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CERVEJA 1 CERVEJA Há registros da utilização da cerveja entre os povos da Suméria, babilônia e Egito na antiguidade. Há aproximadamente 8 mil anos uma receita de pão deu errado na mesopotâmia. Durante a fermentação, um pouco de água caiu na massa, atrapalhando todo o processo. 2 CERVEJA A bebida também foi produzida por gregos e romanos, porém foram os povos bárbaros de origem germânica, que ocuparam a Europa durante o império romano, que se destacaram na arte de fazer cerveja 3 O hábito de tomar cerveja foi trazido pela coroa portuguesa durante sua permanência no território brasileiro. A cerveja consumida era importada de países europeus. Em meados de 1888, no Rio de Janeiro, foi fundada a Manufatura de Cerveja Brahma Villigier e Cia. E poucos anos depois, em São Paulo, a Companhia Antártica Paulista. 4 Produção e consumo no Brasil Por mais de cem anos, essas duas cervejas mantiveram o domínio do mercado de cerveja no Brasil. Em 1999, as empresas se fundiram, originando a AmBev e, em 2004, AmBev e Interbrew, uma cervejaria belga, combinaram para compor a ABInBev, a maior cervejaria do mundo em volume de produção, o que dá ao mercado brasileiro característica de oligopólio. 5 Produção e consumo no Brasil No mercado de cerveja, o Brasil só perde, em volume, para a china, Estados Unidos e Alemanha. 6 Produção e consumo no Brasil 7 País Consumo per capita (litros/habitante ano) República Checa 158,0 Alemanha 117,7 Reino Unido 101,5 Austrália 92,0 Estados Unidos 84,0 Espanha 78,3 Japão 56,0 México 50,0 Brasil 47,0 França 35,5 Argentina 34,0 China 18,0 Mesmo com o destacado 4° lugar na produção mundial de cervejas, o brasileiro consome uma média de 47,6 litros/ano por habitante, abaixo do total registrado por vários países, como Estados Unidos (84 litros/ano) e Austrália (92 litros/ano). Produção e consumo no Brasil Fonte: Sindicato nacional da indústria da cerveja (2004) No Brasil, o ministério da agricultura é o órgão responsável pelo registro, classificação, padronização, controle, inspeção e fiscalização da cerveja, bem como de outras bebidas alcoólicas e não alcoólicas, sob os aspectos sanitários e tecnológicos. A legislação brasileira define cerveja como sendo a bebida obtida pela fermentação alcoólica do mosto de malte, por ação da levedura cervejeira. Como matérias-primas são utilizados malte, água e lúpulo, sendo que parte do malte pode ser substituído por cereais maltados ou não, ou por carboidratos de origem vegetal. 8 Legislação brasileira Tipo de fermentação - Cerveja de alta fermentação: obtida pela ação de levedura cervejeira que emerge à superfície do líquido na fermentação tumultuosa; - Cerveja de baixa fermentação: obtida pela ação de levedura cervejeira que se deposita no fundo da cuba durante ou após a fermentação tumultuosa. 9 Classificação legislação brasileira Teor de extrato primitivo - Cerveja fraca: quando fabricada a partir de mosto com teor de extrato primitivo igual ou maior que 7,0% e menor que 11,0% em peso. - Cerveja normal ou comum: quando produzida a partir de mosto com teor de extrato primitivo igual ou maior que 11% e menor que 12,5% em peso; - Cerveja extra: quando fabricada a partir de mosto com teor de extrato primitivo igual ou maior que 12,5% e menor que 14% em peso; - Cerveja forte: quando produzida a partir de mosto com teor de extrato primitivo maior que 14% em peso. 10 Classificação legislação brasileira Cor - Cerveja clara: quando possuir cor correspondente a menor de 15 unidades EBC (European Brewery Convention); - Cerveja escura: quando possuir cor correspondente a maior de 15 unidades EBC. 11 Classificação legislação brasileira Teor alcoólico - Cerveja sem álcool: quando seu conteúdo em álcool for menor ou igual 0,5% em peso. - Cerveja