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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
UNOESC-CAMPUS APROXIMADO DE PINHALZINHO
PROFA Ms.Silvana Colombo
2008/01
AULA 1:NOÇÕES GERAIS SOBRE INTRODUÇÃO AO ESTUDO 
DO DIREITO
1. A DISCIPLINA DE INTRODUÇAO AO ESTUDO DO DIREITO
1.1 CONCEITO E O OBJETO DA INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
A Introdução ao Estudo do Direito é uma matéria que visa a fornecer uma noção 
global da ciência que trata do fenômeno jurídico, propiciando uma compreensão de 
conceitos jurídicos comuns a todos os ramos do Direito e introduzindo o estudante e o 
jurista na terminologia técnico-jurídica.
-Um sistema de conhecimentos, recebidos de múltiplas fontes de informação, 
destinado a oferecer os elementos essenciais ao estudo do Direito, em termos de 
linguagem e de método, com uma visão preliminar das partes que o compõem e de 
sua complementaridade, bem como de sua situação na história da cultura.
Então, a Introdução ao Estudo do Direito é:
-Uma disciplina propedêutica destinada a dar ao iniciante na ciência jurídica as 
noções e os princípios jurídicos fundamentais, indispensáveis ao raciocínio jurídico e 
também noções sociológicas, históricas e filosóficas necessárias à compreensão do direito 
na totalidade de seus aspectos. Fornece, portanto, uma visão de conjunto, bem como as 
possíveis raízes históricas e sociais do direito e seu fundamento filosófico.
• Adverte-se que a Introdução ao Estudo do Direito não é uma ciência, por faltar-lhe 
unidade de objeto, um campo de atuação autônomo e objeto próprio. 
• Para REALE “a Introdução ao Direito não é uma ciência no sentido rigoroso da 
palavra, por faltar-lhe um campo autônomo e próprio de pesquisa. Contudo, é 
ciência enquanto sistema de conhecimento logicamente ordenado segundo 
um objetivo preciso de natureza pedagógica. Não importa, pois, que seja um 
sistema de conhecimento de conhecimentos de outra ciências unificados”
Portanto, a disciplina de Introdução ao Direito não é uma Ciência, mas é uma 
disciplina epistemológica e propedêutica por:
(a) Dar uma visão sintética da ciência jurídica;
(b) Definir e delimitar, com precisão, os conceitos jurídicos fundamentais, que 
serão utilizados pelo jurista na elaboração da ciência jurídica;
 (c) Apresentar, de modo sintético, as escolas científico-jurídicas. 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
Nesse sentido, a epistemologia jurídica gera conhecimentos conectados com a 
pergunta “como conhecer o direito”?
A Introdução ao Estudo ao Direito se serve de pesquisas realizadas em outros 
campos do saber e os conforma aos fins próprios, tendo como suas fontes essenciais:
Filosofia do Direito: ao expor os conceitos universais do Direito, pressupostos 
necessários do fenômeno jurídico. “Como gerar um Direito melhor (mais justo ou mais 
útil)?”;
Dogmática Jurídica: quando contempla normas vigentes no tempo e lugar, 
abordando problemas específicos de aplicação jurídica. “Como operacionalizar o direito”?;
Sociologia Jurídica: ao analisar os fatos sociais que influem na origem e 
desenvolvimento do Direito. “Quais são as interações entre direito e sociedade?”;
História do Direito: ao meditar sobre a dimensão temporal do Direito, considerando-o 
do ponto de vista histórico-evolutivo, através do tempo. “Como se deu a evolução do 
Direito”?;
Teoria do Direito: ao estudar as fontes do Direito, a aplicação da lei no tempo e no 
espaço, etc.. “O que é o Direito?”;
Axiologia Jurídica: “Quais são os valores que permeiam o Direito?”;
Hermenêutica Jurídica: “Como aprender o Direito”?
Psicologia Jurídica: Estuda a natureza do comportamento humano. “Quais são as 
interações entre o Direito e a psique?”;
Direito Comparado: “Quais são as diferenças e semelhanças entre os ordenamentos 
jurídicos dos diferentes povos?”;
Moral: versa sobre as normas de ação humana, sendo de importância fundamental 
para o direito, que também rege tal conduta. Muitas regras morais foram incorporadas ao 
Direito, como por exemplo, “Não matar”.
Por fim, “a disciplina de Introdução ao Estudo do Direito é dirigida ao principiante dos 
estudos jurídicos. Ela ajuda construir uma base teórica para o estudo posterior proveitoso 
das diversas disciplinas jurídicas. Um bom curso de “Introdução” repercutirá, 
permanentemente, no arcabouço mental do futuro profissional do Direito”.
 1.2 O DIREITO SOB ENFOQUE ZETÉTICO E DOGMÁTICO
Numa disciplina de Introdução ao Direito é preciso fixar, qual o enfoque teórico a ser 
adotado. Ou seja, o direito, como objeto, pode ser estudado de diferentes ângulos: um 
zetético e outro dogmático.
Para esclarecê-los, vamos admitir que a investigação Científica esteja sempre às 
voltas com perguntes e respostas, problemas que pedem soluções, soluções já dadas que 
se aplicam à elucidação de problemas.
Temos, portanto, duas possibilidades de proceder à investigação de um problema: ou 
acentuando o aspecto da pergunta, ou acentuando o aspecto da resposta:
(a) Se o aspecto pergunta é acentuado, os conceitos básicos, as premissas, os 
princípios ficam abertos à dúvida (enfoque zetético).
(b) Se o aspecto resposta é acentuado, determinados elementos, de antemão, 
subtraídos à dúvida. Ou seja, postos fora de questionamento, mantidos como soluções não 
atacáveis (enfoque dogmático).
(A) DOGMÁTICA: Significa ensinar, doutrinar. 
Apresenta as seguintes características:
• Conceitualização: Para a Dogmática, não há mais Direito que o ordenamento 
jurídico estabelecido através das leis validamente editadas e vigentes. Por isso, 
vincula-se ao positivismo jurídico, interpretação da lei através do método 
exegético e ao formalismo: se limita a reproduzir e explicar o conteúdo do direito 
vigente.
-É uma disciplina de conceitos jurídicos (conteúdo exato para a lei).
• Dogmatização: Elaboração de proposições, princípios, a partir dos conceitos 
jurídicos extraídos dos textos legais.
• Sistematização: Constituição de uma disciplina especifica. Os conceitos e 
princípios têm um traço de universalidade e invariabilidade. O resultado é uma 
Teoria Geral do Direito (sistematização da dogmática e culmina com a teoria pura 
que exclui a faticidade e o aspecto valorativo do Direito).
São disciplinas dogmáticas, o direito civil, comercial, penal, direito tributário, 
constitucional, trabalho, etc. Os juristas procuram compreender e tornar aplicável o direito 
dentro dos marcos da ordem vigente. Essa ordem que lhes aparece como um dado, que 
eles aceitam e não negam, é o ponto de partida de qualquer investigação
(B) ZETÉTICA: Significa perquirir.
• O enfoque zetético desintegra, dissolve as opiniões, pondo-as em dúvida.
• A zetética torna-se flexível à dogmática ao mostrar a problemática jurídica e as 
possíveis soluções para seus problemas.
• Ela põe em relevo a problemática das premissas e os pontos de partida da 
dogmática.
O campo das investigações zetéticas do fenômeno jurídica é amplo. Zetéticas são, 
por exemplo, as investigações que tem como objeto o direito no âmbito da Sociologia, 
Antropologia, História, Psicologia, Filosofia. São disciplinas gerais, que admitem um 
espaço para o fenômeno jurídico. À medida que esse espaço é aberto, elas incorporem-se 
ao campo das investigações jurídicas sob o nome de Filosofia do Direito, História do 
Direito, etc.
Posto isso, é preciso reconhecer que o fenômeno jurídico, com toda sua 
complexidade, admite tanto o enfoque zetético, quanto o enfoque dogmático, em sua 
investigação. 
Na disciplina de Introdução ao Direito não é nossa pretensão optar pelo estudo do 
Direito apenas do ponto de vista dogmático. Por isso, objeto de nosso estudo será: (a) o 
direito no pensamento dogmático; (b) análisezetética.
O enfoque dogmático deve ser estudado dentro de um ângulo 
crítico.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
UNOESC-CAMPUS APROXIMADO DE PINHALZINHO
PROFA Ms.Silvana Colombo
2008/01
AULA 2: QUE É DIREITO?
1) O CONCEITO DE DIREITO
O estudo do direito enquanto ciência requer a análise da definição do direito, sua 
posição no quadro das ciências e também a natureza do seu objeto. Tais problemas 
pertencem ao campo da Epistemologia Jurídica.
=Epistemologia, do grego (ciência) e logos (estudo), significa teoria do 
conhecimento.
Assim, iniciaremos nosso estudo com a definição da palavra Direito ou sua 
significação. Em seguida, examinaremos a realidades que constituem o direito.
Origem do vocábulo Direito
Que significa a palavra Direito?Essa palavra tem origem no vocábulo do baixo latim 
"directum" ou "rectum”, que significa direito ou reto.
Ao lado do vocábulo Direito, existe um conjunto de palavras que, nas línguas 
modernas liga-se à noção de direito. Esse conjunto é representado pelos vocábulos: 
jurídicos, jurisprudência, judicial.
A etimologia dessas palavras encontra-se no termo latino jus (júris), que significa 
direito. Alguns autores apontam que jus é derivado de jussum, que significa mandar e 
ordenar. Outros preferem ver no vocábulo jus uma derivação de justum, ou seja, aquilo que 
é justo ou conforme a justiça.
Pluralidade de significações da palavra Direito.
