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ELETRICIDADE BÁSICA VOLUME 02 CAP 01 CIRCUITOS TRIFÁSICOS EM REGIME PERMANENTE CAP 02 TRANSFORMADORES IDEAIS DE TENSÃO FEI 2S_2014 Sobre o Autor Prof. Dr. Devair Aparecido Arrabaça. Formação Acadêmica: Graduado pela Faculdade de Engenharia Industrial (FEI) com o título de: “Engenheiro Eletricista Modalidade Eletrônica” Concluído em 1976. Mestre em Engenharia Elétrica pela Faculdade de Engenharia Industrial, Título da Dissertação: “Aplicação dos Diagramas de Fasores no Estudo de Retificadores Industriais”, concluído em 1995. Doutor em Engenharia Elétrica na área de Sistemas de Potência, pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (EPUSP), Título da Tese: “Formulação Matemática da característica CC de Retificadores Trifásicos de Múltiplos Pulsos”, concluído em 2004. Coautor dos livros: Conversores de Energia Elétrica CC/CC para Aplicações em Eletrônica de Potência. e Conversores de Energia Elétrica CA/CC Teoria, Prática e Simulação. Coordenador do Curso de Eletricidade Básica na FEI FEI_2S_2014 1 FEI_2S_2014 2 Sumário CAPÍTULO 01 – Circuitos Trifásicos em Regime Senoidal Permanente 03 1. – Introdução 03 1-1. Fasores de Tensões e de Correntes Trifásicas. 05 1-2. Ligações Elétricas entre Fontes e Cargas Trifásicas. 08 1-2.1 Ligação Estrela-Estrela (Y-Y). 08 1-2.2 Ligação Estrela-Triângulo (Y-). 08 1-2.3 Ligação Triângulo-Estrela (-Y). 08 1-2.4 Ligação Triângulo-Triângulo (-). 09 1-3. Estudo das Tensões e Correntes de Linha e de Fase. 09 1-4. Potência em Sistemas Trifásicos Equilibrados. 16 Exemplo 01 16 Exemplo 02 18 1-5. Correção do Fator de Potência no Sistema Trifásico. 19 Exemplo 03 20 Exemplo 04 21 1-6. Exercícios Resolvidos. 23 1-7. Exercícios Propostos. 30 CAPÍTULO 02 - Transformadores Ideais de Tensão 37 1. – Introdução. 37 Exemplo 39 2. – Transformador Monofásico Ideal. 42 2-1. Solução de Exercícios com um transformador Monofásico Ideal. 49 3. – Transformador Trifásico Ideal. 56 3-1 Primário fechado em triângulo e secundário em estrela (-Y). 57 3-2 Primário fechado em estrela e secundário em triângulo (Y-). 57 3-3 Primário fechado em triângulo e secundário em triângulo (-). 57 3-4 Primário fechado em estrela e secundário em estrela (Y - Y). 57 3-1.1 Solução de Exercícios com um Transformador Trifásico Ideal. 58 4. – Exercícios Propostos. 67 5. – Desafios (em construção). 73 FEI_2S_2014 3 CAPÍTULO 1 Circuitos Trifásicos em Regime Senoidal Permanente Neste capítulo será estudado o comportamento dos circuitos trifásicos equilibrados em regime senoidal permanente, objetivando o estudo das potências envolvidas e a correção do fator de potência através da colocação de bancos de capacitores em paralelo com a fonte CA trifásica de alimentação. Serão apresentados os principais tipos de conexões (triângulo ou estrela) das fontes e das cargas, assim como o estudo das tensões e correntes presentes nos circuitos, com ênfase no cálculo dos capacitores para a correção do fator de potência de uma carga indutiva (motor trifásico). Os conceitos utilizados serão, quando necessário, demonstrados e fortemente reforçados com a apresentação de exercícios resolvidos ou exercícios propostos com respostas. Todos os circuitos elétricos aqui apresentados podem ser simulados no software PSIMDEMO. 1. – INTRODUÇÃO. A importância dos circuitos trifásicos é marcante em sistemas de potência elétrica, uma vez que a grande parte da energia elétrica gerada é transmitida e distribuída aos consumidores utilizando este sistema. Os circuitos trifásicos são um caso particular dos circuitos polifásicos de alimentação que por razões econômicas e técnicas tornou-se um padrão mundial na transmissão e distribuição de energia elétrica, pois possuem a flexibilidade de poder atender cargas monofásicas, bifásicas e trifásicas sem qualquer alteração na sua configuração, embora isto ocasione, na maioria dos casos, o desequilíbrio geral do sistema. Em um sistema trifásico a potência é fornecida por um gerador de corrente alternada (CA) que produz três tensões senoidais iguais em módulo e frequência, porem defasadas entre si de 120, sendo uma delas (geralmente a primeira) adotada como referência (fase inicial º0 ), conforme a ilustração feita no desenho da figura 1.01. Desta forma as três tensões CA geradas, denominadas de tensões de fases, podem ser representadas pelas seguintes funções de tempo: FEI_2S_2014 4 º0tsenVtv p1 - tensão de fase 1 (referência). º120tsenVtv p2 - tensão de fase 2 (atrasada de 120º da tensão de fase 1). º240tsenVtv p3 - tensão de fase 3 (atrasada de 120º da tensão de fase 2 ou atrasada de 240º da fase 1). Embora seja aceito a unidade da fase "" em graus é preciso lembrar que o correto é em radianos, pois a unidade resultante do produto “ t ” é radianos, assim as tensões são corretamente representadas pelas funções de tempo a seguir: 0tsenVtv p1 3/2tsenVtv p2 3/4tsenVtv p3 Fig. 1.01 Formas de Ondas do Sistema Trifásico de Tensão. Assim como no sistema monofásico é possível representar estas tensões pelos seus respectivos fasores e colocá-los no correspondente diagrama fasorial, conforme mostra o desenho na figura 1.02. Fig. 1.02 Fasores e Diagrama Fasorial das Tensões Trifásicas. FEI_2S_2014 5 Para a mesma especificação de potência o sistema trifásico exige condutores com menor peso em cobre que o sistema monofásico, além disso, as cargas trifásicas (motores elétricos) são de menores dimensões, mais leves e mais eficientes que as correspondentes monofásicas. As três tensões geradas (tensões de fases) podem ser ligadas entre si de duas maneiras distintas, triângulo ou estrela, como ilustra o desenho da FIG – 1.03 e podem ser assim percebidas ou distinguidas: Se existir um terminal comum entre as três fases (nó), a ligação é denominada de estrela ou Upsilon “Y” e o terminal comum é denominado de neutro (N), conforme a indicação na figura 3.3a. Se as três fases forem ligadas para formar um percurso fechado (malha), a ligação é denominada de triângulo ou delta "" , conforme a indicação na figura 3.3b. FIG. 1.03 Tipo de ligação: a) Estrela e b) Triângulo. A transmissão de energia elétrica é feita pela linha de transmissão, transportando energia elétrica da usina geradora até aos grandes centros consumidores. Se as cargas trifásicas forem iguais entre si o sistema é denominado de trifásico equilibrado, caso de estudo deste livro. Para diferenciar os valores das correntes e tensões de linha dos valores das correntes e tensões nos bipolos, adota-se a seguinte critério: Valores das tensões e correntes de fases: São aquelas medidas nos terminais dos bipolos geradores ou receptores. Valores das tensões e correntes de linhas: São aquelas medidas nas linhas trifásicas de alimentação (transmissão). 