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DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU (TEORIA E EXERCÍCIOS) PROFESSOR: FREDERICO DIAS 1 www.pontodosconcursos.com.br Aula 9 - Controle de Constitucionalidade - Parte 2. Ordem econômica e financeira. Atividade econômica do Estado. Princípios das atividades econômicas, propriedades da ordem econômica. Sistema Financeiro Nacional. Princípios constitucionais da seguridade social. Sistema Tributário Nacional. Bom dia! Esta é a última aula do nosso curso. Espero que essas aulas tenham sido importantes para seu aprendizado. Se você tiver gostado do meu trabalho, quero mencionar que nas próximas semanas lançarei um livro de Direito constitucional – “Questões comentadas do Cespe”, pela editora Método (Grupo Gen, dentro do Selo Vicente e Marcelo). Espero que aprecie. Hoje, terminaremos o estudo do controle de constitucionalidade das leis. Logo a seguir estudaremos também a ordem econômica, a ordem social e o Sistema Tributário Nacional. Veja o conteúdo da Aula de hoje 1 – Ação Declaratória de Constitucionalidade 1.1 – Requisitos e objeto 1.2 – Atuação do Procurador-Geral da República e do Advogado-Geral da União 1.3 – Medida cautelar 2 – Ação direta de inconstitucionalidade por omissão 2.1 – Objeto 2.2 – Medida cautelar 2.3 – Efeitos da decisão 2.4 – Atuação do Procurador-Geral da República e do Advogado-Geral da União 3 – Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental 4 – Representação de Inconstitucionalidade 5 – Ordem Econômica e Financeira - Princípios 5.1 – Atividade econômica do Estado 5.2 – Sistema Financeiro Nacional 6 – Ordem Social e Seguridade Social 6.1 – Princípios constitucionais da seguridade social 6.2 – Financiamento da Seguridade Social 7 – Sistema Tributário Nacional 8 – Exercícios de fixação DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU (TEORIA E EXERCÍCIOS) PROFESSOR: FREDERICO DIAS 2 www.pontodosconcursos.com.br Boa aula! 1 – Ação Declaratória de Constitucionalidade Na aula passada, vimos a ADI. A Constituição prevê também a ação declaratória de constitucionalidade – ADC, criada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993 para o reconhecimento da constitucionalidade de uma norma federal (estadual não). Trata-se de ação de mesma natureza da ADI, uma vez que: I) também é ação do controle abstrato (de natureza objetiva e de competência do STF); II) tem os mesmos legitimados da ADI; III) seus efeitos têm o mesmo alcance dos efeitos da ADI (erga omnes, ex tunc, efeito vinculante e repristinatório). É também cabível a manipulação desses efeitos pelo STF, caso a ação resulte na inconstitucionalidade da lei. O que as diferencia essencialmente é que na ADC o que se pede é a pronúncia de constitucionalidade da norma (e não de inconstitucionalidade). Interessante observar que, por isso, a ADC é considerada a ADI de sinal trocado. Ou seja, no caso da ADC: - se a ADC é julgada procedente, estará sendo declarada a constitucionalidade da norma impugnada; - se a ADC é julgada improcedente, estará sendo declarada a inconstitucionalidade da norma impugnada. Daí seu caráter dúplice ou ambivalente (como o da ADI), uma vez que surte efeitos num e noutro sentido (tanto na procedência, quanto na improcedência). A ADC tem cabimento em situações nas quais esteja ocorrendo controvérsia judicial sobre a validade de determinadas normas, resultando em decisões antagônicas. Nesse caso, um dos legitimados pela Constituição poderá propor uma ação declaratória de constitucionalidade perante o STF, para que o Tribunal decida sobre a constitucionalidade da norma, terminando, definitivamente, com a controvérsia entre os juízos inferiores. De se destacar que, devido à semelhança entre as ações, quase tudo que foi mencionado em relação à ADI aplica-se à ADC. Tratarei dos aspectos em que elas se diferenciam. Assim, no que se refere à decadência, amicus curiae, desistência e ação rescisória, são plenamente aplicáveis à ADC as regras estudadas em relação à ADI. DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU (TEORIA E EXERCÍCIOS) PROFESSOR: FREDERICO DIAS 3 www.pontodosconcursos.com.br 1.1 – Requisitos e objeto Para a propositura da ação declaratória de constitucionalidade é imprescindível que o autor comprove a existência de controvérsia judicial relevante sobre a aplicação da disposição objeto da ação, conforme previsto na Lei nº 9.868/99, art. 14, III. Isso significa que só será legítima a propositura da ADC se o autor comprovar esse requisito. Assim, se o STF entender que o autor não comprovou a existência de controvérsia judicial relevante, a ação não será conhecida. Observe que se trata de controvérsia judicial relevante. Segundo o STF a mera divergência doutrinária não é suficiente para autorizar a propositura de ADC. No que tange ao objeto, é interessante observar que as mesmas considerações feitas para a ADI aplicam-se aqui. Mas há uma diferença substancial entre o objeto dessas ações. Alíás, trata-se de assunto bastante cobrado em concursos. Veja como é fácil... Em ADI, o STF aprecia leis e atos normativos federais e estaduais. Já a ADC não admite lei ou ato normativo estadual como seu objeto, mas somente leis ou atos normativos federais (CF, art. 102, I, a). Assim, de acordo com o art. 102, I, “a”: I – é cabível ADI para leis e atos normativos federais ou estaduais; e II – é cabível ADC apenas para leis ou atos normativos federais. Então vai uma pergunta sobre o DF, continuando aquele exemplo lá de trás, em que a Câmara Legislativa do DF aprove duas leis: uma sobre IPTU (imposto de competência municipal) e outra sobre ICMS (imposto de competência estadual). Qual dessas leis poderia ser impugnada no Supremo em sede de ADC? Você acertou se respondeu: “nenhuma das duas”, tendo em vista que o STF só julga ação declaratória de constitucionalidade de leis ou atos normativos federais. 1.2 – Atuação do Procurador-Geral da República e do Advogado- Geral da União A manifestação do Procurador-Geral da República é obrigatória, pois a Constituição Federal determina que ele será ouvido nas ações de inconstitucionalidade e em todos os processos de competência do STF (CF, art. 103, § 1º). Entretanto, o STF afastou a obrigatoriedade de citação do Advogado- Geral da União no processo de ADC, pois o seu papel, no controle em DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU (TEORIA E EXERCÍCIOS) PROFESSOR: FREDERICO DIAS 4 www.pontodosconcursos.com.br abstrato, é defender a norma impugnada, e nessa ação não há norma legal impugnada a ser defendida. Você deve lembrar que nessa ação o autor requer a declaração de constitucionalidade da norma. 1.3 – Medida Cautelar O STF poderá deferir pedido de medida cautelar na ação declaratória de constitucionalidade, da mesma forma que na ADI, por decisão da maioria absoluta de seus membros. Como você sabe, os pedidos em ADI e ADC são distintos. Enquanto na primeira objetiva-se a declaração de inconstitucionalidade da lei, na segunda visa-se à confirmação de sua constitucionalidade. O mesmo raciocínio deve ser utilizado para se distinguir os efeitos da cautelar em ADI e ADC. Em sede de ADI, a concessão de cautelar acarreta: (i) a suspensão da eficácia da norma; (ii) a suspensão do julgamento de processos envolvendo sua aplicação; e (iii) a repristinação (ou o retorno da eficácia) da legislação anterior, que tinha sido revogada. Por outro lado, se na ADC o pedido é pelo reconhecimento da validade da norma, não faz sentido que a cautelar resulte na suspensão de sua eficácia. Assim, o efeito da cautelar em ADC será o de suspensão dos processos judiciais e julgamentos que envolvam a aplicação da lei ou ato normativo objeto da ação. Concedida a medida cautelar, deverá o STF proceder ao julgamento da ação no prazo de 180 (cento e oitenta) dias, sob pena de perdade sua eficácia. Assim como na ação direta, a concessão da medida cautelar em ação declaratória de constitucionalidade produzirá eficácia erga omnes e efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à Administração Pública Federal, nas esferas federal, estadual e municipal. Ademais, como na ação direta, a medida cautelar em ação declaratória produzirá efeitos ex nunc, mas o STF poderá conceder-lhe efeitos retroativos (ex tunc), desde que o faça expressamente. Vamos dar uma olhada em alguns exercícios. 1) (CESPE/AGENTE DE POLÍCIA CIVIL SUBSTITUTO/PCRN/2008) As decisões definitivas de mérito proferidas pelo STF, nas ações declaratórias de constitucionalidade, produzirão eficácia contra todos e efeito vinculante relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário, Poder Legislativo e à administração pública direta e indireta, em todas as esferas. De acordo com o art. 102, § 2º da CF/88, as decisões de mérito do STF na Ação Declaratória de Constitucionalidade – ADC produzirão: DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU (TEORIA E EXERCÍCIOS) PROFESSOR: FREDERICO DIAS 5 www.pontodosconcursos.com.br I) eficácia contra todos ou erga omnes (na medida em que alcança a todos, não apenas as partes de um determinado processo); e II) efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à Administração Pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual, distrital e municipal (pois nenhum outro órgão do Poder Judiciário ou da Administração Pública poderá desrespeitar a decisão). O mesmo ocorre com as decisões em ADI e ADPF proferidas pelo STF. Item errado. 