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Analgésicos opioides CONCEITOS • Opioides - são considerados opioides todas as drogas, naturais e sintéticas, com propriedades semelhantes às da morfina, incluindo peptídios endógenos. Esse termo pode ser utilizado para agonistas, agonistas parciais, agonistas- antagonistas e antagonistas competitivos. • Opiáceos- são as substâncias (alcaloides) derivadas do ópio, como a morfina, e as semissintéticas, como a codeína. • Peptidios opioides endógenos = são os ligandos naturais para os receptores opioides, ex: endorfina • Ópio-é derivado de opos, palavra grega para suco. A droga ópio é obtida do exsudato de sementes da planta Papaver somniferum. • Narcótico - é um termo inespecífico, derivado do grego narkotikos, e foi utilizado para descrever a morfina e analgésicos semelhantes. O uso no contexto legal, contudo, se refere a qualquer droga não opioide, incluindo a cocaína, que produz dependência. Desse modo, o termo narcótico não deve ser utilizado na prática clínica ou farmacológica. • Tolerância - é um estado em que doses cada vez maiores de opioides são necessárias para a obtenção de um efeito. Ocorre mais para analgesia, euforia e depressão respiratória que para miose, efeito convulsivante e constipação. Existe tolerância cruzada entre opioides; contudo, a frequência e a intensidade com que esse fenômeno aparece e desaparece diferem entre os diversos fármacos. A tolerância se inicia com a primeira dose de um opioide, mas se manifesta clinicamente após a 2ª ou 3ª semana do tratamento. A tolerância pode ser provocada por um agonista-antagonista e persiste para a euforia e efeitos respiratórios por alguns dias e, para vômitos, por alguns meses. • Tolerância cruzada - morfina, meperidina e metadona e semelhantes apresentam tolerância cruzada para ação sedativa, analgésica, euforizante e respiratória. • Dependência física - é caracterizada pela necessidade contínua de tomar a droga para evitar a síndrome de abstinência. A síndrome de abstinência acontece alguns dias após a última dose e é caracterizada por rinorreia, Iacrimejamento, diaforese, bocejos, calafrios, contrações abdominais, náusea e vômito, aumento de temperatura, dores generalizadas, rigidez nos membros, ansiedade, irritabilidade, insônia e agressividade. O início, a intensidade e a duração dos sintomas dependem da meia-vida da droga e do grau de dependência física. Para morfina e heroína, os sintomas se iniciam após 6 a 10 horas, atingem o pico com 36 horas e podem persistir por 5 dias ou até meses. Para metadona, os sintomas de abstinência ocorrem após vários dias ou em 2 semanas. A síndrome pode ser precipitada por antagonistas e após uso repetido de um agonista- antagonista. • Dependência - é a necessidade compulsiva de obter a droga para satisfazer um desejo individual de bem-estar (euforia, indiferença ao estímulo externo e sedação). Houve, também, relato de sensações abdominais associadas a orgasmo sexual intenso. Em inglês, usa-se a palara addiction para indicar esse fenômeno. As ações nos neurônios locais e circuitos intrinsecos envolvidos na modulação da dor causam analgesia, outros efeitos terapeuticos e lambem efeitos colaterais indesejaveis. CLASSIFICAÇÃO AGONISTA NATURAIS (agonistas) • Morfina • Codeína • Tebaína • Ópio SEMISSINTETICO (agonistas) • Oxicodona • Heroína • Hidroxicodona • Oximorfona • Hidroximorfona SINTETICOS (agonistas) • Metadona • Meperidina • Fentanila • Proproxifeno • Dextrometorfano • Difenoxilato • Sufentanil A droga agonista pura é aquela que não possui efeito teto para analgesia, ou seja, o aumento da dose do agente produzirá alívio da dor em uma função linear tipo log. O fato que pode limitar a eficácia dessas drogas é o aparecimento