1-1. FASORES DE TENSÕE E DE CORRENTES TRIFÁSICAS. Assim como no sistema monofásico épossível representar as tensões e as correntes trifásicas por fasores e colocar estes fasores no plano de fase. Para tanto considere as tensões de fases: FEI_2S_2014 6 )0Wt( senV)wt(v p1 (referência) )120Wt( senV)wt(v p2 )240Wt( senV)wt(v p3 na sequência de fase 1, 2 e 3, conectadas em estrela conforme indica o desenho na figura 1.04a. Como a tensão de fase )"wt(v" 1 foi adotada como referência, ou seja, fase nula ( 0 ) é possível escrever os respectivos fasores e desenhar o correspondente diagrama de fasores conforme ilustra o desenho na figura 1.04b. FIG. - 1.04 a) Tensões de fases e b) Respectivo diagrama de fasores. Como os fasores giram no sentido anti-horário, se conclui que no instante "0t" as posições dos três fasores são: "V" 1 está sobre o eixo horizontal e orientado no sentido da esquerda para a direita. "V" 2 está 120 atrasado do fasor "V" 1 "V" 3 está 120 atrasado do fasor "V" 2 ou 240° atrasado do fasor "V" 1 . Conectando com a fonte trifásica desenhada na figura 1.04a, uma carga trifásica equilibrada "ZZ " z também ligada em estrela, irão circular pelo circuito três correntes de fases de módulos iguais e defasadas de "º120" entre si. O cálculo para determinar os correspondentes valores fasoriais destas correntes é efetuado da seguinte forma: FEI_2S_2014 7 Z V I FF z p 1F Z º0V I zp1F II onde Z V I p p Analogamente se obtém: z p 2F Z º120V I º120II zp2F z p 3F Z º240V I º240II zp3F Então as expressões de tempo associadas às correntes de fases podem ser assim representadas: zp1F tsenIti º120tsenIti zp2F º240tsenIti zp3F Da mesma forma feita para as tensões de fases, pode-se fazer um diagrama fasorial representando as correntes de fases, conforme ilustra o desenho na figura 1.05, em que estão representadas as funções de tempo, a ligação estrela, os correspondentes fasores e o diagrama fasorial destas correntes. FIG. - 1.05 a) Correntes de fases e b) Diagrama de fasores das correspondentes correntes de fases. FEI_2S_2014 8 1-2. LIGAÇÕES ELÉTRICAS ENTRE FONTES E CARGAS TRIFÁSICAS. Tanto as fontes quanto as cargas trifásicas podem ser conectadas em triângulo ou estrela, dando como resultado quatro tipos básicos de ligações. 1-2.1 Ligação Estrela-Estrela (Y-Y). Nesta ligação as fontes estão conectadas em estrela e ligadas eletricamente com as cargas também conectadas em estrela, conforme ilustra o desenho na figura 1.06. FIG. - 1.06 Ligação YY – Fontes e cargas conectados em estrela. 1-2.2 Ligação Estrela-Triângulo (Y-). Nesta ligação as fontes estão conectadas em estrela e ligadas eletricamente com as cargas conectadas em triângulo, conforme ilustra o desenho na figura 1.07. FIG. - 1.07 Ligação Y/ – Fontes ligadas em estrela e cargas em triângulo. 1-2.3 Ligação Triângulo-Estrela (-Y). Nesta ligação as fontes estão conectadas em triângulo e ligadas eletricamente com as cargas conectadas em estrela, conforme ilustra o desenho na figura 1.08. FEI_2S_2014 9 FIG. - 1.08 Ligação /Y – Fontes ligadas em triângulo e cargas em estrela. 1-2.4 Ligação Triângulo-Triângulo (-). Nesta ligação as fontes estão conectadas em triângulo e ligadas eletricamente com as cargas também conectadas em triângulo, conforme ilustra o desenho na figura 1.09. FIG. - 1.09 Ligação / – Fontes e cargas ligadas em triângulo. 1-3. ESTUDO DAS TENSÕES E CORRENTES DE LINHA E DE FASE. A energia elétrica disponibilizada pelo sistema trifásico "3" está disponível em uma tomada com três orifícios de acesso, sem a indicação de que as fontes estão conectadas em triângulo ou estrela, proporcionando uma ligação a três fios (linhas) para alimentar a carga trifásica a ser energizada, que, por sua vez, pode estar conectada em estrela (figura 3.10) ou em triângulo (figura 3.11). Dependendo da maneira que a carga está conectada, em triângulo ou estrela, os valores assumidos pelas correntes e tensões de fase e de linha são estabelecidos pela análise de circuitos elétricos, aplicando as duas leis de Kirchhoff como é demonstrado em seguida. Considere o circuito elétrico desenhado na figura 3.10 onde a carga conectada em estrela é alimentada por uma linha trifásica a três fios. FEI_2S_2014 10 FIG. - 3.10 Circuito elétrico com alimentação trifásica a três fios e cargas conectadas em estrela. Os respectivos valores das correntes e tensões de linha e fase estão assim relacionados: a) Tensões de fase. Adotando a tensão da fase “1”, medida entre os terminais da carga ligada entre os pontos “1” e “N”, como referência, ( 0º ), se obtém as funções de tempo e os respectivos fasores associados a estas tensões, conforme indicação a seguir: 0VV 0tsenVtv p1Fp1F 120VV 120tsenVtv p2Fp2F 240VV 240tsenVtv p3Fp3F b) Relações entre as tensões de linha e as tensões de fase. Como o sistema trifásico é equilibrado, as três tensões de linha possuem o mesmo valor máximo e estão defasadas de 120º entre si, portanto conhecendo- se o fasor de uma delas os fasores das demais são facilmente determinados. Considerando o circuito desenhado na FIG – 3.10 e sabendo que a soma algébrica das tensões em uma malha é igual à zero, obtêm-se as seguintes equações que relacionam as tensões de linha com as tensões de fase: Malha 1,N,2 2F1F1L VVV (01) FEI_2S_2014 11 Malha 2,N,3 3F2F2L VVV Malha 3,N,1 1F3F3L VVV Desenvolvendo a equação (01) obtêm-se a equação (03) que relaciona as tensões de linha com as tensões de fase. 2F1F1L VVV 120V0VV pp1L 120senj120cosV0senj0cosVV pp1L 2 3 j 2 1 1VV p1L 2 3 j 2 3 VV p1L 2 3 2 3 tag 2 3 2 3 VV 1 22 p1L º30V3V p1L (02) Pode-se concluir que em uma ligação trifásica com os bipolos conectados em estrela o módulo das tensões de linha é 3 vezes maior que o módulo das tensões de fase e está atrasada de º30 das tensões de fase, conforme indica a equação (03). º30V3V FL (03) Portando, no circuito desenhado na figura 3.10, as tensões de linha podem ser representadas pelas funções de tempo e os respectivos fasores conforme indicam as equações (04), (05) e (06). 30ºt senV3)t(v P1L 30V3V p2L (04) 0º51t senV3)t(v P2L 150V3V p2L (05) FEI_2S_2014 12 0º27t senV3)t(v P3L 270V3V p2L (06) OBS: Lembrar que na teoria de números imaginários a forma cartesiana é expressapela equação (07): jbaXX p (07) Um número imaginário escrito na forma cartesiana pode ser transformado na forma polar utilizando o recurso da equação (08): a btagbaXX 1 22 p (08) c) Relações entre as correntes de fase e as correntes de linha. Observando o circuito desenhado na figura 3.10 se conclui que as correntes de linha são as mesmas que as correntes de fase, então as suas expressões no tempo e fasoriais são iguais entre si e podem ser calculadas obedecendo a lei de Ohm, obtendo-se a equação (09): Z V I I 1F 1F1L z p 1F1L Z 0 V I I z p 1F1L - Z V I I (09) Desta forma, as demais correntes de linhas ou de fases podem ser representadas pelas expressões (10) e (11). 120º- Z V I I z p 2F2L (10) º 240- Z V I I z p 3F3L (11) Portando, no circuito desenhado na figura 3.10 as correntes de linhas e de fases podem ser escritas em função do tempo conforme indicam as equações (12), (13) e (14). )-t( sentiti z1F1L (12) )º120-t( sentiti z2F2L (13) )º240-t( sentiti z3F3L (14) FEI_2S_2014 13 d) Conclusões: Na ligação estrela de bipolos geradores ou receptores são válidas as seguintes relações entre os valores de linha e de fase: - A corrente de linha é igual (a mesma) a corrente de fase: FL II - A tensão de linha está adiantada de 30º da corrente de fase e o seu módulo é 3 vezes maior que o módulo da tensão de fase: .º30V3V FL Fonte trifásica alimentando uma carga conectada em triângulo. Considere o circuito elétrico desenhado na FIG - 3.11, onde a carga, que está ligada em triângulo, é alimentada por uma linha trifásica. FIG. - 3.11 Alimentação trifásica de cargas associadas em triângulo. A seguir são obtidas as relações entre os valores das correntes e tensões de fase com as correntes e tensões de linha, para cargas conectadas em triângulo e alimentadas por uma fonte trifásica a três fios. a) Expressões das correntes de fase considerando a fase 1 como referência ( 0º ). 