de baixo teor alcoólico: quando seu conteúdo em álcool for maior que 0,5% e menor que 2,0%, em peso. - Cerveja de médio teor alcoólico: quando seu conteúdo em álcool for igual ou maior que 2,0% e menor que 4,5%, em peso. - Cerveja de alto teor alcoólico: quando seu conteúdo em álcool for igual ou maior que 4,5% e menor que 7,0%, em peso. 12 Classificação legislação brasileira Teor de extrato no produto acabado - Cerveja de baixo teor de extrato: quando o teor de extrato for menor que 2,0% em peso. - Cerveja de médio teor de extrato: quando o teor de extrato for igual ou maior que 2,0% em peso e menor que 7,0% em peso. - Cerveja de alto teor de extrato: quando o teor de extrato for igual ou maior que 7,0% em peso. 13 Classificação legislação brasileira - Segundo a legislação, a cerveja de acordo com o seu tipo pode ser denominada de Pilsen, Export, Lager, Dortmunder, Munchen, Bock, Malzbier, Ale, Stout, Porter e Weissbier. 14 Classificação legislação brasileira Classificação das Cervejas As cervejas são classificadas de diferentes formas em função da fermentação e do produto acabado. 15 16 Coadjuvante Ação Levedura Agente da fermentação Albumina Clarificante Asbesto Filtrante Betonita Clarificante Carbonato de Amônio Nutriente Carvão ativo Descolorante e desodorizante Celulose Filtrante Enzimas amilolíticas e proteolíticas Biocatalisadores Fosfato de amônio Nutriente Gelatina comestível e ictiocola Clarificante Nitrogênio Protetor Perlita Filtrante Polivinilpirrolidona (PVP) Clarificante Solução coloidal de sílica Clarificante Tanino Clarificante Terra diatomácea Filtrante - A levedura cervejeira, as enzimas e os agentes clarificantes, filtrantes e absorventes são considerados como coadjuvantes da tecnologia de fabricação. 17 Classificação legislação brasileira Os aditivos são classificados - intencionais: são aqueles utilizados intencionalmente na produção de cerveja visando melhorar, corrigir ou preservar a aparência, sabor, corpo e propriedades de armazenamento. Aditivo Ação Ácido ascórbico e seus sais Antioxidante Ácido isoascórbico Antioxidante Ácido lático Acidulante Alginato de propilenoglicol Estabilizante Caramelo Corante Díoxido de carbono Conservador Dióxido de Enxofre Conservador Propionato de cálcio ou sódio Conservador Agentes tamponantes: bicarbonatos, carbonatos, citratos, ortofosfatos, etc. Tamponate 18 Classificação legislação brasileira Os aditivos são classificados - incidentais: encontra-se os defensivos agrícolas, solventes do extrato de lúpulo e contaminantes minerais. Contaminante mineral Limite máximo (ppm) Arsênio 0,2 Chumbo 0,3 Cobre 5,0 Estanho 250 Ferro 15,0 Zinco 5,0 Conteúdo total de metais de Fe, precipitados pelo ferrocianeto de potássio 20,0 - Segundo a legislação as cervejas não podem apresentar germes patogênicos ou substâncias produzidas por micro-organismos em quantidades que possam causar dano à saúde humana. - Aqueles que forem pasteurizadas não devem possuir micro-organismos capazes de causar deterioração do produto nas condições normais de armazenamento. - Os estabelecimentos que fabricam cerveja devem apresentar as condições de higiene fixadas nas normas sanitárias em vigor. 19 Classificação legislação brasileira Matérias – primas na fabricação Na produção de cerveja, temos três matérias-primas fundamentais: o malte, o lúpulo e a água cervejeira. A exceção da Alemanha, todos os demais produtores mundiais utilizam os três ingredientes básicose mais um adjunto. 20 Matérias – primas na fabricação A antiga lei de pureza da cerveja (Reinheitsgebot) publicada na Bavária estabelece que esta bebida deve ser produzida exclusivamente com malte, lúpulo e água, sem qualquer aditivo. - A levedura cervejeira não deve ser considerada como matéria-prima, uma vez que é utilizada apenas como agente de transformação bioquímica dos ingredientes usados na fabricação da cerveja, através da fermentação alcoólica. 