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Técnico em Serviços de Restaurante e Bar Emmanuela Prado de Paiva 2015 Estudo da Higiene e Manipulação dos Alimentos Coordenação do Curso Annara Perboire Coordenação de Design Instrucional Diogo Galvão Revisão de Língua Portuguesa Letícia Garcia Diagramação Izabela Cavalcanti Governador do Estado de Pernambuco Paulo Henrique Saraiva Câmara Vice-governador Raul Jean Louis Henry Júnior Secretário de Educação Frederico da Costa Amancio Secretário Executivo de Educação Profissional Paulo Fernando de Vasconcelos Dutra Gerente Geral de Educação Profissional Josefa Rita de Cássia Lima Serafim Coordenador de Educação a Distância George Bento Catunda Presidenta da República Dilma Vana Rousseff Vice-presidente da República Michel Temer Ministro da Educação Cid Ferreira Gomes Secretário de Educação Profissional e Tecnológica Aléssio Trindade de Barros Diretor de Integração das Redes Marcelo Machado Feres Coordenação Geral de Fortalecimento Carlos Artur de Carvalho Arêas Coordenador Rede e-Tec Brasil Cleanto César Gonçalves INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 3 1.COMPETÊNCIA 01 | COMPREENDER A IMPORTÂNCIA DAS BOAS PRÁTICAS, CONHECER OS PERIGOS E A MELHOR FORMA PARA O CONTROLE NA PRODUÇÃO DE ALIMENTOS ............. 5 1.1 O que são micro-organismos e outros perigos .................................................... 5 1.2 Boas práticas e sua importância para o manipulador de alimentos ................... 13 1.3 Principais ações em Boas Práticas no controle dos perigos ............................... 14 2.COMPETÊNCIA 02 | CONHECER E APLICAR TÉCNICAS DE CONTROLE DA ÁGUA, PRAGAS E SAÚDE DO MANIPULADOR ................................................................................................. 20 2.1 Avaliação e controle da qualidade da água ....................................................... 20 2.2 Controle de pragas em ambiente de produção de alimentos ............................ 22 2.3 Saúde do manipulador ..................................................................................... 27 3.COMPETÊNCIA 03 | COMPREENDER E APLICAR TÉCNICAS DE HIGIENIZAÇÃO AMBIENTAL E HIGIENE PESSOAL ............................................................................................................... 29 3.1 Técnicas de higienização ambiental .................................................................. 29 3.2 Higiene Pessoal ................................................................................................ 35 4.COMPETÊNCIA 04 | CONHECER E APLICAR TÉCNICAS DE PRÉ-PREPARO, PREPARO PARA COMERCIALIZAÇÃO DE ALIMENTOS ................................................................................... 43 4.1 Aplicação das Boas práticas no pré-preparo, preparo e comercialização dos alimentos ............................................................................................................... 43 CONCLUSÃO ....................................................................................................................... 58 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 59 MINICURRÍCULO DO PROFESSOR ......................................................................................... 3 Sumário 3 Estudo da Higiene e Manipulação dos Alimentos INTRODUÇÃO Caro (a) aluno (a), começamos agora a disciplina “Higiene e manipulação de alimentos”. Esta disciplina lhe dará subsídios para produção de alimentos e bebidas seguras, ou seja, que não tragam riscos à saúde do consumidor, e também lhe permitirá ser um profissional com maior valor de mercado, uma vez que desenvolverá competências em gestão da qualidade! A compreensão da importância da higiene na manipulação dos alimentos é fundamental a sua profissão, pois os alimentos são muito suscetíveis à deterioração que, na maioria dos casos, não é visível a olho nu. E, por consequência, são veículos na transmissão de doenças de origem alimentar. Para que você possa compreender as competências a serem desenvolvidas, este caderno foi dividido em quatro partes ou capítulos. No primeiro capítulo, você irá conhecer os micro-organismos e outros perigos muito frequentes no seu ambiente de trabalho. Também irá conhecer as boas práticas, a melhor forma de controlar os perigos na produção de alimentos. No capítulo seguinte, você irá conhecer as técnicas de controle de qualidade da água, controle de pragas e saúde do manipulador. No terceiro, o foco será nas técnicas de higienização de superfícies, higiene pessoal, de equipamentos e de utensílios. E, finalmente, no quarto capítulo, você poderá aplicar todos os conhecimentos adquiridos no pré-preparo, preparo e comercialização de alimentos. Você está começando um novo caminho no seu aprendizado o qual lhe permitirá desenvolver competências e habilidades para produção de alimentos bonitos, saudáveis e de qualidade. Estou bastante motivada a lhe ensinar e estarei acompanhando você a cada capítulo e nas vídeo-aulas. Garanto que vou me esforçar ao máximo para lhe repassar as matérias, utilizando exemplos práticos e ambientes reais para que você e eu possamos estar o mais próximo da realidade de trabalho. Lembre-se de que, além deste caderno, temos também os exercícios semanais, que junto com nossa 4 Técnico em Serviços de Restaurante & Bar interatividade em sala de aula virtual vão possibilitar a formação das competências necessárias para o exercício de uma nova profissão! Espero você em nossa sala virtual. Cada encontro é muito importante para mim, então venha com disposição para aprender, ok? Profa.: Emmanuela Prado de Paiva 5 Estudo da Higiene e Manipulação dos Alimentos Competência 01 1.COMPETÊNCIA 01 | COMPREENDER A IMPORTÂNCIA DAS BOAS PRÁTICAS, CONHECER OS PERIGOS E A MELHOR FORMA PARA O CONTROLE NA PRODUÇÃO DE ALIMENTOS Você pode até nunca ter visto, mas existem inúmeros seres vivos que vivem em nosso meio ambiente e também nos locais onde há produção de alimentos. Eles são chamados de micro-organismos, pois só podem ser vistos com o auxilio de microscópios (um conjunto de lentes, como um uma lupa com grande capacidade de aumento). Eles estão por toda parte, na cozinha, no salão de serviço, no banheiro e também em nosso corpo, principalmente em nossas mãos! Mas não precisa ficar assustado, ou preocupado, existem muitas formas de REDUZIR, CONTROLAR e DESTRUIR esses seres vivos, pois, assim como outros PERIGOS na produção de alimentos, o nosso principal objetivo é controlar a presença deles a NÍVEIS que sejam aceitos pelos órgãos reguladores, como a Vigilância Sanitária, e que não cause danos à saúde. Antes de iniciarmos o nosso estudo sobre Boas Práticas, é importante que você reconheça seu papel na cadeia produtiva de alimentos. Todo aquele que trabalha com alimentos, seja na colheita, no preparo, transporte, serviço ou distribuição é chamado de MANIPULADOR DE ALIMENTOS. Este profissional precisa conhecer e aplicar princípios básicos de Boas Práticas com vistas a garantir a segurança alimentar, ou seja, a segurança da saúde do consumidor ou comensal. Isto significa dizer que seu compromisso é preparar os alimentosde forma que não ofereçam riscos à saúde dos que vão consumir ou se alimentar, além de proporcionar um preparo que garanta o maior aproveitamento dos nutrientes. Agora vamos entender os perigos existentes durante o preparo dos alimentos. 1.1 O que são micro-organismos e outros perigos Os micro-organismos, também conhecidos como micróbios, são seres simples ou unicelulares, que só podem ser vistos no microscópio (veja na figura 1 um exemplo de microscópio) ou quando se multiplicam em milhões de seres e formam grandes colônias, como vemos na figura 2, isto pode acontecer em Quando as condições do alimento são ideais para os micróbios, uma única bactéria pode se multiplicar em 130.000 em apenas 6 horas! 6 Técnico em Serviços de Restaurante & Bar Competência 01 poucas horas. Para que isto aconteça é necessário que estes micróbios encontrem um ambiente ideal e os alimentos são, sem dúvida, o melhor dos ambientes para sua multiplicação, pois são ricos em nutrientes e água. Outro elemento importante para o crescimento dos micro-organismos é a temperatura, eles conseguem crescer mais rápido e melhor quando estão à mesma temperatura em que nós estamos, é o que chamamos de temperatura ambiente, ela pode variar de acordo com cada região e hora do dia, mas está entre 25 e 35°C. Você já deve ter observado o crescimento do que chamamos popularmente de “mofo” em frutas e vegetais quando deixamos estes alimentos muitos dias fora da geladeira. Figura1-Micro-organismos observados em microscópio. Fonte: Banco de Alimentos e Colheita Urbana: Manipulador de Alimentos I, 2003. Figura 2-Multiplicação dos micro-organismos. Fonte: Banco de Alimentos e Colheita Urbana: Manipulador de Alimentos I, 2003. Como já foi dito, os micro-organismos estão por toda parte (figura 3) e, 7 Estudo da Higiene e Manipulação dos Alimentos Competência 01 principalmente, em nós, manipuladores. Na figura 4 podemos ver que cabelos, nariz, boca e garganta, intestino, mãos, roupas e sapatos são locais onde podemos encontrar estes seres vivos. Você pode perceber, então, que por estarem em todos os lugares, que cabe a nós evitar que eles se multipliquem em número capaz de causar algum dano à saúde e, principalmente, Doenças Transmitidas por Alimentos (DTA). Figura 3-Locais onde estão os micro-organismos no ambiente. Fonte: Banco de Alimentos e Colheita Urbana: Manipulador de Alimentos I, 2003. Figura 4- Locais onde estão os micro-organismos no manipulador. Fonte: Banco de Alimentos e Colheita Urbana: Manipulador de Alimentos I, 2003. 