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REVISÃO LING.3

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Utilize a afirmação a seguir, de Bakhtin, para responder às questões a e b:
No fragmento textual a seguir, Bakhtin faz uma crítica indireta às tendências de estudos de linguagem que predominaram na Linguística até meados do século XX, e propõe um novo objeto de estudos, em consonância às propostas das correntes teóricas que se desenvolveriam, sobretudo, a partir da década de 1960. Comente a proposta de Bakhtin, mostrando os seus conhecimentos sobre essas duas grandes tendências de estudos da linguagem por ele mencionadas. Dê exemplo de ao menos um objeto teórico que passa a ser estudado pela Linguística na segunda metade do século XX. (15 pontos)
Explique o que são os gêneros do discurso (ou gêneros discursivos) e dê um exemplo de gênero primário e um de gênero secundário, mostrando a diferença entre eles. (15 pontos)
“O desconhecimento da natureza do enunciado e a relação diferente com as peculiaridades das diversidades de gêneros do discurso em qualquer campo da investigação linguística redundam em formalismo e em uma abstração exagerada, deformam a historicidade da investigação, debilitam a relação da língua com a vida. Ora, a língua passa a integrar a vida através de enunciados concretos (que a realizam); é igualmente através de enunciados concretos que a vida entra na língua.” (BAKHTIN,
M. Os gêneros do discurso. In. Estética da criação verbal. 4 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003. p. 265.)
Bakhtin discorre sobre a importância de se estudar a língua por meio de enunciados concretos, o que significa considerar no estudolinguístico a língua em relação a aspectos da exterioridade, tais como o contexto sócio-histórico em que ocorrem as enunciações e os falantes nelas envolvidos. Assim, Bakhtin propõe o estudo da língua na interação verbal. A proposta de Bakhtin está em consonância aos estudos linguísticos que irão predominar a partir da década de 1960, que passam a ter como foco a língua em uso. Essa tendência funcionalista de estudos de linguagem se desenvolve em oposição à perspectiva formalista, que predominou na Linguística até meados do século XX. Os estudos formais de linguagem se desenvolveram a partir da publicação do Curso de Linguística Geral, de Saussure, tendo como objeto a língua enquanto um sistema, passível de ser isolada de seu uso efetivo por falantes. Ao propor o estudo da língua na interação verbal, Bakhtin critica justamente o formalismo linguístico, chamando essa tendência de estudos de “objetivismo abstrato”. Para o teórico russo, a separação entre o sistema linguística e o seu uso, próprio dos estudos formais de linguagem, “redundam em formalismo e em uma abstração exagerada”. A exemplo do que propõe Bakhtin, a partir da década de 1960, o interesse pelo estudo da língua em uso gera novos objetos teóricos que passam a ser estudados pelos linguistas, como o texto (na Linguística Textual), os atos de fala (na Pragmática) e o discurso (na Análise de Discurso), por exemplo. 
Os gêneros do discurso são definidos por Bakhtin como tipos relativamente estáveis de enunciados associados às diferentes esferas da atividade humana. Os gêneros discursivos são heterogêneos e possuem inúmeros tipos, uma vez que cada prática humana demanda tipos de enunciados específicos em sua realização. Apesar disso, os enunciados apresentam regularidades, o que pode ser atestado pelas três características que Bakhtin propõe para o seu estudo: o estilo, o conteúdo temático e a construção composicional. Tendo em vista tais regularidades, Bakhtin propõe a classificação dos gêneros discursivos em dois grandes grupos: primários e secundários. Os gêneros primários estão associados a usos espontâneos de linguagem, sendo, assim, menos elaborados. São exemplos de gêneros primários uma conversa telefônica e uma carta pessoal. Os gêneros secundários, ao contrário, caracterizam-se por serem mais elaborados, como um romance ou um memorando, por exemplo. 
