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GABARITO-REVISÃO-AP1-Linguistica-III

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REVISÃO LINGUÍSTICA III 
 
1- No livro História concisa da Linguística, Barbara Weedwood afirma que: “É comum 
dizer que a linguística sofreu, na segunda metade do século XX, uma 'guinada 
pragmática'” (p. 142). Em que consistiu a chamada guinada pragmática? Em sua 
resposta, mencione ao menos um dos objetos teóricos que começaram a ser estudados 
pela Linguística, a partir desse período. 
É normalmente chamada de guinada pragmática a tendência observada nos 
estudos linguísticos que se desenvolvem a partir da segunda metada do século XX, 
que passam a ter como foco o estudo da língua em uso. Desse modo, se até então os 
estudos linguísticos se voltavam para a língua em sua forma, considerando-a 
enquanto um sistema autônomo (como vimos no Estruturalismo e no Gerativismo, 
por exemplo), com a guinada pragmática, muitos linguistas passam a observar a 
língua em suas relações com os falantes. Dentre os objetos teóricos que começam a 
ser estudados nesse período, podemos mencionar os atos de fala, o texto (oral e 
escrito) e o discurso, dentre outros. 
 
2. Utilize a afirmação a seguir, de Bakhtin, para responder às questões a e b: 
 
“O desconhecimento da natureza do enunciado e a relação diferente com as 
peculiaridades das diversidades de gêneros do discurso em qualquer campo da 
investigação linguística redundam em formalismo e em uma abstração exagerada, 
deformam a historicidade da investigação, debilitam a relação da língua com a vida. 
Ora, a língua passa a integrar a vida através de enunciados concretos (que a realizam); é 
igualmente através de enunciados concretos que a vida entra na língua.” (BAKHTIN, 
M. Os gêneros do discurso. In. Estética da criação verbal. 4 ed. São Paulo: Martins 
Fontes, 2003. p. 265.) 
 
a) Qual a crítica feita por Bakhtin aos estudos formais de linguagem, como proposto por 
Saussure? Mencione ao menos duas diferenças entre o objeto de estudos da linguística 
em Saussure e em Bakhtin. 
 
Bakhtin critica os estudos formais de linguagem porque entende que os teóricos 
que estudam a língua a partir dessa perspectiva, com foco na imanência do sistema 
linguístico, privilegiam a abstração nos estudos da linguagem. É por isso que 
Bakhtin irá cunhar o termo “objetivismo abstrato” para se referir a tais 
perspectivas de estudos, que se mostram bastante objetivas na definição de seu 
objeto, atendendo aos princípios científicos, mas que deixam de estudar aspectos 
importantes da linguagem, ao isolar a língua de seu uso. Saussure, como um dos 
representantes da tendência formal dos estudos da linguagem, elege como objeto 
de estudos a língua em seu caráter sistemático, isolando-a da fala (vista como um 
uso individual desse sistema). A língua, segundo Saussure, é um objeto autônomo e 
homogêneo. Diferentemente de Saussure, Bakhtin elege como objeto de estudo os 
enunciados (ou a enunciação), buscando estudar a interação verbal. Bakhtin 
entende que a realidade da língua se dá na interação, quando ela é de fato 
empregada por um falante que se dirige sempre a um outro, em determinadas 
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condições sócio-históricas. Para o teórico russo, a linguagem é dialógica e só se 
realiza nas enunciações concretas. 
 
b) Explique o que são os gêneros do discurso (ou gêneros discursivos) e a sua relação 
com a proposta de Bakhtin de priorizar o estudo da interação verbal. 
 
Os gêneros do discurso são definidos por Bakhtin como tipos relativamente 
estáveis de enunciados associados às diferentes esferas da atividade humana. Os 
gêneros discursivos são heterogêneos e possuem inúmeros tipos, uma vez que cada 
prática humana demanda tipos de enunciados específicos em sua realização. 
Apesar disso, os enunciados apresentam regularidades, o que pode ser atestado 
pelas três características que Bakhtin propõe para o seu estudo: o estilo, o 
conteúdo temático e a construção composicional. A proposta de estudo dos gêneros 
discursivos dá continuidade ao objetivo geral de Bakhtin de compreender a 
interação verbal, uma vez que os gêneros do discurso equivalem a tipos de 
enunciados, que são de fato empregados pelos sujeitos em diferentes situações do 
dia a dia, em suas práticas interativas. 
 