0II 0tsenItI p1Fp1F 120II 120tsenItI p2Fp2F 240II ou 120II 120tsenItI p3Fp3Fp3F FEI_2S_2014 14 b) Relações entre as correntes de linha e as correntes de fase. Considerando o circuito desenhado na FIG – 3.11 e sabendo que a soma algébrica das correntes em um nó é igual à zero, obtêm-se as seguintes equações relacionando correntes de linha com correntes de fase: Nó de número “1” 3F1F1L III (15) Nó de número “2” 1F2F2L III Nó de número “3” 2F3F3L III Desenvolvendo a equação (15) obtêm-se a equação (17) que relaciona as tensões de linha com as tensões de fase. 3F1F1L III 120I0II pp2L 120senj120cosI0senj0cosII pp2L 2 3 j 2 1 1II p2L 2 3 j 2 3 II p2L 2 3 2 3 tag 2 3 2 3 II 1 22 p1L 30I3I p1L (16) Pode-se concluir que em uma ligação trifásica com os bipolos conectados em triângulo o módulo das correntes de linha é 3 vezes maior que o módulo das correntes de fase e está atrasada de º30 das correntes de fase, conforme indica a equação (03). º30I3I FL (17) Portanto as funções de tempo associadas as correntes de linha são as indicadas nas equações (18), (19) e (20). FEI_2S_2014 15 30tsenI3ti p1L (18) 150tsenI3ti p2L (19) 270tsenI3ti p3L (20) c) Relações entre as tensões de linha e as tensões de fase. As tensões de linha são as mesmas que as tensões de fase e podem ser calculadas aplicando-se a Lei de Ohm obtendo-se as equações (21), (22) e (23). 0IZVV 0IZVV IZV V p1F1Lp1F1L1F1F1L tsenIZtvtv p1F1L (21) 120IZVV 120IZVV IZV V p2F2Lp2F2L2F2F2L 120tsenIZtvtv p2F2L (22) 120IZVV 120IZVV IZV V p3F3Lp3F3L3F3F3L 120tsenIZtvtv p3F3L (23) d) Conclusões: Na ligação triângulo de bipolos geradores ou receptores são válidas as seguintes relações entre os valores de linha e de fase: - A tensão de linha é igual (a mesma) a tensão de fase: FL VV - A corrente de linha está atrasada de 30º da corrente de fase e o seu módulo é 3 vezes maior que o módulo da corrente de fase: .º30I3I FL Sugestões: - Demonstre as expressões que relacionam as tensões de linha t v e t v 3L 2L com as respectivas tensões de fase, para cargas ligadas em estrela. - Demonstre as expressões que relacionam as correntes de linha ti e ti 3L2L com as respectivas correntes de fase, para cargas ligadas em triângulo. FEI_2S_2014 16 1-4. POTÊNCIA EM SISTEMAS TRIFÁSICOS EQUILIBRADOS. Fazendo analogia com o sistema monofásico, as potências; aparente, ativa e reativa totais no sistema trifásico podem ser calculadas utilizando as mesmas equações do sistema monofásico, multiplicando-se os resultados por três, independente do tipo de associação dos bipolos. Procedendo desta maneira resultam as seguintes equações: VA IV3S aparente total Potência FF W cosIV3P ativa total Potência zFF rzFF VA senIV3Q reativa total Potência onde “ FF I e V ” são, respectivamente, os valores eficazes (módulos) da tensão e corrente de fase e “ z ” o ângulo de fase da impedância da carga. Exemplo 01 Considere o circuito trifásico desenhado na figura 3.12 e determine as potências totais e a potência dissipada em um resistor da carga. FIG. - 3.12 Solução: a) Cálculo das tensões e correntes de fase: Como as cargas estão conectadas em estrela as tensões linha e de fase estão relacionadas pela equação (03). º30V3V FL º30V3º0380 1F º30 3 380 V 1F FEI_2S_2014 17 º30220V 1F , analogamente: º150220V 2F º270220V 3F Z V I 1F 1F º0100 º30220 I 1F 302,2I 1F , analogamente: A 1502,2I 2F A 2702,2I 3F b) Cálculo das Potências Totais Para o cálculo das potências utilizam-se os valores dos módulos da tensão e corrente de fase, então resultam os seguintes valores: 2,22203S IV3S aparente total Potência FF VA 1452S 0 cos2,22203P cosIV3P ativa total Potência zFF W1452P 0 sen2,22203Q senIV3Q reativa total Potência zFF rVA 0Q Obs: Como não existe bipolo reativo na impedância de carga, a potência reativa é nula. c) Cálculo da Potência dissipada em um bipolo da carga. cosφ IVP FFR 2,2.1220PR W 484PR Portanto, cada resistor da carga dissipa 484 W de potência. FEI_2S_2014 18 Exemplo 02 Considere o circuito trifásico desenhado na figura 3.13 e determine as potências totais e a potência reativa em um indutor da carga. FIG. - 3.13 Solução: a) Cálculo das tensões e correntes de fase: Como a carga está conectada em triângulo as tensões de fase são iguais as tensões de linha, portanto resultam os seguintes valores: º0380V 1F V º120380V 2F V º120380V 3F V Z V I 1F 1F º90100 º0380 I 1F A 908,3I 1F A 2108,3I 2F A 3308,3I 3F b) Cálculo das potências totais do circuito VA 4332S 8,33803S IV3S aparente total Potência FF FEI_2S_2014 19 W0P º90 cos8,33803P cosIV3P ativa total Potência ZFF VA 4332Q 90º .sen 8,33803Q sen IV3Q reativa total Potência R ZFF c) Cálculo da potência em um indutor. º90senIVQ FF º90 sen8,3380Q RVA 1440 Q Portanto, há RVA 1440 de reativos em cada indutor. 1-5. CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA NO SISTEMA TRIFÁSICO. O processo de correção do fator potência utilizado no sistema trifásico é análogo ao utilizado no sistema monofásico, ou seja, no sistema monofásico o ângulo de fase final da carga equivalente instalada deve ser menor ou igual a 23º ( º23c ) e, analogamente, no sistema trifásico o ângulo de fase final de cada carga equivalente instalada deve ser menor ou igual a 23º ( º23c ). Desta forma, se a carga trifásica for indutiva (motor de indução) a correção do fator de potência é feita adicionando-se um capacitor em paralelo com cada carga, resultando um conjunto ou um banco de capacitores associados entre si, para formar três capacitores equivalentes de capacitâncias iguais, calculadas de maneira que o ângulo de fase final de cada carga seja “ º23c ”. Assim sendo, o cálculo do valor da capacitância de cada capacitor, para a correção do fator de potência atrasado no sistema trifásico, é feito aplicando-se a equação (24). 2F cZZ Vf2 tagtagP C (24) Onde: C Capacitância, em Farad (F). Z = ângulo da impedância “Z” antes da correção, em radianos ou graus. FEI_2S_2014 20 c = ângulo da impedância “Z” após a correção, em radianos ou graus. ZP = potência ativa da impedância “Z”, em Watts (W). f = frequência do circuito, em Hertz (Hz). FV = tensão eficaz de fase (aplicada nos terminais da carga), em Volts (V). Exemplo 03: Considere o sistema trifásico desenhado na figura 3.14, em que as tensões de linha são caracterizadas por 380V/60Hz, e adicione ao circuito os capacitores para que o fator de potência seja corrigido para 0,92 atrasado. FIG. - 3.14 Solução: Para cálculo do valor de “C” é necessário calcular os módulos das tensões e das correntes no circuito. - Cálculo do valor do módulo da tensão de fase (tensão aplicada nos terminais da carga): 3 380 V 1F V220V 1F - Cálculo do módulo da corrente de fase: Z V I 1F1F 40 220 I 1F FEI_2S_2014 21 A5,5I 1F - Cálculo do valor da potência ativa em “Z”: ZFFF cosIVP 45cos5,5220PF W855PF - Cálculo do valor da capacitância “C”: 2220602 23tag45tag855 C 80,246.18 424.01855 C 80,246.18 576,0855 C F27C Resposta: Utilizam-se três capacitores com capacitância igual a "F27" cada, ligados em paralelo com cada carga, conforme ilustra o circuito desenhado na figura 3.15. FIG. - 3.15 Exemplo 04: Considere o circuito desenhado na figura 3.16 e corrija o fator de potência da instalação para 0,92, adicionando capacitores em paralelo com a carga. FEI_2S_2014 22 FIG. - 3.16 Solução: - Cálculo do valor do módulo da tensão de fase: 1L1F VV V380V 1F - Cálculo do valor do módulo da corrente de fase: Z V I 1F1F 40 380 I 1F A5,9I 1F - Cálculo do valor da potência ativa em “Z”: ZFFF cosIVP º45cos5,9380PF W2553PF - Cálculo da capacitância “C”: 2380602 º23tagº45tag2553 C 80,438.45 424.012553 C F27C FEI_2S_2014 23 Resposta: Utilizam-se três capacitores com capacitância igual a "F27" cada, ligados em paralelo com a carga, como ilustra o circuito desenhado na figura 3.17. FIG. - 3.17 1-6. EXERCÍCIOS RESOLVIDOS. 