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FÁRMACOS OPIOIDES

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• Os opioides constituem a base do tratamento da dor, mas o controle eficaz pode 
envolver uma ou mais classes de fármacos, inclusive anti-inflamatórios não esteroides, 
anticonvulsivantes e antidepressivos. 
• São derivados da resina retirada da papoula do ópio. 
• Atuam diretamente no sistema nervoso central (SNC) e tem como objetivo promover 
analgesia, hipnose (sedação e indução do sono) e sensação de bem estar. 
• Há substâncias no cérebro, opioides endógenos, que atuam por meio de um receptor 
opioide. Diante de uma situação de estresse estes ligantes (endorfinas, encefalinas e 
dinorfinas) são liberados. 
• Tais peptídeos opioides ativarão receptores: µ, κ e δ acoplados à proteína G (RAPG), 
que são os responsáveis pelos efeitos. Estes, estão expressos em uma grande 
variedade nos tecidos periféricos, inclusive vasos sanguíneos, coração, vias 
respiratórias, intestino e outras células imunes/inflamatórias. Sendo a maioria dos 
opioides usados na prática clínica relativamente seletivos para os receptores µ. 
MECANISMO DE AÇÃO 
• Com a ligação dos agonistas aos receptores há alterações que inicia o ciclo da ativação/
inativação da proteína G desencadeando eventos como: 
1) inibição da atividade da adenililciclase; 
2) redução da abertura dos canais de Ca+2 voltaico dependentes, impedindo a liberação 
de neurotransmissores e consequentemente bloqueando o estímulo doloroso; 
3) estimulação da corrente de K+, promovendo efluxo de íons potássio e consequente 
hiperpolarização que gera um potencial pós sináptico inibitório, promovendo uma 
diminuição na capacidade de resposta das células dos neurônios excitatórios. 
! Gabriela Reis Viol !
Opioides
FARMACOCINÉTICA 
• Os opioides são bem absorvidos pelas vias intramuscular, intravenosa e subcutânea. A 
maior parte da morfina terá efeito menor depois da administração oral, em vista do 
metabolismo hepático de primeira passagem que é significativo. 
• Após a administração de uma dose terapêutica, cerca de um terço do fármaco se 
encontra ligado a proteínas, abandonando rapidamente o compartimento sanguíneo. 
• A excreção é realizada por filtração glomerular. 
AÇÕES FARMACOLÓGICAS 
• Analgesia. O alívio da dor pelos opioides é relativamente seletivo, visto que outras 
modalidades sensoriais não são afetadas. Estudos relatam que dependendo das doses, 
há redução no componente afetivo da dor, mas não na intensidade percebida. Em geral, 
a dor difusa e contínua (lesão e inflamação dos tecidos) é aliviada de modo mais eficaz 
que a dor aguda intermitente (dor associada ao movimento de uma articulação 
inflamada). 
• Sedação. Os opiáceos podem causam sonolência e disfunção cognitiva, essa 
depressão pode agravar alguma disfunção respiratória. 
• Depressão respiratória. Em doses analgésicas convencionais não há esse risco desde 
que não haja outras variáveis contribuintes, e a depressão respiratória é a causa 
principal de morbidade secundária ao tratamento. Desse modo, os opioides devem ser 
utilizados com cautela em pacientes com DPOC, reserva respiratória diminuída, hipóxia, 
etc. Embora a depressão respiratória não seja considerada um efeito terapêutico 
favorável, sua capacidade de suprimir o drive respiratório é usado para tratar dispneia 
resultante nos quais a ânsia para respirar causa agitação extrema e respiração 
ofegante. Quando administrado em altas doses, os opioides podem causar rigidez 
muscular capaz de comprometer a respiração, além disso, álcool, sedativos e hipnóticos 
podem levar a interações perigosas. 
• Efeitos neuroendócrinos. Hormônios sexuais, prolactina, GH, ADH e ocitocina. 
• Crises epilépticas e convulsões. Ocorrem apenas com doses muito acima das que 
são necessárias para produzir analgesia profunda. Os mecanismos envolvidos estão 
relacionados mais especificamente a inibição dos interneurônios inibitórios (GABA). 
! Gabriela Reis Viol !
• Miose. Decorrente da inibição de GABA, causa constrição pupilar e bloqueia a dilatação 
reflexa. 
• Efeito antitussígeno. Os opioides deprimem o reflexo da tosse, por um efeito direto no 
centro bulbar da tosse sem alterar a função protetora da glote. 
