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ASPECTOS DA PRÁT. DOC. E QUEST. ATUAIS DA EDUCAÇÃO 1 Prezado aluno, Esta apostila é a versão estática, em formato .pdf, da disciplina online e contém todas as informações necessárias a quem deseja fazer uma leitura mais linear do conteúdo. Os termos e as expressões destacadas de laranja são definidos ao final da apostila em um conjunto organizado de texto denominado NOTAS. Nele, você encontrará explicações detalhadas, exemplos, biografias ou comentários a respeito de cada item. Além disso, há três caixas de destaque ao longo do conteúdo. A caixa de atenção é usada para enfatizar questões importantes e implica um momento de pausa para reflexão. Trata-se de pequenos trechos evidenciados devido a seu valor em relação à temática principal em discussão. A galeria de vídeos, por sua vez, aponta as produções audiovisuais que você deve assistir no ambiente online – aquelas que o ajudarão a refletir, de forma mais específica, sobre determinado conceito ou sobre algum tema abordado na disciplina. Se você quiser, poderá usar o QR Code para acessar essas produções audiovisuais, diretamente, a partir de seu dispositivo móvel. Por fim, na caixa de Aprenda mais, você encontrará indicações de materiais complementares – tais como obras renomadas da área de estudo, pesquisas, artigos, links etc. – para enriquecer seu conhecimento. Aliados ao conteúdo da disciplina, todos esses elementos foram planejados e organizados para tornar a aula mais interativa e servem de apoio a seu aprendizado! Bons estudos! ASPECTOS DA PRÁT. DOC. E QUEST. ATUAIS DA EDUCAÇÃO 2 Introdução Nos últimos anos, o campo da ciência denominado História das Disciplinas Escolares tem-se desenvolvido com o crescente número de estudos que buscam compreender a transformação de determinados conhecimentos em saberes escolares ou, ao contrário, o motivo que levou à extinção de certos temas dos currículos acadêmicos. Examinar esse processo significa tanto entender como as disciplinas foram constituídas quanto como elas se tornaram relevantes para a formação dos indivíduos. É justamente essa avaliação que vamos realizar nesta aula. Vamos lá? Objetivo: 1. Analisar o contexto de renovação da historiografia da educação no Brasil. 2. Relacionar as disciplinas escolares com a construção do currículo. Conteúdo O que é disciplina? O termo disciplina já era usado nos séculos XIII e XIV para determinar a “manutenção da ordem”. Logo depois, passou a ser associado à ideia de “doutrina e instrução de uma pessoa” – especialmente no campo da moral. No âmbito militar e eclesiástico, a disciplina representava a observância – cumprimento ou respeito – das leis e dos ordenamentos da profissão. ASPECTOS DA PRÁT. DOC. E QUEST. ATUAIS DA EDUCAÇÃO 3 Já no campo educacional, até o final do século XIX, essa palavra e a expressão disciplina escolar designavam a vigilância e a repressão das condutas prejudiciais à boa ordem. Expressões e vocábulos como objetos, faculdade ou matérias do ensino, utilizados até esse período, só caíram em desuso após a Primeira Guerra Mundial, quando disciplina escolar passou a representar “determinada área de estudos do programa curricular”. O fato é que, ao longo de sua historiografia, as matérias – disciplinas – escolares foram marcadas por diversas etapas. De acordo com Goodson (1995), inicialmente, elas experimentaram um momento de marginalidade no currículo escolar até se tornarem, de certa forma, úteis para a organização dos conteúdos. Tratadas, efetivamente, como disciplinas, tais matérias se configuram, hoje, como um conjunto exato e rigoroso de conhecimentos a serem priorizados pela escola. A questão que permanece em suspenso é a seguinte: Como foram determinados os conteúdos de ensino nos ambientes escolares? Vamos descobrir? Evolução das disciplinas no currículo escolar Observando a história das disciplinas, entendemos que os conteúdos de ensino são reflexos da sociedade que os rodeia, pelos hábitos culturais e valores vinculados a determinado contexto. Após o surgimento do conceito de pedagogo, a concepção das disciplinas escolares ganhou um cunho pedagógico. Seu objetivo se resume a simplificar para a geração mais jovem as noções que são de interesse da sociedade através de métodos que possibilitem a assimilação mais rápida, da melhor forma possível, de determinado conhecimento e de certa ciência de referência. ASPECTOS DA PRÁT. DOC. E QUEST. ATUAIS DA EDUCAÇÃO 4 Se, na perspectiva de sua formação cultural, as disciplinas integravam os saberes a serem transmitidos dos mestres aos discípulos, na história da Pedagogia, o sentido é outro: