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DISFUNÇÕES MÚSCULO- ESQUELÉTICAS NA INFÂNCIA PROFª VANIA CRISTINA RESTANI ALVES PÉ TORTO CONGÊNITO Nomenclatura: Pé eqüinocavovaro supinado Pode ser isolada ou associada a outras patologias. Caracteriza-se por: pé eqüino; varo; aduto; supinado e cavo. Incidência: 1 a 2/1000 + sexo masculino (2:1) 50% bi / 50% unilateral Classificação: - Idiopático - Teratológico - Sindrômico - Postural Retração de partes moles: ligamentos e cápsulas. Tendões e músculos flexores plantares e eversores do pé encurtados (Tibial posterior, triceps sural e tendão de aquiles) Tendão de Aquiles tem inserção mais medial mantendo o varismo Quando o pé não for tratado, ocorrerão adaptações importantes nos outros ossos, posteriormente incapacidade funcional, dores e degeneração articular. TRATAMENTO Correção das deformidades Melhorar mobilidade Permitir deambulação sem dor e com melhor apoio possível Tto precoce, devido a elasticidade ligamentar, muscular e ausência de alterações secundárias adaptativas TRATAMENTO CONSERVADOR Início imediato – 10° dia de vida Manipulações diárias + bandagens TRATAMENTO CONSERVADOR Início imediato – 10° dia de vida Gesso inguinopodálico: correção progressiva, troca semanal com manipulação TRATAMENTO CIRÚRGICO A partir do 5°/6° mês de vida Correção: liberação medial, posterior e lateral fixação da correção com fios de aço TRATAMENTO CIRÚRGICO P.O.: retirada da fixação 3ª sem P.O. gesso inguinopodálico até +- 45/60 dias P.O. após órtese TORCICOLO MUSCULAR CONGÊNITO BIOMECÂNICA tortus = torto collum = pescoço Deformidade ocasionada pela contratura do músculo esterno – cleido – occipito - mastóideo (ECOM) inclinação da cabeça para o lado afetado, rotação para o lado oposto. ETIOLOGIA Etiologia: não há consenso na literatura Má posição do pescoço no útero provocando isquemia no músculo e fibrose Apresentação pélvica causando alongamento excessivo no parto O pediatra tem que descartar outras má formações, como as que causam alterações vertebrais; defeitos da visão e defeitos no SNC Só muscular FISIOPATOLOGIA tumefação ou fibroma (tec.conjuntivo denso) fibrose no ECOM encurtamento e contratura QUADRO CLÍNICO PALPAÇÃO: “Tumor” endurecido, não depressível e fusiforme Indolor Assimetria da face Desnivelamento dos olhos Limitação ADM passiva e ativa para inclinação contralateral e para a rotação ipsilateral TRATAMENTO - Conservador: intervenção precoce até 1 ano de idade - Cirúrgico: após 1 ano de idade sem resultados tto. conservador FISIOTERAPIA - Alongamento muscular (ECOM) - Mobilização da coluna cervical - Incentivo à correção ativa - Orientações aos cuidadores - Prevenção de assimetrias compensatórias ALONGAMENTOS - inclinação p/ o lado oposto - rotação p/ o mesmo lado ESTIMULAÇÃO ORIENTAÇÕES - exercícios domiciliares (3 a 4x/dia) - estímulos à movimentação ativa - posicionamento de berço e do bebê - carregar no colo - amamentação TRATAMENTO CIRÚRGICO - após 1 ano de idade (Davids e cols., 1993) (Morrison e MacEwen, 1982) - tenotomia (alongamento) ou liberação musc. Distal (porção clavicular e esternal) Proximal FISIOTERAPIA - Imobilização com órtese (colar) - Mobilização passiva precoce após 3.º/4.º PO - Movimentação ativa após 4/6 sem. FISIOTERAPIA AUTO ALONGAMENTOS CORREÇÃO POSTURAL REEQUILÍBRIO CORPORAL E POSTURAL LUXAÇÃO CONGÊNITA DO QUADRIL DISPLASIA CONGÊNITA DO QUADRIL Alteração do desenvolvimento dos ossos da articulação do quadril = falta de cobertura acetabular Luxação Congênita do Quadril - Incidência: luxação 1/1000 displasia 10% - Sinais precoces: Manobra de Ortolani Manobra de Barlow - Sinais tardios: encurtamento do membro, saliência do grande trocânter, assimetria das pregas, limitação da abdução, sinal de Trendelemburg - Diagnóstico por Imagem: Raio X, US, Artrografia, TC, RM - Tratamento Ortopédico: centrar a cabeça e deixá-la estável (depende da idade) abd.