2) (CESPE/ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO/DIREITO/TCE/AC/2009) Podem propor ação direta de inconstitucionalidade e ação declaratória de constitucionalidade, entre outros legitimados, o presidente da República, o procurador- geral da República e o advogado-geral da União. A lista dos legitimados à interposição de ADI está expressa no art. 103 da CF/88: “Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade: I - o Presidente da República; II - a Mesa do Senado Federal; III - a Mesa da Câmara dos Deputados; IV - a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal; V - o Governador de Estado ou do Distrito Federal; VI - o Procurador-Geral da República; VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; VIII - partido político com representação no Congresso Nacional; IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.” De se observar que o Advogado Geral da União não dispõe de competência para a proposição de ADI. Daí o erro da questão. Item errado. 3) (CESPE/PROCURADOR/TCE-ES/2009) Segundo entendimento do STF, no controle abstrato de constitucionalidade de lei ou ato normativo, a eficácia vinculante da ação declaratória de constitucionalidade se distingue, em sua essência, dos efeitos das decisões de mérito proferidas nas ADIs. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, nas ações diretas de inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de constitucionalidade produzirão efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU (TEORIA E EXERCÍCIOS) PROFESSOR: FREDERICO DIAS 6 www.pontodosconcursos.com.br pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal (CF, art. 102, § 2º). Segundo o STF, a eficácia vinculante da ação declaratória de constitucionalidade, fixada pelo § 2º do artigo 102 da Carta da República, não se distingue, em essência, dos efeitos das decisões de mérito proferidas nas ações diretas de inconstitucionalidade (Rcl 1880, Rel. Min. Maurício Corrêa, julgamento em 07/11/02). Aliás, observe que, enquanto a ADI é proposta a fim de se declarar a inconstitucionalidade da lei, a ADC tem por finalidade a declaração de constitucionalidade da lei. Apesar de várias semelhanças entre as duas ações, vale relembrarmos algumas distinções entre elas. I – Só podem ser objeto de ADC leis e atos normativos federais (no caso da ADI, podem ser federais ou estaduais). II – Constitui pressuposto para a impetração da ADC a demonstração inicial de relevante controvérsia judicial. III – Os efeitos da concessão de medida cautelar em ADC restringem-se à suspensão dos julgamentos que envolvam a aplicação da lei ou ato em discussão. IV – Não há atuação do AGU em sede de ADC, pois a própria ação já objetiva a defesa da lei. V - É de se destacar ainda que em sede de ADI, o relator pedirá informações aos órgãos e entidades dos quais emanou a lei ou ato questionado. Como na ADC não há ato ou lei sendo atacado, não se faz necessário esse pedido de informações. Item errado. 2 – Ação direta de inconstitucionalidade por omissão A ação direta de inconstitucionalidade por omissão (ADO) tem aplicação nas omissões inconstitucionais (situações nas quais não se cumpre o dever de elaboração de norma que regulamente determinado dispositivo constitucional) Ou seja, é medida que visa a tornar efetiva norma constitucional, por meio do reconhecimento da inconstitucionalidade da inércia do legislador infraconstitucional quanto ao dever de regulamentar a norma. Assim, em situações de omissão do legislador (ou de um órgão administrativo) em editar norma tratando de determinado assunto, poderá um dos legitimados pela Constituição Federal (CF, art. 103, I ao IX) propor ADI por omissão perante o STF, para que seja reconhecida a inconstitucionalidade da mora. DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU (TEORIA E EXERCÍCIOS) PROFESSOR: FREDERICO DIAS 7 www.pontodosconcursos.com.br Diversos detalhes já apresentados para a ADI são aplicáveis à ADO, uma vez que esta é apenas uma variante daquela. De se destacar que, recentemente, foi editada a nova lei da ADO (Lei nº 12.063/2009), que estabelece toda a disciplina processual dessa ação. 2.1 – Objeto A omissão inconstitucional que pode acarretar a impetração de ADO é aquela que efetivamente desrespeita a Constituição: ou seja, situações nas quais havia a obrigação (e não a mera faculdade) de ser regulamentado determinado dispositivo constitucional. Em suma, as hipóteses de ajuizamento desta ação não decorrem de toda e qualquer espécie de omissão do Poder Público, mas sim daquelas omissões relacionadas com as normas constitucionais de eficácia limitada de caráter obrigatório. Considerando a classificação do prof. José Afonso da só dará ensejo à propositura da ação direta de inconstitucionalidade por omissão a falta de norma regulamentadora: I) de normas constitucionais de eficácia limitada definidoras de princípios programáticos (normas programáticas propriamente ditas); ou II) de normas constitucionais de eficácia limitada definidoras de princípios institutivos ou organizativos de natureza impositiva. É dizer que as normas de princípio institutivo ou organizativo que sejam meramente facultativas não darão ensejo à omissão inconstitucional (trata-se de simples faculdade, não de obrigação). 2.2 – Medida Cautelar Inicialmente, a jurisprudência do STF firmou-se no sentido de que não cabe concessão de medida cautelar em ADI por omissão. Entretanto, esse entendimento foi superado pela edição da Lei nº 12.063/09, que recentemente regulamentou o processo de ADI por omissão perante o STF. Essa norma passou a prever expressamente a concessão de medida cautelar em ADO. Assim, em caso de excepcional urgência e relevância da matéria, o Tribunal, por decisão da maioria absoluta de seus membros, poderá conceder medida cautelar, após a audiência dos órgãos ou autoridades responsáveis pela omissão inconstitucional, que deverão pronunciar-se no prazo de 5 (cinco) dias. A medida cautelar poderá consistirna: (i) suspensão da aplicação da lei ou do ato normativo questionado, no caso de omissão parcial; bem como (ii) na suspensão de processos judiciais ou de procedimentos DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU (TEORIA E EXERCÍCIOS) PROFESSOR: FREDERICO DIAS 8 www.pontodosconcursos.com.br administrativos; ou ainda (iii) em outra providência a ser fixada pelo Tribunal. Portanto, atenção! A legislação atual prevê a possibilidade de concessão de medida cautelar em sede de ADI por omissão. 2.3 – Efeitos da Decisão Declarada a inconstitucionalidade por omissão, será dada ciência ao Poder competente para a adoção das providências necessárias e em caso de omissão imputável a órgão administrativo, as providências deverão ser adotadas no prazo de 30 (trinta) dias, ou em prazo razoável a ser estipulado excepcionalmente pelo Tribunal, tendo em vista as circunstâncias específicas do caso e o interesse público envolvido. Observe como o efeito da ADO é distinto para Poderes ou para órgãos administrativos: I) omissão de um dos Poderes → será dada mera ciência; II) omissão de órgãos → será fixado prazo de 30 dias para a edição dos atos necessários ao saneamento da omissão. 2.4 – Atuação do Procurador-Geral da República e do Advogado- Geral da União Segundo a tradicional jurisprudência do STF, a função do Advogado- Geral da União como defensor da norma impugnada não ocorreria em ADI por omissão (ADO). Entretanto, a nova lei da ADO (Lei nº 12.063/2009) estabelece que o relator poderá solicitar manifestação do AGU, a ser encaminhada no prazo de 15 dias. Já a manifestação do Procurador-Geral da República continua sendo obrigatória, pois a Constituição Federal determina que ele será ouvido nas ações de inconstitucionalidade e em todos os processos de competência do STF (CF, art. 103, § 1º). Veja como o Cespe não deixa nada pra trás... 4) (CESPE/DEFENSOR PÚBLICO/DPU/2010) A legislação em vigor não admite a concessão de medida cautelar em ação direta de inconstitucionalidade por omissão. Questão recentíssima! E já cobrando essa alteração na nossa matéria. A jurisprudência do STF foi superada pela edição da Lei nº 12.063/09, que passou a prever expressamente a concessão de medida cautelar em ADO. Assim, em caso de excepcional urgência e relevância da matéria, o Tribunal, por decisão da maioria absoluta de seus membros, poderá DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU (TEORIA E EXERCÍCIOS) PROFESSOR: FREDERICO DIAS 9 www.pontodosconcursos.com.br conceder medida cautelar, após a audiência dos órgãos ou autoridades responsáveis pela omissão inconstitucional, que deverão pronunciar-se no prazo de 5 (cinco) dias. Item errado. 5) (CESPE/AUDITOR FISCAL DA RECEITA ESTADUAL/SEFAZ/ES/2008) Segundo o entendimento do STF, o advogado-geral da União deve, obrigatoriamente, ser citado no processo de ação direta de inconstitucionalidade por omissão. Segundo a tradicional jurisprudência do STF, a função do Advogado- Geral da União como defensor da norma impugnada não ocorreria em ADI por omissão (ADO). Portanto, a questão foi considerada errada à época. Hoje, com a edição da nova lei da ADO (Lei nº 12.063/2009), o relator poderá solicitar manifestação do AGU, a ser encaminhada no prazo de 15 dias. Então, entendo que, apesar da nova regulamentação sobre o tema, a assertiva permanece incorreta, concorda? Afinal, compete ao relator a decisão de ouvi-lo ou não (não existindo a obrigatoriedade mencionada na assertiva). Item errado. 