de efeitos colaterais. Por outro lado, é importante diferenciar eficácia de potência. Potência é a dose necessária para produzir um efeito e está relacionada à afinidade da droga com o receptor. ANTAGONISTA PARCIAL Possuem baixa eficácia, ou seja, sua curva dose-resposta produz um efeito teto menor que o máximo obtido com o agonista puro. Assim, o aumento da dose de um agonista parcial acima da dose teto não resultará em aumento da resposta analgésica. AGONISTA-ANTAGONISTA AGONISTAS/ANTAGONISTAS • Buprenorfina, nalbufina, pentazocina Produz um efeito agonista em um tipo de receptor e uma ação antagonista em outro tipo de receptor. ANTAGONISTA ANTAGONISTAS • Naltrexona • Naloxona Não possui atividade farmacológica intrínseca, mas pode interferir na ação de um agonista. Os antagonistas podem ser competitivos (agem no receptor para opioides) e não competitivos (através de outro mecanismo de ação). POTENCIA RELATIVA E DOSE EQUIANALGESICA É a relação entre a dose de dois analgésicos para produzir o mesmo efeito. Por convenção, a potência relativa entre dois opioides comumente utilizados é comparada a 10 mg de morfina. FARMACOCINETICA ABSORÇÃO Os opioides podem ser absorvidos por via subcutânea, transdérmica, intramuscular, mucosa do nariz, boca e trato gastrointestinal. A biodisponibilidade dos fármacos utilizados por via oral, contudo, sofre uma redução devido ao metabolismo de primeira passagem no fígado; a dose utilizada por essa via deve ser maior que a por via parenteral para que se atinja uma concentração terapêutica eficaz. Ao convertermos a dose total empregada por via parenteral para o uso oral, é importante lembrar que o número de enzimas hepáticas varia entre indivíduos, interferindo, então, na quantidade de droga proposta por tabelas de conversão, para mais ou menos. Existem duas formas de apresentação para comprimidos de opioides: os de liberação imediata e os de liberação lenta. Os comprimidos de liberação imediata permitem a absorção mais rápida da droga para a circulação sanguínea, com picos plasmáticos mais elevados e riscos de ultrapassar concentração limite para toxicidade; consequentemente, essa apresentação está associada a maior incidência de efeitos colaterais. Essa via, contudo, atinge as concentrações de equilíbrio (steady-state) entre sangue e tecido-alvo nas primeiras 24 horas. Os comprimidos de liberação lenta utilizam matriz de controle dual com dois tipos diferentes de polímero de retardo (um hidrofóbico, outro hidrofílico), cuja proporção assegura a liberação controlada da substância ativa. Os fluidos gastrointestinais dissolvem a superfície do comprimido, expondo a matriz hidrofóbica. A substância ativa da droga começa a difundir-se atravessando o comprimido e tomando-se disponível para absorção. Esses comprimidos possuem a vantagem de oferecer concentrações analgésicas eficazes por tempo prolongado (8 a 12 horas) e sem picos plasmáticos acima da dose tóxica. A desvantagem, todavia, é que são necessárias 48 a 72 horas para que o indivíduo atinja a concentração de equilíbrio no sangue, retardando o tempo para alívio adequado da dor. Também, o pH baixo do estômago aumenta a taxa de absorção da droga, podendo interferir no tempo de ação do opioide. DISTRIBUIÇÃO A captação de opioides por vários órgãos e tecidos está relacionada a fatores químicos ou fisiológicos. Essas drogas se ligam a proteínas plasmáticas (albumina e alfa-! glicoproteína ácida) ou aos eritrócitos e se distribuem inicialmente para tecidos altamente vascularizados (pulmão, fígado, baço e rim) e depois para os de vascularização moderada e baixa. Nesses tecidos, especialmente em músculo e gordura, os opioides podem acumular-se e provocar um novo pico plasmático horas após a administração da