8 Técnico em Serviços de Restaurante & Bar Competência 01 Além dos micro-organismos, outros elementos presentes no cotidiano do manipulador podem ser classificados como perigosos. Mas o que são, então, os perigos? São situações, objetos ou serviços que podem causar danos à saúde ou à integridade do consumidor. Além dos micro-organismos (perigo biológico), pode-se classificar como perigo substâncias de natureza química adicionada aos alimentos (perigo químico) e não declaradas nos rótulos, e material externo, a exemplo de vidros, metais ou partes de insetos, sendo assim chamados de perigos físicos. Para a garantia da qualidade é necessário o constante monitoramento da presença e quantidade desses perigos nos alimentos, e o manipulador bem capacitado tem papel fundamental no processo com vista à produção de alimentos saudáveis e seguros. Vamos, então, aprender um pouco mais sobre cada um desses perigos. a) Perigos Biológicos – aqui se podem englobar todos os micro-organismos: bactérias, fungos, parasitas e vírus. Entretanto, são as bactérias as que mais ocorrem nos alimentos como contaminantes e são elas as que mais acometem o consumidor das Doenças Transmitidas por alimentos (DTA). As DTA acontecem principalmente devido a: i. Falta de higiene de utensílios, mãos e equipamentos, por exemplo, quando você se esquece de lavar as mãos ao sair do banheiro ou quando utiliza a mesma faca ou tábua para corte de carnes e vegetais sem antes fazer a lavagem com água potável corrente e detergente; ii. Cruzamentos entre alimentos crus e cozidos, por exemplo, quando ao chegar do supermercado você deixa na mesma prateleira da geladeira alimentos prontos sem proteção (um pudim) e uma caixa de leite, suco ou ovos, ou ainda quando você coloca na mesma superfície (tábua) uma carne assada e as hortaliças da salada; iii. Uso de alimentos contaminados, por exemplo, quando utilizamos creme de leite com mais de dois dias em geladeira após aberto, ou quando deixamos de um dia para o outro um alimento pronto sem refrigeração e reaquecemos achando que não haverá 9 Estudo da Higiene e Manipulação dos Alimentos Competência 01 perigo de contaminação; iv. Exposição prolongada dos alimentos a temperatura inadequada ou cozimento insuficiente, por exemplo, quando deixamos saladas e sobremesas serem servidas fora da temperatura de refrigeração ou quando não cozinhamos completamente um alimento, carnes mal passadas, ovos servidos com a gema ainda pastosa ou líquida, estas são condições onde há chance de micro-organismos se multiplicarem. E quando os micro-organismos se multiplicam os consumidores ficam expostos as DTA, principalmente pessoas debilitadas, em recuperação ou usando medicação; idosos, crianças e mulheres grávidas. Pessoas nessas condições são classificadas como “grupo de risco”, uma vez que o sistema de defesa destas é mais vulnerável e tem maior chance de serem contaminadas. Os principais sintomas de DTA são: diarreia, náusea, vômito, dor de cabeça, dor abdominal, febre, formação de gases, cansaço e perda de apetite. Cinco fatores são determinantes para o crescimento de micro-organismos nos alimentos: pH, disponibilidade de água, composição do alimento, disponibilidade de oxigênio e TEMPERATURA. Os micro-organismos têm mais chances de multiplicação em alimentos com pH neutro ou próximo da neutralidade (6,5 – 7,0). A água potável da sua casa ou do estabelecimento onde você trabalha deve ter pH neutro. Alimentos como carne, ovos, leite apresentam pH naturalmente neutro e quando ocorre aumento do seu pH (8,0 - 9,0) é sinal de que algum micro-organismo já está crescendo por lá. pH ácido ou pH baixo (2,0 – 4,0) não é muito agradável ao crescimento, principalmente de bactérias, sendo assim sucos de frutas são mais estáveis ao crescimento de micro-organismos. Todos os alimentos são ricos em água, em geral apresentam na sua composição acima de 70% de água! Os micro-organismos adoram esta condição e, por isso, os alimentos são também excelentes meios de cultura (elemento usado em laboratório para verificar o crescimento dos micro- organismos). Por este motivo, muitos alimentos são vendidos desidratados ou secos, como carne de charque, frutas cristalizadas ou secas, grãos em geral, A lavagem das mãos é uma das etapas mais importantes no preparo de alimentos. Ela é uma prática bíblica relatada por Moises como uma boa conduta a saúde! A lavagem das mãos é uma das etapas mais importantes no preparo de alimentos. Ela é uma prática bíblica relatada por Moises como uma boa conduta a saúde! 10 Técnico em Serviços de Restaurante & Bar Competência 01entre outros que podem ser facilmente encontrados em supermercados com menor teor de água. Cada alimento, de acordo com sua composição química, pode ser mais facilmente atacado, ou contrariamente, dificultar o crescimento microbiano. Já dei alguns exemplos de alimentos vulneráveis, em contrapartida óleos, manteiga e especiarias são ótimos exemplos de alimentos que dificilmente estragam, isto se deve à composição química, pois todos eles são pobres em água e, por consequência, não atraem os micro-organismos. A maioria das bactérias que deteriora alimentos e causa doenças precisa também de oxigênio para se multiplicar, contudo isto não é uma regra, pois mesmo alimentos embalados a vácuo (onde é retirado o oxigênio da embalagem) podem ser deteriorados por micro-organismos que não precisam de oxigênio. Então, tenha muito cuidado ao abrir embalagens (latas, caixas, vidros, entre outros). Em caso de sobras, é necessário transferir os alimentos para uma nova embalagem e respeitar o prazo de validade do fabricante. De todos os fatores citados é a temperatura o mais preocupante na produção de alimentos. As bactérias crescem em velocidade máxima quando estão à temperatura ambiente (25-35°C) e, por este motivo, temos que ter toda precaução na hora de preparar os alimentos, pois na maioria dos casos as etapas de corte, moldagem e mistura, são feitas a esta temperatura e falhas de higiene em equipamentos, utensílios e manipulador podem levar a contaminação de alimentos preparados. Outro cuidado importante é o de evitar as chamadas “contaminações cruzadas”, estas ocorrem quando misturamos alimentos crus e alimentos prontos em uma mesma etapa de produção e, por consequência, contaminamos os alimentos já prontos para o consumo. Situações onde o arroz da festa fica exposto ao strogonoff que será preparado, por exemplo, dá chance de contaminação do arroz pelos micro- organismos da carne de aves. Então, nunca se esqueça de estar sempre atento como nossa colega na figura 5. 11 Estudo da Higiene e Manipulação dos Alimentos Competência 01 Figura 5-Principais cuidados do manipulador com os perigos biológicos. Fonte: Banco de Alimentos e Colheita Urbana: Manipulador de Alimentos I, 2003. b) Perigos Químicos – Toda e qualquer substância química acidental ou propositalmente adicionada aos alimentos. São exemplos produtos de limpeza, detergentes, pesticidas, herbicidas, medicamentos veterinários, toxinas naturais, metais pesados, aditivos (não permitidos e não rotulados). Situações onde o manipulador pode expor o alimento a este perigo são: i. Durante a lavagem e higienização das hortaliças, esta etapa deve ser rigorosamente executada e o manipulador não deve usar uma quantidade de água sanitária acima do recomendado, pois estará contaminando o alimento; ii. Na etapa de limpeza de animais que possuem toxinas naturais como no caso do baiacu (um peixe comum no norte do país) que tem nas vísceras uma toxina capaz de matar o comensal quando não removida; e iii. Quando o produtor não respeita o tempo de eliminação de pesticidas, herbicidas e drogas veterinárias em vegetais e animais e expõe o consumidor a frutas e vegetais ainda contaminados ou carnes que ainda apresentam resíduos de medicamentos. 