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O Planejamento do Processo de Ensino

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O Planejamento do Processo de Ensino-Aprendizagem 
Uma programação concebida, tendo presente, de um lado, os seus princípios e/ou 
fundamentos e, de outro lado, a realidade na qual está inserida, tende a ser uma proposta com 
mais condições de responder às exigências dos sujeitos que dela participam, em uma 
perspectiva não só de transformação e crescimento pessoal e coletivo, como também de 
transformação e crescimento da sociedade em que vivem. 
O momento da elaboração da programação é sempre muito esperado, como destaca 
Vasconcellos (2000, p. 194): a ação da instituição é fundamental, pois é ela que dá vida, 
consistência, o seu sentido de existir. O problema que se coloca é o tipo e a qualidade da ação 
que irá se desenvolver. Precisamos chegar a uma ação que de fato seja significativa para a 
instituição, o que significa dizer uma ação possível e que atenda às reais necessidades. 
Todavia, entendemos que também é importante procurar dar saltos qualitativos e avançar em 
direção à concepção e à realização de ações e/ou atividades que possam ir além e sempre em 
uma perspectiva transformadora, o que significa pensar em ações e/ou atividades que possam 
fazer da escola... Um espaço de busca, construção, diálogo e confronto, prazer, desafio, 
conquista de espaço, descoberta de diferentes possibilidades de expressão e linguagens, 
aventura, organização cidadã, afirmação da dimensão ética e política de todo o processo 
educativo (CANDAU, 2000, p.15). 
Acreditamos que pensar a programação da escola, é retomar, portanto, as discussões e 
definições feitas no momento da elaboração do marco referencial e pensar na possibilidade de 
reinventar a escola para que ela possa falar a “língua de seu tempo-espaço” (KOFF, 2011). 
Nesse sentido, é pensar uma programação que retoma o debate. 
 
"O próprio papel da escola hoje as suas concepções e/ou abordagens pedagógicas, os seus 
currículos e as suas práticas educativas, refletindo sobre e ressignificando aspectos, como 
organização espaço-temporal, concepção do processo de ensino-aprendizagem, papel dos/as 
professores/as, ofício dos/as alunos/as, natureza das relações, saberes, conhecimentos e 
valores, métodos, técnicas e recursos, linguagens, planejamento, avaliação, formas de gestão, 
estratégias da formação em serviço entre vários outros estruturantes que a configuram" 
(KOFF, 2011). 
Pensar a programação, nesse contexto, é dar sentido ao conjunto de ações e/ou de atividades 
que a escola planeja levar à diante e que, segundo Vasconcellos (2000), inclui: linhas de ação; 
ações concretas; atividades permanentes; determinações. 
Linhas de ação – que expressam muito mais uma atitude e/ou um comportamento e têm um 
caráter mais estratégico. Por exemplo: durante o ano letivo, vamos buscar envolver os pais por 
meio de palestras com a coordenação pedagógica e encontros com os professores. 
Outro exemplo: nossa escola vai buscar parcerias para a realização de atividades educativo-
culturais em horários alternativos àqueles destinados ao trabalho na sala de aula. São linhas de 
ação que, no momento oportuno, poderão se transformar em ações concretas, mas que nesse 
momento do planejamento ainda não podem ser traduzidas com todos os detalhes 
necessários à sua execução, mas nem por isso deixam de ser importantes. 
Ações concretas – que expressam o quê vai ser realizado, quer dizer, o tipo de ação e para quê, 
ou seja, com que finalidade. São ações que, já nesta fase do planejamento, podem ser 
elencadas com claras definições gerais sobre os seus objetivos, o período, os horários e os 
locais e/ou espaços determinados para a sua realização, os seus responsáveis específicos, os 
equipamentos e os recursos didáticos necessários, entre outras características. 
Atividades permanentes – mais relacionadas às rotinas e/ou atividades que se repetem com 
frequência, tais como as reuniões das equipes pedagógicas, as reuniões dos professores por 
ano e/ou por disciplina. 
Determinações - têm um caráter normativo e de obrigatoriedade, apontando um 
comportamento que possa ser observado e avaliado. Por exemplo: no primeiro segmento do 
ensino fundamental, a acolhida dos alunos em sala na hora da chegada deve ser feita sempre 
pelo professor da turma. São normas ou comportamentos que devem fazer sentido para todos 
os envolvidos e na perspectiva de responder às necessidades do bom funcionamento da 
escola. 
E como fazer essa programação? 
No contexto de um planejamento participativo, esse momento não é diferente dos demais e, 
por isso mesmo, todos devem participar de sua construção. 
E a metodologia pode ser a mesma adotada nos momentos anteriores, ou seja, a partir de 
perguntas desafiadoras como o que fazer?, para que fazer?, como fazer?, ou de outra maneira, 
que ações e/ou atividades?, com que finalidades e/ou objetivos?, com que características 
gerais?, os professores (que podem ter um momento de reflexão individual) - em pequenos 
grupos – podem trocar ideias, apontar caminhos, fazer sugestões e assim, por aproximações 
sucessivas, vão compondo a programação da escola que será então ratificada em plenária. 
O registro das propostas também pode acontecer de forma progressiva, quer dizer, os 
pequenos grupos podem ir construindo sistematizações preliminares até chegarem ao 
documento final que vai compor o Projeto Político-Pedagógico da escola. 
Cabe esclarecer: entendemos que o Projeto Político-Pedagógico é um plano de médio e de 
curto prazos. Nesse sentido, consideramos que o marco referencial pode ter um horizonte 
balizado dentro de um período de 3 a 5 anos, embora, dada a velocidade com que o mundo 
gira hoje, ele possa ser revisto e ajustado em um tempo menor. 
Todavia, por esse mesmo motivo e em função da complexidade e do movimento que marca a 
realidade extra e intraescolar, além da própria dinâmica da execução das ações/atividades, 
todo ano, o diagnóstico precisa ser atualizado e a programação elaborada.

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