3 – Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental A arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF) decorrente da Constituição será apreciada pelo Supremo Tribunal Federal (CF, art. 102, § 1º). A Lei nº 9.882/99, regulamentando esse dispositivo, estabeleceu o processo e o julgamento dessa ação. Aliás, cabe destacar que o STF tinha se posicionado no sentido de que o art. 102, § 1º da CF/88 era norma constitucional de eficácia limitada, portanto dependente de regulamentação. A ADPF tem por objeto evitar (preventiva) ou reparar (repressiva) lesão a preceito fundamental, resultante de ato do Poder Público, e quando for relevante o fundamento da controvérsia constitucional sobre lei ou ato normativo federal, estadual ou municipal, incluídos os anteriores à Constituição. Ou seja, após a criação da ADPF tanto as normas municipais quanto as pré-constitucionais passaram a ser objeto do controle abstrato perante o STF. Os legitimados são os mesmos legitimados para propositura de ADI (CF, art. 103, I ao IX). DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU (TEORIA E EXERCÍCIOS) PROFESSOR: FREDERICO DIAS 10 www.pontodosconcursos.com.br Observe, assim, que será cabível a arguição de descumprimento de preceito fundamental: I) para evitar ou reparar lesão a preceito fundamental, resultante de ato do Poder Público; e II) diante de relevante controvérsia constitucional sobre lei ou ato normativo. Nesta última situação, o autor da ação tem o ônus de comprovar a existência de controvérsia judicial relevante sobre a aplicação do preceito fundamental que se considera violado. Quanto ao conceito de preceito fundamental, não está estabelecido o que seria isso propriamente. Para a doutrina, tudo o que diga respeito às questões vitais do Estado enquadrar-se-iam nesse conceito (direitos individuais, forma federativa de Estado, fundamentos da República etc.). Segundo o STF, compete a ele próprio o juízo acerca do que se há de compreender como preceito fundamental. Cabe comentar sobre a subsidiariedade da ADPF. Com efeito, é incabível a argüição de descumprimento de preceito fundamental quando houver outro meio eficaz de sanar a lesividade. Isso significa que não se admite a ADPF se for cabível alguma das demais ações do controle abstrato de constitucionalidade que tenham finalidade semelhante (ADI e ADC). De se registrar que essa natureza susidiária permite que uma ADPF impetrada no STF venha a ser conhecida como outra ação do controle abstrato (ADI, por exemplo), caso seja admitida esta ação. Assim, de acordo com a Suprema Corte, é possível a conversão da ADPF em ADI diante da perfeita satisfação dos requisitos exigidos à propositura desta (legitimidade ativa, objeto, fundamentação e pedido) e em observância ao princípio da fungibilidade. Quanto à possibilidade de medida cautelar, o STF, por decisão da maioria absoluta de seus membros, poderá deferir pedido de medida liminar na argüição de descumprimento de preceito fundamental. Em caso de extrema urgência ou perigo de lesão grave, ou ainda, em período de recesso, poderá o relator conceder a liminar, ad referendum do Tribunal Pleno. A liminar poderá consistir na determinação de que juízes e tribunais suspendam o andamento de processo ou os efeitos de decisões judiciais, ou de qualquer outra medida que apresente relação com a matéria objeto da argüição de descumprimento de preceito fundamental, salvo se decorrentes da coisa julgada. A força da decisão definitiva de mérito do STF proferida em ADPF é a mesma estudada para a decisão proferida em ação direta de inconstitucionalidade DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU (TEORIA E EXERCÍCIOS) PROFESSOR: FREDERICO DIAS 11 www.pontodosconcursos.com.br A decisão sobre a argüição de descumprimento de preceito fundamental somente será tomada se presentes na sessão pelo menos dois terços dos Ministros (oito Ministros). Se houver necessidade de declaração da inconstitucionalidade do ato do Poder Público que tenha lesionado preceito fundamental, a decisão deverá ser tomada por maioria absoluta (CF/88, art. 97). Em razão da força vinculante desta ação, caberá reclamação contra o descumprimento da decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal em ADPF. A lei estabelece que a decisão proferida em ADPF terá eficáciacontra todos e efeito vinculante relativamente aos demais órgãos do Poder Público (Lei nº 9.882/1999, art. 10, § 3º). 6) (CESPE/ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO/DIREITO/TCE/AC/2009) Quem não tem legitimidade para propor ação direta de inconstitucionalidade não a tem para ação de descumprimento de preceito fundamental (ADPF), razão pela qual prefeito municipal é parte ilegítima para propor ADPF. Isso mesmo! O rol de legitimados da ADI é o mesmo do rol de legitimados da ADPF. Não há legitimidade ativa em ADI para o prefeito municipal. Item certo. 7) (CESPE/PROCURADOR/TCE-ES/2009) De acordo com o entendimento do STF, a arguição de descumprimento de preceito fundamental não pode ser conhecida como ADI, em face de sua especificidade, ainda que o objeto do pedido principal da arguição seja a declaração de inconstitucionalidade de preceito autônomo por ofensa a dispositivos constitucionais, e que estejam presentes os demais requisitos da ADI. Deixe-me utilizar essa questão para abordar a chamada fungibilidade entre as ações do controle abstrato de constitucionalidade. Para o Supremo Tribunal Federal, as ações do controle de constitucionalidade (ADI, ADC e ADPF) são fungíveis: ou seja, uma pode ser substituída pela outra, sem prejuízo ao pedido e à apreciação da ação. Assim, nos termos da jurisprudência da Corte, é possível a conversão da argüição de descumprimento de preceito fundamental em ação direta de inconstitucionalidade, diante da perfeita satisfação dos requisitos exigidos à propositura desta (legitimidade ativa, objeto, fundamentação e pedido) e em observância ao princípio da fungibilidade. Nesse sentido, com base no princípio da fungibilidade, conheceu-se de argüição proposta como ação direta de inconstitucionalidade, ante a perfeita satisfação dos requisitos exigidos à sua propositura - legitimidade ativa, objeto, fundamentação e pedido (ADI 4.180/DF, Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento em 10/03/2010). DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU (TEORIA E EXERCÍCIOS) PROFESSOR: FREDERICO DIAS 12 www.pontodosconcursos.com.br Item errado. 8) (CESPE/PROCURADOR/BACEN/2009) O STF reconhece a prefeito municipal legitimidade ativa para o ajuizamento de arguição de descumprimento de preceito fundamental, não obstante a ausência de sua legitimação para a ação direta de inconstitucionalidade. A assertiva está errada porque a argüição de descumprimento de preceito fundamental – ADPF só pode ser proposta por um dos legitimados pela Constituição para a proposição de ADI. Todas as ações do controle abstrato perante o STF têm os mesmos legitimados, que são os apontados no art. 103, I a IX, da Constituição. Item errado. 4 – Representação de Inconstitucionalidade Já vimos, ao estudar a Organização do Estado, que há uma hipótese excepcional de afastamento temporário da autonomia de um ente federado para forçá-lo ao cumprimento da Constituição. Trata-se do processo de intervenção (CF, arts. 34 a 36). Assim, podemos considerar que também o processo de intervenção funciona como procedimento de controle de constitucionalidade. Interessa-nos nesse momento a chamada representação interventiva – em que o Poder Judiciário provê ação impetrada pelo Procurador-Geral da República (ou Procurador-Geral de Justiça) em duas hipóteses de intervenção provocada: ofensa aos princípios constitucionais sensíveis e recusa à execução de lei federal (CF/88, art. 36, III). Assim, você deve se lembrar de que, nessas duas situações (princípios sensíveis e aplicação de lei federal), a intervenção federal dependerá de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de representação interventiva do Procurador-Geral da República. Os princípios sensíveis estão enumerados no art. 34, VII, da Constituição Federal: a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático; b) direitos da pessoa humana; c) autonomia municipal; d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta; e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde. DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU (TEORIA E EXERCÍCIOS) PROFESSOR: FREDERICO DIAS 13 www.pontodosconcursos.com.br Para a doutrina, essa hipótese de intervenção configura autêntica ação direta, motivo pelo qual, é conhecida como ação direta de inconstitucionalidade interventiva – ADI Interventiva. A recusa à execução de lei federal é outra das hipóteses autorizadoras da intervenção da União nos Estados e no Distrito Federal (CF, art. 34, VI). Por sua vez, essa última hipótese de intervenção é conhecida como ação de executoriedade de lei, uma vez que se objetiva compelir a observância de uma lei federal (e não diretamente da Constituição). De se observar que a ADI Interventiva consubstancia controle concentrado (no STF) diante de casos concretos cuja iniciativa é privativa do Procurador-Geral da República. No âmbito dos Estados-membros, a representação interventiva será proposta perante o Tribunal de Justiça para assegurar a observância de princípios indicados na Constituição Estadual, ou para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial (CF, art. 35, IV). A legitimação para propor a ação direta interventiva no Estado pertence exclusivamente ao Procurador-Geral de Justiça, Chefe do Ministério Público do Estado. Vamos finalizar o estudo do controle de constitucionalidade com algumas questões? 