reduzido às metodologias e ao agrupamento estratégico de conhecimentos que se pretende propagar. Observe, no quadro-síntese a seguir, um exemplo das etapas da evolução da disciplina Ciências no currículo escolar: A constituição das etapas de uma disciplina é um resultado histórico de fatores: Internos (de âmbito educacional) Tais como o desenvolvimento de centros acadêmicos de formação de profissionais, as lideranças intelectuais e o avanço de produção acadêmica de determinada área. Externos Tais como influências sociais, econômicas e, principalmente, políticas. Como afirma Santos (1990, p. 26): “[...] quanto maior é o nível de maturidade de uma disciplina e a organização dos profissionais da área, maior será o peso dos fatores internos em seu desenvolvimento”. Logo, duas questões importantes precisam ser destacadas nesse contexto. A primeira consiste em afirmar que as disciplinas se estabelecem no currículo escolar de maneira conflituosa, adaptando-se às orientações oficiais, às circunstâncias internas e externas, e às demandas de uma sociedade em transformação. ASPECTOS DA PRÁT. DOC. E QUEST. ATUAIS DA EDUCAÇÃO 5 A segunda enfatiza o fato de que toda a organização interna das disciplinas é resultado da sucessão de acontecimentos históricos que, nos grandes debates sobre os métodos de ensino, são sintetizados para fins de estudo no âmbito educacional. Historiografia da disciplina escolar no Brasil Os estudos sobre as disciplinas escolares se ampliaram nas últimas décadas e representaram uma nova forma de ver a escola. Principalmente a partir de 1970, quando se constituiu a nova Sociologia da Educação, as pesquisas passaram a destacar o processo de seleção e organização do saber escolar para compreender como esse conhecimento é materializado sob a forma de currículo. Como influências nos estudos das disciplinas escolares no Brasil, as pesquisas relacionadas aos currículos formal, real e oculto – abordado na primeira aula – contribuem para a compreensão da formação de conteúdos programáticos. Vamos conhecer um pouco cada um desses currículos: Currículo formal ou prescrito Aquele que orienta o que será ensinado na escola de forma real. Este currículo é estruturado por diretrizes normativas prescritas institucionalmente, e sua intenção é dar uma base nacional comum à educação. Currículo real Aquele constituído pela prática pedagógica do professor e pelo aprendizado dos alunos. Este currículo representa a contextualização do anterior. De acordo com a percepção de ensino dos professores, aqui, podemos mudar de estratégia, a fim de que os alunos tenham um melhor desempenho na aprendizagem. Currículo oculto Aquele que corresponde a tudo o que o aluno aprende no meio social escolar, a tudo o que interfere, de forma implícita, em seu aprendizado – como cultura, ASPECTOS DAPRÁT. DOC. E QUEST. ATUAIS DA EDUCAÇÃO 6 religião, poder aquisitivo. Apesar de o currículo formal nortear a escola e os professores, as especificidades dos alunos e as relações estabelecidas entre eles influenciam, significativamente, o saber apreendido. Outra influência da História das Disciplinas Escolares no contexto da educação brasileira origina-se de dois conceitos que, inicialmente, eram antagônicos. São eles: Transposição didática Esta noção teve como principal representante Yves Chevallard. De acordo com o estudioso, a necessidade de se ensinar determinado conhecimento leva à necessidade de modificá-lo, de adaptá-lo a um formato que possibilite uma melhor condição de aprendizagem para o aluno. Esse processo é denominado transposição didática. Cultura escolar Esta noção foi elaborada, principalmente, por André Chervel, que defendia a concepção de que a escola não só transpõe os conteúdos exteriores a ela mas também é produtora do conhecimento. Por isso, as disciplinas representam a cultura escolar. Embora os conteúdos que constituem as disciplinas escolares se originem da sociedade e da cultura que rodeia a escola, a autonomia de produzir um conhecimento pedagógico próprio desse ambiente é inevitável em tal processo. ASPECTOS DA PRÁT. DOC. E QUEST. ATUAIS DA EDUCAÇÃO 7 Influências externas Diante de tudo o que foi exposto até então, chegamos à conclusão de que as disciplinas escolares representam uma significativa parte do processo de escolarização da cultura e a transformação dos saberes – externos ou internos – produzidos PELA e NA escola. Esse é o elemento central para compreendermos o passado educacional que justifica a situação atual do ambiente acadêmico. Como exemplos de transformação e adequação dos contextos externos que influenciaram a estrutura curricular a partir das disciplinas