12 Técnico em Serviços de Restaurante & Bar Competência 01 Figura 6-Perigo biológico, químico e físico na produção de alimentos. Fonte: Banco de Alimentos e Colheita Urbana: Manipulador de Alimentos I, 2003. c) Perigos Físicos – todo material estranho presente nos alimentos pode ser considerado perigo físico. São exemplos resíduos de madeira, vidro, metal (pregos, parafusos, entre outros), unha, dentes, fios de cabelo, pragas (insetos e roedores). Estes não fazem parte de forma natural dos alimentos e podem causar danos sérios como perfurar ou cortar interna ou externamente tecidos e órgãos do consumidor. E mesmo aqueles que não causem danos sérios, como fios de cabelo, podem provocar repugnância e descrédito da parte do comensal, levando a dúvidas sobre as condições de higiene do alimento preparado. Na figura 6 temos alguns exemplos de perigos biológicos, químicos, e físicos. 13 Estudo da Higiene e Manipulação dos Alimentos Competência 01 1.2 Boas práticas e sua importância para o manipulador de alimentos Os perigos presentes na produção dos alimentos possuem várias naturezas (biológica, física e química) e são grande motivo de preocupação a todos os manipuladores de alimentos. Contudo, algumas regras simples podem garantir o controle destes elementos na sua cozinha ou no seu restaurante! Estas medidas simples são chamadas de Boas Práticas e estão relacionadas principalmente a: trabalhar em um ambiente adequado às necessidades da produção; prevenir sistematicamente a contaminação de utensílios, equipamentos e ambientes; prevenir a contaminação e doenças entre os funcionários (manipuladores); prevenir a contaminação pelo ar (ar condicionado ou poluição ambiental); prevenir a contaminação por produtos químicos; garantir o controle de pragas e a qualidade da água; além de manter a ordem quanto à limpeza, recolhimento e acondicionamento do lixo. Ser, então, um fiel vigilante da qualidade como você pode ver na figura 7. As Boas práticas têm uma abordagem ampla e estão relacionadas ao ambiente e ao pessoal envolvido (manipuladores). Assim, caro leitor, quando você segue regras simples de higiene está garantindo a sua saúde e a dos indivíduos que se alimentam das refeições preparadas por você. Agora, vamos às regras de Boas práticas! Figura 7-Importância do manipulador na vigilância das boas práticas. Fonte: Banco de Alimentos e Colheita Urbana: Manipulador de Alimentos I, 2003. 14 Técnico em Serviços de Restaurante & Bar Competência 01 1.3 Principais ações em Boas Práticas no controle dos perigos Vamos aprender agora cada etapa da aplicação das Boas Práticas na rotina do seu estabelecimento ou da sua produção. Vou te explicar como você deve proceder por cada atividade ou etapa. Está preparado para o desafio? 1) Instalações ou local de trabalho É importante que você tenha consciência de que é sua responsabilidade (no caso de você ser o dono) ou do seu chefe manter o local de produção em condições adequadas para atividade. Isto quer dizer que a realização de reformas, adequações e manutenções são necessárias quando existem problemas de infiltração, vazamento de água e esgoto, revestimento de pisos e paredes quebrados ou danificados, banheiros em condições inapropriadas para uso, e principalmente quando durante as atividades no local de produção há a possibilidade da saída de lixo acontecer pelo mesmo local onde os alimentos prontos ou crus são levados para serem servidos. Quando este tipo de situação acontece significa que há chance de contaminação por todos aqueles perigos que conversamos no inicio desta competência. Este tipo de problema é considerado muito grave e precisa ser corrigido. Muitas vezes basta apenas que se estabeleça um horário para o recolhimento do lixo e esta fonte de perigo já estará longe de contaminar sua preparação. 2) Controle do fornecedor Diz um velho ditado popular que “o olho do dono é que engorda o boi”. Poderíamos reescrever esse ditado da seguinte forma: “o olho do dono garante que ele conhece seu fornecedor!” Terestabelecimento de alimentos ou trabalhar com alimentos significa ser vigilante durante toda e qualquer etapa do seu processo. Assim, é necessário que ao receber a matéria prima você tome todas as precauções, entre elas: verificar se seu fornecedor está registrado na Vigilância Sanitária ou Ministério da Agricultura; verificar se os produtos entregues apresentam, por escrito, todos os ingredientes e se a 15 Estudo da Higiene e Manipulação dos Alimentos Competência 01 descrição é de fato o que você solicitou; verificar se ele possui boas práticas na sua rotina, se o fornecedor respeita as características do alimento durante a entrega (por exemplo, carnes congeladas precisam ser entregues desta forma) e também verificar peso, lote e prazo de validade. Quando você toma estas medidas, as chances de receber um produto contaminado, estragado ou descaracterizado diminuem significativamente, além de ser possível a redução do desperdício durante o armazenamento. Então, se hoje é dia de mercearia ou dia de entrega de material, fique de olho! 3) Equipamento de produção Quando estamos montando um espaço para produção de alimentos é importante ter em mente que todos os equipamentos, móveis e utensílios devem ser construídos e instalados de acordo com os princípios de projeto sanitário, isto quer dizer que o seu local de trabalho deve ser organizado e conter apenas o que você utiliza na sua rotina de produção e isso se aplica a todos os espaços destinados a produção de alimentos. É importante também que o fluxo de trabalho seja respeitado, que não haja encontro entre alimentos crus e alimentos prontos, alimentos “sujos” e alimentos higienizados (vamos falar um pouco mais sobre esta palavra em breve!). Em muitos locais trabalhamos com certo “improviso”, pois adaptamos o local ou temos mais de uma atividade nele (como na cozinha de sua casa), contudo é importante ter sempre em mente que a limpeza é fundamental, o respeito à temperatura dos alimentos também, além da garantia da saúde de quem trabalha com o alimento. Estas são condições que independem do local e sim da sua postura profissional! É importante também fazer a manutenção ou substituição dos equipamentos e utensílios. Equipamentos quebrados só ocupam espaço e produzem sujeira. Se você não usa um determinado equipamento no mínimo mensalmente na sua produção é porque você não precisa dele, então faça a guarda em outro local para evitar o acúmulo de sujeira. Utensílios como tábuas, colheres de polipropileno (um plástico duro bastante utilizado na produção de colheres em substituição a colher de pau) têm prazo de seis meses a dois anos para serem substituídos. Estes com o 16 Técnico em Serviços de Restaurante & Bar Competência 01 passar do tempo ficam desgastados e com ranhuras, o que dificulta a lavagem e acabam se tornando uma fonte de contaminação. 4) Higienização= Limpeza e Desinfecção A higienização é o resultado de duas etapas: limpeza e desinfecção. Esta deve ser realizada em utensílios e equipamentos, sendo uma das etapas mais importantes para a garantia das boas práticas. Você sabe a diferença entre limpar e desinfetar? No dia a dia costumamos fazer as duas condutas sem exatamente saber a diferença. Basicamente quando retiramos as sobras e lavamos com detergentes estamos LAVANDO, isso é o que se costuma fazer em casa. Quando estamos preparando alimentos para um grande número de pessoas, além de lavar e preciso também DESINFETAR, isto é feito quando utilizamos uma solução clorada (no fim desta competência eu vou te ensinar a preparar esta solução, é bastante simples!) assim como mostra a figura 8, que está ilustrando as principais etapas para limpeza e higiene dos utensílios e a figura 9 que ilustra os mesmos processos para os equipamentos. Figura 8-Limpeza e higienização de utensílios. Na etapa A foi feita a limpeza que retira a su- jeira que vemos. Na etapa B foi feita a higienização e a retirada da sujeira que NÃO vemos (micro-organismos). Fonte: Banco de Alimentos e Colheita Urbana: Manipulador de Alimentos I, 2003. 17 Estudo da Higiene e Manipulação dos Alimentos Competência 01 Figura 9-Limpeza e higienização de equipamentos. Antes de iniciar é necessário retirar da tomada e desmontar. Na etapa A foi feita a limpeza, lavagem com detergente e enxágue (etapa B). Na etapa C foi feita a higienização com solução clorada e novamente o material deverá ser enxaguado. Fonte: Banco de Alimentos e Colheita Urbana: Manipulador de Alimentos I, 2003. Você já deve ter percebido que a solução clorada deve ser aplicada sempre após a etapa de limpeza. Mas como preparar a solução clorada? Veja na figura 10. Figura 10-Preparo da solução clorada. Fonte: Banco de Alimentos e Colheita Urbana: Manipulador de Alimentos I, 2003. Uma colher de sopa de água sanitária (com 2% de cloro) para um litro de água limpa ou 100 ml água sanitária (com 2% de cloro) para 10 litros de água limpa. 