6.01 No circuito esquematizado na figura 3.18 a carga é igual a J34Z , a fase da corrente da linha 3 é igual a “-240º” e o valor da linha é 220V. Pede-se determinar: a) O valor da tensão 3LV . b) O valor da corrente 3FI . c) O valor da potência reativa total. FIG. - 3.18 Solução: J34Z º37 5Z FEI_2S_2014 24 240º- II L3L 0º- II L1L 1L1F1L 220VV 30º- 3II 1F1L 30º- 3 0º I I L1F A 30º 3 I I L1F 1F1F IZV 30º 3 I º37 5 220 L1L , portanto: 3 I5 220 L A 76IL e º3730º1L º71L Obtendo-se os valores: a) V 247º- 220V 3L b) A 30º 3 67 I 1F V 30º 44I 1F V 10º2- 44I 3F c) 37 sen442203Q RVA 476.17Q 6.02 Considere o circuito trifásico equilibrado esquematizado na figura 3.19 e determine os seguintes valores: a) Da impedância “ Z ” da carga. b) Da capacitância “C” que faz o fator de potência ser unitário. FIG. - 3.19 Solução: . N1 0127V 3001273V . 12 V 30220V . 12 733,18I . 12 A FEI_2S_2014 25 como . 12 . . 12 IZV obtém-se: 733,18 30220 Z . a) 3712Z. 37cos 3 33,18 127P W 38,1073P 2127602 0 tag37 tag38,073.1 C F 133C 6.03 No circuito trifásico equilibrado abaixo esquematizado sabe-se que: i) A tensão de linha é a igual a 380V/60Hz. ii) A impedância de carga é igual a J4030Z . Adote a tensão “ RSV ” e responda as seguintes questões: a) Qual o valor da tensão RNV . b) Qual o valor da corrente TNI . c) Qual o valor do capacitor que corrige ao fator de potência para 0,92. FIG. - 3.20 Solução: a) 30 3 V V RS RN 30 3 0380 VRN FEI_2S_2014 26 30220VRN V b) Z V I RN RN J4030 30220 IRN 5350 30220 IRN 834,4IRN 240II RNTN 240834,4ITN 3234,4ITN A c) 2IRP 24,430P W 132P 2220602 23 tag53 tag132 C F 5,6C 6.04 Uma fonte trifásica de frequência igual a 60Hz está conectada em estrela alimentando uma carga trifásica equilibrada conectada em triângulo. A tensão de fase gerada é igual a 2.200V e o fator de potência instalado é igual a 0,707 atrasado. Sabendo que a potência reativa total é igual a 120kVA, determine: a) O valor da impedância "Z" da carga. b) O valor do capacitor que colocado em paralelo com a carga torna o fator de potência unitário. Solução: O enunciado do exercício descreve o circuito esquematizado na figura 3.21: FIG. - 3.21 FEI_2S_2014 27 a) A tensão aplicada na impedância "Z" é a de linha então resulta a seguinte solução: 22200VL 32200VV Lz 707,0 osc z 45z zT Q3Q VA000.40Qz zzzz senIVQ 45 senI32200000.40 z A85,14Iz z z I V Z 85,14 22200 Z 40,255Z 4540,255Z b) Como 45z a potência ativa é igual a potência reativa: VA000.40Pz 2F czz Vf2 tagtagP C 23200.2602 0tag45tag000.40 C F3,7C 6.05 Considere o circuito trifásico equilibrado esquematizado na figura 3.22 onde são conhecidas as seguintes informações: - A frequência do sistema é igual a 60Hz. - A tensão "V" 31 possui módulo igual a 600V e fase igual a “-220°”. - A corrente "I" N2 possui módulo igual a 100A e fase igual a “-220°”. Pede-se calcular os valores: a) Do fator de potência do sistema. b) Da indicação do amperímetro alterando a frequência para 50Hz. FIG. - 3.22 FEI_2S_2014 28 Solução: a) V 220600V31 V 20600V12 A 220100I N2 A 100100I N1 30V3V N112 303 20600 V N1 V 1041,346V N1 N1 N1 I V Z 100100 1041,346 Z 9046,3Z Como 90z se conclui que o fator de potência é nulo e que a carga é formada por três indutores ideais. b) O valor da indutância “L” não se altera com a alteração da frequência, portanto para F = 60Hz se obtém: LWXL L60246,3 602 46,3 L Para F=50Hz se obtém: LWXL 602 46,3 502XL 89,2XL J89,2Z O amperímetro indica o valor do módulo da corrente da linha “2”. Z V I N2N2 89,2 41,346 I N2 A120I N2 6.07 No circuito trifásico esquematizado na figura 3.23 a frequência é igual 60 Hz e a carga é equilibrada. Pede-se calcular: a) O valor da impedância “ .Z ”. b) O da potência ativa total. c) O valor do capacitor que colocado em paralelo com a carga torna o fator de potência igual a 0,92. FEI_2S_2014 29 FIG. - 3.23 Solução: O circuito pode ser redesenhado com os valores referenciados à corrente de linha "I" R . e à tensão de linha "V" RS . , de acordo com esquema indicado na figura 3.24. FIG. - 3.24 240II T . R . 270240173IR. 30173IR . A 30I3I RS . R . 30I330173 RS . A 0100IRS . 120VV ST . RS . 67120220VRS. 53220VRS . V FEI_2S_2014 30 a) RS . RS . . I V Z º0100 º53220 Z . º532,2Z . J 76,132,1Z . b) zRSRST cosIV3P 53 cos1002203PT W 720.39PT c) 2RS zz VW tagtagP C 22203773 23tag53tag720.39 C F 655C 1-7. EXERCÍCIOS PROPOSTOS. 7.01 Considere um sistema trifásico equilibrado com sequência de fases 1, 2, 3 e escreva as expressões matemáticas das correntes ou das tensões indicadas abaixo e desenhe os respectivos fasores. a) tsenI)t(i p1 )t(i2 )t(i3 b) )t(v1 º90tsenV)t(v p2 )t(v3 FEI_2S_2014 31 c) )t(v1 º45tsenV)t(v p2 )t(v3 )t(i1 )t(i2 º150tsenI)t(i p3 d) º90tsenV)t(v p1 )t(v2 )t(v3 º60tsenI)t(i p1 )t(i2 )t(i3 7.02 Considere o circuito desenhado na figura 3.25 e adote a tensão de linha “1” como referência. Sabendo que º0500Z e V400V 1L determine os seguintes valores: a) Das tensões e correntes de linha e de fase. b) Das potências totais do sistema. c) Da potência em cada resistor. FIG. - 3.25 FEI_2S_2014 32 7.03 Considere o circuito desenhado na figura 3.26 e adote a tensão de fase “1” como referência. Sabendo que º45500Z e V400V 1L determine os seguintes valores: a) Das tensões e correntes de linha e de fase. b) Das potências totais e em cada impedância. FIG. - 3.26 7.04 Considere o circuito desenhado na figura 3.27 e adote a tensão de linha “2” como referência. Sabendo que º45500Z e V600V 1L determine os valores: a) Das tensões e correntes de linha e de fase. b) Das potências totais do sistema. c) Das potências em cada impedância. FIG. - 3.27 7.05 Considere o circuito desenhado na figura 3.28 e adote a tensão de linha “1” como referência. Sabendo que º050Z e V1200V 1L determine os valores: a) Das tensões e correntes de linha e de fase. b) Das potências totais do sistema e em cada impedância. FEI_2S_2014 33 FIG. - 3.28 7.06 Considere o circuito desenhado na figura 3.29 e adote a tensão de fase “2” como referência. Sabendo que º60100Z e V3200V 1L determine os valores: a) Das tensões e correntes de linha e de fase. b) Das potências totais do sistema e em cada impedância. FIG. - 3.29 7.07 Considere o circuito desenhado na figura 3.30 e adote a tensão de linha “3” como referência. Sabendo que º3540Z e V800V 1L determine os valores: a) Das tensões e correntes de linha b) Das tensões e correntes e de fase. c) Das potências totais. FEI_2S_2014 34 FIG. - 3.31 7.08 Considere o circuito desenhado na figura 3.32, adote como referência a tensão de fase “3” da fonte e determine: a) Os valores das correntes indicadas. b) Os valores das potências totais do lado das fontes e do lado da carga. c) A potência ativa em cada impedância. FIG. - 3.32 7.09 Considere o circuito desenhado na figura 3.33 e adote como referência tensão de fase “1” da fonte. Sabendo que o fator de potência é 0,5 atrasadopede-se: a) Determinar o valor da impedância complexa Z . b) Determinar os valores das correntes indicadas. c) Determinar os valores das potências totais. d) Escreva a função de tempo da tensão ).t(V31 FIG. - 3.33 FEI_2S_2014 35 7.10 Considere o circuito desenhado na figura 3.34 e que os instrumentos de leitura indicam 2.200 V e 200 A. Sabendo que o fator de potência da instalação é igual a 0,6 adiantado, pede-se determinar: a) O valor da impedância e da corrente na linha “3”. b) Os valores das potências totais do sistema. FIG. - 3.34 7.11 No circuito desenhado na figura 3.35 a tensão de fase na fonte é igual a 2500V e a corrente na carga é igual a 125A. Determine as indicações dos aparelhos de medida e o valor da impedância para que o fator de potência do circuito seja 0,65 adiantado. FIG. - 3.35 7.12 Uma carga trifásica equilibrada com impedâncias iguais à º3510Z é alimentada por um gerador trifásico com frequência igual a 60 Hz, como indica o circuito