9) (CESPE/PROCURADOR/TCE-ES/2009) Compete originariamente ao STF julgar a ADI ajuizada em face de lei ou ato normativo do DF, praticado no exercício de sua competência estadual ou municipal. Assunto bastante cobrado em concursos. Veja como é fácil... Em ADI, o STF aprecia leis e atos normativos federais e estaduais. Já a ADC não admite lei ou ato normativo estadual como seu objeto, mas somente leis ou atos normativos federais (CF, art. 102, I, a). O DF acumula as competências estaduais e municipais. Pois bem, sendo assim, será cabível ADI de leis ou atos normativos distritais apenas no exercício da sua competência estadual. Item errado. 10) (CESPE / ANALISTA ADMINISTRATIVO / TRE/ES / 2011) Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial podem os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou de ato normativo do poder público. Trata-se da reserva de plenário, prevista no art. 97 da CF/88 e já estudada aula passada. Item certo. 11) (CESPE/ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO/DIREITO/TCE/AC/2009) O STF, por decisão de dois terços de seus membros, poderá deferir pedido de medida cautelar DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU (TEORIA E EXERCÍCIOS) PROFESSOR: FREDERICO DIAS 14 www.pontodosconcursos.com.br na ação declaratória de constitucionalidade, consistente na determinação de que os juízes e os tribunais suspendam o julgamento dos processos que envolvam a aplicação da lei ou do ato normativo objeto da ação até seu julgamento definitivo. A medida cautelar ou liminar será concedida mediante voto da maioria absoluta dos ministros do Supremo, havendo necessidade da presença de pelo menos oito ministros na seção. Pois é, a questão foi considerada errada pelo Cespe, já que menciona quorum de dois terços quando a lei exige maioria absoluta. O estranho é que se é possível conceder-se cautelar com voto da maioria absoluta, é também possível que essa medida seja concedida com quorum de dois terços, que é superior, você não acha? Item errado. 12) (CESPE/ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO/TCE/AC/2008) Acerca do controle de constitucionalidade, assinale a opção correta. a) O advogado-geral da União não pode atuar na ação direta de inconstitucionalidade. b) A decisão que declarar a inconstitucionalidadede uma lei estadual, no controle concentrado, não vincula a assembléia legislativa que a aprovou, que pode, por isso, editar nova lei com idêntico teor. c) A decisão de declaração de inconstitucionalidade no controle concentrado vincula, inclusive, o STF. d) Os efeitos da decisão de declaração de inconstitucionalidade, no controle concentrado, em geral, não retroagem. e) A decisão de declaração de inconstitucionalidade, no controle concentrado, não vincula o estado-membro, que pode continuar a aplicar a lei. A alternativa “a” está errada, pois o Advogado-Geral da União atua sim na ADI, segundo sua função de defensor da norma impugnada, em nome do princípio de presunção da constitucionalidade das leis. Ao contrário do procedimento em sede de ADI, essa manifestação do Advogado-Geral da União não ocorre na ADC, uma vez que, nessa ação, o autor busca a declaração de constitucionalidade, não havendo necessidade de defesa da norma em questão. A alternativa “b” está correta, pois o efeito vinculante da decisão em controle concentrado não se estende ao poder legislativo, que poderá editar nova lei com o mesmo teor daquela declarada inconstitucional pelo Judiciário. A alternativa “c” está errada, pois o efeito vinculante também não alcança o STF. DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU (TEORIA E EXERCÍCIOS) PROFESSOR: FREDERICO DIAS 15 www.pontodosconcursos.com.br A alternativa “d” está errada, pois, em regra, as decisões de mérito no âmbito do controle de constitucionalidade retroagem (ex tunc), alcançando fatos passados. A alternativa “e” está errada, pois a decisão de declaração de inconstitucionalidade no controle concentrado vincula também o estado- membro, que não pode continuar aplicando a lei. Gabarito: “b” 13) (CESPE/PROCURADOR MUNICIPAL/PGM/NATAL/2008) Segundo a jurisprudência do STF, é cabível, em ação direta de constitucionalidade, o controle judicial preventivo de constitucionalidade. Na realidade, é admitida a fiscalização preventiva de constitucionalidade. Entretanto, esse controle deve se dar na via incidental. Isso porque não se admite ADI de projetos de lei ou de projetos de emenda. Para ser cabível a ADI, a lei deve estar vigente. Item errado. 14) (CESPE/PROCURADOR MUNICIPAL/PGM/NATAL/2008) O STF admite o controle de constitucionalidade preventivo em sede de controle incidental. O controle preventivo visa a evitar a edição de normas inconstitucionais. De fato, esse controle prévio não ocorre em sede de ADI, mas apenas no controle incidental. Item certo. 15) (CESPE/DELEGADO DE POLÍCIA/POLÍCIA CIVIL/PB/2008) As decisões definitivas de mérito, proferidas nas ações diretas de inconstitucionalidade e na ação declaratória de constitucionalidade, produzem eficácia erga omnes e efeitos vinculantes aos três poderes. Questão batida... A decisão não vincula nem o STF nem o poder legislativo em suas funções típicas. Item errado. 16) (CESPE/DEFENSOR PÚBLICO DA UNIÃO/DPU/2007) Decisão que declara a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade de norma pode ser atacada por embargos de declaração, mas não poderá ser desconstituída em ação rescisória. A decisão de mérito que declara a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade em sede de ADI é irrecorrível mediante a interposição de ação rescisória. A única exceção feita é a referente à interposição de embargos declaratórios, visando sanar omissões, obscuridade ou contradição contida no acórdão. DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU (TEORIA E EXERCÍCIOS) PROFESSOR: FREDERICO DIAS 16 www.pontodosconcursos.com.br Assim, são admitidos embargos de declaração, mas não ação rescisória contra acórdão proferido em ação direta de inconstitucionalidade no STF. Item certo. 17) (CESPE/PROCURADOR/BACEN/2009) A decisão que concede medida cautelar em ação declaratória de constitucionalidade não se reveste da mesma eficácia contra todos nem de efeito vinculante que a decisão de mérito. Expressamente, a Constituição só outorga efeito vinculante às decisões definitivas de mérito em ADI e ADC (“As sentenças definitivas de mérito” - art. 102, § 2º, da CF/88). Todavia, o STF firmou entendimento de que também a decisão que concede medida cautelar nas ações do controle abstrato é dotada de efeito vinculante relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à Administração Pública direta e indireta nas esferas federal, estadual, distrital e municipal. Guarde o seguinte: ao contrário das decisões de mérito, as medidas cautelares têm efeito ex nunc; entretanto, assim como as decisões de mérito, as cautelares têm efeito vinculante e eficácia erga omnes. Item errado. 18) (CESPE/JUIZ/TRF 5.a REGIÃO/2009) Os tribunais de justiça dos estados, por decisão da maioria relativa de seus membros, podem deferir pedido de medida cautelar na ação declaratória de constitucionalidade consistente na determinação de que os juízes e os tribunais suspendam o julgamento dos processos que envolvam a aplicação da lei ou do ato normativo objeto da ação até seu julgamento definitivo. A medida cautelar será concedida mediante voto da maioria absoluta dos membros do tribunal. Item errado. 19) (CESPE/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/MP/RN/2009) A arguição de descumprimento de preceito fundamental tem precedência sobre qualquer outro meio de controle de constitucionalidade cabível e apto a sanar a lesão a preceito fundamental. Pelo contrário. Dada sua característica de ação subsidiária, só será cabível a ADPF se não houver outro meio de controle de constitucionalidade objetivo cabível e apto a sanar a lesão a preceito fundamental. Essa é a regra do art. 4°, § 1° da Lei 9.882/99: “Não será admitida argüição de descumprimento de preceito fundamental quando houver qualquer outro meio eficaz de sanar a lesividade.” Item errado. DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU (TEORIA E EXERCÍCIOS) PROFESSOR: FREDERICO DIAS 17 www.pontodosconcursos.com.br 20) (CESPE/AGENTE ADMINISTRATIVO/MS/2008) O autor de ação direta de constitucionalidade deve demonstrar a existência de controvérsia, quanto à constitucionalidade da norma, entre os órgãos competentes para a sua aplicação ou entre os julgadores de sua validade no ordenamento jurídico. Para que uma ADC seja conhecida pelo STF é imprescindível que o seu autor demonstre na inicial a existência de relevante controvérsia judicial sobre a validade da lei. Ora, se a lei foi publicada e não há nenhuma controvérsia sobre a sua validade, prevalece o princípio da presunção de constitucionalidade das leis. Para quê então provocar o STF (a mais alta Corte) do país a fim de fazê-lo declarar o óbvio, isto é, que a lei é constitucional? Daí é que vem a necessidade de demonstração dessa relevante controvérsia judicial sobre a validade da lei. Ou seja, demonstrar que há decisões divergentes entre juízes e tribunais pelo país. Atenção! A controvérsia para legitimar a propositura da ADC deve ser judicial (perante os órgãos do Poder Judiciário, em casos concretos, na via difusa). A comprovação da existência de controvérsia doutrinária sobre a validade da lei não é suficiente. Item certo. 