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CCJ0022-WL-O-LC-09-03-Fase Judicial

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1/4 
 
 
Ação Socioeducativa 
 
Para que seja possível a aplicação de medida socioeducativa, é necessária a 
promoção da ação socioeducativa, não podendo o juiz aplicar diretamente tal 
medida sem prévio procedimento judicial. 
 
O Ministério Público é o legitimado exclusivo para a propositura da ação 
socioeducativa. Não pode o juiz, de ofício, dar início ao procedimento judicial. 
Ressalte-se que a ação socioeducativa é modalidade de ação pública 
incondicionada, não havendo necessidade de representação do ofendido. O 
principal objetivo é a aplicação de medida socioeducativa, que visa, acima de 
tudo, à recuperação e orientação do adolescente. 
 
Como vimos no tópico anterior, se não for o caso de arquivamento ou remissão, 
o promotor oferece representação, que é peça inicial da ação socioeducativa. 
 
O artigo 182, parágrafo 2º, dispõe que a representação independe de prova pré-
constituída de autoria e materialidade. A justa causa, que conhecemos como 
lastro probatório mínimo no Processo Penal, encontra-se bastante minimizada no 
Estatuto, para o qual bastam indícios de autoria e materialidade para o 
oferecimento de representação. No entanto, entendemos pela necessidade de 
prova inicial de autoria e materialidade, devendo a justa causa do Processo Penal 
ser estendida ao procedimento menorista para que o adolescente responda à 
ação socioeducativa apenas se presente lastro probatório mínimo de 
materialidade. Nesse sentido, Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça, HC 
83904 de 04/10/2007, de relatoria da Ministra Jane Silva: 
 
1. Hipótese na qual o Magistrado de 1º grau rejeitou a 
representação oferecida contra o adolescente, por entender que a 
ausência de laudo de constatação impede o prosseguimento do 
feito, tendo ainda acrescentado que a falta de descrição da 
quantidade do entorpecente apreendido impede, inclusive, que seja 
verificada a tipicidade do ato infracional. 
2. O Colegiado de origem deu provimento ao apelo ministerial, com 
base no art. 182, § 2º, do ECA, que afirma ser desnecessária a 
produção de prova pré-constituída de autoria e materialidade da 
conduta infracional para o oferecimento de representação. 
3. Tratando-se de ato infracional, torna-se ainda mais 
relevante a exigência do referido laudo, em virtude em 
observância ao próprio espírito do Estatuto da Criança e do 
Adolescente, o qual visa à reintegração do jovem à 
sociedade, restando caracterizada a afronta aos objetivos do 
sistema. 
4. Caso seja reconhecida a desnecessidade do laudo 
preliminar, estar-se-ia admitindo a sujeição do jovem a 
procedimento de apuração de prática de ato infracional, 
muitas vezes em regime de internação provisória, sem que 
 
 
 
 
 
 
 
 
2/4 
 
 
haja sequer prova inicial da materialidade da conduta, o que 
é vedado na ações penais, devendo ser tal entendimento 
estendido aos feitos que tramitam perante o juízo menorista, 
com maior razão (...) (grifos nossos) 
 
Em sentido contrário, Márcio Mothé Fernandes:1 
 
Embora diferente do Processo Penal, tal possibilidade não acarretará 
qualquer prejuízo para o adolescente, haja vista que ao final do 
procedimento, com exeção da medida de advertência, somente 
poderá ser aplicada medida socioeducativa mediante “a existência 
de provas suficientes da autoria e da materialidade da infração” 
(art. 114), a serem apuradas em Juízo. 
 
O promotor oferece representação visando à aplicação de uma medida 
socioeducativa. O juiz vai promover o juízo de admissibilidade da representação 
analisando se estão presentes as condições da ação: possibilidade jurídica do 
pedido, legitimidade e interesse de agir. Se o juiz recebe a representação, dá 
início ao procedimento judicial. 
 
Primeiramente, o juiz vai determinar a citação do adolescente, embora a lei fale 
em notificação. O procedimento trazido pelo Estatuto constitui verdadeira ação, 
sendo a citação o ato próprio de comunicação para determinado adolescente 
responder a ela. 
 
Ele vai aprazar uma audiência de apresentação mediante decisão interlocutória, 
decidindo ainda pela manutenção ou decretação de internação provisória. Essa 
audiência equivale a um interrogatório e é imprescindível ao desenvolvimento do 
procedimento. O adolescente deve ser citado pessoalmente, jamais por edital ou 
com hora certa. Se não for localizado ou se, tendo sido citado, não comparece, o 
feito será sobrestado. O juiz expede mandado de busca e apreensão do 
adolescente e fica aguardando. Quando o adolescente completar 18 anos, o 
processo deverá ser arquivado, em virtude de prescrição socioeducativa (salvo 
nos casos de maior proporção, em que ainda poderia haver internação após os 
18 anos). Conclusão: só há revelia inicial, nunca há revelia superveniente nesse 
procedimento, porque a presença física do adolescente na audiência de 
apresentação obsta a revelia, não sendo necessária sua presença na audiência 
de continuação. Feita a audiência de apresentação, o juiz vai inquirir o 
adolescente. 
 