Considere a seguinte afirmação a respeito do estudo linguístico do texto e as duas tirinhas, apresentadas na sequência, para responder às questões a e b:
“Um texto se constitui como tal no momento em que os parceiros de uma atividade comunicativa global, diante de uma manifestação linguística, pela atuação conjunta de uma complexa rede de fatores de ordem situacional, cognitiva, sociocultural e interacional, são capazes de construir, para ela, determinado sentido [...] o sentido não está no texto, mas se constrói a partir dele, no curso de uma interação.” (KOCH, I.G.V. O texto e a construção de sentidos. São Paulo: Contexto, 1997, p. 30.).
As tirinhas apresentadas a seguir podem ser objetos de estudo da linguística textual? Por quê? Justifique a sua resposta, expondo os seus conhecimentos sobre a noção teórica de texto. 
A Linguística Textual tem como objeto de estudos o texto. Mais que um simples conjunto de palavras ou frases, o texto se caracteriza por uma propriedade específica: a textualidade ou textura. Dentre os fatores que conferem textualidade a um texto, destacam-se elementos relacionados a questões linguísticas, como no caso dos fatores de coesão – que funcionam a partir de mecanismos específicos –, e outros que dependem tanto de informação linguística quanto de aspectos relativos aos participantes da situação comunicativa, ao contexto ou situação e a procedimentos específicos de construção dos textos. É a interrelação entre os diferentes aspectos mencionados que cria essa rede complexa de sentidos que denominamos texto. As duas tirinhas apresentadas na questão, embora combinem elementos verbais e não-verbais, podem ser definidas como texto sim, uma vez que apresentam textualidade e conseguem transmitir uma mensagem aos seus leitores.
Faça uma análise das duas tirinhas, considerando ao menos um dos seguintes critérios: (a) informatividade; b) intencionalidade; c) situacionalidade. 
A intencionalidade refere-se ao modo como os emissores usam textos para perseguir e realizar suas intenções, produzindo, para tanto, textos adequados à obtenção dos efeitos desejados. Na tirinha, podemos observar que o emissor, no caso, Maurício de Sousa, ao brincar com os nomes dos papas que, coincidentemente, compõem o nome de seu personagem, promove um efeito de humor. Na primeira tirinha, que circulou na rede social Facebook logo após a escolha do papa Francisco, o efeito de humor é produzido pela expressão de surpresa e incompreensão de Chico Bento, diante das expressões verbais do quadrinho: “Sai Bento!!” e “Entra Chico!!”. Já na segunda tirinha, esse efeito humorístico é promovido pela ingenuidade do personagem, ao supor que os nomes escolhidos pelos papas seriam uma consequência da leitura de suas histórias.
A situacionalidade, por sua vez, está diretamente relacionada ao fato de que todo texto é produzido num determinado momento e para um determinado fim. As tirinhas em questão só fazem sentido porque foram produzidas no momento em que o Vaticano anunciava a troca de papas, que escolheram usar nomes que retomam o nome composto do personagem da história em quadrinhos, dado que tradicionalmente os sujeitos nomeados Francisco recebem como apelido Chico.
Utilize o fragmento textual que segue para discorrer sobre o objeto de estudos e os objetivos da análise da conversação. Em sua resposta, apresente ao menos duas características do texto que permitem caracterizá-lo como uma conversa. É possível, a partir dos pressupostos teóricos da análise da conversação, analisar este fragmento textual? Por quê? 
Você pensou bem no que vai fazer, Paulo?
Pensei. Já estou decidido. Agora não volto atrás.
Olhe lá, hein, rapaz... [...]
Pense um pouco mais, Paulo. Reflita. Essas decisões súbitas...
Mas que súbitas? Estamos praticamente separados há um ano!
Dê outra chance ao seu casamento, Paulo.
A Margarida é uma ótima mulher.
Espera um pouquinho. Você mesmo deixou de freqüentar nossa casa por causa da Margarida. Depois que ela chamou vocês de bêbados e expulsou todo mundo.
E fez muito bem. Nós estávamos bêbados e tínhamos que ser expulsos.
Outracoisa, Paulo. O divórcio. Sei lá.
Eu não entendo mais nada. Você sempre defendeu o divórcio!
É. Mas quando acontece com um amigo...
Olha, Paulo. Eu não sou moralista. Mas acho a família uma coisa importantíssima. Acho que a família merece qualquer sacrifício.