escolares no Brasil, podemos citar a criação das matérias: • Organização Social e Política Brasileira (OSPB); • Educação Moral e Cívica; • Estudos Sociais. Tais disciplinas abordavam, intencionalmente, temas relativos a situações políticas vigentes de seu tempo, com o intuito de formar o aluno para seguir determinados comportamentos. Atenção As gerações mais novas certamente não se lembram, mas, há muitos anos, as disciplinas OSPB e Educação Moral e Cívica se tornaram obrigatórias no currículo escolar, por meio do Decreto- Lei nº 869/69. As disciplinas tinham como objetivo incentivar o patriotismo e civismo dos alunos de todos os níveis e modalidades de ensino. Para lecioná-las, foram instituídas as chamadas licenciaturas de curta duração. ASPECTOS DA PRÁT. DOC. E QUEST. ATUAIS DA EDUCAÇÃO 8 Com o fim dos governos militares, essas matérias foram extintas. No entanto, desde 2011, tramita no Congresso Nacional um projeto de lei para incluir a disciplina de Ética e Cidadania nos currículos escolares. Se, para alguns, a proposta da nova disciplina representa um retorno da OSPB, para outros, os temas transversais e as matérias como Sociologia e Filosofia já abordam, suficientemente, as discussões sobre ética no currículo. Conteúdos nos programas curriculares No Brasil, as discussões sobre QUAIS e COMO os conteúdos precisam ser contemplados no currículo escolar caminham lentamente destacadas dos debates sobre as políticas públicas nesse sentido. Além de tratarem da inclusão de novos temas curriculares, essas discussões devem priorizar questões fundamentais como: • A adequada formação de professores para a prática docente; • Os recursos direcionados à inovação; • A melhoria da qualidade na educação. Um levantamento realizado no Congresso Nacional constata que, das proposições sobre educação apresentadas e votadas de 1996 a 2007 pelo Poder Legislativo Federal, 34% discorrem sobre o currículo escolar, dividindo espaço com temáticas como financiamento, planejamento e cotidiano das Instituições de Ensino Superior (IES). Se essa porcentagem parece elevada, o número de propostas é pequeno: são apenas 29 no período de 11 anos, como você pode observar na ilustração a seguir: ASPECTOS DA PRÁT. DOC. E QUEST. ATUAIS DA EDUCAÇÃO 9 Disponível em: http://goo.gl/a4xovI. Acesso em: 19 nov. 2014 Outro agravante da discussão sobre a constituição das disciplinas escolares baseia-se no fato de que os projetos propostos pelos parlamentares abordam, exclusivamente: • A incorporação de temas no currículo; • O estabelecimento de carga-horária; • Os critérios de formação para lecionar a disciplina. Prever a forma a partir da qual a matéria será integrada ao cotidiano escolar e os recursos necessários para uma inclusão qualificada não é prioridade. Essa função cabe ao Ministério da Educação (MEC) e ao Conselho Nacional de Educação (CNE) – responsáveis pela normatização da inserção das disciplinas no currículo. Atenção A partir da Lei nº 10.639/03, que acrescenta à Lei nº 9.394/96 – Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) – o Artigo 26-A, tornou-se obrigatório incluir no currículo oficial da rede de ensino a temática História e Cultura Afro-Brasileira. De acordo com esse dispositivo, o currículo escolar da Educação Básica deve contemplar os seguintes temas: “Art. 26-A. [...] ASPECTOS DA PRÁT. DOC. E QUEST. ATUAIS DA EDUCAÇÃO 10 § 1º [...] estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil. § 2º Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de Literatura e História Brasileiras”. Integração de conteúdos Além das discussões sobre inclusão e exclusão de disciplinas nos (dos) programas curriculares no contexto brasileiro, desde 1920, o tema integração de conteúdos se destaca no que tange à substituição das disciplinas isoladas por grandes áreas de estudo, principalmente na Educação Básica. Ao mesmo tempo, essa temática favorece o estudante do Ensino Superior ao articular conhecimentos e uma visão global das áreas do saber – necessários para a escolha da área de especialização. A primeira experiência foi desenvolvida pelo Conselho Federal de Educação, que instituiu a Doutrina do Núcleo Comum, em 1971, estabelecendo as seguintes matérias: Comunicação e expressão • Língua Portuguesa; • Língua Estrangeira. Estudos sociais • História; • Geografia; • Organização Social e Política do Brasileira (OSPB). ASPECTOS DA PRÁT. DOC. E QUEST. ATUAIS DA EDUCAÇÃO 11 Ciências • Matemática; • Ciências físicas; • Ciências biológicas. Com o objetivo de articular os conhecimentos do campo técnico-científico com o cotidiano da vida social, os referenciais legais – como a LDB (1996) e