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Ponto 3 - executoriedade do direito

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�PAGE �1�
Prof. GIOVANNE SCHIAVON	e-mail: ghbs2002@yahoo.com.br
- Ponto 3 -
Fontes do direito (III) – Executoriedade da lei�
SUMÁRIO: 1 INTRODUÇÃO. 2 DO CONCEITO DE VALIDADE AO CONCEITO DE VIGÊNCIA, EFICÁCIA E JUSTIÇA. 3 VIGÊNCIA. 3.1 Vacatio legis. 3.2 Errata. 3.3 Questão da aplicabilidade do prazo da “vacatio legis” a decretos, regulamentos e outras normas obrigatórias. 4 EFICÁCIA MATERIAL E EFICÁCIA FORMAL. 4.1 Eficácia material. 4.2 Eficácia formal. 4.3 Retroatividade das normas jurídicas. 4.4 Casos de retroatividade benéfica. 4.5 Eficácia de normas jurídicas inválidas. 5 FIM DA VIGÊNCIA TEMPORAL. 5.1 Repristinação. 6 CONHECIMENTO DA LEI.
1 INTRODUÇÃO
Conforme apresentado em ponto anterior, validade jurídica da lei é um predicado que decorre da criação conforme o procedimento legislativo previsto na constituição e da adequação de seu conteúdo às disposições do ordenamento jurídico.
Então, a aplicabilidade da lei depende da ordem dada no momento da promulgação para que se observe e faça observar o preceito legal. Essa promulgação é que dará força executória à lei dando-lhe autenticidade.
Após a promulgação segue-se a publicação, que é o ato pelo qual a lei é levada ao conhecimento de todos os que lhe devam obediência, tornando-se obrigatória. A obrigatoriedade, portanto, supõe a publicação, sendo que a lei só a adquirirá após a “vacatio legis”, como logo mais será explicado.
Com a publicação, presume-se que chegou ao conhecimento daqueles que são adstritos a obedecer ao seu comando e executá-la. No sentido de se esclarecer os conceitos de vigência e eficácia da lei no regime jurídico brasileiro, estuda-se agora a aplicação da lei à luz dos artigos da Lei de Introdução ao Código Civil (LICC).
2 DO CONCEITO DE VALIDADE AO CONCEITO DE VIGÊNCIA, EFICÁCIA E JUSTIÇA
Primeiro discute-se o problema da delimitação conceitual de “validade”, “vigência” e “eficácia” e “justiça”, que, por serem conceitos interligados, geram grande confusão terminológica. Como uma construção lingüística mais apurada requer rigor conceitual, é importante estabelecer a nítida diferenciação desses conceitos básicos.
Validade indica o reconhecimento da existência da norma e da possibilidade de sua exigência. No ensinamento de Maria Helena Diniz, norma formalmente válida é a promulgada por ato legítimo da autoridade, de acordo com o trâmite ou processo normativamente estabelecido, que lhe é superior, não tendo sido ela revogada�.
Apresentado o conceito de validade, pode-se explicar o conceito de vigência. Vigência significa o período temporal de imperatividade da lei. Ou seja, o comando jurídico é vigente ainda quando seus efeitos não possam ser percebidos, razão pela qual afirma-se que o final da vigência só pode ser determinado por uma norma, nunca pela falta de aplicação.
Desta sorte, vigência é um conceito formal, posto que vincula-se a regularidade de criação e extinção da norma. Diniz explica que a lei pode ser vigente ainda que não tenha sido aplicada ou ainda que seu criador não mais exista. Cita o exemplo do Código Comercial cuja promulgação remonta ao Império (1850) e que permanece válido e vigente�. Logo a vigência da lei independe do ato volitivo de seu elaborador, que é tão-somente condição de criação, ou do seu intérprete�.
Pode-se distinguir vigência de validade tendo-se presente que vigência surge a partir da validade. Ou mais exatamente, para ser vigente a lei terá de ser, antes, válida. O marco distintivo entre validade e vigência será esclarecido na próxima seção, quando do estudo da “vacatio legis”.
Há ainda um outro conceito fundamental, eficácia. Se vigência cuida do aspecto do tempo de existência, outro conceito relacionado com a validade, a eficácia diz respeito às condições materiais de sua aplicação. Nas palavras de Diniz, eficácia da lei significa que essa se encontra apta a tornar-se efetiva, ou mais exatamente, que há possibilidade material que ocorra o comportamento, que ela institucionaliza (hipótese de incidência), e a conseqüência jurídica (sanção) que ela prevê�.
Um último conceito fundamental para este estudo é o da justiça. Paralelo aos conceitos formais de vigência e de eficácia, o conceito de justiça da lei decorre de seu confronto com algum modelo a partir do qual decide-se por sua adequação ou não. De sorte que, o problema da justiça pode ser tido como o problema da correspondência ou não da norma aos princípios que inspiram um determinado ordenamento jurídico�.
Para a explicação da justiça, não se refere aqui à questão da existência de um ideal de bem comum idêntico para todos os tempos e para todos os lugares. Nos limitados objetivos desse estudo, basta constatar que todo ordenamento jurídico persegue determinados fins e convir que o fato de que estes fins representam os princípios a cuja realização o legislador dirige sua própria obra. Assim, passa-se agora ao tratamento específico dos conceitos a partir da Lei de Introdução ao Código Civil.
3 VIGÊNCIA
As normas jurídicas têm existência própria, nascendo, existindo, alterando-se parcialmente e morrendo. Vigência é o período no qual a norma jurídica pode ser exigida. Da executoriedade compulsória da norma de direito, por haver preenchido os requisitos essenciais à sua validade. Pode-se definir vigência, como a qualidade da norma que diz respeito ao tempo em que ela atua. Se a norma é vigente, pode ser invocada para produzir efeitos. Mas quanto, então, a norma jurídica entra em vigor?