+- 60° flx. 90/110° - Tratamento Ortopédico: RN: órteses abdutoras - dinâmicas (aparelho de Pavlik) abd. 60 ° flx. 110 ° - Tratamento Ortopédico: RN: órteses abdutoras - estáticas (aparelho de abdução fixa) abd. 60 ° flx. 90 ° - Tratamento Ortopédico: 3° mês: tração cutânea prévia redução incruenta imobilização em GPP (4 a 5 meses) - Tratamento Ortopédico: 9°/10° mês: tratamento cirúrgico imobilização em GPP (4 sem.) - Tratamento Fisioterápico: (pós tto ortopédico) - normalização da ADM - normalização da FM - estimulação do DNM - treino de marcha e funcionalidade (reeducação do padrão de marcha) DOENÇA DE LEGG- CALVÉ-PERTHERS Necrose avascular central idiopática da cabeça femural, que acomete o esqueleto imaturo, auto-limitante Fases: 1- Necrose 2- Fragmentação 3- Reossificação 4- Definitivo Etiologia: desconhecida Incidência: +- 1/1200 + sexo masculino (4:1) 2 aos 12 anos Quadro Clínico: claudicação, dor, limitação da ADM (rot.int., abd., contratura em flx.), hipotrofia e encurtamento do membro, sinal de Tredenlemburg + Diagnóstico: - Raio X (fase evolutiva e extensão da lesão) - Cintilografia óssea (diagnóstico precoce) - Artrografia e RM Tratamento Ortopédico: centrar a cabeça no acetábulo Conservador (lesões pouco extensas, < 50%) - gessos ou órteses de abdução Cirúrgico (lesões extensas, > 50%) - osteotomias femorais ou pélvicas - imobilização PO por 4/6 sem - fisioterapia PO* Tratamento Fisioterapêutico Analgesia Decoaptação / tração Fortalecimento muscular Propriocepção Reeducação do padrão de marcha Orientações Diminuição e/ou impossibilidade de marcha EPIFISIÓLISE Deslocamento póstero-inferior da placa epifisária da cabeça do fêmur Traumática ou idiopática, uni ou bilateral (25%) + sexo masculino (2:1), 9 aos 16 anos Quadro Clínico: - dor e marcha antálgica - Hipotrofia muscular - Encurtamento do membro - Limitação flexão, abdução e rotação int. (padrão de adução e rotação externa) Fases: - Pré-Deslizamento (dor leve, limitação discreta de movimentos, Raio X -) - Deslizamento (dor e deformidade evidentes, alteração radiográfica) - Deformidade física (consolidação) Tratamento Ortopédico : - evitar a progressão - prevenir necrose - preferencialmente cirúrgico = fixação “in situ” Reabilitação (precoce): - ADM e FM (imediato) - Carga no membro operado - 4ª/6ª sem PO - Propriocepção - Reeducação dp padrão de marcha - Orientações OSTEOCONDRITES Osteocondroses Osteocondroses assépticas OSTEOCONDRITES Definição: Processo inflamatório osteocondral Dor nas fises de crescimento, apófises de tração “dores do crescimento” Oliveira e Andreolli (2005) www.fpb.com.br Estirão de crescimento + atividade física Normalmente os sintomas são auto-limitantes Cessam com a maturidade do crescimento Dirani et al. (2003) Xavier R.(2003) Resultam de distúrbios do crescimento na região das epífises em consequência de distúrbios circulatórios desconhecidos, os quais acarretam perturbações locais dos processos de ossificação. Redução da resistência das estruturas do aparelho de locomoção diante das solicitações. Becker e Dolken (2008) As osteocondroses obedecem a um ciclo imutável durante a sua evolução até a cicatrização das lesões. Necrose Reabsorção Reconstrução Remodelagem Tachdjian (1994) Tratamento Geral Bandagens Funcionais Fortalecimento / alongamentos Treino funcional Hidroterapia Orientações gerais Bandagens Funcionais Reeducação Funcional Hidroterapia TIPOS Osgood- Schlatter (tuberosidade da tíbia) Sinding-Larsen –Johansson (patela) Haglund- Sever (calcâneo) Osteocondrites não articulares Dirani et al. (2003) OSGOOD SCHLATER Local: Apófise da Tuberosidade tibial Sinônimos: osteocondrose tibial, apofisite, osteocondrite tibial Incidência: 8-15 a Meninas: 8-13 a Meninos: 10-15 a Adolescentes praticantes de alguma atividade esportiva Esportes em geral que envolvam corrida e saltos 33% casos: bilateral Xavier R.