18 Técnico em Serviços de Restaurante & Bar Competência 01 A água sanitária vendida nos supermercados pode ter 1 ou 2% de cloro. Você precisará ler o rótulo, pois para aquelas que apresentam apenas 1% de cloro você precisará colocar 2 colheres de sopa para 1 Litro de água, ok! 5) Higiene pessoal Todos os funcionários ou quaisquer outras pessoas que entrarem ou participarem da produção dos alimentos deverão cumprir os requisitos referentes à higiene pessoal. Isto que dizer que todos os funcionários deverão estar vestindo suas fardas de acordo com a função. O seu fardamento é seu equipamento de proteção individual (EPI) e deve estar limpo e completo. Seu chefe tem a responsabilidade em lhe fornecer o EPI completo e adequado às necessidades, mas você tem a obrigação de mantê-lo limpo e usá-lo corretamente. Além disso, é necessário estar asseado para o trabalho com alimentos, ter unhas e cabelos cortados, não utilizar brincos, colares, anéis e maquiagem durante todo o tempo em que estiver trabalhando, e para os homens tem mais uma recomendação, estar de barba feita! Homens precisam fazer diariamente a barba, caso haja algum impedimento é possível também trabalhar com máscaras, desde que a cada 2 horas ela seja substituída por uma nova. Você pode estar pensando neste momento: “quantas regras e exigências!”, mas nessa hora tenho que ser franca, manipular alimento é coisa séria! Ao oferecer um alimento a um indivíduo você pode estar oferecendo saúde ou doença, vai depender da qualidade e inocuidade do referido alimento. Um manipulador deve trabalhar com vistas a garantir a saúde das pessoas e para isto é necessário o cumprimento de regras de higiene e boa conduta. Veja na figura 11 a diferença entre um manipulador treinado e um manipulador que traz riscos à saúde do consumidor. Ademais, trataremos com mais detalhes sobre a higiene do manipulador na competência 3. Lembretes importantes: A desinfecção com a solução clorada pode ser feita borrifando a superfície, ou deixar o utensílio de molho por 2 minutos; Só reutilizar 15 minutos depois; Após o uso de panos de cozinha, lavá-los e fervê-los. Usar sempre panos secos e limpos, trocando-os quando necessário. 19 Estudo da Higiene e Manipulação dos Alimentos Competência 01Figura 11-Diferenças entre um manipulador de alimentos treinado e não treinado. Fonte Manual de elementos de apoio para o sistema APPCC, 2001. Acho que você já percebeu o quanto seu papel é importante para que as boas práticas funcionem, então vamos saber um pouco mais sobre alguns pré- requisitos relevantes. 20 Técnico em Serviços de Restaurante & Bar Competência 02 2.COMPETÊNCIA 02 | CONHECER E APLICAR TÉCNICAS DE CONTROLE DA ÁGUA, PRAGAS E SAÚDE DO MANIPULADOR Antes de pensarmos no funcionamento das boas práticas no seu ambiente de trabalho é preciso que o estabelecimento já possua e realize com qualidade três monitoramentos, são eles: avaliação da qualidade da água empregada; controle de pragas e controle da saúde do manipulador. 2.1 Avaliação e controle da qualidade da água A água utilizada para consumo direto ou no preparo dos alimentos deverá ser de qualidade, para isso deverá ser controlada periodicamente. A melhor forma de fazer este controle é ter um reservatório de água (caixa d’água) destinado exclusivamente para as atividades da cozinha. Nestas condições, em caso de contaminação, você saberá exatamente a origem e terá como controlar e impedir a sua proliferação. O reservatório deve estar isento de rachaduras e sempre tampado, devendo ser limpo e desinfetado nas seguintes situações: • Quando for instalado; • A cada seis meses; • Na ocorrência de acidentes que possam contaminar a água (animais, sujeira, enchentes). A água para consumo e atividades de preparo de alimentos deve ser límpida, transparente, insípida (sem sabor) e inodora (sem cheiro). Caso você tenha um poço artesiano, é necessário comunicar a Vigilância Sanitária e seguir alguns cuidados como explicado abaixo: As águas de poços, minas e outras fontes alternativas só devem ser usadas O vapor de água, quando utilizado em contato com produtos ou superfícies que entram em contato com alimentos, não pode representar riscos de contaminação, fique de olho! 21 Estudo da Higiene e Manipulação dos Alimentos Competência 02 desde que não exista risco de contaminação (fossa, lixo, pocilga) e quando submetidas a tratamento de desinfecção. Após a desinfecção da água, é realizada análise bacteriológica em laboratório especializado. Para a higiene (lavagem e desinfecção) dos reservatórios, deixarei abaixo um roteiro bem simples e eficiente! Instruções para desinfecção de reservatórios com capacidade até 5.000 litros a) Fechar o registro da entrada de água que vem da rua. b) Esvaziar o reservatório. d) Abrir o registro de entrada de água da rua e esperar a água atingir cerca de um palmo de altura no reservatório. e) Escovar as paredes com escova de fibra vegetal ou fio de plástico macio (nunca use sabão, detergente ou outro produto). f) Retirar o lodo que irá se formar no fundo do reservatório com baldes e pá de plástico para não danificar as paredes, depois limpar enxaguando as paredes de modo a eliminar toda a sujeira. g) Evitar escovas de aço, escovões, vassouras e estopa. i) Depois de removida toda sujeira, preparar uma solução contendo 200 ppm de cloro. Essa solução pode ser obtida em um recipiente, de duas maneiras: 1º - Adicionar 4 colheres das de sopa (40 ml) de hipoclorito de sódio a 10% para 20 litros de água (2 baldes de 10 litros);ou 2º - Adicionar um copo americano (200ml) bem cheio de água sanitária (recomendada para desinfecção de uso geral) para 20 litros de água (2 baldes de 10 litros). – a mesma que você aprendeu para lavar utensílios e equipamentos. j) Pulverizar ou enxaguar com balde as paredes do reservatório, com a solução, evitando a formação de depósitos no fundo (poças). Manter úmida toda superfície interna do reservatório durante 2 horas. Refazer a solução, se 22 Técnico em Serviços de Restaurante & Bar Competência 02 necessário. Observação: Caso haja evaporação do desinfetante em 30 minutos, repetir a operação anterior. Com o reservatório desinfetado: a) Abrir a entrada de água e enchê-lo novamente, ligando as bombas (ao atingir a capacidade total do reservatório, os resíduos de seu desinfetante estarão diluídos e cairão para 1 a 2 ppm (concentração permitida pela legislação); b) Anotar do lado de fora da caixa a data da limpeza para seu controle; c) Se possível realizar análise microbiológica para verificar a eficiência da desinfecção, para isto você deverá entrar em contato com um laboratório especializado; d) Recomenda-se que a desinfecção dos reservatórios seja realizada a cada seis meses. É importante lembrar-se de que todos os cuidados com a água potável também são aplicados ao gelo, pois este é na maioria das vezes usado como alimento ou para resfriar diretamente um alimento. O gelo usado para resfriar externamente os recipientes com alimento nunca deve ser usado como ingrediente no alimento ou para bebidas. Deve-se usar recipiente limpo e higienizado para colocar o gelo, além de ser necessário usar utensílio de cabo longo, também higienizado, para transferi-lo. 2.2 Controle de pragas em ambiente de produção de alimentos Pragas são todos os insetos, roedores e aves, dentre outros animais que devido ao seu curto ciclo de vida e desenvolvimento, multiplicam-se massivamente e muitas vezes apresentam uma população muito superior a de humanos. Além disso, apresentam hábitos de alimentação similares a nós. Nunca se deve utilizar recipientes que transportem carnes cruas, peixes ou aves para colocar gelo. Fique de olho! A título de curiosidade.... Existe de três a dez ratos ou pombos e dezenas de baratas por pessoa, então não adianta acreditar que você conseguirá extermina-los da terra! 23 Estudo da Higiene e Manipulação dos Alimentos Competência 02 Assim, para evitar que estes animais tragam à produção riscos a saúde é necessário seu controle. Como vimos na primeira competência, pragas fazem parte dos PERIGOS existentes na produção de alimentos. Devem-se estabelecer programas eficientes de controle de pragas. Também é um perigo biológico, pois suas fezes, pena e pelos possuem bactérias causadoras de doenças. Sendo assim, caro (a) leitor (a), é preciso levar a sério o controle destes animais no seu ambiente de trabalho. Você pode estar curioso em saber se existe uma forma de eliminar completamente este perigo de sua cozinha. Infelizmente não existe uma técnica de extermínio! O que fazemos é o controle da população, através de técnicas integradas que mantém o animal o mais longe possível do seu estabelecimento. Contudo, não é qualquer pessoa e nem qualquer inseticida que vai resolver esta situação. O controle de insetos, roedores, aves e outros animais de uma unidade deve ser feito por profissionais credenciados de firmas especializadas e devidamente registradas. A título de curiosidade, você pode consultar o manual de “Controle Integrado de Pragas”, elaborado pela Associação Brasileira de Profissionais da Qualidade de Alimentos PROFIQUA/SBCTA( São Paulo, 1996). Este material contempla os principais aspectos de controle das diferentes pragas que podem afetar uma unidade produtora de alimentos. Contudo, é importante que você procure em sua cidade uma empresa especializada no controle de pragas, pois só elas têm autorização da VigilânciaSanitária de sua cidade para atuar nesta atividade. Aqui serão dadas algumas indicações básicas sobre o controle das principais pragas: moscas, baratas, ratos e aves, para que você possa conhecer e realizar condutas que afastam estes animais da sua cozinha! 