21 É o termo usado para indicar cereais que passaram pelo processo de malteação. Esse processo consiste em transformar internamente os grãos, deixando-os com uma carga bastante grande de enzimas responsáveis por reduzir o amido em açúcar, que será o alimento das leveduras. O principal cereal malteado utilizado na fabricação de cerveja é a cevada. 22 Malte / Cevada Por que as cervejas normalmente são fabricadas a partir da cevada maltada? Não se poderia produzir cerveja a partir de malte de outros cereais? 23 Cevada A cevada é a que apresenta menores dificuldades técnicas no processo de maltagem. Apresenta em sua composição alto teor de amido, ou extrato fermentável. A proteína presente encontra-se em quantidade e qualidade suficiente para a nutrição das leveduras durante a fermentação, como também para a formação de espuma no produto final. A cevada maltada confere sabor, odor e corpo característicos, normalmente agradável a cerveja. 24 Cevada - O malte de milho apresenta problema de ranço de sua fração lipídica; - o trigo, durante a maltagem sofre ataque de micro-organismos que crescem na superfície do trigo. 25 Malte O malte utilizado em cervejaria é obtido a partir de cevadas de variedades selecionadas especificamente para esta finalidade. A cevada é uma planta da família das gramíneas parente próxima do trigo, e sua cultura é efetuada em climas temperados. No Brasil é produzido no Rio Grande do Sul durante o inverno, e na América do Sul, a Argentina é a grande produtora. 26 Malte / Cevada A cevada é uma gramíneas do gênero Hordeum, cujos grãos na espiga podem estar alinhados em duas ou seis fileiras. - A cevada de seis fileiras, em relação a de duas, apresenta menor teor de amido, maior riqueza proteica (enzimática), seus grãos são menos uniformes e possuem mais cascas. - Assim, a cevada de seis filas deve apresentar alguma dificuldade na produção de malte e na moagem dos grãos na cervejaria, menor rendimento na mosturação, mas, por outro lado, facilita a filtração do mosto e aceita maior proporção de adjunto na formulação da cerveja. 27 Cevada Os Estados Unidos usam preferencialmente o malte de cevada de seis fileiras, enquanto que a de duas filas é utilizada na produção de cerveja europeia. - No Brasil, a cevada cervejeira produzida nos estados do sul apresenta duas filas. 28 Malte / Cevada A cevada, adequada para a produção de cerveja, necessita apresentar alguns atributos: - Deve germinar fácil e uniformemente, apresentando brotamento em mais que 98% dos grãos após a fase de maceração na maltagem. - É preciso que o teor de proteína não seja elevado, o nível ideal está entre 9,5 e 11,5%. - Também deve-se ter atenção ao teor de polifenol (tanino) e de betaglucano, devido aos problemas de turvação e filtração. 29 Cevada Após a colheita no campo, os grãos de cevada são armazenados em silos sob condições controladas de temperatura e umidade, aguardando o envio para a Maltaria, que é a indústria que irá fazer a transformação da cevada em malte. Esse processo consiste, basicamente, em colocar o grão de cevada em condições favoráveis a germinação, deixar esta começar a ocorrer e interrompe-la tão logo o grão tenha iniciado o processo de criação de uma nova planta. 30 Cevada / Malte Nessa fase, o amido do grão apresenta-se em cadeias menores do que na cevada, o que o torna menos duro e mais solúvel; no interior do grão, formam-se enzimas fundamentais para o processo de fabricação de cerveja. A germinação é interrompida por secagem a temperaturas controladas, de modo a reduzir o teor de umidade sem destruir as enzimas formadas. 