Segundo a Lei de Introdução às Normas Brasileiras, a respeito da vigência da lei�:
Art. 1º Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o País 45 (quarenta e cinco) dias depois de oficialmente publicada.
§ 1º Nos Estados estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia 3 (três) meses depois de oficialmente publicada.
§ 2º A vigência das leis, que os governos estaduais elaborem por autorização do Governo Federal, depende da aprovação deste e começará no prazo que a legislação estadual fixar.
§ 3º Se antes de entrar em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação.
§ 4º As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova.
O art. 1o. da Lei de Introdução ao Código Civil visa dispor supletivamente a respeito da obrigatoriedade da norma, indicando o momento inicial da vigência legal, ou seja, quando a lei deverá ser efetivamente obedecida, se não houver nela fixação de prazo de início de sua vigência. Ao se considerar a obrigatoriedade da lei no tempo, ter-se-á três aspectos:
a) o do seu momento inicial, ou seja, o do instante em que a lei começa a obrigar, que se dará: 1) mediante prévia determinação de lapso temporal como previsto no próprio preceito legal, como, p. ex., o do art. 2044 do Código Civil que dispõe: “Este Código entrará em vigor 1 (um) ano após a sua publicação”; ou, 2) a partir da determinação de dia certo para início de sua vigência como, p. ex., o do art. 1.806 do antigo Código Civil (Lei 3.071, de 1 jan. 1916) que dispunha o início de sua vigência para 1o. de janeiro de 1917; ou, 3) pela aplicação supletiva do art. 1o., § 1º, da Lei de Introdução ao Código Civil, por falta de estipulação legal a respeito do início de sua vigência;
b) o da sua duração, ou seja, o prazo com que se demarcaria o tempo de vigência da lei. No período que vai da publicação até a sua revogação, ou até o prazo estabelecido para sua duração, diz-se que a lei é vigente;
c) o do seu termo, isto é, o momento em que perderá sua vigência. Se a lei não fixar prazo de duração de sua vigência, sua eficácia será por tempo indeterminado.
Cumpre considerar, finalmente, que se a vigência é demarcada pela ordem emanada pela promulgação e tornada conhecida pela publicação, seu âmbito de aplicação fica limitado ao espaço territorial das fronteiras do Estado de cujo ato se originou. Essa limitação é conhecidacomo “princípio da territorialidade” das normas jurídicas. Com o avanço das relações internacionais, os Estados modernos passaram a admitir, em determinadas circunstâncias, a aplicação de leis estrangeiras em seus territórios�.
3.1 Vacatio legis
Quanto ao momento inicial da vigência, esse pode ser distinto do momento do início da validade. Diz-se válida a lei a partir de sua publicação, enquanto que vigente após o decurso do prazo de “vacatio legis”. 
Vacatio legis é o período de tempo que começa com a publicação da lei (início da validade) e termina com a sua entrada em vigência. Bittar explica que duas razões justificam a existência de um lapso temporal antes do início da vigência: a) a lei torna-se mais e melhor conhecida; b) proporciona às autoridades incumbidas de fazer executar a lei e às pessoas por ela atingidas a oportunidade de se preparem para a sua aplicação�.
Conforme a Lei de Introdução ao Código Civil (LICC), para o regime jurídico brasileiro, a vacatio legis é de 45 dias em todo o país (sistema simultâneo ou sincrônico), salvo disposição em contrário. Nos Estados estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, começa três meses depois de oficialmente publicada�. Sobre a contagem dos prazos, o §1o., art. 8, LC 95/98 dispõe:
A contagem do prazo para entrada em vigor das leis que estabeleçam período de vacância far-se-á com a inclusão da data da publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia subseqüente à sua consumação integral.
Conta-se o dia da publicação (dies a quo) e se inclui o último dia (dies ad quem). Se a lei for publicada oficialmente no dia 2 de janeiro, o primeiro dia do prazo será 2 de janeiro e o último, sendo o prazo de quinze dias, 16 de janeiro, e a norma entrará, então, em vigor em 17 de janeiro. Entretanto, se a promulgação dispuser que o prazo de vacatio legis é de meses (ou ano) esse expira no dia de igual número do de início, ou no imediato, se faltar exata correspondência�. Se, porventura, o dia do vencimento (dies ad quem) cair em feriado, considerar-se-á prorrogado o prazo até o seguinte dia útil�.
Maria Helena Diniz considera que a prorrogação referida não é da vacatio legis, mas tão só do prazo para cumprimento da obrigação que decorre da norma, a qual deve ser obedecida mesmo nos domingos e feriados. Ou seja, afirma que poderá existir eficácia ainda que a vigência não tenha iniciado�. Vale destacar que enquanto não finda a vacatio legis, considera-se ainda vigente a lei anterior. De modo que, válidos serão os atos que, durante a vacatio legis, forem praticados em consonância com tal lei.
3.2 Errata
Pode ocorrer que o texto do projeto de lei seja aprovado, promulgado e publicado contendo erro de grafia ou substancial. Se a origem do erro no texto publicado for substancial, ou seja, se envolver mudança de sentido normativo por ter havido publicação não integral ou inexata, por faltar texto, nesses casos, requer-se uma publicação de “errata” do texto da lei.
Algumas questões devem ser enfrentadas: distinção entre erro no texto promulgado e erro no texto publicado. Erro no texto promulgado, ou seja, se o texto promulgado corresponde ao discutido e aprovado, não poderá ser corrigido por via de “errata”, ao contrário do que ocorre quanto ao erro de publicação. Quando se tratar de divergência entre o texto aprovado e o texto publicado esse vício poderá ser sanado por uma nova publicação�.