última dose ou a suspensão da infusão do medicamento. A barreira hematoencefálica dificulta a passagem de opioides com alto grau de ionização, como a morfina, e facilita a entrada, no sistema nervoso central, dedrogas com radical hidroxil no anel aromático. A ligação dos opioides a proteínas é altamente dependente do pH, de modo que em pH ácido existe um aumento da proporção da fração livre da droga. METABOLISMO Os compostos com grupamento hidroxil são conjugados com ácido glicurônico (morfina) e os ésteres (meperidina e heroína) são hidrolisados pelas esterases hepáticas. Também, pode haver 0-desmetilação ou N-desacilação. Os opioides possuem extração hepática elevada, e o metabolismo depende do fluxo sanguíneo do fígado. Acúmulos de metabólitos ativos dos opioides, como a morfina-glicuronídio e a normeperidina, podem prolongar a analgesia ou causar hiperexcitabilidade de neurônios e fibras nervosas, com hiperalgesia e alodinia. EXCREÇÃO Os opioides podem ser excretados em forma inalterada ou em compostos polares pela urina. Os conjugados com glicuronídio são excretados na bile, mas a circulação entero- hepática representa apenas uma pequena porção do processo de eliminação dessas drogas. FARMACODINÂMICA OPIOIDES ENDOGENOS • Encefalinas = ampla distribuição o Obtida a partir da clivagem da POMC (pro- opiomelanocortina • Endorfinas = SNC • Dinorfinas = ampla distribuição • Interagem com os receptores opioides (mi, delta, kappa, ORL1) • Analgesia = agonistas de receptores µ RECEPTORES OPIOIDES Vários tipos de receptores opioides foram identificados no sistema nervoso e em outros tecidos. Foram descritas substâncias endógenas e exógenas que se ligam a esses receptores em graus variados. A predominância e a natureza dessa combinação caracterizam um determinado perfil farmacológico. Os receptores para opioides são classificados em cinco tipos: 11 (mi), K (kappa), õ (delta), (}"(sigma), e e (épsilon). Uma elevada concentração de receptores está localizada no corno dorsal da medula espinhal (lâminas I e II), núcleo trigêmeo medular, tálamo, hipotálamo, substância periaquedutal cinzenta, núcleos da rafe, na região ventral superior do bulbo e da ponte e locus coeruleus. Algumas dessas regiões estão relacionadas às vias inibitórias descendentes que modulam a transmissão do estímulo doloroso. Observa-se, também, presença de receptores nas amídalas e córtex cerebrais, no hipocampo, no núcleo caudado e globo pálido, na medula suprarrenal, nos plexos nervosos e glândulas exócrinas de estômago e intestino, sugerindo a participação dos opioides na regulação do comportamento motor, afetivo, neurovegetativo e neuroendócrino. Localização dos circuitos neurais da dor: Distribuição dos receptores opioides no SNC: (coincide com os locais encefálicos envolvidos na dor) MECANISMO ANALGESICO Ao nível molecular, os receptores opioides estão acoplados à proteína G e, uma vez acionados, provocam uma alteração dos canais iônicos, da disposição do cálcio intracelular e da fosforilação de proteínas. Os opioides podem inibir a passagem do estímulo nervoso, hiperpolarizando as membranas celulares pré ou pós- sinápticas. Isso está relacionado ao aumento da saída de potássio do compartimento intracelular, ou à redução da entrada de cálcio nas terminações pré-sinápticas e a uma menor liberação de neurotransmissores excitatórios (acetilcolina, noradrenalina, dopamina, serotonina e substância P) na fenda sináptica. A ligação dos opioides ao receptor ativa outras moléculas celulares, denominadas segundos mensageiros. Dessa forma, ocorre uma sequência de eventos complexos no interior da célula. O segundo mensageiro mais conhecido é o mono fosfato de adenosina ciclíco (cAMP), que é sintetizado pela adenilil ciclase. O cAMP