(2003) www.kneeclinic.info Etiologia: *Estresse traumático por tracionamento constante do tendão patelar Lise e fragmentação do tecido ósseo cartilaginoso local Xavier (2003) Características clínicas: Dor tuberosidade tibial Dor piora com atividade Dor aliviada com repouso Dor x extensão joelho Aumento de volume da tuberosidade tibial Edema de partes moles Xavier R.(2003); Becker e Dolken (2008) www.kneeclinic.info www.childrensmemorial.org Encurtamentos musculares: IQT, quadríceps, flexores do quadril (testes +) Alterações na patela: patela alta Rotação externa tíbia acentuada www.childrensmemorial.org SINDING-LARSEN- JOHANSSON Local: pólo inferior da patela Sinônimos: osteocondrose, apofisite do pólo inferior da patela, osteocondrite patelar juvenil www.kneeclinic.info www.childrensmemorial.org Incidência: Meninos * (10-14 anos) Esportes: Saltos * Etiologia: Microtraumas repetitivos Tração por “overuse” do ligamento patelar sobre seu ponto de inserção no pólo inferior da patela. A inflamação pode ser seguida de calcificação local www.kneeclinic.info; www.childrensmemorial.org Características clínicas: Dor no pólo inferior da patela No trajeto de ligamento patelar Edema local Piora dos sintomas: escadas, saltos, posição ajoelhada, esportes www.kneeclinic.info www.childrensmemorial.org Raio X: Fragmentação, irregularidades do pólo inferior da patela Calcificação do ligamento patelar proximal www.childrensmemorial.org RM: espessamento do ligamento patelar Inflamação local. www.kneeclinic.info HAGLUNG-SEVER Local: apófise do calcâneo Sinônimos: apofisite, osteocondrose da apófise do calcâneo Dirani et al. (2003) Incidência: Meninos* (10 –12 anos); Meninas (8-10 anos) futebol , ginastas Esportes em geral com corrida e saltos 60% acometimento bilateral Etiologia: Microtraumas de repetição Forças de tração do tendão calcâneo Dirani et al. (2003);www.familydoctor.org Curiosidade: O pé é uma das primeiras partes do corpo a atingir a maturidade óssea de crescimento. Início da puberdade www.familydoctor.org Características clínicas: Diagnóstico clínico* Dor à palpação medial e lateral da apófise Encurtamento tríceps sural Dor desencadeada pela atividade Dor aliviada com o repouso Dirani et al. (2003) TRATAMENTO 1º: identificar fatores x dor 2º: modificação dos fatores por repouso relativo ( duração, freqüência, intensidade) 3º: controle da dor com medicação 4º: fisioterapia ** 5º: orientação exercícios preventivos www.fpb.com.br Dirani M, Alimena LJM, Neto LM. Osteocondrites. In: Hebert Sizínio, Xavier R et al.Ortopedia e Traumatologia, princípios e prática. Porto Alegre: Artmed, 2003. Xavier R. Joelho da Criança e do adolescente. In: Hebert Sizínio, Xavier R et al.Ortopedia e Traumatologia, princípios e prática. Porto Alegre: Artmed, 2003. www.childrensmemorial.org www.familydoctor.org Sá Pinto AL, Lima FR. Atividade física na infância e adolescência. Ver Bras Reumatol, 2001. V41, n4. Becker AH, Dolken M. Fisioterapia em Ortopedia. São Paulo:Ed Santos,2008. Tachdjian M. Ortopedia Pediátrica.Mexico:Interamericana, 1994.
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