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Enzimologia Industrial Profª Josileide Borges OXIRREDUTASES LIPOXIGENASES CATALASES POLIFENOL-OXIDASES (PFO) PEROXIDASES GLICOSE- OXIDASES O que é o escurecimento enzimático? Escurecimento enzimático • Reação de alteração de cor que ocorre normalmente no tecido vegetal quando há ruptura da célula e a reação não é controlada. Por que o escurecimento enzimático não é desejável na maioria das frutas ? POLIFENOLOXIDASES (PFO) A ação desta enzima nas frutas in natura acarreta: • Perdas econômicas consideráveis; • Diminuição da qualidade nutritiva (aminoácidos) e vida útil; • Alterações do sabor; • Formação de odores indesejáveis (off flavors); • Rejeição do consumidor final; • Mudanças indesejáveis na aparência; • Alteração nas propriedades organolépticas do produto; O escurecimento enzimático pode ocorrer em tecidos intactos? • No tecido intacto das frutas pode ocorrer o escurecimento, em situações adversas como: • Situações de inibição da respiração durante o armazenamento em atmosfera controlada (Oxigênio 2% a 3% e dióxido de carbono- de 1% a 3% ; • Atmosfera normal: 78% de nitrogênio; 21% de oxigênio; 0,039% de dióxido de carbono; e, 4% de vapor d‘água. • Deficiência de ácido ascórbico no tecido vegetal; • Armazenamento a frio e radiação ionizante. Enzimas responsáveis pelo Escurecimento Enzimático Polifenol oxidases Peroxidases Função biológica PFO Defesa das plantas; -A ação bacteriostática e antiviral de melaninas e quinonas já foram comprovadas in vitro (em batatas); Desenvolvimento de raízes, à eventos ligados à fotossíntese e à respiração celular; FORMAÇÃO DA MELANINA EM VEGETAIS Melanina na pele • A enzima (Tirosinase) ocorre em animais e humanos e o substrato é a tirosina, responsável pela cor da pele (melanina). Se quase todo ser humano produz melanina por que existem variedades de colorações de pele? Classificação de melanina Construtiva (herdada)- determinado pelos nossos genes e não necessita, portanto, de exposição solar para ser produzida. Facultativa (reversível)- sintetizada somente após a exposição aos raios ultravioletas. Classes de melanina (construtiva) Eumelanina - possui um alto peso molecular e destaca-se por apresentar uma cor que varia de marrom a negro. Feomelanina- possui baixo peso molecular e apresenta coloração que varia de vermelha ou amarela (branca). O que acontece quando nosso corpo não produz melanina? ALBINISMO Anomalia orgânica congênita (já se apresenta no nascimento) que se caracteriza pela ausência total ou parcial da pigmentação. ALBINISMO • Existem diversos tipos de albinismo. O mais comum é o oculocutâneo. • Quando expostas demasiadamente ao sol, pessoas com albinismo podem desenvolver: -Sardas; -Pintas (normalmente são rosadas) e verrugas, com ou sem pigmentação; -Lentigines (muitas sardas em um só lugar); ALBINISMO Incapacidade de se bronzear, levando à queimaduras em diferentes graus de severidade; Variações na cor dos cabelos; Variações na cor dos olhos; A falta de pigmento na parte colorida dos olhos (íris) faz com que a região fique, de certa forma, translúcida. ALBINISMO Os sintomas visuais da doença são: • Nistagmo (movimento rápido e involuntário dos olhos); • Estrabismo (inabilidade de focar os dois olhos em um mesmo ponto); • Miopia ou hipermetropia; • Fotofobia (hipersensibilidade à luz); • Astigmatismo (curvatura anormal da superfície do olho, causando visão borrada). Como é feito o diagnóstico do albinismo? • Exame físico; • Observação de mudanças na pigmentação; • Exame dos olhos; • Comparação da pele do paciente com a de outros membros da família. Albinismo tem cura? Tratamento Atendimento oftalmológico adequado. O médico poderá receitar o uso de lentes especiais (UVA e UVB); Acompanhamento por dermatologista (anual) de sinais na pele e indícios do surgimento de lesões que possam levar ao câncer de pele; Procedimentos cirúrgicos para corrigir e/ou reduzir os sintomas de nistagmo e estrabismo; Evitar exposição excessiva ao sol; Usar roupas compridas; Vitiligo • O vitiligo é uma doença não contagiosa caracterizada pela perda da coloração da pele devido à diminuição ou ausência de melanócitos (células responsáveis pela formação da melanina) nos locais afetados. • As