modifica a ação de outras enzimas envolvidas na fosforilação de proteínas. Também, os compostos alfa e beta-adrenérgicos, colinérgicos muscarínicos e serotoninérgicos estão acoplados à adenilil ciclase, cuja atividade é modulada pela guanosina trifosfato (GTP) da proteína G. As proteínas G são formadas por três subunidades (alfa, beta e gama) e inibem ou estimulam a adenilil ciclase. Os receptores opioides estão associados à adenilil ciclase através da proteína G inibitória, provocando assim uma diminuição nos níveis de AMP cíclico. EFEITOS EM ÓRGAOS E SISTEMAS Analgesia (SNC) Nos seres humanos, os fármacos relacionados com a morfina induzem analgesia, sonolência, alterações do humor e obnubilação mental. Um aspecto significativo dessa analgesia é que ela ocorre sem perda da consciência. É comum ocorrerem náuseas e também pode haver vômitos. Alguns pacientes queixam-se de sensação de sonolência, dificuldade de raciocinar, apneia e redução da atividade física. A medida que a dose aumenta, os efeitos subjetivos, analgésicos e tóxicos (incluindo depressão respiratória) ficam mais pronunciados. Alguns estudos demonstraram de forma clara que os efeitos analgésicos dos opioides devem-se à sua capacidade de inibir diretamente a transmissão ascendente das informações nociceptivas provenientes do corno dorsal da medula espinhal e aliviar os circuitos de controle da dor, que descem do mesencéfalo pelo bulbo ventromedial rostral e chegam ao corno dorsal da medula espinhal. Os peptídios opióides e seus receptores são encontrados em todos esses circuitos descendentes de controle da dor. Os opioides diminuem a percepção da dor e as respostas fisiopatológicas decorrentes do estímulo agressivo em estudos clínicos e experimentais. Alterações de humor e efeitos recompensadores As evidências farmacoiógicas e comportamentais apontam para a participação das vias dopaminérgicas, envolvendo principalmente o núcleo acumbente (NAcc) na gralificação induzida pelo fármaco. Existem evidências amplas quanto às interações entre os opióides e a dopamina na geração da gratificação induzida pelos opióides. Outros efeitos no SNC • Hipotálamo = alteram o ponto de equilíbrio dos mecanismos hipotalâmicos que controlam temperatura, diminuindo-a. A administração crônica dessas drogas pode aumenta-la • Efeito neuroendócrinos = morfina atua no hipotálamo = ↓ GNHR, CRF = ↓ LH, FSH, ACTH = ↓ cortisol, testosterona Após dose de morfina, um paciente com dor pode apresentar uma sensação agradável de estar flutuando, diminuição da ansiedade e da angústia. Outros pacientes, entretanto, relatam inquietação, mal-estar, nervosismo, tristeza, desorientação, alucinações e delírio. Os opioides podem afetar o eixo hipotálamo-hipofisário, alterando a regulação da temperatura (hipo- ou hipertermia), inibindo a alteração do CRH (hormônio liberador da corticotropina) e diminuindo as concentrações sanguíneas do hormônio adrencorticotrópico (ACTH), da [3- endorfina, do hormônio folículo-estimulante (FSH) e do hormônio luteinizante (LH). Depressão respiratória (SNC) Os opioides podem provocar depressão respiratória por ação no tronco cerebral. Todas as fases da respiração estão alteradas: • frequência respiratória; • volume-minuto; • volume corrente. Os opioides também modificam a curva-resposta decorrente da estimulação dos centros respiratórios pelo aumento do gás carbônico. O mecanismo principal da depressão respiratória envolve a redução da capacidade de resposta dos centros respiratórios do tronco cerebral ao dióxido de carbono. Há diminuição da inclinação e desvio da curva-resposta para a direita, provocando retenção de PC02• Por outro lado, existem relatos de depressão respiratória tardia provocada por um novo pico plasmático da droga. A