os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs-2000) – vêm propondo uma reorganização curricular para o Ensino Médio. O objetivo é que a divisão do conhecimento escolar aconteça em quatro grandes áreas do conhecimento, como você pode observar no esquema a seguir: ASPECTOS DA PRÁT. DOC. E QUEST. ATUAIS DA EDUCAÇÃO 12 Disponível em: http://goo.gl/SoHhdV. Acesso em: 19 nov. 2014 De todas elas, a área mais debatida é a de Ciências Humanas. Vejamos por que motivo... Ensino de Estudos SociaisO século XX ficou registrado na história como o ápice do movimento norte- americano conhecido como Escola Nova. Nessa época marcada por mudanças, educadores e políticos defenderam que as matérias História e Geografia deveriam fazer parte de uma área de estudo denominada Estudos Sociais. Essa área foi, então, inserida no currículo escolar por uma proposta governamental, com a publicação da Lei nº 4.024/61, que, embora não tenha alterado a estrutura de ensino em vigor, deu maior flexibilidade à organização curricular para o curso secundário. A legislação definia as disciplinas obrigatórias, mas cabia às escolas a organização do que seria propriamente ensinado. Para que você compreenda a nova organização curricular do século XX, a disciplina de História, por exemplo – considerada obrigatória no currículo escolar –, constituía parte das chamadas disciplinas intelectuais. Os Estudos Sociais, por sua vez, apareciam como matéria optativa na listagem daquelas que poderiam ser escolhidas pelos estabelecimentos de ensino. Buscando integrar os conteúdos de História, Geografia, Economia e Sociologia, os Estudos Sociais deveriam proporcionar uma visão mais global da vida. O programa da disciplina e as práticas docentes eram constituídos, conforme a realidade escolar, como uma proposta de cidadania que deveria valorizar as iniciativas e a participação do aluno no processo de ensino e aprendizagem. A obrigatoriedade e o conteúdo base de Estudos Sociais se estabeleceram durante o período do regime militar, gerando, posteriormente, o descontentamento de especialistas, principalmente da disciplina História. ASPECTOS DA PRÁT. DOC. E QUEST. ATUAIS DA EDUCAÇÃO 13 A influência norte-americana que focava no ensino da vida cotidiana confrontava-se com a vigente concepção de currículo como lugar de transmissão de conhecimentos científicos. Desafio da formação acadêmica Além da resistência com relação à concepção de currículo, a proposta de integração das disciplinas foi de encontro à formação de professores em disciplinas específicas. Quanto às diversas matérias, as novas propostas encontram desafios semelhantes. As disciplinas já possuem espaços consolidados na formação de professores, nos cursos de Graduação e Especialização, bem como nas escolas, o que resulta na luta contra mudanças significativas. No entanto, as discussões no campo da educação continuam buscando formas práticas, pedagógicas e curriculares para um ensino no qual o homem seja o centro da ação e o sujeito do processo de ensino e aprendizagem. A música de Gabriel O Pensador, Estudo errado, destaca o grande desafio da escola de refletir sobre esse ensino, por vezes, pouco significativo para o aluno, com relações verticalizadas e experiências educacionais distantes da realidade e ineficientes na formação do indivíduo. [...] E sei que o estudo é uma coisa boa O problema é que, sem motivação, a gente enjoa O sistema bota um monte de abobrinha no programa [...] Mas o ideal é que a escola me prepare pra vida Discutindo e ensinando os problemas atuais E não me dando as mesmas aulas que eles deram pros meus pais Com matérias das quais eles não lembram mais nada [...] Fonte GABRIEL, O PENSADOR. Estudo errado. Canção. 1995. Disponível em: http://goo.gl/D320Xg. Acesso em: 21 nov. 2014. ASPECTOS DA PRÁT. DOC. E QUEST. ATUAIS DA EDUCAÇÃO 14 Ao aluno, fica a tarefa de se perceber como um agente que intervém na sociedade. Independente da estrutura curricular, das áreas de conhecimento ou das disciplinas que se adotem, cabe à escola oferecer um espaço de diversidade, produção de cultura e saberes que efetivamente atendam as demandas desses indivíduos na atualidade. Atividade proposta Antes de finalizarmos esta aula, vamos fazer uma atividade! Tente definir, de acordo com seu entendimento, os conceitos a seguir: • Currículo formal/oficial; • Currículo real. Chave de resposta 1) O currículo formal é uma imagem da cultura digna de ser transmitida, com o recorte, a codificação e a formalização correspondentes a essa intenção didática. Esse currículo é encontrado nas leis, nos parâmetros e nas diretrizes curriculares. 