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CCJ0022-WL-O-LC-07-02-As Medidas Socioeducativas

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AS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS 
 
Advertência – art. 115 – conforme definição legal, consiste numa espécie de admoestação 
verbal, reduzida a termo em audiência (audiência admonitória) e assinada pelo 
adolescente e seus responsáveis, com o objetivo de alertar o adolescente sobre os riscos 
decorrentes da sua conduta. Na prática, consiste em conscientizar o adolescente do ato 
praticado e das suas conseqüências, levando-o a se comprometer a não mais incidir na 
mesma conduta. Por se tratar da medida socioeducativa mais branda prevista pelo ECA, 
ela está restrita aos atos infracionais de natureza leve, COMETIDOS SEM VIOLÊNCIA OU 
GRAVE AMEÇA, e envolvendo adolescente sem antecedentes. 
 
Obrigação de reparar o dano – art. 116 – o legislador estatutário reservou esta medida 
aos atos infracionais de natureza patrimonial. Como envolve um tipo de obrigação que 
normalmente deve ser exercida pelos pais, nos moldes da lei civil, o legislador 
determinou que esta medida só poderá ser aplicada se o adolescente tiver condições de 
cumpri-la por si mesmo. Caso não tenha, a medida terá de ser substituída por outra. 
Ainda para facilitar, determinou que esta medida pode ser cumprida com a restituição da 
coisa, com o ressarcimento, ou outra forma que compense o prejuízo da vítima. O 
exemplo que se tornou conhecido pela sociedade foi a imposição desta medida a alguns 
adolescentes que tiveram que pintar o muro do Maracanã como forma de reparação do 
dano. O objetivo desta medida não é expor o adolescente ao constrangimento, mas sim, 
levá-lo a compreender o prejuízo causado e a repará-lo, na medida do possível. 
 
Prestação de serviço à comunidade – art. 117 – esta medida tem um caráter educativo, 
na medida em que o adolescente realizará uma atividade útil para a sociedade e que, de 
certa forma, contribui para a formação de seus valores. Não obstante o seu caráter 
pedagógico, como envolve o trabalho, o legislador, além de condicionar a sua aplicação 
às condições pessoais do adolescente, estabeleceu prazo máximo de seis meses, com a 
possibilidade de extensão a uma jornada máxima de oito horas semanais, sem prejuízo do 
horário escolar ou profissional. Vale lembrar que esta medida não se confunde com a 
prestação de trabalho forçado (art. 112, § 2º), e é realizada através de convênios com 
hospitais, escolas, etc. 
 
Liberdade assistida – arts. 118 e 119 – esta medida é a mais apropriada quando uma 
medida mais leve se mostrar ineficaz, ou quando o adolescente infrator não se revelar 
perigoso ao ponto de se recomendar uma medida mais severa. Assim, esta medida será 
aplicada sempre que se mostrarem necessários o acompanhamento, o auxílio e a 
orientação ao adolescente infrator. É uma limitação ao estilo de vida do adolescente 
infrator, redimensionando suas atividades, valores e convivência familiar. O legislador 
determinou o prazo mínimo de seis meses para a sua aplicação, já que não se pode prever 
o tempo necessário para se ressocializar um adolescente que esteja envolvido com a 
prática de ato infracional. Esta medida, nos dias de hoje, é a que mais tem resgatado os 
nossos adolescentes, porque, na prática, além de o menor continuar sob os cuidados de 
sua família, ainda é monitorado pelo juiz, na pessoa de um Orientador. Dada a 
importância do papel desse Orientador, o legislador apontou uma gama de compromissos 
a serem observados por ele (artigo 119, ECA), dentre os quais o de diligenciar a 
freqüência escolar e a profissionalização do adolescente, e apresentar relatório, de forma 
a subsidiar a análise judicial acerca da necessidade da manutenção, substituição, 
extinção ou regressão da medida. 3 
 
Semiliberdade – art. 120 – trata-se de uma medida que pode ser aplicada desde o início 
(autônoma) ou como forma de transição para o meio aberto. Aplicam-se a ela as 
disposições relativas à internação, desde que compatíveis. Tal como na medida de 
internação, não comporta prazo determinado, e sua manutenção deve ser reavaliada pela 
autoridade judicial, no máximo, a cada seis meses. É da essência dessa medida o 
exercício de atividades externas durante o dia, podendo o adolescente estudar e 
trabalhar, porém devendo pernoitar na instituição onde se encontra acolhido. Na prática, 
dar efetividade a esta medida é um tanto difícil, devido a falta de entidades voltadas a 
esta finalidade. 
 