Devemos passar do plano o estudo do vocábulo para o das realidades. Leia com 
atenção as seguintes expressões:
 (a) O Direito não permite o duelo: direito significa NORMA
 (b) O Estado tem o direito de legislar: direito significa FACULDADE
 (c) A educação é direito da criança: o que é devido por JUSTIÇA
 (d) Cabe ao direito estudar a criminalidade: CIÊNCIA DO DIREITO
 (e) O direito constitui um setor da vida social: direito significa FATO SOCIAL
Temos, portanto, cinco realidades diferentes a que correspondem as acepções 
fundamentais do Direito. Façamos um breve comentário dessas significações:
• Direito-norma: é uma das acepções mais comuns do vocábulo define o direito 
como um conjunto de normas, coativamente garantidas pelo poder público.
Na acepção de norma ou lei, a palavra Direito indica realidades diferentes, quando se 
refere: ao direito positivo e ao direito natural; ao direito estatal e não-estatal; direito objetivo 
e direito subjetivo.
• Direito-faculdade: refere-se ao poder de uma pessoa em relação a determinado 
objeto: o direito de usar um imóvel, cobrar uma dívida, o direito de legislar e punir 
do Estado. É o aspecto focalizado por Ihering: direito é o interesse protegido por 
lei.
• Direito-justo: essa acepção está relacionada com o conceito de justiça e pode 
designar:
(a) O bem "devido" por injustiças: o salário é direito do trabalhador. Neste caso, 
direito é o bem devido a uma pessoa por exigência da justiça. Essa é a acepção utilizada 
por Ulpiano: justiça é a vontade de dar a cada um o seu direito.
(b) Conformidade com a justiça: exemplo, não é direito condenar um inocente. 
• Direito-Ciência: Quando falamos em estudar "direito”, bacharel em Direito, objeto 
de direito, é no sentido de ciência que empregamos a palavra. O clássico conceito 
de Celso “Direito é a arte do bom e do justo" é um exemplo dessa perspectiva.
• Direito fato-social: direito como fato social (religioso, econômico, cultural.). O 
direito, assim, é considerado um setor da vida social, independentemente de sua 
acepção como norma, faculdade. 
Algumas conclusões:
(a) a palavra "direito" não designa apenas uma, mas várias realidades distintas.
(b) impossível formular uma única definição de direito.
(c) o vocábulo direito é análogo.
Análogo é o termo que se aplica as diversas realidades que apresentam entre si certa 
semelhança. Ex.o vocábulo direito, que designa a lei, faculdade.
O questionamento feito é?Qual a analogia existente entre as acepções fundamentais 
do Direito?Essas acepções fundamentais são: direito-justo, direito-ciência, direito-norma, 
direito fato-social.
O vocábulo direito aplica-se de forma principal a uma dessas acepções e estende-se 
às demais, em razão das relações reais. Por isso, é preciso saber qual é o sentido 
principal?Esse é um problema que divide autores e correntes jurídicas:
= Primado do direito-norma (kelsen, De Ruggiero, Clin): o direito é, em primeiro 
lugar, um conjunto de normas, leis ou regras jurídicas.Kelsen diz que o direito é um sistema 
de normas que regula o comportamento humano.
= Primado do direito subjetivo (Ihering, Kant, Hegel): O direito na vida real aparece 
como um poder do indivíduo, diz Savigny.
= Primado do direito como fato social (predomina hoje nos EUA).
= Primado do direito justo-devido : È acepção que vem desde o Direito Romano e 
modernamente reafirmada por Geny, Villey e Engisch.
A função do juiz e do jurista é descobrir o direito, ou seja, o "justo" e assegurá-lo. A lei 
não se confunde com o direito, pois ela é uma de suas fontes.
Resumidamente, podemos dizer que:
-A norma é chamada e direito porque estabelece ou deveria estabelecer o que 
é justo.
-A faculdade é chamada de direito porque ela é o poder de exigir se 
reconhecimento.
-A ciência do direito é assim chamada porque ela é o conjunto de 
conhecimentos que tem por objeto o justo.
-O direito como fato social é também uma acepção derivada (é o setor da 
realidade social que tende para realização da justiça).
ACEPÇÕES VARIADAS DA PALAVRA DIREITO
Por isso, podemos dizer que o justo objetivo é acepção fundamental do direito. É 
o que nos diz Bobbio: a teoria da justiça concerne ao fundo do direito e a teoria do direito-
norma concerne à forma do direito.
Contudo, no direito moderno, essa noção vem sendo esquecida e substituída pela 
predominância do direito-norma. Umas das tendências do direito no século XII foi a de 
endeusamento da lei escrita. Mas, a lei é apenas um instrumento para realização desse 
direito, ela deve servir de guia ao jurista e ser interpretada, sempre, em função de seu 
objetivo essencial, que é o de assegurar a cada um o direito que lhe é devido. Essa 
consideração não diminui a importância da lei, apenas a valoriza.
A Complexidade do Fenômeno Jurídico
”Impossibilidade de se conseguir um conceito universalmente aceito, que abranja de 
modo satisfatório toda gama de elementos heterogêneos que compõe o direito” (Diniz, 
p.240). Porém, pode-se dizer que: 
“O direito é uma disciplina social constituída pelo conjunto da regras de conduta 
que, numa sociedade com maior ou menor organização, regem as relações sociais e 
cujo respeito é garantido, quando necessário, pela coerção pública”.
O Direito em si é então, provavelmente, ao mesmo tempo o produto dos fatos e da 
vontade do homem, um fenômeno material e um conjunto de valores morais e sociais, um 
ideal e uma realidade, um fenômeno histórico e uma ordem normativa, um conjunto de atos 
de vontade e de atos de autoridade, de liberdade e coerção (Bergel, p.6).
Direito para KELSEN
Kelsen considera o Direito como uma CIÊNCIA NORMATIVA.
Para ele, o ordenamento jurídico é o objeto da ciência do Direito, e tal ordenamento se 
estabelece sob forma piramidal, em cujo topo repousa a norma jurídica fundamental.
O normativismo de Kelsen, considerando o Direito como um CONJNTO DE NORMAS 
DOTADAS DE COAÇÃO, o reduz a unidade, dando-lhe fundamento e origem em uma 
NORMA FUNDAMENTAL, dispondo-as em ordem hierárquica.
Direito para REALE
A teoria tridimensional do Direito retrata a expressão da vida jurídica.
Direito é FATO SOCIAL –VALOR - NORMA
Onde quer que haja um fenômeno jurídico, há um fato subjacente (econômico,político, geográfico). Um valor, que confere significação a esse fato. Uma norma, que 
representa a relação que integra um daqueles elementos ao outro, o fato ao valor.
Ex: Uma norma legal que prevê o pagamento de uma letra de cambio na data de seu 
vencimento, sob pena de protesto do título e de sua cobrança, gozando o credor, desde, 
logo, do privilégio de promover a execução do credito.
(a) Se há um débito cambiário(F), deve ser pago (P).
(b) Se não for quitada a dívida (não P), deverá haver uma sanção(S).
FATO VALOR NORMA
O direito como fato, ou em sua O direito como valor de justiça O direito como 
efetividade social e histórica. ordenamento e sua 
respectiva ciência
EX: Norma legal de direito 
cambial (fato de ordem 
econômica)
EX: Pagamento letra de 
cambio (vencimento)-Valor do 
credito
EX: Não 
pagamento=protesto e 
cobrança (promover 
legalmente a execução do 
credito).
Se analisarmos o referido exemplo veremos que um fato econômico liga-se a um 
valor de garantia para expressar através de uma norma legal que atende às relações que 
devem existir entre aqueles dois elementos.
Por isso, em sua estrutura tridimensional o Direito é FATO (realização ordenada do 
bem comum), NORMA (ordenação bilateral dos fatos segundo valores) e VALOR 
(concretização da idéia de justiça).
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
UNOESC-CAMPUS APROXIMADO DE PINHALZINHO
PROFA Ms.Silvana Colombo
2008/01
AULA: ASPECTOS QUE SE REVESTE O DIREITO COMO NORMA
Já estudamos na aula anterior que o direito na acepção de norma ou lei, indica 
realidades diferentes quando se refere ao direito positivo e o direito natural, ao direito 
estatal e não estatal e ao direito não estatal. Sendo assim, estudaremos de forma 
detalhando cada uma dessas expressões:
(A) Direito POSITIVO
É constituído pelo conjunto de normas elaboradas por uma sociedade determinada, 
para reger os comportamentos entre os homens.
Ou, ainda, “conjunto de regras jurídicas em vigor em um Estado em certa época” 
(escola positiva).
Portanto, o direito positivo abrange: direito escrito (elaborado pelo órgão competente) 
e o direito não-escrito (resultante de usos e costumes de cada povo).
(B) Direito NATURAL
É constituído pelos princípios que servem de fundamento ao Direito Positivo.
 Na sua formulação clássica, não é um conjunto de normas paralelas e semelhantes 
ás do Direito Positivo. Mas é o fundamento do Direito positivo.
A moderna concepção jusnaturalista reconhece o Direito Natural como um 
conjunto de princípios e não mais um direito normativo e sistematizador. 
• Insuficiência do direito positivo: O motivo fundamental que canaliza o 
pensamento ao Direito Natural é a permanente aspiração à justiça que acompanha 
o homem. Este, em todos os tempos e lugares, não se satisfaz apenas com a 
ordem jurídica institucionalizada que tanto pode servir à causa do gênero humano, 
como pode consagrar os valores negativos que impedem o pleno desenvolvimento 
pessoal.
• Características: eterno, imutável e universal. Isto porque, sendo a natureza 
humana a grande fonte desses Direitos, ela é, fundamentalmente, a mesma em 
todos os tempos e lugares.
• Direito positivo e direito natural é uma dicotomia enfraquecida pelas seguintes 
razões:
 (a) Promulgação constitucional dos direitos fundamentais: o estabelecimento do 
direito natural na forma de normas postas na Constituição, de algum modo positivou-o.