Quanto ao erro no texto promulgado, a falsa compreensão no conteúdo do texto discutido e aprovado, Maria Helena Diniz chama a atenção para a diferença de efeitos entre a correção de erro operada durante o período da vacatio legis da operada após o seu transcurso (feita durante a vigência da lei).
Se, durante a vacatio legis, vier a norma a ser corrigida em seu texto, que contém erros substanciais, ensejando nova publicação, os prazos mencionados de quarenta e cinco dias e três meses começam a correr da nova publicação (art. 1o., § 3o., LICC), portanto nova vacatio legis iniciar-se-á a partir da data da correção, anulando-se o tempo decorrido. Logo, se é publicação repetida, que visa corrigir a lei já publicada, mas ainda não vigente, por não ter ainda transcorrido o prazo de vacatio legis, terá o condão de anular os efeitos da primeira publicação, contando-se o prazo da última�.
A outra hipótese, quando o erro é percebido após a entrada em vigência da lei, força outra conclusão. Emendas ou correções da lei que já tenha entrado em vigor são consideradas como lei nova (art. 1o., § 4o., LICC). De sorte que, não será possível a publicação de “errata”, e, será necessário respeitar-se os direitos e deveres decorrentes de norma publicada com incorreção, considerando-se a boa-fé daquele que a aplicou�.
3.3 Questão da aplicabilidade do prazo da “vacatio legis” a decretos, regulamentos e outras normas obrigatórias
A doutrina interpreta que os prazos previstos no art. 1o. da LICC dirigem-se à lei em sentido restrito. Assim, não são aplicáveis à Emendas Constitucionais, Decretos, Portarias e Medidas Provisórias.
Os avisos e instruções para uma boa execução da lei e quaisquer atos da privativa atribuição do Executivo serão exeqüíveis desde que deles tenham conhecimento os interessados e autoridades competentes por meio do Diário Oficial. Circulares, instruções e portarias não se sujeitam ao prazo do art. 1o., por não terem caráter de lei, dirigindo-se a funcionários administrativos, traçando-lhes diretrizes, dando-lhes esclarecimentos e orientações�.
Assim, o regulamento da lei entrará em vigor no dia em que determinar e, na falta de determinação, da data de sua publicação oficial, não alterando, portanto, a data de vigência da lei a que se refere. Do conhecimento do regulamento por meio do Diário Oficial resulta a sua exeqüibilidade. Fica obrigatório desde a data de sua publicação, a não ser que disponha em contrário�.
Os tratados e convenções internacionais vinculam os Estados signatários no dia em que se der a troca de ratificações ou na data avençada, mas seus efeitos internos, dependentes de lei do Estado, iniciam-se no dia do começo da vigência de sua publicação�.
4 EFICÁCIA MATERIAL E EFICÁCIA FORMAL
Agora, resta analisar a norma através de um outro ângulo, o da aplicação por seus dois aspectos, seja da possibilidade fática (aplicabilidade ou eficácia formal), seja da efetiva aplicação (efetividade, incidência ou eficácia material).
Dimoulis chama a atenção de que para um observador externo poderia satisfazer a constatação sociológica de que pessoas com mais acesso à informação ou detentoras de mais recursos financeiros conseguem impor sua vontade e proteger seus interesses independentemente da lei vigente�. Entretando, embora a experiência social possa ser utilizada para embasar a constatação de que alguns atuam formando a vontade do regime jurídico à despeito das demais pessoas, tal análise não responde a questão decisiva colocada por Dimoulis “qual é a diferença entre um ordenamento jurídico e a sociedade sem direito?”�.
Como já apresentado, toda norma possui a pretensão de comandar condutas. Seja moral, ética ou jurídica. Sempre que alguém institui uma norma, o faz com o objetivo de adequar as ações humanas a um dado padrão. Ou seja, as normas jurídicas possuem um caráter contrafatual. “O furto é punido porque o legislador sabia que, mesmo depois da sua proibição, continuar-se-ia a cometer este delito”�. Motivo pelo qual, quando da explicação sobre a sanção jurídica, afirmou-se que no momento da desobediência da lei pode-se observar a aplicação da sanção. 
Com a incidência da sanção, a lei se tornou efetiva. Em outras palavras, a lei adquire eficácia quando há possibilidade formal e material para sua aplicação. O que diferencia um ordenamento jurídico de uma sociedade sem direito é que o ordenamento jurídico possui a pretensão de, no momento de sua violação, poder ser imposto a partir da força estatal. Outrossim, deve-se considerar que a eficácia possui gradações:efetividade ou incidência (eficácia material) e eficácia formal.
4.1 Eficácia material (efetividade)
Num primeiro sentido, material, diz-se que há eficácia quando se percebe a ocorrência concreta de efeitos resultantes da aplicação da lei.
Não é novidade que as leis existem para organizar as condutas sociais. Vale dizer, o direito almeja à efetividade, que é a eficácia material da norma. Luis Roberto Barroso conceitua que efetividade designa “a atuação prática da norma, fazendo prevalecer, no mundo dos fatos, os interesses por ela tutelados”�.
Miguel Reale esclarece tal explicação afirmando que, eficácia, tem um caráter experimental, porquanto se refere ao cumprimento efetivo do direito por parte de uma sociedade, ao reconhecimento do direito pela comunidade, no plano social, ou, particularmente, aos efeitos sociais que uma norma suscita através de seu cumprimento�.
Tradicionalmente, a doutrina jurídica liga a idéia de efetividade (ou incidência) à de aplicação concreta da norma jurídica. Neste sentido, eficácia material, é a relação entre a ocorrência concreta, real, factual no mundo do ser e o que está prescrito pela norma jurídica (e que está no mundo do “dever-ser”)�.