2) O currículo real é um conjunto de experiências, de tarefas, de atividades que geram – ou supostamente o fazem – aprendizagens. Esse currículo – projetado no âmbito das escolas e, mais concretamente, em sala de aula – está sujeito a uma série de injunções de ordem política, sociológica, administrativa, financeira e pedagógica, bem como a uma série de negociações que desenham um perfil de aluno nem sempre muito semelhante àquele traçado no currículo formal. Aprenda Mais Para saber mais sobre transposição didática, leia o texto Yves Chevallard e o conceito de transposição didática. Para saber mais sobre as disciplinas Educação Moral e Cívica e OSPB, leia os seguintes textos: ASPECTOS DA PRÁT. DOC. E QUEST. ATUAIS DA EDUCAÇÃO 15 • De tudo, um pouco – a importância da Educação Moral e Cívica e OSPB no currículo escolar; • Volta da Educação Moral e Cívica já!. Referências BENEDITO, V. et al. La formación universitaria a debate. Barcelona: Universidad de Barcelona, 1995. BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Brasília: Presidência da República, 1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Acesso em: 18 nov. 2014. ______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio. Brasília: MEC, SEMTEC, 1999. 4 v. CHERVEL, A. História das disciplinas escolares: reflexões sobre um campo de pesquisa. Revista Teoria e Educação, Porto Alegre, n. 2, p. 177-229, 1990. CHEVALLARD, Y. La transposition didactique: du savoir savant au savoir enseigné. Grenoble: La Pensée Sauvage, 1985. GOODSON, I. F. Currículo: teoria e história. Rio de Janeiro: Vozes, 1995. HÉBRARD, J. Três figuras de jovens leitores: alfabetização e escolarização do ponto de vista da história cultural. In: ABREU, M. (Org.). Leitura, história e história da leitura. Campinas: Mercado de Letras, 1999. MARTINS, M. do C. A história prescrita e disciplinada nos currículos escolares: quem legitima esses saberes? Bragança Paulista: Universidade São Francisco, 2002. SANTOS, L. L. de C. P. História das disciplinas escolares: perspectivas de análises. Revista Teoria e Educação, Porto Alegre, n. 2, p. 21-29, 1990. SILVA, T. T. da. O currículo como fetiche: a poética e a política do texto curricular. Belo Horizonte: Autêntica, 1999. ASPECTOS DA PRÁT. DOC. E QUEST. ATUAIS DA EDUCAÇÃO 16 Exercícios de fixação Questão 1 Aquele currículo que permeia o cotidiano escolar na vivência de valores que não estão nele expressos, mas implícitos, criando as formas de relacionamento, poder e convivência, é denominado: a) Oficial b) Oculto c) Formal d) Aberto e) Mínimo Questão 2 Como vimos nesta aula, há, pelo menos, três tipos de currículo – o formal, o real e o oculto. No que diz respeito a essas manifestações curriculares, podemos afirmar que: a) O currículo formal refere-se àquele estabelecido pelos sistemas de ensino, o real, ao que acontece em sala de aula e o oculto, às influências provenientes da experiência cultural que afetam a aprendizagem. b) O currículo formal refere-se ao que acontece em sala de aula, o real, àquele estabelecido pelos sistemas de ensino e o oculto, às influências provenientes da experiência cultural que afetam a aprendizagem. c) O currículo formal refere-se às influências provenientes da experiênciacultural que afetam a aprendizagem, o real, ao que acontece em sala de aula e o oculto, àquele estabelecido pelos sistemas de ensino. d) O currículo formal refere-se àquele estabelecido pelos sistemas de ensino, o real, às influências provenientes da experiência cultural que afetam a aprendizagem e o oculto, ao que acontece em sala de aula. ASPECTOS DA PRÁT. DOC. E QUEST. ATUAIS DA EDUCAÇÃO 17 e) O currículo formal refere-se ao formato curricular – disciplinar ou interdisciplinar –, o real, àquele estabelecido pelos sistemas de ensino e o oculto, àquele que não será descoberto por esses sistemas tampouco pelo aluno. Questão 3 O instrumento que analisa, seleciona e inter-relaciona os conteúdos, dando condições ao aprendizado, é chamado de: a) Cultura escolar b) Nível de ensino c) Transposição didática d) Metodologia de ensino e) Conteúdo programático Questão 4 Uma das mais recentes alterações curriculares, a Lei nº 10.639/03 estabelece que o ensino sistemático da História e Cultura Afro-Brasileira deverá ser ministrado no âmbito de todo o currículo, em especial nos seguintes componentes curriculares: a) Geografia, Letras e Artes Visuais. b) Educação Artística, Estudos Sociais e Literatura. c) Educação Artística, Literatura e História do Brasil. d) Literatura, História do Brasil e Educação para Cidadania. e) Estudos Sociais, Educação Artística e Educação para Cidadania. ASPECTOS DA PRÁT. DOC. E QUEST. ATUAIS DA EDUCAÇÃO 18 Questão 5 As matérias que passaram a ser obrigatórias a partir de 1969, por meio do Decreto-Lei n.