Pense nas crianças, Paulo. No trauma.
Mas nós não temos filhos!
Nos filhos dos outros, então. No mau exemplo. [...]
(VERÍSSIMO, L.F. Os moralistas. In: As Mentiras que os Homens Contam. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 2000, p. 41.).
A Análise da Conversação (AC) tem como objeto de estudos o texto oral e, mais especificamente, a conversa espontânea, coletada no ambiente natural em que ocorre. O objetivo dessa corrente teórica é analisar os modos como uma conversa se organiza, de forma a viabilizar a interação entre os falantes em suas interações no dia a dia. Para isso, os teóricos da AC analisam questões características da conversa, como o tópico, os turnos, os pares adjacentes, os marcadores conversacionais, dentre outras. O fragmento textual apresentado para análise possui várias características que permitem classificá-lo como uma conversa. Dentre elas, podemos mencionar a presença de dois interlocutores (o que se infere pela troca de turnos entre o personagem Paulo e seus amigos), a organização textual no par pergunta-resposta, e a presença de marcas linguísticas características da oralidade, como as expressões “Olha” e “Sei lá”, por exemplo. No entanto, esse fragmento textual não pode ser analisado com base nos princípios teóricos da AC porque não se trata de uma conversação espontânea, mas de um fragmento de uma crônica, um texto escrito com o propósito de simular a oralidade.
Com base no fragmento textual a seguir, discorra sobre a proposta da semiótica francesa para a análise de textos. Em sua resposta, aborde o objeto de estudos dessa corrente teórica e explique em que consiste o percurso gerativo de sentido. (25 pontos)
“A linguística, como se sabe, trata dos textos em prosa, ou seja, dos que se servem do plano da expressão apenas como porta de acesso ao plano do conteúdo. Quando ultrapassa o nível das frases, entretanto, a construção do sentido nos sistemas verbais toma uma configuração que foge completamente ao alcance dos modelos linguísticos descritivos, conhecidos como gramática da língua natural. A semiótica, com seus conceitos erigidos à luz das formas expandidas de significação do texto, apresenta-se, assim, bem mais equipada para o empreendimento analítico.” (TATIT, L. A abordagem do texto. In: FIORIN, J.L. Introdução à linguística. I. Objetos teóricos. São Paulo: Contexto, 2011.).
A semiótica discursiva é uma teoria da linguagem que tem como objetivo explicitar o modo como se constroem os sentidos em um texto, seja ele verbal, não verbal ou sincrético. Como podemos depreender a partir da afirmação do semioticista Luiz Tatit, no fragmento textual dado, a semiótica se diferencia das perspectivas linguísticas formais, que tomam a língua em sua sistematicidade enquanto objeto de estudos e têm como método a sua descrição. A semiótica também se distingue de outras teorias linguísticas que estudam o texto pensando exclusivamente em sua organização interna ou somente em seu conteúdo. A semiótica francesa, teoria proposta por Greimas, considera o texto como um objeto de significação e de comunicação, composto por um plano de expressão e um plano de conteúdo, e propõe analisá-lo considerando as especificidades de cada um desses dois planos. Para uma análise específica do plano do conteúdo, em seus componentes sintático e semântico, a semiótica propõe um modelo de análise que considera o texto em seus diferentes níveis – fundamental, narrativo e discursivo –, que é o chamado de percurso gerativo de sentido. Com a aplicação desse modelo de análise, a semiótica busca revelar a maneira como o sentido é construído em cada texto. 
1. Comente o excerto a seguir. Em sua resposta, não se esqueça de definir o que é enunciação.
Nenhuma enunciação verbalizada pode ser atribuída exclusivamente a quem a mencionou: é produto da interação entre falantes e, em termos mais amplos, produto de toda uma situação social em que ela surgiu (BAKHTIN, 2007). 