Nesse sentido, Bittar resume como características da lei dotada de eficácia material�:
a) tem condições fáticas de atuar, por ser adequada à realidade (material); 
b) tem condições técnicas de atuar, por estarem presentes os elementos normativos que a tornam adequada à produção de efeitos concretos (formais).
Logo, efetividade ou incidência tem relação com a ocorrência concreta do prescrito pela norma jurídica no duplo aspecto da prestação e da sanção.
4.2 Eficácia formal
Embora todas as leis sejam elaboradas para serem efetivas (aplicadas), há, entretanto, algumas leis que, mesmo vigentes, acabam não sendo aplicadas concretamente no plano da realidade social ou o são apenas em parte. Nesses casos pode-se falar em eficácia? Para se responder a essa questão, apresenta-se junto ao conceito de eficácia material (ou social) o conceito de eficácia formal (ou jurídica).
É certo que o conceito de eficácia está relacionado com a produção de efeitos. Porém, a doutrina jurídica distingue a real ocorrência dos efeitos da possibilidade dessa ocorrência. 
Há eficácia material quando o cumprimento da lei pode ser percebido na sociedade. Entenda-se bem, ocorrência concreta não significa só obediência à prestação imputada pela lei (proibição, obrigação ou permissão), mas, também, a percepção da atuação da coação quando da violação.
Quer-se dizer, mesmo havendo violação da norma, diz-se que é efetiva se o infrator recebe uma sanção. Assim, havendo cumprimento da prestação, fala-se que a lei é eficaz material ou efetiva, porque pode-se observar sua incidência. Ainda quando há o seu descumprimento também o será, porquanto outro aspecto da lei (outra imputação) entra em funcionamento: a sanção�.
No sentido formal, por sua vez, eficácia diz respeito à possibilidade de aplicação e não de efetiva aplicação. Concebe-se que, a lei, mesmo quando válida e vigente, pode não ter eficácia plena (ser auto-aplicável). Por exemplo, não possui eficácia material a lei que determina que entrará em vigência imediatamente, mas que já prevê a edição de uma nova norma complementar ou que necessita ser regulamentada (ineficácia sintática)�. Também não possui eficácia plena a lei, que por razões fáticas, permanece inadequada à realidade que pretende disciplinar (ineficácia semântica)�. Por exemplo é ineficaz a lei que impõe o uso de aparelho que inexiste no mercado, tal a lei que proíba uso de anti-radar veicular sem a existência do aparelho a venda no mercado...
Toda lei válida, ainda quando não concretamente aplicada, produz pelo menos o efeito de revogar normas anteriores. É efeito jurídico, afirma Nunes, e não social. Daí dizer que, norma de eficácia jurídica completável, seja pela necessidade de complemento (contida) ou de regulamento (limitada), é a que gera apenas efeitos no ordenamento jurídico – como revogar norma anterior -, sem incidir sobre a realidade�.
Para se distinguir vigência de eficácia pode-se recorrer a situação da suspensão de eficácia de atos normativos declarados incidentalmente inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Nesse caso, o STF poderá oficiar ao Senado Federal, para que suspenda a aplicação no todo ou em parte, tanto de lei federal, quanto de leis estaduais, distritais ou municipais. O Senado acolhendo o ofício editará resolução que suspenderá a eficácia do ato – ou da lei – questionado, mas sua vigência só terminará quando outro ato – ou lei – de igual natureza lhe substitua�.
Em síntese, eficácia é a possibilidade de produção de efeitos, seja no mundo social, seja no mundo jurídico. Divide-se a eficácia em efetividade (ou incidência) e eficácia formal. Eficácia material é a concreta produção dos efeitos criados na realidade social. Eficácia formal significa que a lei válida deve ser considerada quando do momento de produção e aplicação de outras leis. Ou seja, pode até existir lei sem eficácia material, mas só excepcionalmente lei sem eficácia formal.
4.3 Retroatividade das normas jurídicas
Eficácia ou incidência para o passado é o que se chama retroatividade. Observa-se retroatividade quando a lei produz efeito sobre uma relação jurídica constituída antes de sua entrada em vigência.
Retroatividade é a imposição da disciplina jurídica trazida por uma nova lei a fatos pretéritos ou consumados antes do início da vigência. Sabe-se que, em regra, a lei só comanda as condutas a partir da sua vigência, inclusive as iniciadas antes de sua criação. Contudo, o regime jurídico constitucional brasileiro afirma que as leis só não podem retroagir quando atingem direito adquirido, ato jurídico perfeito e coisa julgada�.
Nesse sentido, conceitua a Lei de Introdução ao Código Civil:
Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada.
§ 1o Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou.
§ 2o Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição preestabelecida inalterável, a arbítrio de outrem.
§ 3o Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso.
a) O direito adquirido
Direito adquirido, como o nome sugere, é que já se incorporou definitivamente ao patrimônio e/ou à personalidade do sujeito de direito.
Nunes o define pela ocorrência de fato idôneo aceito pela ordem jurídica como pertencente ao patrimônio e/ou à personalidade do sujeito: “Diz respeito, portanto, a certa ocorrência real e concreta, diante de norma jurídica vigente em certo momento histórico. Tal direito adquirido, uma vez incorporado ao patrimônio e/ou à personalidade, não pode ser atingido pela norma jurídica nova.”�.
b) O ato jurídico perfeito
Ato jurídico perfeito é o ato praticado e finalizado em certo momento histórico, em consonância com as leis vigentes naquela ocasião. 
No ensinamento de Nunes, quando as partes estão prestes a assinar um contrato, mas ainda não o assinou, e sobrevém nova lei. Aquele contrato, só será válido se for ajustado à nova lei. Solução diversa haveria se as partes houvessem finalizado as negociações durante o período do regime jurídico anterior. No segundo caso, o contrato, ajustado as leis do momento da celebração, gozaria de validade ainda que algum de seus termos estivesse desconforme a nova lei�.