(b) Trivializacao do direito natural: todo o direito passou a ser logicamente redutível a 
direitos naturais, por isso, sua relevância foi ficando amortecida e gerou até descrédito.
Após o século XIX, cada vez mais, direito é posto, o direito é estabelecido por 
autoridade do Estado ou pela sociedade, e direito natural define-se negativamente como o 
direito que não é posto. A positivação acabou por tomar conta do raciocínio dogmático sobre 
o direito natural.
Contudo, o tema dos direitos naturais é ainda hoje importante para filosofia do direito.
(C) Direito ESTATAL
Aplica-se ás normas jurídicas elaboradas pelo Estado, para reger a vida social.
 Ex: O Código Civil e constituição.
(D) Direito NÃO-ESTATAL
Ao lado do Direito estatal, existem outras normas obrigatórias, elaboradas por 
diferentes grupos sociais e destinadas a reger a vida interna desses grupos. 
Ex: o direito religioso, os usos e os costumes internacionais, as normas trabalhistas 
derivadas das convenções coletivas.
Outro exemplo é o direito esportivo. A atividade esportiva está regulada não pelo 
Estado, mas pelas próprias organizações do esporte. Estas elaboram normas e até mesmo 
códigos que regulam, com força obrigatória, a atividade esportiva.
Gurvitch diz que esse direito estatal pode existir dentro do Estado (direito 
universitário), ao lado do Estado (ex: direito religioso) e acima do Estado (usos e 
costumes internacionais).
Importante dizer que não há uniformidade dos autores no que se refere á aceitação do 
direito não estatal:
• Negação do caráter jurídico aos ordenamentos não estatais (monismo jurídico de 
kelsen).
• Possibilidade de coexistência entre as duas órbitas do Direito: o estatal e o não-
estatal (pluralismo jurídico).
O direito brasileiro acolhe o direito não-estatal.Podem ser citados como exemplos 
de acolhimento expresso,pelo Estado,de normas não estabelecidas por ele: O 
reconhecimento das convenções coletivas de trabalho; a acolhida da autonomia das 
entidades desportivas; o reconhecimento da organização social, costumes, línguas e 
tradições dos índios.
(E) DIREITO OBJETIVO
Conjunto de normas impostas pelo Estado ao proceder humano, de caráter geral, a 
cuja observância os indivíduos podem ser compelidos mediante coerção (norma agendi).
Ou, então, um conjunto de normas tidas por jurídicas à disposição das pessoas que 
podem com essas normas fundamentarem seus pedido perante o Poder Judiciário.
 (F) DIREITO SUBJETIVO
Meio de satisfazer os interesses humanos, faculdade individual de agir de acordo 
com o direito objetivo, de invocar sua proteção (facultas agendi).
Ӄ a possibilidade de exigir-se, de maneira garantida, aquilo que as normas de direito 
atribuem a alguém como próprio” (REALE).Ou seja, é autorização que o sujeito tem para 
exigir a prestação de um dever por parte de outro sujeito garantido pelo diretivo objetivo.
A temática do direito subjetivo é objeto de estudo da nossa próxima aula.
UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
Profa.Ms.Silvana Colombo
2008/01
AULA: DIREITO SUBJETIVO
1) DIREITO SUBJETIVO
A temática do direito subjetivo permite uma das mais amplas discussões doutrinárias 
no campo da ciência jurídica. Discute-se questões como a existência desse direito, até a 
sua validade, importância e características.
Examinaremos brevemente as principais linhas de discussão sobre a referida matéria:
Teorias
1) As doutrinadas NEGADORAS do direito subjetivo(Duguit e kelsen)
 Para Duguit existe somente direito objetivo, já que a idéia de direito subjetivo é 
uma noção inútil e vazia de sentido. Para ele, os denominados "direitos subjetivos" 
seriam o poder ou qualidade da vontade humana.
Dito de outra forma, os indivíduos têm um poder próprio de se impor às outras 
vontades, devendo reconhecer que, em virtude das regras jurídicas existentes, cada pessoa 
se encontra numa situação jurídica determinada. Por conseguinte, não admite que certas 
vontades têm qualidade própria que lhes da o poder de se impor a outras vontades 
(NOÇÃO METAFÍSICA).
Ele critica também a concepção individualista inscrita na Declaração de Direitos do 
Homem, 1789.
 Kelsen diz que o direito subjetivo nada mais édo que o próprio direito 
objetivo, ou seja, a norma jurídica, em sua relação com o sujeito, estabelecido 
pela norma. O direito objetivo se transforma em direito subjetivo, quando está à 
disposição de uma pessoa.
Ex: A norma de que o locador pode requerer o despejo do inquilino por falta de 
pagamento do aluguel, é norma legal e, portanto, direito objetivo.Mas passa a constituir 
direito subjetivo do locador, na medida em que faz depender da vontade deste a aplicação 
da medida coativa do despejo estabelecido na lei (NOÇÃO METAJURÍDICA).
2) As doutrinas AFIRMADORAS do direito subjetivo
(a) Teoria da VONTADE (Windscheid)
A teoria da vontade tem como principal representante Windscheid.Para ele o direito 
subjetivo é poder de vontade reconhecida pela ordem jurídica.Esse poder de vontade 
apresenta-se como poder de exigir determinado comportamento (ex, cobrança dívidas) 
ou como soberania de vontade (capacidade de adquirir ou extinguir direitos e obrigações 
-direito de comprar e vender propriedade).
Objeções
 Há direitos subjetivos em que não existe uma vontade real e efetiva do seu 
titular.Ex: incapazes, empregados que têm direitos a férias e pessoas jurídicas.
 Mesmo nos casos em que existe uma vontade real e efetiva, o ordenamento 
jurídico protege o direito e não a vontade.
(b) Teoria do INTERESSE
Ihering afirma que o direito subjetivo é o interesse juridicamente protegido (ação 
judicial).Interesse -para o autor- envolve: interesses patrimoniais, econômicos, bens, 
valores, personalidade, liberdade, honra.
Objeções
 Há muitos interesses protegidos pela lei que não constituem direitos subjetivos.Ex: 
os consumidores de uma cidade têm interesse na fiscalização dos alimentos 
vendidos à poupança e na punição dos infratores, mas não tem qualquer direito de 
exercer essa fiscalização.
 O interesse não é, em si mesmo, o direito subjetivo, mas, sim, o objeto desse 
direito.
(c) Teoria MISTA (Jellinek e Ferrara).
As doutrinas mistas, que procuram explicar o direito subjetivo pela combinação de 
dois elementos: vontade + interesse . 
Jellinek define o direito subjetivo como poder da vontade humana, reconhecido e 
protegido pela ordem jurídica, tendo como objeto um bem ou interesse.Essa definição 
acentua o elemento vontade +o elemento interesse como finalidade da proteção 
jurídica.
 Algumas conclusões sobre a definição de direito subjetivo
O conceito de direito subjetivo pode ser aplicado a situações diferentes, razão pela 
qual essa expressão pode assumir significados diferentes conforme a situação 
apresentada:
(a) Direito à vida, nome, domicílio: direito de gozo, existe sem intervenção da 
vontade do titular.A intervenção do titular ocorre só nas hipóteses de violação de tais direitos 
(Direito de GOZO).
(b) Direito de votar, de recorrer, de se sindicalizar: trata-se do direito de praticar 
certos atos. A vontade e necessária para o exercício desses direitos, embora esses direitos 
persistam,ainda que a pessoa não exerça (Direito de AGIR).
(c) Direito de o Estado legislar, julgar, punir, cobrar impostos: trata-se de direitos-
funções, que existem e permanecem ainda mesmo na ausência nade manifestação do 
titular, embora essa manifestação seja necessária ao exercício de tais direitos (Direito 
FUNÇÃO).
Infere-se, portanto, que nem a “vontade’ e nem o” interesse “ é o ponto comum em 
todos os casos relatados. Qual então os elementos comuns a todos os casos de direito 
subjetivo?
O direito subjetivo é sempre:
 Uma relação de “dependência” de um objeto (bem ou atividade) a uma pessoa 
(o bem ou atividade que lhe pertencem).
 Essa relação é reconhecida pela ordem jurídica (há um poder ou vontade que o 
efetiva).
 Que confere ao titular ou seus representantes prerrogativas de agir em relação 
a esse objeto.
Ex: No direito à vida, o direito não consiste propriamente na vida, mas numa relação 
entre esse e a pessoa.O direito à vida (bem ou interesse) é o objeto do direito subjetivo;
Sintetizando o que estudamos até então, temos que o direito subjetivo é:
 -É um DIREITO-INTERESSE: objeto do direito
 -Um DIREITO-PODER: prerrogativa do sujeito em relação ao objeto.
 -Um DIREITO-RELAÇÃO: dependência do objeto ao sujeito.
Elementos do direito subjetivo
Quais são os elementos do Direito Subjetivo?
 (a) Sujeito ou titular do direito
 (b) Objeto ou bem sobre o qual recai o direito.
 (c) Relação ou vínculo jurídico, que una o objeto ao sujeito.
 (d) Proteção ou garantia que a ordem jurídica dispensa a esse direito
Temos assim 4 elementos fundamentais do direito subjetivo:sujeito,objeto e relação 
jurídica (elementos intrínsecos) e proteção(elemento extrínseco).
 O vínculo jurídico entre sujeito e objeto faz com que o objeto seja do sujeito, que lhe 
pertença ou caiba, conseqüentemente, o sujeito disporá de certas prerrogativas ou 
poderes em relação ao objeto. Esse vínculo sujeito-objeto só tem sentido na medida em 
que outras pessoas devem respeitá-lo.Ex: direito de propriedade
Sujeito do Direito:
Toda relação jurídica é intersubjetiva, é da natureza do direito a relação entre 
pessoas.Supõe, pelo menos dois sujeitos:
 Sujeito ativo: titular do direito (pessoa física ou pessoa jurídica).Ex: proletário no 
direito de propriedade ou o credor nas obrigações.
