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PPssiiccooppeeddaaggooggiiaa Módulo II Parabéns por participar de um curso dos Cursos 24 Horas. Você está investindo no seu futuro! Esperamos que este seja o começo de um grande sucesso em sua carreira. Desejamos boa sorte e bom estudo! Em caso de dúvidas, contate-nos pelo site www.Cursos24Horas.com.br Atenciosamente Equipe Cursos 24 Horas Sumário Unidade 3 – Processo de Ensino-Aprendizagem............................................................ 3 3.1 – O processo de ensino-aprendizagem e as práticas de avaliação escolar ............. 3 3.2 – Desenvolvimento e aprendizagem: bases neurológicas ..................................... 9 3.3 – Desenvolvimento e aprendizagem: bases afetivas ........................................... 13 3.4 – Desenvolvimento e aprendizagem: bases intelectuais ou cognitivas ................ 19 Unidade 4 – Avaliação e Intervenção Psicopedagógiga ............................................... 23 4.1 – Diagnóstico psicopedagógico ......................................................................... 23 4.2 – Avaliação psicopedagógica............................................................................. 40 4.3 – Recursos psicopedagógicos e ambiente de trabalho ........................................ 70 Encerramento.............................................................................................................. 78 Bibliografia................................................................................................................. 79 3 Unidade 3 – Processo Ensino-Aprendizagem Olá! Nesta terceira unidade do curso, abordaremos o processo ensino-aprendizagem, quais as práticas a serem avaliadas pelos professores/alunos e como funciona. Também veremos as bases de aprendizagem neurológicas, afetivas e cognitivas, e como essas bases se relacionam com a aprendizagem do indivíduo. Bom curso! 3.1 – O processo de ensino-aprendizagem e as práticas de avaliação escolar Para analisar os diversos conceitos que envolvem o processo de ensino-aprendizagem, é preciso perceber as diferentes épocas que foram desenvolvidas as práticas, como também compreender sua evolução no decorrer da história de produção do saber do homem. A concepção de aprendizagem surgiu das investigações de rotina da psicologia, de investigações baseadas no pressuposto de que toda instrução e conhecimento provêm da experiência. Considerando assim o sujeito como um ser vazio, sem saberes e conhecimentos, com a única função de detentor de conhecimento. 4 Este primeiro conceito é baseado no positivismo que inspirou diversos conhecimentos, como o behaviorismo, que acredita que a aprendizagem se dá pela mudança de comportamento do qual é resultado do treino ou da experiência. São sustentados pelos trabalhos dos condicionamentos de respostas para posteriormente serem pró-ativos. Contradizendo estes conceitos que delimitam o ser humano como passivo e não produtor, acaba surgindo a Gestalt racionalista. Não existe aprendizagem e sim entendimento, sendo que a linha racionalista não crê no conhecimento contraído, porém defende o conhecimento como resultado de uma pré-formação biológica do indivíduo. Por fim, chega à psicologia genética representada por Piaget, Vygotsk e Wallon, da qual leva a uma concepção de aprendizagem a partir da comparação e colaboração do conhecimento do empirismo, behaviorismo e gestáltico. Fonte: pt.wikinourau.org A psicologia genética está presente em várias áreas de atuação, como a da saúde, por exemplo, o indivíduo é tratado como um todo, ou seja, um padrão abrangente. 5 Contudo, esta é uma visão sistêmica e, portanto, amplia-se o conceito de educação, ou seja, o conceito do processo de ensino-aprendizagem. O processo de ensino-aprendizagem vai desde o destaque ao papel do professor como transmissor de conhecimento, até as compreensões atuais que interpretam o processo de ensino-aprendizagem como um todo, associado ao papel do educando. As atuais repercussões do processo ensino-aprendizagem permitem identificar um agrupamento de ideias de diversas correntes teóricas, sobre a profundidade dos termos ensino e aprendizagem. Podemos apontar como fatores do processo as contribuições da psicologia contemporânea em relação à aprendizagem, que nos leva a repensar a prática educativa, buscando um conceito que explicite esse processo. Ainda assim, a grande maioria das escolas continua atuando de maneira empírica, moldando alunos com pouca ou nenhuma capacidade para resolver problemas, expressar opiniões críticas ou mesmo abandonar o velho hábito de decorar os conteúdos ensinados, mantendo-se a hierarquia estabelecida entre educador e educando. O desfecho para tal situação está na investigação de como os alunos aprendem e como o processo de ensinar pode transmitir aprendizagem. Afirmamos ainda, que o resultado está em partir da teoria e colocar em prática os conhecimentos contraídos ao longo do tempo, de forma crítica-reflexiva-laborativa: crítica e reflexiva para pensar os conceitos atuais e passados, identificando o que há de melhor; laborativa não só para mudar, como também para criar novos conhecimentos. “Para que se repensem as ciências humanas e a possibilidade de um conhecimento científico humanizado há que se romper com a relação hierárquica entre teoria, prática e metodologia. Teoria e prática não se cristalizam, mas se redimensionam, criam e são também objetos de investigação. Nesse sentido, pesquisa é a 6 atividade básica da ciência na sua indagação e construção da realidade. É a pesquisa que alimenta a atividade de ensino/aprendizagem e a atualiza”. (DIAS, 2001) Paulo Freire afirma que: “daí que seja tão fundamental conhecer o conhecimento existente quanto saber que estamos abertos e aptos à produção do conhecimento ainda não existente. Ensinar, aprender e pesquisar lidam com esses dois momentos do ciclo gnosiológico: o que ensina e se aprende do conhecimento já existente e o em que se trabalha a produção do conhecimento ainda não existente. A dodiscência – docência – discência – e a pesquisa, indicotomizáveis, são assim práticas requeridas por estes momentos do ciclo gnosiológico.”. Refletir o processo de ensino-aprendizagem de forma dialética, agregando à pesquisa, promovendo a formação de novos conhecimentos, conduzindo à ideia de seres humanos como indivíduos inacabados, capazes de uma curiosidade progressiva, aqui, considerada como uma curiosidade epistemológica, uma capacidade de refletir criticamente o aprendido, ou seja, com a capacidade de levar uma continuidade no processo ensinar-aprender. No processo pedagógico, alunos e professores são sujeitos e devem atuar conscientemente. Não se trata apenas de sujeitos do processo de conhecimento e aprendizagem, mas de seres humanos mergulhados numa cultura e com histórias peculiares de vida. Os conteúdos de ensino e as atividades propostas se compõem nessa trama da constituição complexa do indivíduo. O processo de ensino-aprendizagem possui um teor que é, ao mesmo tempo, produção e produto. Parte de um conhecimento que é formal (adquirido na escola/ curricular) e outro que é dissimulado, oculto e deriva dos indivíduos. Todo feito educativo deriva, na maioria das vezes, das particularidades, do empenho e das possibilidadesdos sujeitos participantes, alunos, professores, 7 comunidades escolares e outros elementos do processo. Portanto, a educação se dá em grupo, mas não perde de vista o indivíduo que é ímpar (contextual, histórico, particular e complexo). Assim, é necessário assimilar que o processo ensino-aprendizagem é um elo entre indivíduos que possuem sua história de vida e estão colocados em contextos de vida próprios. Devido à diversidade individual e pela potencialidade que pode oferecer a produção de conhecimento, consequentemente ao processo de ensino e aprendizagem, concluímos que há necessidade de estabelecer vínculos relevantes entre as experiências de vida dos alunos, aos conteúdos oferecidos pela escola e às exigências da sociedade, estipulando também relações necessárias para compreensão da realidade social em que vive e para estimulação em direção às novas aprendizagens com sentido verdadeiro. Considerar cada indivíduo como um contribuinte no sistema de ensinar-aprender é compartilhar da apresentação de Giusta, apontando que se deve afastar a dicotomia transmissão x produção do saber transmitindo uma concepção de aprendizagem que possibilita libertar: � A singularidade do conhecimento, através de uma visão da relação sujeito/objeto, em que se afirma, simultaneamente, a objetividade do mundo e a subjetividade; � O fato da vida dos indivíduos, como justificativa para toda e qualquer pesquisa. Recordando que o processo de ensino-aprendizagem acontece a todo o momento e em qualquer lugar. E aí fica a pergunta: Qual o papel da escola? Como ela deve ser considerada? Qual