1. Controle de moscas a) Cuidados nas áreas externas 24 Técnico em Serviços de Restaurante & Bar Competência 02 O lixo é o maior responsável pela atração e criação de insetos. Caso não seja removido sistematicamente e as áreas não sejam cuidadas (lavadas e/ou tratadas com inseticidas nos locais mais afastados), haverá maior população de insetos e, consequentemente, maior probabilidade de entrarem no ambiente. O uso de lâmpada fluorescente na parte externa causa a atração de insetos noturnos para as instalações. Devem ser substituídas por luz de sódio. Procure nos estabelecimento de venda a descrição “lâmpada de sódio”. Em caso de dúvidas, vá até uma loja de construção e peça orientações. b) Barreiras para evitar a entrada de insetos na unidade Eliminação de possíveis pontos de entrada de insetos, tais como: portas e janelas mal vedadas ou teladas, aberturas sem proteção (tubulações, etc.). Portas com sistema para permanecer sempre fechadas, como dispositivo de mola, etc. Eliminação de insetos na área Armadilha luminosa: Se houver penetração de algum inseto, o uso de armadilha luminosa ajuda o controle. As principais exigências para sua instalação e uso são: número suficiente para cobrir a área; troca de lâmpada a cada ano e limpeza semanal das bandejas; instalação a cerca de 4 m da porta de entrada, a uma altura que não possa ser visualizada pelos insetos voadores do lado de fora; instalação em ponto que não incida sobre os olhos dos operadores; bandeja para recolhimento dos insetos mortos. Tratamento químico, através de pulverização com produtos permitido e feito por pessoas treinadas. 25 Estudo da Higiene e Manipulação dos Alimentos Competência 02 c) Monitorização O registro de incidência de insetos nas diferentes áreas deve ser feito, pois serve para avaliar se os fatores anteriormente vistos estão sendo observados ou se há necessidade de aumentar a frequência das desinsetizações pela firma responsável. 2. Controle de baratas Duas espécies de baratas são encontradas em nosso ambiente. A Periplaneta americana, de maior tamanho, muito comum em ralos e bueiros e a Blatella germanica, de menor tamanho, encontradas no interior de ladrilhos quebrados, paredes, equipamentos e que é bem mais difícil de ser eliminada (se reproduz mais rapidamente e é de mais difícil acesso para o combate). Você pode contribuir no combate a esta praga da seguinte forma: Tratando esgotos e bueiros externos; Fazendo uma limpeza adequada das superfícies, de um modo geral, para eliminação de qualquer tipo de resíduo de alimento; Procurando fechar as frestas e buracos nas áreas de processamento que servem de local de abrigo para baratas; Retirando adequadamente o lixo (conforme foi ensinado para as moscas); Vedando (com borrachas) a parte inferior das portas de acesso; Fazendo o monitoramento para dar informações à firma que faz a desinsetização, bem como para avaliá-la. 3. Controle de roedores Existem três tipos de roedores que podem ser encontrados nos diversos ambientes: o rato comum (Rattus rattus), a ratazana (Rattus norvegicus) e o camundongo (Mus musculus). Todos possuem hábitos noturnos. 26 Técnico em Serviços de Restaurante & Bar Competência 02 Para a proliferação de roedores são necessárias três condições: água (córregos, esgotos, rios, etc.), abrigo (esgoto, entulhos, sacarias, vegetação, etc.) e alimento (lixo com resíduos de alimentos, restos de comida espalhados no ambiente). Algumas ações podem contribuir no combate aos roedores: Verificar se há sinais de roedores: presença de fezes, sinais de danos (roeduras), cheiro e manchas de urina. Comunicar à firma especializada. Não permitir: pontos de entradas de roedores, tais como ralos sem proteção de telas, sifão, etc.; portas e janelas mal vedadas, calhas, forros; falhas na manipulação, guarda e descarte do lixo; presença de entulhos, caixas, etc.; grama e mato não aparados, trepadeiras até o telhado, nas paredes externas da fábrica, etc.; Na área de estocagem (almoxarifado), manter uma distância mínima de 30cm entre parede e paletes com insumos e produtos. Entre o piso e a base do palete deve-se manter a distância mínima de 20cm. Principais técnicas de combate aos roedores Armadilhas: podem ser para captura do roedor vivo (gaiolas, alçapões) ou do tipo ratoeiras. Essas últimas não devem ser usadas em área de processo. Iscagem: iscas de produtos anticoagulantes (menor perigo para homem e animais). Devem ser colocadas em locais estratégicos (áreas de acesso às instalações, canaletas, forro, etc.). Iscagem na parte externa deve estar presente em vários pontos, de forma a proteger (cercar) a unidade. As iscas não podem ser colocadas em áreas de processamento. Devem ser usadas dentro de comedouros ou porta-iscas, que devem ser mapeados e controlados. No próprio porta-iscas, ou próximo ao local, deve ser indicado: “Cuidado: veneno”. 27 Estudo da Higiene e Manipulação dos Alimentos Competência 02 4. Controle de Pássaros Pombos e pequenos pássaros (pardais, cambaxirras, etc.) podem causar diversos problemas de contaminação na unidade, especialmente de origem fecal. Como principais medidas preventivas (de controle) têm-se: Uso de telas nos locais de acesso como telhas, calhas, janelas; Uso de molas em portas, para permanecer sempre fechadas; Ausência de resíduos de alimentos na área externa; Evitar proliferação nos arredores; Uso de telas ou cortinas nos vãos de entrada. É importante lembrar-se de que o controle de pragas deve ser realizado periodicamente, através de empresas autorizadas, de modo a prevenir ou minimizar a presença de insetos e roedores. 2.3 Saúde do manipulador Caro (a) leitor (a), este é um dos itens mais críticos para o bom funcionamento das boas práticas. Pois, para tal, é necessário o entendimento da importância do empregado para o bom funcionamento e qualidade dos serviços prestados por parte do empregador. Todo o empregado deve ter as atividades registradas na carteira profissional e, como consequência, o empregador deve realizar o programa de controle da saúde de seus funcionários. A presença de pessoas em condições inapropriadas exercendo atividade profissional poderá ter implicações judiciais, além de trazer riscos à qualidade do alimento a ser produzido. O controle de saúde dos membros da equipe deverá ser realizado a partir da adoção obrigatória por parte de todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores como empregados do Programa de Controle Médico e 28 Técnico em Serviços de Restaurante & Bar Competência 02 Saúde Ocupacional (PCMSO), devendo-se seguir a Instrução Normativa n° 7 do Ministério do Trabalho (NR7). O PCMSO tem caráter de prevenção, rastreamento e diagnóstico precoce dos problemas à saúde relacionados ao trabalho, além da constatação da existência de casos de doenças profissionais ou danos irreversíveis à saúde dos trabalhadores (NR7). Assim sendo, seu objetivo não é a prevenção da contaminação dos alimentos e sim apromoção e preservação da saúde dos trabalhadores. Contudo, um trabalhador em pleno estado de saúde não oferecerá riscos à produção dos alimentos. O PCMSO deve incluir, entre outros, a realização obrigatória dos exames médicos: admissional (antes da contratação do profissional); periódico (durante as atividades do empregado); de retorno ao trabalho; de mudança de função (toda e qualquer alteração de atividade que implique a exposição do trabalhador a risco diferente daquele a que estava exposto antes da mudança); demissional (no momento da demissão). Os exames compreendem avaliação clínica, abrangendo exame da situação ocupacional, exame físico e mental, assim como exames complementares. Estes serão realizados a critério do médico coordenador ou encarregado ou por notificação do médico agente da inspeção do trabalho ou ainda decorrente de negociação coletiva de trabalho. 29 Estudo da Higiene e Manipulação dos Alimentos Competência 03 3.COMPETÊNCIA 03 | COMPREENDER E APLICAR TÉCNICAS DE HIGIENIZAÇÃO AMBIENTAL E HIGIENE PESSOAL Na primeira competência você pode aprender em linhas gerais a importância das principais ações para a garantia das boas práticas. Agora vamos aprofundar mais este conhecimento, aplicando as técnicas de higiene para seu ambiente de trabalho, equipamentos e utensílios (higiene ambiental) e para os manipuladores de alimentos (higiene pessoal). 3.1 Técnicas de higienização ambiental Você já conheceu dos conceitos básicos de higiene, limpeza e sanificação. Contudo, para uma melhor aplicação das boas práticas gostaria que você relembrasse estes e aprendesse novos conceitos. Vamos lá! 1. Higienização: procedimentos aplicados para que se eliminem ou reduzam a contaminação, minimizando os riscos de transmissão de agentes causadores de doenças. É um processo completo, que inclui limpeza, lavagem e sanificação. 