31 Malte O malte é, portanto, o grão de cevada que foi submetido a um processo de germinação controlada para desenvolver enzimas e modificar o amido, tornando-o mais macio e solúvel. No passado o processo de malteação era realizado dentro das próprias cervejarias; hoje existem empresas especializadas em produzir malte, conhecido por maltarias. 32 Malte 33Maceração O processo de maltagem é constituído por três etapas: maceração, germinação e secagem. - Na primeira etapa, a cevada limpa e classificada proveniente do silo é colocada em tanques cilíndricos verticais para ser macerada com água. - Nesse processo a água de maceração, temperatura na faixa de 5 a 18°C, é trocada a cada 6, 8 horas. - O oxigênio necessário à respiração do embrião da cevada é fornecido através da injeção e ar nos tanques e durante as trocas das águas de maceração. - O processo termina em dois dias, quando a cevada atinge 42-48% de umidade. 34Germinação A cevada macerada é colocada para germinar em compartimentos apropriados, que apresentam desenho e funcionamento variados. É comum os germinadores apresentarem fundo falso perfurado, sobre o qual repousa uma camada de cevada, cuja espessura varia de 0,25 a 1,5m dependendo do processo adotado. - Ar úmido em fluxo ascendente ou descendente atravessa o leito de cevada e mantém a temperatura dos grãos na faixa de 15 a 21°C. Além de retirar calor, a corrente de ar arrasta o gás carbônico que também é produzido na respiração, ao mesmo tempo que fornece oxigênio indispensável para o processo germinativo. 35Germinação - O acompanhamento da germinação é feito pela observação do crescimento do embrião, pelo odor e pela textura dos grãos. - Usualmente o malteiro encerra essa etapa quando a estrutura embrionária atinge dois terços do comprimento do grão. - O tempo requerido nessa fase está entre 4 e 6 dias; equipamentos modernos realizam essa tarefa em 3 a 4 dias. - O processo de germinação é interrompida pela secagem dos grãos de malte. 36Secagem - Os secadores também apresentam fundo falso perfurado, sobre o qual repousa o leito de malte. - O ar de secagem, quente e seco, passa através do leito de malte em fluxo ascendente ou descendente. - A secagem por longo período e baixas temperaturas resulta em malte claro, com conteúdo enzimático praticamente intacto, enquanto a secagem rápida e quente produz malte escuro, com atividade enzimática deficiente. 37Secagem Ar na temperatura de 49-60°C • Remoção da água livre; Umidade cai de 48% para 23%. Ar na temperatura até 71°C • Umidade cai para 12%. Ar na temperatura até 88-100°C • Umidade vai para 4-5% (lager) e 2-3% (ale). 38 Malte Cevada Malte Massa do grão, mg 32-36 29-33 Umidade % 10-14 4-6 Amido % 55-60 50-55 Açucares % 0,5-1,0 8-10 Nitrogênio Total % 1,8-2,3 1,8-2,3 N solúvel / N total % 10-12 35-50 Na maioria dos países – Brasil inclusive – é costume substituir parte do malte de cevada por outros cereais, também chamados de adjuntos. Consegue-se dessa forma uma vantagem econômica, caso o cereal substituído seja mais barato que o malte, e produz-se uma cerveja mais leve e suave do que aquela obtida exclusivamente com malte de cevada. 39 Adjuntos O uso de adjuntos açucarados, principalmente na forma de xarope, é outra forma de fornecer carboidratos fermentescíveis ao mosto e tem crescido em função da sua uniformidade, da facilidade no armazenamentoe na utilização industrial em comparação aos adjuntos amiláceos, como o milho e o arroz. Dentre os adjuntos açucarados sobressaem os xaropes de cereais, sendo o de milho o principal deles, o açúcar comum (sacarose) e o invertido (xarope de glicose e frutose) provenientes da cana de açúcar ou beterraba sacarina. 