o papel do professor? É ofício da escola realizar a mediação entre o conhecimento preliminar dos alunos e o sistematizado, possibilitando acesso ao conhecimento científico. Nessa diretriz os alunos caminham, ao mesmo tempo, na ocupação do conhecimento sistematizado, na capacidade de buscar e organizar informações, no desenvolvimento de 8 seu pensamento e na formação de conclusões. O processo de ensino tem o dever de possibilitar a adequação dos conteúdos e da própria atividade de conhecer. A escola é um cenário de ações e reações onde ocorre o saber-fazer. É composta por peculiaridades políticas, sociais, culturais e críticas, ou seja, é um sistema vivo e aberto, e, por isso, deve ser considerada como um constante processo de evolução, influenciando e sendo influenciada pelo ambiente, onde existe um feedback dinâmico e contínuo. O professor é inserido neste ambiente não como um indivíduo superior em hierarquia com o aluno, como depositário do saber-fazer, mas como igual, onde o relacionamento entre ambos efetiva o processo de ensinar-aprender. O papel do professor é proporcionar direção e orientação à atividade mental dos alunos, de modo que cada um deles seja um sujeito consciente, ativo e autônomo. É seu dever compreender o funcionamento do processo ensino-aprendizagem para descobrir o seu papel no grupo e separadamente. Pois, além de professor, ele é ser humano com direitos e obrigações diversas. Permanece hoje, o desafio de tornar as práticas educativas mais apropriadas com a realidade, mais humanas e com teorias capazes de incluir o indivíduo como um todo, motivando o conhecimento e a educação. Fonte: prof2000.pt 9 3.2 – Desenvolvimento e aprendizagem: bases neurológicas Fonte: neuropsicopedagogiaemfoco.blogspot.com Todo o processo de aquisição de informação pelo cérebro passa pelos caminhos sensoriais, que permitem “captar” as qualidades do mundo externo e transmiti-las ao sistema nervoso central. A integração sensório motora cortical é fundamental para a estrutura perceptiva. A área cortical humana é muito grande e é responsável por agregar informações sensitivo sensoriais que tem sua origem interna ou externamente, ou seja, informações próprias de nossa formação social e informações que recebemos de fontes externas. O cérebro humano possui uma estrutura de sistemas complexos extremamente organizados e no cognitivismo computacional, ele é entendido como um computador que processa a informação e emite respostas pertinentes. Claro que nessa metáfora não consideramos as complexas conexões e atividades realizadas por ele. 10 Estudos de experimentação realizados em animais demonstraram que os processos neurobiológicos, presentes no processo de aprendizagem, atuam nos processos de aquisição e armazenamento da memória, no desempenho em determinadas tarefas e no aprendizado espacial. Atualmente estão disponíveis, devido ao avanço tecnológico, novos instrumentos de avaliação em humanos, possibilitando uma evolução nos conhecimentos científicos dos processos de aprendizagem. São nos dois primeiros anos de vida que acontece o desenvolvimento mais marcante do cérebro, já que é nesta fase que ele dobra de tamanho, o hipocampo aumenta significativamente, entre outros desenvolvimentos que também acontecem. E não podemos evitar de dizer que o cuidado dos pais e o ambiente que essa criança dispõe, influenciam muito em sua formação, em seu desenvolvimento e em sua aprendizagem. As bases neurobiológicas para o desenvolvimento comportamental e aprendizagem incluem complexas manifestações de investigação. A harmonia dos dados de diferentes grupos de pesquisa detectou um palco de permanentes mudanças que, 11 atualmente, está fundamentado em alguns achados com maior grau de reprodução entre os pesquisadores. O sistema de linguagem é constituído por diversos subsistemas, mas, aqui, enfatizamos os mecanismos referentes à leitura, principalmente. Por outro lado, o sistema de aprendizagem é ainda muito mais complexo, mas há indicadores que insinuam grande interação com a linguagem, sobretudo quando suportado por estudos de pacientes com lesões cerebrais ou alterações comportamentais. Neste sentido, podemos afirmar que o sistema neural motor e de linguagem respondem sempre que uma ação é observada, como forma de compreender a racionalização e concepção imaginativa do ato. Por este motivo, tal sistema está relacionado à predisposição de integração de estímulos nas circunstâncias da aprendizagem. Dessas novas teorias que surgiram após os estudos sobre neuroimagem, foi levantado um novo modelo de processamento de linguagem. Já o processo de leitura tem sido pautado como dependente do processo de linguagem. A contribuição da avaliação neuropsicológica da criança é uma extensão do processo de ensino-aprendizagem, já que possibilita criar vínculos entre as funções corticais superiores, como a linguagem, a atenção e a memória; e a aprendizagem simbólica como a escrita e a leitura, por exemplo. O padrão neuropsicológico dos impedimentos da aprendizagem busca reunir uma amostra de funções mentais superiores, envolvidas na aprendizagem simbólica que é correlativo com a organização funcional do cérebro. Sem essa condição, a aprendizagem não acontece normalmente. As funções psicológicas e o funcionamento cerebral são relatados, considerando o cérebro como um sistema inter-relacionado a partir de três funções: 12 � Unidade para regular o tônus, o zelo e os estados mentais (área de projeção que abrange a formação reticular); � Unidade para arrecadar, analisar e armazenar explicações (área de projeção que abrange parietal, occipital e temporal primários; área de associação que abrange parietal, occipital e temporalsecundários); � Unidade para designar, regrar e realizar a atividade (área de sobreposição que abrange as áreas pré-frontais e frontais). Cada unidade funcional abrange um conjunto de órgãos ou de áreas corticais que, em conjunto, constituem o grande sistema neuropsicológico da aprendizagem humana. Certamente, a aprendizagem é fruto do desenvolvimento dessas unidades funcionais que estão organizadas verticalmente e se estabelecem geneticamente da primeira unidade (reflexos) à terceira unidade (intenções), passando pela segunda unidade (experiências e ações multissensoriais). Assim, por exemplo, as aprendizagens complexas como a leitura, assentam sobre aprendizagens compostas, como a discriminação e a identificação perceptiva, que, por sua vez, decorrem de aprendizagens simples, como a aquisição de postura bípede e das aquisições apreensivas na primeira idade. A leitura, um dos processos mais difíceis da aprendizagem, abrange a discriminação visual de símbolos gráficos (grafemas) através de um processo de decodificação que acontece na segunda unidade, só possível com um processo de atenção seletiva regulada pela primeira unidade. A importância da abordagem neuropsicológica da aprendizagem está na observação dos quadros clínicos, particularizados sobre as bases anatomofuncionais do cérebro e não no tipo de teste empregado. 13 Ao fornecer elementos para investigar a percepção do funcionamento intelectual da criança, a neuropsicologia pode harmonizar-se com diferentes profissionais, como médicos, psicólogos, fonoaudiólogos e psicopedagogos, impulsionando uma intervenção terapêutica mais eficiente. 3. 3 – Desenvolvimento e aprendizagem: bases afetivas O desenvolvimento das funções psíquicas, incluindo o aprendizado, pertence a situações inerentes ao equipamento biopsicológico e a inversão afetiva dessas funções. A palavra aprender é de origem latina: “ex-ducere” – expressar um processo interior para o exterior. Sendo interior o mundo mental, interno, dos afetos, emoções, sentimentos, pensamentos, sonhos e fantasias que são princípios que compõem a subjetividade individual, cada vez mais singular na cultura contemporânea. Na teoria, o aprendizado é a evolução ou desenvolvimento de um complexo de funções cognitivo afetivo que inclui processos e sistemas neuropsicoafetivos, e, também, socioculturais dos quais participam da vida adaptativa do sujeito ao meio e às suas necessidades, dentro dos seus limites, na procura de maior autonomia. Tais sistemas são interligados e são influenciados externamente no ambiente físico e psicossocial. Estes sistemas se estimulam de forma mútua e conquistam, no decorrer do processo de desenvolvimento, uma autonomia funcional que deriva das capacidades integrativas das experiências objetivas e subjetivas do indivíduo. 