2. Limpeza: procedimento que envolve a simples remoção de sujidades ou resíduos macroscópicos de origem orgânica ou não. Este tipo de operação é realizado quando você faz a varrição de um local, por exemplo. 3. Lavagem: procedimento que envolve a utilização de água e detergente ou sabão para uma melhor remoção da sujidade, podendo ou não reduzir a carga microbiana e até mesmo os patógenos em níveis suportáveis. Um exemplo deste procedimento é a lavagem de pratos, panelas e outros utensílios. Em algumas vezes, a limpeza e lavagem são contempladas em uma só operação. 4. Esterilização: procedimento físico ou químico que elimina todas as formas de vida, ou seja, que destrói os micróbios inativando seu metabolismo. Um exemplo são as técnicas para obtenção de alimentos estéreis para pacientes 30 Técnico em Serviços de Restaurante & Bar Competência 03 com doenças graves; 5. Sanificação/desinfecção: procedimento que elimina ou reduz os microrganismos patogênicos em níveis aceitáveis, ou seja, sem risco à saúde. Termo utilizado para ambientes e alimentos. Sanificação é sinônimo de desinfecção. Um exemplo é o emprego de solução clorada em superfícies antes do seu uso; 6. Antissepsia: procedimento que tem o mesmo efeito que a sanificação, eliminando ou reduzindo os patógenos em níveis suportáveis. O termo é utilizado para a ação externa em seres vivos, como pele e mucosas. Este procedimento em geral é aplicado para a área médica e diz respeito ao preparo de pacientes para o bloco cirúrgico; 7. Assepsia: procedimento que evita o retorno da contaminação, ou seja, dos perigos biológicos, físicos e químicos. Significa uma conduta de controle aplicada após a esterilização, sanitização ou antissepsia. É também qualquer procedimento que mantenha os micro-organismos indesejáveis afastados, seja em ambientes, superfícies ou mãos. Um exemplo é a lavagem de mão durante o preparo de alimentos sempre que o manipulador encerra uma etapa ou quando se faz necessário; A partir de agora, caro (a) leitor (a), usarei estas terminologias durante o texto. Elas fazem parte do cotidiano de um manipulador de alimentos bem treinado, então precisamos praticar para que você se familiarize e aplique em sua rotina, ok? Rotinas básicas para a higienização ambiental: Remover o lixo diariamente, quantas vezes necessário, em recipientes apropriados, devidamente tampados e ensacados, tomando-se medidas eficientes para evitar a penetração de insetos roedores ou outros animais; Impedir a presença de animais domésticos no local de trabalho; Seguir um programa de controle integrado de pragas. 31 Estudo da Higiene e Manipulação dos Alimentos Competência 03 Dentro desta rotina é preciso que você saiba a periodicidade de cada procedimento de limpeza. A Tabela 1 apresenta como desenvolver estas atividades dentro de um período ideal para manutenção de um espaço de produção limpo e saudável! AMBIENTE PERIODICIDADE Pisos, rodapés, ralos e sanitários Diário Parede Semanal Área de lavagem de panelas, confeitaria e açougue Diário Portas e janelas Semanal Maçanetas, cadeiras e mesas (refeitório) Diário Luminárias, interruptores, tomadas Mensal Telas Mensal Teto ou forro Anual Lavatórios (pias) Diário Proceder à limpeza das saboneteiras sempre que houver necessidade de preenchê-las com produto Bancadas Diário (conforme o uso / troca de atividade) Estoque e estrados Quinzenal Monoblocos e recipientes de lixo Diário Coifa (partes móveis) Semanal Geladeiras, câmaras e freezers Semanal Equipamentos e utensílios em geral Diário A água do balcão térmico deve ser trocada diariamente. O volume de água deve ser suficiente para favorecer a manutenção da temperatura dos alimentos durante a distribuição. Deve ser ligado com o tempo necessário para atingir a temperatura recomendada (80ºC a 90ºC) Tabela 1-Periodicidade de limpeza ambiental Fonte: O autor. 32 Técnico em Serviços de Restaurante & Bar Competência 03 A higiene do seu ambiente de trabalho é o seu primeiro cartão de visitas, uma das estratégias de marketing é convidar seu cliente para conhecer suas instalações. Na figura 12 você pode observar o mesmo ambiente em duas situações, um está completamente fora das conformidades, ou seja, em condições inapropriadas para a manipulação de alimentos e o outro em perfeitas condições. Então, pergunto: qual seria a condição ideal de trabalho? Obviamente de que você não terá dúvidas em apontar o ambiente em conformidade. Mas para que você possa estar em um ambiente limpo como exemplificado é necessário que você execute os procedimentos de higienização completos e seguindo as etapas como explicarei a seguir. Figura 12- Demonstração de uma cozinha de produção em condições inapropriadas para produção de alimentos e em perfeitas condições de atividade. Fonte: Cartilha ANVISA, RDC 216, 2004. 33 Estudo da Higiene e Manipulação dos Alimentos Competência 03 Procedimentos para lavagem e desinfecção do ambiente 1) Higienização manual Retirar o excesso de sujidade e/ou recolher os resíduos. No caso de pisos é proibido varrer a seco nas áreas de manipulação. Os resíduos podem ser recolhidos com auxílio de pá, preferencialmente de fechamento. Lavar com água, de preferência aquecida a 42ºC, e detergente. Enxaguar em águacorrente até remoção total do detergente. Desinfetar com álcool 70% ou solução clorada a 200 ppm (ver “Diluições”) –pode ser utilizado borrifador. Enxaguar as superfícies que entram em contato direto com os alimentos. Secar naturalmente. Não utilizar panos. No caso de pisos e bancadas a água pode ser retirada com auxílio de rodo. Para as bancadas o rodo deve ser exclusivo, de cabo curto, de material plástico ou metal, sendo necessário lavá-lo e desinfetá-lo após o uso. 2) Higienização da caixa de gordura Em estabelecimentos de grande porte você encontrará a caixa de gordura. Ela serve como um mecanismo de contenção para a gordura que escorre pelo ralo de pias. E deve ser limpa mensalmente ou conforme a necessidade, de acordo com a natureza das atividades do estabelecimento. Para sua limpeza devem ser aplicados os seguintes procedimentos: a) recolher toda a gordura depositada utilizando uma pá exclusiva para este fim; b) garantir a retirada total da gordura, inclusive àquela aderida às paredes e à tampa; c) esfregar com vassoura ou escova exclusiva para esse fim, água fervente e Importante O detergente deve ter as seguintes características: bom emulsificador, bom solvente, bom emoliente, bom defloculador, bom agente de dispersão, ser muito solúvel e inofensivo para o homem. A solução clorada pode variar entre 100 e no máximo 250 ppm. Monitorar a concentração de cloro ativo ou trocar a solução a cada 6 horas. No caso do álcool 70%, trocar a cada 24 horas. O tempo de contato da solução clorada com a superfície deve ser de aproximadamente 15 minutos, ou seja, após um borrifamento, por exemplo, deve-se esperar pelo menos 15 minutos antes de reutilizar um recipiente. Se a desinfecção com a solução clorada for feita por imersão, recomenda-se deixar por 2 minutos e, após a retirada, aguardar 15 minutos para a reutilização. Continua... 34 Técnico em Serviços de Restaurante & Bar Competência 03 produto desengordurante apropriado para essa finalidade; d) enxaguar bem, se possível com água sob pressão; e) deixar escoar. Para a garantia da higiene diária deixo algumas recomendações: Manter o ambiente limpo e seco. Os equipamentos devem ser desligados da tomada e as partes dos móveis retiradas para proceder à limpeza adequada. Não é permitido o uso de escova de metal, lã, palha de aço, madeira, amianto e materiais que não possibilitem uma adequada higiene. No preparo de qualquer tipo de solução de limpeza é recomendado adicionar o produto ativo na água, nunca o inverso. Respeitar as diluições. Não é permitida a mistura entre produtos de limpeza como detergentes e desinfetantes, exceto para produtos preparados industrialmente pelo produtor e registrados no Ministério da Saúde. Despejar o detergente na esponja. As esponjas de limpeza não devem imergir em recipiente com detergente. Manter os produtos de limpeza nas embalagens originais e não reaproveitá-las. Quando utilizar borrifadores para as soluções desinfetantes, esses devem estar devidamente identificados. Materiais de limpeza, principalmente detergentes e desinfetantes, devem ser mantidos longe de alimentos e na embalagem original, facilmente identificável. A limpeza deve começar pelos lugares mais altos e por último o piso. Controlar a operação de limpeza para que os utensílios e/ou equipamentos e suas partes móveis a serem lavados e desinfetados mantenham-se apoiados em algum suporte, não tocando diretamente o piso. Utensílios de limpeza usados nos vestiários e banheiros não devem ser utilizados nos locais de manipulação de alimentos; esses devem ser exclusivos, identificados com etiquetas ou cores. Conservar recipientes de lixo revestidos com saco plástico e É o treinamento constante dos funcionários em relação à higiene e às técnicas corretas de manipulação que garantirá o sucesso das boas práticas! ...Continuação Alguns utensílios de difícil higienização, por exemplo, saco de confeitar (sacapuxa), devem ser substituídos por outros de material descartável ou apropriado. No caso de sacapuxa de pano ou outro material não descartável, proceder às recomendações de “higienização manual”, realizando a desinfecção pelo método físico: fervura por 10-15 minutos. 