Por exemplo, quem se casou antes de 1977, sem efetuar “pacto antenupcial”, adotou por disposição expressa da lei o regime de comunhão universal de bens. Quem se casou após 1977, quando da edição da lei do divórcio, sem efetuar “pacto antenupcial” adotou o regime legal da comunhão parcial. Cumpre notar que os casados antes de 1977 não tiveram seu regimede bens alterados. Ou mais exatamente, a relação jurídica constituída antes da vigência da lei do divórcio é reconhecida como ato jurídico perfeito, razão pela qual a lei nova não a atinge. Manteve-se a situação anterior ainda que não conforme a nova lei�.
A doutrina aponta como diferença entre direito adquirido e ato jurídico perfeito, o fato de que, no ato jurídico perfeito há necessidade da concretização do ato a partir da manifestação da parte para sua aquisição. Enquanto que no direito adquirido entende-se que o sujeito possui o direito independente de sua atuação positiva. Por exemplo, entende-se como direito adquirido o direito subjetivo à aposentadoria do sujeito que atinge a idade prevista na lei, ainda que não tenha efetuado o requerimento de aposentadoria quando da vigência de nova lei que aumenta o limite de idade.
c) A coisa julgada
A coisa julgada (ou caso julgado) é o efeito de imutabilidade conferido à decisão judicial definitiva, considerada esta a decisão de que já não cabe recurso.
De sorte que, no que tange ao direito processual, a nova lei seguramente não se aplica a processos findos. Um processo é considerado findo quando não cabe mais recursos. Não caber mais recursos significa que já se esgotaram todas as instâncias recursais possíveis dos tribunais superiores ou que já não pode ser apresentado recurso pela perda do prazo para seu ingresso�.
Contudo se o procedimento encontra-se em andamento, a nova lei invariavelmente é aplicável, porém tal aplicação deve observar o princípio do isolamento dos atos processuais. O citado princípio indica que, a lei nova, encontrando um procedimento em desenvolvimento, respeita a eficácia dos atos processuais já realizados e disciplina os atos subsequentes ao início de sua vigência�.
Então, direito adquirido, ato jurídico perfeito e coisa julgada são conceitos que reproduzem uma mesma preocupação: segurança jurídica. É para a segurança jurídica das relações que foram previstos esses três casos de ultra-atividade da lei antiga.
4.4 Casos de retroatividade benéfica
Como exceções a vedação da retroatividade da lei, pode-se citar a retroatividade da lei mais benéfica prevista no direito penal e da lei interpretativa do direito tributário.
No direito penal, a irretroatividade da lei é plena e encontra-se prevista pelo inc. XXXIX do art. 5o. da CF: “não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”; e pelo art. 1o. do Código Penal: “Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal”. Esse é o chamado princípio da anterioridade da lei penal (também chamado de princípio da reserva legal): nullum crimen, nulla poena sine lege�.
Por força desse princípio, ninguém pode ser condenado ou punido criminalmente por qualquer fato que tenha praticado, se este fato não tiver sido “antes” tipificado como crime em lei. Interpreta-se que a tipificação posterior não atinge o fato existente anteriormente. 
Contudo, conforme o art. 5o. XL, CF determina que: “A lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”. Interpreta Francisco Assis Toledo que nos termos da Constituição Federal, a lei mais benigna incidirá sempre, em favor do agente, que seja a anterior (ultra-atividade) quer seja a posterior (retroatividade)�.
No direito tributário, o art. 106, inc. I, do Código Tributário Nacional dispõe que a lei nova aplica-se a ato ou fato pretérito em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados. Hugo de Brito Machado explica que lei interpretativa é aquela que não inova, limitando-se a esclarecer dúvida surgida com o dispositivo anterior�.
4.5 Eficácia de normas jurídicas inválidas
Resta agora tratar da questão relativa à possibilidade ou não de uma norma jurídica inválida produzir efeitos no aspecto da eficácia em geral (eficácia e incidência). A pergunta inicial, portanto, seria a da possibilidade de se aprovar norma inválida: é possível que o Poder Legislativo e/ou o Executivo aprovem norma jurídica que esteja em desacordo com o sistema jurídico? É possível que o Poder Executivo baixe um decreto regulamentar ilegal?
À vista de que o processo legislativo contempla que os poderes executivo e legislativo produzem um ato que será posteriormente objeto de julgamento pelo Poder Judiciário. A questão que interessa aqui é: na hipótese do Poder Judiciário decidir pela inconstitucionalidade de uma lei, essas leis que eram e foram declaradas inválidas. Foram eficazes? Produziram efeitos jurídicos? Incidiram concretamente?
Nunes responde que sim. Ainda que inválida, a lei é eficaz e incide na realidade concretamente, pelo menos até que o Poder Judiciário possa impedir ou eliminar seus efeitos. A conclusão, portanto, é a de que, apesar de inválida, uma lei pode ser eficaz e incidir concretamente, pelo menos até que o Poder Judiciário impeça sua eficácia ou mesmo até que o Poder Legislativo a revogue�.
5 TÉRMINO DA VIGÊNCIA TEMPORAL
Em regra, a norma jurídica tem caráter permanente, só perdendo sua vigência quando é revogada. Excetuando-se as normas constitucionais dotadas com o efeito da imutabilidade, todas as normas podem ser revogadas, isto é, deixar de ter vigência por ter sido substituídas por outras. No Brasil a regulação específica sobre o assunto está na LICC:
Art. 2º Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue.
§ 1o. A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.
§ 2º A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior.