 Sujeito passivo: é a pessoa obrigada a realizar a prestação (positiva ou 
negativa).Ex: no direito de crédito, o devedor é o sujeito passivo.
Portanto, em sentido amplo, sujeito é o titular de um direito ou de obrigações na 
relação jurídica.
Podem existir direitos sem sujeitos?
 Ao conceito de sujeito passivo ligam-se as noções de dever jurídico e de 
prestação.Importante é identificar as características do dever jurídico pra distingui-lo do 
dever moral.
E o que diferencia o dever jurídico do dever moral é a exigibilidade. Ao dever 
jurídico do sujeito passivo corresponde sempre a exigibilidade ou poder de exigir do sujeito 
ativo, ou seja, existe um sujeito que pode exigir o cumprimento da obrigação.
Por isso, a correlação entre direito subjetivo e dever jurídico.A todo direito 
corresponde uma obrigação (sentido amplo).
Ex: o dever de o Presidente da república enviar proposta do orçamento ao Congresso 
nacional, o dever da Polícia de não prender senão em flagrante delito ou poder ordem 
escrita.
Ainda, as noções de “sujeito passivo” e de “dever jurídico” nos conduzem a um novo 
elemento: a prestação.
Prestação é o objeto do dever jurídico ou obrigação.Todo dever jurídico tem por 
objeto uma prestação, que pode consistir: (a) dever positivo, isto é, tem por objeto uma 
fazer; (b) dever negativo, que tem por objeto uma abstenção.
Ex: o eleitor tem o dever jurídico de votar.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
UNOESC-CAMPUS APROXIMADO DE PINHALZINHO
PROFA Ms.Silvana Colombo
2008/01
AULA 5: DIREITO e MORAL
1) DIREITO E MORAL
A distinção entre “direito” e “moral” processou-se historicamente, desde as normas 
dos povos primitivos até os códigos modernos, através de lento desenvolvimento. 
Ou seja, houve desde a antiguidade a ‘intuição’ de que o problema do Direito não se 
confunde com o da Moral. Contudo, esse problema adquiriu um sentido mais vital na época 
moderna, depois do surgimento dos conflitos entre a Igreja Católica e os cultos protestantes.
Era necessária uma delimitação clara da zona de interferência do poder público, o que 
seria possível através de uma distinção entre o mundo jurídico e o mundo moral e 
religioso.
Um dos estudiosos mais importantes dessa matéria foi o jurista alemão Thomasius, 
que procurou apresentar uma diferenciação prática entre Direito e Moral: 
(i) O Direito cuida da ação humanadepois de exteriorizada, ou seja, rege as ações 
exteriores do homem (foro externo).
(ii) A Moral contempla problemas de foro íntimo, tudo que se passa no plano da 
consciência.
Mas será exato dizer que o Direito só cuida daquilo que se exterioriza, não levando em 
consideração o mundo da intenção?
• A primeira objeção á doutrina de Thomasius é a de que não é possível separar a 
ação dos homens em dois campos estanques. Ela é sempre concreta e una.
• A segunda é a de que o Direito leva em consideração as ações internas, a 
intenção e a vontade.
Exemplos (i) Direito penais (crimes dolosos, crimes culposos) (ii) Direito civis 
(anulação dos atos jurídicos).
A doutrina da exterioridade do direito contém um elemento verdadeiro como diz Reale: 
”o direito jamais cuida do homem isolado, em si e de per si, mas sim do homem enquanto 
membro da comunidade, em suas relações intersubjetivas”.
Isto posto, vejamos, em primeiro lugar, as demais teorias que explicam a relação entre 
Direito e Moral. Essas têm vantagens e desvantagens. Entre as desvantagens está a de em 
simplificar demasiadamente os problemas. Servem, contudo, como ponto de referência para 
a compreensão da distinção entre Direito e a Moral.
 (A) Teoria do MÍNIMO ÉTICO (Jeremy Benthan,Georg Jellinek)
-Regras jurídicas imorais. 
-Regras Jurídicas amorais. Direito
 
(B) Teoria do CÍRCULO CECANTES (Pasquier)
A moral e o Direito aparecem com uma faixa de competência comum e, ao mesmo 
tempo, ambos os setores aparecem como uma faixa de competência independente.
 
 Moral Direito
(C) Direito e moral para MIGUEL REALE 
 
 Normas de COMPORTAMENTO
Só a norma jurídica é IMPERATIVA AUTORIZANTE
.
MORAL DIREITO
Cumprimento das regras 
sociais
ESPONTÂNEA OBRIGATÓRIA
Direito e coação INCOERCÍVEL COERCÍVEL
Direito e heteronomia AUTONÔMA HETERÔNOMO
Bilateralidade atributiva ? AUTORIZANTE
MORAL
MORAL DIREITO
• Não é concebível ato moral forçado, fruto da força ou da coação.
• Coação no Direito não é efetiva, mas potencial. 
• A norma jurídica de um lado, impõe o dever a determinada pessoa, dizendo que 
ela deve fazer, por outro, lado, autoriza o lesado pela sua violação exigir o dever 
(relação de prestação e contraprestação recíprocas).
Ex: do amigo e do cocheiro (Reale, p.51).
• As regras jurídicas são exteriores à opinião e à vontade das pessoas que a elas se 
devem submeter (heterônoma).
 Ex: Se pago determinado imposto, não interessa se o faço com aceitação ou 
protesto, pois o dever jurídico está cumprido.
Concluindo: A Moral e o Direito mostram diferenças ou dessemelhanças essenciais, 
mas tais relações que ao mesmo tempo possuem um caráter histórico baseiam-se na 
natureza do direito como comportamento humano sancionado pelo Estado e na natureza da 
moral como comportamento que não exibe esta sanção estatal e se apóia exclusivamente 
na autoridade da comunidade, expressa em normas e acatada voluntariamente.
UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
Profa.Ms.Silvana Colombo
2008/01
AULA: DIVISÃO DO DIREITO
1)RAMOS DO DIREITO: DIREITO PÚBLICO E DIREITO PRIVADO
Importante dizer que, modernamente, o direito vem sendo estudado como um grande 
sistema, em que tudo se harmoniza no conjunto. Ou seja, a divisão em ramos do Direito ou 
a classificação dicotômica (direito público X direito privado) é meramente didática, a fim 
de facilitar a compreensão do conteúdo.
A superação da dicotomia direito público X direito privado pode ser assim sintetizada:
DIGNIDADE DA PESSO HUMANA (Princípio Matriz)
• Direito Civil Constitucional.
• Eficácia horizontal dos Direitos Fundamentais.
• Descodificação do Direito Civil.
• Microssistemas.
• Despatrimonialização do direito civil.
Como mencionado anteriormente, essa dicotomia remonta a Antiguidade, e, ainda 
persevera atualmente, pelo menos ao permitir a distinção dos tipos normativos.
Desde o direito romano é conhecida a divisão do Direito em Público e Privado.Os 
romanos utilizavam o critério da utilidade ou do interesse visado pela norma:
 Se a norma se referisse ao interesse do Estado: Direito Público
 Se a norma referisse ao interesse dos indivíduos: Direito Privado
Esse critério apresenta algumas falhas, já que nem sempre é possível identificar se 
o interesse protegido é do Estado ou dos particulares, ainda, algumas normas que o 
interesse visado é o geral pertence ao direito privado.
Vários são os critérios propostos para essa diferenciação.Nesse sentido, optamos 
pela diferenciação apresentada por Miguel Reale:
DIREITO PRIVADO DIREITO PÚBLICO
-Organiza as relações entre os particulares -Disciplina as relações entre particulares.
-Prevalece interesse particular -Prevalece interesse público
-Relação de coordenação -Relação de subordinação
O princípio máximo do direito público é o princípio da soberania. No direito 
contemporâneo, soberana é a lei, que confere ao Estado e aos entes públicos de modo 
geral a competência para editar atos soberanos (normas cogentes), encontrando seu limite 
no princípio da legalidade.
No direito privado vige, supremamente, o princípio da autonomia privada. 
Submetem-se, também à legalidade, mas não de forma estrita.
Partindo do pressuposto de que a divisão bipartite responde às atuais necessidades 
didáticas, sem desconsiderar a existência de aspectos que possam ser considerados de 
direito público ou privado nos institutos de cada ramo, apresentamos a seguinte divisão:
Observe o esquema abaixo:
 
 -Direito Civil
 -Direito internacional Privado
 PRIVADO -Direito Comercial
 -Direito Consumidor
 -Direito do Trabalho
 
 
 -Direito Penal
 DIREITO -Direito Internacional Público
 Interno -Direito Administrativo
 PÚBLICO -Direito Constitucional 
 -Direito tributário
 -Direito Financeiro
 
OBS: A enumeração dos ramos do direito não é exaustiva.
 
ATIVIDADE
DIREITO PÚBLICO E DIREITO PRIVADO: Nas relações de trabalho, prevalece o interesse público 
ou interesse privado?
(a) Grupo DIREITO DO TRABALHO pertence ao DIREITO PÚBLICO: deverá elencar os 
argumentos apontados pela doutrina e jurisprudência na defesa da premissa.
(b) Grupo DIREITO DO TRABALHO pertence ao DIREITO PRIVADO: deverá elencar os 
argumentos apontados pela doutrina e jurisprudência na defesa da premissa.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
UNOESC-CAMPUS APROXIMADO DE PINHALZINHO
PROFA Ms.Silvana Colombo
2008/01
AULA:FONTES DO DIREITO
1)FONTES DO DIREITO
Conceito de Fonte do Direito
São os meios pelo qual se formam as normas jurídicas.