desenhado na figura 3.36. Sabendo-se que Vº60220V31 , determine os valores das tensões e as correntes indicadas e das potências totais do sistema. FEI_2S_2014 36 FIG. - 3.36 7.13 Considere o circuito desenhado na figura 3.37 em que uma carga trifásica equilibrada, ligada em estrela, com impedâncias iguais à º3060Z é alimentada por um gerador trifásico. Sabendo que a tensão Vº65480V23 , pede-se determinar: a) Os valores das tensões e das correntes de fase e de linha. b) Os valores das potências totais do sistema. FIG. - 3.37 7.14 Refazer, caso seja possível, os exercícios propostos nos itens anteriores calculando o valor da capacitância “C” dos capacitores que colocados em paralelo com a carga corrija o fator de potência para 0,92 atrasado. Considerar para todos os casos a frequência igual a 60Hz. 7.15 Uma carga equilibrada trifásica com impedância igual a 1.5+2J Ω por fase é alimentada por uma rede de 220V/3ф/60Hz. Determinar o valor da capacitância “C” que colocado em paralelo com a carga corrija o fator de potência para 0,92 considerando cargas ora ligadas em estrela e ora em triângulo. Em cada caso determinar os valores das potências totais do sistema. FEI_2S_2014 37 CAPÍTULO 2 Transformadores Ideais de Tensão Neste capítulo será estudado o comportamento do transformador ideal de tensão, utilizado para adequar tensões em circuitos monofásicos e trifásicos, alimentando uma associação qualquer de cargas monofásicas ou trifásicas equilibradas. Será considerado o sentido de enrolamento das bobinas para determinar o módulo e a fase correta da tensão transformada. As equações envolvidas com o estudo do transformador são apresentadas sem preocupação de fundamentar os conceitos a elas relacionados. A proposta é utilizar o transformador como um componente elétrico caracterizado por correntes e tensões bem definidas para equacionar e estudar o comportamento dos circuitos elétricos. Com a finalidade de fixar os conceitos teóricos são apresentados exemplos, exercícios resolvidos e exercícios propostos com respostas. 1.– INTRODUÇÃO. O transformador desempenha um papel fundamental nos sistemas de distribuição de energia elétrica, assim como na grande maioria dos circuitos eletrônicos e aparelhos de medidas elétricas. Embora os transformadores sejam amplamente empregados em circuitos monofásicos de alimentação residencial (110V ou 220V), são vitais na aplicação de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica desempenhando o fundamental papel de elevar ou abaixar a tensão e/ou corrente elétrica, permitindo que a energia elétrica da usina geradora possa chegar com qualidade até ao consumidor final. Toda a energia elétrica gerada para atender a um sistema elétrico industrial em território brasileiro, por decreto governamental, é feito sob a forma trifásica alternada senoidal com frequência de 60 Hz. Está representado em diagrama de blocos na Figura 2.01 um sistema simplificado de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica em que aparece o símbolo utilizado para representar o transformador e a palavra “trafo” para identifica-lo. Fig – 2.01 Gerações, transmissão e distribuição de energia elétrica FEI_2S_2014 38 A seguir é apresentado, sem a preocupação de fidelidade com as normas brasileiras, um resumo das funções associadas a cada um dos blocos apresentados: i) Geração de Energia: A geração de energia elétrica ocorre utilizando-se usinas geradoras que utilizam instalações hidráulicas, térmicas, eólicas, nucleares, etc. No Brasil, atualmente, predominam as usinas hidrelétricas de geração (2,2 a 20kV), que podem ser divididas em duas grandes categorias: Instalações a água corrente, nas quais não existe possibilidade de acumulação e a água que chega é imediatamente utilizada. Instalações com reservatórios, os quais permitem a acumulação da água e o seu emprego no momento desejado. ii) TRAFO-1: Como é preciso vencer grandes distâncias para transportar a energia elétrica desde a usina geradora até os grandes centros de consumo é conveniente que a transmissão seja feita em alta tensão diminuindo assim a corrente elétrica e consequentemente a perda de potência por aquecimento (efeito Joulle), que aumentam com o quadrado da corrente elétrica. Nesses casos utilizando-se um transformador elevador de tensão, que elevam a tensão de 20kV para os padrões entre 69kV até 500kV, de acordo com as reais necessidades. iii) Transmissão de Energia: As linhas de transmissão têm a finalidade de transportar grandes potências desde a geração até os centros de consumo com segurança e confiabilidade. As tensões mais usuais em corrente alternada nas linhas de transmissão são 69 kV, 138 kV, 230 kV, 400 kV e 500 kV. iv) TRAFO-2: Ao chegar aos grandes centros de consumo a alta tensão de transmissão é reduzida para valores padrões, entre 11 kV e 35 kV) com a finalidade de percorrer as zonas urbanas com total segurança. A responsabilidade desta redução é das subestações redutoras que são implantadas em locais apropriados e isolados da população. v) TRAFO-3: A distribuição de energia elétrica urbana é feita a três fios e normalizadas com tensão de 13.8 kV. Para o consumidor residencial essa tensão é reduzida para 110V ou 220V eficazes e para a indústria reduzida para 220V ou 380V eficazes, com raras exceções de solicitações especiais. Nesses casos utilizam-se transformadores abaixadores de tensão que são fixados nos postes da linha de transmissão urbana. FEI_2S_2014 39 OBS: No Brasil a geração, transmissão e distribuição de energia elétrica são normalizadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). A seguir é apresentado um exemplo com a intenção de ilustrar o motivo pelo qual se faz a transmissão de energia elétrica elevando-se a tensão elétrica ao invés de elevar a corrente elétrica. Exemplo: Deseja-se transmitir uma potência de 4400 kW a uma distância de 10 km com um fator de potência unitário e 10% de perda em tensão. Determine as respectivas correntes e seções retas dos condutores de cobre nos dois casos a seguir: a) Sistema monofásico com V 220Va b) Sistema monofásico com kV 220Vb Considere conhecidas: A resistividade do cobre: m/mm 018,0 2 . As equações: R fio do Área e RI RVR ,zcosnInVnP onde: - "nP" é a potência elétrica transmitida em [W]; - "nV" é a tensão elétrica do sistema em [V]; - "nI"é a corrente elétrica que percorre o fio, em [A]; - " zcos" é o fator de potência da carga; - "z" é o ângulo de fase da carga, em [graus]; - "RV" é a tensão elétrica aplicada nos terminais do resistor, em [V]; - "RI" é a corrente elétrica que percorre o resistor, em [A]; - "" é o comprimento do fio, em [m]; - "R" é o resistor elétrico, em . Solução: Caso a) - Cálculo da corrente no fio de cobre: cosV P = I za a kA 20 = 1220 1044 = I 5 a FEI_2S_2014 40 - Cálculo da perda de tensão: O sistema monofásico é formado por dois fios de cobre e como a distância da transmissão é de 10 km são necessários 20km de fios conforme o desenho ilustrativo da figura 2.02 a seguir: Fig – 2.02 Linha monofásica VV2V 'aaa 222220V'a V176V'a Portanto a tensão entregue a carga é igual a V10176 3 , ou seja, uma queda total de V44 perdidos na transmissão. - Cálculo da resistência do fio de cobre I V R a a 20000 44 Ra m 2,2Ra - Cálculo da área do fio de cobre a a R A 3 3 a 102,2 1020 018,0A 2 a mm 636.163A ou 2 a cm 1636A Nesse caso a transmissão é inviável, pois é necessário um fio de cobre com secção reta de área igual a "cm 1636" 2 que é um valor exorbitante. FEI_2S_2014 41 Caso b) - Cálculo da corrente no fio de cobre: cosV P = I zb b A 20 = 110220 1044 = I 3 5 b - Cálculo da perda de tensão: VV2V 'bbb 