14 A psiquiatria comprova que as dificuldades de aprendizado, global e específica, são consequências das nossas relações, como as primeiras relações afetivas e até mesmo antes do nascimento, em função da hipotética imaginação dos pais e do ambiente. Distúrbios neuroperceptivos pré-existentes são agentes causadores da organização e da dinâmica das dificuldades relacionais. Nos processos prematuros de desenvolvimento e no estudo dos seus desvios, torna-se difícil determinar qual fator teve início primeiro. Mesmo assim, são situações separadas que precisam de atenção geral e não apenas voltadas para as dificuldades específicas. As dificuldades de aprendizagem podem ter causas particulares que acarretam problemas emocionais. Mas o oposto também é verídico: questões psicoemocionais gerando adversidades específicas. As dificuldades de aprendizado podem ser a manifestação de sintomas de conflitos psíquicos inconscientes, resultantes de inibições, repressões, cisões, projeções, ansiedades e fobias que cruzam os processos de simbolização e de representação. Há casos cuja dificuldade de aprendizagem é consequente à não aquisição ou à aquisição deficiente, ou distorcida na construção do mundo interno, da organização do ego e superego. Tecnicamente, podemos considerar que se trata de fenômenos que atuam no processo de simbolização, de maneira a interferir de forma negativa em alguns mecanismos psicológicos, como defesa do ego, estruturação do self, processo de identificação, intolerância às frustrações, entre outros. O dilema das dificuldades para perceber e discriminar o que se apresentam na primeira infância, ou durante a vida escolar, é o que interfere na escola e no comportamento, como expressão de conflitos inconscientes que afetam as funções do ego, inclusive a organização do pensamento, a leitura, a escrita, a compreensão e a expressão do mundo simbólico. Devemos ressaltar sempre que não se trata de seres humanos completamente formados, ou seja, trata-se de indivíduos que ainda passam por desenvolvimento tanto biológico quanto funcional. 15 Quem nunca teve uma experiência de ter passado por situações de angústia, sentido sua mediação no jeito de perceber o mundo interno e externo? São momentos que abalam a capacidade de pensar, de analisar ou de associar. Uma criança que sofra repetitivamente estados crônicos de ansiedade e mesmo de angústia, pode ter perturbações na percepção da realidade interna e externa, bem como na estrutura de respostas libertadoras ou elaboradas. Para haver um desenvolvimento adequado das possibilidades psíquicas, e, portanto, das funções inerentes ao aprendizado, é imprescindível a existência de um bom vínculo inicial parental por meio do qual se estabeleça o sentimento de confiança básica. A qualidade das relações afetivas interfere no desenvolvimento dos processos biológicos, nas defesas imunológicas, no ganho pôndero-estatural, entre outros. Por meio da troca mãe-bebê, sem esquecer da função paterna complementar e decisiva no processo de triangulação, o bebê terá disposição para desenvolver o que Winnicott chamou de espaço transicional, no qual a cultura, o conhecimento e o aprendizado terão lugar. Dependendo das características de desenvolvimento e a determinação desta triangulação, exemplificada pela elaboração da relação simbiótica entre o bebê e sua mãe, com a separação proporcionada pela entrada do terceiro elemento que é o pai, é possível estabelecer as noções do eu, tu, ele; o entendimento do espaço bi e tridimensionais cruciais para a formação, o desenvolvimento da atividade simbólica e da linguagem em suas diferentes formas de expressão. Winnicott mostra a importância do espaço, do objeto e dos fenômenos transicionais para o desenvolvimento dos elementos simbólicos e, consequentemente, da cultura. A capacidade simbólica pode ser entendida: “como a capacidade de explorar a perda do objeto e o desejo de recriá-lo no interior de si mesmo que dão ao indivíduo uma liberdade inconsciente na 16 utilização dos símbolos; o fato de que o indivíduo a explora como uma de suas próprias criações permite- lhe sua livre utilização. A formação do símbolo reina sobre a capacidade de comunicar, pois toda comunicação é feita através de um símbolo.”. (Hanna Segal). Assim, para que haja um aprendizado produtivo é fundamental a experimentação do objeto real externo, seja por meio do universo da ilusão ou do universo real propriamente dito, através de experiências, como uso de brincadeiras, de fantasias, de confronto de experiências e tudo mais que possa estabelecer o contato da mãe e do objeto real. Os distúrbios da aprendizagem se apresentam frequentemente sobre aquelas funções em livre desenvolvimento, por receberem mais investimento afetivo. Distúrbiosde orientação têmporo-espacial, por exemplo, uma simples falta de sincronismo na relação afetiva entre mãe e bebê pode ocasionar problemas ligados às tensões emocionais. Para o diagnóstico das dificuldades de aprendizagem é insuficiente uma reunião responsável dos sintomas e da história do paciente. É importante indicar a qualidade das relações emocionais do presente e do passado-presente, ou seja, dos aspectos infantis presentes nas relações. Será possível, assim, levantar possibilidades sobre a existência de fatores psicológicos e emocionais na organização psíquica do sujeito. Somente conhecer a criança, não basta! É indispensável compreender a criança que está na cabeça dos pais e os pais que estão na cabeça da criança, como as expectativas, os papéis, as fantasias, as condições socioculturais e as emocionais, até mesmo antes do nascimento e, sobretudo, durante os primeiros anos de vida. Entender ainda que a compreensão da família interfere na constituição do espaço interno, na formação e no desenvolvimento dos objetos que representam o afeto e o 17 mundo exterior. Estes elementos participam do processo de aprendizagem e da dinâmica na mediação entre sujeito e o mundo ao seu redor. Possível ansiedade na relação do casal ou em um dos pais é compreendida pela criança, interferindo e mobilizando fantasias ou mesmo desordenando o desenvolvimento de funções, como o de dar e receber, o de unir e separar, o de dividir e multiplicar, o de experimentar ou evitar a experiência emocional. A obtenção de aprendizado e de conhecimento resulta na capacidade de suportar tensão e frustração na aquisição do novo. Por isso, é essencial que se tenha o cuidado de procurar entender a gênese do fenômeno, se as dificuldades apresentadas pela criança são as expressões de conflitos emocionais dela, da família, do meio sociocultural ou proveniente de um conjunto do qual a criança é o emergente, ou seja, o sintoma de uma rede complexa de relações maçantes que interferem no processo de aprendizagem. É impossível avaliar as dificuldades de aprendizagem separadamente dos processos relacionais familiares e socioculturais, com o risco de se dividir o sujeito e proporcionar o desenvolvimento de sentimentos de exclusão. Para exemplificar estas questões complexas que envolvem as primeiras relações afetivas e a aprendizagem, vamos ilustrar o caso de um rapaz de 15 anos. As inúmeras dificuldades sociais e de aprendizagem fizeram com que ele procurasse à psicoterapia psicanalítica e um trabalho psicopedagógico complementar. Davi é muito tímido, de aparência frágil e parece deficiente. Sente vergonha ao fazer algo errado. Já repetiu de ano duas vezes. Desde o início do ensino fundamental precisou de reforço pedagógico. Suas dificuldades escolares tomaram maiores proporções na quinta série, em geometria, depois em matemática e ciências. Relaciona- se melhor com crianças menores. É motivo de deboche entre os colegas. Primeiro filho e único homem entre suas irmãs. Tem pouca iniciativa. Mantém-se distante das irmãs e quase não se relaciona com o pai, mas se descontrai na companhia da mãe. Apresenta pesadelos após filmes de terror, apesar de 18 sentir grande atração pelo gênero. Vive imaginando ser um astro do futebol profissional no futuro, mas não se empenha. Desiste ao ter de enfrentar dificuldades, mesmo as mais comuns. Tem poucos colegas e não se mantém em grupo. Suas qualidades esportivas não correspondem às suas expectativas. É motivo de agressão entre os colegas. Ele tem muitos medos. Fez várias tentativas de tratamento psicoterápico e psicopedagógico com resultados que deixam a desejar. Possui o mínimo de autonomia. Quer sempre agradar e tem pavor de errar. Não apresenta um envolvimento afetivo muito profundo, nem tampouco curiosidade cognitiva, tornando-o lento e demonstrando que não possui energia. Neste sentido, aprende apenas de forma mecânica, apresentando boa qualidade na compreensão e mantendo um bom vocabulário. Por outro lado, tem grande dificuldade no desenvolvimento da metalinguagem. É possível observar também, uma capacidade adequada para leitura com destaque para a habilidade de entonação, velocidade e pontuação, porém, possui uma elaboração oral melhor que a escrita tendo como contraponto uma visão rígida dos fatos, com pouca mobilidade de pensamento e grande dificuldade de analisar e sintetizar informações. Em sua história de vida existem fatos significativos que permitem suspeitar da importância da qualidade dos vínculos precoces na relação mãe-bebê-família. A