35 Estudo da Higiene e Manipulação dos Alimentos Competência 03 permanentemente tampados. Quando os funcionários tiverem que destampá-los com as mãos, higienizá-las posteriormente. Os sacos de lixo devem estar sempre acondicionados em recipientes. As mangueiras de limpeza quando não em uso, devem ser enroladas e guardadas penduradas para que não entrem em contato com o piso. Não manter panos destinados para limpeza espalhados pelo ambiente. Os balcões de distribuição não devem ter panos expostos para limpeza rápida. Mantê-los em local apropriado. Não utilizar panos de chão como “tapete”, nem papelão. Os panos de cozinha ou de mão deveriam ser descartáveis, por se constituírem em focos de contaminação. No caso da utilização de panos não descartáveis, esses deverão ser exclusivos para a finalidade e serem lavados com água e detergente próprio, clareados com solução clorada, desinfetados pelo calor (fervura por 10-15 min) e secados em local apropriado, isento de contaminação ou sujidades. Não secar os panos sobre equipamentos, como, por exemplo, nas grades de circulação das geladeiras. Os utensílios e equipamentos devem ser guardados em local limpo, seco, exclusivo e protegido contra poeira e insetos. Nada deve estar em contato direto com o piso. Todos os utensílios de limpeza devem ser mantidos suspensos em local próprio. As prateleiras não devem estar revestidas com papel ou pano. Na impossibilidade da utilização de Hipoclorito de Sódio, poderá ser utilizado álcool gel 70%. Se usar álcool gel a 70%, a solução deve ser trocada a cada 24 horas. Agora que você já sabe como conduzir a higiene do seu local de trabalho, vamos ver quais as condutas de higiene mais importantes? 3.2 Higiene Pessoal Caro (a) leitor (a), costumo dizer que esta etapa é a mais importante para 36 Técnico em Serviços de Restaurante & Bar Competência 03 todo o processo e o entendimento das boas práticas. Digo isso principalmente porque sei que é você, como manipulador de alimentos, o multiplicador das boas condutas na cozinha, ou em quaisquer ambientes que envolvam a produção e a comercialização do alimento. Tenho certeza de que você já segue a maioria das recomendações que vou lhe passar neste item desta competência. Caso você, após ler este tópico “higiene pessoal”, não se identifique com as condutas e recomendações, peço que reavalie a postura no dia a dia e passe a observar em que situações você coloca em risco o alimento que está sendo preparado. Para os que estão iniciando no ramo profissional peço que sigam com muita disciplina as orientações que darei abaixo no cotidiano que lhe espera no seu futuro ambiente de trabalho e que propague a todos que precisarem dessas informações. A sua apresentação no ambiente de trabalho envolve cuidados com a estética e asseio, os principais são: Banho diário; Cabelos limpos, bem escovados, protegidos; Barba feita diariamente. Recomenda-se não usar bigode e costeleta; Unhas curtas, limpas, sem esmalte (inclusive base); Dentes escovados; Axilascom desodorante inodoro ou suave. Não utilizar perfumes; Pés bem secos a fim de evitar aparecimento de micoses; Evitar o uso de maquiagem; Não utilização de adornos (colares, amuletos, pulseiras ou fitas, brincos, relógio e anéis); Mãos e antebraços com higiene adequada (lavados sempre que necessário). É importante observar quanto à uniformização ou vestimenta as seguintes 37 Estudo da Higiene e Manipulação dos Alimentos Competência 03 recomendações: Uniformes completos, bem conservados e limpos; Troca diária e utilização somente nas dependências internas do serviço; O uso de avental plástico deve ser restrito às atividades onde há grande quantidade de água, não devendo ser utilizado próximo ao calor; Não utilizar panos ou sacos plásticos para proteção do uniforme; Os sapatos devem ser fechados, em boas condições de higiene e conservação. Devem ser utilizadas meias de algodão, de preferência na cor branca; Não carregar no uniforme: canetas, lápis, batons, escovinhas, cigarros, isqueiros, relógios e outros adornos; Nenhuma peça do uniforme deve ser lavada dentro da cozinha. Não devem manipular alimentos os funcionários que apresentarem feridas, lesões, chagas ou cortes nas mãos e braços, ou gastroenterites agudas ou crônicas (diarreia ou disenteria), assim como os que estiverem acometidos de infecções pulmonares ou faringites como gripes, tuberculose, amigdalite, etc. A gerência deve garantir que os funcionários nessas situações sejam afastados para outras atividades, sem prejuízo de qualquer natureza. A higiene das mãos é sem dúvida uma das melhores formas de prevenir a contaminação dos alimentos pelo manipulador. Na primeira competência tratamos dos micro-organismos, você se lembra? E lhe mostrei que eles estão por toda parte e principalmente em nós, manipuladores de alimentos. Eles estão nos cabelos, no nariz, na pele, e acima de tudo, nas mãos. Sendo assim, é importante aprendermos como lavá-las de forma correta e como manter essa higiene periodicamente. Na figura 13 podemos observar as principais etapas para uma correta lavagem das mãos. Todas as pessoas que circulam dentro da cozinha e áreas afins devem usar avental e proteção para os cabelos. 38 Técnico em Serviços de Restaurante & Bar Competência 03 Figura 13-Principais etapas para lavagem das mãos. Fonte: Cartilha ANVISA, RDC 216, 2004. Etapas para lavagem das mãos: Umedecer as mãos e antebraços com água; Lavar com sabonete líquido, neutro, inodoro. Pode ser utilizado sabonete líquido antisséptico; nesse caso, massagear as mãos e antebraços por pelo menos 1 minuto ou conforme recomendação do fabricante, devido aos diferentes princípios ativos; Lavar a torneira (quando a abertura for manual); Enxaguar bem as mãos e antebraços; Enxaguar a torneira (quando o fechamento for manual); Secar as mãos, de preferência, com ar quente ou com papel-toalha descartável virgem (não reciclado). Fechar a torneira com o papel-toalha, quando necessário; Aplicar antisséptico, no caso, álcool 70% ou similar, de preferência em gel, quando não utilizado sabonete antisséptico (ver “Diluições”) ou outro Um estudo recente comprovou que temos mais de 150 bactérias diferentes nas mãos! Então vamos lavar sempre que necessário! 39 Estudo da Higiene e Manipulação dos Alimentos Competência 03 autorizado pela legislação; Pode ser aplicado o antisséptico com as mãos úmidas, deixando secar naturalmente ao ar. Observe na figura 14, as partes da mão que costumamos não lavar tão bem, principalmente quando não seguimos as etapas necessárias durante a lavagem. Figura 14-Áreas das mãos e frequência de lavagem por partes. Fonte: Cartilha ANVISA, RDC 216, 2004. Uso de luvas, onde e quando é necessário Dependendo dos procedimentos, o funcionário precisará e deverá usar um desses tipos de luvas: descartáveis, de malha de aço, térmicas ou de borracha. Entretanto, não devem ser utilizadas luvas quando essas implicarem risco de acidente de trabalho tais como: manuseio de fornos, fogões, flambadores, fritadeiras, cilindros, masseiras e assemelhados. Importante! Conservar as unhas curtas, limpas e sem esmalte (inclusive base); Adotar técnica de higienização adequada; Os funcionários devem habituar-se a lavar as mãos várias vezes ao dia, sempre que entrar no setor, trocar de função e nas seguintes situações: quando chegar ao trabalho, depois de utilizar os sanitários, tossir, espirrar ou assuar o nariz; usar esfregões, panos ou materiais de limpeza; fumar; recolher o lixo e outros resíduos; tocar em sacarias, caixas, garrafas e sapatos; tocar em alimentos não higienizados ou crus; pegar em dinheiro; e qualquer interrupção do serviço. Além dessas situações, a lavagem das mãos deve ser feita antes de iniciar um novo serviço, tocar em utensílios higienizados ou colocar luvas; bem como sempre que manipular alimentos ou mudar de atividade. 