“Modos de formação da norma jurídica, ou seja, procedimentos e atos pelos quais 
essas normas atingem a existência jurídica, inserem no direito positivoe adquirem validade” 
(Bergel).
Classificação
Os autores costumam distinguir as fontes materiais e as fontes materiais.
 Como fontes MATERIAIS, indicam-se:
(a) Realidade social: fator econômico, religioso, político e moral.
(b) Os valores que o direito procura realizar (justiça):
 Fontes FORMAIS do direito,indicam-se:
=São formas de exteriorização do direito 
= Toma como base 2 elementos: segurança e certeza para estabelecer uma 
hierarquia de prevalência no ordenamento jurídico.
(a) Legislação
A lei é uma das mais importantes fontes formais da ordem jurídica.Ela é fonte 
primária e estatal do Direito.Mas como definir a lei em sentido jurídico?
O vocábulo lei pode ser usado em sentido amplíssimo (regras escritas e regras 
costumeiras; sentido amplo (qualquer norma jurídica escrita, sejam as leis oriundas do 
Poder Legislativo, sejam os decretos, regulamentos baixadas pelo Poder Executivo);e 
sentido estrito (é a norma jurídica aprovada regularmente pelo Poder legislativo.
Hierarquia das leis:
a. Lei Constitucional: Sobrepondo-se a todas as demais normas do ordenamento 
jurídico. Contém normas que prescrevem como se deve produzir outras normas.
b. Leis Complementares: são inferiores à Constituição Federal e superiores ás 
ordinárias.
c. Leis Ordinárias: Que é a grande categoria das normas legais (Código Civil, 
Código Penas, Lei do Inquilinato). Editada pelo Poder Legislativo da União, 
Estados, Municípios, no campo de suas competência constitucionais, com a 
sanção do chefe do executivo.
d. Leis delegadas: possuem a mesma hierarquia das ordinárias, mas são 
elaboradas pelo Presidente da República que solicita poderes ao Congresso 
Nacional.
e. Medidas provisórias: São normas expedidas pelo Presidente da República nos 
casos previstos na Constituição Federal.
f. Decretos, resoluções, normas internas
(b) Costume Jurídico
O costume é a mais antiga das fontes jurídicas.É também chamado de direito não-
escrito em oposição à lei, que é sempre direito escrito.Antigamente, os costumes se 
transmitiam apenas oralmente de geração em geração.Hoje, o costume é formulado por 
escrito em repertórios e consolidação que se fazem para sua fixação e prova.
Costume: norma jurídica que resulta de uma prática geral constante e prolongada, 
observada com a convicção de que é juridicamente obrigatória.
Para que um uso qualquer se transforme em costume jurídico são necessárias duas 
condições, que são os elementos constitutivos do costume:
 Ele precisa ser praticado por longo tempo, de forma geral e constante 
(elemento objetivo).
 É necessária a convicção de obrigatoriedade (elemento subjetivo).
O costume, portanto, é uma norma criada espontaneamente pela consciência do 
povo e não editada pelo poder público. Não se confunde, assim, com o uso coletivo, de 
natureza religiosa, moral ou social, que são seguidos por respeito á tradição, mas sem a 
convicção de obrigatoriedade.
O Poder Judiciário exerce um papel importante na aplicação do costume. Isso porque 
sua existência torna-se mais clara depois após uma decisão judicial que o reconhece. 
Contudo, a decisão judicial não transforma em norma escrita o costume.
Em relação à lei, o costume pode ser das seguintes formas:
(a) Segundo a lei: quando a lei a ele se reporta expressamente e reconhece sua 
obrigatoriedade. Ex: art.1192 do CC.
(b) Praeter Legem: Intervém na falta ou na omissão da lei. Tem caráter supletivo. É o 
que dispõe ao artigo. Ex: Cheque pré-datado
Art. 4º LICC – “Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a 
analogia, os costumes e os princípios gerais do direito.”
 (c) Contra Legem: quando o costume contraria o que dispõe a lei. Isso ocorre em 
duas situações: no desuso (costume suprime a lei, que fica letra morta), ou no costume ab-
rogatório (que cria nova regra).
• Os costumes secundum legem e o praeter legem são aceitos pacificamente pela 
doutrina e jurisprudência. Já o costume contra legem, abre-se no campo do direito 
grande controvérsia:
(a) Tendência legalista: rejeitam a validade do costume contra legem.
(b) Escolas de orientação histórica e realista: sustentam que o costume que 
contraria eficazmente lei escrita, constitui o verdadeiro direito positivo da comunidade.
Exemplos:
-Direito Comercial: o artigo 2° do regulamento 737 determina a aplicação dos usos e 
costumes comerciais.
-Direito Internacional: as normas costumeiras têm maior importância determinada 
pela inexistência de um Estado mundial, capaz de legislar.
-Direito Civil: é admitido para suprir lacunas da lei ou em numerosos textos o Código 
Civil indica essa suplementação pelos usos e costumes (arts.1210,1218 e 596).
(c) Jurisprudência
A jurisprudência como fonte formal do Direito positivo, é o conjunto uniforme e 
constante das decisões judiciais sobre casos semelhantes.
Uma decisão isolada não constitui a jurisprudência. É uma fonte estatal e 
secundária do direito.
Jurisprudência não se confunde com sentença, pois esta é uma decisão 
individualizada, aplicável a um caso concreto.
Temos que distinguir também o costume da lei, já que ambas traçam uma norma 
jurídica geral e obrigatória. A diferença está no fato de que a jurisprudência é mais flexível 
e maleável, razão pela qual desempenha um papel importante no esclarecimento dos 
conceitos genéricos da norma legislativa.
Da mesma forma que o costume se forma pela repetição de fatos individuais, a 
jurisprudência se constitui através de sentenças idênticas. Então, a jurisprudência se impõe 
de forma semelhante ao costume: longa repetição, uniforme e constante.
 Todavia, certas características permitem distinguir, com clareza, o costume da 
jurisprudência:
COSTUME JURISPRUDÊNCIA
-É criação da consciência da 
coletividade
-Criada pelos juizes e tribunais
-Nasce como decorrência do exercício 
dos direitos e obrigações.
-Decorre das decisões sobre casos em 
conflito.
-É espontâneo -É reflexiva
A importância da jurisprudência como fonte do Direito está diretamente relacionado ao 
sistema jurídico ao qual o Estado está inserido:
(a) Direito anglo-saxônico: direito costumeiro, nesse sentido, exerce a jurisprudência 
um papel considerável.
(b) Direito romanístico: predominância legislativa, portanto, seu papel é menos 
significativo.
Por fim, a jurisprudência enquanto fonte do Direito atua com caráter supletivo, ou 
seja, os julgados uniformes dos Tribunais atuam como norma aplicável aos demais casos, 
enquanto não houver nova lei ou modificação na jurisprudência.Alem disso,serve também 
para unificar a ordem jurídica.
(d) Doutrina
È o estudo de caráter cientifico que os juristas realizam a respeito do direito. De um 
lado, a doutrina vem ganhando importância cada vez maior na formação do Direito,seja 
através de construções teóricas e elaborações doutrinárias, que atuam sobre a legislação e 
jurisprudência,seja pela investigação e descoberta de novas fontes, como usos sociais 
obrigatórios.
Por outro lado, a opinião dos doutrinadores não tem força normativa e pode ser 
considerada uma fonte material do direito.
= Miguel Reale nega à doutrina a qualidade de fonte do direito. 
Então, pergunta-se: constituirá a doutrina uma fonte do Direito?
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
UNOESC-CAMPUS APROXIMADO DE PINHALZINHO
PROFA Ms.Silvana Colombo
2008/01
AULA 8: DA ESTRUTURA DA NORMA JURÍDICA
Norma Jurídica
A norma jurídica é uma regra de conduta social, que tem a finalidade de regular a 
atividade dos homens em suas relações sociais.
Mas como distinguir as normas jurídicas das demais normas presentes na vida social, 
entre elas:
-As normasmorais (consciência individual)
-As normas religiosas (fé)
-Os usos e costumes sociais (hábito de convivência)
-As normas jurídicas (campo do direito).
Essa distinção entre norma jurídica e as demais normas pode ser feita a partir de duas 
características:
(a) Imperativo-atributiva: impõe a uma parte o cumprimento da obrigação, atribui à 
outra parte o direito de exigir esse cumprimento. Portanto, as normas jurídicas são 
protegidas pela eventual aplicação da força coercitiva do poder social (coerção 
potencial).
(b) Conteúdo: o direito não encontra seu conteúdo próprio e especifico senão na 
noção de justo ou ela está orientada no sentido da realização da justiça (bem comum 
+direito dos particulares). A justiça, como conteúdo da norma jurídica, está ligada à 
universalidade dos preceitos jurídicos.
Agora, então, temos elementos para caracterizar a norma jurídica. Esse conceito 
aplica-se à lei escrita, ao costume jurídico, às decisões normativas e a todos os preceitos 
que constituem em cada sociedade o direito efetivamente reconhecido.
 -Normas de conduta do homem
 -Garantida pela eventual aplicação da força social (elemento formal)
 -Com a finalidade de realização da justiça (elemento material)
Então, podemos dizer que as normas jurídicas são re gras de conduta que regem as 
relações sociais, sancionadas pelo direito e dotadas de um caráter permanente, geral e 
abstrato (Bergel).
Desta definição, extraímos as seguintes características das normas jurídicas:
(a) Generalidade: é uma regra estabelecida não em vista de um caso individual, mas 
de todos os casos da mesma espécie (elemento material).
(b) Abstrata: a lei disciplina uma situação jurídica “abstrata”, ou seja, dos preceitos 
normativos, a lei deve gerar efeitos para o futuro. Ao contrario do juiz, que sempre decide 
diante de fatos concretos, o legislador dispõe para situações jurídicas definidas 
abstratamente, por exemplo, homicídio, direito do voto (elemento material).