§ 3º Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência.
Do citado dispositivo destaca-se que o fim da vigência da lei pode verificar-se de dois modos: com a vigência temporária, quando ela tem em si, um elemento pelo qual a sua eficácia se extingue; ou, com a vigência indeterminada quando há necessidade de uma nova lei para fazê-la cessar.
Na primeira hipótese, explica Diniz, ter-se-á cessação da aplicação da lei por causas intrínsecas, tais como: a) decurso do tempo para o qual a lei foi promulgada (por exemplo a lei orçamentária que estabelece a despesa e a receita nacional pelo período de um ano, cuja obrigatoriedade advém da própria natureza da norma); b) consecução do fim a que a lei se propõe (por exemplo, ato que suspende a realização de um concurso para preencher vagas com os já contratados, a fim de que se efetivem; com o aproveitamento do último funcionário contratado cessará de existir); c) cessação do estado de coisas não permanente (por exemplo, lei emanada para prover situação de emergência oriunda de calamidade pública) ou do instituto jurídico pressuposto pela leis, pois finda a anormalidade, extinguir-se-á a lei, que a ela se refere�.
Na segunda hipótese, o fim da vigência operar-se-á pela revogação. Ante a ausência de previsão de seu termo final, a lei é permanente, vigora indefinidamente e produz seus efeitos até que outra a revogue. Revogar é tornar sem efeito uma lei, retirando sua obrigatoriedade por meio de outra lei superveniente�.
A revogação está dividida em:
a) ab-rogação (revogação total), que é a supressão total da norma jurídica anterior, por ter a nova lei regulado inteiramente a matéria, oou por haver entre ambas incompatibilidade explícita ou implícita;
b) derrogação (revogação parcial), que torna fora de vigência apenas parte da norma jurídica anterior – um só capítulo, uma só seção, um só artigo, um único inciso, apenas um parágrafo, ou mesmo parte deles.
Apesar dessa distinção doutrinária dividindo revogação em “ab-rogação” e “derrogação”, a técnica legislativa utiliza-se do termo genérico revogação para ambas as hipóteses.
A revogação total e parcial podem serobtidas por meio expresso ou tácito:
a) expresso, quando a lei revogadora declara a revogação de determinada lei, pode-se citar como exemplo a lei n. 9.279, de 14 de maio de 1996, a qual instituiu o Código da Propriedade Industrial e que declara em seu art. 244:
Revogam-se a Lei nº 5.772, de 21 de dezembro de 1971, a Lei nº 6.348, de 07 de julho de 1976, os artigos 187 a 196 do Decreto-lei nº 2.848, de 07 de dezembro de 1940, os artigos 169 a 189 do Decreto-lei nº 7.903, de 27 de agosto de 1945...
b) tácito, quando a revogação for inferida face a lei nova regular total ou parcialmente matéria de modo incompatível com a lei antiga, exemplo o art. 119, da lei n. 8.078, de 11 de setembro de 1990, a qual instituiu o Código de Defesa do Consumidor:
“Revogam-se as disposições em contrário”
Nesses termos o fim da vigência decorre ou da própria lei, ou de lei superveniente.
5.1 Repristinação
Resta, ainda, a repristinação que significa restituir-se ou retornar ao valor ou estado primitivo. Repristinação da norma jurídica seria, então, fazer retornar à vida uma norma já revogada, pelo fato de a norma revogadora ter perdido a sua vigência�.
Dizendo de outra maneira: suponha que a lei 1 esteja em vigor. Surge a lei 2, que expressamente a revoga. Logo, a lei 1 deixa de existir e viger por ter sido revogada. Daí surge a Lei 3, que revoga a lei 2 e não coloca nada em seu lugar. Com isso, a lei 2 também perde vigência. Todavia, a lei 1, que havia sido revogada pela lei 2 (que acabou também sendo revogada), não volta a viger�.
Esse instituto não é aceito de modo tácito no ordenamento brasileiro. A repristinação tácita colocaria em risco a segurança jurídica. Para que a norma revogada volte a ter vigência, será preciso que a norma jurídica revogadora ou outra mais nova assim o declare de modo expresso. É o que determina o §3o., art. 2o. LICC: “Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência”.
6 CONHECIMENTO DA LEI
Uma vez publicada a lei, essa assume a função de comandar condutas, de sorte que, ninguém poderá alegar seu desconhecimento. É isso que determina a LICC:
Art. 3º Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece.
Já se esclareceu que a lei está criada no momento da promulgação (que consiste no ato com o qual se atesta a sua existência, ordenando seu cumprimento), mas só adquire validade com a publicação oficial. De forma que, a promulgação e publicação são etapas do processo legislativo que vinculam a todos os indivíduos de forma geral, até porque não é possível notificar a todos os indivíduos de forma particularizada. Então, a obrigatoriedade da lei, surge dessa publicação, a qual cria o dever de que todos a obedeçam e a apliquem.
Maria Helena Diniz cita Clóvis Beviláqua, para quem a lei é um comando dirigido à vontade de seu destinatário, nesse sentido, não contém qualquer presunção de que o direito é conhecido por todos, mas sim, que a lei impõe-se a todos. O significado do art. 3o., LICC, então é afirmar a segurança jurídica: a ignorância ou erro de direito não impedirá os efeitos da norma, nem livrará da responsabilidade o seu infrator. Conseqüentemente, os juízes não poderão, por igual, eximir-se de sentenciar, alegando que não conhecem a lei�.
Isso não quer dizer que a falta real de conhecimento da norma não possa interferir na aplicação da norma, somente afirma-se que a norma não pode deixar de ser obedecida pelo fato de se desconhecer sua existência. É uma obrigação imposta a todos de se informar e agir conforme as leis.