Bakhtin valoriza os aspectos interacionais envolvidos na produção dos enunciados. Segundo teórico, os participantes de um evento linguístico, cada qual com seus próprios valores, constroem conjuntamente os seus enunciados, estabelecendo um ato comunicativo. Do ponto de vista histórico, os enunciados também dialogam com tudo aquilo que foi dito nteriormente, inserindo-se em uma cadeia de sentidos construídos historicamente. Por isso, é importante para a compreensão de todo ato linguístico que se leve em consideração não apenas os sujeitos implicados na situação imediata, como parceiros na construção dos enunciados, mas o contexto sócio-histórico mais amplo em que se encontram.
2. Bakhtin define sua concepção de enunciação como produto da interação verbal. Qual é o papel da noção de interação assumida em sua teoria? 
A interação está atrelada à questão da linguagem e tem caráter social, não só na situação imediata, mas sobretudo por se submeter às coerções produzidas historicamente em contexto social mais amplo. É a partir da interação que os enunciados são compreendidos como produções verbais construída entre dois indivíduos que estão socialmente organizados.
4. Utilize o fragmento textual a seguir, extraído da crônica “O gigolô das palavras”, de Luiz Fernando Veríssimo, para comentar a concepção de palavra como signo social em Bakhtin. 
[...] 
Sou um gigolô das palavras. Vivo às suas custas. E tenho com elas exemplar conduta de um cáften profissional. Abuso delas. Só uso as que eu conheço, as desconhecidas são perigosas e potencialmente traiçoeiras. Exijo submissão. Não raro, peço delas flexões inomináveis para satisfazer um gosto passageiro. Maltrato-as, sem dúvida. E jamais me deixo dominar por elas. Não me meto na sua vida particular. Não me interessa seu passado, suas origens, sua família nem o que outros já fizeram com elas. Se bem que não tenho o mínimo escrúpulo em roubá-las de outro, quando acho que vou ganhar com isto. As palavras, afinal, vivem na boca do povo. São faladíssimas. Algumas são de baixíssimo calão. Não merecem o mínimo respeito.
[...]
(VERÍSSIMO, L. F. (1982). O gigolô das palavras. Porto Alegre: L&PM Editores.)
Para Bakhtin, a palavra, ou melhor, o signo social, expressa um juízo de valor, uma significação. Tal significação é construída na interação entre locutor e interlocutor, tanto em relação à situação imediata quanto ao contexto social mais amplo. Buscando interpretar o fragmento da crônica à luz da teoria de Bakhtin, podemos observar o tratamento dado às palavras pelo autor da crônica. Não se trata de uma visão idealista ou abstrata, mas se considera a palavra em seu enunciado concreto, um elemento de interação e não um sistema.
5. De maneira sucinta, discuta os aspectos considerados centrais do dialogismo de Bakhtin.
Na proposta de Bakhtin, o diálogo não pode ser entendido como conversação entre duas pessoas, mas é concebido como um espaço de tensão de vozes que circulam socialmente e que estão carregadas de juízos de valor. Dessa forma, o dialogismo reafirma a natureza sociointeracional dos enunciados, pois todos os enunciados (mesmo em produções escrita) são sempre endereçados a um interlocutor – são sempre elaborados em função dele – e produzidos como uma resposta. As relações dialógicas são constitutivas de todo dizer e, em alguns casos, são perceptíveis, ou seja, deixam-se entrever.
6. Caracterize o que é chamado de linguística textual ou linguística do texto.
A linguística textual em seus estudos, parte-se da premissa de que a língua não funciona em unidades isoladas, mas sim em unidades de sentido, chamadas texto (tanto orais quanto escritos). Os estudos de linguística textual mostram que certas propriedades linguísticas de uma frase somente são explicáveis em sua relação com outra (s) frase(s), revelando assim a necessidadede uma teoria que permitisse ir além da frase.
A linguística do texto é uma disciplina que se ocupa desse objeto, o texto, e ao redor desse mesmo objeto propõe variadas posições teóricas que foram e ainda são desenvolvidas.
7. No contexto da linguística textual, encontramos um conceito único e definitivo de texto?
Não temos uma definição única de texto. Várias são as concepções de texto que têm surgido ao longo da história da disciplina. Dependendo da orientação teórica, podemos encontrar definições que salientem um ou outro aspecto específico. Um ponto sobre o qual não há discussão é o fato de que a linguística textual toma como seu objeto textos produzidos em linguagem verbal (oral ou escrita).