(c) Permanente: a lei tem continuidade no tempo, se aplica indefinidamente aos casos 
ocorrentes, enquanto não for revogada ou não se esgotar o tempo de sua vigência.
(d) Autoridade competente: ressalta o aspecto formal da lei, sendo a própria 
separação de Poderes uma forma de controle do arbítrio, limitando a atuação dos agentes 
estatais (Poder Legislativo).
(e) Fórmula escrita: elemento instrumental da lei. A lei é formulada num texto 
escrito dividido em artigos, capítulos, títulos e seções... O que lhe dá maior concisão, 
clareza e segurança.
A conceituação da lei jurídica, com essas características é matéria divergente na 
doutrina. Alguns doutrinadores consideram suficiente a presença do elemento formal para 
caracterizar a lei e desprezam o conteúdo material. Para outros, basta a matéria ou o 
conteúdo: norma geral, abstrata e permanente.
Ambos os elementos são necessários para que uma norma seja, em sentido próprio 
lei. Correto, portanto, denominá-las de leis: (a) meramente formais (por exemplo, as que 
criam um novo Município); (b) meramente materiais (por exemplo, regulamentos, 
portarias).
Estrutura da norma jurídica:
Ao iniciarmos o estudo das estruturas das normas jurídicas, é necessário desde logo 
estabelecer algumas distinções que se vinculam, de modo imediato, ao exposto quanto à 
estrutura da norma jurídica.
A primeira distinção que se impõe é entre normas de organização e normas de 
conduta. Na realidade, há regras de direito cujo objetivo imediato é disciplinar o 
comportamento dos indivíduos, ou as atividades dos grupos e entidades sociais em geral 
(normas de conduta ou primária) enquanto que outras possuem um caráter instrumental, 
visando a estrutura e funcionamento de órgãos (normas de organização ou secundária).
O essencial neste aspecto é reconhecer que as normas jurídicas sejam elas 
enunciadas de formas de ação ou comportamento, ou de formas de organização e garantia 
das ações ou comportamentos, não são modelos estáticos e isolados. Mas sim modelos 
dinâmicos que se implicam e se correlacionam, dispondo-se num sistema, no qual umas 
são subordinantes e outras são subordinadas, umas são primárias e outras secundárias, 
umas principais e outras subsidiárias ou complementares, segundo ângulos e perspectivas 
que se refletem nas diferenças de qualificação verbal.
A doutrina de Kelsen
No pensamento de Kelsen, a proposição jurídica é um juízo hipotético ou condicional, 
em que o antecedente é o não cumprimento de uma obrigação e o consequente é a 
disposição de que uma sanção deve ser aplicada . 
-Dada a não prestação, deve ser a sanção.
-Se F é, deve ser C.
-NP S
Segundo essa concepção, toda regra de direito contém a previsão genérica de um 
fato, com a indicação de que, toda vez que um comportamento corresponder a esse 
enunciado, deverá advir uma conseqüência, que, por sinal, na teoria de Kelsen, 
corresponde sempre a uma sanção , compreendida apenas como pena . 
Dizemos, igualmente, que a regra jurídica enuncia um dever ser de forma objetiva e 
obrigatória, porquanto, é próprio do Direito valer-se de maneira heterônoma, isto é, com ou 
contra a vontade dos obrigados, no caso das regras de conduta, ou sem comportar 
alternativa de aplicação, quando se tratar de regras de organização.
Assim, o ato de matar alguém: o significado do ato vem dado por uma norma penal 
que o pune. Trata-se, porém, de conduta circunstanciada, o agente sofre a influência do 
meio, de sua educação, de sua condição mental. A norma, em sua frieza formal, apenas 
prescreve: deve ser punida com uma sanção a conduta de matar. Desta forma, a função da 
ciência jurídica é, pois, descobrir, descrever o significado objetivo que a norma confere ao 
comportamento. O Direito é assim, para ele, um imenso conjunto de normas, cujo 
significado sistemático cabe à ciência jurídica determinar.
Críticas:
Entendemos, porém, que essa estrutura lógica corresponde apenas a certas 
categorias de normas jurídicas, como, por exemplo, às destinadas a reger os 
comportamentos sociais, mas não se estende a todas as espécies de normas como, por 
exemplo, às de organização, às dirigidas aos órgãos do Estado ou às que fixam atribuições, 
na ordem pública ou privada. Nestas espécies de normas nada é dito de forma condicional 
ou hipotética , mas sim categoricamente , excluindo qualquer condição.
A concepção formalista do Direito Kelsen, para quem o Direito é norma, e nada mais 
do que norma, harmoniza-se com a compreensão da regra jurídica como simples enlace 
lógico que, de maneira hipotética, correlaciona, através do verbo deve ser, uma 
conseqüência C ao fato F, mas não vemos como se possa vislumbrar qualquer relação 
condicional ou hipotética em normas jurídicas como estas:
(a) “Brasília é a Capital Federal” (Constituição, art. 18, § 1. º); (b) “Toda pessoa é 
capaz de direitos e deveres na ordem civil” (Código Civil, art. 1. º);
Somente em um artifício verbal poder-se-á dizer que o citado art. 18, § 1.º, da Carta 
Magna quer dizer que, se uma cidade for Brasília, deverá ser considerada Capital Federal; 
ou então que, pelo art. 1.º da Lei Civil de 2002, se algum ser for pessoa, deverá ser capaz 
de direitos e obrigações. 
A doutrina de Miguel Reale
A norma jurídica, não obstante a sua estrutura lógica assinala o momento de 
integração de uma classe de fatos segundo uma ordem de valores de correlação dialética.
 -FATO (referência fática).
 -VALOR (dimensão axiológica).
 -NORMA (estrutura lógica).
 “A hipoteticidade ou condicionalidade da regra de conduta não tem apenas um 
aspecto lógico , mas apresenta também um caráter axiológico,uma vez que nela se 
expressa a objetividade de um valor a ser atingido”.
Protege-se o valor de liberdade do destinatário, ainda que para um ato de violação, 
seja estabelecida a objetividade de um dever e subjetividade de um poder.
Classificação da Norma Jurídica:
Dentre as várias classificações das normas jurídicas, podemos indicar as seguintes:
Classificação Definição Exemplos
(a) Quanto à 
sua hierarquia
-Leis 
constitucionais:
-Leis 
infraconstitucionais
(b) Quanto à 
obrigatorieda-
de
-Normas 
imperativas
-Normas 
dispositivas
 
(c) Quanto à 
sistematização
-Leis esparsas
-Códigos
-Consolidações
(d) Quanto à 
origem
Normas Federais
Normas Estaduais
Normas 
Municipais
Por fim, a norma jurídica pode se classificada em geral (quando aborda todo um ramo 
especifico do Direito, por exemplo, o Código Civil) ou especial (quando se atém a setor 
especializado, dentro de certo ramo, por exemplo, a lei do inquilinato, que se desvincula do 
Código Civil).
Leis que nos dão, direito que nos damos 
Luiz Flávio Gomes 
Definitivamente estão sendo sepultados todos os mitos (de Rousseau) que procuravam, no século XIX, dar credibilidade às 
leis - a lei é expressão da vontade geral, o legislador legisla com justiça e só atende os interesses gerais etc.
Temos em vigor hoje no nosso país cerca de 28.000 normas jurídicas. Mais de 10.000 são leis ordinárias. Milhares de medidas 
provisórias. A fúria legislativa é incessante: desde a promulgação da Constituição Federal 05.10.88 até 28.02.02 foram 
editadas - nos três níveis da Federação: Federal, Estadual e Municipal - 1.787.248 normas (incluindo-se emendas 
constitucionais, leis, medidas provisórias, decretos e normas complementares etc.). 
Só no âmbito federal tivemos (até 28.02.02): seis ementas de revisão, 35 emendas constitucionais, duas leis delegadas, 55 
leis complementares, 2.738 leis ordinárias, 653 medidas provisórias, 5.491 medidas reeditadas, 7.181 decretos e 78.422 
normas complementares - portarias, instruções, atos normativos, ordens de serviço e etc (cf. levantamento feito pelo Instituto 
Brasileiro de Planejamento Tributário, Curitiba, in O Estado de S. Paulo de 14.04.02, p. A12).
Acabou, há muito tempo, a sábia lentidão do legislador que demorava em fazer uma lei, para que ela fosse bem feita. La sage 
lenteur foi substituída por um turbilhão de leis mal elaboradas, retóricas, demagógicas, desconexas e puramente simbólicas - 
só são aprovadas para enganar a população. O caos normativo a que chegamos não tem nada de similar na nossa História.
Pior é que, nesta era da decodificação, as leis vão sendo fabricadas diuturnamente - dessa linha de produção estão saindo 41 
normas a cada dia - e nem sequer são codificadas. São leis esparsas (especiais), que estão se amontoando sem nenhuma 
organização. Há tempos, nós, professores críticos, estamos denunciando esse descalabro no nosso país e cada vez mais nos 
estão dando razão.
Terrível é constatar que esse desastre está se transformando em hecatombe em virtude da mentalidade positivista legalista - a 
lei é a dimensão do Direito e dos direitos - que ainda predomina no ensino jurídico do nosso país assim como na maioria das 
decisões dos nossos juízes. Desconhecem a dupla normatividade (legal e constitucional) do Estado Constitucional e 
Democrático de Direito, bem como suas naturais antinomias.
O horror ganha extensão incomensurável quando o professor ou o juiz transmite aos alunos e à população a execrável lição de 
Kelsen no sentido de que a justiça é um ideal irracional; não é acessível ao conhecimento. A justiça está no direito positivo 
(nas leis vigentes), a teoria pura do Direito o explica tal como ele é - tal como ele é dado pelas leis -; pergunte-se pelo Direito 
real e possível, não pelo Direito justo (...). 