Atividade complementar:
1 – Uma lei ordinária determina que será, em certo prazo, regulamentada através de decreto. Pode acontecer que o decreto regulamentar não seja expedido no prazo fixado. Nesse caso, estaria ela já em vigor?
2 – Diferencie os conceitos de validade, vigência, eficácia e justiça.
3 – Esclareça quando inicia a vigência da lei no Brasil.
4 – O que é “vacatio legis”? Como é contado seu prazo?
5 – Quando o texto da lei poderá ser corrigido por “errata”?
6 – O que é lei temporária?
7 – Diferencie eficácia formal da eficácia material.
8 - O que é retroatividade? Conceitue direito adquirido, ato jurídico perfeito e coisa julgada apontando os dispositivos legais que os prevêem.
9 - Diferencie ato jurídico perfeito de direito adquirido.
10 - O que justifica a existência dos institutos do direito adquirido, do ato jurídico perfeito e da coisa julgada? Explique.
11 – Em que consiste o princípio “nullum crimen, nulla poena sine lege”.
12 – Você concorda com a afirmação deve-se respeitar os efeitos da lei declarados inválida se praticados antes dessa invalidação?
13 – Conceitue “ab-rogação” e “derrogação”? Quando existem de modo expresso e quando de modo tácito?
14 – O que é repristinação?
15 – Explique como se justifica a existência do princípio de que ninguém poderá alegar ignorância de lei para escapar à sua obediência.
Para saber mais:
BARROSO, Luis Roberto. Temas de direito constitucional. 2 ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2002.
BOBBIO, Norberto. Teoria da norma jurídica. Trad. Fernando Pavan Baptista e Ariani Bueno Sudatti. Bauru: Edipro, 2001.
DIMOULIS, Dimitri. Moralismo, positivismo e pragmatismo na interpretação do direito constitucional. Revista dos Tribunais. Ano 88, v. 769, p. 11-27, nov. 1999
DINIZ, Maria Helena. Compêndio de introdução à ciência do direito. 14 ed. São Paulo: Saraiva, 2001.
NUNES, Luiz Antonio Rizzatto. Manual de Introdução ao Estudo do Direito. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 1999.
� Esse material possui propósitos didáticos e não pode ser comercializado de nenhuma maneira. Sua origem deve ser citada em qualquer uso que se faça desse. SCHIAVON, Giovanne Henrique B. Introdução ao estudo do direito II. 2011. Apostila (Curso de Graduação em Direito).
� DINIZ, Maria Helena. Lei de Introdução ao Código Civil brasileiro interpretada. 7 ed., São Paulo: Saraiva, 2001, p. 48.
� Importante notar que a primeira parte do Código Comercial (Lei 556, de 25 jun. 1850) foi revogada expressamente pelo art. 2.045 do Código Civil de 2002 (CC), a terceira parte do Código Comercial foi revogada pela Lei 7.661/1945, permanecendo vigente a segunda parte, exceto o título IX (do naufrágio e dos salvados) revogado pela lei 7.542/1986.
� DINIZ, op. cit., p. 48.
� DINIZ, op. cit., p. 49-50.
� Norberto Bobbio explica que no caso de se considerar que existem valores supremos, objetivamente evidentes, a pergunta se uma norma é justa ou injusta equivale a perguntar se é apta ou não a realizar esses valores. Mas, também no caso de não se acreditar em valores absolutos, o problema da justiça ou não de uma norma tem um sentido: equivale a perguntar se essa norma é apta ou não a realizar os valores históricos que inspiram certo ordenamento jurídico concreto e historicamente determinado. Pensar sobre o problema da justiça, ou não, de uma norma equivale a pensar sobre o problema da correspondência entre o que é real e o que é ideal. vd. BOBBIO, Norberto. Teoria da norma jurídica. Trad. Fernando Pavan Baptista e Ariani Bueno Sudatti. Bauru: Edipro, 2001, p. 46.
� A antiga Lei de Introdução ao Código Civil (Publicada em 17 set. 1942) teve sua denominação alterada para Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro em dezembro de 2010.
� Nunes explica que o estudo da matéria atinente a esse outro aspecto é da competência do Direito Internacional Privado, que a designa “princípio da extraterritorialidade”; vd. NUNES, Luiz Antonio Rizzatto. Manual de Introdução ao Estudo do Direito. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 1999, p. 186.
� BITTAR Fo., Carlos Alberto. Da existência, validade, vigência e eficácia da lei no sistema brasileiro atual. Revista dos Tribunais, São Paulo, v. 683, set. 1992, p. 32.
� Art. 1o. e §§, LICC.
� Art. 132, § 3o., CC; NUNES, op. cit., p.178.
� Art. 132, § 1, CC.
� DINIZ, op. cit., p. 54.
� Contudo o juiz de direito,observados os critérios aceitos de interpretação, poderá desconsiderar erro evidente, de ortografia (por exemplo), não sanado pelo legislador (DINIZ, op. cit., p. 59).
� Em caso de várias publicações diferentes da mesma lei motivadas por erro, a data da publicação será uma só, e deverá ser a da publicação definitiva, ou seja, a última (Revista Forense, n. 24, p. 480 apud DINIZ, op. cit., p. 60). Quando houver necessidade de alteração do texto de lei, dever-se-á observar o disposto no art. 12, da Lei Complementar 95/98.
� vd. DINIZ, op. cit., p. 61.
� Maria Helena Diniz esclarece ainda que, os atos administrativos têm obrigatoriedade a partir da publicação, de conformidade com o art. 5o. do Decreto n. 572, de 12 jul. 1890, que, nesta parte, não está revogado pelo CC (DINIZ, op. cit., p. 58 e 61); vd. também os arts. 101 a 104 do Código Tributário Nacional (Lei n. 5.172 de 25 out. 1966), relativamente à vigência de leis tributárias, atos administrativos, decisões normativas de órgãos administrativos, convênios tributários.