40 Adjuntos açucarados As cervejas que utilizam adjunto na composição são mais leves e refrescantes, saciam menos, apresentam normalmente cor mais clara e maior brilho. O nível de substituição do malte pelo adjunto pode chegar a 50%. Não há regra geral com relação à utilização de adjunto, cada cervejaria deve definir a proporção malte/adjunto para cada tipo de cerveja que produz. Os adjuntos são adicionados normalmente ao mosto durante a fervura, aumentando o seu teor de extrato. 41 Adjuntos açucarados 42 Lúpulo O lúpulo (Humulus lupulus L.) é uma trepadeira perene, cujas flores fêmeas apresentam grande quantidade de resinas amargas e óleos essenciais, que conferem a cerveja o sabor amargo e o aroma que caracterizam a bebida. Pode-se dizer que é o tempero da cerveja e é um dos principais elementos de que os mestres cervejeiros dispõem para diferenciar suas cervejas das demais. A quantidade e o tipo de lúpulo utilizado é um segredo guardado a sete chaves pelos cervejeiros. 43 Lúpulo O lúpulo, além de conferir aroma e amargor, apresenta ação antisséptica, pois os ácidos isoalfa são bacteriostáticos; contribui também para a estabilidade do sabor e da espuma da cerveja. As resinas do lúpulo são constituídas principalmente de alfa e beta ácidos. - Os primeiros são a fonte principal de amargor na cerveja. 44Lúpulo Componentes Concentração (%) Água 10,0 Resinas Totais 15,0 Óleos Essenciais 0,5 Tanino 4,0 Monossacarídeos 2,0 Pectina 2,0 Aminoácidos 0,1 Proteína bruta 15,0 Liídeos e ceras 3,0 Cinzas 8,0 Celulose, lignina, etc. 40,4 Total 100,0 45 Lúpulo - Os óleos essenciais do lúpulo são uma mistura de várias centenas de componentes: hidrocarbonetos, ésteres, aldeídos, cetonas, ácidos e álcoois. - Os óleos apresentam influencia tanto no sabor quanto no aroma da cerveja, embora a maior parte destes seja arrastada com o vapor durante a fervura do mosto. Mas isso é desejável, uma vez que grandes concentrações desses tornariam a cerveja intragável. Água Em quantidade, o componente principal da cerveja. Muito do sucesso da cerveja deve-se às características da água com que são produzidas. Nome Pilsen tornou-se indicativo de qualidade devido as características da água da cidade de Pilsen- Tchecoslováquia. 46 Água Em tese é possível adequar a composição de qualquer água às características desejadas, porém, o custo de alterar a composição salina da água normalmente é muito alto. Por esse motivo as cervejarias ainda hoje consideram a qualidade da água disponível como fator determinante para localização de suas fábricas. 47 Água No Brasil, a maioria das regiões dispõe de águas suaves e adequadas à produção das cervejas Lager, denominação genérica do tipo de cerveja clara e suave que é produzida no país. Cada 100 litros de cerveja consome aproximadamente 1000 litros de água durante o processo de fabricação. 48 Água Uma boa água cervejeira deve apresentar os requisitos básicos: - Ser potável, transparente, incolor, inodora e livre de qualquer sabor estranho. Se for água de superfície (rios, lagos) deve necessitar de tratamento para reduzir ou eliminar a matéria orgânica. - Deve apresentar na fonte alcalinidade máxima de 50 ppm. Dentro desse limite, pode-se trabalhar com água com pH na faixa de 4 e 9. - Possuir aproximadamente 50 ppm de cálcio. O teor de cloreto, na forma de NaCl, varia em função da preferência de sabor. 49 Água Água com elevado teor de sulfato de cálcio está associada com cervejas amargas (Burton-on-Trente); Menor teor de gesso e maior teor de carbonato de cálcio resulta em água apropriada para fabricação de cervejas mais escuras e adocicadas (Dublin, Munchen e London); Água rica em íons cloreto, sulfato e bicarbonato caracteriza a cerveja Dortmund. ✓ O gasto de água nas cervejarias varia de 4 a 10 vezes o volume de cerveja produzida. 