3. Com base no fragmento textual que segue, extraído da música “Maria Chiquinha”, de 
Geysa Bôscoli e Guilherme Figueiredo, discorra sobre o objeto de estudos e os 
objetivos da Análise da Conversação. Em sua resposta, apresente ao menos duas 
características da música de que permitem caracterizá-la como uma conversa. É 
possível, a partir dos pressupostos teóricos da Análise da Conversação, analisar este 
fragmento textual? Por quê? 
 
L1 Que cocê foi fazer no mato, Maria Chiquinha? Que cocê foi fazer no mato? 
L2 Eu precisava cortar lenha, Genaro, meu bem Eu precisava cortar lenha 
L1 Quem é que tava lá com você, Maria Chiquinha? Quem é que tava lá com você? 
L2 Era filha de Sinhá dona, Genaro, meu bem Era filha de Sinhá dona 
L1 Eu nunca vi mulher de colote, Maria Chiquinha Eu nunca vi mulher de colote. 
L2 Era a saia dela amarrada nas pernas, Genaro, meu bem Era a saia dela amarrada nas 
pernas 
L1 Eu nunca vi mulher de bigode, Maria Chiquinha Eu nunca vi mulher de bigode 
L2 Ela tava comendo jamelão, Genaro, meu bem Ela tava comendo jamelão 
L1 No mês de setembro não dá jamelão, Maria Chiquinha No mês de setembro não dá 
jamelão 
L2 Foi uns que deu fora do tempo, Genaro, meu bem Foi uns que deu fora do tempo 
L1 Então vai buscar uns que eu quero ver, Maria Chiquinha Então vai buscar uns que eu 
quero ver 
L2 Os passarinhos comeram tudo, Genaro, meu bem Os passarinhos comeram tudo 
L1 Então eu vou te cortar a cabeça, Maria Chiquinha Então eu vou te cortar a cabeça 
L2 Que cocê vai fazer com o resto, Genaro, meu bem? Que cocê vai fazer com o resto? 
L1 O resto? Pode deixar que eu aproveito 
 
Maria Chiquinha (Geysa Bôscoli/ Guilerme Figueiredo) 
http://www.vagalume.com.br/sandy-junior/maria-chiquinha.html#ixzz1sxp6vPyv 
 
A Análise da Conversação (AC) tem como objeto de estudos o texto oral e, mais 
especificamente, a conversa espontânea, coletada no ambiente natural em que 
ocorre. Os objetivos dessa corrente teórica é analisar os modos como uma conversa 
http://www.vagalume.com.br/sandy-junior/maria-chiquinha.html#ixzz1sxp6vPyv
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se organiza, de forma a viabilizar a interação entre os falantes em suas interações 
no dia a dia. Para isso, os teóricos da AC analisam questões características da 
conversa, como o tópico, os turnos, os pares adjacentes, os marcadores 
conversacionais, dentre outras. O fragmento textual da música “Maria 
Chiquinha”, apresentado para análise, possui várias características que permitem 
classificá-lo como uma conversa. Dentre elas, podemos mencionar a presença de 
dois interlocutores (o que se infere pela troca de turnos entre L1 e L2), a 
organização textual no par pergunta-resposta, e a presença de marcas linguísticas 
características da oralidade, como a expressão “cocê”, por exemplo. No entanto, 
esse fragmento textual não pode ser analisado com base nos princípios teóricos da 
AC porque não se trata de uma conversação espontânea, mas de uma música, que 
é um texto escrito com o propósito de simular a oralidade. 
 
4. Leia o fragmento textual a seguir e responda à questão a: 
 
1 L1: você já conhece a:: a:: a Estância? 
2 L2: é a primeira vez que venho aqui... já conhecia... de nome de [ 
3 L1: sei 
4 L2: ouvi falar... mas nunca tinha estado aqui antes... e você? 
5 L1: já conheço há muitos ano... meu pai sabe? 
6 L2: uhn 
7 L1: meu pai teve casa aqui... co/vendeu... depois ergueu 
8 dizer comprou um:: terrenoe:: e:: construiu uma bela casa... 
9 aí veio um período de crise... aí vendeu de novo e:: nunca [ 
10 L2: uhn uhn 
11 L1: mais comprou casa aqui mas... eu comprei depois... 
12 L2: há quanto tempo você tem casa aqui? 
13 L1: uhn::... sei lá... acho que... sei lá... uns:: seis oito anos [ 
14 L2: deixa pra lá... 
15 L1: eh:: já não me lembro mais... 
16 L2: você que construiu a casa? 
17 L1: não... eu não gosto de construção... prefiro... éh:: éh:: pronta 
18 acabada... de preferência já com tudo... até decoração 
 