º 869, caracterizavam-se pela transmissão da ideologia do regime autoritário, pela exaltação do nacionalismo e pelo civismo dos alunos. Estamos nos referindo às seguintes disciplinas: a) Estudos Sociais e História. b) Educação Física e Educação Moral. c) Organização Social dos Poderes Brasileiros e Estudos Sociais. d) Educação Moral e Cívica e Organização Social e Política Brasileira. e) Educação Moral e Cívica e Organização Social dos Poderes Brasileiros Questão 6 (Adaptado de: ENADE/PUC-RS – Pedagogia – 2008) Os alunos chegam à sala de aula com saberes construídos a partir de suas vivências em todos os contextos por onde circulam – familiar, profissional, de lazer ou religioso. Os professores devem trabalhar tais saberes por meio de atividades em que sejam: a) Avaliados para a compreensão de erros epistemológicos. b) Reconstruídos em torno de parâmetros de correção prévios. c) Esvaziados por sua associação ao fracasso escolar dos alunos. d) Integrados aos conteúdos das diferentes áreas do conhecimento. e) Relativizados por serem construídos fora do processo de escolarização. Questão 7 (Adaptado de: ENADE/PUC-RS – Pedagogia – 2008 A partir dos anos 1990, foram realizadas várias reformas curriculares no âmbito das instituições educativas, que trouxeram mudanças significativas para a estruturação ASPECTOS DA PRÁT. DOC. E QUEST. ATUAIS DA EDUCAÇÃO 19 curricular e para a avaliação. Tais experiências constataram que a implementação de novas propostas nos estabelecimentos de ensino necessita que as(os): a) Programas de formação continuada aconteçam depois desse processo. b) Projetos oficiais prescrevam, com clareza, as ações a serem executadas. c) Ações pedagógicas e administrativas sejam modificadas de forma coletiva e participativa. d) Particularidades associadas a cada escola/instituição sejam programadas pelos níveis centrais. e) Equipes diretoras aceitem o projeto e o desenvolvam com o apoio do coordenador pedagógico. Questão 8 Durante a década de 1970, a nova Sociologia da Educação problematizou as questões curriculares, propondo uma relação entre elas, a sociedade e o poder. Um dos enfoques foi elaborado por Michael Young, tendo como questão principal: a) A certeza de que o currículo não reflete as ideologias sociais. b) A atribuição de valores diferentes às matérias ou disciplinas e os critérios utilizados para isso. c) O reconhecimento de que os conteúdos devem ser elaborados apenas a partir de estudos sociológicos. d) O fato de escola e currículo não se relacionarem, uma vez que vida cotidiana e conhecimento acadêmico não têm qualquer vínculo. e) A maneira como a organização curricular pode afetar somente a formação social e econômica de uma comunidade ou sociedade. ASPECTOS DA PRÁT. DOC. E QUEST. ATUAIS DA EDUCAÇÃO 20 Questão 9 (Adaptado de: ENADE/PUC-RS – Pedagogia – 2011) Na Sociologia da Educação, o currículo é considerado um mecanismo por meio do qual a escola/instituição de ensino define o plano educativo para a consecução do projeto global de educação de uma sociedade, realizando, assim, sua função social. Considerando o currículo na perspectiva crítica da educação, avalie as afirmações a seguir: • O currículo é um fenômeno escolar que se desdobra em uma prática pedagógica expressa por determinações do contexto da escola/instituição educativa. • O currículo reflete uma proposta educacional que inclui a relação entre o ensino e a pesquisa na perspectiva do desenvolvimento profissional docente. • O currículo é uma realidade objetiva que inviabiliza intervenções, uma vez que o conteúdo é condição lógica do ensino. • O currículo é a expressão da harmonia de valores dominantes inerentes ao processo educativo. É CORRETO apenas o que se destaca na(s) afirmação(ões): a) I b) II c) I e III d) II e IV e) III e IV Questão 10 Adaptado de: ENADE/PUC-RS – Pedagogia – 2011) Leia a tirinha a seguir: ASPECTOS DA PRÁT. DOC. E QUEST. ATUAIS DA EDUCAÇÃO 21 A tirinha da Mafalda indica que, muitas vezes, por incrível que pareça, os próprios educadores – também vítimas de uma formação alienante – desconhecem o motivo pelo qual ensinam determinado conteúdo e o sentido dessa ação. Quando interrogados sobre o assunto, esses profissionais dão respostas evasivas, tais como: • "É pré-requisito para as séries seguintes"; • "Cai no vestibular"; • "Hoje, você não entende, mas, daqui a dez anos, vai entender". Muitos alunos, por sua vez, acreditam que aquilo que se aprende na escola não é para entender mesmo e que só compreenderão o significado de