sucessão de situações traumáticas resultou na vivência angustiante e trágica de sua relação com o mundo, com as novas experiências. Seu nascimento se deu em meio a um processo de mudanças e grandes expectativas por parte dos pais, com relação a uma mudança para o exterior, o que acabou deixando a gravidez e o seu nascimento para segundo plano. Em razão da viagem, a gravidez foi repleta de conflitos e discussões, culminando com um processo de depressão, observada na mãe, logo após seu nascimento. Para agravar a situação, no período em que estiveram fora do país, passaram por grandes dificuldades de adaptação, o mesmo ocorreu com o retorno para casa. O texto de Winnicott intitulado “Tudo começa em casa” apresenta, de maneira singular, a importância de se estabelecer vínculos afetivos desde a gravidez, com o 19 objetivo de constituir o sentimento de ser e desenvolver as potencialidades psíquicas. É através de trocas entre a mãe e o bebê que se organiza um continente psíquico no qual poderão aflorar e progredir as potencialidades psíquicas construtivas, destrutivas e reparadoras. Por isso é importante estabelecer limites, uma vez que o limite do uso do objeto afetivo pelo bebê, seguido por frustações em níveis adequados, trazem para a criança níveis suportáveis de prazer e desprazer, o que contribui para o desenvolvimento de aspectos contraditórios do fazer. Este processo progressivo necessita da capacidade de ilusão e de desilusão, elementos participativos do processo de simbolização, devendo ocorrer através da incorporação e projeção dos objetos do mundo interno, ou seja, para o bebê trata-se de símbolos que representam objetos reais. Por meio desses processos iniciais adequados da continência afetiva acolhedora, o bebê desenvolve conhecimento e aprendizado, coincidente ao processo de identificação imitativos e criativos, re-significados pelos pais e pelo meio ambiente, durante as contínuas trocas que ocorrem na vida relacional. 3.4 – Desenvolvimento e aprendizagem: bases intelectuais ou cognitivas Para cada novo aprendizado são formadas novas redes de conexão que se alternam em expansão e número de ligações. As primeiras palavras são demonstrações cognitivas que são correspondentes aos ilimitados números de ligações em rede das células nervosas. O desenvolvimento e expansão das redes neuromaturacionais são responsáveis diretas pela ascendência da capacidade cognitiva. As capacidades cognitivas dependem da expansão e consolidação neuromaturacional. Portanto, podemos concluir que assim como na relação cognição/neuromaturação observada anteriormente, o processo de aprendizagem pode ser representado pela didática/neurociências. 20 Quanto maior e mais intrínseco for o conhecimento dos processos orgânicos e entre eles o neurológico, fisiológico e psicológico do ser, mais requintado e abrangente será a abordagem didático-pedagógica, facilitando e desfazendo os obstáculos ao entendimento do saber. E quanto mais ciências se envolver coma educação, dedicando- lhe atenção e artifícios, sobretudo ao processo ensino/aprendizagem, maiores facilidades tomarão as redes de difusão do conhecimento. Como exemplo: “o vendedor que conhecer bem seu cliente terá maior facilidade na oferta de seus produtos e serviços.”. No mesmo sentido, o professor que conhecer as profundezas do ser, com todas as complexidades que o envolvem, terá maior facilidade e obterá resultados através da escolha, da adaptação e da disposição dos conteúdos a ofertar para crescimento e evolução do aluno. A técnica, a didática e os recursos a serem ocupados, porém individualizados, serão elaborados na medida em que mais soubermos sobre os nossos alunos. Ao investigarmos o conhecimento nas bases neurocientíficas do desenvolvimento humano e da aprendizagem, esclarecemos fundamentalmente que: � No máximo reforço, superamos os caminhos na cognição da qual se forma; � No mínimo reforço, mais frágeis são os caminhos à cognição; � Na maior diversidade e incentivos à cognição, há maiores facilidades à interiorização, formação e/ou expansão de redes sinápticas e memorização prolongada; � Na maior diversidade e incentivos, há mais expansão das bases neuromaturacionais à cognição, sendo contrário na falta de variedade dos estímulos. 21 Reforçamos a relevância em ofertar ao ser em formação, o máximo de conhecimentos possíveis ao desenvolvimento das redes neuromaturacionais, ou seja, elas são as bases de toda capacidade de aprendizado. As emoções têm papel único na extensão da memória. O sistema límbico (passagem obrigatória de sinais captados pelos sentidos) divide as emoções, enviando os sinais para seus semelhantes, como sentimentos de prazer, frustração, felicidade, medo, alegria, raiva, tristeza, entre outros sentimentos, tornando-nos seres de tantas emoções, variando em intensidade e expansão, depressão ou pânico. Podemos afirmar que o sistema límbico executa parte do que denominamos consciência. Entretanto, sua consciência é inconsciente ao ser e se apresenta em forma de reação imediata. Neste sentido, praticamente não há interferência em algumas situações de reflexos puros. Consideramos as emoções como bases do aprendizado pelos estímulos eletroquímicos envolvidos no processo ensino-aprendizagem, com autêntica expansão psicomaturacional a partir do fortalecimento e neuroexpansão das redes sinápticas, frente aos sentimentos de plenitude e felicidade (liberação de acetilcolina e dopamina) quando da consecução de atividades e aquisição de novos conhecimentos que formam elos com os que já estão depositados (codificados). Os conteúdos, os conhecimentos, os saberes, as experiências e as vivências, quando associados às emoções, se instalam com mais facilidade na memória do que por força da impressão emocional, se mantendo por longos períodos e podendo permanecer por toda a vida. Os sentimentos, portanto, são cruciais aos estímulos da percepção e atenção. Um filme ou uma lembrança com um toque emocional, obtém um espaço especial em nossos interiores e ganha a química de nosso ser. Os conteúdos necessitam alcançar um significado para que o sistema límbico o torne inesquecível. 22 Com finalidade na memorização, é preciso que os conteúdos sejam colocados para proporcionar ao aluno uma experiência pessoal. Aprendizados alternados com relaxamento, lazer ou com estímulos de outros seguimentos conectados à sua memorização, como música, artes plásticas, teatro, atividades físicas, têm maior resultado na sua fixação prolongada. Portanto, reafirmamos que, quanto mais diversificados forem os recursos didáticos, maiores serão as possibilidades de memorização. Do ponto de vista neurológico, os sinais elétricos serão distribuídos entre órgãos sensoriais, como visão, audição, tato, olfato e demais órgãos que contribuirão para aguçar a memorização. A neurodidática propõe um sustento de conhecimentos diretamente proporcionais à capacidade neuromaturacional dos seres. Sendo assim, não há espaço às avaliações reprovativas. Os dons e talentos individuais, se respeitados, acrescentarão maiores perspectivas de desenvolvimento do ser. O processo de aprendizagem é dependente de um ambiente que ofereça segurança e certa provocação ao aluno. 23 Unidade 4 – Avaliação e Intervenção Psicopedagógica Olá! Nesta última unidade do curso veremos como se faz a avaliação psicopedagógica e quais os passos para se realizar o diagnóstico. Também conheceremos a anamnese, a EOCA (Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem) e o papel dos pais ou do responsável legal nesta fase do diagnóstico. Por fim entenderemos quais recursos podem ser utilizados para avaliação, diagnóstico e tratamento psicopedagógico. 4.1 – Diagnóstico psicopedagógico: 24 O diagnóstico, para o terapeuta, deve ter a função de apoio e será a base que dará suporte ao psicopedagogo para fazer o encaminhamento necessário. Bossa afirma que isso: “É um processo que permite ao profissional investigar e levantar hipóteses provisórias que serão ou não confirmadas ao longo do processo recorrendo, para isso, aos conhecimentos práticos e teóricos. Esta investigação permanece durante todo o trabalho de diagnóstico através de intervenções e da escuta pedagógica para que se possa decifrar os processos que dão sentido ao observado e norteiam a intervenção.” Ainda segundo Bossa: “Na epistemologia convergente todo o processo diagnóstico é estruturado para que se possa observar a dinâmica de interação entre o cognitivo e o afetivo de onde resulta o funcionamento do sujeito.”