Temos que sepultar para sempre essas lições de Kelsen. As leis que nossos legisladores não dão - em geral um conjunto de 
palavras desconexas e ininteligíveis - já não se correspondem ao Direito que nos damos (ou que devemos nos dar). A verdade, 
o direito e a justiça, como diz Georges Duchén, não podem depender de algumas bundas majoritárias que se levantam diante 
de outras que ficaram sentadas.
Neste princípio de terceiro milênio, já não há espaço para o jurista com a mentalidade do segundo. É preciso reconhecer que a 
sabedoria legislativa acabou, que a coerência das leis desapareceu. As leis que nos dão são fontes de muitas incertezas, 
confusão e crise. Jurista sábio, nesta era, é o que conhece e aplica os princípios gerais do direito, que é nossa tábua de 
salvação. 
Justiça principiológica é a que aplica os princípios básicos e elementares do Direito. Só assim se consegue alguma coerência 
na aplicação dessa enxurrada de leis. De multitudo legum, unum ius! Mais importa a justitia normans que o ius normatum 
(mais importa a justiça de cada caso concreto que as leis escritas). A lei, em suma, é o ponto de partida para se descobrir o 
justo em cada caso, mas nem sempre é o ponto de chegada, que exige bom conhecimento dos valores constitucionais assim 
como dos princípios gerais do Direito. 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
UNOESC-CAMPUS APROXIMADO DE PINHALZINHO
PROFA Ms.Silvana Colombo
2008/01
AULA: PLANO DE VALIDADE, VIGÊNCIA E EFICÁCIA DA 
NORMA JURIDICA.
1) VALIDADE, VIGÊNCIA E EFICÁCIA. 
Noções iniciais
A questão da validade da norma jurídica, do ponto de vista da dogmática jurídica, é 
saber: (a) quando uma norma é reconhecida como válida pelo ordenamento; (b) quando 
deixa de valer; (c) quais os efeitos que produz; (d) e quando e até quando os produz. 
Portanto,não basta que uma regra jurídica se estruture, é preciso que ela satisfaça os 
requisitos de validade, para que seja obrigatória. A validade de uma norma pode ser vista, 
assim, sob três aspectos: vigência, validade e eficácia.
(A) VALIDADE
Para reconhecermos a validade de uma norma, precisamos de início, que a norma 
esteja integrada no ordenamento . Exige-se que seja cumprido o processo de formação da 
norma, em conformidade com os requisitos exigidos pelo próprio ordenamento. Encerrada 
esta etapa, temos uma norma válida.
Assim, válida é a norma:
• Que respeita um comando superior, a Constituição federal; 
• e que foi elaborada pelo órgão competente e de acordo com o procedimento 
legal previsto para sua criação. 
Terminada a fase de produção de uma norma, que ocorre com a sanção, temos 
uma lei válida. 
Sancionada a norma legal, para que se inicie o tempo de sua validade, ela deve ser 
publicada. Publicada a norma, diz-se, então, que a norma é vigente.
(B) VIGÊNCIA 
É o período que vai desde a entrada em vigor da norma até a sua revogação. É o 
âmbito temporal da validade. A vigência, portanto:
• Demarca o tempo de validade de uma norma;
• Exprime a exigibilidade de um comportamento, a qual ocorre a partir de um dado 
momento e até que a norma seja revogada ou em que se esgota o prazo previsto 
para sua duração.
Em geral, a vigência começa com a publicação, mas pode ser postergada.
(C) EFICÁCIA 
A capacidade de a norma produzir efeitos depende de requisitos de natureza fática 
ou de natureza técnico-normativa. Temos, portanto:
• Eficácia social : Uma norma se diz socialmente eficaz quando encontra na 
realidade condições adequadas para produzir efeitos (requisitos fáticos).
Ex: se uma norma prescreve a obrigatoriedade do uso de determinado aparelho que 
ao existe no mercado, a norma será ineficaz nesse sentido.
• Eficácia jurídica: a norma tem condições de aplicabilidade, ou seja, é aptidão 
mais ou menos extensa para produzir efeitos.
Para aferir o grau de eficácia, no sentido técnico, é preciso verificar quais as funções 
da eficácia no plano da realização normativa: função de bloqueio, programa ser 
concretizado ou função de resguardo.Ex: Artigo 226 §3 da CF/88: a norma que prevê o reconhecimento da união estável 
entre homem e a mulher como entidade familiar (válida e vigente desde 1998), mas não 
plenamente eficaz até o advento das leis que delimitaram os requisitos para sua conversão 
(Leis de 1994 e 1996).
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
UNOESC-CAMPUS APROXIMADO DE PINHALZINHO
PROFA Ms.Silvana Colombo
2008/01
AULA: EFICÁCIA DA LEI NO TEMPO E NO ESPAÇO
1) EFICÁCIA DA LEI NO TEMPO
Início da vigência das Leis 
A Lei de Introdução ao Código Civil estabelece o prazo de 45 dias no Brasil e três 
meses no exterior para o início da vigência da lei quando esta não mencione em seu 
texto a fixação deste prazo.
Nos termos do art. 1º, caput, LICC1 a lei começa a vigorar:
NO TERRITÓRIO BRASILEIRO:
• A lei geralmente fixa em si própria a sua vigência (publicação).
• Se a lei não dispuser, em seu próprio texto: 45 dias após sua publicação.
Nos ESTADOS ESTRANGEIROS: três meses depois de oficialmente publicada 
(normalmente: atribuição de ministros, embaixadores, cônsules, funcionários de nossas 
representações diplomáticas...)
 O prazo entre a publicação da lei e sua vigência é denominado de vacatio legis. 
Durante a vacatio legis, a lei existe perfeita e completa, mas não está ainda em vigor, não 
obriga, não pode ser aplicada, não pode ser invocada, não cria direito nem impõe deveres. 
A duração da vacatio legis sujeita-se ao princípio do prazo progressivo ou do prazo único. 
1 “Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o País 45 dias depois de oficialmente publicada.”
A forma de contagem do prazo da vacatio legis é a dos dias corridos, com exclusão do 
dia de começo e inclusão do de encerramento, computados domingos e feriados, de tal 
maneira que, no termo certo, inicia a sua obrigatoriedade, sem interrupção ou suspensão. 
Se houver necessidade de republicação da lei, em virtude de erro na publicação 
anterior será iniciado outro período da vacatio legis para os artigos republicados. As 
correções alvo da republicação são apenas às referentes a falhas materiais, pois se houver 
alteração na disposição legal, somente por via de outra lei poderá a alteração ser efetuada. 
Se o erro da publicação for detectado, após o início da vigência, a lei não poderá 
ser republicada, e sua alteração só poderá ser feita mediante a edição de uma nova lei 
que modifique/corrija o texto da lei anterior. 
Se a lei depender de regulamentação pelo Poder Executivo, sua vigência se considera 
suspensa, até que o decreto executivo seja expedido, e isto porque a necessidade de 
regulamentação opera como uma condição suspensiva à força obrigatória da lei. 
Princípio da Obrigatoriedade das Leis
Com o início da vigência da lei, esta se torna obrigatória para todos os 
participantes da sociedade, sem distinção de qualquer espécie. Ninguém pode se escusar 
de cumprir a lei, alegando que não a conhece. 
Embora, de fato, seja impossível a ciência de todas as leis integradas e vigentes no 
ordenamento jurídico, a lei é obrigatória e deve ser obedecida, não por um motivo de 
conhecimento prévio, mas para que seja possível a convivência social. A lei é obrigatória por 
uma razão de interesse da própria vida social organizada. 
Princípio da Continuidade das Leis
Segundo este princípio toda lei, a partir do início de sua vigência, tem eficácia 
contínua, até que seja revogada por outra lei. O desuso da lei não faz com que esta perca 
sua eficácia formal. 
Leis temporárias
Há leis que independentemente da edição de nova lei, deixam de vigorar 
automaticamente. São as chamadas leis temporárias, destinadas a ter vigência por um 
prazo determinado, como, por exemplo, as leis orçamentárias que vigoram por apenas um 
ano.
A lei temporária não pode ultrapassar o seu tempo final, a não ser que ocorra a 
sua prorrogação, seja tácita (ex: as leis orçamentárias ficam prorrogadas, se o novo 
orçamento não for enviado à sanção do Presidente da República), seja expressa, quando 
outra lei é votada, estendendo o seu período de duração por outro prazo, ou por prazo 
indeterminado. 
Término da Vigência
(a) Lei com prazo indeterminado: Só deixa de viger até que outra lei as modifique ou 
revogue.
(b) Lei com prazo determinado: cessará por causas intrínsecas.
Revogação da Lei 
É a suspensão da força obrigatória da lei, retirando-lhe a eficácia – o que só pode ser 
feito por outra lei da mesma hierarquia ou de hierarquia superior.
A revogação pode ser:
Revogação expressa: a norma revogadora declara qual a lei que está extinta em 
todos os seus dispositivos ou aponta os artigos que pretende retirar.
Revogação tácita – Mesmo que a lei não mencione expressamente a lei revogada, 
haverá revogação tácita quando a norma anterior for incompatível com a lei nova ou quando 
a lei nova regular inteiramente a matéria de que trata a lei anterior.
Revogação total ou ab-rogação – ocorre quando a totalidade da lei anterior for 
revogada pela lei nova. 
Revogação parcial ou derrogação – ocorre quando a lei nova revoga tácita ou 
expressamente, apenas algumas das disposições da lei antiga, continuando o resto em 
vigor. 
Importante: Cláusula de vedação geral
Objetivando complementar as normas da Lei de Introdução do Código Civil, e 
melhorar a técnica legislativa foi editada a Lei Complementar nº 95/98 (com a redação dada 
pela LC 107/01) que determinou a partir de 27.04.2001 que a cláusula de revogação 
enumere, expressamente, as leis ou disposições legais revogadas. Está proibida, portanto, 
a partir de 24.07.2001 a cláusula geral “revogam-se as disposições em contrário”. 