• Êmese. Ocorre pela estimulação direta da zona quimiorreceptora do gatilho emético 
situado na área postrema do bulbo. 
• Efeitos cardíacos e vasculares. Vasodilatação periférica, diminuição da resistência 
vascular periférica, inibição dos reflexos barorreceptores. Quando pacientes deitados 
põem-se de pé, podem ocorrer hipotensão ortostática e síncope. Além disso, há 
diminuição da pré-carga, do consumo de oxigênio e inotropismo (capacidade de 
contração) e cronotropismo (ritmo cardíaco) negativos. 
• Liberação de histamina. A histamina é liberada pelos mastócitos e causa 
vasodilatação (revertida pela Naloxona e bloqueada pelos antagonistas H1). 
• TGI. Constipação, alterações da função intestinal, diminuição da secreção de ácido 
clorídrico, diminuição da peristalse. 
• TU. Inibição do refluxo miccional e aumento do tônus do esfíncter externo, com 
elevação resultado do volume da bexiga. 
• Trato biliar. Contração do esfíncter de Oddi e aumento da pressão no dueto biliar. 
• Pele. A dilatação dos vasos sangüíneos dá a pele a característica de ruborizada, essa 
alteração deve-se a liberação de histamina e pode ser responsável pela sudorese e 
prurido. 
• Sistema imune. Os opioides modulam a função imunológica por efeitos diretos nas 
células do sistema imune e indiretamente por mecanismos neuronais mediados 
centralmente. Em geral, os efeitos parecem ser moderadamente imunossupressores, 
visto que estudos demonstram aumento da suscetibilidade às infecções e à 
disseminação de tumores. Por outro lado, estudos demonstraram que os opioides 
também revertem a imunossupressão e o aumento do potencial tumoral. Há proliferação 
de linfócitos, sobre a produção de anticorpos e quimiotaxia. Os leucócitos migram para 
os locais de lesão tecidual e liberam os peptídeos opioides, os quais ajudam a aliviar a 
dor inflamatória. 
! Gabriela Reis Viol !
FÁRMACOS AGONISTAS 
• MORFINA: protótipo dos opioides. 
Uso IV para que o efeito seja alcançado mais rapidamente, se administrada por via oral 
será menor em decorrência do metabolismo hepático de primeira passagem. 
É hidrossolúvel, o que dificulta a passagem pela barreira hematoencefálica, com isso, sua 
penetração no SNC é mais vagarosa, provocando euforia menos intensa. 
• HEROÍNA: derivada da morfina. 
É muito potente e apresenta ação rápida. E por ser lipossolúvel, penetra facilmente a 
barreira hematoencefálica. Ao entrar no SNC, a heroína é convertida em morfina MUITO 
potente, provocando euforia intensa. No entanto, deixa mais suscetível a tolerância e 
dependência. 
• CODEÍNA: derivada do ópio. 
Ao contrário da morfina, é eficaz tanto por via oral quanto parenteral, visto que o efeito da 
primeira passagem pelo fígado é mínimo. 
Tem afinidade baixa pelos receptores opioides, logo são utilizadas associadas a outros 
analgésicos. 
• TRAMADOL: análogo sintético da codeína. 
É um agonista fraco do receptor µ. Parte do seu efeito analgésico é produzido por inibição 
da captação de noradrenalina e serotonina. No tratamento de dores brandas e moderadas 
ele é eficaz mas para dores graves ou crônicas não. 
• MEPERIDINA: primeiro opioide sintético 
É um agonista µ potente, absorvida por todas as vias de administração. Como ocorre com 
outros opioides, causa constrição pupilar e tem efeitos sobre a secreção dos hormônios 
hipofisários, além disso, em alguns casos causa excitação do SNC, que se caracteriza por 
tremores, abalos musculares e convulsões. Estes efeitos sala tributos em grande parte ao 
acúmulo de metabólitos. Assim como a morfina, a depressão
respiratória é responsável 
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pela acumulação de CO2 que causa consequente vasodilatação cerebral, aumento do 
fluxo sangüíneo e elevação da pressão do liquido cerebroespinhal. Seus inúmeros efeitos 
adversos limitam sua utilização. 
Causa dependência acentuada. 
• FENTANILA: fármaco muito importante na prática anestésica. 
Analgésico extremamente potente e de ação curta quando administrada por via 
parenteral. São comumente usados por via IV, epidural ou intratecal. Altamente 
lipossolúvel, atravessam prontamente a BHE. 