literatura também relata broncoespasmo, laringoespasmo e edema pulmonar relacionados à terapia por tempo prolongado e ao uso de altas doses de opioides. Os mecanismos propostos para explicar esses efeitos são: liberação de histamina, ativação do sistema imune, lesão hipóxica do endotélio e aumento da permeabilidade vascular. Supressão da tosse (SNC) O efeito antitussígeno é decorrente da açãodireta dos opioides no centro da tosse no tronco cerebral ou em receptores J..l. e K localizados na via respiratória. Essas drogas podem tratar tosse persistente no curso de alguma patologia ou reduzir a resposta da irritação mecânica causada pelo tubo endotraqueal em pacientes ventilando artificialmente. *não é um efeito colateral Miose (SNC) A miose é uma ação farmacológica de pouca tolerância, dose-dependente, e pode ser, mesmo em usuários habituais de opioides, de valor diagnóstico na depressão respiratória e na superdose. A morfina causa constrição da pupila devido ação excitatória dos nervos parassimpáticos que inervam a pupila. Rigidez A rigidez de tronco é um efeito adverso frequente em 20% a 30% dos pacientes que recebem opioides antes ou durante a cirurgia. O mecanismo é desconhecido, mas pode estar relacionado com a ativação de receptores para ácido -y- aminobutírico, serotonina e opioides no locus coeruleus e núcleos da rafe A rigidez muscular interfere com a complacência e a ventilação pulmonares, resultando em hipoventilação, retenção de gás carbônico, acidose respiratória e aumento da pressão venosa central. Esse efeito é frequentemente descrito para doses elevadas de fentanil, sufentanil e alfentanil. Quanto maiores a velocidade de administração e a lipossolubilidade do fármaco utilizado, maior a rigidez muscular. Observa-se também rigidez muscular tardia que deve ser diferenciada de convulsões náusea e vomito (SNC) É efeito colateral comum e pouco tolerado pelos pacientes. Os opioides ativam a zona de gatilho quimiorreceptora para náusea e vômitos no tronco cerebral. A profilaxia e o tratamento desses sintomas incluem o emprego de drogas antagonistas de sítios receptores para essas substâncias na zona de gatilho e outras, como o propofol e os benzodiazepínicos EFEITOS PERIFERICOS Cardiovasculares Pode ocorrer vasodilatação arterial e venosa com hipotensão arterial. Esse efeito é atribuído à liberação de histamina ou depressão central do sistema vasomotor, principalmente se houver o uso associado de benzodiazepínicos. A ação dos opioides em receptores J..l. provoca estimulação do nervo vago, com bradicardia. TGI Os opioides afetam a motilidade gastrointestinal, a secreção gástrica e pancreática através da estimulação de receptores opioides no cérebro, na medula espinhal e na musculatura lisa entérica. Há diminuição da secreção ácida no estômago, aumento do tônus gástrico, do intestino delgado e grosso, com espasmos periódicos, retardo das ondas de peristaltismo com redução da absorção de água e, consequentemente, constipação. A morfina diminui o tônus do esfíncter esofagiano inferior e produz sintomas de refluxo gastrointestinal em pacientes e voluntários sadios. Isso pode aumentar o risco de regurgitação e aspiração do conteúdo gástrico em indivíduos anestesiados e sedados. Os efeitos adversos no trato gastrointestinal podem ser minimizados com o uso de laxativos e emolientes para constipação e com drogas que estimulem o trânsito gastrointestinal como metoclopromida, atropina e antagonistas opioides. trato genitourinario Existem diminuição do fluxo plasmático renal e aumento da secreção do hormônio antidiurético, reduzindo o débito urinário. Há elevação do tônus muscular ureteral, do esfíncter uretra( e da bexiga, ocasionando retenção urinária. Quanto ao útero, pode haver redução