É controvertida a necessidade da presença de advogado nessa primeira 
audiência. Entendemos pela necessidade sob pena de nulidade absoluta, tendo 
 
 
 
 
1 Ação Sócioeducativa Pública, Lumen Juris , 2ª. Ed, p. 44 
 
 
 
 
 
 
 
 
3/4 
 
 
em vista que nessa audiência poderá o Juiz conceder remissão, que poderá a 
qualquer momento antes da sentença, desde que com prévia oitiva do 
adolescente e manifestação do Ministério Público. Neste sentido, recente decisão 
proferida pela Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça no HC 67826, de 
relatoria da Ministra Maria Thereza de Assis Moura, em 09/06/2009: 
 
CRIANÇA E ADOLESCENTE. HABEAS CORPUS. AUDIÊNCIA DE 
APRESENTAÇÃO. DEFESA TÉCNICA. PRESCINDIBILIDADE. 
CONSTRANGIMENTO. RECONHECIMENTO. 
1. A remissão, nos moldes dos arts. 126 e ss. do ECA, implica a 
submissão a medida sócio educativa sem processo. Tal providência, 
com significativos efeitos na esfera pessoal do adolescente, deve 
ser imantada pelo devido processo legal. Dada a carga 
sancionatória da medida possivelmente assumida, é 
imperioso que o adolescente se faça acompanhar por 
advogado, visto que a defesa técnica, apanágio da ampla 
defesa, é irrenunciável. 
2. Ordem concedida para anular o processo e, via de consequência, 
reconhecer a prescrição do ato infracional imputado à paciente. 
(grifos nossos) 
 
No mesmo sentido, decisão da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça, em 
15/09/2009, no julgamento do HC 92390, de relatoria do Ministro Napoleão 
Nunes Maia Filho: 
 
1. A jurisprudência deste Superior Tribunal firmou-se no 
sentido de reconhecer a nulidade da audiência de 
apresentação - e, por consequência, dos demais atos 
decisórios que lhe são posteriores -, em razão da ausência de 
defesa técnica. 
2. Parecer do MPF pela concessão da ordem. 
3. Ordem concedida, para anular a audiência de apresentação, e 
todos os atos decisórios que lhe são posteriores, para que seja 
renovada com a presença da defesa técnica. 
 
A decisão que aplica medida socioeducativa na audiência de apresentação tem 
natureza de sentença definitiva, atacável mediante apelação. A jurisprudência 
vem considerando erro grosseiro a interposição de agravo. 
 
Caso os pais não sejam localizados, determina o artigo 184 a nomeação de 
curador especial ao adolescente. Se esse não tiver advogado constituído, o juiz 
nomeia defensor para apresentação de defesa prévia em três dias, com rol de 
testemunhas (artigo 186) e apraza audiência em continuação (que é semelhante 
a uma audiência de instrução e julgamento). Nessa serão ouvidas as 
testemunhas da representação e da defesa prévia, juntada ao relatório da equipe 
interprofissional, debates orais do MinistérioPúblico e da defesa, pelo prazo de 
20 minutos prorrogáveis por mais dez, culminando com a sentença. 
 
 
 
 
 
 
 
 
4/4 
 
 
 
Não fica prejudicada a defesa do adolescente quando presente o 
defensor público, operador da defesa técnica, que acumula as 
funções de defensor e curador especial na audiência de 
apresentação. (STJ REsp 912049 / RS – Min. Arnaldo Esteves Lima - 
5ª. Turma) 
 
Ao proferir sentença, o juiz aplicará a medida socioeducativa adequada, podendo 
cumulá-la com medida de proteção ou até mesmo, aplicar duas medidas 
sócioeducativas. Se, no entanto, estiver comprovada a inexistência do fato, não 
houver prova da existência deste, não constituir ato infracional ou não existir 
prova de ter o adolescente concorrido para o ato infracional, o juiz não aplicará 
nenhuma medida, absolvendo o adolescente. Caso o menor esteja internado, 
será colocado imediatamente em liberdade. 
 
Da descisão que concede remissão com aplicação de medida socioeducativa será 
cabível apelação, assim como da decisão que promove o arquivamento, a que 
absolve ou sanciona o adolescente. 
 
Prazo para conclusão do procedimento 
 
O artigo 183 dispõe que, quando o adolescente se encontrar preso 
provisoriamente, o prazo para encerramento do procedimento é de 45 dias. 
Consoante o artigo 108, o prazo máximo para a internação provisória é de 45 
dias, o que justifica a norma do artigo 183 do Estatuto.

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