21) (CESPE/PROCURADOR/PGE-PE/2009) A intervenção de terceiros é admitida no controle concentrado de constitucionalidade, por meio do instituto do amicus curiae. Como vimos, considerando a relevância da matéria e a representatividade dos postulantes, o relator poderá admitir a manifestação de outros órgãos ou entidades. Essa figura é denominada de amicus curiae. Atenção! Não é caso de intervenção de terceiros. Portanto, errada a questão. Aliás, o próprio art. 7° da Lei n.° 9.868/99 não admite intervenção de terceiros no processo de ação direta de inconstitucionalidade. Item errado. 22) (CESPE/AGENTE ADMINISTRATIVO/MS/2008) O governador doDF não detém pertinência temática para propor ação direta de inconstitucionalidade contra lei estadual paulista que conceda isenção de imposto sobre circulação de mercadorias e serviços (ICMS) a empresa instalada no DF. Primeiramente, cabe comentar que o Governador do DF é um dos legitimados para a propositura das ações do controle abstrato perante o STF (CF, art. 103, V). DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU (TEORIA E EXERCÍCIOS) PROFESSOR: FREDERICO DIAS 18 www.pontodosconcursos.com.br Todavia, os governadores classificam-se como legitimados especiais: aqueles que devem cumprir o requisito da pertinência temática para o cabimento da ação. É dizer: para o Governador do DF ter interesse de agir nessa ação, ele deve demonstrar que a lei afeta de algum modo os interesses do Distrito Federal. Assim, pode ser até uma lei editada em São Paulo, desde que a referida lei esteja afetando os interesses do DF. No caso da questão, está bem clara essa hipótese, tendo em vista que a lei afeta comerciantes instalados no DF. Item errado. 23) (CESPE/DEFENSOR PÚBLICO/DPU/2010) Considere que o art.Y da Constituição do estado X estabeleça a legitimidade de deputado estadual para propor ação de inconstitucionalidade de lei municipal ou estadual em face da Constituição estadual. Nesse caso, conforme entendimento do STF, o referido art. Y poderá ser considerado constitucional. De acordo com o art. 125, § 2º da CF/88, cabe aos Estados a instituição de representação de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais ou municipais em face da Constituição Estadual, vedada a atribuição da legitimação para agir a um único órgão. Ou seja, está claro que, ao estabelecer os legitimados para a impetração de ADI perante o TJ, não poderá o estado-membro atribuir a legitimação para agir a apenas um único órgão. A questão está correta, portanto, pois é cabível a atribuição de competência para o deputado estadual. A dúvida que fica é se a Constituição Estadual deveria seguir simetricamente a legitimação estabelecida no art. 103 da CF/88. Poderia o estado-membro ampliar aquele rol? Poderia reduzi-lo? O STF já se posicionou no sentido de que a ampliação daquele rol seria possível. Assim, considerou válida a legitimação ativa de deputado estadual para propor ação direta de inconstitucionalidade de normas locais em face da Constituição do Estado, à vista do art. 125, § 2º, da Constituição Federal (RE 261.677, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 6-4-06). Portanto, item correto. Quanto à redução, ainda não temos um entendimento pacífico (e não há decisão do STF firmando entendimento); entretanto a doutrina considera que deveria o estado-membro seguir a regra do art. 103 para a legitimação ativa em sede de ADI perante o TJ local. Item certo. 24) (CESPE/ANALISTA ADMINISTRATIVO/DPU/2010) O controle de constitucionalidade preventivo é realizado durante a etapa de DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU (TEORIA E EXERCÍCIOS) PROFESSOR: FREDERICO DIAS 19 www.pontodosconcursos.com.br formação do ato normativo, com o objetivo de resguardar o processo legislativo hígido. Caso haja proposta de emenda constitucional tendente a abolir direito fundamental, qualquer dos legitimados poderá ajuizar, ainda durante o processo legislativo, ação direta de inconstitucionalidade para impedir o trâmite dessa emenda. Não cabe ADI de proposta de emenda constitucional. Como comentado, esse controle preventivo só pode ser realizado por meio de mandado de segurança impetrado por parlamentar, no âmbito do controle incidental. Item errado. 25) (CESPE/JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO/TRF 1ª REGIÃO/2010) Se determinado legitimado constitucional ajuizar, perante o STF, ação direta de inconstitucionalidade, tendo por objeto emenda constitucional pendente de publicação oficial, então, nesse caso, de acordo com entendimento do STF, mesmo que a publicação venha a ocorrer antes do julgamento da ação, a hipótese será de não conhecimento da ação direta de inconstitucionalidade, uma vez ausente o interesse processual. Segundo jurisprudência do STF, não configura carência da ação o fato de uma emenda ter sido questionada por ADI antes de sua publicação, desde que esta (a publicação da emenda constitucional atacada) tenha ocorrido antes do julgamento da causa (ADI 3.367/DF, Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento em 13/04/2005). Assim, se as condições da ação coexistirem à data da sentença, considera-se presente o interesse processual em ADI de emenda constitucional publicada, oficialmente, no curso do processo, mas antes da sentença. Item errado. 26) (CESPE/JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO/TRF 1ª REGIÃO/2010) Sabe-se que o STF tem reconhecido, excepcionalmente, a possibilidade de modulação ou limitação temporal dos efeitos da declaração de inconstitucionalidade, mesmo quando proferida em sede de controle difuso. Nesse sentido, revela-se aplicável, segundo entendimento da Suprema Corte, a mesma teoria da limitação temporal dos efeitos, se e quando o colegiado, ao julgar determinada causa, nela formular juízo negativo de recepção, por entender que certa lei pré-constitucional se mostra materialmente incompatível com normas constitucionais a ela supervenientes. Como comentado, não é cabível a modulação temporal dos efeitos em juízo de recepção/revogação do direito pré-constitucional pela Constituição vigente. Segundo o STF, a não-recepção de ato estatal pré-constitucional, por não implicar a declaração de sua inconstitucionalidade – mas o reconhecimento de sua pura e simples revogação –, descaracteriza um DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU (TEORIA E EXERCÍCIOS) PROFESSOR: FREDERICO DIAS 20 www.pontodosconcursos.com.br dos pressupostos indispensáveis à utilização da técnica da modulação temporal: a necessária existência de um juízo de inconstitucionalidade (RE 353508 AgR/RJ, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 15/05/2007). Item errado. 27) (CESPE/JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO/TRF 1ª REGIÃO/2010) A decisão que concede medida cautelar em ação declaratória de constitucionalidade é investida da mesma eficácia contra todos e efeito vinculante presentes na decisão de mérito, razão pela qual é cabível o ajuizamento de reclamação em face de decisão judicial que, após a concessão da cautelar, contrarie o entendimento firmado pelo STF, desde que a decisão tenha sido exarada em processo sem trânsito em julgado, ou seja, com recurso pendente. A reclamação, segundo entendimento da Suprema Corte, tem natureza de remédio processual de função corregedora. De fato, devido ao efeito vinculante, é cabível reclamação contra decisão judicial que contrarie medida cautelar concedida em ADC (lembrando que a decisão do STF indeferindo a cautelar não dispõe de efeito vinculante). Entretanto, como comentado em questão anterior, a reclamação não é cabível contra decisão que transitou em julgado. Assim, guarde isso: o STF somente admite a reclamação nos casos de processos sem trânsito em julgado, ou seja, com recurso ainda pendente. Item certo. Sinceramente, o controle de constitucionalidade é bastante complexo. Foram muitos detalhes. Por isso, se possível, interrompa esta aula aqui e deixe para estudar ordem econômica e social em outro momento (mais tarde, ou amanhã). Isso para que você possa absorver uma maior quantidade de informações... Mas, se preferir, vejamos mais estes três assuntos! 