Internação - A internação é a medida socioeducativa que consome mais disposições do 
ECA, sendo tratada pelos artigos 121 a 125. Tal medida é privativa de liberdade, ficando 
o adolescente internado em estabelecimento próprio para esse fim, não podendo 
permanecer internado em sede policial ou em estabelecimento prisional. 
A medida de internação é regida, consoante artigo 121, pelos princípios da brevidade, 
excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento. 
Passemos a analisar as disposições do ECA que buscam garantir a eficácia de tais 
princípios. 
Em apreço ao princípio da brevidade, a medida de internação, embora não tenha prazo 
determinado na sentença pelo juiz, deverá ser cumprida, em regra, por um prazo máximo 
de três anos. Dizemos em regra porque o ECA prevê alguns outros prazos de grande 
importância. Dessa forma, existe a previsão no ECA dos seguintes prazos máximos: 
 Três anos: prazo estabelecido pelo art. 121, par. 3º; muito embora seja necessário 
atentar para o artigo 45 da Lei 12594/12, que passa a prever a unificação de 
medidas de internação, caso o adolescente esteja cumprindo medida 
socioeducativa de internação e venha a praticar novo ato infracional que motive 
nova medida de internação, hipótese em que poderá haver a unificação. No 
entanto, o artigo é claro no sentido de que o adolescente não poderá ser julgado 
por ato praticado antes da internação e nem em caso de já ter passado ao 
cumprimento de medida menos gravosa. Outra disposição clara é no sentido de 
que deve ser respeitado o artigo 121, parágrafo 5º do ECA. Ou seja, a medida não 
pode ultrapassar os 21 anos. 
 45 dias: prazo estabelecido no art. 108 para a internação provisória; 
 Três meses: prazo estabelecido no par. 1º do art. 122, relativo à medida de 
internação sanção, em caso de medida anteriormente imposta e descumprida de 
forma injustificada e reiterada. A lei 12.594/12 promoveu alteração neste 
parágrafo, muito embora não tenha atingido o prazo em si. A modificação diz 
respeito à exigência do devido processo legal para que a medida possa ser 
aplicada. Passa a dispor o parágrafo 1º.: 
“§ 1o O prazo de internação na hipótese do inciso III deste artigo 
não poderá ser superior a 3 (três) meses, devendo ser decretada 
judicialmente após o devido processo legal.” 
 Seis meses: prazo máximo estabelecido para a reavaliação da medida de 
internação. 
Com isso, podemos afirmar que a internação é medida privativa de liberdade que não 
comporta prazo determinado na sentença, mas que comporta prazo máximo de três anos 
para que o adolescente permaneça internado, desde que tenha sido reavaliada mediante 
decisão fundamentada no máximo a cada seis meses. A reavaliação é direito subjetivo do 
adolescente, sendo cabível a impetração de mandado de segurança para que ela seja 
realizada, pois possibilitará que o adolescente seja desinternado assim que a medida não 
se mostre mais necessária. Também tem sido aceita a impetração de habeas corpus e 
deferida a ordem para realização da reavaliação. 
Durante a internação, é possível a realização de atividades externas, a critério da equipe 
técnica da entidade, salvo disposição judicial em contrário. Com a inclusão do parágrafo 
7º no artigo 121 do ECA, pela Lei 12594/12, o juiz poderá voltar a permitir a realização 
das atividades externas, caso a tenha proibido. 
Atingido o prazo máximo de três anos, o adolescente será liberado ou passará a cumprir 
medida de semiliberdade ou de liberdade assistida. 
O prazo máximo detrês anos deve ser analisado conjuntamente com a idade máxima 
permitida para o cumprimento da internação, que é de 21 anos, consoante disposto no 
parágrafo 5º do artigo 121. Tal limite máximo de idade foi estabelecido pelo legislador 
justamente levando em conta o prazo máximo de três anos. Se não houvesse a 
possibilidade de aplicação da internação até os 21 anos, o adolescente que praticasse o 
ato próximo à data de completar a maioridade provavelmente não receberia a medida. O 
legislador pensou em atingir até mesmo o adolescente que deixasse para praticar o ato 
infracional no último momento antes de completar a maioridade. 
Seja qual for o motivo da desinternação, essa somente será realizada mediante decisão 
judicial fundamentada, não sendo automática em nenhuma hipótese. Caso o adolescente 
não seja liberado ao completar três anos de internação ou quando atingir 21 anos, passará 
a existir ilegal privação de liberdade, sendo cabível habeas corpus. Também será cabível 
o writ no caso de inadequação da medida de internação, caso em que se admite a 
progressão para semiliberdade ou até mesmo para liberdade assistida.

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