do tônus muscular, com prolongamento da gravidez. Também, há aumento da secreção de prolactina e inibição de LH. Outros • morfina libera histamina de mastócitos = causa prurido • imunossupressor TOLERANCIA E DEPENDENCIA FISICA O desenvolvimento de tolerância e dependência física com o uso repetido é um elemento característico de todos os fármacos opioides. Tolerância ao efeito dos opioides ou outros fármacos significa simplesmente que com o tempo, a substância perde sua eficácia e é necessário aumentar sua dose para se obter a mesma resposta fisiológica. Surge em poucos dias. • Ocorre tolerância tbm para os efeitos colaterais p/ êmese, euforia, depressão respiratória O termo dependência refere-se a um conjunto complexo e mal definido de alterações da homeostasia de um organismo, que causa um distúrbio do ajuste homeostático, caso a administração do fármaco seja interrompida. Em geral, esse distúrbio fica evidente quando a administração de um opioide é interrompida repentinamente, resultando na síndrome da abstinência. Pode durar dias ou semanas. • Irritação, perda de peso, coriza, tremores, agressividade, diarreia, piloereção ESCADA ANALGESICA DA DOR – OMS USO CLINICO O emprego de opioides por longo período em dor crônica raramente resulta em tolerância. Os opioides podem beneficiar pacientes com: • dor somática- proveniente de pele, músculo e ossos. Exemplos: osteoartrite, anemia falciforme, cefaleia, dor de coluna; • dor visceral- envolve as vísceras. Exemplos: dor pélvica crônica e cistite intersticial; • dor neuropática - resulta de lesão de nervo. Exemplos: neuropatia diabética, neuralgia pós- herpética e síndromes complexas regionais mediadas pelo simpático. PRESCRIÇÃO DE OPIOIDES • empregar a via oral • prescrever os fármacos a intervalos regulares (de horário); • acatar a sugestão da OMS (Organização Mundial de Saúde) de utilizar opioides de acordo com a intensidade da dor. Opioides são fármacos analgésicos potentes e de boa eficácia no tratamento prolongado de pacientes com dor oncológica, mista ou neuropática, sendo superiores a antidepressivos tricíclicos e a AINES. O uso de opioides, independentemente da potência, por tempo prolongado não é recomendado para pacientes com dor nociceptiva (osteoartrose, artrite reumatoide e lombalgia entre outros), pois, além dos efeitos adversos limitantes, tais como retenção urinária, constipação e sonolência, não existem evidências convincentes de seus benefícios nessa população. Nas dores nociceptivas, o uso de opioides deve ser reservado apenas para os casos de agudização, por curto período, e que sejam refratários aos demais medicamentos previstos nos Degraus do Tratamento da Dor da OMS. De todos os opioides disponíveis, a melhor evidência de eficácia na dor é a da morfina, tanto nas dores oncológicas (80) quanto nas neuropáticas. Opioides fracos • codeína • tramadol Opioides fortes • morfina • oxicodona • metadona • fentanila • hidromorfona USO DE HORARIO Existe uma faixa terapêutica de concentração analgésica mínima eficaz (CAME) para opioides no sangue que deve ser mantida para obtenção de analgesia. As doses maiores que a CAME podem levar à toxicidade e as menores, a controle inadequado da dor. O uso de medicamento de horário impede que as concentrações plasmáticas declinem ao ponto de prejudicar a qualidade da analgesia. A administração de opioides em regime de demanda pelo paciente (se necessário) é uma prática frequente, contudo, não é compatível com o padrão farmacocinético desses fármacos. O paciente solicita medicamento quando existe uma concentração da droga no sangue menor que a CAME; até que aconteça o preparo, a aplicação de analgésico e a recuperação dos níveis sanguíneos terapêuticos, o paciente sentirá dor por um