5 – Ordem Econômica e Financeira - Princípios As bases constitucionais da ordem econômica nacional encontram-se compreendidas entre os arts. 170 e 192 da CF/88. No Brasil, a Constituição de 1934 foi a que primeiro consignou princípios e normas sobre a ordem econômica, sob influência da Constituição Alemã de Weimar. Podemos dizer que essa constitucionalização da ordem econômica e social (ao inserirum título expressamente destinado à ordem econômica e social) é reflexo do crescimento da ideologia do Estado de Bem-Estar Social, que preconizava reformas progressivas em busca da convergência entre liberdade e igualdade, e DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU (TEORIA E EXERCÍCIOS) PROFESSOR: FREDERICO DIAS 21 www.pontodosconcursos.com.br da conciliação da democracia liberal com um ideário de vertente mais social. Trata-se do que José Afonso da Silva denomina de elementos sócio- ideológicos, conjunto de normas que revela o caráter de compromisso das constituições modernas entre o Estado liberal e o Estado social intervencionista – sendo que este segundo objetiva suavizar as injustiças e opressões econômicas e sociais que se desenvolveram à sombra do liberalismo. Isso não quer dizer que a Constituição de 1934 (ou qualquer outra) flertava com o socialismo. Era apenas um modo de, por um lado, humanizar o capitalismo liberal como forma de se prevenir o crescimento do socialismo no mundo ocidental. Por outro lado, regular a atuação do Estado como forma de colocar ordem na vida econômica e social, mas ainda dentro do chamado “modo de produção capitalista”. De lá pra cá muita coisa mudou, mas ainda na nossa Carta Cidadã (CF/88), continua existindo o título da Ordem Econômica e Financeira, em que se estabelecem princípios, diretrizes e normas para a intervenção do Estado na ordem econômica. Assim, se por um lado a Constituição se apóia na apropriação privada dos meios de produção e na iniciativa privada (CF, art. 170), ela também impõe condicionamentos à atividade econômica. Portanto, a Constituição autoriza a intervenção do Estado no domínio econômico, de variadas formas, a fim de assegurar que a riqueza produzida pelo regime capitalista seja efetivamente um meio de propiciar melhor qualidade de vida a todos, de acordo com o fundamento da dignidade da pessoa humana. Assim, a atividade econômica só atinge sua finalidade quando puder prover, de forma efetiva, existência digna e justiça social para os brasileiros. Com efeito, o próprio caput do art. 170 da CF/88 consigna que a ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social. Portanto, guarde isso: de acordo com o art. 170, nossa ordem econômica é fundada na união entre capital (livre iniciativa) e trabalho (valorização do trabalho humano) e objetiva a justiça social e a dignidade da pessoa humana. O esquema abaixo sintetiza as principais informações do art. 170 (observe em especial a listagem os princípios). Sintetizando: DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU (TEORIA E EXERCÍCIOS) PROFESSOR: FREDERICO DIAS 22 www.pontodosconcursos.com.br Atenção! Não deixe de memorizar os princípios acima. 8.1 – Atividade econômica do Estado Apesar de optar por uma economia descentralizada de mercado (fundada na livre iniciativa), a Constituição autoriza o Estado a intervir no domínio econômico de diversas formas. Por um lado, pode exercer funções de fiscalização, incentivo e planejamento, observados os princípios constitucionais. Ademais, poderá também atuar diretamente nas relações econômicas, em regime monopolista ou concorrencial. Aproveitando a distinção estabelecida por José Afonso da podemos segmentar duas formas de ingerência do Estado na ordem econômica: I) a intervenção – baseada no art. 174 da CF/88, caracterizando o Estado como agente normativo e regulador; e II) a participação – baseada nos arts. 173 a 177, caracterizando o Estado administrador de atividades econômicas. Tudo isso tendo sempre como finalidade última assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social. ORDEM ECONÔMICA Fundada Finalidade Valorização do Trabalho Humano Livre Iniciativa Assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da Justiça Social PRINCÍPIOS I - soberania nacional; II - propriedade privada; III - função social da propriedade; IV - livre concorrência; V - defesa do consumidor; VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação; VII - redução das desigualdades regionais e sociais; VIII - busca do pleno emprego; IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País. Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei. DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU (TEORIA E EXERCÍCIOS) PROFESSOR: FREDERICO DIAS 23 www.pontodosconcursos.com.br Atuação estatal como agente normativo e regulador Segundo o art. 174 da CF/88: “Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado.” Observe que a atuação do Estado como agente normativo e regulador abrange as funções de fiscalização, incentivo e planejamento. A fiscalização pressupõe o poder de regulamentação, apuração de responsabilidades e punição. O incentivo traz a ideia do Estado como promotor da economia (atividade de fomento). Do exercício dessa função decorre o favorecimento ao cooperativismo, ao associativismo (CF, art. 174, §§ 2° a 4°), bem como às microempresas (CF, art. 179): “§ 2º - A lei apoiará e estimulará o cooperativismo e outras formas de associativismo. § 3º - O Estado favorecerá a organização da atividade garimpeira em cooperativas, levando em conta a proteção do meio ambiente e a promoção econômico-social dos garimpeiros. § 4º - As cooperativas a que se refere o parágrafo anterior terão prioridade na autorização ou concessão para pesquisa e lavra dos recursos e jazidas de minerais garimpáveis, nas áreas onde estejam atuando, e naquelas fixadas de acordo com o art. 21, XXV, na forma da lei.” “Art. 179. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios dispensarão às microempresas e às empresas de pequeno porte, assim definidas em lei, tratamento jurídico diferenciado, visando a incentivá-las pela simplificação de suas obrigações administrativas, tributárias, previdenciárias e creditícias, ou pela eliminação ou redução destas por meio de lei.” Observe como tudo está relacionado! Por sua vez, o planejamento econômico consiste num processo de intervenção estatal com o fim de organizar atividades econômicas a fim de se obter resultados previamente estabelecidos. Nos termos do art. 174, § 1° da CF/88: “§ 1º - A lei estabelecerá as diretrizes e bases do planejamento do desenvolvimento nacional equilibrado, o qual incorporará e compatibilizará os planos nacionais e regionais de desenvolvimento.” Objetivamente: o planejamento será: → Determinante para o setor público → Indicativo para o setor privado Atuação estatal direta no domínio econômico (como Estado administrador) DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU (TEORIA E EXERCÍCIOS) PROFESSOR: FREDERICO DIAS 24 www.pontodosconcursos.com.br Há duas formas de exploração direta da atividade econômica pelo Estado brasileiro: (i) a participação sob monopólio (CF, art. 177); e (ii) a denominada participação necessária, quando o exigir a segurança nacional ou algum interesse coletivo relevante (CF, art. 173). O art. 177 da CF/88 estabelece um rol das atividades que serão exploradas em regime de monopólio público, com caráter de exclusividade. Trata-se de atividades relacionadas a petróleo, gás natural e minérios ou minerais nucleares. O art. 177, § 1°, apresenta uma hipótesede flexibilização do monopólio ao possibilitar a contratação de empresas privadas para a exploração das atividades relacionadas nos incisos I a IV. Entretanto, essa flexibilização foi realizada com certo cuidado uma vez que a lei estabelecerá as condições. Com efeito, essa lei deverá dispor sobre (CF, art. 177, § 2°): I - a garantia do fornecimento dos derivados de petróleo em todo o território nacional; II - as condições de contratação; III - a estrutura e atribuições do órgão regulador do monopólio da União. Ao contrário, no âmbito das atividades de pesquisa, lavra, enriquecimento, reprocessamento, industrialização e comércio de minérios e minerais nucleares e seus derivados (inciso V) não há possibilidade de flexibilização desse monopólio da União. Observe que não se trata de exploração de recursos minerais em geral, mas apenas aos nucleares. Nesse sentido, não poderá ser concedida a empresas privadas a exploração dessas atividades concernentes a minérios e minerais nucleares e seus derivados. Todavia, essa regra admite uma exceção relativa aos radioisótopos, cuja produção, comercialização e utilização poderão ser autorizadas sob regime de permissão, conforme as alíneas b e c do inciso XXIII do art. 21 da Constituição Federal. Monopólio da União (art. 177) I - a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos; II - a refinação do petróleo nacional ou estrangeiro; III - a importação e exportação dos produtos e derivados básicos resultantes das atividades previstas nos incisos anteriores; IV - o transporte marítimo do petróleo bruto de origem nacional ou de derivados básicos de petróleo produzidos no País, bem assim o transporte, por meio de conduto, de petróleo bruto, seus derivados e gás natural de qualquer origem; V - a pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios e minerais nucleares e seus derivados, com exceção dos radioisótopos cuja produção, comercialização e utilização poderão ser autorizadas sob regime de permissão, conforme as alíneas b e c do inciso XXIII do caput do art. 21 da Constituição Federal. A União poderá contratar com empresas estatais ou privadas a realização dessas atividades, observadas condições legais (§ 1º) DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU (TEORIA E EXERCÍCIOS) PROFESSOR: FREDERICO DIAS 25 www.pontodosconcursos.com.br Cabe destacar que, nos termos do art. 177, § 3°, a lei disporá sobre o transporte e a utilização de materiais radioativos no território nacional. O art. 173 da CF/88 regula a forma de exploração direta de atividade econômica pelo Estado, que deverá ocorrer apenas em situações excepcionais: “Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.” De se perceber que a exploração de atividade econômica será realizada, em regra, pela iniciativa privada. A atuação do Estado como agente produtivo só ocorrerá nessas hipóteses exclusivas: (i) nos casos previstos na Constituição; (ii) quando exigir a segurança nacional; ou (iii) nos casos de relevante interesse coletivo. Esse