1022210220V 33'a V10176V 3'a Portanto a tensão entregue a carga é igual a V10176 3 , ou seja, uma queda total de kV44 perdidos na transmissão. - Cálculo da resistência do fio de cobre I V R b b b 1020 1044 R 3 3 b 2,2Rb - Cálculo da área do fio de cobre a b R A 2,2 1020 018,0A 3 b 2 b mm 163A ou 2 b cm 63,1A Conclusão: Nesse caso a transmissão é viável, pois o fio de cobre necessário possui secção reta de área igual a 2cm 63,1 , que é um valor dentro dos padrões. Esse exemplo mostra claramente que sem o uso de transformadores de tensão seria impossível a transmissão de energia elétrica. FEI_2S_2014 42 2. TRANSFORMADOR MONOFÁSICO IDEAL. A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) aceita a seguinte definição: O transformador é um dispositivo que por meio da indução eletromagnética transfere energia elétrica de um circuito (primário) para um ou mais circuitos (secundário, terciário..), usando a mesma frequência e com valores de tensões e intensidades de correntes, geralmente, diferentes entre si. Para melhor compreensão, considere o desenho da figura 4.02 que ilustra um sistema elétrico de alimentação monofásica em que um transformador recebe no seu enrolamento primário a tensão )"t(v" 1 proveniente de uma fonte de tensão alternada senoidal e transfere por meio do seu enrolamento secundário uma tensão )"t(v" 2 para a carga. É possível observar que o transformador além de poder modificar o valor da tensão fornecida pela fonte senoidal faz o isolamento elétrico entre a carga e a fonte, determinando dois circuitos elétricos independentes em que a transferência de energia é feita por meio da indução eletromagnética. Embora possa ser construído com mais de dois enrolamentos (Bobinas) acoplados magneticamente, o transformador monofásico típico possui apenas dois enrolamentos, sendo um o enrolamento primário, no qual é aplicada a tensão da fonte elétrica de alimentação, e o outro enrolamento secundário, onde se encontra a carga a ser alimentada. Fig – 2.03 Sistema de alimentação monofásica com transformador O sistema de alimentação ilustrado na figura 2.03 pode ser representado pelo circuito elétrico ilustrado na figura 2.04 em que os bipolos são representados pelos seus símbolos elétricos e as tensões e as corrente pelos respectivos fasores, de maneira a simplificar a representação do sistema elétrico e facilitar o seu equacionamento. FEI_2S_2014 43 Fig – 2.04 Circuito elétrico com indicação dos fasores. A postulação de Faraday e a Lei de Lenz estabelecem que: “A variação do campo magnético envolvido por “N” espiras induz uma força eletromotriz cujo sentido de polarização é tal que a corrente elétrica produzida por ela procura criar um campo magnético que se opõe a variação do campo magnético que produziu essa referida força induzida”. De maneira simplista, pode-se afirmar que se trata de um fenômeno que obedece a lei física de “ação e Reação”, isto é, a ação variar o fluxo no interior das “N” espiras corresponde a uma reação que é produzir a tensão elétrica induzida. Estabelecida por Maxwell a forma quantitativa da Lei da indução eletromagnética é expressa pela (01). dt (t)d N = )t(V (01) Então, para um transformador com dois enrolamentos pode ser assim interpretada: A tensão nos terminais de um enrolamento formado por “N” espiras, é igual ao número de espiras multiplicado pela variação do fluxo induzido no núcleo do transformador (fluxo concatenado) e expresso pelas equações (02) e (03). Para o enrolamento primário: dt (t)d N = )t(V 11 (02) Para o enrolamento secundário: dt (t)d N = )t(V 22 (03) Se o número de espiras no enrolamento secundário for menor que no enrolamento primário )N N( 12 , o transformador é abaixador. Se o número de espiras no enrolamento secundário for igual ao do enrolamento primário )N N( 12 , o transformador é isolador. Se o número de espiras no enrolamento secundário for maior que no enrolamento primário )N N( 12 , o transformador é elevador. FEI_2S_2014 44 Observa-se ainda, que a inversão no sentido o fluxo magnético corresponde à inversão no sentido da polaridade da tensão elétrica induzida e vice-versa, portanto para representar essas grandezas é preciso considerar, respectivamente, os seus valores de módulos e de fases. No estudo do comportamento elétrico dos circuitos elétricos que contêm transformadores as grandezas analisadas são a corrente e a tensão elétrica, portanto é preciso conhecer os seus respectivos fasores, que podem ser obtidos de acordo com o procedimento a seguir: - Os módulos das correntes e das tensões elétricas presentes nos enrolamentos do transformador monofásico ideal estão relacionados pela equação (06), obtida pela aplicação da relação entre as equações (02) e (03) e pelo fato do transformador ser considerado ideal, conforme a sequência a seguir: dt (t)d N dt (t)d N = V V 2 1 2 1 N N = V V 2 1 2 1 (04) Como o transformador é ideal a potência aparente no primário é igual a potência aparente no secundário sem as respectivas perdas, ou seja: 21 SS 2211 IVIV 1 2 2 1 I I V V (05) Identificando as equações (04) e (05) obtêm-se a equação (06) procurada. r I I V V 2N 1N 1 2 2 1 (06) A constante “r”, relação entre os números de espiras do primário e do secundário, é denominada de relação de transformação. - As fases das correntes e das tensões elétricaspresentes nos enrolamentos primário e secundário do transformador monofásico ideal dependem do sentido do fluxo existente no interior desses enrolamentos e o sentido desse fluxo pode ser determinado pela regra da mão direita, assim enunciada pelo pesquisador dinamarquês Hans Christian Oersted: FEI_2S_2014 45 “A direção do fluxo produzido pela corrente elétrica que passa em um enrolamento de fio elétrico é o mesmo que o indicado pelo dedo polegar da mão direita, quando esta abraça o condutor com os dedos coincidindo com o sentido da corrente no enrolamento.” Hans Christian Oersted, pesquisador dinamarquês, era filho de farmacêutico e estudou Filosofia na Universidade de Copenhague. Depois de viajar pela Europa, retomou àquela universidade e ali trabalhou como professor e pesquisador, desenvolvendo várias pesquisas no campo da Física e da Química. A unidade da indução magnética (Oersted) foi assim designada em sua honra. O desenho na figura 2.05 ilustra a aplicação da regra da mão direita enunciada pelo físico dinamarquês, Oersted. Fig – 2.05 Exemplo de aplicação da regra da mão direita. A figura 2.06 mostra que mantendo o sentido da corrente elétrica "I" 12 e invertendo o sentido de enrolamento do fio em torno do núcleo magnético, ao aplicar a regra da mão direita há a inversão de sentido no fluxo magnético induzido no interior das espiras. FEI_2S_2014 46 Fig – 2.06 A inversão no sentido do enrolamento em torno do núcleo. A figura 2.07 mostra que mantendo o sentido de enrolamento do fio em torno do núcleo magnético e invertendo a polaridade da fonte de alimentação e como consequência inverter o sentido da corrente, também há a inversão de sentido no fluxo magnético induzido no interior das espiras. Fig – 2.07 A inversão no sentido da polaridade da fonte de alimentação. Acrescentando um novo enrolamento com "N" 2 espiras e com terminais iniciando em (3) e terminando em (4), conforme o desenho na figura 2.08, irá ser induzido nos seus extremos uma tensão elétrica devido ao fluxo magnético existente no núcleo magnético e, como foi anteriormente estudada esta tensão induzida possui módulo e fase obtidos da seguinte maneira: - O módulo é determinado pela equação (03), que relaciona o número de espiras com as tensões envolvidas. - A fase, para que fique de acordo com