50 É o número genérico de micro- organismos, leveduras, utilizadas na indústria cervejeira graças à sua capacidade de transformar açúcar em álcool. A levedura utilizada em cervejaria é do gênero Saccharomyces e está distribuída nas espécies S. cerevisiae e S. uvarum, sendo que cada cervejaria possui sua própria cepa. 51 Fermento As leveduras podem ser classificadas com base no comportamento delas durante a fermentação. Se a levedura sobe para a superfície do mosto durante o processo fermentativo, ela é denominada de alta fermentação; e se a levedura decanta no fundo do decantador ao final do processo fermentativo, é chamada de baixa fermentação. A maioria das leveduras de alta fermentação (Ales) pertence à espécie S. cerevisiae, enquanto a maior parte das leveduras da baixa fermentação (Lager) é de S. uvarum. 52 Leveduras Três características tem importância fundamental no processo de seleção de levedura cervejeira: 1. A levedura deve produzir cerveja de sabor e odor agradáveis. 2. A levedura deve apresentar crescimento adequado. O fermento deve aumentar sua massa em torno de 3 a 5 vezes durante a fermentação. Crescimento menor causa problemas operacionais na condução do processo fermentativo. Crescimento maior, indica que o carboidrato do mosto que deveria ser transformado em álcool, está sendo usado na produção de biomassa. 53 Leveduras / seleção de culturas Três características tem importância fundamental no processo de seleção de levedura cervejeira: 3. A habilidade da levedura flocular ou não, e se os flocos formados sobem ao topo ou decantam na base do fermentador. 54 Leveduras / seleção de culturas A seleção de leveduras que apresentam boas características cervejeiras, pode ser feita a partir de cepas existentes na própria cervejaria, outras cervejarias ou ainda em coleções de cultivos mantidos por laboratórios em várias partes do mundo. - pode-se desenvolver novas raças mediantes a utilização de agentes mutagênicos físicos e químicos. 55 Leveduras / seleção de culturas O cultivo puro é conseguido mediante o isolamento de uma única célula de levedura, que é propagada vegetativamente até alcançar a quantidade necessária para a inoculação do mosto em nível industrial. - O uso de cultivo puro para a produção de cerveja “Lager” é quase universal, entretanto é menos aplicado na fermentação das “ales”. - Acredita-se que os cultivos mistos da fermentação alta são menos sujeitos à infecção, e tendem a permanecer mais uniformes de uma geração para outra. 56 Leveduras / cultivo puro-misto Em muitas cervejarias, os cultivos mistos apresentam menor rendimento em relação as raças puras. - Mas a utilização de cultivo puro é de grande valia para assegurar que a cervejaria permaneça livre de infecção. - A maioria das raças puras de leveduras foram isoladas de cultivos mistos, usados desde há muito tempo pelos cervejeiros de todo o mundo. 57 Leveduras / cultivo puro-misto As culturas puras de leveduras cervejeiras podem ser conservadas em meio sólido inclinado ou em meio líquido na temperatura de geladeira (aproximadamente 4°C). A fim de promover a anaerobiose, coloca-se óleo mineral ou parafina líquida sobre a cultura. - O uso da liofilização na manutenção dos cultivos puros é contravertido. Há autores que afirmam que a viabilidade das leveduras torna-se muito baixa e as células sobreviventes podemapresentar mutação. 58 Leveduras / conservação - A viabilidade das leveduras torna-se muito baixa e as células sobreviventes podem apresentar mutação. - Mas, por outro lado, as propriedades cervejeiras das leveduras podem conservar-se intactas. - Estados unidos e Inglaterra utilizam prioritariamente a liofilização como técnica de manutenção do cultivo puro. 59 Leveduras / liofilização As leveduras não cervejeiras encontradas nas cervejarias são denominadas “selvagens”. Nem todas causam deterioração, mas a simples presença de leveduras selvagens já é um indício de infecção. - As leveduras selvagens podem causar defeitos, como é o caso de formação de película na superfície da cerveja, produção de turbidez, desenvolvimento de odor e sabor estranhos. - S. diastaticus ataca cerveja envasada mas não pasteurizada (chope), produzindo turbidez e sabor desagradável. 