período prolongado. AGONISTAS OPIOIDES MORFINA • absorção = absorção rápida pelo TGI = mucosa retal, mucosa nasal, mucosa oral, injeção subcutânea, intramuscular, adm epidural ou intratectal o o efeito é menor depois da adm oral do que parenteral devido metabolismo hepatico durante a primeira circulação o via intravenosa = ação imediata o morfina = atravessa a BHE mais lentamente • distribuição/metabolismo o 33% esta ligado a proteínas plasmáticas o Via metabólica = conjugação com acido glicuronico • Excreção o Podem ser eliminadas sem alterações(pouco) o Principal = renal o Após alguns dias = eliminação fecal e urinaria CODEÍNA • Absorção o Mais eficaz por via oral = metabolismo hepatico menor durante a primeira circulação • Metabolização o Fígado • Excreção o Urinaria • Meia vida = 2-4 horas TRAMADOL • Análogo da codeína • Agonista fraco dos receptores opioides • Analgesia = inibição da captação de norepinefrina e serotonina • Eficaz apenas na dor branda a moderada • absorção • distribuição o dose oral = 68% biodisponibilidade o intramuscular = 100% biodisponibilidade • metabolização o hepática • excreção o renal • meia vida = 6h p/ tramadol = 7,5h p/ metabolito ativo • analgesia = começa em 1h = pico máximo em 2-3h = duração 6h HEROINA • rapidamente hidrolisada • mais lipossolúvel que a morfina = atravessa mais rapido BHE MEPERIDINA • analgesia o 15 após adm oral o Pico = em 1-2h o Inicio em 10min o Duração = 1,5-3h • Absorção o Todas as vias de adm • Metabolização o Hepática o Apenas 50% escapa da metabolização FENTANIL • Potencia 100x maior que a morfina • Muto usado na pratica anestésica = pico mais rapido + termino de efeito rapido + estabilidade cardiovascular • Analgesia o Adm via intradural e intratecal o Pico = 5min o Duração rápida • Absorção o Lipossolúveis = atravessao BHE o Meia vida = 3-4h • Metabolização o Hepática • Indicação = coadjuvantes anestésicos METADONA • Agonista de ação prolongada • Eficacia por via oral • Ação prolongada na supressão • Absorção o Bem absorvida pelo TGI o Detectada após 30min da adm por via oral o Concent máxima = 4h • Distribuição o 90% ligada a proteína plasmática • Metabolização o Hepática • Excreção o Urinaria • Indicação = dores crônicas, síndromes de abstinência, dependentes de heroína PROPOXIFENO • 50-75% potencia em comparação á codeína • Induz efeitos semelhantes aos da morfina • Absorção o TGI • Meia vida = 6-12h • Metabolização o Hepática • Indicação = dores brandas a moderadas AGONISTAS/ANTAGONISTAS E AGONISTAS PARCIAIS DOS OPIOIDES O estímulo que levou ao desenvolvimento dos fármacos agonistas/antagonistas mistos foi a necessidade de dispor de analgésicos que causassem menos depressão respiratória e tivessem menos potencial de causar dependência. Hoje, o uso clinico desses fármacos é limitado pelos efeitos colaterais indesejáveis e efeitos analgésicos fracos. PENTAZOCINA • Analgesia, sedação e depressão respiratória • Ação agonista nos receptores opioides • Absorção o Boa absorção pelo TGI, subcutânea e intramuscular o Pico em 15min-1h (intramuscular) ou 1-3h (oral) o Meia vida = 4-5h • Metabolismo o Hepatico o 20% chega á circulação sistêmica • Excreção o Renal • Efeitos adversos o Sudorese, sedação, vertigem, doses altas causam depressão respiratória, aumento da PA e taquicardia • Após utilização frequente, paciente desenvolve tolerância aos efeitos analgésicos • Indicação = analgésico ANTAGONISTAS OPIOIDES Pq usar um antagonista opioide? INTOXICAÇÃO INTOXICAÇÃO POR OPIOIDES • “Tríade de sinais” o Letargia/coma o Depressão respiratória o Pupilas puntiformes; pupilas dilatadas (hipoxico) • Naloxona = IV, IM, SC = meia vida mais curta = reverte intoxicação • Naltrexona VO Em condições normais os fármacos que serão analisados