. Veja abaixo, o modelo de diagnóstico, o contrato de prestação de serviço de análise e recomendações de tratamento: Diagnóstico Psicopedagógico Estrutura do diagnóstico psicopedagógico clínico: 1. Coleta de dados: entrevistas (anamnese) com o sujeito separadamente ou com ele e sua família (no caso de crianças e adolescentes); observação, quando for o caso, do sujeito avaliado em situação escolar; sessão lúdica centrada na aprendizagem e ou EOCA (Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem); 2. Construção dos eixos históricos de análise: horizontal (momento presente) e vertical (do momento do nascimento até o presente); 25 3. Elaboração do primeiro sistema de hipóteses: orientará a escolha dos instrumentos de diagnóstico a serem utilizados; 4. Aplicação de instrumentos de acordo com o sistema de hipóteses inicial: diagnóstico operatório, avaliação do desempenho em atividades de leitura, escrita, psicomotricidade e/ou matemática; testes projetivos psicopedagógicos; 5. Elaboração do segundo sistema de hipóteses: orientará a proposta de intervenção a ser apresentada ao cliente; 6. Devolução: apresentação dos resultados obtidos, acompanhada de proposta de intervenção, quando for o caso, definindo o enquadramento do trabalho a ser realizado e o prognóstico. Duração: oito sessões, no máximo, são suficientes para que a ação diagnóstica seja realizada. – Duas sessões para a fase de coleta de dados; – Cinco sessões para aplicação de instrumentos de avaliação psicopedagógica; – Uma sessão de devolução. O objetivo do diagnóstico psicopedagógico não é de descobrir deficiências no sujeito, em sua família ou na instituição escolar à qual pertence, mas permitir que se abra um espaço para que ele possa ver a si mesmo, para que a família se veja na relação com ele e para que a escola possa também pensar a respeito de sua implicação, nas dificuldades ou desejosdo qual ele apresenta. Por isso, não adianta aplicar um número infindável de testes, pensando que eles terão a condição de predizer a situação do cliente e suas possibilidades. O terapeuta consciente de sua função de ajuda, de cuidado, sabe que o ser humano é imprevisível e que cabe a ele se aproximar das possibilidades que o cliente apresenta, encarando-as como âncoras que poderão fixar espaços de ampliação de seu potencial. 26 Para o psicopedagogo, seu cliente é um ser aprendente/ensinante e esta característica é que o torna verdadeiramente humano. E como todo ser humano, ele aprende. Não existe possibilidade de não aprendizagem. O que pode acontecer é que algumas pessoas se deparam com obstáculos neste processo e precisam de ajuda, enquanto outras conseguem superá-los sozinhas. Avaliação do Desempenho do Aluno em Sala de Aula Sr.(a) Professor(a) O(a) aluno( ) ______________________________________________________________________ está sendo submetido a uma avaliação psicopedagógica , a fim de obtermos maiores informações sobre sua performance escolar, solicitamos a sua colaboração, preenchendo o questionário anexo. Antecipadamente agradeço e me coloco à disposição para quaisquer esclarecimentos que se façam necessários São Paulo,___________de___________________de________. ______________________________ Psicopedagoga Consultório: Contatos: e-mail: 27 Questionário 1 – CONSEGUE TERMINAR UMA ATIVIDADE ANTES DE PASSAR A SEGUINTE? ( ) SIM ( ) NÃO ( ) ÀS VEZES _______________________________________________ 2 – PARECE CONHECER A MATÉRIA, MAS NÃO A APLICA QUANDO SOLICITADA? ( ) SIM ( ) NÃO ( ) ÀS VEZES _______________________________________________ 3 – FAZ PERGUNTAS: ( ) OPORTUNAS ( ) INOPORTUNAS ( ) NÃO PERGUNTA 4 – APRESENTA PROBLEMAS DE FALA? (trocas de fonemas, gagueira, outros) ( ) SIM ( ) NÃO ( ) ÀS VEZES _______________________________________________ Obs:___________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 5 – FALA ALTO DEMAIS? ( ) SIM ( ) NÃO ( ) ÀS VEZES _______________________________________________ 6 – APRESENTA TIQUES DE QUALQUER TIPO? (barulhos com boca, movimentos, outros) ( ) SIM ( ) NÃO ( ) ÀS VEZES _______________________________________________ 28 7 – DEMONSTRA HABILIDADES NAS ATIVIDADES MOTORAS FINAS? (desenhar, cortar, amarrar, pintar, outras) ( ) SIM ( ) NÃO ( ) ÀS VEZES _______________________________________________ 8 – DEMONSTRA HABILIDADES NAS ATIVIDADES MOTORAS GLOBAIS? (esporte, ginástica, outras) ( ) SIM ( ) NÃO ( ) ÀS VEZES _______________________________________________ 9 – ESCRITA: ( sublinhe as mais frequentes) A) APRESENTA TROCAS, INVERSÕES OU OMISSÕES DE LETRAS? B) LETRA FEIA, TRÊMULA, ILEGÍVEL? C) NÚMEROS MAL FEITOS, SEM ORDEM, ESPALHADOS? 10 – FAZ USO DO DEDO OU OUTRO TIPO DE APOIO NA LEITURA? ( ) SIM ( ) NÃO ( ) ÀS VEZES _______________________________________________ 11 – PARECE ANSIOSO POR: ( ) ACERTAR ( ) ERRAR 12 – PEDE AJUDA QUANDO NECESSITA? ( ) SIM ( ) NÃO ( ) ÀS VEZES _______________________________________________ 13 – PREFERE CRIANÇAS: ( ) MAIORES ( ) MENORES ( ) DA MESMA IDADE / E TAMBÉM ( ) AS MAIS TÍMIDAS ( ) AS QUE MAIS SE SOBRESSAEM 14 - PARTICIPA DAS BRINCADEIRAS: ( ) COLABORANDO ( ) COMPETINDO ( ) RETRAINDO-SE ( ) LIDERANDO 29 ( ) NÃO PARTICIPA 15 – PRATICA ATIVIDADES FÍSICAS PERIGOSAS SEM AVALIAR AS CONSEQUÊNCIAS? ( ) SIM ( ) NÃO ( ) ÀS VEZES _______________________________________________ 16 - COMO VOCÊ PERCEBE O ALUNO(A) ? (qual a sua queixa) ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ __________________________________________________ INFORMAÇÕES DO(A) PROFESSOR(A) INFORMANTE: NOME:________________________________________________________________ E-MAIL:________________________________________ ASSINATURA:________________________________________________________ INFORMAÇÕES DA ESCOLA: NOME_______________________________________________________________ 30 ENDEREÇO:___________________________________________________________ _________________________________________________CEP:_________________ TELEFONE:___________________________________ COORDENADOR(A):___________________________________________________ SÃO PAULO, ___________ DE __________________________ DE _____________ Consultório: Contatos: e-mail: Contrato de Prestação de Serviço Psicopedagógico CONTRATADA : _______________________, licenciada em _____________________e pós-graduada em Psicopedagogia Institucional e Clínica, neste instrumento qualificado, doravante contratante, tem justo e contratado o seguinte: Cláusula 1a. – A especialista se obriga a aplicar os recursos diagnósticos de origem clínica conforme a necessidade do paciente, seguindo a sequência abaixo descrita: 1 – QUEIXA: Entrevista que aborda as múltiplas formulações feitas pelos pais, escola ou paciente; 2 – SESSÃO LÚDICA CENTRADA NA APRENDIZAGEM; Observação dos processos cognitivos, afetivo-sociais em suas interferências mútuas, no modelo de aprendizagem do paciente); 3 - - E.O.C.A: Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem ( observação dos conhecimentos, atitudes, destrezas, mecanismos de defesa, ansiedades, áreas e expressão da conduta, níveis de operatividade etc); 31 4 – ANAMNESE: Entrevista realizada com os pais, dedicada à reconstrução da história do paciente; 5 – AVALIAÇÃO DA LEITURA E ESCRITA: Verificar o nível de consciência fonológica, a organização do pensamento, a fluência na leitura e a competência na escrita; 6 – AVALIAÇÃO PERCEPTIVO MOTORA: Investigação do processo da modalidade de aprendizagem; 7 – PROVAS DO DIAGNÓSTICO OPERATÓRIO: Detectar ausência de estrutura cognoscitiva adequada que permite a organização dos estímulos, de modo a possibilitar a aquisição dos conteúdos programáticos ensinados em sala de aula; 8 – PROVAS PROJETIVAS: detectar obstáculos afetivos existentes no processo de aprendizagem de nível escolar; 9 – AVALIAÇÃO PSICOMOTORA: investigação quanto ao domínio e o conhecimento do próprio corpo; 10 – INFORME PSICOPEDAGÓGICO : Devolução: relato dos resultados obtidos ao longo do diagnóstico na área pedagógica, cognitiva e afetivo-social. Encaminhamento: indicações de atendimentos que se fazem necessários como: tratamento psicopedagógico, psicoterápico,fonoaudiológico, terapêutico-familiar, acompanhamento escolar etc. Cláusula 2ª. – O serviço prestado à contratante da sequência diagnóstica citada, é concluído em aproximadamente oito sessões, tendo a duração de 50 minutos cada sessão. 32 Parágrafo único: O pagamento é efetuado assim que se inicia o tratamento. CONTRATANTE : Sr(a)_______________________________________________________ portador(a) do RG n.___________________, CPF n.