60 Contaminação / leveduras selvagens 61 Contaminação / Bactérias As bactérias contaminantes de cervejaria infeccionam tanto o mosto quanto a cerveja. As bactérias contaminantes também causam turbidez e anormalidades no sabor e odor da cerveja. - As bactérias láticas, gram-positivas, são as principais causadoras da deterioração da cerveja: lactobacillus (bastonetes), Pediococcus (esféricas). - As bactérias acéticas, gram-negativas, podem infeccionar a cerveja quando a cerveja fica exposta ao ar. Essas bactérias oxidam o etanol a ácido acético, causando o azedamento da cerveja. Zymotinatusmonas (acetaldeído e gás sulfídrico) e Pectinatus (ác. Butírico). 62 Controle da infecção bacteriana O controle da infecção bacteriana é realizado de várias formas: - A levedura cervejeira a ser utilizada como Inóculo é um importante reservatório de bactérias. Algumas cervejarias lavam o fermento com ácidos minerais, por cerca de 2h em pH próximo a 2,5. Outras cervejarias preferem descartar o fermento após 5 a 10 rodadas de fermentação. No Brasil esse número está próximo de 5 e na Europa cerca de 10. - Outra forma de controlar a infecção é manter os equipamentos, mosto e cerveja, o mais limpo e desinfetado possível: Água sob pressão, soda caustica, hipoclorito de sódio, lavagem final com água. O processo é dividido basicamente em três grandes fases: a produção do mosto, o processo fermentativo e o acabamento. A produção do mosto envolve moagem do malte, mosturação (mistura), filtração, fervura e clarificação do mosto. 63 Processo de fabricação da cerveja Moagem: O malte é moído em moinhos de rolos, expondo o interior do grão, o qual contem amidos que serão usados para formação de açúcares na mistura. ✓ A moagem não pode formar grãos muito finos a ponto de tornar lenta a filtração da cerveja, nem muito grossos a ponto de dificultar a hidrólise do amido para liberação do açúcar. 64 Produção do mosto Amido 65 Mistura: Durante a mosturação, o malte moído é misturado com água quente, que ativa enzimas no interior do grão, reduzindo os amidos através de processos bioquímicos que produzem açúcares. ✓ A atividade das enzimas depende da temperatura da mistura. 66 Produção do mosto Geralmente, temperaturas mais altas na mistura (67 a 72°C) produzem açúcares mais complexos, chamados dextrinas, que não são fermentados pelas leveduras, resultando em cervejas mais doces. Temperaturas mais baixas na mistura (62 a 66°C) produzem açúcares básicos, como a maltose, que é fermentada completamente pelas leveduras, o resultado são cervejas secas (sem doçura). O tempo de mistura pode ser de 30 minutos a 3 horas. 67 Produção do mosto Filtração: ao final da mosturação, o mosto deve ser separado da parte sólida insolúvel da massa. Assim, o mosto é filtrado pelo fundo do tanque de mistura; esse fundo contém pequenas fendas que são usadas como um filtro. Algumas partículas dos grãos conseguem passar pelas fendas durante a mistura e, no início da filtragem, resultam num líquido turvo. Nesse processo, ocorre a separação das cascas do malte do mosto. 68 Produção do mosto Fervura: A fervura do mosto tem por objetivo conferir-lhe estabilidade biológica, bioquímica, e coloidal. A duração é de 60 a 90 minutos e determina a extração dos materiais amargos e aromáticos do lúpulo, que é adicionado nesta etapa, bem como a esterilização do mosto para a coagulação de proteínas e polifenóis (materiais instáveis do malte). ✓ Quando a fervura é completada, o lúpulo usado e os materiais coagulados são depositados no fundo da caldeira utilizada. O mosto claro é drenado da caldeira para o resfriamento. 