� DINIZ, op. cit., p. 58.
� DINIZ, op. cit., p. 59.
� Já se apresentou que no âmbito da metodologia jurídica, tal perspectiva é sustentada pelo realismo jurídico. “O realismo jurídico prefere descrever a realidade considerando que quem aplica o direito atua na prática como legislador. Sob tal ótica, tanto o direito quanto a sua interpretação são exercícios de um poder social” DIMOULIS, Dimitri. Moralismo, positivismo e pragmatismo na interpretação do direito constitucional. Revista dos Tribunais. Ano 88, v. 769, nov. 1999, p. 13.
� DIMOULIS, op. cit., p. 14.
� DIMOULIS, op. cit., p. 14.
� BARROSO, Luis Roberto. Temas de direito constitucional. 2 ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2002, p. 83
� REALE, Miguel. Lições preliminares de direito. São Paulo: Saraiva, 1991, p. 114.
� NUNES, op. cit., p. 188
� BITTAR, op. cit., p. 33.
� NUNES, op. cit., p. 188.
� São espécies de leis com eficácia completável, os princípios programáticos da Constituição Federal, como os que tratam da assistência social para todos os que necessitarem (art. 203) e fixam como dever do Estado o ensino fundamental gratuito para todos (art. 208, I), tais disposições demandam complemento legislativo.
� BITTAR, op. cit., p. 33.
� NUNES, op. cit., p. 189.
� MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. 8 ed. São Paulo: Atlas, 2000, p. 564-5; SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 9 ed. São Paulo: Malheiros, 1992, p. 54.
� vd. art., 5o., inc. XXXVI, CF/88.
� NUNES, op. cit., p. 190.
� NUNES, op. cit., p. 191.
� Disposição que foi mantida pelo Código Civil de 2002, art. 1.640.
� NUNES, op. cit., p. 192-3.
� DINAMARCO, Cândido Rangel. A Reforma do Código de Processo Civil. São Paulo: Malheiros,1995.
� NUNES, op. cit., p. 196.
� TOLEDO, Francisco de Assis. Princípios básicos de direito penal. 5 ed. São Paulo: Saraiva, 1994, p. 35. Heleno Fragoso explica que: “A lei mais benigna deve ser determinada em face do caso concreto. O juiz deve considerar qual seria o resultado, aplicando hipoteticamente uma e outra das leis, escolhendo então a que proporciona situação mais favorável ao réu. Uma lei posterior que, mantendo a incriminação do fato, aumente o máximo da pena cominada, e diminua o mínimo, será mais favorável, se for o caso de aplicar a pena mínima à hipótese em julgamento, e será mais severa no caso de se impor a pena máxima” FRAGOSO, Heleno Cláudio. Lições de direito penal: parte geral. 4 ed. rev. por Fernando Fragoso - Rio de Janeiro. Forense, 1995, p. 106.
� MACHADO, Hugo de Brito. Curso de direito tributário. 10 ed. São Paulo: Malheiros, 1995, p. 68. Segundo o Supremo Tribunal Federal em Ação Direta de Inconstitucionalidade: “É plausível, em face do ordenamento constitucional brasileiro, o reconhecimento da admissibilidade das leis interpretativas, que configuram instrumento juridicamente idôneo de veiculação da denominada interpretação autêntica. As leis interpretativas – desde que reconhecida a sua existência em nosso sistema de direito positivo – não traduzem usurpação das atribuições institucionais do Judiciário e, em conseqüência, não ofendem o postulado fundamental da divisão funcional do poder [...] O princípio da irretroatividade somente condiciona a atividade jurídica do Estado nas hipóteses expressamente previstas pela Constituição, em ordem a inibir a ação do Poder Público eventualmente configuradora da restrição gravosa: a) ao status libertatis da pessoa (CF, art. 5o., XL), b) ao status subjectionis do contribuinte em matéria tributária (CF, art. 150, III, a) e c) à segurança jurídica no domínio das relações sociais (CF, art. 5o., XXXVI). Na medida em que a retroprojeção normativa da lei não gere nem produza os gravames referidos, nada impede que o Estado edite e prescreva atos normativos com efeito retroativo. As leis, em face do caráter prospectivo de que se revestem, devem, ordinariamente, dispor para o futuro. O sistema Jurídico-Constitucional brasileiro, contudo, não assentou, como postulado absoluto, incondicional e inderrogável, o princípio da irretroatividade...” (BRASIL. STF. ADIn 605-3/DF. Liminar. rel. Celso de Mello. Plenário. 23 out. 1991 apud TRIBUNAL Regional Federal da 1a. Região. Código Tributário Nacional interpretado. Brasília: TRF 1a. Região/Gabinete da Revista, 1995, p. 83).
� NUNES, op. cit., p. 199.
� Cumpre esclarecer, com Diniz, que no aspecto formal desaparecendo os motivos determinantes da lei, ter-se-á, na verdade, somente sua ineficácia material. Isso porque não perdeu sua vigência, ou seja, não houve revogação DINIZ, op. cit., p. 64.
� DINIZ, op. cit., p. 64-6.
� NUNES, op. cit., p. 185.
� NUNES, op. cit., p. 185.
� DINIZ, op. cit., p. 87; Vale destacar que, o art. 3o., LICC, abrange ignorância da lei (ou ausência de conhecimento) e o erro no seu conhecimento (ou a falsa interpretação da realidade). Contudo, o erro enquanto acontecimento humano tem repercussão no direito, sobre o assunto vd. GOMES, Luiz Flávio. Erro de tipo e erro de proibição. São Paulo: RT, 1996.

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