___________________________ residente na __________________________________________________________, bairro_______________________________, cidade______, fone:________________. Os deveres do contratante acima estão relacionados nos seguintes termos : Cláusula 1a. – Participar das entrevistas quando solicitado; Cláusula 2a. – Não omitir ou negligenciar fatos que possam comprometer no diagnóstico; Cláusula 3a. – Cooperar com o diagnóstico, acatando as possíveis orientações do terapeuta; Cláusula 4a. – Não faltar às sessões. Caso ocorra, deve ser justificado com antecedência. Esta falta não será abatida no valor mensal do diagnóstico; Cláusula 5a. – O responsável deverá entregar e retirar a criança no horário estabelecido, não será tolerado atraso; Cláusula 6a. – Crianças menores de 13 anos deverão estar acompanhadas de responsáveis maiores no trajeto consultório e casa, salvo termo de responsabilidade dos responsáveis; Cláusula 7a. – Dias inativos por feriados, onde o atendimento seja inviabilizado, não exime o pagamento, não podendo ser remarcado; 33 Cláusula 8a. – O valor da mensalidade referente as sessões é de R$ ______,____ mensais, sendo um atendimento(s) por semana , iniciando dia ___/___/______; Clausula 9a. – A data de pagamento das mensalidades dos atendimentos serão até o dia dez de cada mês. Parágrafo Único – Pontualidade nas datas de pagamentos das mensalidades dos atendimentos, evitando assim maiores transtornos . Cláusula 10a. – A desistência das sessões diagnósticas só ocorrerão por expressa e por escrita comunicação, com antecedência de 30 dias da rescisão contratual pelo contratante; Cláusula 11ª. – O presente contrato tem duração até o final dos atendimentos descritos na cláusula 8a., e poderá ser rescindido nas seguintes hipóteses: a) pelo contratado; b) pelo contratante; c) por inadimplência. Parágrafo Único: Em todos os casos de rescisão citados, o Contratante fica obrigado pagar o valor da parcela do mês em que ocorrer a rescisão. Cláusula 12ª. – Por estarem justos e contratados, assinam o presente instrumento em duas vias de igual teor e forma, na presença das testemunhas abaixo, para que se produzam todos os efeitos legais. São Paulo, ______ de __________________ de 20______ Assinatura do Contratante:_______________________________________________ Assinatura do Contratado:_______________________________________________ Fonte: http://psicopedagogaterezabuss.blogspot.com.br/2010/07/diagnostico-psicopedagogico_07.html 34 Conforme Weiss: “O objetivo básico do diagnóstico psicopedagógico é identificar os desvios e os obstáculos básicos no modelo de aprendizagem do sujeito, que o impede de crescer na aprendizagem dentro do esperado pelo meio social.”. Não há qualquer dúvida que o diagnóstico psicopedagógico deve ser considerado tão ou mais importante que seu próprio tratamento, uma vez que muitas famílias acreditam que uma mudança de comportamento do paciente se deu justamente no período do diagnóstico. Em razão disso, os profissionais devem realizar o diagnóstico levando em consideração toda e qualquer mudança de comportamento do paciente. Para exemplificar como o diagnóstico interfere na vida do sujeito e sua família, citaremos um exemplo de Weiss: uma paciente, uma adolescente de 18 anos cursando a 7ª série de escola especial, queixou-se à mãe que ela (Weiss, a psicopedagoga) estava forçando-a a crescer. Ela elaborou esse pensamento porque tinha medo de perder o papel da doente que necessitava da atenção exclusiva da família. Os pais perceberam que isto realmente poderia acontecer e o mesmo motivo sustentava seu casamento terminado. O profissional e a família concordaram em interromper o diagnóstico. Bossa nos ensina que a forma de se executar o tratamento na clínica, ao fazer um diagnóstico, varia entre os profissionais, dependendo da postura teórica adotada por cada um. Assim, para Visca que desenvolveu seu trabalho utilizando a linha da epistemologia convergente, o diagnóstico deve ter início já na primeira consulta (tanto dos pais quanto do próprio paciente) encerrando-se na devolutiva. Contudo, é de suma importância realizar entrevistas prévias com os pais ou responsável, para que se levante informações básicas, como: � Identificação da criança, com destaque para informações pessoais e dados de seu dia a dia, como a escola que estuda, a série, a turma, o horário, o nome da professora, entre outros dados importantes; � Motivo da consulta; 35 � Procura do psicopedagogo: por indicação; � Atendimento anterior; � Expectativa da família e da criança; � Esclarecimento sobre o trabalho psicopedagógico; � Definição de local, data e horário para a realização das sessões e honorários. A proposta de Visca é o esquema sequencial proposto pela epistemologia convergente: Ações do entrevistador EOCA Testes Anamnese Elaboração do informe Procedimentos internos do entrevistador � 1º sistema de hipóteses; � Linhas de investigação. � Escolha de instrumentos; � 2º sistema de hipóteses; � Linhas de investigação. � Verificação e decantação do 2º sistema de hipótese; � Formulação do 3º sistema de hipóteses. � Elaboração de uma imagem do sujeito (irrepetível) que articula a aprendizagem com os aspectos energéticos e estruturais, a- históricos e históricos que a condicionam. Neste caso, o especialista propõe iniciar o diagnóstico utilizando a técnica da Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem (EOCA) e não pelo método da Anamnese. Tal decisão se pauta no seguinte argumento: “... os pais, invariavelmente ainda que com intensidades diferentes, durante a anamnese tentam impor sua opinião, 36 sua ótica, consciente ou inconscientemente. Isto impede que o agente corretor se aproxime ‘ingenuamente’ do paciente para vê-lo tal como ele é, para descobri-lo.”. Os profissionais seguidores da linha da epistemologia convergente realizam a anamnese após as provas, para que não haja excesso de informações trazidas pela família, pois acreditam que fica distorcido o olhar sobre aquela criança e influencia no resultado do diagnóstico. Mas como dissemos antes, cada especialista adota uma linha de diagnóstico. No caso de Weiss, ela inicia seu diagnóstico pela anamnese, conforme a sequência apresentada, como no quadro abaixo: 1º – Entrevista Familiar Exploratória Situacional (E.F.E.S.); 2º – Anamnese; 3º – Sessões lúdicas centradas na aprendizagem (para crianças); 4º – Complementação com provas e testes (quando for necessário); 5º – Síntese diagnóstica – prognóstico; 6º – Devolução – encaminhamento. O resultado final, muito provavelmente, será o mesmo. A diferença é acreditar na linha de diagnóstico adotada e sentir confortável em sua aplicação. Como este curso está baseado na epistemologia convergente, abordaremos a anamnese ao final e iniciaremos falando sobre a EOCA (Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem). A realização da EOCA tem a finalidade de investigar o modelode aprendizagem do sujeito, sendo sua prática baseada na psicologia social de Pichón Rivière, nos postulados da psicanálise e no método clínico da Escola de Genebra. (BOSSA, 2000, p. 44). 37 Para que fique mais claro, a EOCA segundo Visca, é realizada como de pedir ao paciente que apresente ao entrevistador “o que sabe fazer, o que lhe ensinaram a fazer e o que aprendeu a fazer”, utilizando materiais e ferramentas disponíveis sobre a mesa de entrevistas, após a seguinte observação do entrevistador: “este material é para que você, o use se precisar para mostrar-me o que te falei que queria saber de você” (VISCA, 1987, p. 72). EOCA – Modelo EOCA - ENTREVISTA OPERATIVA CENTRADA NA APRENDIZAGEM Nome:________________________________________________ Idade :________________________________________________ Gostaria que você mostrasse o que sabe fazer, o que te ensinaram e o que aprendeu. Escolaridade do aluno: ______________________________ Alguma repetência? ( ) sim ( ) não Qual?______________________________ Disciplina favorita? ________________________________ Por quê ?____________________________________________ Desde quando?________________________________________ Disciplina de que não gosta?_________________________ Por quê?_____________________________________________ Desde quando?________________________________________ Disciplina(s) indiferente(s)_________________________ Sempre foram essas? ( ) sim ( ) não Por quê?_____________________________________________ O que deseja fazer quando crescer?___________________ Por quê?_____________________________________________ Como foi sua entrada na escola atual?________________________ Teve outras? ( ) sim ( ) não Como foi?________________________ Você sabe por que está aqui comigo hoje? ( ) sim ( ) não O que achou da ideia?