tudo isso quando forem adultos. Em outras palavras, os educandos acabam se conformando com o ensino desprovido de sentido Fonte VASCONCELLOS, C. S. Construção do conhecimento em sala de aula. 13. ed. São Paulo: Libertad, 2002. p. 27-28. Correlacionando a tirinha de Mafalda com o texto de Vasconcellos, avalie as seguintes afirmações: • O processo de conhecimento deve ser refletido e encaminhado a partir da perspectiva de uma prática social. • A identificação do conhecimento que deve ser ensinado nas escolas/instituições educativas continua sendo uma questão nuclear para o processo pedagógico. ASPECTOS DA PRÁT. DOC. E QUEST. ATUAIS DA EDUCAÇÃO 22 • O processo de conhecimento deve possibilitar a compreensão, o usufruto e a transformação da realidade. • A escola/instituição educativa deve ensinar os conteúdos previstos na matriz curricular, mesmo que sejam desprovidos de sentido para professores e alunos. • Os projetos curriculares devem desconsiderar a influência do currículo oculto – de caráter informal e sem planejamento – na escola. É CORRETO apenas o que se destaca nas afirmações: a) I e III b) I e IV c) II e V d) I, II e III e) II, III e V ASPECTOS DA PRÁT. DOC. E QUEST. ATUAIS DA EDUCAÇÃO 23 André Chervel: Historiador francês que contribuiu para identificar a importância da históriaeducacional na formação das disciplinas escolares. Disciplina: Palavra de origem latina que já constava no Dicionário francês antigo da Curne de Sainte-Palaye – Grande Dicionário Universal do século XIX. Escola Nova: Movimento de renovação do ensino inserido no Brasil por Rui Barbosa (1849-1923) no século XIX e ratificado por John Dewey (1859-1952) no século XX. O escolanovismo acreditava que a educação era o exclusivo elemento verdadeiramente eficaz para a construção de uma sociedade democrática, que levava em consideração as diversidades, respeitando a individualidade do sujeito. Sendo assim, a educação tinha como eixo norteador a vida/experiência e a aprendizagem, e a educação teria uma função democratizadora de igualar as oportunidades dos indivíduos. Disponível em: http://goo.gl/Dn5sN3. Acesso em: 19 nov. 2014. Proposições: Enunciação, sentença passível de comprovação ou não, proposta, afirmação, retórica. Parte de um discurso ou de um poema épico, na qual se apresenta o tema a ser desenvolvido. Ato de submeter à apreciação ou a exame. Enunciado de uma verdade que se quer demonstrar ou de um problema que se pretende resolver. Disponível em: http://www.dicio.com.br/proposicao. Acesso em: 18 nov. 2014 Transposição didática: De acordo com estudiosos da educação, este termo foi introduzido em 1975 pelo sociólogo Michel Verret e teorizado por Yves Chevallard, que o conceituou como o trabalho de fabricar um objeto de ensino, ou seja, transformar um objeto de saber produzido pelo “sábio” em objeto do saber escolar. Em outras palavras, trata-se do instrumento através do qual se converte o ASPECTOS DA PRÁT. DOC. E QUEST. ATUAIS DA EDUCAÇÃO 24 conhecimento científico em conhecimento escolar para que possa ser ensinado pelos professores e aprendido pelos alunos. Fonte: MENEZES, E. T. de; SANTOS, T. H. dos. Transposição didática (verbete). Dicionário Interativo da Educação Brasileira – EducaBrasil. São Paulo: Midiamix, 2002. Yves Chevallard: Escritor e matemático francês que trata das questões de currículo, dialogando com o papel do professor no sistema de ensino, os problemas de sua formação, o cotidiano escolar e temas gerais da didática. Disponível em: http://goo.gl/y4dRIJ. Acesso em: 21 nov. 2014 Aula 3 Exercícios de fixação Questão 1 - B Justificativa: O currículo oculto expressa as normas e os valores da escola, de forma contida, em uma proposição, sem exprimi-los em termos precisos. Como afirma Silva (1999): "O currículo oculto é constituído por todos aqueles aspectos do ambiente escolar, que, sem fazer parte do currículo oficial, explícito, contribuem, de forma implícita, para aprendizagens sociais relevantes [...]