40 Técnico em Serviços de Restaurante & Bar Competência 03 Uso de luvas descartáveis Deverá ser observado especialmente nos seguintes casos, quando houver impossibilidade de utilizar utensílios: Na manipulação de alimentos prontos para consumo que já sofreram tratamento térmico; No preparo e manipulação de alimentos prontos para consumo que não sofrerão tratamento térmico; Na manipulação de folhas e tubérculos usados em saladas, e que já foram adequadamente higienizados (lavados e desinfetados). Uso de luvas de malha de aço Indicado como item de segurança para a manipulação de carnes cruas. Para manipulação de hortifrutigranjeiros já prontos para o consumo não é indicado devido à dificuldade de higienização da mesma. Quando extremamente necessário, devem ser exclusivas, devidamente higienizadas e, se possível, revestidas com luva descartável. Depois de utilizadas devem ser lavadas com detergente, enxaguadas em água corrente e desinfetadas sob fervura por 15 minutos. Guardar em local apropriado, limpo e seco. Uso de luvas térmicas No caso de necessidade do manipulador, devem ser utilizadas como item de segurança, estando sempre limpas e não devendo tocar o alimento quando utilizadas. Uso de luvas de borracha Deverão ser utilizadas para proteção do manipulador, quando ele está à frente das atividades de limpeza nas seguintes atividades: 41 Estudo da Higiene e Manipulação dos Alimentos Competência 03 Lavagem de panelas e utensílios; Coleta e transporte de lixo e outros resíduos; Higienização dos tambores e contentores de lixo; Limpeza dos sanitários e áreas de lixo; Manipulação de produtos químicos. Uso de máscaras Recomenda-se o uso de máscaras em situações bastante específicas, pois sua utilização frequente pode resultar em uma fonte de contaminação. Uma vez que a máscara torna-se úmida depois de 20 a 30 min de uso, agregando as fibras e permitindo a passagem de grande quantidade de micro-organismos, além de se tornar desconfortável e provocar prurido, ocasionando maior contaminação das mãos, decorrente do ato de coçar. Situações onde se façanecessário uma vez que o manipulador (homem) não tenha, por um real motivo, realizado o barbeamento do rosto. Neste caso o funcionário deverá trocar a cada 30 min, o que faz necessário um treinamento e conscientização quanto à utilidade e uso correto. Os hábitos pessoais dos manipuladores são fator de grande importância com relação às condições higiênico-sanitárias. Por isso, certos comportamentos não são permitidos dentro das áreas onde existem alimentos, pois são comportamentos que podem levar à contaminação dos mesmos. Abaixo segue uma lista dos comportamentos considerados perigosos à manipulação de alimentos: Falar, cantar, assobiar, tossir, espirrar sobre os alimentos; Mascar goma, palito, fósforo ou similares; chupar balas, comer; Cuspir; Experimentar alimentos com as mãos; Tocar o corpo; Assuar o nariz, colocar o dedo no nariz ou ouvido, mexer no cabelo ou Ao tossir ou espirrar, o funcionário deverá afastar-se do produto, cobrir a boca e o nariz, se possível, com papel-toalha descartável e depois lavar imediatamente as mãos e fazer anti- sepsia das mãos. Nunca esquecer! Lavar as mãos e fazer antissepsia, antes e depois de usar as luvas. No caso de luvas descartáveis, utilizar luvas novas toda vez que retornar a uma função previamente interrompida. Manter adequada higienização das luvas de malha de aço, térmicas e de borracha. 42 Técnico em Serviços de Restaurante & Bar Competência 03 pentear-se próximo aos alimentos; Enxugar o suor com as mãos, panos ou qualquer peça da vestimenta; Manipular dinheiro; Fumar; Deixar cair resíduos durante a manipulação dos alimentos; Tocar maçanetas com as mãos sujas; Fazer uso de utensílios e equipamentos sujos; Trabalhar diretamente com alimento quando apresentar, por exemplo, ferimentos e/ou infecção a pele, ou se estiver resfriado ou com diarreia ou disenteria; Circular sem uniforme nas áreas de serviço. O suor deve ser enxugado com papel-toalha descartável. A seguir, promover imediatamente a correta higienização das mãos. 43 Estudo da Higiene e Manipulação dos Alimentos Competência 04 4.COMPETÊNCIA 04 | CONHECER E APLICAR TÉCNICAS DE PRÉ- PREPARO, PREPARO PARA COMERCIALIZAÇÃO DE ALIMENTOS 4.1 Aplicação das Boas práticas no pré-preparo, preparo e comercialização dos alimentos Chegamos à reta final do seu aprendizado! Agora que você já conhece os conceitos básicos para garantia da qualidade dos alimentos que você produz e principalmente as boas práticas aplicadas ao ambiente e ao manipulador, vamos aplicar os conteúdos nas etapas que envolvem a produção dos alimentos. Para o gerenciamento do preparo de alimentos em geral são empregadas as seguintes etapas: a. Recebimento de matérias primas; b. Armazenamento; c. Pré-preparo e preparo; d. Porcionamento; e. Manutenção e Distribuição. a) Recebimento de matérias-primas Nesta etapa o manipulador deve fazer uma breve seleção, de modo que os produtos que não apresentem qualidade apropriada (condição de uso) sejam encaminhados ao lixo. A avaliação da qualidade das matérias-primas se baseará nas suas próprias características naturais ou na sua melhor forma de conservação. Na tabela 02 você poderá observar como deverá receber os alimentos, de acordo com suas características. 44 Técnico em Serviços de Restaurante & Bar Competência 04 MATÉRIA PRIMA CARACTERÍSTICAS IDEAIS DE RECEBIMENTO Alimentos congelados Não deve haver formação de gelo sobre ou entre as peças, água dentro da embalagem, nem sinal de recongelamento. Deverá estar - 18ºC com tolerância até -12ºC, ou “duro como pedra”, sem sinais de descongelamento. Alimentos refrigerados ou resfriados Não deve haver formação de gelo sobre ou entre as peças, água dentro da embalagem, nem presença de água de descongelamento até 10ºC, preferencialmente até 4º C ou conforme especificação do fabricante; e para pescados recomenda-se receber no máximo até 3º C. Cereais, farinhas e leguminosas Devem estar sem nenhum tipo de matéria terrosa, livres de umidade, isentos de parasitas, micro-organismos e vestígios de insetos; com coloração específica de cada espécie. As farinhas devem ter aspecto de pó fino ou granuloso, dependendo da espécie, não devem estar empedradas, fermentadas ou com odores estranhos. Latas Não devem estar enferrujadas, estufadas ou amassadas. Vidros Não devem estar trincados, apresentar vazamentos nas tampas, formação de espumas, ou qualquer outro sinal de alteração do produto. Leite, queijos, laticínios e massas frescas Embalagens não devem estar estufadas ou, de algum modo, alteradas. O leite deve apresentar-se um líquido homogêneo, cor branca leitosa, odor característico e sabor suave, entre salgado e adocicado. As massas devem estar isentas de micróbios e com grau de umidade e condições sensoriais (odor e aspecto visual) adequadas. Alguns queijos podem estar à temperatura ambiente, desde que especificado no rótulo. Carnes Esses gêneros devem ser entregues acondicionados em monoblocos ou caixas de papelão lacradas, embalados em sacos plásticos ou a vácuo, inclusive os salgados defumados. A consistência deve ser firme, não amolecida, nem pegajosa com odor característico. Quanto à cor, vermelha brilhante (internamente), vermelha púrpura a marrom, sem escurecimento, manchas esverdeadas ou outras cores estranhas ao produto. Deverá ser respeitada a temperatura de congelamento ou refrigeração, de acordo com as características do produto. Carne suína A consistência deve ser firme, não amolecida, nem pegajosa; com odor característico. A cor característica é vermelho pálido, sem escurecimento ou manchas esverdeadas e/ou outras cores estranhas ao produto; deve- se observar se há formações redondas brancas, semelhantes a “canjicas”, pois nesta situação a carne não está própria para consumo. Deverá ser respeitada a temperatura de congelamento ou refrigeração, de acordo com as características do produto. 45 Estudo da Higiene e Manipulação dos Alimentos Competência 04 Aves A consistência deve ser firme, não amolecida, nem pegajosa; com odor característico; a cor característica é amarelo-rosada, sem escurecimento, manchas esverdeadas ou outras colorações estranhas. Embutidos A consistência deve ser firme, não pegajosa, com odor característico, sem odor de ranço; com a cor característica de cada classe, sem manchas pardacentas, esbranquiçadas, verdes ou cinzas. Peixes A consistência deve ser firme, não amolecida, nem pegajosa; com odor característico; a cor característica dos filés, geralmente, é branca ou ligeiramente rósea. Se o peixe estiver inteiro, a carne deve estar presa à espinha, o ventre desinchado, as escamas bem aderidas e brilhantes, guelras úmidas e intactas, olhos brilhantes e salientes, superfície não pegajosa. Pescados salgados, curados ou defumados podem ser recebidos em temperatura ambiente, desde que especificado na embalagem. Camarão O corpo deve-se apresentar curvo, não deixando escapar facilmente as pernas e cefalotórax. A carapaça deve ser transparente, deixando visualizar coloração dos músculos, aderente ao corpo e libertando-se sem aderências musculares, quando forçada. Olhos na cor negra e bem destacados; com odor característico e cor rosada ou acinzentada, de acordo
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