________________________________ 38 Você quer estar aqui ou veio porque sua mãe, o colégio ou o seu professor o obrigou? Eles têm razão? ( ) sim ( ) não Se pudesse e tivesse que fazer algo para um aluno que se parecesse com você em sala de aula, o que aconselharia, a fazerem: Aos pais:____________________________________________ Aos professores:______________________________________ Você gosta de: Use este material se precisar, para mostrar-me o que você conhece a respeito do que sabe fazer, do que lhe ensinaram e o que aprendeu. Desenhe, escreva, faça alguma coisa que lhe venha à cabeça. ROTEIRO DE OBSERVAÇÃO Marque as questões observadas. Em relação à temática: ( ) fala muito durante todo o tempo da sessão; ( ) fala pouco durante todo o tempo da sessão; ( ) verbaliza bem as palavras; ( ) expressa com facilidade; ( ) apresenta dificuldades para se expressar verbalmente; ( ) fala de suas ideias, vontades e desejos; ( ) mostra-se retraído para se expor; ( ) sua fala tem lógica e sequência de fatos; ( ) parece viver num mundo de fantasias; ( ) tem consciência do que é real e do que é imaginário; ( ) conversa com o terapeuta sem constrangimento. Observação: _________________________________________ Em relação à dinâmica (consiste em tudo que o cliente faz): ( ) o tom de voz é baixo; 39 ( ) o tom de voz é alto; ( ) sabe usar o tom de voz adequadamente; ( ) gesticula muito para falar; ( ) não consegue ficar assentado; ( ) tem atenção e concentração; ( ) anda o tempo todo; ( ) muda de lugar e troca de materiais constantemente; ( ) pensa antes de criar ou montar algo; ( ) apresenta baixa tolerância à frustração; ( ) diante de dificuldades desiste fácil; ( ) tem persistência e paciência; ( ) realiza as atividades com capricho; ( ) mostra-se desorganizado e descuidado; ( ) possui hábitos de higiene e zelo com os materiais; ( ) sabe usar os materiais disponíveis e conhece a utilidade de cada um; ( ) ao pegar os materiais, devolve no lugar depois de usá-los; ( ) não guarda o material que usou; ( ) apresenta iniciativa; ( ) ocupa todo o espaço disponível; ( ) possui boa postura corporal; ( ) deixa cair objetos que pega; ( ) faz brincadeiras simbólicas; ( ) expressa sentimentos nas brincadeiras; ( ) leitura adequada à escolaridade; ( ) interpretação de texto adequada à escolaridade faz cálculos; ( ) escrita adequada à escolar. Observação: _________________________________________ Em relação ao produto (é o que o sujeito deixa registrado no papel): ( ) desenha e depois escreve; ( ) escreve primeiro e depois desenha; ( ) apresenta os seus desenhos com forma e compreensão; ( ) não consegue contar ou falar sobre os seus desenhos e escrita; ( ) se nega a descrever sua produção para o terapeuta; ( ) sente prazer ao terminar sua atividade e mostrar; ( ) demonstra insatisfação com os seus feitos; ( ) sente-se capaz para executar o que foi proposto; ( ) sente-se incapaz para executar o que foi proposto; ( ) os desenhos estão no nível da idade do entrevistado; ( ) prefere matérias que lhe possibilite construir, montar ou criar; ( ) fica preso no papel e lápis; ( ) executa a atividade com tranquilidade; ( ) demonstra agressividade de alguma forma em seus desenhos, em suas criações ou no comportamento; ( ) é criativo(a). 40 Observação: _________________________________________ Conclusão: _____________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ São Paulo, ______de __________________de 2012. Fonte: http://psicopedagogia-sp.com/pdfsite/SESS%c3O%20L%daDICA%20CENTRADA%20NA%20APRENDIZAGEM.pdf 4.2 – Avaliação psicopedagógica Durante a avaliação, o entrevistador poderá oferecer diversos materiais para o paciente. Dentre os mais utilizados pelo psicopedagogo, destacamos as folhas de papel, borracha, caneta, tesoura, régua, livros ou revistas, barbantes, cola, lápis, massa de modelar, lápis de cor, lápis de cera, quebra- cabeça ou ainda, outros materiais que julgar necessário. O entrevistado tende a comportar-se de diferentes maneiras após ouvir a recomendação. Alguns, imediatamente pegam o material e começam a desenhar ou escrever. Outros começam a falar, outros pedem que lhe digam o que fazer e outros simplesmente ficam inertes. Neste último caso, Visca nos sugere aplicar o que ele chamou de modelo de alternativa múltipla, cuja finalidade é estimular respostas por parte do sujeito. Visca exemplifica: “você pode desenhar, 41 escrever, fazer alguma coisa de matemática ou qualquer coisa que lhe venha à cabeça...”. “No outro extremo encontramos a criança que não tem qualquer contato com os objetos. Às vezes se trata de uma evitação fóbica que pode ceder ao estímulo. Outras vezes se trata de um desligamento da realidade, uma indiferença sem ansiedade na qual o sujeito se dobra, às vezes, sobre seu próprio corpo e outras vezes, permanece numa atividade quase catatônica.” (1992, p. 53). Piaget, em “Psicología de la Inteligência”, coloca que: “O indivíduo não atua senão quando experimenta a necessidade, ou seja, quando o equilíbrio se acha momentaneamente quebrado entre o meio e o organismo, a ação tende a reestabelecer este equilíbrio, quer dizer, precisamente, a readaptar o organismo...” (PIAGETapud VISCA, 1991, p. 41). De acordo com Visca, o que nos interessa observar na EOCA são “...seus conhecimentos, atitudes, destrezas, mecanismos de defesa, ansiedades, áreas de expressão da conduta, níveis de operatividade, mobilidade horizontal e vertical etc.” (1987, p. 73). 42 Instrumentos de avaliação no consultório psicopedagógico 1. Desenho da figura humana; 2. Reconhecimento das partes do corpo; 3. Desenho da família; 4. Técnicas projetivas psicopedagógicas de Jorge Visca; 5. Figuras geométricas de Zaldo Rocha; 6. Provas de lateralidade; 7. Teste de orientação espacial; 8. Teste de orientação direito/esquerda; 9. Observação de atividades viso-motor; 10. Pesquisa de coordenação ampla (coordenação dinâmica); 11. Hora do jogo; 12. Torre de Hanói (adolescentes); 13. Diagnóstico operatório (provas piagetianas); 14. Entrevista do realismo nominal (nível de leitura e escrita); 15. Provas pedagógicas variadas. 43 A avaliação acontece entre 8 a 10 sessões, podendo confirmar ou não alguma dificuldade de aprendizagem. A intervenção começa a partir desta confirmação! Fonte: http://psico09.blogspot.com.br/2012/03/instrumentos-de-avaliacao-no.html Ainda durante a avaliação, o psicopedagogo deverá observar três aspectos fundamentais que serão base para um sistema de hipóteses. São eles: � A temática: deve-se observar tudo aquilo que o paciente fala; � A dinâmica: deve-se observar tudo o que paciente faz, como, por exemplo, gestos, sinais, posturas etc; � O produto: deve-se observar o resultado do trabalho com os materiais disponibilizados pelo psicopedagogo. Visca (1987) observa que iremos obter nesta primeira entrevista, um conjunto de observações que deverão ser submetidas a uma verificação mais rigorosa, constituindo o próximo passo para o processo diagnóstico. É da EOCA que o psicopedagogo extrairá o primeiro sistema de hipóteses e definirá sua linha de pesquisa. Logo após, são selecionadas as provas piagetianas para o diagnóstico operatório, as provas projetivas psicopedagógicas e outros instrumentos de pesquisa complementares. Visca apresenta em seu livro “El diagnostico operatório em la practica psicopedagogica”, as provas no método clínico, aplicadas por Piaget na Escola de Genebra, apresentando os passos realizados com grupos de estudos e cursos voltados para o ensino do diagnóstico psicopedagógico. Visca diz que: “A aplicação das provas operatórias tem como objetivo determinar o nível de pensamento do sujeito realizando 44 uma análise quantitativa, e reconhecer as diferenças funcionais realizando um estudo predominantemente qualitativo.”. Explica ainda que as provas: “... no siempre han sido adecuadamente entendidas y utilizadas de acuerdo com todas las posibilidades que las mismas poseen”, ou seja, as provas não são aplicadas em todas as suas possibilidades devido a uma possível dificuldade de sua correta aplicação, evolução e extração das conclusões úteis para entender a aprendizagem. Segundo Weiss: “As provas operatórias têm como objetivo principal determinar o grau de aquisição de algumas noções-chave do desenvolvimento cognitivo, detectando o nível de pensamento alcançado pela criança, ou seja, o nível de estrutura cognoscitiva com que opera.” MODELO DE RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA NOME: __________________________________________________________ NASCIMENTO: ____/_____/_____ IDADE: _____________ ESCOLARIDADE:_____________________________ A/C : Coordenadora Pedagógica MOTIVO DA CONSULTA: ________________________________ 45 COLETA DE DADOS:__________________________________ 1 – Anamnese: comentários; 2 – Sessão lúdica centrada na aprendizagem: comentários. INSTRUMENTOS: Para a investigação diagnóstica foram utilizados os seguintes instrumentos: – DIAGNÓSTICO OPERATÓRIO (Piaget): foram aplicadas as provas para a análise do desenvolvimento cognitivo organizadas por Piaget, mais comentários; – AVALIAÇÃO PERCEPTIVO-MOTORA (Borel Maisonny): foram aplicadas as provas para verificação do desenvolvimento perceptivo-motor, organizadas por Borel Maisonny e adaptadas para a realidade brasileira por Regina Morizot, mais comentários; – AVALIAÇÃO DA LEITURA/ESCRITA (Regina Morizot): foram aplicadas as provas para avaliação da leitura/escrita, com os seguintes resultados, mais comentários; – CONCLUSÕES: De acordo com os dados coletados durante a avaliação psicopedagógica, concluímos que as dificuldades apresentadas pelo________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ PROGNÓSTICO: 46 Caso os tratamentos tenham continuidade e a família consiga estabelecer limites disciplinares sem autoritarismo ou permissividade, que possam