. O que se aprende no currículo oculto são, fundamentalmente, atitudes, comportamentos, valores e orientações [...]". Questão 2 - A Justificativa: O currículo formal refere-se àquele estabelecido pelos sistemas de ensino e está expresso em diretrizes curriculares, com objetivos e conteúdos das áreas ou disciplinas de estudo. Já o currículo real é aquele que se materializa dentro da sala de aula, com professores e alunos a cada dia, em decorrência de um projeto pedagógico e dos planos de ensino. O currículo ASPECTOS DA PRÁT. DOC. E QUEST. ATUAIS DA EDUCAÇÃO 25 oculto, por sua vez, corresponde às influências que afetam a aprendizagem dos alunos e o trabalho do professor, e representa tudo o que os educandos aprendem em meio às várias práticas – atitudes, comportamentos, gestos, percepções que vigoram nos ambientes social e escolar. Questão 3 - C Justificativa: É por meio da transposição didática que as intenções e competências educativas norteiam a escolha, o tratamento e o caminho do conhecimento científico para o saber escolar, chegando este a sua finalidade – identificar o que realmente acontece em sala de aula. Questão 4 - C Justificativa: A Lei nº 10.639/03 torna obrigatório o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira nas escolas de Ensino Fundamental e Médio. Essa lei altera a LDB (1996) e tem como objetivo promover uma educação que reconhece e valoriza a diversidade, comprometida com as origens do povo brasileiro, em especial nas áreas de Educação Artística, Literatura e História Brasileiras. Questão 5 - D Justificativa: As matérias Organização Social e Política Brasileira (OSPB) e Educação Moral e Cívica se tornaram obrigatórias nos ensinos público e particular, em todos os níveis, a partir do Decreto-Lei nº 869, de 12 de setembro de 1969. Questão 6 - D Justificativa: O conhecimento engloba a totalidade da experiência humana. Por isso, no processo de ensino e aprendizagem, o professor deve adotar o procedimento metodológico que considera a experiência concreta dos indivíduos situados em seu grupo ou em sua sociedade. Sempre que possível – seja na Educação Básica ou na Educação Superior –, o educador precisa estar atento às percepções e à bagagem de conhecimentos prévios dos alunos, integrando esses conhecimentos a novas construções do saber. ASPECTOS DA PRÁT. DOC. E QUEST. ATUAIS DA EDUCAÇÃO 26 Questão 7 - C Justificativa: Os atores do processo de ensino e aprendizagem são protagonistas do planejamento, da execução e da avaliação da implementação de novas propostas educacionais nas instituições de ensino. Reconfigurar currículos é tarefa que exige diálogo entre todos os segmentos da comunidade escolar. Questão 8 - B Justificativa: Com a nova Sociologia da Educação, Michael Young chamava a atenção para o fato de que havia, no currículo, disciplinas relevantes em detrimento de outras, cujo conteúdo teria um valor mais aceito socialmente. Um exemplo disso se baseia na constatação de que, até hoje, ainda observamos nos currículos escolares – sejam estes da Educação Básica ou da Educação Superior –, a hegemonia de alguns conteúdos escolares considerados mais importantes. Além disso, para Michael Young, currículo e ideologia estão permanentemente relacionados. Questão 9 - B Justificativa: O conceito de currículo é, provavelmente, um dos que apresenta mais controvérsias no campo educacional. Do conjunto de disciplinas que abordam a problemática curricular, os desenvolvimentos teóricos da Sociologia da Educação e, particularmente, das denominadas teorias críticas do currículo, aportam contribuições para pensar os complexos processos envolvidos na reprodução das desigualdades sociais – incluídas as desigualdades educacionais e as implicações de construção, organização, seleção e distribuição do conhecimento escolar nesses processos. Questão 10 - D Justificativa: A aprendizagem é uma experiência profunda de natureza social. Cabe à escola resgatar o conhecimento histórico e socialmente produzido como base do saber escolar. Os processos historicamente percorridos precisam ser ASPECTOS DA PRÁT. DOC. E QUEST. ATUAIS DA EDUCAÇÃO 27 trazidos como parte integrante dos desafios das novas descobertas em sintonia com a realidade vivida, pois as atividades educativas necessitam ser significativas para o aluno. De um lado, está o professor como provedor do conhecimento organizado. De outro, o aluno como sujeito ativo do saber. Trata-se de um indivíduo submetido a condicionantes sociais que acrescentam ao conhecimento uma visão da realidade socialmente transmitida. ASPECTOS DA PRÁT. DOC. E QUEST. ATUAIS DA EDUCAÇÃO 28 Vanessa Monteiro Ramos Gnisci é Mestre em Educação pela Faculdade de Formação de Professores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (FFP- UERJ), Especialista em Literatura Infantile Juvenil pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e Graduada em Letras Português/Literaturas pelo Centro Universitário Augusto Motta (UNISUAM). Tem experiência como docente nos Ensinos Fundamental e Médio. Atualmente, é técnica do setor de Implementação e Articulação de Formação Complementar na Secretaria Municipal de Educação de Nova Iguaçu e professora de Língua Portuguesa da rede estadual de educação do Rio de Janeiro. Currículo Lattes.
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