lesões provocadas impactam significativamente na qualidade de vida e na autoestima do paciente. Vitiligo • As causas da doença ainda não estão claramente estabelecidas, mas alterações ou traumas emocionais podem estar entre os fatores que desencadeiam ou agravam a doença. • A doença é caracterizada por lesões cutâneas de hipopigmentação, ou seja, diminuição da cor, com manchas brancas de tamanho variável na pele. Vitiligo • A maioria dos pacientes de vitiligo não manifesta qualquer sintoma além do surgimento de manchas brancas na pele. • Entretanto, em alguns casos, os pacientes relatam sentir sensibilidade e dor na área afetada. • A maior preocupação dos dermatologistas são os sintomas emocionais que os pacientes podem desenvolver em decorrência da doença. Diagnóstico: • O diagnóstico do vitiligo é essencialmente clínico. • A biópsia cutânea poderá revelar a ausência completa de melanócitos nas zonas afetadas. • As análises sanguíneas deverão incluir um estudo imunológico que poderá revelar a presença de outras doenças autoimunes como o lúpus eritematoso sistêmico e a doença de Addison. Tratamento • O tratamento deve ser discutido com um dermatologista, conforme as características de cada paciente. • Dentre as opções terapêuticas está o uso de medicamentos que induzem a repigmentação das regiões afetadas. • Também é possível utilizar tecnologias como o laser, técnicas cirúrgicas ou de transplante de melanócitos. Formação de escurecimento Enzimas Substrato Oxigênio Métodos de prevenção • Supressão de O2 • Alcançada pelo uso de embalagens a vácuo ou atmosfera controlada. • Desvantagem- Permite o escurecimento do produto durante o processamento até o momento do acondicionamento e não garante a integridade do produto após ele ter sido aberto pelo consumidor. Redução do pH (ácidos orgânicos) • Em geral, PFO são inativadas de modo irreversível em soluções com pH inferior a 3,0. A redução do pH deve ser feita o mais rapidamente possível após o descascamento. • Em alimentos podem ser usados quaisquer ácidos orgânicos (Ex: ácido cítrico, acético, málico etc) • Desvantagem- Nem todos os produtos que sofrem escurecimento enzimático são compatíveis, em termos de sabor, com a acidez necessária para inativação. Redução do pH (ácidos) • Têm dupla função, pois reduzem o pH e inativam as PFO, por ataque ao sítio ativo. • O ácido ascórbico ainda apresenta a vantagem de reduzir as quinonas já formadas. • Desvantagem: Porém tem alto custo e pode-se degradar, na forma oxidada, gerando escurecimento não-enzimático (cor amarelada indesejável). Tratamento térmico (BRANQUEAMENTO) Água quente, vapor , microondas, superfície quente. Resfriamento imediato após o aquecimento. Tratamento térmico (Branqueamento) • A eficiência do tratamento depende muito do pH do meio. • Em geral, em valores de pH de 4,0 a 6,0, durante 3 minutos a 70 a 80 °C são suficientes para a inativação. • Desvantagens • Pode gerar sabor de produto cozido em vegetais (é mais usado para produtos que sofrerão outros tratamentos posteriores- enlatados e desidratados); • Até que o aquecimento inative a enzima, ela continua catalisando a reação, o que pode gerar algum escurecimento, sendo este irreversível.Adição de inibidores químicos • Sulfitos- Podem ser aplicados na forma de dióxido de enxofre que apresenta alta eficiência, devido à rápida absorção, porém é de difícil manuseio na planta industrial ou sob forma de sais (bissulfito de sódio ou potássio); • Em doses elevadas podem ser tóxicos. • Vantagens • São inibidores diretos PFO, atuando em seu sítio ativo; • Reagem com as quinonas formadas, gerando compostos incolores estáveis, o que evita que se polimerizem; • São de baixo custo; • Apresentam atividade antimicrobiana. • Desvantagem • O uso de altas dosagens, no entanto, pode provocar gosto e cheiro desagradáveis no produto; • São de uso controlado pela legislação, por causarem crises alérgicas em pessoas asmáticas. • Para possibilitar uma dosagem reduzida , são , em geral, usados em conjunto com ácidos. Sais • Dentre esses os mais aplicados são os sais de cloro, sendo o NaCl o mais utilizado. • A inibição só é efetiva em concentrações relativamente elevadas do sal, o que limita sua aplicação devido ao sabor. Aplicação industrial • Ação benéfica das PFO. • Fabricação de chá preto- obtida pela fermentação de folhas jovens e de botões florais da planta do chá. • Durante a fermentação, as PFO da folha do chá agem sobre esses compostos, gerando quinonas, que sofrem oxidação para gerar flavinas (pigmento amarelados) e rubiginas (marrom escuro) . • A ação da PFO é responsável pela formação da cor característica em amêndoas de cacau, durante sua fermentação. • Em frutas secas, como ameixas e uva, durante o processo de evaporação da umidade. PEROXIDASE/ CATALASE As peroxidases são um grupo de enzimas oxirredutases que oxidam substratos orgânicos na presença de peróxido de hidrogênio gerando radicais livres. A catalase é hidroperoxidase. 2 H2O2 → 2 H2O + O2. Sua função biológica está relacionada à síntese de fito-hormônio, à maturação, senescência de frutos e defesa contra infecções virais. Característica principal: termo estabilidade, associada a sua capacidade de ser regenerada após desnaturação térmica. Condições para regeneração: temperatura ambiente (poucas horas) e sob refrigeração e congelamento (em períodos mais longos). • Encontra-se nos peroxissomas em animais, plantas e também nos glioxissomas (apenas em plantas) e no citoplasma de procarionte. Função da Peroxidase/catalase • O peróxido de hidrogênio é um produto decorrente do metabolismo celular em organismos expostos ao oxigênio atmosférico. • Sendo tóxico para as células, o peróxido tem de ser rapidamente convertido numa espécie química que seja inócua. Porque os organismos produzem peróxido de hidrogênio, se ele é tóxico para as células? • Algumas células do sistema imunitário produzem peróxido de hidrogênio para uso como agente antibacteriano. • As bactérias patogênicas que possuem catalase são capazes de resistir a este ataque graças à presença da enzima, conseguindo sobreviver nas células que invadem. Eficiência da inativação das peroxidases 1-Grau de desnaturação alcançado durante o tratamento térmico-quanto mais eficiente for o branqueamento, mais lenta e menos eficiente é a regeneração. 2-pH do meio- em geral, em meios ácidos, a desnaturação é mais eficiente e a renaturação mais lenta. Classificação estrutural • Estruturalmente, as peroxidases podem ser divididas em quatro classes: • Peroxidases bacterianas; • Peroxidases de origem animal; • Peroxidases fúngicas; • Peroxidases de plantas. Ação das peroxidases em alimentos Desaparecimento do aroma natural e surgimento de off-flavor em produtos vegetais, sobretudo por congelamento. Podem participar da alteração da cor e da destruição do valor nutritivo dos produtos (oxidação de vitamina C e de aminoácidos); Inativação das peroxidases • Temperaturas Geral: 80 a 100 °C. • A presença de Nacl e o pH ácido auxiliam no processo, podendo reduzir o tempo de tratamento. Aplicações industriais e comerciais Indicadoras da eficiência de tratamento térmico Eficiência de branqueamento (alta termo resistência). Eficiência da pasteurização (leite) são inativadas a 82 °C/20 s ou a 75 °C/19 min. Aplicação industrial Teste de peroxidases no Leite (catalases) Verificar adulterações; Testar eficiência da pasteurização; Aplicações industriais e comerciais (Catalases) Indústria têxtil- remoção de peróxido de hidrogênio dos tecidos. Farmacêutica- Produtos de limpeza de lentes de contato, agindo como agente antibacteriano. Cosmética- em máscaras de beleza combinando a enzima e peróxido de hidrogênio para aumentar a oxigenação celular das camadas superiores da epiderme. Aplicações industriais e comerciais Microbiologia- O teste da catalase consiste na detecção de catalase em bactérias, servindo essencialmente para a distinção entre estafilococos (catalase-positivo) e estreptococos (catalase- negativo). • Uma gota de peróxido de hidrogênio a 3%(v/v) é depositada numa lâmina de microscópio contendo microrganismo a ser testado; Referências KOBLITZ, M. G. B. Bioquímica de Alimentos:Teoria e Aplicações Práticas.Rio de Janeiro:Guanabara Koogan, 2008. MACEDO,G.A;PASTORE,G.M;SATO,H.H;PARK,Y.K. Bioquímica Experimental de Alimentos.São Paulo:editora Varela, 2005. ARAUJO,J.M.A. Escurecimento enzimático.In:Química de Alimentos-Teoria e prática, 287-306.Ed. UFV,Viçosa ,2004.
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