contribuir para a construção de sua autonomia, o ____________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ São Paulo, _____ de ___________ de 20 ______ . ____________________________________________ Ass e carimbo do profissional Fonte: http://psicopedagogia-sp.com/pdfsite/SESS%c3O%20L%daDICA%20CENTRADA%20NA%20APRENDIZAGEM.pdf É importante estar atento ao volume de provas aplicadas em uma mesma sessão, uma vez que, segundo ele, as respostas podem ser contaminadas. Tudo deve ser anotado pelo psicopedagogo, de forma detalhada, desde suas falas, atitudes e soluções para questões, até mesmo a forma de arrumar seu material. Todas as anotações serão de grande valia para interpretação das condutas. Na avaliação, as respostas são divididas em três níveis: � Nível 1: sem alteração, ou seja, a pessoa não atinge nem mesmo o nível operatório; � Nível 2 ou intermediário: apresenta alteração em alguns momentos e em outros não, com respostas oscilantes, instáveis e incompletas; � Nível 3: respostas seguras, demonstrando noção e sem oscilações. Weiss faz a seguinte afirmação sobre as diferentes condutas em provas distintas: 47 “... pode ocorrer que o paciente não obtenha êxito em apenas uma prova, quando todo o conjunto sugere a sua possibilidade de êxito. Pode-se ver se há um significado particular para a ação dessa prova que sofra uma interferência emocional: encontramos várias vezes crianças, filhos de pais separados e com novos casamentos dos pais, que só não obtinham êxito na prova de intersecção de classes. Podemos ainda citar crianças muito dependentes dos adultos que ficam intimidadas com a contra-argumentação do terapeuta, e passam a concordar com o que ele fala, deixando de lado a operação que já são capazes de fazer.” Em relação às crianças com alguma deficiência mental ela nos diz que: No caso de suspeita de deficiência mental, os estudos de B. Inhelder (1944) em “El diagnóstico del razonamiento en los débiles mentales” mostram que os oligofrênicos (QI 0-50) não chegam a nenhuma noção de conservação; os débeis mentais (QI 50-70) chegam a ter êxito na prova de conservação de substância; os fronteiriços(QI 70-80) podem chegar a ter sucesso na prova de conservação de peso; os chamados de inteligência normal “obtusa” ou “baixa”, podem obter êxito em provas de conservação de volume e, às vezes, quando bem trabalhados, podem atingir o início do pensamento “formal”. O psicólogo Jorge Visca, criador das técnicas projetivas psicopedagógicas, entende que as provas projetivas têm por função investigar os vínculos de uma pessoa, em três segmentos específicos, são eles: a escola, a família e si próprio, sendo possível reconhecer três níveis em relação ao grau de consciência dos distintos aspectos que constituem o vínculo de aprendizagem. Sobre as provas projetivas Weiss observa que: 48 “O princípio básico é de que a maneira do sujeito perceber, interpretar e estruturar o material ou situação, reflete os aspectos fundamentais do seu psiquismo. É possível, desse modo, buscar relações com a apreensão do conhecimento, como procurar, evitar, distorcer, omitir, ou esquecer algo que lhe é apresentado. Podem-se detectar, assim, obstáculos afetivos existentes nesse processo de aprendizagem de nível geral e especificamente escolar.” Para Sara Paín, “o que podemos avaliar através do desenho ou relato é a capacidade do pensamento para construir uma organização coerente e harmoniosa, elaborando a emoção. Também permitirá avaliar a deteriorização que se produz no próprio pensamento.”. De acordo com a epistemologia convergente, após a aplicação das provas operatórias e das técnicas projetivas, o psicopedagogo levantará o segundo sistema de hipóteses e organizará sua linha de pesquisa para a anamnese que, como vimos anteriormente, terá lugar no final do processo diagnóstico, de modo que não interrompa a percepção do avaliador. Weiss nos diz que as observações sobre o funcionamento cognitivo do paciente não se restringe às provas do diagnóstico operatório; elas devem ser feitas no decorrer do processo diagnóstico. Na anamnese, verifica-se com os pais como se deu essa construção e as adulterações ocorridas no percurso, ou seja, trata- se de uma ferramenta essencial para o processo de diagnóstico. Através da anamnese é possível compreender situações do passado e do presente do indivíduo, bem como possíveis variáveis existentes em seu meio. Através dela é possível verificar padrões familiares sobre a história do indivíduo, preconceitos, expectativas, relações familiares e demais informações que possam ser depositadas sobre ele. Na pior das hipóteses sobre a importância da anamnese, podemos considerá-la como uma incursão na vida do paciente, buscando uma reflexão desde a origem do 49 paciente, bem como de sua família. Segundo Weiss, o objetivo da anamnese é “colher dados significativos sobre a história de vida do paciente.”. Neste sentido, colher dados nada mais é do que realizar entrevistas com os pais ou responsáveis para, a partir daí, levantar o máximo de informações possíveis e consequente análise com levantamento do terceiro sistema de hipóteses. Porém, para ter sucesso em todo o processo, tanto o levantamento de informações quanto as análises, elas devem ser muito bem conduzidas e registradas. Assim, o profissional deve ter em mente que, para conseguir o máximo de informações, os entrevistados devem estar à vontade e com liberdade para expor seus sentimentos sobre o indivíduo. Tal liberdade permite que os entrevistados recordem detalhes sobre o indivíduo, que serão fundamentais para a análise do psicopedagogo. Weiss adota a mesma técnica de permitir que os entrevistados falem livremente, porém, considera importante direcionar a entrevista sempre que houver necessidade. De acordo com Paín, a história vital nos permitirá “...detectar o grau de individualização que a criança tem com relação à mãe e a conservação de sua história nela.”. É importante iniciar a entrevista falando sobre a gravidez, o pré-natal e a concepção. Weiss nos informa que a história do paciente tem início no momento da concepção. Os estudos de Verny (1989) sobre a psicologia pré-natal e perinatal, vêm reforçar a importância desses momentos na vida do indivíduo e, de algum modo, nos aspectos inconscientes de aprendizagem”. MODELO DE ANAMNESE PSICOPEDAGÓGICA 50 Informante: _____________________________________ Data____/____/_____ Dados Gerais Nome ______________________________________________________________________ Data de Nascimento ____/______/______ Sexo _________________ posição familiar ____________________ Pai_______________________________ Idade __________ Profissão ___________ Mãe _______________________________ Idade__________ Profissão __________ Irmão__________________________ Idades __________________________________ Endereço ____________________________ Nº ______ Bairro___________ Telefones____________ Escola _________________________ Série ___________ Turno _______________ Endereço _______________________________________________ Telefones Profissionais Responsáveis ______________________________________________________________________ Faz outros Atendimentos? _______ Quais __________________________________ 51 Com Quem? _______________________________ Telefones? __________________ Indicado por___________________________________________________________ QUEIXAS OU MOTIVO DA CONSULTA (palavra dos pais) ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ____________________________________________ HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DA QUEIXA Início (data) e circunstâncias ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ Acredita devido a quê (motivações) ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________ Desenvolvimento, agravamento e melhora do sintoma ____________________________________________ Como os pais lidam com o sintoma? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ Repercussões sociais (família, escola, vizinhança etc) ______________________________________________________________________ 52 Ideias do cliente sobre seus problemas e atitudes em relação a eles (indiferença, resistência, interesse pelo o atendimento etc? ______________________________________________________________________ ESCOLARIDADE Quando e como foi a entrada do filho na escola? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ Qual o critério utilizado para a escolha da escola? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ Como os pais perceberam a evolução do filho na escola (destacar cada etapa escolar, por exemplo, alfabetização?). Como, nesta evolução, os pais viram a capacidade e os pontos fracos do filho? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ Qual a contribuição dos pais neste processo? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________
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