exercício de atividade econômica pelo Estado geralmente é realizado por meio da criação de pessoas jurídicas de direito privado, exclusivamente para a consecução dessas atividades: as chamadas empresas públicas e sociedades de economia mista. Essas entidades se sujeitam ao regime do art. 173, se explorarem atividade econômica, e ao regime do art. 175, se prestarem serviços públicos. Pois bem, as pessoas jurídicas de direito privado que exploram atividade econômica estão sujeitas de forma predominante ao direito privado. Nesse sentido, o § 1° do art. 173 dispõe que uma lei estabelecerá o estatuto jurídico dessas entidades exploradoras de atividade econômica. Esse estatuto ainda não existe, mas, quando essa lei for editada deverá tratar de diversos temas já determinados pelo art. 173, § 1°. O esquema abaixo sintetiza os aspectos mais relevantes do art. 173. Sintetizando: O art. 176 da CF/88 trata da exploração de recursos minerais e potenciais de energia hidráulica, dispondo que tanto uns quanto outros DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU (TEORIA E EXERCÍCIOS) PROFESSOR: FREDERICO DIAS 26 www.pontodosconcursos.com.br pertencem à União e constituem propriedade distinta da do solo para efeito de exploração ou aproveitamento. Ou seja, independente de quem seja o dono do solo, permanece a propriedade da União sobre a energia hidráulica e os recursos minerais (art. 21, VIII e IX). De qualquer forma, nos termo do § 2°, é assegurada ao proprietário do solo participação nos resultados da lavra, na forma e no valor que dispuser a lei. A União não precisa explorar diretamente esses potenciais (hidráulicos e minerais). Assim, a pesquisa e a lavra de recursos minerais e o aproveitamento dos potenciais hidráulicos poderão ser efetuados mediante autorização ou concessão da União, no interesse nacional. Todavia, nos termos do art. 176, § 1°, a pesquisa e a lavra dos recursos minerais e o aproveitamento dos potenciais hidráulicos somente poderão ser realizados por brasileiros ou empresa constituída sob as leis brasileiras e que tenha sua sede e administração no País. A lei que regulamentar essa autorização/concessão deverá ainda estabelecer as condições específicas para o caso especial em que essas atividades se desenvolverem em faixa de fronteira ou terras indígenas. A autorização de pesquisa será sempre por prazo determinado. Ressalte-se ainda que as autorizações e as concessões previstas no art. 176 não poderão ser cedidas ou transferidas, total ou parcialmente, sem prévia anuência do poder concedente. Vale comentar que essas regras não se aplicam ao aproveitamento do potencial de energia renovável de capacidade reduzida, que, nos termos do § 4°, não dependerá de autorização ou concessão. Por fim, cabe comentar que o art. 175 regula a prestação de serviços públicos pelo Estado (mais especificamente aqueles que possuem conteúdo econômico e por isso têm a possibilidade de serem explorados por particulares). Assim, esses serviços não são livres à iniciativa privada. Podem ser explorados pelo Estado diretamente ou ser delegados para particulares por meio de concessão e permissão, sempre por licitação pública (em hipóteses especiais poderá ser admitido um ato administrativo de autorização de serviço público). Dê uma olhada no teor do art. 175: “Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos. Parágrafo único. A lei disporá sobre: I - o regime das empresas concessionárias e permissionárias de serviços públicos, o caráter especial de seu contrato e de sua prorrogação, bem como as condições de caducidade, fiscalização e rescisão da concessão ou permissão; DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU (TEORIA E EXERCÍCIOS) PROFESSOR: FREDERICO DIAS 27 www.pontodosconcursos.com.br II - os direitos dos usuários; III - política tarifária; IV - a obrigação de manter serviço adequado.” 8.2 – Sistema Financeiro Nacional Segundo José Afonso da a Constituição Federal regula dois sistemas financeiros: I) um público: que se refere ao estudo das finanças públicas e orçamentos públicos (CF, arts. 163 a 169); e II) um parapúblico: denominado de sistema financeiro nacional, que cuida das instituições financeiras creditícias, públicas ou privadas, de seguro, previdência privada e capitalização, todas controladas pelo Poder Público (CF, art. 192). Podemos considerar o Banco Central como elo entre essas ordensfinanceiras. Pois bem, o pior é que já caiu essa definição doutrinária em prova... Foi da Esaf (e não do Cespe, que é a banca do seu concurso), mas vale a pena dar uma olhada. Vamos ver? 28) (ESAF/ANALISTA/SUSEP/2010) O Sistema Financeiro Nacional pode ser classificado como parapúblico. De fato, o sistema parapúblico refere-se ao Sistema Financeiro Nacional (CF, art. 192). Item certo. No que se refere ao Sistema Financeiro Nacional, resume-se a um único artigo constitucional (CF, art. 192). “Art. 192. O sistema financeiro nacional, estruturado de forma a promover o desenvolvimento equilibrado do País e a servir aos interesses da coletividade, em todas as partes que o compõem, abrangendo as cooperativas de crédito, será regulado por leis complementares que disporão, inclusive, sobre a participação do capital estrangeiro nas instituições que o integram.” Observe que a regulamentação do SFN poderá ser feita em diversas etapas, por diferentes leis complementares, não sendo necessário que um só ato normativo trate de todos os aspectos relacionados a esse assunto. Isso tem relevo porque havia um parágrafo nesse artigo (revogado pela EC n° 40/03) que impossibilitava a cobrança de mais de 12% de juros ao ano. Mas o Supremo chegou a condicionar a aplicação desse parágrafo à edição de uma lei complementar (norma de eficácia limitada). Daí instaurou-se uma controvérsia doutrinária se várias leis poderiam tratar DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU (TEORIA E EXERCÍCIOS) PROFESSOR: FREDERICO DIAS 28 www.pontodosconcursos.com.br do assunto ou uma lei aprovada já possibilitaria a aplicabilidade de todos os dispositivos constitucionais. Bom, essa discussão perdeu o sentido, uma vez que não há mais esse limite de 12% e a emenda mudou o teor do artigo de “lei complementar” para “leis complementares”. Mas vale a pena memorizar a Súmula Vinculante n° 7: “A norma do §3º do artigo 192 da Constituição, revogada pela Emenda Constitucional nº 40/2003, que limitava a taxa de juros reais a 12% ao ano, tinha sua aplicação condicionada à edição de lei complementar.” Além do conhecimento da literalidade do art. 192 e da Súmula Vinculante n° 7, pode-se cobrar importante jurisprudência relacionada a esse assunto. É que o Supremo Tribunal Federal decidiu que se aplica o Código de Defesa do Consumidor (CDC) às relações entre instituições financeiras e seus usuários. Ou seja, o regramento do relacionamento entre esses agentes não precisariam estar regulamentados nas leis complementares, pois o próprio CDC (lei ordinária) teria aplicabilidade a essa relação. Vejamos algumas questões sobre a ordem econômica e financeira. 29) (CESPE/PROMOTOR/MPE/ES/2010) Dos diversos postulados da ordem econômica expressos na CF não deriva a adoção do sistema econômico capitalista. As bases constitucionais da ordem econômica nacional encontram-se compreendidas entre os arts. 170 e 192 da CF/88. Nos termos do art. 170 da CF/88, a ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social. Portanto, nossa ordem econômica é capitalista, funda-se na união entre capital (livre iniciativa) e trabalho (valorização do trabalho humano) e objetiva a justiça social e a dignidade da pessoa humana. Isso quer dizer que, embora se apoie na apropriação privada dos meios de produção e na livre iniciativa, a Constituição também impõe condicionamentos à atividade econômica. Item errado. 30) (CESPE/JUIZ/TRT1/2010) Em regra, a CF assegura a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, mediante autorização dos órgãos públicos competentes. A nossa ordem econômica rege-se pelo postulado na livre iniciativa (CF, art. 170). Assim, nos termos do parágrafo único do art. 170 da CF/88, é assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei. Item errado. DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU (TEORIA E EXERCÍCIOS) PROFESSOR: FREDERICO DIAS 29 www.pontodosconcursos.com.br 31) (CESPE/PROMOTOR/MPE/ES/2010) Segundo interpretação sistemática que se dá ao capítulo da ordem econômica na CF, a desigualdade dos agentes econômicos é a característica inerente de uma ordem econômica fundada na livre iniciativa e que se processa por meio da livre concorrência. Como comentado, nossa ordem econômica é capitalista. Isso implica a existência de uma desigualdade entre os agentes econômicos. Uma análise dos próprios princípios gerais da ordem econômica permite observar que o inciso VII prevê a busca pela redução das desigualdades regionais e sociais (não se trata de extinção). Nesse sentido, considera-se que essa desigualdade sempre existirá (devido ao modelo capitalista); entretanto, objetiva-se sua redução, em conformidade com princípios da dignidade da pessoa humana e da justiça social (CF, art. 170). Item certo. 32) (CESPE/JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO/TRF 2ª REGIÃO/2009) São princípios gerais da atividade econômica, entre outros, o da vedação do confisco e o da uniformidade. Os princípios da vedação do confisco e da uniformidade são princípios relacionados ao sistema tributário e não à ordem econômica. Item errado. 