8. O que define um texto como tal? Existe uma “receita” do que seja – e do que não seja – um texto?
A textualidade ou textura é o que faz de uma dada sequência linguística algo mais que um simples conjunto de palavras ou frases, mas não existe, portanto, uma receita ou sequência de regras que possa explicitar o processamento textual. É a interrelação entre os diferentes aspectos mencionados que cria essa rede complexa de sentidos que denominamos texto.
9. Qual é o objeto de estudo da análise da conversação?
A língua espontânea falada em contextos naturais, tanto formais quanto informais. A análise conduzida procura identificar, descrever e interpretar os processos conversacionais, caracterizando tanto a organização e a estrutura dos recursos verbais e não verbais utilizados quanto as ações cooperativas que definem a atividade conversacional. A AC toma como objeto de estudo a linguagem caracterizada como forma de interação verbal. Nessa perspectiva, a linguagem é estudada fundamentalmente em sua dimensão pragmática, como uma prática social na qual os participantes compartilham certos propósitos comuns e interagem de forma cooperativa de modo a alcançar suas metas específicas.
10. Quais são as principais características da conversação?
Podemos definir a conversação como uma interação centrada (já que nela deve haver um tópico) entre dois ou mais interlocutores, na qual ocorre, no mínimo, uma troca de falantes. Outro aspecto importante é que os participantes da conversação devem realizar uma sequência de ações coordenadas. Por último, embora os interlocutores não tenham necessariamente de dividir o mesmo espaço, a identidade temporal é uma característica fundamental da conversação. Diferentemente do que acontece na língua escrita, na modalidade falada planejamento e execução são atividades que coexistem. Na conversação, frequentemente voltamos atrás para corrigir o que foi dito, utilizamos certos mecanismos de reparação para resolver possíveis conflitos e lançamos mão de marcadores conversacionais que colaboram na estruturação e organização da informação.
11. Em que sentido podemos caracterizar a conversação como texto?
Com base na definição de Castilho (2011), a conversação pode ser definida como texto na medida em que ela é produto de uma interação.
A princípio, podemos afirmar então que o objeto da semiótica não é o mesmo da Linguística, já que seu interesse vai além da linguagem verbal. Roman Jakobson promoveu, com o apoio do comitê fundador da Associação Internacional de Semiótica, um movimento com o intuito de encerrar a disputa entre ambos os termos, e ficou estabelecido que semiótica englobaria tanto as tradições da semiologia quanto da semiótica geral (SIMÕES, 2006). Desde então, esse critério tem sido adotado internacionalmente e, atualmente, o termo semiótica é o mais frequentemente utilizado para designar o campo de pesquisa dos signos, sistemas e processos sígnicos.
O termo semiologia ganhou espaço a partir da publicação do Curso de Linguística Geral de Saussure. O “pai da Linguística” definiu a semiologia como uma nova e futura ciência da comunicação humana, encarregada de estudar a “vida dos signos no seio da vida social”. Já semiótica é um termo associado ao pensamento de Charles Sanders Peirce, que foi quem concebeu uma ciência geral dos signos, que se ocuparia tanto dos signos naturais quanto artificiais. Assim, historicamente essa distinção não obedecia apenas a critérios geográficos ou terminológicos, mas designava a tradição à qual cada proposta estava filiada: a teoria geral dos signos de Peirce ou a semiolinguística de Saussure.
No contexto da semiótica discursiva, o texto é visto como um objeto de comunicação e de significação. Essa abordagem prioriza o estudo dos mecanismos intradiscursivos de constituição do sentido, levando em consideração o fato de que o texto é também um objeto histórico, determinado na sua relação com o contexto. Assim, do ponto de vista da comunicação, são consideradas as relações do texto com o que é externo a ele, enquanto que, do ponto de vista da significação, a semiótica se preocupa em estudar os mecanismos que conformam o texto e que o constituem como um todo significativo. Ou seja, busca-se descrever e explicar o que o texto diz e como ele faz para dizer o que diz.

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