 
Regras de revogação
CRITÉRIO REGRA A SER OBSERVADA
CRITÉRIO HIERÁRQUICO -Superioridade de uma fonte de produção jurídica 
sobre a outra.
CRITÉRIO CRONOLÓGICO - A última lei prevalece sobre a anterior que a 
contradiz, desde que tais leis sejam do mesmo 
escalão.
CRITÉRIO DA ESPECIALIDADE -Lei especial revoga a geral (o tipo geral está 
contido no tipo especial).
• Pode coexistir: normas de caráter geral e especial, desde que não haja 
incompatibilidade entre elas.
Repristinação
Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora 
perdido a vigência (LICC, art. 2º, § 3º). Portanto, não há impedimento à repristinação da lei 
revogada, havendo apenas a necessidade de disposição expressa neste sentido. 
Conflito de Leis no Tempo
Segundo o art. 6º da LICC, a lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato 
jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. 
Ato jurídico perfeito é o ato já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se 
efetuou. É o ato plenamente constituído, cujos requisitos se cumpriram na pendência da lei 
sob cujo império se realizou, e que fica a cavaleiro da lei nova 
 Direito adquirido abrange os direitos que o seu titular ou alguém por ele possa 
exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo prefixado ou condição 
preestabelecida; inalterável ao arbítrio de outrem. São os direitos definitivamente 
incorporados ao patrimônio do seu titular, sejam os já realizados, sejam os que 
simplesmente dependem de um prazo para seu exercício, sejam ainda os subordinados a 
uma condição inalterável ao arbítrio de outrem. A lei nova não pode atingi-los, sem 
retroatividade. 
Coisa julgada é a decisão judiciária de que já não caiba mais recurso. 
2) EFICÁCIA DA LEI NO ESPAÇO
Âmbito espacial diz respeito ao espaço em que a lei se aplica.
A lei tem seu campo de aplicação limitado no espaço pelas fronteiras do Estado que a 
promulgou. Denomina-se isso territorialidade da lei.
Contudo, os Estados admitem aaplicação, em algumas situações, de leis 
estrangeiras, em seu território, com a finalidade de facilitar as relações internacionais. É a 
chamada aplicação extraterritorial do direito que ocorre quando as leis de um Estado são 
aplicáveis no território de outro.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
UNOESC-CAMPUS APROXIMADO DE PINHALZINHO
PROFA Ms.Silvana Colombo
2008/01
AULA: TEORIA DO ORDENAMENTO JURÍDICO
1) ORDENAMENTO JURIDICO
A validade de uma norma não é uma qualidade intrínseca, ou seja, normas não são 
válidas em si, pois dependem do contexto, da relação das normas com as demais normas 
do contexto. Tecnicamente, então, a validade de uma norma depende do ordenamento no 
qual esta inserida.
Ordenamento é um conjunto de normas. Portanto, o ordenamento jurídico 
brasileiro é o conjunto de todas as suas normas, em que estão incluídas todas as espécies 
que mencionamos ao classificá-las.
No ordenamento jurídico encontramos: (a) elementos normativos; (b) não-
normativos (preâmbulo, critérios de classificação, regras elaboradas para suprir lacunas da 
lei); (c) estrutura (Quando dizemos que as normas estão dispostas hierarquicamente, umas 
são superiores, outras inferiores, estamos pensando em sua).
O ordenamento jurídico é um sistema complexo e dinâmico , pois ele capta as 
normas dentro de um processo de contínua transformação. 
Ex: normas são promulgadas, subsistem no tempo, são substituídas por outras ou 
perdem sua atualidade.
Em síntese, como sistema dinâmico, o ordenamento tem alta mobilidade. Nele está 
tudo em movimento, de onde decorre a dificuldade de operar com ele (tarefa dogmática). 
Cabe ao jurista operar as diversas possibilidades de decisão. 
Para isso, necessita de conceitos operacionais dinâmicos, sem os quais os 
conflitos sociais não poderiam ser solucionados. Esses conceitos, embora dinâmicos, 
podem possibilitar alguma forma de estabilidade (estabilidade de mudança).
Essas considerações vão permitir compreender que o Direito Objetivo (conjunto de 
normas, porque se destina a ter vigência e eficácia na totalidade do território), constitui, no 
seu todo, um sistema global que se denomina ordenamento jurídico.
 Teoria do ordenamento como uma estrutura de normas (KELSEN)
Os adeptos da antiga doutrina de reduzir o direito ao sistema das leis (Kelsen), partem 
da verificação que todo sistema de normas, obedece a uma ordem lógica e coerente, por 
exemplo, os códigos vigentes (Código Penal, Código Civil, etc..).
Isto significa que as normas se ordenam, subordinando-se umas às outras, 
gradativamente, obedecendo à estrutura de uma pirâmide que tem no seu ápice a norma 
fundamental.Logo, a validade de todo ordenamento depende (Kelsen) do disposto na 
primeira Constituição (prioridade lógica). Assim, a Constituição Federal de 1988 seria a 
norma primeira na ordem da vigência, subordinando-lhe toda a legislação anterior.
A validade jurídica é apreciada do ponto de vista puramente formal, ou seja, as 
regras jurídicas se ordenam hierárquica e logicamente, como degraus escalonados, a 
começar pelas normas de menor incidência, como as particulares e as individualizadas, ate 
alcançar as genéricas, dentre as quais emergem as disposições constitucionais.
A noção de norma fundamental é fácil de ser percebida. Se as normas do 
ordenamento compõem séries escalonadas, no escalão mais alto está a primeira norma da 
série, de onde todas as demais se originam, mas difícil de ser caracterizada: é uma 
norma, um fato de poder ou espécie de principio lógico?
Pergunta-se, que é que da validade à norma suprema posta pelo legislador 
constituinte originário?Para Kelsen, a pirâmide normativa só é valida se se admitir uma 
norma que não é expressão de qualquer ato legislativo, mas que representa apenas uma 
exigência lógica, ou seja, o pressuposto lógico segundo o qual “deve ser obedecido o 
estabelecido pelo constituinte originário”.
Essa norma fundamental seria uma norma transcendental; é ela que torna possível a 
experiência do Direito como um conjunto gradativo de regras entre si logicamente 
subordinadas e coerentes.
Teoria Tridimensional do Ordenamento (REALE)
O ordenamento jurídico é normativo, mas não é apenas um conjunto gradativo de 
normas e nem de proposições lógicas.As normas representam, o momento culminante de 
um processo inseparável dos fatos (que estão em sua origem) e dos valore (que constituem 
sua razão de ser).
Para Reale o ordenamento jurídico é formado por normas, fatos e valores. Certo é 
que as regras jurídicas não se subordinam uma às outras de maneira linear, até porque nem 
todas as normas jurídicas são da mesma natureza (algumas prescrevem formas de conduta 
e outras distribuem competências).
Por isso, há que falar em gradação de faixas normativas distintas correspondentes a 
distintos aspectos da realidade social. Essas faixas de gradação normativa colocam-se 
umas em correlação com outras, mas nem sempre de forma hierárquica.
O ordenamento jurídico (expressão de uma experiência social e histórica) é constituído 
por múltiplos complexos normativos entre si correlacionados. Portanto, o que confere 
validade ao ordenamento é uma razão de ordem prática que resulta da consideração 
histórico-social da experiência jurídica.
Dinâmica do sistema
Num sistema dinâmico, normas deixam de valer. Assim, temos que:
(a) Uma norma perde a validade se REVOGADA por outra: Revogar é cessar 
definitivamente o curso da vigência da norma. A revogação depedende de uma norma, a 
norma revogadora. Ela não estabelece outra hipótese de incidência, apenas acaba com a 
vaidade da norma revogada.
(b) Uma norma perde a validade pela INEFICÁCIA:
• Caducidade: corre pela superveniência de uma situação, cuja ocorrência torna a 
norma inválida, sem que ela precise ser revogada. Ex: uma norma que fixa o prazo 
(condição de data) de sua vigência; uma norma para fazer frente à calamidade 
(condição de fato).
• Desuso: está relacionado com o comportamento do destinatário da norma. Ex: A 
norma caduca porque as condições de aplicação por ela prevista não mais 
existem.
• Costume contra legem: não obstante a previsão da ação como proibida sob 
certas circunstâncias, ela é realizada.
Então, caducidade difere do desuso: Na caducidade o fundamento é objetivo (a 
condição fática prevista norma deixou de existir). No desuso, o fundamento da norma é 
subjetivo (os destinatários ignoram a norma).
Desses três tipos de cessação de validade, a caducidade não causa problemas e é 
admitida pelo direito. Já o desuso, cria alguma dificuldade quando o pressuposto de 
aplicação da norma é um dado da cultura e não um fato natural. O caso do costume 
negativo é ainda mais difícil, posto que temos uma omissão generalizada, apesar da 
ocorrência das condições de aplicação da norma.
Consistência do Sistema
Quando falamos da revogação por incompatibilidade, tocamos num ponto importante 
da teoria do ordenamento: sua consistência.
Consistência é a não ocorrência de antinomias, ou seja, normas válidas que se 
excluem mutuamente. O pressuposto de que o ordenamento jurídico é um sistema 
unitário e consistente é o ponto de partida do estudo das antinomias normativas.
Antinomia Jurídica ocorre quando há uma contrariedade entre as normas dentro do 
sistema jurídico. 
É a oposição que ocorre entre duas normas contraditórias (total ou parcialmente), 
emanadas de autoridades competentes num mesmo âmbito normativo, que colocam o 
sujeito numa situação insustentável pela ausência ou inconsistência de critérios aptos a 
permitir-lhe uma saída nos quadros de um ordenamento dado
Portanto, as condições para caracterização

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