(Extraído de: SILVA, L.A. Os diálogos: uma comparação entre textos falados. In: GIL, 
B.D.; CARDOSO, E.A.; CONDÉ, V.G. (Orgs.). Modelos de análise linguística. São Paulo: 
Contexto, 2009.) 
 
a) Explique em que consistem as noções teóricas de turno e tópico na perspectiva da análise 
da conversação. Exemplifique cada uma dessas noções, com base em fragmentos extraídos 
da conversa aqui exposta. 
 
a) O turno funciona como uma unidade básica de organização da conversa. O turno é 
um segmento produzido por um falante quando ele está com a palavra, e que não 
necessariamente corresponde a uma frase ou a uma sentença. No fragmento textual 
apresentado para análise, podemos citar como exemplo de turno a passagem entre as 
linhas 7, 8 e 9, que trazem um dos turnos do L1: 
7 L1: meu pai teve casa aqui... co/vendeu... depois ergueu 
8 dizer comprou um:: terreno e:: e:: construiu uma bela casa... 
9 aí veio um período de crise... aí vendeu de novo e:: nunca 
O tópico é um outro aspecto constitutivo do texto conversacional, já que é a partir dele 
que os interlocutores se relacionam. O tópico é o assunto da conversa a respeito do 
qual os interlocutores conversam. No texto para análise, o primeiro turno de L1 
estabelece o tópico da conversa, o bairro chamado Estância: 
1 L1: você já conhece a:: a:: a Estância? 
5. Uma das perspectivas de estudos propostas a partir da década de 1960 no cenário dos 
estudos de linguagem é a semiótica francesa ou discursiva. Com base em seus 
conhecimentos sobre essa corrente teórica, responda às questões ae b a seguir: 
 
a) Qual é a proposta da semiótica discursiva para a análise de textos? Explique em que 
consiste o percurso gerativo de sentidos. 
b) Explique o que é o quadrado semiótico e a sua função na análise de um texto. 
 
a) A semiótica discursiva é uma teoria da linguagem que tem como objetivo explicitar 
o modo como se constroem os sentidos em um texto, seja ele verbal, não verbal ou 
sincrético. Para isso, a semiótica propõe um modelo de análise que considera o texto 
em seus diferentes níveis, que é o percurso gerativo de sentido. Por meio do percurso 
gerativo de sentidos, a semiótica analisa o texto em seus diferentes níveis: 
fundamental, narrativo e discurso, considerando ainda, em cada um deles, seus 
componentes sintático e semântico. Com a aplicação desse modelo de análise, a 
semiótica busca revelar a maneira como o sentido é construído em cada texto. 
 
b) O quadrado semiótico é usado para representar graficamente a oposição semântica 
fundamental de um texto, bem como as relações de contrariedade, contraditoriedade e 
complementaridade que ocorrem entre os termos que a representam. Na análise de um 
texto sob a perspectiva teórica da semiótica discursiva, o quadrado semiótico sintetiza 
a análise do nível fundamental de um texto, que dá sustentação ao seu processo de 
significação. 
 
6- Vamos retomar os quatro tipos de manipulação estudados na semiótica francesa: a 
tentação, a intimidação, a sedução e a provocação. Apresentamos quatro enunciados e 
cada um deles corresponde a um tipo de manipulação. Enumere cada um dos 
enunciados de acordo com o tipo: 
1- Tentação 
2- Intimidação 
3- Sedução 
4- Provocação 
 
( ) “Como você é uma criança que quer ficar ainda mais linda, sei que não vai deixar 
comida no prato” 
( ) “Se você não almoçar, não poderá acessar a internet durante a tarde” 
( ) “Eu coloquei essa comida no seu prato, mas não sei se você será capaz de deixar o 
prato limpo” 
( ) “Se você almoçar, poderá tomar um sorvete de sobremesa.” 
 
 
( 3 ) “Como você é uma criança que quer ficar ainda mais linda, sei que não vai 
deixar comida no prato” 
( 2 ) “Se você não almoçar, não poderá acessar a internet durante a tarde” 
( 4 ) “Eu coloquei essa comida no seu prato, mas não sei se você será capaz de 
deixar o prato limpo” 
( 1 ) “Se você almoçar, poderá tomar um sorvete de sobremesa.”

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