostam de dias nublados etc. 3- Destaque, justificando, qual, dentre os sete fatores da textualidade apresentados por Beaugrande e Dressler (1981), evidencia-se no fragmento em destaque. Resposta comentada: O fator da textualidade evidente, no fragmento, é a intertextualidade, no caso, explícita, já que se refere diretamente à letra da música da cantora gaúcha Adriana Calcanhoto (Ver livro base, páginas 33 e 34).