a regra da mão direita, depende do sentido de enrolamento do fio em torno do núcleo magnético, ou seja, caso o sentido do enrolamento "N" 2 do fio em torno do núcleo magnético, onde irá aparecer a tensão induzida, coincidir com o sentido do fio em torno do núcleo FEI_2S_2014 47 magnético do enrolamento "N" 1 , responsável pela indução do fluxo magnético "" no interior do núcleo magnético, as tensões "V" 12 e "V" 34 estarão em fase e, portanto terão fases iguais, e caso os sentidos dos enrolamentos sejam discordantes, as tensões "V" 2 e "V" 43 estarão defasadas, entre si, de 180º, ou seja, a fase da tensão "V" 43 é igual à fase da tensão "V" 12 acrescida de 180°, conforme ilustra o desenho da figura 2.09. Por simplicidade de distinção entre esses enrolamentos, o enrolamento onde se aplica a fonte de alimentação é denominado de enrolamento primário e o enrolamento onde se obtêm a tensão induzida (onde será colocada a carga a ser alimentada) de enrolamento secundário. Amaneira pela qual se convencionou representar os sentidos dos enrolamentos em torno do núcleo eletromagnético é assinalar os enrolamentos com a seguinte marca "" , conforme ilustração feita na figura 2.09. Fig – 2.08 A inversão de polaridade na fonte de alimentação. A convenção adota para colocação das marcas indicando os sentidos dos enrolamentos obedece a seguinte disposição: - Se os enrolamentos têm sentidos opostos as marcas "" são discordantes e os, respectivos, fluxos magnéticos são denominados de subtrativos, vide ilustração na figura 2.09a. - Se os enrolamentos têm mesmo sentido as marcas "" são concordantes e os, respectivos, fluxos magnéticos são denominados de aditivos, vide ilustração na figura 2.09b. FEI_2S_2014 48 Fig – 2.09 – Enrolamentos: a) sentidos opostos e b) sentidos iguais Por exemplo, se a tensão no primário dos transformadores desenhados na figura 2.09 for igual º30110V12 e 21 N2N resultam os seguintes valores de tensões induzidas nos secundários: Caso a) Enrolamentos em sentidos opostos (figura 2.09a): 2N 2N2 34V 110 V55V34 então )18030(55V34 V º21055V34 Caso b) Enrolamentos no mesmo sentido (figura 2.09b): 2N 2N2 34V 110 V55V34 então V º3055V34 FEI_2S_2014 49 2-1. SOLUÇÃO DE EXERCÍCIOS COM UM TRANSFORMADOR MONOFÁSICO IDEAL. 2.01 Indique os sentidos (horário ou anti-horário) dos fluxos magnéticos induzidos pelas correntes elétricas no núcleo magnético do transformador desenhado na figura 2.10. Fig – 2.10 – Transformador com quatro enrolamentos Solução: De acordo com a regra da mão direita, os sentidos dos fluxos magnéticos induzidos pelas correntes elétricas no núcleo magnético são os seguintes: a) A corrente elétrica "I" 1 induz no núcleo do transformador um fluxo magnético no sentido horário. b) A corrente elétrica "I" 2 induz no núcleo do transformador um fluxo magnético no sentido anti-horário. c) A corrente elétrica "I" 3 induz no núcleo do transformador um fluxo magnético no sentido anti-horário. d) A corrente elétrica "I" 4 induz no núcleo do transformador um fluxo magnético no sentido horário. 2.02 Considere o circuito desenhado na figura 2.11 e responda as seguintes questões: a) Qual valor “V” do módulo da tensão da fonte de alimentação ligada no primário do transformador ideal? b) Qual o valor “R” da resistência que compõe a impedância "Z" ? c) Qual o valor “C” da capacitância do capacitor que inserido em paralelo com a impedância "Z" torna o fator de potência igual a 0,92. FEI_2S_2014 50 Fig – 2.11 Solução: 64,0cos Z 50Z º50 ZZ IVS 1 portanto: 200V000.120 1 V600V1 a) 2 1 V V 1 2 600 V1 V300V1 b) .. 1 . IZV º50200º50Z600 1V º503Z J30,293,1Z 93,1R c) ZcosSP 64,0120000P kW8,76P 2 CZ Vf2 tag tagP C 2600602 )(23º tag)(50º tag800.76 C 41036377 42,019,1800.76 C F433C FEI_2S_2014 51 2.03 No circuito esquematizado na figura 2.12 os transformadores são ideais. Pede-se: a) Calcular a tensão “ XV ” (módulo e fase). b) A potência ativa total. Fig – 2.12 Solução: O circuito fornecido pode ser representado pelo esquema elétrico apresentado na figura 2.13. Fig – 2.13 1 10 = V 200.2 a V220Va V 0220Va XZa VVV Xa VIJ430220 IJ430220V aX (07)2 1 = I I V V a b b X Xb V2V FEI_2S_2014 52 2 I I a b e bb I2V 2 I 2I2 a X 2 I V a X (08) Combinando as equações (07) e (08) resulta: IJ430220I5,0 aa 0220 IJ45,3 a A 4940,41 Ia a) V 4970,20VX R V P 2 2 70,20 P 2 b) W 24,214P 2.04 Considere o circuito esquematizado na figura 2.14 e as seguintes considerações: i) "M" representa um motor de indução monofásico ideal que absorve 7.920W com fator de potência igual a 0,6. ii) "L" representa um conjunto com três lâmpadas incandescentes idênticas que absorve um total de 1210W. Pede-se responder as seguintes questões: a) Qual o valor da resistência (R) indutância (L) interna do motor? b) Qual o valor da corrente em uma das lâmpadas? Fig – 2.14 Solução: Seja "V" M a tensão aplicada nos terminais do motor e "V" L a tensão aplicada nos terminais das lâmpadas. FEI_2S_2014 53 100 6.000 = V 200.13 M V220VM 50 6.000 = V 200.13 L V110VL a) MMM cosSP 6,0 7920 SM VA 200.13SM M 2 M M Z V S 200.13 220 Z 2 M 67,3ZM )senJ(cosZZ MMMM )(cosZR MMM 6,067,3RM 2,2RM )sen(ZX MMM 8,067,3XM 93,2XM MM LWX 377 93,2 ML mH 77,7LM b) TLL IVP 110 1210 IT A 11IT Portanto, a corrente em cada lâmpada é igual a um terço do valor da corrente total, ou seja: A 3 11 I . FEI_2S_2014 54 2.05 O transformador desenhado na figura 2.15 é usado para acoplar energia elétrica de uma linha de transmissão com o objetivo de distribuir esta energia de um para três ramais distintos. O primário está ligado a uma linha cuja fonte de alimentação fornece 13800V/60Hz. Sabendo que o enrolamento primário possui 10.000 espiras, calcule o número de espiras ou o módulo da tensão nos enrolamentos de distribuição. Fig – 2.15 Solução: 800.13 110000.10 N V VN N N N V V ab 12 ab12 ab ab 12 ab 12 espiras 80Nab 000.10 160800.13 V N NV V N N V V cd 12 cd12 cd cd 12 cd 12 V 220Vab 800.13 380000.10 N V VN N N N V V ef 12 ef12 ef ef 12 ef 12 espiras 275Nab FEI_2S_2014 55 2.06 No circuito esquematizado na figura 2.16 o transformador é ideal e a corrente “IX“ é igual a 200A. Sabendo que o fator de potência da carga é igual a 0,6 atrasado determine: a) O valor da impedância “ .Z ”. b) O valor da corrente IX após corrigir o fator de potência para 0.95. Fig – 2.16 Solução: 2 3 V 380 1 V 33,253V1 V 033,253V1 2 3 I I x 1 A 300I1 A 300I 11 6,0cos z 13,53z 33,53ZZ a) 11 IZV 130033,53Z033,253 33,5388,0Z1 b) A potência ativa não se modifica então: Antes da correção do FP Z11 cosIVP Após a correção do FP cor ' 11 cosIVP Z11 cosIV = cor ' 11 cosIV 1cor Z' 1 I cos cos I I cos cos 'I cor Z 300 95,0 13,53cos 'I A 47,189I'1 2 3 I I ' x ' 1 2 3 I 47,189 ' x 3 47,1892 I'x A 31,126I'x FEI_2S_2014 56 3. Transformador Trifásico Ideal. O transformador trifásico é basicamente formado por três transformadores monofásicos arranjados conforme mostra os desenhos apresentados na figura 2.17, que dependendo do tipo de acomodação dos enrolamentos no núcleo ferromagnético resulta no tipo coluna ou encouraçado. Para o sistema trifásico de alimentação se consegue uma grande economia, tanto no custo como no espaço ocupado, quando se utiliza um só transformador trifásico no lugar de três monofásicos. A desvantagem é que na avaria de um enrolamento de fase se coloca todas as fases (primário ou secundário) fora de operação, além de uma reparação mais dispendiosa em relação ao transformador monofásico. Fig – 2.17 – Representação do Transformador Trifásico em que os enrolamentos A,B,C,D,E e F representam os primários e os enrolamento 1,2,3,4,5 e 6 representam os respectivos secundários. A polaridade indicada em