69 Produção do mosto 70 Resfriando o mosto: É necessário resfriar o mosto rapidamente para evitar a contaminação por micro-organismos e evitar a formação de dimetil-sulfeto. O mosto passa por um trocador de calor e é imediatamente resfriado de 100°C para 10-20°C. Depois o mosto é aerado e transferido para o tanque de fermentação. Produção do mosto O processo fermentativo envolve a fermentação e maturação do mosto. No mosto resfriado e oxigenado é inoculada a levedura (10 a 30 milhões de células de levedura por mililitro de mosto). As leveduras podem quebrar os açúcares seguindo dois caminhos metabólicos distintos. 71 Fermentação e maturação do mosto Na presença de oxigênio, a levedura pode oxidar completamente as moléculas de açúcar e produzir gás carbônico, água e energia: 𝑪𝟔𝑯𝟏𝟐𝑶𝟔 + 𝟔𝑶𝟐 → 𝟔𝑪𝑶𝟐+ 6𝑯𝟐O + energia Sob condições de anaerobiose, elas fermentam uma molécula simples de açúcar – produzindo etanol, gás carbônico e energia: 𝑪𝟔𝑯𝟏𝟐𝑶𝟔 → 𝟐𝑪𝟓𝑯𝟓𝑶𝑯 + 𝟐𝑪𝑶𝟐+ energia 72 Fermentação do mosto As duas vias metabólicas são importantes para o processo. A via respiratória (que utiliza o oxigênio) é utilizada no início do processo com a finalidade de promover crescimento e revigoramento das leveduras. Já a via fermentativa tem a função de promover a transformação do mosto em cerveja, através da conversão do açúcar em álcool e gás carbônico. 73 Fermentação do mosto A fermentação da cerveja pode ser feita por processos contínuos e descontínuos. - A literatura relata experiências de produção comercial de cerveja por fermentação contínua no Reino Unido e Nova Zelândia. - O processo contínuo é mais oneroso e apresentação maiores problemas com infecções dos mostos. 74 Fermentação do mosto A primeira fase da fermentação é chamada de fermentação primária e pode durar de 4 a 14 dias. - A fermentação pode ser alta ou baixa. - O cervejeiro que optar pela alta fermentação deverá utilizar levedura “ale”, Saccharromyces cerevisiae. A temperatura inicial, 14 e 18°C até 20-25°C, em 36 h de fermentação. Desprendimento de CO2 e espuma de coloração castanha. Faz- se cair temperatura até 17°C, em 72h fermt. Levedura sobe e é retirada. - Os fermentadores “ales” são construídos em aço inoxidável, fechado e apresentam seção retangular. 75 Fermentação do mosto O extrato do mosto inicia com 10 a 11% e finaliza com 2,0 a 2,5%. A baixa fermentação é conduzida em fermentadores construídos em aço inoxidável. Apresentam forma cilíndrica com o fundo cônico e o topo fechado. A levedura usada “lager”, Saccharomyces uvarum. - A temperatura inicial pode variar de 6 a 11°C. O mosto é inoculado com fermento na tubulação que leva ao fermentador ou no próprio fermentador. A temperatura é elevada lentamente para 10-15°C, em 3-5 dias. A fermentação pode durar até 10 dias. Desprendimento de CO2 e espuma de coloração castanha. No final da fermentação diminui-se temperatura, a espuma desaparece e a leveduradecanta. - O extrato do mosto inicia com 11 a 12% e finaliza com 2,5 a 3,0%. 76 Fermentação do mosto Após fermentação primária a cerveja é resfriada a 0°C para maturação, também chamada de fermentação secundária. Durante a maturação, as leveduras refinam o sabor da cerveja e se assentam no fundo do tanque de fermentação (se forem l. de baixa fermentação). 77 Fermentação do mosto Mais tarde elas serão removidas do tanque e reutilizadas em fermentações subsequentes. A fase de maturação pode durar de 4 a 42 dias, mas em média, dura 15 dias. 78 Fermentação do mosto O acabamento envolve operações de filtração, carbonatação, modificação de aroma e sabor, ajuste de cor, pasteurização, entre outros. 79 Processo de acabamento 80 Acabamento da cerveja 81 Fluxograma simplificado de produção 82 Cerveja Obrigada!
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