nesta seção causam poucos efeitos. a menos que opióides com ações agonistas lenham sido administrados previamente. Entretanto, quando os sistemas opióides endógenos estão ativados (como ocorre no choque ou em alguns tipos de estresse). a administração de um Único antagonista opióide pode resultar em consequências detectáveis Se os sistemas opióides endógenos não tiverem sido ativados, as ações farmacológicas dos antagonistas opioides dependem da administração prévia de um agonista opióide, do perfil farmacológico deste opióide e do grau de dependência física do opióide desenvolvida. Os antagonistas opioides pode agir nos diferentes receptores, mas tem afinidade maior pelos receptores µ. NALOXONA • Doses pequenas invertem os efeitos agonistas do receptor µ • Paciente com depressão respiratória = ↑ FR • PA se reduzida = volta ao normal • Reversão de efeitos psicoticomimeticos e disfóricos • Duração do efeitos = 1-4h • Fenômenos de exagero o Ex: a FR deprimida pelos opioides torna-se mais alta do que estava antes do período de depressão o Ex: a liberação reflexão de catecolaminas pode causar hipertensão, taquicardia, arritmia • Em pacientes dependentes do grupo de opioides da morfina = pode causar síndrome de abstinência moderada a grave o Titulação de dose = iniciar com doses menores • Absorção o TGI • Metabolização o Fígado, praticamente 100% antes de chegar á circulação sistêmica = por isso deve ser adm por via parenteral • Meia vida = 1h • Indicação = tratamento da toxicidade induzida por opioides, diagnostico de dependência física dos opioides e agentes terapêuticos para o tratamento de usuários compulsivos de opioides INDICAÇÕES TERAPEUTICAS Indicação terapêutica: • em dores moderadas a intensas/refratarias • supressão da tosse (codeína) • analgesia o agente pre-anestesico o coadjuvante de outros agentes o agente anestésico primário • diarreia o com doses menoresque as necessárias p/ analgesia • tratamento da dependência de opioides o metadona o buprenorfina o clonidina o heroína o naltrexona Recomenda-se que os opioides sempre sejam combinados com outros analgésicos, como os AINEs ou paracetamol. • Aproveita os efeitos analgésicos aditivos e reduz a dose dos opioides, reduzindos os efeitos colaterais Os opioides devem ser administrados de forma continua ou ininterrupta, em vez de serem usados de acordo com a necessidade para tratar a dor grave e crônica Fatores de escolha dos opioides: • Potencia o Um opioide mais potente pode ser útil quando for necessário doses altas de opioide, de forma que o fármaco possa ser adm num volume menor • Perfil farmacocinético (duração da ação) o Opioides de ação longa (metadona) pode ser útil quando for necessário adm doses menos frequentes o Já para procedimentos dolorosos de curta duração, um fármaco de ação e efeito rapido (ramifentanil) seria mais útil • Via de adm disponíveis o Oral o Parenteral o Analgesia controlada pelo paciente (ACP) ▪ Paciente tem controle limitado da dose do opioide ▪ Intravenosa/epidural o Infusão continua controlada pelo computador (ICCC) o Infusão intra-espinhal ▪ Tem acesso direto á primeira sina´pse de processamento da dor na coluna dorsal da medula = isso permite doses menores e menos efeitos colaterais ▪ Dor pós operatório e trabalho de parto o Analgesia periférica ▪ Aplicação tópica o Administração retal ▪ Pacientes com dificuldade de deglutir ou doenças da cavidade oral o Administração por inalação o Adm mucosa oral ▪ Podem ser absorvidos em menos tempo do que pela mucosa gástrica = evita metabolismo de primeira circulação o Adm transdermica ▪ Tratamento da dor associada ao câncer = facilidade de aplicação, duração de ação estabilidade dos níveis sanguíneos .
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