cada bobina define o sentido de enrolamento das espiras em torno do núcleo, com o objetivo de facilitar as ligações ao fazer o fechamento do transformador obedecendo a uma determinada ligação, que pode ser ligação em estrela ou em triângulo. Como o transformador trifásico ideal é formado por três enrolamentos primários e três enrolamentos secundários, respectivamente, iguais entre si, a equação que relaciona as tensões e as correntes com o respectivo número de espiras é a mesma utilizada para o transformador ideal monofásico, levando-se em consideração o número de enrolamentos, indicado na equação (7), que considera o primário “A e B” e o respectivo secundário “1 e 2”. FEI_2S_2014 57 r I I V V 12N ABN 12 AB 12 AB (07) Sendo “N” o número de espiras do respectivo enrolamento. Para evitar dúvidas ao se referir a uma tensão ou a uma corrente no transformador, as tensões e as correntes nos enrolamentos são denominadas de tensões e correntes de fase, as demais tensões e correntes são denominadas de linha. De acordo com o tipo de fechamento (conexões entre os enrolamentos) realizado no transformador trifásico podem-se obter os resultados apresentados na figura 2.18. 3-1 Primário fechado em triângulo e secundário em estrela ( - Y). Primário FpriLpri VV FpriLpri I3I Secundário secFsecL V3V secFsecL II 3-2 Primário fechado em estrela e secundário em triângulo (Y - ). Primário FpriLpri V3V FpriLpri II Secundário secFsecL VV secFsecL I3I 3-3 Primário fechado em triângulo e secundário em triângulo ( - ). Primário FpriLpri VV FpriLpri I3I Secundário secFsecL VV FpriLpri I3I 3-4 Primário fechado em estrela e secundário em estrela (Y - Y). Primário FpriLpri V3V FpriLpri II Secundário secFsecL V3V secFsecL II Fig – 2.18 – Possíveis Conexões em um Transformador Trifásico FEI_2S_2014 58 3-1.1 SOLUÇÃO DE EXERCÍCIOS COM UM TRANSFORMADOR TRIFÁSICO IDEAL. 3.01 - O circuito elétrico esquematizado na figura 4.19 é alimentado por uma fonte trifásica equilibrada de valor igual a 220V/60Hz, um transformador trifásico ideal comrelação de transformação igual a 1:1 e alimenta uma carga formada por três lâmpadas conectadas em estrela, com valores nominais iguais a 220V/1100W cada. Pede-se responder as seguintes questões: - Calcular o valor do módulo das tensões e correntes indicadas nos circuitos. - Faça um comentário sobre o valor da potência total dissipada nas lâmpadas e calcule os valores das potências ativas envolvidas no circuito. Fig – 2.19 - Circuito trifásico equilibrado conectado em: - Y – Y. Solução: Com os dados nominais da lâmpada é possível calcula o valor da resistência “R”, conforme o desenvolvimento a seguir: R P 2 alminnoV alminno 100.1 R 2220 44R Com o primário conectado em triângulo a tensão disponibilizada pela rede é igual à tensão aplicada na bobina do primário, ou seja: V 220VAB . O primário e o secundário do transformador estão relacionados pela equação a seguir: r I I V V 12N ABN 12 AB 12 AB 1 1 Fpri secF secF Fpri I I V V 1 I I V 220 Fpri secF secF V 220V secF secFFpri II Com o secundário conectado em estrela pode-se considerar a seguinte equação: FEI_2S_2014 59 secFsecL V3V 12secL V3V 2203V secL V 380V secL Com as lâmpadas conectadas em estrela pode-se considerar a seguinte equação: RsecL V3V 3 380 VR V 220VR RR IRV 44 220 IR A 5IR RsecFsecL III A 5II secFsecL secFFpri II A 5IFpri FpriLpri I3I 53ILpri A 66,8ILpri O circuito trifásico fornecido pode ser redesenhado conforme o esquema indicado na figura 2.20. Fig – 2.20 - Circuito trifásico equilibrado e os respectivos valores de tensões e correntes. Como as lâmpadas estão sendo alimentadas por uma tensão igual à tensão nominal (220V), o brilho será normal e cada lâmpada irá dissipar uma potência ativa igual a 1.100 W, resultando uma potência ativa total solicitada igual a 3.300W e, com relação as potências envolvidas no circuito pode-se obter os seguintes valores: - Considerando o secundário do transformador trifásico ideal se obtém as seguintes equações: A potência aparente em uma bobina é igual a secFsecF IVS e como são três bobinas a potência aparente total será total será obtida pela equação: secFsecFsecT IV3S . A potência ativa total pode ser obtida pela equação: ZsecTsecT cosSP FEI_2S_2014 60 A potência reativa total pode ser obtida pela equação: ZsecTsecT senSQ Como a carga é puramente resistiva o fator de potência é igual a “1”, ou seja: 1cos z ou º0z . Portanto se conclui que: 52203S secT VA 300.3S secT ZsecTsecT cosSP W 300.3P secT ZsecTsecT senSQ VAr 0Q secT . - Analogamente, no lado primário do transformador trifásico ideal se obtém os seguintes valores para as potências totais: 52203S priT VA 300.3S priT ZpriTpriT cosSP W 300.3P priT ZpriTpriT senSQ VAr 0Q priT - Na rede se obtém os seguintes valores para as potências totais: LredeLrederede IV3S 52203S redeT VA 300.3S redeT ZredeTredeT cosSP W 300.3P redeT ZredeTredeT senSQ VAr 0Q redeT 3.02 - Inverta a posição do transformador trifásico ideal fornecido no exercício anterior (3.01), conforme a indicação na figura 2.21, e refaça os cálculos solicitados. Fig – 2.21 - Circuito trifásico equilibrado conectado em: Y - – Y. FEI_2S_2014 61 Solução: Analogamente ao exercício anterior se obtém os valores a seguir: 44R . Com o primário conectado em estrela a tensão aplicada na bobina do primário (fase) obedece à equação “ FpriLpri V3V ” resultando o valor: ABV3220 3 220 VAB V 127VAB Da relação de transformação se obtém a equação: r I I V V 12N ABN 12 AB 12 AB 1 1 Fpri secF secF Fpri I I V V 1 I I V 127 Fpri secF secF V 127V secF secFFpri II Com o secundário conectado em triângulo a tensão de fase é igual à tensão de linha, ou seja: secFsecL VV V127V secL Com as lâmpadas conectadas em estrela podem-se obter os seguintes resultados: RsecL V3V 3 127 VR V 33,73VR RR IRV 44 33,73 IR A 66,1IR RsecL II A 66,1I secL secFsecL I3I 3 66,1 I secF A 96,0I secF secFFpri II A 96,0IFpri FpriLpri II A 96,0ILpri O circuito trifásico fornecido pode ser redesenhado conforme o esquema indicado na figura 2.22. Fig – 2.22 - Circuito trifásico equilibrado e os respectivos valores de tensões e correntes. FEI_2S_2014 62 Como as lâmpadas estão sendo alimentadas por uma tensão menor que tensão nominal, o brilho será inferior ao normal e cada lâmpada irá dissipar uma potência ativa menor que a nominal, cujo valor será igual a 2 R)I(RP , ou seja: 2)66,1(44P W 122P Portanto a potência total ativa (dissipada) nas lâmpadas é igual a 366W e, com relação as potências envolvidas no circuito pode-se obter os seguintes valores: - No lado do secundário do transformador trifásico ideal: 96,01273S secT VA 366S secT ZsecTsecT cosSP W 366P secT ZsecTsecT senSQ VAr 0Q secT . - No lado do primário do transformador trifásico ideal: 96,01273S priT VA 366S priT ZpriTpriT cosSP W 366P priT ZpriTpriT senSQ VAr 0Q priT - Na rede se obtém os seguintes valores para as potências totais: LredeLrederede IV3S 96,02203S redeT VA 366S redeT ZredeTredeT cosSP W 366P redeT ZredeTredeT senSQ VAr 0Q redeT OBS: Como as perdas elétricas do circuito são desprezíveis as potências envolvidas no conjunto: carga, transformador e rede são iguais entre si, ou seja, uma vez calculados os valores das potências na carga, automaticamente se obtém os valores correspondentes as potências no secundário e no primário do transformador e na rede trifásica de alimentação. 3.03 - O circuito elétrico esquematizado na figura 2.23 é alimentado por uma fonte trifásica equilibrada de valor igual a 660V/60Hz, um transformador trifásico ideal com relação de transformação igual a 1:1 e alimenta
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