33) (CESPE/PROMOTOR/MPE/ES/2010) O Estado, na qualidade de agente regulador da atividade econômica, exercerá, na forma da lei, a função de fiscalização, deixando para o setor privado e o livre mercado o próprio planejamento e incentivo da atividade econômica. Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado (CF, art. 174). Item errado. 34) (CESPE/JUIZ/TRT1/2010) De acordo com a CF, o Estado favorecerá a organização da atividade garimpeira em cooperativas, considerando a proteção do meio ambiente e a promoção econômico-social dos garimpeiros. A assertiva reproduz o § 3° do art. 174 da CF/88. Segundo o referido dispositivo constitucional, o Estado favorecerá a organização da atividade garimpeira em cooperativas, levando em conta a proteção do meio ambiente e a promoção econômico-social dos garimpeiros. Item certo. DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU (TEORIA E EXERCÍCIOS) PROFESSOR: FREDERICO DIAS 30 www.pontodosconcursos.com.br 35) (CESPE/JUIZ/TRT1/2010) De acordo com a CF, depende de autorização ou concessão o aproveitamento do potencial de energia hidráulica renovável, ainda que de capacidade reduzida. Nos termos do § 4º do art. 176 da CF/88, não dependerá de autorização ou concessão o aproveitamento do potencial de energia renovável de capacidade reduzida. Item errado. 36) (CESPE/JUIZ/TRT1/2010) A União, os estados, o DF e os municípios dispensarão às microempresas e às empresas de pequeno e médio porte, assim definidas em lei, tratamento jurídico diferenciado, com a finalidade de incentivá-las pela simplificação de suas obrigações administrativas, tributárias, previdenciárias e creditícias ou mesmo pela eliminação ou redução dessas obrigações por meio de lei. Segundo o art. 179 da CF/88, a União, os estados, o DF e os municípios dispensarão às microempresas e às empresas de pequeno porte, assim definidas em lei, tratamento jurídico diferenciado, visando a incentivá-las pela simplificação de suas obrigações administrativas, tributárias, previdenciárias e creditícias, ou pela eliminação ou redução destas por meio de lei. A assertiva está errada, uma vez que o dispositivo constitucional não menciona as empresas de médio porte. Item errado. 37) (CESPE/PROCURADOR/MPTCE/BA/2010) As empresas públicas sujeitam-se ao regime jurídico próprio das empresasprivadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais e tributários, podendo, em razão de ter capital exclusivamente público, gozar de privilégios fiscais não extensivos às empresas do setor privado. Segundo a Constituição, a lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica, dispondo inclusive sobre a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários (CF, art. 173, § 1°, II). Entretanto, a assertiva está incorreta, pois as empresas públicas e as sociedades de economia mista não poderão gozar de privilégios fiscais não extensivos às do setor privado (CF, art. 173, § 2°). Item errado. 38) (CESPE/ANÁLISE DE LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA/MPS/2010) Constitui monopólio da União a refinação de petróleo nacional ou estrangeiro. DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU (TEORIA E EXERCÍCIOS) PROFESSOR: FREDERICO DIAS 31 www.pontodosconcursos.com.br Um das formas de exploração direta da atividade econômica pelo Estado brasileiro ocorre por meio de monopólio. Assim, o art. 177 da CF/88 estabelece o rol das atividades que serão exploradas em regime de monopólio público, com caráter de exclusividade. Trata-se de atividades relacionadas a petróleo, gás natural e minérios ou minerais nucleares. A assertiva está correta, uma vez que a refinação do petróleo nacional ou estrangeiro constitui monopólio da União (CF, art. 177, II). Item certo. 39) (CESPE/JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO/TRF 2ª REGIÃO/2009) Constitui monopólio da União o transporte, por meio de conduto, de petróleo bruto, seus derivados e gás natural de qualquer origem. A assertiva reproduz a parte final do art. 177, IV. Assim, constitui monopólio da União o transporte, por meio de conduto, de petróleo bruto, seus derivados e gás natural de qualquer origem (CF, art. 177, IV). Item certo. 9 – Ordem Social e Seguridade Social Pode-se dizer que a idéia de Constituição social materializa-se no Título VIII da CF/88, denominado ordem social. Esse título aborda vários assuntos (seguridade social, educação, cultura, desporto, meio ambiente, índios, ciência e tecnologia). Segundo José Afonso da o título da ordem social e os direitos fundamentais constituem o núcleo substancial do regime democrático. Nesse sentido, nos termos do art. 193 da CF, a ordem social tem como base o primado do trabalho, e como objetivos o bem-estar e a justiça social. Sintetizando: Ainda segundo José Afonso da isso implica que as relações econômicas e sociais do país devem propiciar trabalho e condição de vida adequada ao trabalhador e à sua família, e que a riqueza produzida no país, para gerar justiça social, há de ser distribuída de forma equânime. Nosso estudo terá por foco os princípios constitucionais e o financiamento da seguridade social. DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU (TEORIA E EXERCÍCIOS) PROFESSOR: FREDERICO DIAS 32 www.pontodosconcursos.com.br 9.1 – Princípios constitucionais da seguridade social A Seguridade Social está disciplinada no art. 194 da CF. Ela compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa: (i) dos Poderes Públicos e (ii) da sociedade. Além disso, destina-se a assegurar os direitos relativos à: I) à saúde, disciplinada nos arts. 196 a 200 da CF; II) à previdência, disciplinada nos arts. 201 e 202; e III) à assistência social, disciplinada nos arts. 203 e 204. Atenção! É comum as bancas atribuírem à seguridade social como um todo características que são específicas da previdência, como o caráter contributivo, por exemplo. Não caia nessa! Na verdade, o caráter contributivo é característica apenas da previdência social, como se depreende do art. 201 da CF: “A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial.” Nesse sentido, a CF dispõe que a saúde é direito de todos e dever do Estado (art. 196) e que a assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social (art. 203). De acordo com o parágrafo único do art. 194 da CF/88, compete ao poder público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos: I) universalidade da cobertura e do atendimento Enquanto a universalidade da cobertura refere-se às situações (riscos) cobertas pelo sistema (doença, invalidez, velhice etc.), a universalidade de atendimento determina que o sistema atenda a todos que dele precisarem. II) uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais Proíbe discriminações legais arbitrárias entre populações urbanas e rurais (têm igualmente direito aos mesmos benefícios e serviços). III) seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços O princípio da seletividade relaciona-se à priorização das situações cobertas a fim de fornecer atendimento efetivo a quem mais precisa. O princípio da distributividade direciona benefícios e serviços aos mais necessitados, funcionando como redutor de desigualdades sociais. DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU (TEORIA E EXERCÍCIOS) PROFESSOR: FREDERICO DIAS 33 www.pontodosconcursos.com.br IV) irredutibilidade do valor dos benefícios Concedido o benefício, surge para o segurado o direito de não tê-lo reduzido em seu valor nominal. V) eqüidade na forma de participação no custeio O princípio da equidade relaciona-se com as noções de justiça e igualdade na forma de custeio. Assim, as contribuições devem ser estabelecidas de acordo a capacidade econômica. VI) diversidade da base de financiamento A diversidade da base de financiamento prestigia o princípio da solidariedade, uma vez que responsabiliza diversos setores da sociedade pelo financiamento do sistema de seguridade. VII) caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados. Impõe a organização da seguridade social segundo um sistema descentralizado e democrático. O esquema abaixo apresenta a estruturação da seguridade social, segundo a CF/88. Sintetizando: DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU (TEORIA E EXERCÍCIOS) PROFESSOR: FREDERICO DIAS 34 www.pontodosconcursos.com.br 9.2 – Financiamento da Seguridade Social O art. 195 da CF explicita como se dará o financiamento da seguridade social. “Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: (...)” As formas de financiamento decorrem: (i) do orçamento dos entes federados; e (ii) de contribuições sociais. Nesse sentido, há participação do governo, das empresas e dos trabalhadores no custeio da seguridade social, segundo o princípio da diversidade da base de financiamento. É importante conhecer as formas de financiamento da seguridade social apresentadas no art. 195. Segue abaixo um esquema que pode ajudá-lo a memorizar esses aspectos, o que não substitui a necessidade de você conhecer o próprio teor do art. 195. Sintetizando: Além dessas fontes de financiamento, lei complementar poderá instituir outras destinadas a garantir a manutenção ou expansão da seguridade social. Mas observe um detalhe previsto no § 6°: essa instituição de novas contribuições deverá respeitar a chamada anterioridade nonagesimal. É dizer que só poderão ser exigidas após decorridos noventa dias da data
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