Assim como ocorre com outros opioides, podem ocorrer náuseas, vômitos e prurido. A 
rigidez muscular parece ser mais comum após administração de doses altas e pode ser 
controlada por bloqueadores neuromusculares despolarizantes ou não despolarizantes, 
ao mesmo tempo que se estabiliza a ventilação do paciente. 
A fentanila reduz a FC e pode diminuir levemente a PA, entretanto NÃO liberam histamina 
e os efeitos depressores do miocárdio são mínimos, por essa razão são utilizados em 
pacientes submetidos a operações cardiovasculares ou com a função cardíaca 
comprometida. 
O uso da fentanila no tratamento de dores crônicas tornou-se difundido. 
• METADONA: eficaz por via oral. 
Tem ação estendida na supressão dos sintomas de abstinência dos pacientes com 
dependência física e sua tendência a produzir efeitos persistentes com a administração 
repetida. 
Os efeitos mióticos, depressores da respiração, na tosse, na motilidade intestinal, no 
tônus biliar e na secreção de hormônios hipofisários são semelhantes ao da morfina. 
É indicada para alívio da dor crônica, tratamento de síndromes de abstinência e 
tratamento de usuários de heroína. 
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ANTAGONISTAS OPIOIDES 
• Fármacos que ligam competitivamente a um ou mais receptores opioides e 
antagonizam fortemente os agonias desses receptores. 
• Tem utilização terapêutica no tratamento da overdose de fármacos opioides. Sua 
especificidade é tão grande que a reversão da depressão respiratória por esse fármaco 
praticamente confirma o diagnóstico da intoxicação. 
• Em pacientes dependentes de opioides, pequenas doses de antagonista desencadeiam 
uma síndrome de abstinência moderada a grave, que é muito comum após a 
interrupção súbita do opioide. 
• NALOXONA: doses pequenas deste fármaco administrada por via IM ou IV evitam ou 
revertem imediatamente os efeitos dos agonistas opioides. Devida a sua curta duração 
pode ser necessária múltipla dosagem. 
• NALTREXONA 
• METILNALTREXONA 
TOXICIDADE/TOLERÂNCIA 
• A toxicidade de opioides promove uma tríade clássica: 
1) pupilas puntiformes (miose exarcebada); 
2) depressão respiratória; 
3) coma. 
• Nestes casos, é necessário a utilização de um antagonista opioide: Naloxona. 
• O abuso de opioides pode causar tolerância (tolerância cruzada é quando o uso de um 
gera tolerância aos demais) e dependência. Para tratamento utiliza-se a Metadona. 
• Nas abstinências de fármacos opioides observa-se aumento da FC e PA, rinorreia 
(corrimento excessivo de muco nasal), salivação, lacrimejamento, caibras musculares e 
dor de origem nervosa, indisposição, irritabilidade, insônia, cólica, diarréia, vômitos, 
midríase. 
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FARMACOLOGIA CLÍNICA 
• O uso de opioides requer avaliação da histórica médica do paciente, consentimento 
informado e revisões periódica, visto que alguns fatores podem alterar a sensibilidade 
do paciente ao fármaco. 
• O tratamento é indicado para pacientes com dores moderada à intensa. A indicação em 
casos crônicos deve considerara os efeitos e o desenvolvimento de tolerância e 
dependência. 
• Em adultos, a duração da analgesia aumenta progressivamente com a idade. 
• Paciente com dor intensa pode tolerar doses mais altas, entretanto a medida que a dor 
diminui, o paciente pode desenvolver sedação e até depressão respiratória. 
• Em pacientes com doença hepática e renal, os opioides devem ser utilizados com 
cautela, uma vez que eles são metabolizados pelo fígado e/ou excretados pelos rins 
podendo ocorrer efeitos acumulativos. 
• Os opioides são contraindicados em situações de ferimentos na cabeça devido ao 
aumento da pressão intracraniana. 
• Em pacientes com disfunção da tireóide ou da suprarrenal haverá uma resposta 
exagerada aos fármacos. 
PROTOCOLO DE ANALGESIA DA OMS 
1) Dor branda à moderada. AINE’s ou paracetamol (podendo associar ou não um 
fármaco coadjuvante. 
2) Dor branda à moderada/dor incontrolável pela etapa 1. Opioide de ação curta 
conforme a necessidade, com possível associação de um analgésico não opioide 
podendo associar ou não um fármaco coadjuvante. 
3) Dor moderada à grave/dor incontrolável pela etapa 2. Opioide de liberação 
prolongada ou ação longa em doses contínuas + opioide de ação curta conforme 
necessidade podendo associar ou não um fármaco coadjuvante. 
! Gabriela Reis Viol !

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